22 de junho de 2009

O RELACIONAMENTO ENTRE OS IRMÃOS

O RELACIONAMENTO ENTRE IRMÃOS

TEXTO ÁUREO = “Oh! Quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união!” (Sl 133.1).

VERDADE PRATICA = Nenhum relacionamento real subsiste entre Deus e o homem, se este não se relaciona bem com os irmãos.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE = 1 PEDRO 4.7-11; 3.8,9

INTRODUÇÃO

Toda a primeira epístola de Pedro gira em torno de como deve ser a nova vida daquele que se converteu a Cristo.

Esta lição tem por objetivo nos ensinar que os homens foram criados por Deus para viverem em paz e harmonia, uns com os outros, em mútua cooperação e assistência. Aprenderemos sobre como devemos nos relacionar com os nossos irmãos na fé, tendo sempre em vista que o fim de todas as coisas está próximo (v.7).

1 - VIVENDO NO LIMIAR DA ETERNIDADE

1. O fim está próximo. O primeiro versículo da lição (v.7) adverte-nos com a sentença: “Está próximo o fim de todas as coisas”. Diante dessa afirmação, qual a maneira correta de vivermos perante a sociedade? Se o fim é iminente, como devemos nos preparar?

A perspectiva profética e certeira do fim dos tempos deve nos estimular a estar sempre prontos quanto a nossa vida aqui, e principalmente a vida espiritual. Pedro usou a esperança da vinda de Cristo como incentivo para uma vida reta e um serviço responsável diante de Deus, através da ajuda ao próximo.

No texto em estudo, o apóstolo nos apresenta quatro linhas de condutas a serem observadas: sobriedade com oração diária (At 10.9; Cl 4.2,12), amor fraternal com sinceridade e fervor (1.22; Mt 22.37-39; 1 Ts 4.9,10; 2 Pe 1.7), hospitalidade e generosidade sem murmuração (v.9) e mordomia generosa dos dons (v.10).

2. Sobriedade e vigilância em oração. É necessário que o crente tenha absoluto autocontrole, mantendo-se tranqüilo, esperando sempre a direção de Deus em meio as situações difíceis. E, além disso, deve manter-se em constante oração, pois é através da oração que ele se sustenta em vigilância, com seus olhos voltados na direção certa.

A expressão “vigiai em oração” aponta para uma só coisa: a necessidade de moderação, de sobriedade e discernimento, não deixando que nada venha nos privar da capacidade de ver e pensar claramente. Assim, mesmo que o Senhor demore a retornar, seus servos estarão prontos e alertas ante aos ataques do Diabo, que sempre quer derrotá-los (cf. 2 Co 2.11; 11.14; = Ef 6.11).

II - O AMOR EM EVIDÊNCIA

1. Acima de tudo, o amor (v.8). A expressão “sobre tudo”destaca um tema importante neste texto: o amor entre os irmãos. O texto mostra que o amor fraternal já existe no crente; isto porque o Espírito Santo habita em nós (Rm 8.11).

Agora é preciso que ele seja mais intenso, mais ardente. Se amarmos nossos irmãos ardentemente, estaremos sempre prontos a perdoá-los. Ou seja, se o nosso amor for suficientemente forte, poderemos exercê-lo a despeito das graves faltas que algum irmão possa cometer contra nós. Assim como Deus trata-nos graciosamente, a despeito dos nossos pecados, devemos tratar os outros com amor divino: “Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós” (...) “Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós. E nós devemos dar a nossa vida pelos irmãos” (Jo 15.12; 1 Jo 3.16).

Isso significa que devemos amar as pessoas com o mesmo amor com que Cristo nos amou, amor ágape, divino. Em termos práticos, devemos desejar aos nossos irmãos tudo de bom que desejamos para nós mesmos. Se queremos uma boa escola para os nossos filhos, devemos esperar que os nossos irmãos e amigos também consigam uma boa escola para os seus.

Se ansiamos por qualquer outro bem que nos permita viver confortavelmente, também devemos desejar essas coisas ao nosso próximo. Esta mensagem já havia sido comunicada em 1 Pel.22. Os crentes devem ser conhecidos pelo amor que demonstram uns aos outros, porque assim estarão imitando seu Senhor e Mestre (Jo 13.3 5).

2. O amor cristão. O amor divino em nós é a maior de todas as virtudes cristãs, mais importantes que a fé ou a esperança (1 Co 13.12). O amor cristão não consiste meramente em emoção; é uma qualidade da alma, mediante a qual o crente sente vontade de servir ao próximo. Ele leva a pessoa a considerar seus semelhantes sempre com benevolência, estima, respeito, justiça e compaixão. Este amor exemplificado por Cristo permeia todo o evangelho (Jo 3.16; Mt 22.34-40; Jo 15.9-13) e é, em resumo, a essência do Cristianismo.

“No Cristianismo, tudo começa no amor, se sustenta no amor e culmina no amor. ‘Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu Filho... = = (Jo 3.16); ‘Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores’ (Rm 5.8); ‘Andai em amor, como também Cristo vos amou, e se entregou a si mesmo por nós, em oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave’ (Ef 5.2)”. (Conhecidos pelo Amor, CPAD)

Quando o crente, como discípulo do Senhor, rende-se inteiramente a Cristo, seu amor flui — transborda em relação aos outros, sabendo nós que o nosso amor a Deus implica também em odiarmos o mal (não as pessoas)(SL97.10).

III - PRATICANDO O AMOR

1. A hospitalidade (v,9). O texto bíblico a seguir aborda outro aspecto do amor entre os irmãos: a prática da hospitalidade, também lembrada pelo escritor aos hebreus: “Não vos esqueçais da hospitalidade, porque por ela alguns sem o saberem, hospedaram anjos” (Hb 13.2).

Qual o valor da hospitalidade? Naqueles tempos, as hospedarias eram escassas, muito caras e freqüentadas por meretrizes e maus elementos. Os cristãos acolhiam em seus lares outros crentes que por ali passavam de viagem. Muitos missionários foram agraciados por aqueles irmãos enquanto viajavam em suas jornadas evangelísticas. O próprio apóstolo Pedro fora recebido por Cornélio, e Cesárea (At 9.43; 10.5,23-48). Esta abençoada prática continua ainda hoje.

Não havia templos e as reuniões congregacionais eram feitas em casas, que se abriam para receber a congregação. Os lares dos crentes eram o centro da vida comunitária cristã e da missão evangelizadora e, por isso, era mister que eles fossem hospitaleiros. Todos nós devemos ser hospitaleiros (Rm 12.13). A importância da hospitalidade é também vista no fato de ela ser um dos quesitos de quem aspira o santo ministério (1 Tm 3.2; Tt 1.8). Ela deve ser prestada, sobretudo aos estranhos (Hb 13.2), aos pobres (Is 58.7; Lc 14.13,) e até mesmo aos inimigos (2 Rs 6.22,23; Rm 12.20).

2. Serviço (v.1O). O amor de Deus é expresso pelo amor ao próximo, por isso a vida cristã deve ser uma vida de serviço aos outros. Jesus “não veio para ser servido, mas para servir” (Mc 10.45). Ele se identificou com os necessitados e desabrigados, por isso considera aqueles que mais dão de si mesmos, como os que mais se assemelham a Ele, que nunca poupou coisa alguma de si mesmo em seu serviço aos outros. Aqueles que servem aos seus semelhantes, na realidade estão servindo a Deus e a Cristo (Mt 25.40).

3. A mordomia dos dons (v. 10). Todos recebemos dons e talentos para servirmos aos outros.

Esses dons podem ser naturais, ativados pela ação do Espírito ou de capacitações sobrenaturais concedidas ao crente pelo Espírito Santo, para com a finalidade de servir.

Cada um deve colocar o seu dom a serviço de todos, e assim o cristão se torna despenseiro da graça de Deus. A graça divina manifesta-se de muitos modos e concretiza-se na vida humana de muitas maneiras. Deus concede dons de modo multiforme, de acordo com as necessidades da Igreja.

CONCLUSÃO

O fim está próximo! Daí ser necessário mais sobriedade, discernimento, oração e um profundo amor entre os irmãos, numa vida de sinceros préstimos e dedicação. Seja qual for a ajuda ou serviço que prestemos aos outros, conforme o dom ou graça que recebemos de Deus, deverá ser feito no espírito de amor para que o produto final do nosso trabalho seja sempre a glorificação de Deus. Amém

Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus (auxiliar)

Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS


15 de maio de 2009

Os Limites da Liberdade Cristã

1 – INTRODUÇÃO

A liberdade do crente permanece como tema da segunda unidade do nosso estudo. Estamos aprendendo que essa liberdade, para ser benéfica, deve ter os seus limites impostos pelo crente e baseados no conhecimento da Palavra de Deus e na consciência de ser ele o templo do Espírito Santo. O cristão modela sua liberdade pelas normas morais contidas na Bíblia e pelo que percebe ser a vontade de Deus para a sua vida.

Nessa lição, enfocaremos uma área vital em que precisamos usar com sabedoria na nossa liberdade cristã — o matrimônio. São múltiplas as dificuldades. E verdade que Deus deseja nossa autenticidade individual na vida cristã e na relação conjugal. Mas nossa liberdade não deve retirar a do nosso cônjuge e nem rebaixar os outros. Ao contrário, nosso livre-arbítrio para escolher uma vida abundante e plena de serviço cristão deve abençoar a vida dos nossos semelhantes e glorificar o nosso Deus.

Em muitos países, os conceitos de matrimônio, lar e família são desprezados e atacados abertamente. Satanás está destruindo a unidade fundamental da sociedade civilizada — a família. Se você é casado, lembre-se de que manter uma boa relação conjugal faz parte da obra de Deus. Não tente fugir da sua responsabilidade de marido ou esposa, com o pretexto de que “Deus vem em primeiro lugar”. Peça ao Senhor a graça de ser bondoso e compreensivo com relação à sua família e a outros (especialmente os novos crentes) que estão passando dificuldades matrimoniais.

II - LIBERDADE E LIMITES NO CASAMENTO
(7.1-24; MT 19.3-11; EF 5.15-33)


As palavras “quanto às coisas que me escrevestes” (7.1) dão a entender que Paulo irá responder a certas perguntas específicas colocadas pelos coríntios. O capítulo 7 pode ser dividido em duas partes relativas à vida conjugal: nos versículos 1-24, Paulo se dirige principalmente aos casados e nos versículos 25-40, aos solteiros.

1. Liberdade e limites nas relações sexuais

No capítulo 6, Paulo declara que os crentes não devem ter relações sexuais fora do casamento. Passa agora a dar uma orientação acerca do papel das relações sexuais no matrimônio. A expressão “tocar em mulher” se refere, na Bíblia e na literatura antiga, ao ato sexual (Gn 20.6; Pv 6.29), não ao casamento em si.
Paulo bem sabia que o celibato, tal como praticava (v. 7) tem as suas vantagens, mas apesar disso, não ensina contra o casamento. Veja suas magníficas palavras acerca do matrimônio em Efésios 5.15-33, como exemplo da relação de Cristo com sua Igreja. Paulo escreve aos coríntios para corrigir uma idéia errada acerca do corpo. A filosofia gnóstica exaltava o conhecimento e considerava o corpo como algo vil; só importava o espírito. O resultado dessa filosofia foram dois pontos de vista exagerados entre os coríntios:

1. “Já que o corpo não importa e vai morrer logo, vamos satisfazer todos os desejos da carne” (1 Co 15.32).

2. “O corpo é vil; por isso, não devemos satisfazer os seus desejos, mesmo nas coisas normais, como é o sexo no casamento”.

