26 de dezembro de 2012

MALAQUIAS – A SACRALIDADE DA FAMÍLIA


MALAQUIAS – A SACRALIDADE DA FAMÍLIA

                                                       Ev. JOSÉ COSTA JUNIOR

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

         Chegamos agora ao último profeta do Antigo Testamento. É interessante que nada se sabe acerca de Malaquias; sua origem, descendência, onde viveu, etc.. é tudo desconhecido. Profetizou entre 433 e 425 a.C., após o templo haver sido reconstruído. Os destinatários de sua mensagem também eram os que retornaram do cativeiro babilônico e os sacerdotes. Estimulados pela atividade profética de Ageu e Zacarias, os exilados que retornaram a Jerusalém e Judá sob a liderança do governador Zorobabel, haviam terminado a construção do templo em 516 a.C. Em 458 a.C. a comunidade havia sido fortalecida pela vinda de Esdras, o sacerdote, e vários milhares de outros judeus. O rei Artaxerxes da Pérsia, encorajou Esdras a desenvolver o culto no Templo (Ed 7:17) e de assegurar a obediência à lei mosaica (Ed 7:25-26).

         Treze anos mais tarde (em 445 a.c.) o mesmo rei persa permitiu ao seu copeiro Neemias retornar a Jerusalém e reconstruir os muros da cidade (Ne 6:15). Como novo governador, Neemias também foi ponta de lança nas reformas para ajudar os pobres (Ne 10:30-31) e para o povo trazer os dízimos e ofertas com fidelidade (Ne 10:37-39).

Em 433 a.C. Neemias retornou ao serviço do rei persa, e durante sua ausência os judeus caíram em pecado mais uma vez. Mais tarde, entretanto, Neemias voltou a Jerusalém para descobrir que os dízimos haviam sido ignorados, o sábado havia sido quebrado, o povo havia casado com estrangeiros, e os sacerdotes haviam se corrompido (Nem 13:7-31). Vários destes pecados são condenados por Malaquias, pois com o passar dos anos, os judeus foram ficando desiludidos. A prosperidade prometida não retornava. A vida era difícil. Estavam cercados por inimigos, como os samaritanos, os quais procuravam impedi-los em cada oportunidade. Sofriam por causa da seca e das más colheitas e da fome.

Começaram a duvidar do amor de Deus. Punham em dúvida a justiça de Seu governo moral. Diziam que o praticante do mal era bom aos olhos do Senhor. Argumentavam que não havia proveito na obediência aos Seus mandamentos e em andar penitentemente perante Ele, pois eram os ímpios, que dependiam de si mesmos, os que prosperavam. O profeta, então, começou a responder-lhes, mostrando-lhes que tal ceticismo se baseava na hipocrisia. Se lhes cabia a adversidade, esta havia caído sobre eles, não a despeito de sua piedade, mas antes, por causa de sua pecaminosidade.

Por exemplo, havia a adoração corrompida em seus deveres no templo. Mostravam-se maus líderes de um povo que trazia ofertas inaceitáveis, mesmo depois de haverem prometido melhores ofertas. Os próprios gentios ofereciam sacrifícios mais dignos. O povo também vivia transgredindo, pois os homens se divorciavam das mulheres com quem se tinham casado na juventude e contraíam casamento com mulheres estrangeiras. Prevaleciam pecados de todas as espécies: feitiçaria, adultério, desonestidade, opressão aos fracos e impiedade generalizada. Como poderiam esperar a prosperidade quando a nação estava apodrecida com tais práticas?


Malaquias, em verdadeira nota profética, condenou os pecados e convocou o povo para que se arrependesse. Caso purificassem sua adoração, obedecessem à lei e pagassem seus dízimos na íntegra, então o resultado seria as bênçãos de Deus. Ao fazer soar esse apelo, o profeta revelou que possuía uma alta concepção sobre Deus. Deus era o majestoso Senhor dos Exércitos; Seus decretos e juízos eram irresistíveis; Seu amor era santo e imutável. O profeta percebia a salvação final para seu povo, não no arrependimento deles, mas na ação do Senhor. Raiaria o grande dia do Senhor. Esse dia purificaria e vindicaria os piedosos e destruiria os ímpios. Esse dia seria preparado com a vinda do profeta Elias.

         O objetivo deste estudo é trazer algumas informações, colhidas dentro da literatura evangélica, com a finalidade de ampliar a visão sobre aspectos do livro de Malaquias. Não há nenhuma pretensão de esgotar o assunto ou de dogmatizá-lo, mas apenas trazer ao professor da EBD alguns elementos e ferramentas que poderão enriquecer sua aula.