Paulo tratou do primeiro desses erros no capítulo 6 e passa agora a tratar do segundo. E bom estudarmos esse ensinamento, porque sempre há pessoas que afirmam que o castigo do corpo engrandece e agrada a Deus, o que não é verdade.

O sexo no casamento condiz plenamente com a vontade de Deus e nada tem de pecaminoso. Deus instituiu a família e ordena a procriação para garantir a continuidade da raça humana (Gn 1.27,28; 2.24; 9.1; Hb 13.4). A criação de filhos para servir a Deus é parte integral do plano dEle (Gn 18.19). O matrimônio é uma relação ou “sociedade” mútua, em que cada participante deve zelar pelos direitos e bem-estar do parceiro.

SEXO NO CASAMENTO

1 Coríntios 7.1-7
Normal, não pecaminoso
Salvaguarda contra a imoralidade
Satisfação mútua
Relação considerada equilibrada
Abstinência por consentimento mútuo

Em muitas culturas, os homens tratam suas esposas como escravas ou propriedade material. Mas o Cristianismo proporciona liberdade, respeito mútuo, amor e consideração ao casamento. O marido é o cabeça da família, mas tem a obrigação de tratar a esposa com amor e consideração (Ef 5.15-33).

Paulo recomenda o casamento como salvaguarda contra a imoralidade e a paixão (Mt 5.27,28). Nem todos têm o dom do celibato, a capacidade de permanecer virgem (vv. 7-9). Não há base bíblica para o celibato do clero. Alguns ministros conseguem permanecer solteiros pela graça de Deus, para melhor realizar a obra especial que o Senhor lhes destinou. Mas não seria justo exigir tal celibato de todo o clero, como querem alguns (1 Tm 4.1-3).
Debate-se bastante a questão do possível casamento e viuvez de Paulo. Creio que ele já era casado porque:

1. É difícil acreditar que um judeu tão zeloso como Paulo não tivesse casado, porque o celibato contradizia o ensino judaico.

2. Era evidentemente participante do Sinédrio, ou Supremo Tribunal Judaico (At 26.10), cujos membros eram todos casados.

3. É óbvio que, ao escrever suas cartas aos coríntios, Paulo era celibatário (9.5). Portanto, é razoável supor que sua esposa tivesse falecido ou abandonado o apóstolo após a conversão dele.

4. Limites no abandono da relação conjugal (7.10-24; Mt 19.3-1 1).

Os coríntios estavam confusos acerca do dever do crente com relação ao cônjuge descrente. Alguns ensinavam que deviam separar-se ou se divorciar. Paulo dá a sua resposta: “Não se divorciem!” Ele se baseia nos ensinamentos de Jesus em Mateus 5.3 1,32 e 19.3-11.

Os problemas relativos ao divórcio e separação são difíceis de resolver. Não há nos ensinos de Paulo ou de Jesus Cristo uma única regra abrangente e inflexível. Está claro que o Novo Testamento não admite divórcio quando se trata de um casamento crente (1 Co 7.10,11). Mas nos versículos 12-16, Paulo trata do casamento misto (crente com descrente). Mesmo nesse caso, os cônjuges não devem se separar, a menos que o descrente resolva abandonar a família ou exija a separação.

Em alguns casos, as condições parecem impossíveis. Por exemplo, um marido bêbado que surra a esposa e ameaça matar os filhos, ou uma esposa infiel que tem relações com um terceiro; um marido criminoso que tenta fazer sua esposa de cúmplice. “Deus chamou- nos para a paz” (v. 15) e, às vezes, a separação pode ser a única solução. Por outro lado, muitas esposas e maridos, pela graça de Deus, têm permanecido fiéis ao cônjuge nessas circunstâncias, e Deus tem feito milagres em seu favor. Em muitos casos, até em lares cristãos, o divórcio resulta do egoísmo, e não da situação difícil do(s) cônjuge(s). Qualquer crente que esteja contemplando o divórcio deve ler diariamente Efésios 5.15-33.

Nos casamentos mistos, o cônjuge descrente que não se submete à lei de Deus tem a opção de se separar e muitas vezes assim o faz (v. 15).
Mas o cônjuge crente, se possível, deve manter-se fiel e permanecer onde está, orando e confiando que o Senhor lhe dará a solução. Muitas vezes, o cônjuge descrente se entrega a Jesus e o lar passa a ser transformado pela sua influência santificadora.

Deve-se manter a família unida, se possível, em benefício das crianças. Muitos delinqüentes juvenis vêm de lares desfeitos. As crianças precisam entregar-se a Jesus Cristo. Elas merecem ter pai e mãe. Pais crentes exercem uma influência santificadora sobre seus filhos.

2. Problemas e princípios

Os pastores são chamados com freqüência a aconselhar casais ou indivíduos com problemas conjugais. Alguns já têm problemas tão complexos ao se entregar a Jesus, que seria preciso a sabedoria de Salomão para solucioná-los: divórcio, segundas núpcias, poligamias, famílias extraconjugais, cônjuges infiéis etc. Devemos buscar cuidadosamente as soluções bíblicas para problemas tão comuns como esses e aplicá-las aos nossos dias. Não há na Bíblia regras para todos os casos, mas Deus nos tem dado princípios válidos. Cabe-nos apelar ao Espírito Santo para nos orientar na aplicação deles a cada problema que enfrentamos.

O princípio dado nos versículos 20 e 24, num sentido prático, é um dos mais importantes do Novo Testamento. Leia duas vezes os versículos 17-24. Aquilo que Paulo “ordena” não vem da mente dele; é um princípio divino que ele simplesmente repete. Lembremos o seguinte:

1. Paulo escrevia sob inspiração do Espírito Santo.

2. Ele estava respondendo a problemas específicos.

3. Tratava alguns problemas não mencionados por Jesus nos Evangelhos.

4. Estava falando com novos crentes numa cidade com verdadeiro “fanatismo sexual”.

5. Tanto ele quanto os coríntios acreditavam que Jesus voltaria logo.

Esses fatos nos ajudam a entender melhor o capítulo inteiro. Já não moramos na Corinto do século 1, mas os princípios elaborados aqui são aplicáveis aos problemas de hoje. Paulo emprega o exemplo da circuncisão e da escravidão para ilustrar o princípio do versículo 20: Cada um permaneça na vocação em que foi chamado. Exemplifica também a sua aplicação. Somos incapazes de modificar determinadas situações (quem, por exemplo, tentaria desfazer a sua circuncisão?).
A tentativa de modificá-las só pioraria a situação; como no caso de desfazer o lar porque um dos cônjuges não é crente ou porque a situação não pode ser regularizada legalmente sem o divórcio de um cônjuge anterior, O exemplo da escravidão (vv. 2 1-23) nos mostra que “permanecer na sua vocação” não constitui uma ordem determinante; se a situação é suscetível de melhoramento. Deus compreende as nossas circunstâncias e geralmente conseguimos servi-lo melhor na situação em que já nos encontramos.

O princípio de permanecer na sua vocação (v. 24) tem inúmeras aplicações à vida em geral e aos dons que Deus dá a cada um de nós. Não obrigamos o músico nato a ser mecânico, nem o fazendeiro a tornar-se advogado. A igreja deve deixar que o evangelista faça aquilo que é a sua vocação sem tentar obrigá-lo a ser pastor (Rm 12.6-8). Deus nos chamou primeiro à salvação


(1 Co 1.9) e depois a várias funções.

Vamos considerar a aplicação do princípio do versículo 24 a certos problemas. Toda regra imposta pela igreja e toda solução proposta para problemas conjugais têm de levar em conta as leis e costumes de cada país; alguns permitem o divórcio, outros não. Devemos considerar também as circunstâncias de cada caso. Os problemas são tão diversificados que não bastam regulamentos simples e generalizações exageradas. Mas é muito útil a aplicação dos vários princípios bíblicos que temos à disposição.

Por exemplo, um indivíduo que esteve amigado com três mulheres antes da sua conversão deveria deixar a terceira (com quem vivia quando convertido) e tentar voltar à primeira? Até certo ponto, a sua resolução poderia depender de qual delas (se alguma) foi a sua legítima esposa, da existência de filhos etc. Contudo, em muitos casos, o bom senso indica que esse homem deveria ficar com a esposa com quem vivia quando se converteu.

Muitos problemas são dificílimos de resolver. Devemos pensar na solução mais benéfica para cônjuges e filhos (se existem). A meu ver, a melhor resposta reside, na maioria das vezes, na aplicação do princípio contido nos versículos 20 e 24 do capítulo 7.

3. Liberdade fora do casamento


3.1. Liberdade de não casar

Paulo passa a responder outra pergunta específica no versículo 5. Tem a ver com o casamento (ou não) de virgens. Nesse trecho vv. 25-40), emprega-se cinco vezes a palavra virgem com significado feminino. (Apocalipse 14.4 fala de virgens do sexo masculino mas a linguagem é simbólica e não vem ao caso.)
Paulo diz não ter recebido mandamento específico do Senhor a respeito dessa questão (v. 25). Os Evangelhos nada dizem sobre essa situação, e Paulo não recebeu nenhuma revelação particular do Senhor. Mas ele dá a sua opinião, como pessoa digna de confiança. Ao lermos os versículos 25-40, temos a impressão de que o apóstolo Paulo se opõe ao casamento. Nada mais longe da verdade! Ele simplesmente aconselha o celibato às jovens coríntias daquela época. Isso não contradiz o ensino geral das Escrituras a respeito do casamento encontrado em gênesis, nas palavras de Jesus e em outros trechos bíblicos: “Venerado seja entre todos o matrimônio” (Hb 13.4).

O solteiro (ou solteira) não deve se sentir pressionado a casar simplesmente porque é “costume”. Nem precisa sentir-se desprezado, inferiorizado ou envergonhado. Esse trecho bíblico oferece uma excelente resposta àquelas pessoas que aconselham “casamento a todo custo”. O primeiro motivo dado por Paulo em apoio ao celibato é a existência de uma “angustiosa situação”. Qual foi essa situação? Não sabemos. Mas é verdade que certas crises tornam necessário o adiamento ou abandono de planos matrimoniais: doença, guerra, responsabilidade de cuidar de pais idosos ou sustentar a família etc.


4. Motivo de celibato


Depois, Paulo menciona “angustia na carne”. Há problemas bem conhecidos aos casados: falta de emprego, buracos no telhado, colheita ruim, carência de comestíveis, nenê doente, frustração sexual, vizinhos desagradáveis, filhos rebeldes, o desafio de alimentar, vestir e educar uma família etc. Os solteiros não têm de enfrentar os mesmos problemas que o casal é obrigado.

O marido cristão tem o dever de sustentar a sua família, e os demais maridos também possuem responsabilidade igual (Gn 3.19; 1 Tm 5.8). Paulo não condena tal situação, mas mostra como a vida celibatária é vantajosa para o ministério cristão. Compreendemos bem a dificuldade de equilibrar simultaneamente os deveres de pai (ou mãe) e de ministro do Evangelho, sem prejudicar nenhum aspecto da nossa vocação total. O próprio Paulo não poderia ter desenvolvido o ministério que teve no vasto campo missionário, se tivesse a responsabilidade de criar uma porção de filhos.
Mesmo assim, vemos que Pedro e outros apóstolos viajavam acompanhados por suas esposas (9.5). Às vezes, o ministério de um pastor se torna mais eficaz por causa do apoio da família.