I.              O LIVRO DE MALAQUIAS

O nome Malaquias significa “meu mensageiro”, tendo sido o profeta após os dias de Neemias, então já governador de Jerusalém, onde a condição dos judeus havia se tornado deplorável. Ele é “um lado da ponte” entre o Antigo e o Novo Testamento (3:1). Há 400 anos de silêncio entre a voz de Malaquias e a “voz do que clama no deserto” – que é João batista (João 1:23) – que é o “outro lado da ponte”. O tema central do livro de Malaquias é: “Deus ainda diz: prova-me agora”; tendo o versículo chave em 3:9 que diz:

Vós sois amaldiçoados com a maldição, porque a mim me roubais, sim, vós, esta nação toda”.

O conceito chave para se entender a profecia é: “ainda é tempo para voltar, para arrepender-se, e provar Deus, pois Ele virá”.  Este conceito vem acompanhado da mensagem central em 3:1, que diz pela última vez: “Eis que ele vem!”

A estrutura do livro de Malaquias é bem simples, sendo apenas três divisões:

1.             amor de Deus afirmado – 1:1-5
2.             O amor de Deus escarnecido – 1:6 - 2:17 e 3:7-15;
3.             O amor de Deus demonstrado – 3:1-6; 3:16 a 4:6.

Tudo quanto sabemos sobre o profeta propriamente dito, temos de inferir de suas declarações. Ele era um profeta autêntico. Falava com plena autoridade. Podia realmente dizer: "Assim diz o Senhor dos Exércitos". Tinha um amor intenso por Israel e pelos serviços efetuados no templo e sua concepção sobre a tradição e os deveres dos sacerdotes era bem alta. Tem sido dito freqüentemente que enquanto outros profetas frisaram a moralidade e a religião no íntimo, Malaquias punha ênfase sobre a adoração e o ritual. Mas, apesar de que isso seja verdade quanto aos aspectos gerais, temos de notar que ele não se esquecia totalmente das obrigações morais de Israel (ver a formidável lista de Ml 3.5), e que, para ele, o ritual não era uma finalidade em si mesmo, mas apenas a expressão da fé do povo no Senhor.


Seu estilo é simples, direto e caracterizado pela freqüente ocorrência das palavras "mas vós dizeis". Talvez isso signifique mais que um método retórico do escritor; pode ter tido sua origem nos clamores de protesto e dúvida dos perguntadores, quando ele pregou sua primeira mensagem nas ruas.
Com o livro de Malaquias foi arriada a cortina sobre a cena profética, até a vinda do Batista. As palavras vívidas e poderosas dos profetas não mais foram ouvidas. Os escribas e os sacerdotes se tornaram os principais personagens religiosos. A era criativa havia cedido lugar à era do aprendizado. Os judeus contavam, agora, com grande tesouro literário e seus exegetas, aqueles que expunham essa literatura, tornaram-se o novo canal para a voz de Deus.

II.           O JUGO DESIGUAL

“Eu te amei, diz o Senhor”, entretanto a cada momento os israelitas perguntavam questões paradoxais a Jeová. Estas questões vinham de um povo irritado que dizia que Deus havia falhado em provar o Seu amor. Observemos as sete questões listadas por Malaquias:

·               Em que nos tens amado? – 1:2
·               Em que nós temos desprezado o teu nome? – 1:6
·               Em que te havemos profanado? – 1:7
·               Em que o havemos enfadado? – 2:17
·               Em que havemos de retornar? – 3:7
·               Em que te roubamos? – 3:8
·               Que temos falado contra ti? – 3:13.

O que impressiona nessa parte é que Deus argumenta das tantas e inúmeras vezes em que fielmente tem demonstrado o seu amor e Sua fidelidade, e ainda assim o povo contra-argumenta. Parecem cegos aos fatos mais evidentes. Quantas vezes nós também, de tão absorvidos conosco mesmos não vemos as coisas mais evidentes que Deus faz para nós e ao nosso redor por nós. É a teimosia pecaminosa da velha natureza egocêntrica em ação.

O amor de Deus havia sido escarnecido pelos sacerdotes (1:6 – 2:9). Eles haviam enganado ao Senhor através de ofertas defeituosas e doentes. Eles davam menos do que o melhor – observemos as afirmações em 1:12-13, em especial. O amor de Deus havia sido também escarnecido pelo povo. Primeiro ao enganarem seus irmãos (2:10); depois pelo casamento misto (2:11); ainda pela imoralidade (2:14); continuando pela insinceridade (2:17); seguindo pelo roubar a Deus (3:8-10); e finalmente por falarem contra Deus (3:13-15). O povo havia se voltado para os prazeres e emoções imediatas sem perceber que estava realmente escarnecendo de Deus. Estavam sem consciência, pois esta havia se corrompida, havia sido cauterizada.

A importância do significado teológico e ético da mensagem de Malaquias é de que Deus havia revelado seu amor pelo seu povo através de toda a sua história. Este amor revelado fez com que o povo de Deus se tornasse responsável. Eles deveriam obedecer aos ensinamentos da lei moral de Deus (a Tora) e as pregações dos profetas de Deus. Mas assim não fizeram, e não o fizeram repetidas e insistentes vezes.



         Não temos nós todos um mesmo Pai?(2:10) O fato que Israel tinha em Deus um Pai e Criador comum, deveria fazê-los unir-se juntamente e desprezar qualquer traição que tendesse a interromper essa unidade. Porém, Judá mostra-se desleal (11) e tinha profanado o santuário do Senhor com seus casamentos com estrangeiras.
         Isto levanta algumas questões para nossa ponderação:

Como a situação dos exilados que retornaram a Jerusalém era semelhante a dos cristãos crentes nos dias de hoje?
O que é que Malaquias ensina acerca do compromisso de Deus para com seu povo?

O que Malaquias nos ensina acerca das responsabilidades do povo de Deus?
As respostas a estas questões são muito óbvias e demonstradas na história do povo judeu, e assim também na vida da igreja de Cristo e em nossa vida como membros do corpo vivo de Cristo. É necessário, no entanto, refletirmos cuidadosamente, e com honestidade total, sobre estas questões e respostas quando se trata de cada um de nós. A realidade é a mesma, infelizmente. É por isto que tanta coisa que deveria estar acontecendo não acontece.

Seria um bom alvitre, aproveitarmos a próxima oportunidade da Ceia do Senhor, para examinarmo-nos a nós mesmos, como Paulo instrui os Coríntios na sua primeira carta capítulo onze, e ver se não estamos em falta de sintonia com Deus, pecando contra o corpo de Cristo.

III.   DEUS ODEIA O DIVÓRCIO

Uma aliança é um pacto ou acordo entre duas pessoas e faz com que estas fiquem amarradas em um relacionamento profundo e duradouro. Realmente significa que não são mais duas vidas separadas, mas agora compartilham uma vida juntos. Na Bíblia vemos que DEUS fez aliança com várias pessoas, sendo uma das mais notáveis foi a que realizou com Abraão, estabelecendo a nação judaica (Gn 12:1-3). Depois da morte e ressurreição do SENHOR JESUS, aqueles que recebem JESUS como SENHOR e SALVADOR, são parceiros na Nova Aliança com DEUS (Hb 8; 6-13).

O amor de aliança é forte. DEUS diz: “Dou a minha vida por você” (I Co 13:1-8). Através das Escrituras vemos que DEUS permaneceu fiel às SUAS promessas de aliança, mesmo quando o homem, SEU parceiro na aliança, falhou em guardar o seu lado do trato. O amor da aliança é fiel a despeito do que o outro parceiro esteja fazendo. A razão para isso é que cada aliança contem dentro de si promessas e termos ou condições. Quando as pessoas entram em aliança, elas prometem certas coisas umas as outras e declaram as condições sob as quais manterão as suas promessas. Se um parceiro da aliança é infiel a sua promessa, isso não força o outro a sê-lo também. Através de todo o Velho Testamento vemos DEUS, fiel parceiro da aliança, chamando Israel, o parceiro infiel da aliança. A infidelidade de Israel não mudou o coração de DEUS em relação a ela. ELE continua sustentando-a, amando-a e chamando-a de volta para ELE até este dia.

A Bíblia trata o casamento como um relacionamento de aliança: “...sendo ela a tua companheira, e a mulher da tua aliança” (Ml 2:14). O pensamento correto sobre a natureza do casamento dá o alicerce para sabermos o que Deus pensa do divórcio.