No versículo 7, Paulo nos informa que algumas pessoas sentem a vocação do celibato, recebendo de Deus o dom de permanecer celibatárias com grande alegria e contentamento. Em 7.39, vemos que o crente não deve se casar com o descrente. E as palavras “com quem quiser” implicam na não-obrigação de casar com alguém de quem a pessoa não goste. Outro motivo do celibato é a falta de ocasião ou de pessoas idôneas para o casamento.

Em algumas regiões do mundo há muito mais mulheres que homens. Nas áreas onde se prática a poligamia, existem menos moças que rapazes livres para casar. Seja por livre alvitre ou por falta de ocasião de realizar um bom casamento, as pessoas que permanecem solteiras levam sempre vantagem sobre as malcasadas.

5. Liberdade de casar

Os versículos 36-38 constituem um trecho difícil. Muitos comentaristas têm lutado com o significado da expressão: “sua virgem” (filha) no versículo 36, por exemplo. O trecho pode referir-se às seguintes relações:

1. Pais e filhas virgens.

2. Um rapaz e sua noiva.

3. Um casa, cujos cônjuges convivem como irmãos num “casamento espiritual”, evitando as relações sexuais.

Pessoalmente, prefiro a primeira dessas três interpretações porque:

1. Naquela época, os pais costumavam arranjar o casamento das suas filhas; ainda hoje se pratica esse costume em muitos países.

2. O verbo que inicia o versículo 38 significa “dar em casamento” e não “casar-se”.

Vemos a natureza toda especial desse capítulo, ao nos darmos conta de que o apóstolo Paulo enumera apenas três motivos ou vantagens do casamento num total de quarenta versículos. O primeiro (v. 8) refere-se à paixão sexual (“abrasado”); pode ser também uma alusão ao fogo do julgamento divino sobre aqueles que caem na imoralidade ou desleixo pessoal. Deus nos fez, homens e mulheres com um desejo sexual normal, para garantir a continuidade da raça humana.
Mas a mera atração sexual não basta como fundamento do matrimônio. Um casamento baseado apenas nisso pode fracassar caso apareça alguém mais atraente. O segundo motivo em favor do casamento aparece no versículo 39: casar não é pecado. Já estudamos a atitude dos coríntios a esse respeito e a resposta dada pelo apóstolo.

6. Motivos para o casamento

Melhor casar que viver abrasado 7.9
Não é pecado casar 7.36
Desejo de casar 7.39

7. Outras escrituras

Relação instituída por Deus Mt 19.4-6
Vantajoso ao homem Gn 2.18-24
Continuar a espécie Gn 9.7
Em prol das crianças Dt 6.1-9
Estado digno de honra Hb 13.4
Desejo normal 1 Tm 5.11,13,15

O terceiro motivo diz respeito à liberdade ou direito de casar (v. 39) e estabelece um limite. Paulo fala nesse trecho das segundas núpcias de um viúvo ou viúva. Após a morte do cônjuge, o sobrevivente tem a liberdade de casar-se com quem quiser, contanto que seja crente (“somente no Senhor”).

Nos dias de hoje, Satanás está tentando destruir o casamento, o lar e a família. A promoção do sexo, prostituição, homossexualismo, divórcio e concubinato são sinais desse fato; há em tudo isso uma fuga de responsabilidade dos participantes. Muitas nações e civilizações do passado foram destruídas por esses mesmos males. Hoje vemos epidemias de doenças venéreas sem cura; as crianças inocentes sofrem mais, tanto nas doenças que lhes são transmitidas quanto no abandono familiar e na falta de treinamento moral. Esposas e filhos abandonados lutam para sobreviver sem recurso jurídico ou sustento paternal.

O matrimônio implica num compromisso mútuo e voluntário que dura até a morte dos cônjuges. A família estável e temente a Deus é a pedra fundamental da comunidade ou nação bem-sucedida. Os lares de crentes devem ser o modelo da retidão do plano de Deus e a evidência da sua bênção divina. Paulo escreveu esse segmento da sua epístola para responder a certas perguntas específicas, sem o propósito de tratar de forma abrangente o assunto do matrimônio. Mesmo assim, os princípios que ele comunica são válidos até os nossos dias. “O que acha uma mulher acha uma coisa boa, e alcançou a benevolência do Senhor” (Pv 18.22).

III - LIBERDADE, ÍDOLOS E COMIDA (8; 10.14-23)

1. Liberdade no conhecimento da idolatria

No capítulo 8, o apóstolo Paulo responde a mais uma pergunta dos coríntios, referente ao consumo de carne oferecida a ídolos. Antes da sua conversão, muitos dos crentes em Corinto eram pagãos, adoravam ídolos e sacrificavam animais aos seus deuses. Nesses sacrifícios, juravam sua devoção às respectivas deidades, invocavam a bênção dos deuses representados pelos ídolos e se comunicavam com as forças diabólicas, enquanto comiam uma parte da carne sacrificada (1 Co 10.18). Tudo isso era um ato de louvor pagão. O restante da carne era consumida pelos sacerdotes ou vendida no mercado. Após a sua conversão, os crentes coríntios desejavam saber se ainda seria lícito comer daquela carne oferecida aos ídolos ou se deveriam abster-se de tal consumo.

A adoração aos ídolos é bem antiga no nosso mundo; as civilizações antigas acreditavam que certos animais eram portadores de espíritos divinos que divinizavam os próprios animais. Fabricavam-se imagens de touros, peixes e crocodilos, as quais se tornavam deuses do povo. Lembremos ainda o que Arão (irmão de Moisés) fez com o bezerro de ouro (Ex 32.5,6; J5 24.14). Deus proibiu Israel de fazer imagens (Ex 20.4) e até mandou destruir os ídolos de deuses estrangeiros (Dt 12.2,3). Houve, de fato, uma história de fracassos a esse respeito, mesmo assim muitos judeus escolheram morrer a deixar a idolatria.

O povo dos tempos de Paulo (e algumas civilizações de nossos dias) adoravam deuses da natureza e também ídolos feitos de madeira, pedra e metal. Cultuavam, conforme a crença pagã, o Sol, a Lua, as estrelas, as montanhas, os rios e as árvores. Certos deuses e deusas deviam controlar a chuva, o sucesso na guerra, a agricultura etc. Os gregos adoravam muitos deuses (At 17.23). Os romanos proclamavam também a divindade dos seus imperadores. Rodeados de tais práticas, os cristãos podiam evitar contatos freqüentes com a idolatria.

Antes da sua conversão, os gentios viviam com medo dos seus deuses, mas o Evangelho os havia libertado dessa opressão. Eles, como o apóstolo Paulo, sabiam que os ídolos não eram nada e não conheciam o Deus verdadeiro, cultuado por judeus e cristãos. Ele é único, eterno, o Criador, onipotente e onisciente. O poder dEle ultrapassa o poder dos demônios. Os crentes não precisavam mais apelar aos ídolos. Eles amavam o seu Deus, e por isso não mais adoravam a ídolos. Mas deviam ou não comer da carne oferecida a eles? Isto é o que não sabiam, e houve entre eles duas opiniões bem divergentes; alguns achavam que sim e outros não.
Os crentes que comiam tal carne baseavam-se na sua liberdade e no conhecimento da nulidade do poder dos ídolos. Paulo dá o seu parecer a respeito, frisando que o conhecimento dos fatos deve ser equilibrado pelo amor.
Tanto o conhecimento quanto o amor são essenciais para a atividade humana e constituem parte importante da vida cristã. “Sabemos que todos temos ciência”, diz Paulo (v. 1). As vezes, o saber (conhecimento) ensoberbece o sábio, e foi assim que aconteceu no caso dos coríntios.

CONHECIMENTO AMOR
No cérebro No coração
Adquirido pelo estudo Cultivado com a ajuda de Deus
Ensoberbece — 1 Co 8.1 Edifica
Inferior — 13.2 Superior
Provisório 13.8,13 Permanece


O conhecimento (saber) sem o amor pode ser destrutivo, tanto na vida do “sábio” quanto na sua relação com os demais; pode até afastar as pessoas do Senhor (8.11). Como no caso do fogo e da água, precisamos de ambos os elementos para levar uma vida equilibrada e não devemos desprezar nem negar a sua utilidade.

Os mesmos elementos têm função construtiva e destrutiva, conforme o uso; o perigo está no exagero ou na falta de controle. O conhecimento que obtemos através do estudo pode abençoar e instruir a humanidade, e assim devemos fazer.

2. Liberdade limitada pelo amor

Paulo salienta a existência de um só Deus, manifesto em três pessoas — o Pai, Jesus Cristo e o Espírito Santo. (Compare o versículo 6 com Cl 1.15-17 e Ef 4.6.) Os judeus crentes em Jesus que moravam em Corinto entendiam bem a nulidade dos ídolos, mas nem todos os habitantes da cidade percebiam esse fato (vv. 4,7-9). Os gregos recém-convertidos, que passavam a vida inteira cultuando os ídolos, levariam um choque se vissem alguns cristãos mais maduros na fé fazendo sua refeição num templo idólatra.

Tal exemplo poderia levá-los a fazer igual e a confiar novamente no valor ou poder do ídolo por causa do mal-entendido. Assim, os irmãos menos estáveis poderiam ser “destruídos” (vv. 10-13). Por isso, diz Paulo, o crente mais maduro ou experiente nem sempre deve insistir nos seus direitos espirituais, pois seria pecado exercer toda a sua liberdade, se essa causasse a queda dos irmãos mais fracos.

O versículo-chave é o 9. Memorize esse versículo. Paulo reconhece a liberdade dos crentes coríntios: “Todas as coisas me são lícitas...” mas apela a eles no sentido de aplicarem em tudo uma lei superior, a lei do amor. Para não ferir ou ofender o irmão de consciência mais frágil, o crente forte deve estar disposto a restringir sua própria liberdade.

3. O amor limita a liberdade

Não deixe que o exercício de sua liberdade escandalize os mais fracos, conduzindo-os ao erro.

A lei do amor aplica-se de diversas maneiras. Os costumes e normas dos crentes variam bastante de uma igreja para outra no que diz respeito à comida, bebida, ao vestuário, ao uso de enfeites, às diversões etc. Tais diferenças têm causado até rupturas e mal-entendidos em algumas congregações. A semelhança do apóstolo Paulo, devemos estar dispostos a “ceder um passo” em nossas convicções para ajudar os nossos irmãos na fé (v. 13). Podemos por à prova a nossa liberdade e seu exercício, colocando três perguntas sugeridas por Paulo como critério de atuação:

1. É benéfico?

2. Convém aos demais?

3. Prejudica aos demais?

Vamos supor que você seja um pastor, e os membros da sua congregação costumam beber vinho leve com boa consciência, como fazem muitos crentes na Europa. Então vai pastorear uma outra igreja com forte preconceito contra o consumo de bebidas alcoólicas, por haver naquela congregação vários ex-bêbados salvos pela graça de Jesus. Qual deve ser seu procedimento e por quê? Lembre-se de que a ciência às vezes incha, mas o amor sempre edifica.

Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus (auxiliar)
Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS
Comentário Bíblico Thomas Reginald Hoover

23 de abril de 2009

As marcas do ministro da igreja (I Co 4.1-21)- 2º. Parte

ASSIM COMO PAULO USOU três imagens para a igreja no capítulo 3, também utiliza três figuras para descrever o ministro cristão. O obreiro é um mordomo que vive com fidelidade, um espetáculo ao mundo que revela humildade e um pai que demonstra amabilidade.
É sobre esses três aspectos que vamos discorrer neste capítulo.

O ministro é um mordomo fiel (4.1-6)

Paulo ainda está corrigindo o mesmo problema identificado desde o capítulo 1, a divisão na igreja em virtude do culto à personalidade. O mundo estava entrando na igreja de Corinto e a filosofia do mundo conduzia os seus assuntos internos.

Corinto era uma cidade grega e o grande hobby dessa cidade era ir para a praça, a 4gora, a fim de escutar os grandes filósofos e pensadores discutirem suas idéias e exporem a maneira como viam o mundo ao seu redor. Eles se identificavam com um ou outro líder, com esse ou aquele filósofo. Eles acabavam se tornando seguidores de homens. Centrando-se em seus líderes, os coríntios estavam prestando fidelidade a homens; homens de Deus é verdade, mas apenas homens.

Essa era a maneira que o mundo se comportava e ensinava. Sempre que a igreja segue os grandes nomes e gira em torno de homens, está imitando o mundo. 70 Uma vez que eles estavam acostumados a vivenciar isso no mundo, queriam, agora, fazer o mesmo dentro da igreja. Por isso, diziam: Eu sou de Paulo, eu de Apolo, eu de Cefas e eu de Cristo.

Como Paulo combate essa idéia do culto à personalidade? Após afirmar que os obreiros da igreja são apenas servos ou diáconos, ele prossegue em seu argumento, dizendo que eles são escravos condenados à morte que trabalham sob as ordens de um superior (4.1). Vamos examinar alguns pontos importantes:

Em primeiro lugar, o obreiro é um escravo sentenciado à morte. Paulo escreve: “Assim, pois, importa que os homens nos considerem como ministros de Cristo” (4.1). A palavra “ministro” na língua portuguesa representa o primeiro escalão do governo. O ministro é uma pessoa que ocupa uma alta posição política, de grande projeção na liderança, e tem em suas mãos um grande poder e autoridade. Se olharmos a palavra “ministro” no campo religioso, estaremos falando de alguém que exerce a função de líder na igreja local. Todavia, a palavra usada pelo apóstolo Paulo para definir o ministro nos dá uma idéia totalmente contrária.

A palavra grega usada é huperetes, que significa um remador de galés. Essa palavra era utilizada para a classe mais simples de servos. Os ministros são meros servos de Cristo. Eles não têm autoridade procedente deles mesmos. A palavra huperetes só aparece aqui em todo o Novo Testamento. Nos grandes navios romanos existiam as galés, que eram porões onde trabalhavam os escravos sentenciados à morte. Aqueles escravos sentenciados à morte prestavam um serviço antes de morrer. Eles tinham os seus pés amarrados com grossas correntes e trabalhavam à exaustão sob o flagelo dos chicotes até à morte.

Paulo diz que o ministro não deve ser colocado no pedestal como o dono da igreja ou como o capitão do navio, antes deve ser visto como um escravo que serve ao capitão até à morte. Paulo está dizendo para não colocarmos os holofotes sobre um homem, porque importa que os homens nos considerem como huperetes e não como capitães do navio. O obreiro da igreja é um escravo já sentenciado à morte, que deve obedecer as ordens do capitão do navio, o Senhor Jesus Cristo.

Em segundo lugar, o obreiro é um mordomo que obedece as ordens do seu Senhor (4.1). Paulo usa agora uma nova figura. Ele diz que o obreiro é um despenseiro ou mordomo. A palavra grega usada por Paulo é oikonomos, de onde vem a nossa palavra mordomo. O ministro é um despenseiro, aquele que toma conta da casa do seu senhor. Em relação ao dono da casa, o mordomo era um escravo, mas em relação aos outros serviçais, ele era o superintendente. Sua função era cuidar dos interesses do seu senhor. Ele cuidava da alimentação da casa. Ele prestava contas, não aos seus colegas, mas ao seu senhor.

Os mistérios de Deus representam aqui o evangelho, a Palavra de Deus. O mordomo ou oikonomos era a pessoa que cuidava da despensa, da dieta, da alimentação de toda a família. O oikonomos era um administrador, mordomo, dirigente de uma casa, com freqüência um escravo de confiança que era encarregado de todos os negócios do lar. A palavra enfatiza que a pessoa recebe uma grande responsabilidade, pela qual deve prestar contas.74 O que isso nos sugere?

a) Não era competência do mordomo prover o alimento para a família; essa era uma responsabilidade do dono, do senhor da casa. O ministro do evangelho não tem de prover o alimento, porque esse já foi providenciado. Esse alimento é a Palavra de Deus. Compete ao ministro dar a Palavra de Deus ao povo. O ministro não é o provedor, ele é o garçom que serve as mesas. Ele não coloca alimento na despensa, mas prepara o alimento e o serve. Ele não pode sonegar o alimento que está na despensa, ou adulterá-lo nem substituí-lo por outro. Ele precisa ser íntegro e fiel, dando ao povo o mesmo alimento que o dono da casa proveu para a família.
Sabemos, porém, que é possível ter na despensa os melhores alimentos e, mesmo assim, ter na mesa a pior refeição. A competência do mordomo era pegar a riqueza do alimento que estava na despensa, que é a Palavra de Deus, e preparar uma refeição gostosa, saborosa, e balanceada: Leite para a criança, alimento sólido para aqueles que podem suportá-lo.

Não é conveniente preparar a mesma refeição todos os dias. O ministro precisa ensinar todo o desígnio de Deus. Paulo diz: “Toda a Escritura é inspirada por Deus é útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” (2 Tm 3.16, 17).

b) Não era função do mordomo buscar nova provisão ou servir qualquer alimento que não fosse provido pelo senhor. A Palavra de Deus deve ser ensinada de formas variadas. Paulo diz para ensinarmos todo o conselho de Deus (At 20.27). Hoje, não temos mais profetas nem apóstolos como tinham as igrejas primitivas! Eles pregavam mensagens de revelação. Quando os profetas diziam Assim diz o Senhor, eles estavam recebendo uma mensagem inspirada, inédita, e nova da parte de Deus. E essa mensagem iria fazer parte do cânon das Escrituras.

Nos dias atuais, porém, nenhum homem e nenhuma mulher recebe mensagens novas de Deus. Tudo o que Deus tem para nós já está nas Escrituras. Mesmo que um anjo descesse do céu e pregasse outra mensagem que vá além daquela que está nas Escrituras, deve ser prontamente rejeitada e considerada como anátema! (GI 1.6-9).

A Bíblia já tem uma capa posterior. Ela já está concluída, fechada e é por isso que no livro do Apocalipse diz que nós não podemos acrescentar ou retirar mais nada do que nela está escrito (Ap 22.18,19). A pregação hoje não é revelável, mas expositiva. Você não acrescenta mais nada ao que está na Palavra, mas expõe apenas o que está na Palavra. Não recebemos mensagens novas, mas damos ao povo o conteúdo da Palavra de Deus já revelada.

c) A função do mordomo era servir as mesas com integridade. O ministro não é um filósofo que cria a sua própria filosofia. Não é assim o despenseiro. Ele não cria uma doutrina, uma teologia ou uma idéia a fim de aplicá-la e ensiná-la. Cabe a ele transmitir o que recebeu. E Paulo sempre usa essa expressão: “[Eu] vos entreguei o que também recebi” ( I Co 15.3).

O despenseiro não pode entregar o que não recebeu. E o que é que ele recebeu? É o que está na Palavra! Sendo assim, o despenseiro não podia mudar o alimento. De igual forma, nós não podemos mudar a mensagem. Também o despenseiro não podia adulterar o alimento, ou seja, ele não podia mudar o conteúdo, a substância, e a essência do alimento.
Nós não podemos mudar nem diluir a Palavra de Deus. Ainda, o despenseiro não podia acrescentar nenhum alimento no cardápio além daquele que estava na despensa. Nós não podemos pregar o evangelho e mais alguma coisa. E o evangelho, somente o evangelho e, todo o evangelho.

Finalmente, o despenseiro não podia reter as iguanas que o senhor da casa havia provido para toda a casa, para toda a família. Ele tinha de distribuir todo o alimento que o seu senhor providenciara para a família e para o restante da casa. E isso significa dizer que o despenseiro precisa pregar para a igreja todo o conselho de Deus. Não pode pregar apenas as doutrinas da sua preferência. A melhor maneira de fazer isso é pregando expositivamente, livro por livro. Essa é a maneira mais adequada de se colocar na mesa todas as iguanas providenciadas pelo Senhor.

Em terceiro lugar, o despenseiro precisa ser absolutamente fiei no exercício do seu trabalho. A função do mordomo não era agradar às demais pessoas da casa, nem muito menos aos outros servos, mas ao seu senhor. Diz o apóstolo Paulo:

“Ora, além disso, o que se requer dos despenseiros é que cada um deles seja encontrado fiel” (4.2). De acordo com a filosofia dos gregos e a sabedoria do mundo, as pessoas valorizam a popularidade e o sucesso. Mas Deus requer dos despenseiros fidelidade. Sucesso sem fidelidade é consumado fracasso. No dia em que formos prestar contas da nossa administração, o que Deus vai pesar não é o critério do sucesso nem o da popularidade, mas o critério da fidelidade.

O que Deus requer do despenseiro não é sucesso nem popularidade, mas fidelidade: fidelidade ao Senhor, fidelidade à missão e fidelidade ao povo.
Em quarto lugar, o despenseiro esta exposto ao julgamento (4.3-6). O ministro, na qualidade de mordomo, passa por três crivos de julgamento: O julgamento dos homens (4.3a), o julgamento próprio (4.3b, 4a) e o julgamento de Deus (4.4b).

a) O julgamento dos homens. Diz o apóstolo: “Todavia, a mim mui pouco se me dá ser julgado por vós, ou por tribunal humano” (4.3a). O julgamento dos homens não é o mais importante, porque nós não estamos servindo a homens, mas servindo a Deus. Paulo está dizendo que se ele fosse servo de homens ou procurasse agradar a homens, ele não seria servo de Cristo (Gl 1.10). O grande projeto do ministro de Deus não é ser popular aos olhos dos homens, mas fiel diante de Deus.

b) O julgamento da consciência (4.3b-4). Os filósofos gregos e romanos (Platão e Sêneca, por exemplo) consideravam a consciência como o juiz máximo do homem. Para Paulo, apenas Deus pode sê-lo.

O apóstolo Paulo continua: “E...] nem eu tampouco julgo a mim mesmo. Porque de nada me argúi a consciência; contudo, nem por isso me dou por justificado. (4.3b-4). Paulo diz que os gregos e os romanos estavam errados quanto a essa matéria. Platão e Sêneca estavam equivocados com respeito ao julgamento da consciência. O nosso supremo juiz não é a nossa consciência.
Nós podemos ser aprovados pela nossa consciência e reprovados por Deus. A nossa consciência não é totalmente confiável.

c) O julgamento de Deus. Paulo conclui, dizendo: “E...] pois quem me julga é o Senhor” (4.4b). Por que é que o julgamento de Deus é o julgamento perfeito? Porque Deus é o único que conhece todas as circunstâncias e todas as motivações. O julgamento de Deus é final e perfeito.

Em quinto lugar, a igreja precisa ter cuidado para não julgar os ministros apressadamente (4.5,6). Paulo traz para a igreja de Corinto três tipos de repreensões erradas em relação aos ministros: julgar na hora errada (4.5), pelo critério errado (4.6) e pelo motivo errado (4.6b).

a) O primeiro cuidado que a igreja precisa ter é de não julgar os servos de Deus no tempo errado (4.5). Paulo diz que é errado julgar os servos de Deus fora do tempo ou antecipadamente. Paulo diz que somente na segunda vinda de Cristo é que se terá o julgamento final e completo. Somente Deus pode julgar e conhecer o coração humano, pois só Ele vê o coração (l Sm 16.7) e não apenas a aparência. Paulo está combatendo a idéia de exercermos juízo e julgamento precipitado dentro da Igreja de Deus.

b) O segundo cuidado que a igreja precisa ter é de não julgar os servos de Deus pelo critério errado (4.6). Os crentes da igreja de Corinto estavam julgando por meio de critérios mundanos provenientes da sabedoria humana, pois uns diziam ser de Paulo, pelo fato de ele ter sido o fundador daquela igreja; e outros de Apoio, por ser esse um grande e eloqüente pregador; e ainda outros de Cefas, pelo fato de serem eles judeus prosélitos e gostavam do rigor da lei judia. Os coríntios julgaram Paulo, Apoio e Pedro por suas preferências e preconceitos. Entretanto, Paulo diz que não devemos julgar uns aos outros por esses critérios. Veja o que diz o apóstolo Paulo:

“Estas cousas, irmãos, apliquei- as figuradamente a mim mesmo e a Apoio por vossa causa, para que por nosso exemplo aprendais isto: não ultrapasseis o que está escrito; a fim de que ninguém se ensoberbeça a favor de um em detrimento de outro” (4.6). O que significa ultrapassar o que está escrito? Se você tem de examinar alguém, limite-se ao ensino das Escrituras. A única base de avaliação é a Palavra de Deus e não nossas opiniões. Não superestime os ministros além da medida das Escrituras.

c) O terceiro cuidado que a igreja precisa ter é de não julgar os servos de Deus com a motivação errada (4.6b). O grupo de Paulo estava desprezando o grupo de Apoio e o grupo de Apoio o grupo de Pedro. A maneira mais vil de me promover é criticar o meu irmão. Sempre que eu critico alguém estou promovendo a mim mesmo. Sempre que começo a macular a imagem do outro estou projetando a minha imagem e essa maneira de agir tem uma motivação errada.

Nós não estamos na Igreja de Deus competindo uns com os outros. Não estamos disputando primazia. Não estamos disputando quem é mais importante. Essa motivação em querer derrubar uns a fim de erguer outros é totalmente carnal e mundana e jamais será aprovada por Deus. Não basta apenas a integridade na doutrina, é preciso também fidelidade nos relacionamentos.

O ministro é um espetáculo diante do mundo (4.7-13)

O ministro é um espetáculo para o mundo (4.9). Por que Paulo usa essa figura? Essa era uma imagem muito familiar para o povo do império romano.
Para o imperador romano manter a hegemonia do seu governo bastava dar ao povo pão e circo. Os imperadores procuravam trazer entretenimento e diversão para o povo. Criou-se, então, em quase todas as cidades do império romano anfiteatros onde se promoviam espetáculos para a população. O governo entretinha o povo, apresentando espetáculos nos anfiteatros nas várias cidades do império.

E quando um general ia para a guerra e retornava vitorioso, ele acorrentava pelo pescoço os vencidos e entrava na sua cidade, montado em sua carruagem numa grande procissão trazendo os derrotados que eram sentenciados à morte e levados ao anfiteatro para serem lançados às feras ou passados ao fio da espada. Vejamos o que diz o apóstolo Paulo: “Porque a mim me parece que Deus nos pôs a nós, os apóstolos, em último lugar, como se fôssemos condenados à morte; porque nos tornamos espetáculo ao mundo...” (4.9).

A palavra grega teatron, “espetáculo” dá origem à nossa palavra “teatro”. Paulo diz que o ministro cristão é o teatro do mundo, e que a sua vida se desenrola num palco e numa arena de morte. O coliseu romano se tornou o centro desses espetáculos, onde os cristãos eram colocados para lutar contra feras e expostos à morte. Essa é a figura que Paulo evoca para os apóstolos de Cristo. Os ministros não estão no pódio para os aplausos dos homens, mas na arena do teatro, para serem entregues à morte. Fritz Rienecker ensina que Paulo usa a ilustração para a humilhação e a indignidade a qual os apóstolos são sujeitados. Deus é aquele que comanda o espetáculo e utiliza as fraquezas de seus servos a fim de demonstrar Seu poder e força.

Paulo faz quatro contrastes para revelar a sua ironia com a igreja de Corinto: reis-prisioneiros (4.7-9), sábios- loucos (4.10a), fortes-fracos (4.10b) e nobres-desprezados (4. 10c-13).

Em primeiro lugar, reis e prisioneiros (4.7-9). Visto que a igreja estava cheia de vanglória, Paulo ironiza os crentes de Corinto, dizendo: “Já estais fartos, já estais ricos; chegastes a reinar sem nós” (4.8). Paulo diz para eles: Vocês estão fartos e ricos demais! Eles estavam como a igreja de Laodicéia, satisfeitos com a sua espiritualidade. Pensavam que tinham tudo. Estavam cheios de vanglória. Eles tinham um alto conceito de si mesmos.

Os coríntios pensavam que eles eram uma igreja de muito sucesso, muito madura e eficiente. Mas Paulo afirma que aquilo que você tem, é o que você recebeu. “Pois quem é que te faz sobressair? E que tens tu que não tenhas recebido? E, se o recebeste, por que te vanglorias como se o não tiveras recebido?” (4.7). Paulo está dizendo que não há margem para a vaidade, para a soberba e para o orgulho espiritual. Se Deus lhe deu um ministério de projeção, você não tem de ficar vaidoso com isso, isso não é seu. Não é devido aos seus méritos, não é devido à sua inteligência ou capacidade humana. E graça de Deus. E por que, então, você se vangloria como se fosse mérito seu?

Paulo começa a mostrar para aquela igreja que a teologia da glória é precedida pela teologia da cruz. E a grande bandeira do cristão é a teologia de João Batista que dizia:

“Convém que ele [Jesus] cresça e que eu diminua” (Jo 3.30). Deus colocou os apóstolos em primeiro lugar na igreja, mas o mundo coloca os apóstolos em último lugar. três princípios na metáfora reis-escravos condenados. Se nós estamos sendo abençoados, outros estão sendo esbofeteados; se nós estamos sendo esbofeteados, isso vai abençoar outras pessoas; todos os cristãos são, ao mesmo tempo, reis e prisioneiros sentenciados à morte.

Somos tanto reis quanto escravos. Somos ricos em Cristo e desprezados pelo mundo. Jamais alcançaremos a bem-aventurança plena aqui. Ainda somos humanos. Ainda estamos no mundo. Ainda somos mortais. Ainda estamos expostos ao pecado, ao mundo e ao diabo.

Em segundo lugar, sábios e loucos. O apóstolo diz: “Nós somos loucos por causa de Cristo, e vós sábios em Cristo” (4.1 Ob). Paulo usa uma linguagem de ironia, pois todos o consideravam um louco, pelo fato de ter deixado o judaísmo e o rabinado, uma carreira promissora de grandes vantagens, com muito dinheiro e sucesso, com muita projeção, para se tornar um homem andarilho, um itinerante que não tinha morada certa, que passava fome, sentia frio, era açoitado e preso.

Imagino que diziam para ele: Tu és louco Paulo! Houve um momento em sua vida em que ele achava que ser sábio era se gloriar nas coisas que tinha (Fp 3.4-8).

Mas ele considerou todas essas glórias do seu passado como esterco, como lixo, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo (Fp 3.8). Paulo era louco de acordo com o critério dos homens. Ele abandonou seu status, sua posição e suas vantagens. Contudo, na verdade, os coríntios que se consideravam sábios aos próprios olhos, eram tolos aos olhos de Deus.

Paulo diz: “Ninguém se engane a si mesmo; e se alguém dentre vós se tem por sábio neste século, faça-se estulto para se tornar sábio. Porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus” (3.18,19). O caminho para se tornar espiritualmente sábio é tornar-se tolo aos olhos do mundo.
O mártir do cristianismo, Jim Elliot disse: “Não é tolo aquele que dá o que não pode reter, para ganhar o que não pode perder”. Houve um momento em que Paulo confiou na sua força, mas depois que Cristo o salvou, ele passou a gloriar-se apenas em sua fraqueza (2 Co 12.7-10).

Em terceiro lugar,fracos e fortes. Diz o veterano apóstolo: “[...j nós fracos, e vós fortes” (4.10b). Aos olhos de Deus os apóstolos são os primeiros (I Co 12.28), mas aos olhos do mundo, eles são os últimos. A igreja de Corinto se considerava forte, poderosa e Paulo chegou a dizer que teve um tempo em sua vida em que ele se achava forte e poderoso. Nesse tempo ele perseguiu a igreja.

Mas agora, ele se considera fraco e se gloria na sua fraqueza. Assim, Paulo mostra à igreja que o alto conceito que ela possuía de si mesma era uma cortina de fumaça e uma máscara. Os coríntios estavam cheios de orgulho por causa da sua espiritualidade, mas isso era fraqueza aos olhos de Deus. Não há poder onde Deus não recebe a glória.
Em quarto lugar, honrados e desprezados (4.10c-13).

Os crentes de Corinto queriam glória vinda dos homens. Eles se consideravam importantes por estarem associados a homens famosos. Mas Paulo lhes diz que os apóstolos não são nobres, mas desprezados. Os crentes de Corinto ficavam todos empavonados, dizendo: “Nós somos de Paulo. Ou nós somos do grupo de Apolo.

Ou ainda nós somos importantes porque pertencemos ao grupo de Pedro”. Paulo diz que nós não devemos achar que somos importantes por pertencermos ao grupo de homens famosos. Os apóstolos não são famosos, disse Paulo; os apóstolos são desprezados: “[...j vós nobres, e nós desprezíveis” (4.lOc).

Ele diz que os apóstolos enfrentam privações: “[...] sofremos fome, e sede, e nudez” (4.11). E os apóstolos ainda sofrem maus-tratos: e somos esbofeteados, e não temos morada certa” (4.11). E Paulo conclui: “[Somos] caluniados, procuramos conciliação; até agora, temos chegado a ser considerados lixo do mundo, escória de todos” (4.13). Paulo diz aos crentes de Corinto para não colocarem os holofotes nos homens, porque assim como os homens trataram Jesus, o Filho de Deus, e O prenderam e lhe cuspiram, levando-O a cruz, assim também tratarão os apóstolos. Nossa vida está sendo observada por homens e anjos. Nós somos jogados nas arenas para enfrentarmos a própria morte, como escravos condenados.

O ministro é um pai amoroso (4.14-21)

A última figura que Paulo usa nesse capítulo é a figura de um pai que precisa exercer doçura e temor. Paulo já tinha comparado a igreja local a uma família (3.1-4), mas agora sua ênfase é sobre o ministro como um pai espiritual. Paulo dá uma guinada de 180 graus, saindo de uma severidade imensa, onde usou de ironia, para uma figura repleta de doçura, a figura de um pai. A severidade de Paulo dá lugar à ternura. Ele agora se dirige à igreja como um pai aos seus filhos.

Normalmente quando temos de usar a vara para disciplinar nossos filhos, choramos mais do que eles. Sofremos e sentimos mais do que eles. Parece que é isso que Paulo está sentindo, pois ele acabara de disciplinar severamente a igreja, chamando a atenção dos crentes de maneira dura. Agora, ele se volta cheio de ternura, doçura, mansidão e carinho dirigindo-se à igreja como filhos amados. Vejamos como ele escreve: “Não vos escrevo estas cousas para vos envergonhar; pelo contrário, para vos admoestar como a filhos meus amados” (4.14).

O que é um pai espiritual?

Em primeiro lugar, o pai é aquele que gera os filhos pelo evangelho (4.14,15). Paulo fala do pai espiritual: “Porque, ainda que tivésseis milhares de preceptores em Cristo, não teríeis, contudo, muitos pais; pois eu pelo evangelho vos gerei em Cristo” (4.15). A palavra “preceptor” aqui é paidagogos. E o escravo que tinha a responsabilidade de cuidar de uma criança e conduzi-la à escola. Ele não era o professor, mas aquele que levava o filho à escola e o deixava aos pés do mestre. E Paulo diz: Vocês podem ter muitos que levam instrução até vocês ou, levam vocês à instrução. Porém, vocês só têm um pai. A minha relação com vocês é estreita, sentimental, familiar, e íntima. E uma relação de coração e de alma. Eu sou o pai de vocês! Eu gerei vocês!

Em segundo lugar, o pai é aquele que é um exemplo para os filhos (4.16,17). Paulo diz: “Admoesto-vos, portanto, a que sejais meus imitadores” (4.16). A palavra “imitadores”, no grego, é mimetai, de onde vem a palavra mimetismo, mímica. Ou seja, você ensina o filho não apenas por aquilo que você diz, mas, sobretudo, por aquilo que você faz. Os filhos aprendem primeiro pelo exemplo, depois pela doutrina. Albert Schweitzer, um grande pensador alemão, declara que o exemplo não é apenas uma forma de ensinar, mas a única forma eficaz. Paulo podia ser exemplo para os seus filhos e os seus filhos podiam imitá-lo porque ele imitava a Cristo. Ele diz: “Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo” (11.1).

Em terceiro lugar, o pai é aquele que é fiel em disciplinar os filhos (4.18-21). O pai é aquele que gera, que ensina pelo exemplo e também, o que disciplina com amor. Veja o que diz o apóstolo Paulo: “Alguns se ensoberbeceram, como se eu não tivesse de ir ter convosco; mas, em breve, irei visitar-vos, se o Senhor quiser, e, então, conhecerei não a palavra, mas o poder dos ensoberbecidos. Porque o reino de Deus consiste não em palavra, mas em poder. Que preferis? Irei a vós outros com vara ou com amor e espírito de mansidão?” (4. 18-2 1).

Há um momento em que a intolerância precisa ter um fim. Há um momento em que a única forma de alcançar o coração do filho e’ o expediente da disciplina. Reter a vara do filho é pecar contra ele. Aborrece a alma do filho o pai que retém a disciplina. Chega um momento em que um pai responsável precisa disciplinar os seus filhos. Um pai que ama não pode ser indulgente com os filhos. O pai não apenas dá exemplo e ensina, mas também disciplina os filhos quando eles se tornam rebeldes.

Paulo diz que existia dentro da igreja uma dicotomia, um hiato, um abismo entre o que os cristãos falavam e o que eles viviam. Paulo contrasta discurso e poder, palavras e obras (4.19,20). Os crentes de Corinto não tinham problema com discursos pomposos, mas eles não tinham poder. Falavam, mas não viviam. Havia um abismo entre o que falavam e o que praticavam. Eles eram uma igreja falante e eloqüente, mas não praticante. Então Paulo lhes diz que o problema não é falar, mas viver, pois o Reino de Deus não consiste em palavra, mas em poder! Não adianta você falar bonito, ter um discurso bonito, não adianta ser eloqüente, fanfarrão, tocar trombeta! O Reino de Deus é poder, é vida, é transformação.

Em quarto lugar, o pai é aquele que dá afeto e carinho aos filhos (4.14,2 1). O pai gera, dá exemplo, disciplina, e também dá carinho. O filho que só apanha fica revoltado e recalcado. O filho que só recebe carinho fica mimado e imaturo. Precisamos dosar disciplina com ternura. Tem o tempo certo de usar a vara e o tempo certo de pegar o filho no colo.
Precisamos equilibrar correção com encorajamento. Paulo pergunta: “Que preferis? Irei a vós outros com vara, ou com amor, e espírito de mansidão?”
Paulo era aquele homem de coração doce e cheio de ternura, um pai que tinha vontade de colocar os filhos no colo. Precisamos desenvolver esse sentimento de proximidade, de intimidade e de amabilidade na igreja.

Veja a intensidade dos sentimentos desse apóstolo veterano. Quando ele escreve aos gálatas, afirma: “[...] meus filhos, por quem, de novo, sofro as dores de parto, até ser Cristo formado em vós” (Gl 4.19).

A figura que ele usa é a de uma mãe dando a luz. Depois ele diz aos presbíteros de Efeso, que ele era aquele pai que exortava dia e noite com lágrimas a cada um (At 20.3 1). Ele ainda disse aos tessalonicenses que ele era como uma ama, que acaricia os filhos (l Ts 2.7).

NOTAS

Wwisrsv, Warren W. Comentário bíblico expositivo. Vol. 5. 2006:
p. 760-765.
70 PRIOR, David. A mensagem de lCoríntios. 1993: p. 65.
71 BARCLAY, William. IyllCorintios. 1973: p. 48.
72 HODGE, Charles. Commentary on the First Epistie to the Corinthians.
1994: p. 64.
PRIOR, David. A mensagem de iCoríntios. 1993: p. 65.
»I RIF:N1cKI3R, Fritz, e ROGERS, Cleon. Chave lingüística do Novo Testamento grego. 1985: p. 292.
‘ HODGE, Charles. Com mentary on the First Epistie to the Corinthians. 1994: p. 65.
76 WIERSBE, Warren W Comentário bíblico expositivo. Vol. 5. 2006: p. 760.
WIERSBE, Warren W Comentário bíblico expositivo. Vol. 5. 2006: p. 760.
78 PRIOR, David. A mensagem de iCoríntios. 1993: p. 66.
WIERSBE, Warren ‘Ç Comentário bíblico expositivo. Vol. 5. 2006:
p761.
80 RIENECKER, Fritz, e ROGERS, Cleon. Chave lingüística do Novo Testamento grego. l985:p.293.
81 WIERSBE, Warren W. Comentário bíblico expositivo. Vol. 5. 2006:
p. 762.

Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus (auxiliar)
Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS

29 de março de 2009

A IGREJA LOCAL E SUA MISSÃO INTEGRAL


Como Igreja local, tomaremos como perspectiva a de Corinto, fundada nos primeiros tempos do cristianismo pelo apóstolo Paulo na sua segunda viagem missionária, relatada em Atos 15: 36 a 18: 22.

A viagem teve como ponto de partida a cidade de Antioquia, capital da Síria, a terceira maior cidade do Império Romano, sendo as duas primeiras: Roma, na Itália, e Alexandria, no Egito.

Essa segunda viagem missionária de Paulo, juntamente com Silas, abrangeu várias províncias do império, pela ordem: Galácia, Ásia (que nada tem a ver com a Ásia da atualidade), Macedônia e Acaia. Estas duas últimas, na Grécia.

Corinto tornou-se uma grande igreja, de grande expressão. O Senhor havia dito diretamente a Paulo numa visão em meio a uma intensa perseguição na época da fundação daquela igreja: “Não temas, mas fala e não te cales; porque eu sou contigo, e ninguém lançará mão de ti para te fazer mal, pois tenho muito povo nesta cidade”. (Atos 18: 9, 10).

O Novo Testamento menciona um grande número de igrejas locais que, devidamente constituídas segundo o livro de Atos dos Apóstolos, as Epístolas e o Apocalipse, são porções ou parcelas da Igreja de Deus no seu âmbito universal. A igreja cristã local, como é o caso da sua e da minha, tem uma missão sumamente importante a cumprir por parte de Deus.

Como está a nossa visão da missão integral da Igreja de Deus nestes dias atuais de tantas ideologias e filosofias humanistas em termos de igreja, as quais (ideologias) resultam em inovações descabidas e insensatas que afetam o progresso, a consolidação e a edificação da Igreja como o corpo universal e místico de Cristo, conforme vemos em I Coríntios 12: 12-27 e em várias outras passagens doutrinárias do Novo Testamento? Regularmente, fala-se de missão da Igreja, mas pouco se aborda essa missão no sentido integral, completo, cabal, inteiro, segundo as escrituras.

A MISSÃO INTEGRAL DA IGREJA LOCAL

Essa insigne missão é múltipla e difícil, requerem dos obreiros e leigos da igreja local muito amor, dedicação, capacitação, renúncia e oração, mas é sacrossanta e gloriosa porque é a realização da obra de Deus nesta vida e neste mundo. Igualmente, essa missão tem o selo da aprovação de Deus. Vejamos o desdobramento da missão integral da igreja local.

A MISSÃO DA IGREJA DE ADORAR A DEUS – Referências Bíblicas: Efésios 1: 12; Apocalipse 5: 8, 11, 13, 14; = Mateus 4: 10b; = Salmos 96: 8, 9; = 95: 6; = II Crônicas 20: 18, 19; = 29: 27-30.

Nesta missão da igreja, Deus busca primeiramente verdadeiros adoradores, para então receber deles adoração (João 4: 23). Não é adoração primeiro, que Deus quer; mas primeiramente o próprio adorador. O vocábulo adorar nas línguas bíblicas, seu sentido vai muito além da nossa forma gráfica adorar. A adoração a Deus, segundo as Escrituras, inclui o nosso ofertar (I Crônicas 29 e Mateus 2: 11).

A MISSÃO DA IGREJA DE PROCLAMAR A SALVAÇÃO – Referências Bíblicas: Marcos 16: 15,16; = João 20: 21; = I Timóteo 2: 3,4; = Ezequiel 3: 16-21.

A mensagem da salvação em Cristo deve ser proclamada em todo tempo, a todos os perdidos, em todo o mundo, e por todos os meios possíveis. Essa mensagem da salvação as perdidos inclui o testemunho do cristão de uma vida transformada, do nosso caráter, do nosso modo de viver e agir diariamente. De que adianta alguém divulgar o Evangelho de Cristo, e ao mesmo tempo esse alguém ser uma pedra der tropeço para o próximo, em vários sentidos?

A MISSÃO DA IGREJA DE DISCIPULAR OS CRENTES – Referências Bíblicas: Mateus 28: 19 (ARA); Atos 14: 21,22; Lucas 9: 57-61; Atos 15: 36.

Discipular é, biblicamente, fazer de cada crente um autêntico e permanente seguidor de Jesus Cristo, isto a partir do novo convertido. As crianças devem ter prioridade. (João 21: 15).

“A FÉ NÃO É APENAS UMA NECESSIDADE PRIMACIAL DO CRENTE, É UM ELEMENTO ESSENCIAL E VITAL”.

Nesta referência, o termo “cordeiros” é literalmente o filhote da ovelha que acaba de nascer. É evidente que cada novo convertido é espiritualmente um tipo de bebê. Quantidade na igreja não é o mesmo que qualidade. Quantidade vem pelo número crescente de conversões. Qualidade vem pelo autêntico discipulado conforme o Novo Testamento ensina. Jesus nunca disse que seria fácil segui-lo, e o discipulado cristão é uma bênção para todos nós neste sentido.

Quatro coisas fundamentais no trabalho de discipulado cristão:
1- A alimentação espiritual = (I Pedro 2: 2)
2- A nutrição espiritual = (I Timóteo 4: 6)
3- O exemplo de vida do discipulador = (I Timóteo 4: 12 e I Pedro 5: 8)
4- A modelagem espiritual = (Efésios 4: 15)

A MISSÃO DA IGREJA DE RESTAURAR O DESVIADO – Referências Bíblicas: Lucas 8: 13; = Hebreus 3: 12; = Tiago 5: 19,20; = Jeremias 3: 22; = Ezequiel 34: 4, 6, 16; = Oseías 14: 1.

A parábola do Filho Pródigo, o qual, por fim, retorna à casa paterna, sendo recebido com alegria (Lucas 15: 11, 24, 32). O desvio começa por descuido com a fé em Cristo, e por fim, seu abandono (I Timóteo 1: 5,6; 6: 10, 21; = II Timóteo 3: 8). A fé não é apenas uma necessidade primacial do crente, é um elemento essencial e vital, pois “o justo viverá da fé” (Romanos 1: 17).

A MISSÃO DA IGREJA DE DOUTRINAR O POVO DO SENHOR – Referências Bíblicas: = Mateus 28: 29; = I Timóteo 4: 16; = Atos 2: 42; = Colossenses 1: 28,29; = Tito 2: 1.

Atualmente é grande e desenfreada a proliferação de falsos ensinos religiosos, disseminados como se fosse doutrina bíblica. O mesmo está ocorrendo na música nas igrejas, tanto na letra como na execução. O conhecimento e a observação da doutrina bíblica é a garantia de um viver cristão equilibrado e consolidado, sem vacilação.

A MISSÃO DA IGREJA DE DISCIPULAR OS FALTOSOS RECALCITRANTES – Referências Bíblicas: Mateus 18: 15-17; = Hebreus 12: 5-11; = Romanos 16: 17,18; = 3 João v. 9, 10; = II Tessalonicenses 3: 6-15.

A igreja local no Corinto tolerou conscientemente o pecado. Isso afetaria toda a igreja. A disciplina foi aplicada para que o ofensor se arrependesse (I Coríntios 5: 1-6). A disciplina bíblica e cristã, aplicada com amor, visa o bem do transgressor e seu retorno à vida cristã normal. Discipular e disciplinar são termos cognatos, afins.

A MISSÃO DA IGREJA DE TREINAR OBREIROS PARA A SEARA DO SENHOR – Referências Bíblicas: Mateus 4: 19; = Lucas 6: 12-16; = 9: 1, 2, 6; = II Timóteo 2: 2,15,21; = Efésios 4: 11-12.

A igreja local deve preparar obreiros na teoria e na prática como Jesus fez. Ele os ensinava e os mandava fazer a obra. No Antigo Testamento, os obreiros (da tribo de Levi) ingressavam no ministério e levavam cinco anos estudando, praticando e aprendendo a ministrar no Tabernáculo perante o Senhor, quando então eram consagrados cerimonialmente. Muitos trabalhos de toda natureza, na igreja local, têm sofrido (e continuam a sofrer) devido a obreiros despreparados e inexperientes, homens e mulheres.

A MISSÃO DA IGREJA DE ESTABELECER IGREJAS LOCAIS – Referências Bíblicas: Atos 9: 31; = 13: 1; = 16: 5; = Apocalipse 2: 7; 22: 16.

Sim, estabelecer igrejas locais conforme o padrão do Novo Testamento (Atos 7: 44; = Hebreus 8: 5; = II Timóteo 1: 13; = Êxodo 25: 40).

Uma igreja local devidamente estabelecida e constituída deve ter no mínimo cinco requisitos: autogoverno, autosustento, autodotrinação, autopropagação, e local de reunião de seus membros. Sem esse mínimo de requisitos tal igreja se estagnará. Como nos dias de Davi, não são muitos os homens fiéis nas igrejas. “São poucos os fiéis entre os filhos dos homens”, Salmos 12: 1,2. “Requer-se nos despenseiros que cada um se ache fiel”, I Coríntios 4: 2.

“MUITOS TRABALHOS DE TODA NATUREZA, NA IGREJA LOCAL, TÊM SOFRIDO DEVIDO A OBREIROS DESPREPARADOS E INEXPERIENTES”

A MISSÃO DA IGREJA DE ASSISTIR OS NECESSITADOS – Referências Bíblicas: I João 3: 17; = Atos 11: 29,30; = Mateus 15: 32; = 25: 35-40; = Atos 4: 32-35; Lucas 10: 36, 37; = Romanos 12: 13; = II Coríntios 8 e 9; = I Coríntios 16: 1-3.

Há toda uma riqueza de passagens da Bíblia sobre este elemento integrante do Evangelho de Cristo – a ação social da igreja. É a assistência aos pobres, endividados, necessitados, sofredores em geral. Aqui entram indivíduos, famílias, orfanatos, hospitais, escolas, obra missionária etc.

Ver a obra assistencial determinada por Deus, através do Ano Sabático (Levítico 25: 1-7; Deuteronômio 15: 1-18), e do Ano do Jubileu (Levítico 25: 8-54). Isso é parte da missão integral de cada igreja local.

A MISSÃO DA IGREJA DE ASSISTIR A FAMILIA – Referências Bíblicas: Atos 5: 42; 2: 2,46; = 16: 31; = Romanos 16: 5; = Colossenses 4: 15; = Filemon v. 2.

A igreja local deve assistir e investir na família, na área espiritual, fraternal, doméstica e social. A família, por sua vez, deve comprometer-se com a igreja, freqüentar a igreja, apoiar a igreja, contribuir para a igreja e fazer o trabalho do Senhor na igreja. É uma cooperação mútua, abençoada e compensadora.
Eis a missão integral da igreja, na sua expressão universal, bem como na local.

Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus (auxiliar)
Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS
Ensinador Cristão nº. 38 CPAD 2009

22 de março de 2009

O GLORIOSO EVANGELHO


O GLORIOSO EVANGELHO

“Conforme o evangelho da glória do Deus bem-aventurado, que me foi confiado”, 1 Tm 1.11.

Do mesmo modo que artistas e colecionadores procuram por em moda desenhos, peças de olaria, louça, e objetos curiosos, de mil e novecentos anos atrás, como os recentemente encontrados nas ruínas de Pompéia, e assim como tudo isso é admirado por todos os de senso artístico, igualmente qualquer pessoa que “desenterra” o verdadeiro Evangelho dos montes de “matéria” sob que tem sido sepultado, encontrará algo que lhe cause espanto e admiração.

Inumeráveis substitutos têm sido apresentados ao que o versículo do texto chama de “O Evangelho da glória”. Quando Moisés enviou doze homens para espiar a terra de Canaã, dez deles voltaram desanimados e disseram: “Também vimos ali...”, Nm 13.33. Mas Josué e Calebe, que faziam parte daquele grupo de doze, consideraram o assunto dum ponto de vista diferente.

Tinham visto as cidades e os gigantes, mas também viram o Deus de Israel. Veio-lhes à lembrança como Deus os tirara do. Egito, apesar do poderio de Faraó; como os conduzira pelo Mar Vermelho; como abrira as águas para que passassem; como lhes havia enviado o pão do céu, e feito com que água corresse da rocha.

Estavam agora diante da terra que Jeová lhes prometera dar como herança. Portanto pela fé que tinham os gigantes para eles não passavam de gafanhotos. Por isso o relato daquela minoria aparentemente inexpressiva foi decisivo: “Somos capazes de conquistar a terra.”

Damos graças a Deus por Josué e Calebe! Sempre que uma pessoa caminha com Deus, considera os “gigantes” como gafanhotos; mas logo que perde o contato com Deus e começa a pensar em si mesmo, tornam-se como gafanhotos aos seus próprios olhos, e os “gafanhotos” lhes parecem gigantes. Quem dera que cada cristão fosse como Josué e Calebe! Então, em vez de ficarem desencorajados por causa desses salões, teatros e cassinos, que abundam nas cidades estariam prontos a avançar em nome do Senhor e a vencer gloriosamente as hostes inimigas.
Alguns crentes dizem que não podemos ter reuniões com sucesso porque a mente do povo está ocupada com as coisas materiais. Acreditamos não ser possível fazer algo que importe em reavivamento enquanto as multidões não começarem a pensar nas coisas espirituais. Esses olham para os gigantes, e isso não está certo. Se Deus está conosco, o certo é que teremos absoluto sucesso uma onda de salvação passará por nossa cidade e muitos dos pecadores dos mais indignos aceitarão o Senhor Jesus.

Israel não confiava em Deus e por isso aceitou o relatório da maioria. Ficaram tão zangados com Josué e Calebe, que iam apedrejá-lo, mas o Senhor os guardou, porque precisava deles. Pela sua rebelião Israel voltou ao deserto onde permaneceu durante quarenta longos anos, ou seja, até que todos ficassem ali sepultados, exceto esses dois varões valorosos que haviam confiado no Senhor!

A CONQUISTA DE CANAÃ PELA PROVIDÊNCIA DE DEUS

Agora Israel se chega novamente ao Jordão. Ë o tempo das colheitas e.o Jordão transborda. Deus ia novamente experimentar a fé desse povo. Alguns poderiam ter dito: “como atravessaremos o rio com essa cheia?! Não temos meios e a correnteza é veloz?!” Contudo, embora estivessem por três dias olhando o rio, não se ouvia uma palavra de queixa. Deus disse que se preparassem. No quarto dia obedecendo à ordem divina, os sacerdotes desceram às águas do rio, levando a arca do concerto. Elas se dividiram e o povo passou pelo rio a pé enxuto. Não havia nem umidade nos sapatos.

A arca de Deus foi colocada no leito do Jordão. Deus desceu à morte, (morte é que o Jordão significa) e manteve afastadas as águas até que o povo passasse. Então com as doze pedras tiradas dali, Josué constituiu um monumento para assinalar o lugar em que Deus havia feito o seu povo atravessar o Jordão. “Ainda que eu andasse pelo vale da sombra e da morte, não temeria mal algum, pois tu estás comigo, a tua vara e o teu cajado me consolam”, Sl 23.4. Logo que chegaram à outra margem, guardaram a lei de Deus e circuncidaram o povo, pondo assim um ponto final à vi1a passada no deserto.

Alguns dias depois, Josué contempla Jericó. Nesse momento um homem com a espada desembainhada aparece à sua frente:
“Es por nós ou pelos nossos adversários?”, pergunta Josué. “Não, mas como capitão das hostes do Senhor venho eu”, respondeu o ser celestial. Não temos dúvida de que esse era o Filho de Deus. Por certo ele e Josué planejaram a batalha para capturar Jericó.

E que plano! Era a mais estranha batalha que se podia imaginar: Sete sacerdotes com sete trombetas feitas de chifre de carneiro iriam marchar em volta da cidade e soprar seus instrumentos enquanto a arca do Senhor os seguia tendo os homens armados à frente! Por seis dias rodearam a cidade sem que nada de anormal acontecesse. Os habitantes de Jericó estariam rindo da manobra e pareciam seguros. Mas na sétima volta houve algo diferente: todo o Israel clamou em alta voz e eis que as muralhas da cidade caiam. Jericó é conquistada. Foi uma obra de Deus: não se podia negar a mão divina nessa singular ação de guerra!

Deus havia prometido a Josué: “Ninguém te poderá resistir!” E, Ele cumpriu a sua promessa. Ninguém pôde vencer Josué todos os dias da sua vida. Os reis cananeus, com seus grandes exércitos, seus gigantes, seus carros, seus cavaleiros foram sempre como “gafanhotos” perante esse corajoso servo de Deus. Josué venceu trinta e um deles, conquistando, assim, a terra de Canaã e dividindo-a entre as doze tribos de Israel. No entanto para si escolheu apenas uma montanha que lhe era querida porque ficava perto de Siló!

O PECADO ENTRE OS CRISTÃOS PODE IMPEDIR A BÊNÇÃO DE DEUS.

Lemos, na verdade, duma ocasião em que um exército, enviado por Josué para conquistar Aí não conseguiu vencer o inimigo. Josué sentira-se tão confiante que só mandara três mil homens contra essa cidade, mas, por uma forte razão, essa força foi desbaratada.

“Então Josué rasgou os seus vestidos, e se prostrou na terra sobre o seu rosto perante a arca do Senhor, até a tarde, ele e os anciãos de Israel; e deitaram pó sobre suas cabeças... Então disse o Senhor a Josué: Levanta-te. Por que estás prostrado assim sobre o teu rosto? Israel pecou, e até transgrediu o meu concerto que lhes tinha ordenado, e até tomaram o anátema e também furtaram e também mentiram. E até debaixo da sua bagagem o puseram. Pelo que os filhos de Israel não puderam subsistir perante os seus inimigos, viraram as costas diante dos seus inimigos, porquanto estão amaldiçoados.

Não serei mais convosco, se não desarraigardes o anátema do meio de vós, Js 7.6,10-12. Foi essa a causa pela qual não tiveram sucesso; foi por isso que foram vencidos. Falamos sempre que os não-crentes devem confessar os seus pecados e voltar a Deus, mas, para isso é necessário que primeiro a igreja confesse os pecados dela, sem o que não podemos esperar que os pecadores o façam. Alguém disse: “Um pecado não confessado é como uma bala no corpo duma pessoa”. Não podemos ter saúde espiritual enquanto houver pecado em nós.

DEUS NUNCA DESILUDIU QUEM NELE CONFIA

E bom pensar na lida de Josué depois de ter terminado os dias de combate, e de ter conduzido o povo de Deus à terra que lhe havia sido prometida. Podemos vê-lo convocando os anciãos de Israel para fazerem pacto solene com eles, de que não deixariam o Senhor que os tinha tirado da terra do Egito.

Finalmente, ao se aproximar da morte, o grande servo de Deus deixa este testemunho: “Palavra alguma falhou de todas as boas palavras que o Senhor falara à casa de Israel; tudo se cumpriu”. Depois lemos que “Israel serviu ao Senhor todos os dias de Josué, e todos os dias dos anciãos que ainda viveram muito depois de Josué e sabiam toda obra que o Senhor tinha feito a Israel.”

Este é um relato glorioso. Depois de Josué ter morrido, o poder de seu exemplo santo continuou durante uma geração! Que o Senhor nos ajude a termos coragem! Estamos agora em Cades-Bernéia. A “Terra Prometida” está perante nós. Avancemos e possuamos, e que o Senhor cumpra o desejo dos nossos corações na salvação de multidões de almas!

Irmãos tende coragem, não temais. Crede que Deus quer usar-vos e então Ele vos usará de tal modo que, como Josué, nada se susterá à vossa frente. Vários crentes nos têm perguntado se não nos sentimos encorajados por grandes congregações.

Numa reunião de oração a que assistimos, muitos irmãos sentiram-se quebrantados. Isso é que nos encoraja - o quebrantamento dos corações perante o Senhor, por isso é que nos sentimos encorajados. E consolador ver multidões nos cultos de pregação, mas não devemos depender de número.
Se o povo de Deus transborda de fé e coragem, um basta para vencer mil e dois para vencer dez mil. Se tivéssemos apenas poucas centenas de pessoas cheias do Espírito Santo e de coragem, para meditarem na Palavra de Deus, poderíamos levantar o estandarte de Jesus Cristo na nossa cidade cheia de pecado, e o próprio Senhor se levantaria e faria a terra tremer do poder de Deus.

Muitos crentes estão sempre vendo leões no caminho. Sempre vendo o fracasso. Parece-nos que tais pessoas impedem a causa de Deus mais que outra qualquer coisa. Esses contagiam outros e os impedem de receber bênçãos. Olhem para Elias no Monte Carmelo: Está de pé, corajoso como um leão, perante os sacerdotes de Baal.

Fez uma grande obra naquele dia. Mas, com espanto, lemos a seguir que uma mulher manda ao profeta uma mensagem ameaçadora e ele fica assustado que foge para o deserto e se assenta debaixo dum zimbro, onde orou ao Senhor que lhe tirasse a vida! Oh! Irmãos! É contristador vermos o povo de Deus debaixo do zimbro! O que o povo de Deus deve fazer é enfrentar destemidamente o perigo, porque: “como fui com Moisés, assim serei contigo: não te deixarei nem te desampararei”, Js 1.5b. Amém


Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus (auxiliar)
Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS

14 de março de 2009

TEM CUIDADO DE TI MESMO!


TEM CUIDADO DE TI MESMO!

O avivamento por que tem passado o nosso País, movimentado por um despertamento religioso, faz parte do plano de Deus em relação a salvação da humanidade. A voz imperativa do Mestre tem chegado até nós, pela misericórdia de Deus, e penetrado em todas as camadas sociais. Porém, aqueles que se têm colocado como ministros e responsáveis pela Igreja não têm sabido aproveitar a boa vontade de Deus, e todo trabalho já realizado tende a ser prejudicado.

De 1940 aos nossos dias, alguns ministros vêm tomando atitudes bem diferentes daquela dos pioneiros, homens a quem Deus usou para levantar tão majestosa Obra em terras brasileiras. Isto não quer dizer que outro evangelho esteja sendo anunciado; não, o evangelho é o mesmo; as mensagens... bem, estas já não são mais pregadas como outrora. Nossos pregadores de então falavam a mensagem como o Espírito Santo inspirasse e que faziam os pecadores chorarem seus pecados. O mal era reprimido sem as complacências dos dias atuais.

Não era isto falta de amor. Amor não é ser conivente com o mal. Amor é livrar do mal aqueles que se aproximam dele; isto, sim, é amor, e não consentir com o mal como fazem aqueles que nunca cursaram a academia da experiência e nunca choraram por uma alma.

O QUE ESTÁ FALTANDO?

Não nos têm faltado pregadores. Aí estão os nossos educandários preparando jovens para pregar o Evangelho! O que está faltando são homens cheios do Espírito Santo. Onde estão os homens de Deus? Ez 22.30. A Bíblia diz que Deus está à procura de homens fiéis para que estejam com ele. Homens de vida exemplar, que tenham no coração o fogo do Espírito Santo e que sintam Deus nas suas vidas, que possam dizer: “Eis-me aqui, envia-me a mim”.

Descuidamo-nos tanto que até mesmo para conosco sentimos essa necessidade, pois temo-nos ocupado com tantas coisas que não podem resolver o problema da salvação. E “os negócios de meu Pai?” Estamos envolvidos, repito, com coisas que ao meu ver poderíamos colocar em segundo plano.
No entanto, aquelas mais necessárias, as que se relacionam com a salvação da alma, estão no segundo plano. Pretendemos amoldar-nos aos costumes da época, quando o mais importante é cuidarmos da Igreja do Senhor como fizeram os mais antigos, aqueles que galgaram as pegadas do Mestre.

Os Obreiros modernos quase não tem o que contar aos mais novos, nunca sofreram para ganhar uma alma; por isso, pouco lhes importa se elas se extraviam, indo parar numa dessas seitas espúrias.

AS NOSSAS FESTAS

Parafraseando as palavras de Pedro: “Pelo que não deixarei de exortar-vos sempre acerca destas coisas, ainda que bem as saibais, e estejais confirmados na presente verdade”, desejamos tocar num assunto já exposto por muitos homens de Deus:

“festas na Igreja e música profana”. São tantas as festas que a Igreja moderna tem inventado que, em muitas ocasiões, quando o dirigente anuncia a mensagem oficial, já a maior parte dos ouvintes e até boa parte dos crentes se têm retirado, cansados! Meditemos bem nisso. Se as criaturas humanas, cansadas, se retiram quanto mais o Espírito Santo que é zeloso por sua Igreja!

Merece aqui a exortação do Espírito Santo pelo profeta Isaías: “E as vossas solenidades as aborrece a minha alma; já me são pesadas, já estou cansado de as sofrer” Is 1.14b.

Quando Deus diz que está cansado com certas solenidades, é porque a coisa já não agrada àquele que é Santo e deseja que suas solenidades se revistam de santidade, e sejam santos também aqueles que a elas se cheguem. No entanto, o que estamos contemplando é que, no lugar santo, o santuário e até os púlpitos estão sendo profanados. Aí estão os escritores sinceros e os pregadores ungidos levando a sua repulsa a tais abominações - cuidado de ti mesmo!

QUAL A SOLUÇÃO?

Diante de tudo quanto aqui fica exposto, só há uma solução.
Somos homens a quem Deus confiou a sua maravilhosa Obra, dando-nos o governo do povo que ele comprou com o seu próprio sangue e o tem preparado para si.

Se nós, os ministros, não tivermos cuidado de zelar pela Igreja, ensinando-a no caminho que deva seguir, mostrando-lhe os erros de alguns, como ficará a nossa posição diante de Deus quando tivermos de prestar contas da nossa mordomia? Lembremo-nos de que apenas somos mordomos, e a Bíblia reclama de cada um que seja fiel, 1 Co 4.1,2.

Ë bem verdade que não é fácil dirigir uma Igreja na época atual, haja vista o que tem acontecido em países outrora tão cheios do poder de Deus e que tiveram suas atitudes mudadas para pior, em decorrência da evolução das coisas, da displicência por parte dos ministros e da conivência com o mal, o que não é nada importante para um povo que deseja morar com Jesus na glória.

O que nós, os ministros, devemos fazer, é justamente encaminhar o povo às águas tranqüilas e aos pastos verdejantes. Palha seca não sustenta ovelhas, pelo contrário, entoxica-as. Nesta vida difícil, só há um caminho: observar o que diz o profeta Joel: “Congregai o povo, santificai a congregação, ajuntai os anciãos, congregai os filhinhos (os jovens), e os que mamam; saia o noivo da sua recamara, e a noiva do seu tálamo. Chorem os sacerdotes ministros do Senhor”, JI 2. 16, 17.

Escarnecer do povo de Deus tem sido a maior vitória de Satanás. Como exemplo, vejamos o que aconteceu com os judeus que foram levados cativos para Babilônia, e ali foram escarnecidos: “Porquanto aqueles que nos levaram cativos, nos pediam uma canção; e os que nos destruíram, que os alegrássemos, dizendo: Cantai-nos um dos hinos de Sião” Sl 137.3

Como é triste saber de um povo, que após ter sido tão fervoroso no inicio de sua existência, tornou-se motivo de escárnio para os ímpios, por descuido de seus líderes!

Não posso precisar se este artigo venha a ser para nós um aviso-prévio, mas uma coisa eu sei: é que hoje a salvação está muito mais perto de nós do que quando abraçamos a fé - Cristo vem breve! Ë tempo de nos prepararmos e cuidar melhor da Igreja do Senhor. Ignoremos o mundo com as suas vaidades.
Somos outro povo, povo de Deus, e temos uma pesada responsabilidade por aquilo que Deus nos tem confiado. Só aqueles que são realmente chamados por Deus e buscam a direção do Espírito Santo, sabem dar valor a esta grande Obra que Deus nos legou, e por isso requer que cada um exerça a sua responsabilidade com fidelidade e cuidado.

Sei perfeitamente o quanto têm sofrido aqueles que governam igrejas, e igrejas numerosas. Porém, se o mundo se prepara para qualquer eventualidade muito mais nós, os ministros, precisamos estar preparados para enfrentar o mundo com tudo quanto que ele possui. Por essa razão é que Deus nos tem dado este título: TEM CUIDADO DE TI MESMO! Isso tanto fala para mim como para todos aqueles que desejam morar com Jesus.

Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus (auxiliar)
Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS
Revista O Obreiro 1978