Se o nosso Deus é um Deus de aliança, e Ele não quebra nem permite quebra de aliança, também não permite que o casamento seja quebrado. Como Deus não se divorcia do seu povo, assim ele não permite que marido e mulher se divorciem. Divorciar-se é quebrar o matrimônio da Aliança - Lemos em Ml 2:16 "Porque o Senhor Deus de Israel diz que odeia o divórcio ..."

Precisamos compreender o texto de Mt. 19:1-7 em que Jesus diz que o divórcio é proibido, mas que foi permitido por causa da dureza do coração. Deus nunca intencionou o divórcio, pois este contraria a essência do casamento como uma aliança que nunca deverá ser quebrada, anulada. Você então pergunta: Por que foi dada a permissão para o divórcio conforme Mt. 19:7? Não foi dada uma permissão. No verso seis JESUS termina sua explicação sobre o que lhe foi perguntado “É lícito ao homem repudiar sua mulher por qualquer motivo?” (Mt 19:3) de forma bem categórica: “Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem” Mt 19:6. Quando lhe é questionado sobre a Lei mosaica (Antiga Aliança) Jesus responde em 19:9 - "Quem repudiar sua mulher, não sendo por causa de relações sexuais ilícitas, e casar com outra comete adultério ...". Note bem que sua explicação é referente à Lei mosaica e diante do que lhe foi perguntado. Nós vivemos sob Nova Aliança, conforme Paulo exorta em sua carta aos Coríntios: “Se, porém, se apartar, que fique sem casar, ou que se reconcilie com o marido; e que o marido não deixe a mulher.” (1 Co 7:10-11).

Malaquias lembra-nos aqui que a vontade de Deus, a respeito do casamento, sempre foi a mesma.  Enquanto alguns podem procurar justaficativas baseadas nos abusos que eram tolerados durante a era patriarcal, ou sob a lei de Moisés, Jesus nos diz que a vontade básica de Deus sempre foi a mesma:  "Não tendes lido que o Criador, desde o princípio os fez homem e mulher, e que disse:  Por esta causa deixará o homem pai e mãe e se unirá a sua mulher, tornando-se os dois uma só carne? . . .  Portanto  o que Deus ajuntou, não o separe o homem" (Mateus 19:4-6).

 As Escrituras dizem que DEUS projetou e criou o casamento para ser algo bom. Ele é um presente lindo e inestimável. DEUS usa o casamento para nos ajudar a acabar com a solidão, multiplicar nossa eficiência, construir famílias, criar filhos, curtir a vida e nos abençoar com o relacionamento íntimo. Além disso, o casamento também nos mostra a necessidade de crescer e de lidar com nossas próprias dificuldades e com o egocentrismo, através da ajuda de um companheiro para toda a vida. Se somos "ensináveis", iremos aprender a fazer aquilo que é mais importante no casamento - amar. Esta poderosa união lhe mostra o caminho para amar incondicionalmente outra pessoa imperfeita. Isto é maravilhoso. É difícil. É uma mudança de vida. Gálatas 5:22 descreve a obra do Espírito de Deus na vida do crente.

Na medida em que ele se submete ao Espírito Santo, começa a desenvolver, de maneira crescente, amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, fé e domínio próprio. Jesus salienta o princípio universal de que a pessoa ceifa o que semeia; por conseguinte, o amor (ou qualquer outro atributo) que é dado será constan­temente devolvido ao doador. Segue-se, então, que aquele que dá e recebe atributos espirituais terá, sem dúvida, um casamento agradável e satisfatório.



Eu particularmente não acredito que existam casamentos perfeitos, mas, sim, casamentos saudáveis. E para conseguirmos isto, não é fácil. E, nessa busca, o casamento enfrenta, a todo o momento, situações desafiadoras que precisam ser superadas para que ele alcance santificação e vitórias. A verdade é que em direção ao alvo (CRISTO), permeamos um percurso cheio de obstáculo. Mas, com o empenho pessoal, e na força que Deus supre, “Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores por meio daquele que nos amou”. Rm. 8:37.

CONCLUSÃO
Na confecção deste pequeno estudo, buscamos consultar literatura que mais se aproxima com o pensamento de nossa denominação, tentando não perder a coerência teológica. Evitamos expressar conceitos e opiniões pessoais sem o devido embasamento na Palavra, pois a finalidade é agregar conhecimentos, enriquecer a aula da escola dominical e proporcionar ao professor domínio sobre a matéria em tela. Caso alcance tais finalidades, agradeço ao meu DEUS por esta grandiosa oportunidade.



                                                       Ev. JOSÉ COSTA JUNIOR


Nenhum comentário: