2 de novembro de 2010

A IMPORTÂNCIA DA ORAÇÃO NA VIDA DO CRENTE

A IMPORTÂNCIA DA ORAÇÃO NA VIDA DO CRENTE

TEXTO ÁUREO = “Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai, que vê o que esta oculto; e teu Pai, que vê o que está oculto, te recompensará (Mt 6.6).


VERDADE PRÁTICA = A oração do crente não tem como propósito atrair a atenção dos homens, mas é o meio por excelência de seu encontro pessoal com Deus.


LEITURA EM CLASSE = MATEUS 6.5-13


INTRODUÇÃO


A Bíblia inteira exorta o crente à oração. Sem esse recurso valioso e indispensável à vitória contra o mal, é impossível o crente e a igreja resistirem às investidas das heresias. Há lugares em que igrejas se dividem perdendo membros para seitas e movimentos estranhos que se apresentam com feição de cristã, de avivalismo e de aparente santidade. Só com muita oração intercessória, sabedoria divina e estudo da Palavra de Deus é que o erro pode ser exposto e repelido.


I. APRENDENDO O VALOR DA ORAÇÃO


1. Aprendendo com os heróis da fé. Os heróis descritos em Hebreus 11 exercitaram sua fé através da oração. Não só eles, mas outros personagens da Bíblia tiveram igual experiência. Abraão subiu ao monte Moriá, para o sacrifício de Isaque, porque seu nível de comunhão com Deus através da oração era tal que ele sabia tratar-se de uma prova de sua fé. Confira Gn 22.5,8. É o exemplo da oração que persevera e confia. Enoque vivenciou a oração de maneira tão intensa que a Bíblia o denomina como aquele que andava com Deus. Ver Gn 5.21-24. É o exemplo da oração em todo o tempo. Moisés trocou a honra e a opulência dos palácios egípcios porque teve o privilégio de falar com o Senhor face a face e com ele manter íntima comunhão por toda a vida. Ver Êx 3.1-22; 4.1-17. É o exemplo da oração que muda as circunstâncias. Entre os profetas destaca-se, Elias, cujo exemplo Tiago aproveita para ‘ensinar que o crente, sujeito às mesmas fraquezas, pode manter a mesma postura do profeta diante de Deus. Ver Tg 5.17,18. É o exemplo da oração que supera as deficiências humanas.

Esse heróis são as testemunhas mencionadas em Hb 12.1. Ou sej a, se eles, que não viveram na dispensação do Espírito Santo, tiveram condições de viver de modo tão intenso na presença de Deus, quanto mais o crente, hoje, que conta com o auxílio permanente e direto do Espírito Santo, movendo-o para uma vida de oração. Este é o cerne do ensino que o novo crente precisa receber. Ele necessita, deve e pode ter a mesma vida de oração que os santos da Bíblia e tantos outros que a história eclesiástica registra, como George Mulier, João Hide, Lutero e Maria Slessor.


2. Aprendendo com Jesus. O maior exemplo de oração, no entanto, foi o próprio Mestre. Sendo ele o Filho de Deus, cujos atributos divinos lhe asseguravam o direito de agir sobrenaturalmente, poderia dispensar a oração como prática regular de sua vida. No entanto, ao humanizar-se, esvaziou-se de todas as prerrogativas da divindade e assumiu em a natureza humana (ver Fp 2.5-8) experimentando todas as circunstâncias inerentes ao homem, inclusive a tentação. Ver Hb 4.15; compare Mt 4.1-11. Ora, isto significa que o Senhor dependeu tanto da oração como qualquer outra pessoa que se proponha a servir integralmente a Deus. Ela foi o instrumento pelo qual pôde suportar as afrontas, não dar lugar ao pecado, tomar sobre si o peso da cruz e vencer o maligno. Confira Mt 26.36-46.

Os evangelhos registram a vida de oração do Mestre. Ele orava pela manhã (Mc 1.35),à tarde (Mt 14.23) e passava noites inteiras em comunhão com Deus (Lc 6.12). Se ele viveu esse tipo de experiência 24 horas por dia, de igual modo Deus espera a mesma atitude de cada crente. Não apenas uns poucos minutos, com palavras rebuscadas de falsa espiritualidade, para receber as honras do homem, mas em todo o tempo, como oferta de um coração que se dispõe a permanecer humildemente no altar da oração.


II. A NECESSIDADE DA ORAÇÃO NA VIDA DO CRENTE


1. A definição teológica de oração. A oração não é algo formal, para atrair a atenção dos homens, como faziam os fariseus, e por isso foram condenados (v. 5). Eles estavam acostumados a orar formalmente 18 vezes ao dia, segundo as leis herdadas dos antepassados, e observavam com rigor pontual os horários destinados à oração, onde quer que estivessem. Por isso, com freqüência eram obrigados a orar em público, e os judeus, admirados, sempre os surpreendiam em sua prática nas esquinas das ruas. A oração passou a ter, então, caráter de mero ritualismo sem consistência espiritual, onde o que contava era a exterioridade sofisticada de palavras vazias para receber o louvor humano.

A oração também não é como a reza, uma repetição interminável de enunciados que não traduzem os sentimentos do coração (v. 7). Este era o costume dos gentios, adeptos das religiões politeístas, que horas a fio repetiam mecanicamente as mesmas palavras diante dos deuses, o que mereceu a veemente reprovação do Senhor Jesus, pois o mesmo estava ocorrendo com os praticantes da religião judaica.


Afinal, o que é oração? A melhor definição encontra-se, é óbvio, na Bíblia. Nenhum conceito teológico expressa com a mesma clareza e simplicidade o que ela significa. A oração é, segundo as Escrituras, uma via de mão dupla através da qual o crente, com seu clamor, chega à presença de Deus, e este vem ao seu encontro, com as respostas. Ver Jr 33.3.

A oração é fruto espontâneo da consciência de um relacionamento pessoal com o Todo-poderoso, onde não há espaço para monólogo, pois quem ora não apenas fala, mas também precisa estar disposto a ouvir. É um diálogo onde o crente aprofunda sua comunhão com Deus e ambos conversam numa linguagem que tem como intérprete o Espírito Santo. Ver Rm 8.26,27.


2. A ênfase da Bíblia para a oração. A Bíblia é o livro da oração. Suas páginas evocam grandes momentos da história humana que foram vividos em oração. Compare Js 10.12-15; 2 Rs 6.17. Desde o seu primeiro livro, Gênesis, até o Apocalipse, fica claro que orar é parte da natureza espiritual do ser humano, assim como a nutrição é parte do seu sistema fisiológico. Os grandes fatos escatológicos, como previstos no último livro da Bíblia, serão resultado das orações dos santos, que clamam a Deus ao longo dos séculos pelo pleno cumprimento de sua justiça. Ver Ap 5.8; 8.3,4.

Orar não pode ser visto como ato de penitência para meramente subjugar a carne. Em nenhum momento a Bíblia traz esta ênfase. Oração não é castigo (assim como a leitura das Escrituras), idéia que alguns pais equivocadamente passam para os filhos, quando os ordena a orar como disciplina por alguma desobediência. Eles acabam criando verdadeira repulsa à vida de oração, desconhecendo o verdadeiro valor que ela representa para as suas vidas, por terem aprendido pela prática a reconhecê-la apenas como meio de castigo pessoal. Ao contrário, se aprenderem que orar é ato que eleva o espírito e brota de maneira espontânea do coração consciente de sua indispensabilidade, como ensina a Bíblia, saberão cultivar a oração como exercício de profunda amizade com Deus que resulta em crescimento espiritual. Ver Cl 1.9. De igual modo, o mesmo acontecerá com o novo crente.


III. VIVENDO UMA VIDA DE ORAÇÃO


1. Como orar. A oração modelo, registrada em Mt 6.9-13, não é simplesmente uma fórmula para ser repetida. Se assim fosse, o Mestre não teria condenado as “vãs repetições” dos gentios. Seria uma incongruência. O seu propósito é revelar os pontos principais que dão forma ao conteúdo da oração cristã. Ela não é uma oração universal, para toda a humanidade, mas se destina exclusivamente àqueles que podem reconhecer a Deus como Pai por intermédio de Jesus Cristo.


A oração do crente, sincera e completa em seu objetivo, traz em si estes aspectos:


A) Reconhecimento da soberania divina (Pai nosso que estás nos céus).

B) Reconhecimento da santidade divina (Santificado seja o teu nome).

C) Reconhecimento da vinda do reino no presente e sua implantação no futuro (Venha o teu reino).

D) Submissão sincera à vontade divina (Seja feita a tua vontade)

E) Reconhecimento que Deus supre as necessidades pessoais (O pão nosso de cada dia).

F) Disposição de perdoar para receber perdão (Perdoa as nossas dívidas.., como perdoamos).

G) Proteção contra a tentação e as ações malígnas (Não nos induzas à tentação, mas livra-nos do mal).

H) Desprendimento para adorar a Deus em sua glória (Teu é o reino, e o poder, e a glória).


2. Onde e quando orar. Em princípio, o crente deve orar em todo o tempo. Ver 1 Ts 5.17; Ff6.18. É um estado permanente de comunhão com Deus, onde o seu pensar está li- gado às coisas que são de cima. Ver Cl 3.2. E uma condição que não dá lugar para ser atingido pelos dardos inflamados do inimigo, pois seu espírito está sempre alerta, através da oração. Ele deve, no entanto, ter momento específicos de oração pela manhã, à tarde ou à noite, como fez Jesus. Orações públicas, como as que se fazem nos cultos, são também uma prática bíblica, desde que não repitam o formalismo, a exterioridade e a opulência dos fariseus. O Senhor Jesus mesmo, por diversas vezes, orou publicamente. Ver J0 11.41,42.

Todavia, o lugar onde se mede a intensidade da comunhão do crente com Deus é no seu “lugar secreto” (v. 6) para estar a sós com o Senhor. É ali, sozinho, com as portas fechadas para as coisas que o cercam e abertas para o Senhor, que ele de fato revela se a oração é para si mera formalidade ou meio que o conduz à presença de Deus para um diálogo íntimo, pessoal e restaurador com aquele que deseja estar lado a lado com seus filhos. “A menos que exista tal lugar, a oração pessoal não se manterá por muito tempo nem de maneira persistente” (Bíblia de Estudo Pentecostal). Este é o ensino que a Igreja deve dar ao novo crente.


IV. O CRENTE DEVE TER UMA VIDA EM ORAÇÃO


COLOSSENSES 4.2-6


1. Orando com perseverança (4.2a). “Perseverar tem o sentido de dedicar-se, apegar-se, continuar firme; o que subentende desvelada persistência, fervor e apego à oração” (BEP). A oração faz parte da vida devocional do crente em Jesus, ao lado da leitura da Bíblia e do louvor sincero. Ela deve ocupar um lugar especial em nossa vida diária com Deus. A experiência demonstra que orar, no sentido estrito e pleno desta palavra, não é fácil. O adversário do crente e da Igreja sempre engendra um meio para impedir a oração. Ele sabe que, na vida diária de oração, está o segredo do sucesso pessoal, e também da igreja no sentido coletivo. Davi era homem de oração como vemos em Sl 55.17; 5.2,3; 119. 62,147, 164.

A questão não é apenas orar, mas orar constantemente. Orar não somente muda as coisas, mas também muda o crente. Se você não apenas precisa, mas quer mudar, ore mais e jejue também, se puder.

Jesus orou com agonia de alma, vezes seguidas no Getsêmani, diante da extremamente dolorosa missão que deveria cumprir (Mt 26.44a).


Diz a Bíblia: Orai sem cessar” (1 Ts 5.17). Uma das razões para o extraordinário crescimento da igreja em quantidade e qualidade, em seus primórdios, foi a vida de oração dos crentes. Eles “perseveravam... nas orações” (At 2.42).


2. Velando na oração (4.2b). No texto bíblico em estudo, temos o imperativo divino: “Perseverai em oração, velando nela com ação de graças”. O termo velar, no original, significa “estar vigilante”, “estar alerta”. Como faz a sentinela no seu posto. “Velando nela” quer dizer estar alerta durante o período de oração, por causa dos ardis do Inimigo contra a oração. Também significa estar alerta na vida de oração. Em diversas referências, a Bíblia chama a atenção para o valor da vigilância e da oração, como em 1 Pe 4.7, “vigiai em oração”. Ë preciso vigiar para que o Diabo não nos trague (1 Pe 5.8). Em Efésios, está escrito “orando em todo tempo... e vigiando nisso com toda perseverança” (Ef 6.18).


3. Orando com ação de graças (4.2b). Um terceiro elemento importante na oração, além da perseverança e vigilância, é a ação de graças. De fato, nós temos muito mais a agradecer a Deus do que a lhe pedir. E Deus nos dá muito mais do que pedimos ou pensamos (Ef 3.20). Na prática, porém, o que ocorre é o inverso. Sempre há alguém pedindo mais do que agradecendo a Deus. Na epístola de Paulo aos Colossenses, há sete referências a “ação de graças” (1.3,12; 2.7; 3.15-17) e cada uma delas contém uma lição.


V. QUE DEUS NOS ABRA A PORTA DA PALAVRA (4.3)


1. Deus abre a porta. Paulo pede orações por ele e por seus amigos: “orando também juntamente por nós”. Para que o evangelho seja pregado, é necessário que “a porta da Palavra” esteja aberta. Em muitos lugares, no mundo, as portas para a evangelização estão terrivelmente fechadas. Às vezes, surge muita oposição diante das “portas” que se abrem (1 Co 16.9; 2 Co 2.12). A oração é necessária para que a Palavra de Deus tenha “livre curso” (2 Ts 3.1). E só Deus pode abrir as portas da evangelização.


2. Falando do mistério de Cristo. Esse mistério já houvera sido revelado por Paulo em textos anteriores da carta: “o mistério que esteve oculto”, mas que “foi manifesto aos santos” (1.26), que é “Cristo em vós, esperança da glória” (1.27). O apóstolo sabia quanto era difícil tentar levar a mensagem aos perdidos.


As razões porque é difícil pregar o evangelho são várias. Paulo distingue duas muito sérias:


1) O “homem natural” se opõe a Deus (1 Co 2.14; Rm 8.7);

2) O Diabo persegue de muitas maneiras, inclusive cegando os entendimentos (Ef 2.2; 2 Co 4.4). Diante disso, só o Espírito Santo para convencer o pecador, cego, surdo e morto (Jo 16.8-11).


VI. COMO NOS CONVÉM FALAR (4.4)


Paulo estava preso naquela ocasião, mas cônscio do dever de continuar a pregar a Palavra de Deus. O pedido que fizera aos efésios (6.20), repetia-o aos colossenses, para que Deus lhe manifestasse a forma conveniente de transmitir a mensagem da salvação. “Manifeste” (v.4) é no original tornar claro, compreensível, notório, patente, público. E isso era o que o apóstolo queria.

Mesmo estando encarcerado, não se conformava em guardar a mensagem para si. Desejava que, a partir da prisão, o evangelho fosse pregado na sua clareza, simplicidade e poder. Sem dúvida, era urna lição de coragem e fé inabaláveis do grande homem de Deus que foi Paulo (SI 125.1).


VII. O TESTEMUNHO QUE FAZ DIFERENÇA (4.5-6)


1. Andando com sabedoria (4.5). Se os colossenses não tivessem a sabedoria concedida por Deus, facilmente seriam levados pelos enganos e engodos dos falsos ensinos. É Deus quem dá sabedoria (Pv 2.6); é bem-aventurado quem acha a sabedoria (Pv 3.13); o sábio diz que a sabedoria é a coisa principal (Pv 4.7).

Quando o apóstolo se refere aos “que são de fora”, deixa claro que os crentes são “os que são de dentro”. Aí se vê a diferença. De fato, os seguidores de Cristo são, na verdade, neste mundo, peregrinos e forasteiros ( Hb 11.13; 1 Pe 2.1 1). Estão no mundo, mas não são do mundo ( Jo 15.19).


2. Remindo o tempo (Cl 4.5). Dentro das igrejas locais, há muitos crentes perdendo tempo. Quantos há que, aos domingos, ou em outros dias da semana, deixam de ir à igreja para assistirem a programas de televisão, que nada têm de edificantes para a vida cristã; ao contrário, a envenenam e sufocam. Quantos não têm tempo para ler sequer um capítulo da Bíblia ou para orar durante meia hora por dia, mas têm tempo para ler jornais, revistas e outros tipos de literatura; quantos que, enquanto a igreja está reunida, vão aos clubes e outros locais de duvidoso lazer. Não queremos dizer que o lazer justo e necessário, no momento oportuno, seja pecado. Mas a perda de tempo é flagrante na vida de muitos que se dizem cristãos.


VIII. A PALAVRA DO CRENTE (4.6)


1. Palavra agradável. Aqui, Paulo dá uma grande lição de relações humanas entre os crentes, e entre “os que estão de fora”. O crente em Jesus deve expressar-se com palavras, de tal forma que os ouvintes sintam-se bem ao ouvi-lo. Apalavra agradável é sinõnima de “graciosa”, que vem de charis, “graça”. É a palavra que atrai os que a ouvem, com gentileza, amabilidade e respeito fundada no amor com que devemos nos amar uns aos outros (Jo 13.34).


2. Temperada com sal. A palavra agradável e temperada com sal é a palavra que mantém o ouvinte atento à fala ou à mensagem transmitida. É a palavra com unção de Deus. Há pessoas que querem pregar e ensinar. Mas, como são exageradas em sua maneira de ser, não são ouvidas, são rejeitadas; têm “sal de mais”; há outras, que não têm o que dizer acerca de sua fé; é porque têm sal de menos, ou já são “insípidas” em seu viver. Deve-se ressaltar, no entanto, que a palavra “agradável” e “temperada com sal” não impede uma palavra enérgica e necessária, quando se confronta os inimigos do evangelho (ver o que Paulo disse a um “filho do Diabo” em At 13.10,11).


3. Palavra conveniente (4.6). O apóstolo ressalta a conveniência no falar “a cada um”. Certamente, ele tinha em mente que cada pessoa com quem se fala tem uma maneira diferente de reagir ao que se lhe transmite. Mesmo entre os crentes, há diferenças de percepções. Uma repreensão a um crente antigo, maduro na fé, pode ter um efeito positivo e edificante. A mesma repreensão, dada a um novo convertido, pode traumatizá-lo espiritualmente. Uma palavra de exortação, dada a uma irmã antiga na fé, pode resultar em crescimento espiritual para ela; a mesma palavra, para uma adolescente pode causar-lhe tanta tristeza a ponto de levá-la a deixar a igreja.


IX. CRITÉRIOS PARA IRMOS DEUS


É mediante a oração que nos aproximamos de Deus. Mas palavras ditas, dirigidas à deidade, não recebem automaticamente ouvidos atentos e respostas. Existem critérios que Deus requer da parte daqueles que se aproximam dEle, os quais têm a sua atenção e acesso até o seu coração compassivo. “Ora, sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam” (Hb 11.6).


“A fé não é de todos” (2 Ts 3.2). Contudo, somente pessoas dotadas de fé podem agradar a Deus. A fé é um requisito básico indispensável em toda a oração frutífera. É essencial, pois, que a fé seja claramente entendida, a fim de não ser confundida com alguma virtude menor e inadequada. No dizer de Hebreus 11.1: “Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem”. Há outras traduções que acrescentam ainda maior clareza a essa definição: “A fé é a certeza das coisas que se esperam a convicção de coisas que não se vêem” (Revised Standard Version). “A fé significa que temos plena confiança nas coisas pelas quais esperamos que estejam certos de coisas que não vemos” (Phillips).

A verdadeira fé pressupõe um objeto sobre o qual ela se apóia. A fé cristã está fixada na Palavra de Deus e no Deus da Palavra. E é essa fé que agrada a Deus. A pessoa que ora deve acreditar que o Deus da Bíblia existe e é, verdadeiramente, tudo quanto a Bíblia diz que é: o grande “EU SOU” (Êx 3.14).

O crente que ora de modo eficaz deve viver constantemente na convicção de que esse “EU SOU” é o Deus infinito, eterno, existente por si mesmo, sempre presente e fiel, por meio de cuja energia, abundância e providência todos os demais seres existem. Entretanto, não basta apenas crer que Deus pode fazer qualquer coisa. “Também os demônios o crêem, e estremecem” (Tg 2.19). A fé que alcança transformações deve abranger não somente a existência de um Ser Supremo, mas também deve perceber o intenso interesse de Deus por suas criaturas, a ponto de recompensar aqueles que “o buscam” (Hb 11.6). Deus deseja filhos que anelem profundamente por sua presença. “Buscam” (no grego, ekzeteo) significa “ir à procura de”, “pôr-se em busca de”, “desejar obter”.

A fé que dá prazer a Deus e obtém a sua atenção é aquela fé que motiva o seu possuidor a mover-se na direção de Deus, para encontrá-lo com o propósito de cumprir a sua vontade divina, para investigar a sua natureza a fim de compreender a sua plenitude e para desejar a sua superintendência em todas as ocupações da vida.


X. CONHECENDO A VONTADE DE DEUS


Quando Pedro estava em Lida, Dorcas, uma mulher “cheia de boas obras e esmolas que fazia” (At 9.36), veio a falecer na vizinha cidade de Jope. Suas amigas lavaram seu corpo, preparando-o para o sepultamento. Quando os discípulos daquela região souberam que Pedro não estava longe (por esse tempo Pedro já tinha a reputação de ser alguém usado por Deus na operação de milagres), enviaram-lhe mensageiros para que viesse ter com eles. Assim que chegou, as viúvas que haviam sido abençoadas pela benevolência de Dorcas, contaram, aos prantos, vários testemunhos a Pedro sobre como Dorcas fora generosa e cuidadosa. Parece que estavam com isso solicitando que Pedro tentasse restaurá-la à vida.

Como o servo do Senhor responde àquela petição? Como devemos proceder ao nos depararmos com uma impossibilidade? A inclinação natural de Pedro poderia ter sido rejeitar os apelos das viúvas, tachando-os de histéricos e irracionais, considerando-os uma fuga da tristeza que sentiam pela perda de tão boa pessoa.

Ou ele poderia ter escolhido confabular com elas sobre a esperança da ressurreição de Dorcas no fim dos tempos, oferecendo-lhes somente palavras de consolo e alívio. Mas Pedro não fez nada disso. Pelo contrário, “fazendo-as sair a todas, pôs-se de joelhos e orou; e, voltando-se para o corpo, disse: Tabita [Dorcas], levanta-te. E ela abriu os olhos, e, vendo a Pedro, assentou-se” (At 9.40).

Para entendermos o curso da ação tomado por Pedro, devemos acompanhar seus passos desde que conheceu Jesus. Logo no início, sendo um dos Doze, ouviu e seguiu as instruções de Jesus: “E, indo, pregai dizendo: É chegado o reino dos céus. Curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsa os demônios; de graça recebestes, de graça dai” (Mt 10.7,8).

Pedro havia presenciado inúmeros milagres do Senhor Jesus, incluindo a ressurreição do filho da viúva de Naim (Lc 7.11-16), da filha de jairo (Lc 8.41,42,49-56) e de Lázaro (Jo 11.1-44). Além disso, vira uma revelação pessoal da divindade de Jesus (Mt 16.13-17). Havia testemunhado a glória de Deus no monte da Transfiguração (Mt 17.1- 7) e vira pessoalmente o Senhor após a ressurreição (1 Co 15.5).

Adicione-se ainda as experiências recentes do pós-PentecoStes a cura do aleijado na porta Formosa do Templo (At 3.1-9), a morte miraculosa e prematura de Ananias e Safira face ao ludíbrio deles (At 5.1-10) e a sua bem recente experiência com Enéias, que se levantara após um surto de paralisia que o atormentara por oito anos (At 9.32-34). Reúna tudo isso e você compreenderá porque Pedro escolheu tomar um curso diametralmente oposto àquele que a maioria das pessoas teria optado. Assentara-se aos pés de Jesus, avançando de fé em fé, fora cheio do Espírito Santo e, em resposta à sua própria oração e obediência, pôde testificar as operações do grande poder de Deus. Fortalecido, assim, de antemão mesmo defronte da própria morte — Pedro não hesitou em aconselhar-se com Deus.

Antes de Pedro agir numa situação tão séria, precisou consultar a Deus (At 9.40). Ainda não lhe fora revelado se Deus queria ou não operar aquele milagre. Através de uma fervorosa súplica, sem distração ou interrupção, ele orou até obter o conhecimento da vontade de Deus. Para quem pretende obter o impossível, não há outro caminho a seguir. Agir fora da firme convicção da vontade de Deus é um gesto da maior insensatez, que só pode resultar em desgraça e vergonha. Mas agir à luz da vontade revelada de Deus é pura fé e traz grande glória a Deus. Não obstante, uma vez que a vontade de Deus seja conhecida com absoluta certeza, resta-nos agir em harmonia com o que sabemos.

Pedro voltou-se para aquela mulher sem vida e disse-lhe: “Tabita, levanta-te”. Então o milagre já determinado no Céu tornou-se realidade na Terra: ‘E ela abriu os olhos, e, vendo a Pedro, assentou-se (At 9.40). Que gloriosa restauração, diríamos e na verdade foi! Entretanto, foi muito mais que isso. Este milagre tornou-se a chave que abriu os corações de uma grande multidão: “E foi isto notório por toda a Jope, e muitos creram no Senhor” (At 9.42).

Deus cuida de nossas tristezas e perdas terrenas e, algumas vezes, intervém no curso normal da natureza. No entanto, sua principal preocupação não é com o temporal. O destino eterno de muitas almas em Jope foi, sem dúvida, a razão da resposta divina à oração de Pedro. Na experiência de Pedro, há muitas instruções para aqueles que gostariam de ser usados por Deus para suprir as necessidades humanas. Quando confrontado por alguma impossibilidade humana, consulte a Deus para saber qual é a vontade dEle. Em seguida, quando a fé for posta à prova, cuidado com a exagerada racionalização. O crente não deve agir de modo presunçoso. Certifique-se de ter ouvido a voz de Deus antes de agir.

Dê à fé a oportunidade de crescer até que você possa confiar em Deus para o totalmente impossível. Quando estiver certo de que Deus falou, não tenha medo de agir. E, quando o milagre acontecer, dê a Deus toda a glória. Permita que o milagre se torne um meio de alcançar os perdidos para Cristo.


XI. UM CRENTE DE ORAÇÃO TEM UM ESTILO DE VIDA CHEIO DO ESPIRITO


A cada dia que passa, incontáveis pessoas têm tido uma nova experiência com o Espírito Santo. Elas têm falado em novas línguas — como os discípulos de Éfeso (At 19.6). Têm também profetizado e testemunhado outras manifestações do Espírito Santo. De acordo com David B. Barrett, grande autoridade sobre demografia religiosa, havia no início da década de 1990, mais de 353 milhões de pentecostais e carismáticos no mundo. Mas foi nos dias de Paulo, particularmente na igreja em Éfeso, que uma experiência antes vital e cheia de esplendor foi facilmente trocada por um estilo de vida indigno, o qual em vez de fomentar o evangelho impedia o seu progresso. Mas Paulo tinha um remédio para esse problema. (Ef 5.18-21).

Para a maneira santificada de Paulo pensar, esse é o padrão de procedimento para que haja avanço espiritual. Todas as coisas que fazem guerra contra o permanecer cheio do Espírito devem ser identificadas e eliminadas, antes que se possa conseguir e manter um estilo de vida cheio do Espírito. Para exemplificar, o crente que argumenta em favor do uso do vinho ou de qualquer outra bebida alcoólica, argumenta, ao mesmo tempo, contra o ter uma vida cheia do Espírito, pois não há compatibilidade entre ambas. Para as pessoas que sinceramente buscam a Deus, há apenas um único caminho a seguir: “Enchei-vos [continuai a ser cheios] do Espírito”. Ora, ser cheio do Espírito requer uma atenção muito grande em oração, tendo em vista esse mesmo fim.

O batismo no Espírito Santo é uma experiência vital e viável. Não obstante, se a experiência tiver propósito e significado permanentes, deve, necessariamente, resultar num estilo de vida de constantes enchimentos com o Espírito. Esse estilo de vida envolve disciplinas que evitem os empecilhos e promovam ações para a sua intensificação. Os itens da lista de práticas a que Paulo nos intimou são evidências de um estilo de vida cheio do Espírito (Ef 1 5.19-21: meditação, cânticos, ações de graças, submissão) e, ao mesmo tempo, os meios nomeados por Deus para esse estilo de vida.

Embora alguns estudiosos traduzam lalountes heautois como “falando entre vós” ou “falando uns aos outros”, não é errado compreender o significado dessa expressão da seguinte maneira: “Falando dentro de vós mesmos”. Paulo usa uma linha de raciocínio similar em 1 Coríntios 14.28: “Mas, se não houver intérprete.., fale consigo mesmo, e com Deus”.

Por conseguinte, podemos dizer que o estilo de vida cheio do Espírito é estimulado pela adoração interior, que se expressa por meio de salmos, hinos e cânticos espirituais. À primeira vista, poderíamos relacionar a palavra “salmos” aos salmos do Antigo Testamento. Mas embora essa possibilidade não precise ser excluída, a falta do artigo faz o sentido tomar-se mais geral, isto é, cânticos com acompanhamento musical, como se fossem salmos. A idéia por detrás do termo “hinos” parece ser cânticos que expressem louvores a Deus Pai e a Jesus Cristo (confira certas passagens do Novo Testamento, como por exemplo, Ef 1.3-10; Fp 2.6-11: 2 Tm 2.11-13; Tt 3.4-7, que têm a forma de hinos).

Ainda que não seja este o único sentido pretendido com a expressão “cânticos espirituais”, é perfeitamente possível que Paulo estivesse indicando aqui o que ele havia falado em 1 Coríntios 14.15: “Cantarei com o espírito”, ou seja, entoar os louvores a Deus numa língua desconhecida. O texto de 1 Coríntios 14.26 indica que essas coisas se manifestam quando as pessoas se reúnem. A própria palavra “salmo” inclui um acompanhamento musical. As palavras “no vosso coração” bem poderiam ser traduzidas por “com o vosso coração”, ou podem significar que, quando os crentes juntam suas vozes nos cânticos da congregação, seus corações também estão cheios de música. Fazer melodia, de acordo com as páginas do Antigo Testamento, envolvia instrumentos musicais. O versículo seguinte, “sujeitando-vos uns aos outros”, também mostra que Paulo estava falando sobre o que está acontecendo no corpo da Igreja, e não apenas no coração de cada indivíduo.

Harold Horton observa: “Falando com vocês mesmos, em cânticos espirituais, ou seja, com cânticos em outras línguas, cantados por cadências ditadas também pelo Espírito. Falando — em cânticos! Falando assim com nós mesmos no Espírito é o mesmo que nos edificarmos... Quando falamos em línguas estamos enchendo um reservatório dentro de nós mesmos neste estéril deserto do mundo em que vivemos. E assim, ao cantarmos, fazemos com que jorre uma fonte no mais seco deserto” (Harold Horton, G!fts ofthe Spirit, Nottingham, Inglaterra: Assemblies of God Publishing House, 1934; reimpressão, Springfield, Missouri: Gospel Publishing House, 1975, p. 136 da edição reimpressa).

“Cantando e salmodiando [ou fazendo música] ao Senhor no [ou com o] vosso coração” parecem ser palavras que indicam que os salmos, os hinos e os cânticos espirituais fluem a partir do santuário particular do homem interior. A ação de graças é a própria essência da vida cheia do Espírito, ao mesmo tempo em que é outro importante meio para o crente chegar ao estilo de vida cheio do Espírito. “Dando sempre graças” é o acesso da alma à presença divina. Esses agradecimentos devem ser direcionados a Deus Pai, de onde nos vem o Espírito. E tudo deve ser feito no nome de nosso Senhor Jesus Cristo, o único meio de nos aproximarmos Dele.

A submissão é para a oração aquilo que o sangue é para o corpo humano. Sem submissão, a oração é apenas uma forma fria e sem vida de nos expressarmos. A palavra grega usada por Paulo, hupotasso, significa “subordinar”, “sujeitar-se”, “ceder voluntariamente”. A submissão põe em evidência a oração eficaz. É algo essencial para o preenchimento inicial com o Espírito Santo. Sem o seu contínuo exercício, não pode haver estilo de vida cheio do Espírito. A submissão é a chave à nossa admissão no Santo dos Santos. A submissão sempre parte da iniciativa daquele que se submete, pois emana do âmago do ser, de sua vontade central. Se for imposta à força, não será submissão sob hipótese alguma. Jesus era a epítome da submissão. Ele pôde dizer sem o menor equívoco: “E aquele que me enviou está comigo; o Pai não tem me deixado só, porque eu faço sempre o que lhe agrada” (Jo 8.29). E Ele também disse:

“Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas” (Mt 11.29). “Sou manso e humilde de coração” é equivalente a “submeto-me completamente ao meu Pai e à sua vontade”.As palavras “uns aos outros no temor a Cristo” pressupõem a fonte de todos os outros tipos de submissão necessários à comunidade cristã. A submissão básica é ao nosso Senhor Jesus Cristo. Uma vez que esteja no seu devido lugar, a submissão dentro da família de Deus, de acordo com a ordem prescrita por Ele (1 Co 11.3; Ef 5.21; 6.9), será perfeitamente natural. Toda falta de submissão na família da fé pode ser acompanhada por uma rebelião, cujos princípios fundamentais voltam-se contra Deus. Por sua própria natureza, a recusa em se submeter torna-se num empecilho à oração e ao estilo de vida cheio do Espírito.


CONCLUSÃO


A oração é a maior evidência de uma fé verdadeira. É a demonstração de que a alma busca um contato com Deus, em quem ela crê. A oração cria uma comunhão real e estabelece um vínculo entre Deus e seus filhos. A Bíblia expõe muitos exemplos de oração. O exemplo da oração de Jesus é o mais instrutivo. O segredo da vitória de Jesus estava na oração. Muitas vezes foi o seu rosto umedecido pelo orvalho e quando solitário escalava os montes da Palestina para suas orações. Seus discípulos, sentindo que não tinham com Deus a comunhão que observavam na vida do mestre, aproximaram-se dele e pediram: “Senhor, ensina-nos a orar “ (Lc 11:1).

Jesus prontamente os orientou na prática da oração. Ensinou aos discípulos, com palavras, aquilo que já lhes havia ensinado com o exemplo. E por assim ser, qualquer estudo da doutrina da oração na vida do crente teria de começar, necessariamente, com a oração observada na vida e nos ensinamentos de Jesus.

Ele começava o dia com oração (Mc 1:35 ); orava ao entardecer (Mc 6: 46,47); foi com oração que começou sua vida de trabalho (Lc 3:21); costumava passar a noite em oração (Lc 6:12); orava com seus discípulos (Lc 9:28); no Getsêmane (Mt 26:36); com seus seguidores (Lc 22:32); orou na cruz (Lc 23:34); chamou a atenção para o poder da oração (Mt 26:53); deu aos discípulos a oração modelo conhecida como Pai Nosso (Mt 6:9-13). Se Jesus, sendo divino, sentia a necessidade de comunhão com o Pai, é evidente que nós, possuidores de uma vida cristã, devemos pôr a oração em lugar de destaque no nosso programa de atividades diárias.


Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus


BIBLIOGRAFIA

Teologia Bíblica da Oração – Robert L. Brand e Zenas J. Bicket

www.terradosmilagres.com.br

Bíblia de Estudo Pentecostal

Lições bíblicas CPAD 1996

Lições bíblicas CPAD 2004

26 de outubro de 2010

ORANDO COMO JESUS ENSINOU

ORANDO COMO JESUS ENSINOU


TEXTO ÁUREO = “E aconteceu que, naqueles dias, subiu ao monte a orar e passou a noite em oração a Deus” (Lc 6. 12).


VERDADE PRÁTICA = Jesus, em sua missão terrena, precisou orar. Nós, os seus servos, só poderemos cumprir nossa missão, aqui, se valorizarmos o poderoso recurso da oração.


INTRODUÇÃO


Jesus experimentou todas as situações que um homem pode sofrer. Diante de sua sublime missão, “aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo- se semelhante aos homens” (Fp 2.7). Assim, Ele não somente pregava e ensinava, mas orava ao Pai, todos os dias, para assim vencer todas as coisas, dando-nos assim o exemplo para Nele vencermos todas as coisas. Nesta lição, aprenderemos alguns dos mais importantes ensinos de Jesus sobre a oração.


O EXEMPLO DE JESUS NA ORAÇÃO


1. Na escolha dos apóstolos. Jesus precisava escolher seus discípulos e não fez isso de improviso, nem segundo critérios puramente humanos. Antes de fazer a difícil escolha, Ele “subiu ao monte a orar e passou a noite em oração a Deus”.

Quando o dia ralou, Ele se levantou, “e escolheu doze deles, a quem também deu o nome de apóstolos” (Lc 6. 12,13).

2. Antes de ir ao Calvário. Jesus orou a Deus, rogando por seus discípulos (Jo 17. 1,9,20). Mais tarde, às vésperas de encarar o Gólgota, Jesus foi ao monte das Oliveiras, como era seu costume (Lc 22.39) e, ali, no Getsêmani, orou intensamente, submetendo- se à vontade de Deus (Lc 22.42). Do início ao fim do seu ministério, Jesus nos deu o exemplo de oração. Se quisermos vencer na vida cristã, teremos que nos dedicar à oração.

3. Em momentos difíceis. Diante do sepulcro de Lázaro, morto há quatro dias, Jesus orou ao Pai, agradecendo-Lhe, por sempre o haver ouvido (Jo 11.41,42).


OS PRECIOSOS ENSINOS SOBRE A ORAÇÃO


1. Não ser como os hipócritas (v.5). Jesus exortou que os discípulos não fossem como os hipócritas, que se compraziam em “orar em pé nas sinagogas e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens”. Os judeus cumpriam três obrigações muito importantes: dar esmolas, orar e jejuar. Normalmente, oravam às nove horas da manhã, ao meio-dia e às três horas da tarde, à “hora nona” (At 3.1). Ao que tudo indica, alguns escolhiam os horários de maior movimento, nas esquinas e nas sinagogas, para chamarem a atenção a si. Na verdade, não buscavam comunhão com Deus, mas queriam aparecer. Não devemos ser como eles.

2. “Entra no teu aposento” (v.5). Jesus ensinou aos discípulos a fazerem diferente dos hipócritas. Ao orar, deveriam entrar no seu aposento, fechar a porta e orar ao Pai, “que vê o que está oculto”, para serem recompensados por Ele.

Extraordinária lição essa, que o Mestre da oração nos dá. Hoje, há muitos crentes que não sabem mais o que orar, estando a sós com Deus. Só oram na igreja, aproveitando curtos momentos de oração. Certamente, orar a Deus, em segredo, é muito valioso. Se não o fosse, Jesus não o teria ensinado.

3. “Não useis de vãs repetições” (v.7). Note-se o adjetivo “vãs”. Jesus advertiu que os discípulos não deveriam fazer como os gentios, os quais pensavam ser melhor atendidos por Deus se fizessem longas orações, repetindo certas palavras rotineiras. Aqui, não se deve entender que o crente não pode orar mais de uma vez por determinado problema. Neste caso, havendo necessidade, não se trata de vã repetição, mas de oração insistente, perseverante ensinada por Jesus (Lc 18.1-8; Mt 7.7).

4. “Vosso Pai sabe o que vos é necessário” (v.8). Deus sabe o que necessitamos, mesmo antes que Lho peçamos. É o que Davi entendeu, séculos antes, ao dizer: “Sem que haja uma palavra na minha língua, eis que, ó Senhor, tudo conheces” (Sl 139.4). Parece uma contradição: Se Deus sabe tudo a nosso respeito, por que e para que orar? Acontece que, lá no Éden, o pecado cortou a ligação direta que o homem tinha com Deus. Desse modo, é necessário orar, para que tenhamos comunicação e comunhão com Deus, com a ajuda indispensável da intercessão de Jesus e do Espírito Santo (vide Rm 8.26,34).


A ORAÇÃO-MODELO


Na chamada Oração do Pai nosso, que Jesus ensinou, encontramos sete petições, sendo três, relativas a Deus, e quatro, relativas às necessidades humanas.

1. Primeira petição. “Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome” (v.9). A base da oração é a idéia de que Deus é Pai de todos os que Nele crêem. A súplica começa no plural, afastando a presunção de um Deus personalizado.

Embora seja Deus onipresente, o fiel deve voltar seu olhar para cima, aos céus, vendo-o em posição elevada (II Cr 20. 6; Sl. 34.3; 115.3).

A primeira petição parece uma redundância: Sendo Deus santo, para que pedir que seu nome seja santificado? Jesus nos mostra que o nome de Deus deve ser honrado, venerado e santificado por nós, seja no falar, e no agir em seu nome.

2. Segunda petição. “Venha o teu reino” (v.10a). Aqui, há um sentido atual, que diz respeito à implantação do Reino de Deus no presente, com a presença de Cristo, o Emanuel; e também há o sentido escatológico, pelo qual desejamos a vinda de Cristo em glória para estabelecer o Reino eterno de Deus, no Milênio (Ap 20.11; 21.1; 22.20; II Pe 3.10-12). Na prática, o crente deve aceitar o domínio de Deus sobre todas as áreas de sua vida, tendo Deus, não só como Salvador, mas como seu Senhor.

3. Terceira petição. “Seja feita a tua vontade, tanto na terra como no céu” (v.10b). Temos aqui a oração típica de quem é servo, que não tem vontade própria, e submete-se incondicionalmente a seu Senhor. Querermos a vontade de Deus no céu, não nos implica em nada. A vontade Dele na terra, no entanto, nos compromete. Se não tivermos cuidado, ao expressar essa petição, poderemos incorrer no perigo da dubiedade do coração.

Ou seja: a boca diz uma coisa e o coração não concorda com ela, quando, na prática, queremos fazer valer a nossa vontade e não a de Deus.

4. Quarta petição. “O pão nosso de cada dia dá-nos hoje” (v.11). Segundo os estudiosos da Bíblia, a expressão “de cada dia” não se encontra em outra parte do Novo Testamento. Ela indica que devemos depender quotidianamente de Deus, para a satisfação de nossas necessidades físicas. Aqui, literalmente, o pão é um tipo de tudo que necessitamos tais como alimento, roupa, calçado, saúde e bem-estar. Note-se que Jesus não nos ensinou a pedir a provisão de Deus para um mês ou um ano.

5. Quinta petição. “Perdoa-nos as nossas dívidas...” (v.12). A nossa sorte é que Deus se compraz em perdoar. Com Ele está o perdão (Sl. 130. 4; Dn 9.9) pois é perdoador (Ne 9.17; Sl 99.8). Jesus nos deu o exemplo (Lc 23.34). Devemos lembrar, porém, que essa quinta petição talvez seja a mais comprometedora para quem a profere. É que, além de pedirmos perdão, o condicionamos à maneira pela qual perdoamos aos nossos devedores. Assim, se alguém não perdoa de coração, pede a Deus que lhe faça o mesmo. Por isso, é preciso ter cuidado ao orar o Pai Nosso.

6. Sexta petição. “E não nos induzas à tentação” (v.13a). Esta tradução tem causado polêmica. Haveria possibilidade de Deus induzir à tentação? De modo algum, pois diz a Bíblia: “Ninguém, sendo tentado, diga: De Deus sou tentado; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e a ninguém tenta” (Tg 1.13). Parece-nos mais adequada a tradução que diz: “Não nos deixes cair em tentação...” É como pedir a Deus que não permita vir circunstâncias sobre o crente que este não possa resistir. (Ler I Co 10.13.)

7. Sétima petição. “Mas livra-nos do mal” (v.13b). É uma extensão da anterior. Mas entendemos que alguém pode ser livre do mal, sem que este seja somente uma tentação. Esta última petição é seguida de um louvor a Deus (doxologia): “porque teu é o Reino, e o poder, e a glória, para sempre.


A Oração na Vida e no Ministério de Jesus


Ao estudarmos sobre a prática da oração na vida e no ministério de Jesus, devemos primeiramente atentar para sua natureza única. O Senhor Jesus Cristo é tanto divino quanto humano. Ele é tanto o Filho de Deus quando o Filho do Homem, o que, de imediato, suscita quatro perguntas:

1. A quem o Senhor Jesus dirigia suas orações?

2. Já que Jesus é Deus, estaria Deus orando a Deus?

3. Sendo Deus, estaria Jesus orando a si mesmo?

4. Se Jesus é Deus, por que precisou orar?


A quem o Senhor Jesus dirigia suas orações?


O registro é claríssimo. Por dezoito vezes os Evangelhos nos dão conta de que Jesus dirigiu suas orações ao Pai celestial. Em cinco delas, Ele incluiu um termo ou expressão descritiva a respeito desse Pai. É sempre a Ele que Jesus ora. Não há o menor indício de qualquer outro ser a quem suas orações fossem dirigidas:

“Ó Pai, senhor do céu e da terra” (Mt 11.25; Lc 10.21); “Meu Pai” (Mt 26.39,42); “Aba, Pai” (Mc 14.36); “Pai santo” ( Jo 17.11); “Pai justo” ( Jo 17.25) e “Pai” (Mt 11.26; Lc 10.21; 11.2; 22.42; 23.34,46; Jo 12.27,28; 17.1,5,21,24).

Atendendo à petição dos discípulos, que queriam saber como orar, Jesus os instruiu a começar do seguinte modo: “Pai nosso” (Mt 6.9). Quando disse “Meu Pai”, Jesus não estava falando consigo mesmo nem se dirigindo a outra entidade se não aquEle a quem seus lábios evocara. Numa única ocasião, Jesus não se refere ao Pai em sua oração: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Mt 27.46). Entretanto, essa foi a maneira que Ele achou de fazer suas as palavras do Salmo 22, adequadas à expressão de seus sentimentos sobre a cruz (Sl 22.1,7,8,14-17).


Já que Jesus é Deus, estaria Deus orando a Deus?


A resposta a esta segunda pergunta não é tão simples corno a anterior, pois entra no terreno de uma teologia bastante profunda. O fato de que Jesus é Deus está fortemente estabelecido nas Escrituras (Mt 1.23; Jo 20.28; Hb 1.8). Quando se revestiu da natureza humana, Ele deixou de lado a sua glória, mas não a sua deidade (Fp 2.5-7). Em sua identificação conosco, quando se fez homem, Ele continuou a ser plenamente Deus tanto quanto era plenamente homem. Ele não se opôs a aceitar os limites próprios de um corpo físico. Conseqüentemente, Ele usou a voz para se comunicar com o Pai. Ninguém pode negar que há uma evidente comunhão dentro da Deidade (Gn 1.26). A natureza dessa comunhão por certo está acima da compreensão humana, mas sua essência pode ser percebida, pelo menos em parte, nas orações registradas de Jesus ao Pai.


Sendo Deus, estaria Jesus orando a si mesmo?


Embora às vezes o ser humano fale consigo mesmo, corno no Salino 42.11, ninguém duvida que orar a si mesmo é um absurdo. Como Filho de Deus, Jesus é verdadeiramente Deus, mas também é a segunda Pessoa da Santíssima Trindade. Não, Jesus não estava orando a si mesmo, pois cada Pessoa divina é distinta. Por conseguinte, Deus Filho estava orando a Deus Pai.


Se Jesus é Deus, por que precisou orar?


Embora seja Deus, enquanto esteve aqui na Terra Jesus não era somente Deus — era o Deus-Homem. Na posição de Deus, Ele não precisava orar (exceto para manter aquela comunhão e companheirismo próprios da Deidade, como já mencionamos). Mas, na qualidade de homem, estando revestido de um corpo humano, sendo descendente legítimo de Abraão (Fp 2.7; Mt 1.1), a oração era tão essencial a Ele como o fora a Abraão e seus descendentes.

Cerca de quinze séculos antes do início do ministério de Jesus na Terra, Moisés anunciou: “O senhor, teu Deus, te despertará um profeta do meio de ti, de teus irmãos, como eu; a ele ouvireis” (Dt 18.15). Os pontos de semelhança entre Jesus e Moisés são numerosos e notáveis. Por exemplo, na infância, ambos foram miraculosamente poupados da ira de um monarca que estava no poder; ambos tornaram-se salvadores de seu povo; e ambos foram descritos como humildes (Nm 12.3; Mt 11.29).

Embora não possamos destacar aqui todos os pontos de similaridade entre os dois, queremos observar a óbvia semelhança na vida de oração que ambos cultivavam. Conforme foi dito no capítulo 2, a vida inteira de Moisés foi governada pela oração e nela baseada. Assim também Jesus. A oração destacou-se em cada aspecto e fase de sua vida e ministério. A Bíblia cita numerosos exemplos de oração durante o curto período de três anos e meio do ministério de Jesus. Há evidências de que a oração era a própria respiração da vida de Jesus, tal como acontecia com Moisés. Jesus vivia uma vida disciplinada. Os Evangelhos registram determinados hábitos que Ele fazia questão de cultivar. Um deles era freqüentar regularmente a sinagoga aos sábados, o que, naturalmente, incluía um período de oração (Mt 21.13; Lc 4.16). Não é errado pensar que Jesus tenha ido diariamente à sinagoga ou ao Templo dependendo do lugar onde Ele estivesse para dedicar-se à oração.

Além disso, dando apoio à idéia da constância de Jesus na oração, temos sua declaração direta, feita aos discípulos, de que os crentes têm “o dever de orar sempre e nunca desfalecer” (Lc 18.1). Outrossim, já bem no início de seu ministério, a Bíblia mostra a dedicação e a importância, de Jesus oração. “E, levantando-se de manhã muito cedo, fazendo ainda escuro, saiu, e foi para um lugar deserto, e ali orava” (Mc 1.35). Outras referências indicam que essa era uma disciplina contínua (Mt 14.23; Mc 6.46; Lc 5.16; 9.18,28). Além disso, em situações de extrema significância, a oração desempenhava um papel particularmente importante em seu ministério.


Oração por ocasião do Batismo


Apesar de não existir registro bíblico de que Jesus tenha orado antes de ser batizado no rio Jordão, podemos ter certeza de que Ele orava regularmente Não obstante, nada mais apropriado que a primeira referência a uma oração de jesus tenha ocorrido justamente no seu batismo, quando o Espírito Santo desceu sobre Ele. Embora todo filho de Deus deva saber como se dirigir ao Pai, a oração do crente cheio do Espírito deveria ser algo muito especial. O fato de Jesus ter orado quando foi batizado, também indica que o batismo nas águas deveria ser muito mais o que uma formalidade ou um simples ritual. Antes deveria ser uma ocasião de elevada e santa comunhão com o Pai, como aconteceu com Jesus. As palavras que Jesus USOU não foram registradas, mas não foi do nada que os céus se abriram enquanto Ele orava, havendo uma notável manifestação das outras Pessoas da Trindade: o Pai e o Espírito Santo. (Lc 3.21,22).


Oração no Deserto


Depois de ter sido especialmente revestido do Espírito Santo, Jesus foi impulsionado por esse mesmo Espírito ao deserto (Mc 1.12), onde também foi tentado. Não temos nenhum registro bíblico de ele haver orado nessa ocasião, mas tudo nos leva a crer que Ele permaneceu muito tempo em oração. As Escrituras registram que, depois dessa experiência no deserto, “pela virtude do Espírito, voltou Jesus para a Galiléia” (Lc 4.14). Somente a oração provê o poder e a virtude necessários para vencermos as tentações e exercermos vitoriosamente o ministério.


Oração antes de Escolher os Apóstolos


Antes de escolher seus apóstolos, Jesus orou. A importância dessa ocasião é ressaltada pelo fato de Jesus ter passado a noite inteira em oração. Ele estava prestes a escolher 12 homens que teriam uma participação decisiva na história da humanidade. E aconteceu que, naqueles dias, subiu ao monte a orar, e passou a noite em oração a Deus. E, quando já era dia, chamou a si os Seus discípulos, e escolheu doze deles, a quem também deu o nome de apóstolos (Lc 6.12,13).

Esses homens seriam as pedras angulares no edifício de Deus (Ef 2.20). Seus nomes seriam inscritos nos alicerces da cidade celestial (Ap 21.14). Sobre seus ombros descansaria a responsabilidade da formação e do futuro da Igreja. Tomariam parte não apenas no ministério terreno de Jesus, sendo ensinados pessoalmente por Ele, mas também seriam testemunhas oculares de sua morte, sepultamento e ressurreição. Além disso, quase todos seriam chamados para entregar suas vidas por aquilo que testemunharam. As escolhas feitas por Jesus teriam conseqüências eternas. Por tudo isso, tinham de ser feitas segundo o conselho dos Céus, e não de acordo com o conselho da terrena, o qual freqüentemente está baseado em exterioridades e aparências.


Oração pelas Criancinhas


Os discípulos imaginavam saber como Jesus deveria passar o seu tempo e a quem Ele deveria ministrar. Segundo o raciocínio deles, as crianças deveriam constar como o último item na agenda de prioridades do Mestre. Sendo assim, repreenderam as crianças e aqueles que as traziam, porque, na opinião deles, estavam atravancando o caminho. Com que terríveis cicatrizes emocionais aquelas crianças poderiam ter ficado, se Jesus não interviesse em favor delas! Ele as tratou com um carinho tão especial que, enquanto vivessem, lembrar-se iam dEle para sempre. (Mt 19.13-1 5, ARA).

Encontramos aqui não somente uma cena capaz de nos aquecer o coração Jesus orando por criancinhas que lhe tinham sido trazidas mas também um belo precedente para todos os pais. Na qualidade de embaixadores do próprio Jesus, os pais e todos quantos trabalham com crianças devem amá-las e abençoá-las, visto que Deus as cerca de cuidados especiais (Mt 18.5,6; Mc 9.42).


Oração no Monte da Transfiguração


A oração feita por Jesus, no episódio de sua transfiguração, reveste-se de particular interesse. Por essa época, a cruz já lançava longas sombras sobre o campo de sua missão aqui na Terra. Sua popularidade com a multidão estava acabando e Ele já havia predito seu terrível fim (Lc 9.22). Reflexos de uma experiência tenebrosa estavam começando a adensar-se em torno dEle.Talvez a sua subida ao monte da transfiguração, com os três discípulos de seu círculo mais íntimo, não tenha siclo diferente da subida de Abraão ao monte Moriá, quando foi dirigido por Deus a oferecer o seu único e amado filho. Certamente havia urna atmosfera diferente e pesarosa, talvez com pouca conversação. Faltava aquela empolgação própria de se ministrar às multidões. Contudo, estavam às vésperas de experimentar a mais notável e incomum sessão de oração a que jamais estiveram presentes. Nunca houve e jamais haverá semelhante reunião de oração nesta Terra. Como em várias outras ocasiões singulares na vida de Jesus, nenhum registro escrito revela o conteúdo dessa sua oração.

Jesus subiu ao monte não para comungar com Moisés e Elias, embora tivesse falado com eles acerca de sua partida (literalmente, o seu “êxodo”, ou seja, sua morte, ressurreição e ascensão). O seu verdadeiro propósito era falar com o Pai celeste, para que desse modo Jesus fosse divinamente fortalecido em seu espírito. A oração de Jesus no monte da transfiguração teve um impacto duradouro na vida daqueles três discípulos. Nunca mais seriam as mesmas pessoas! Quando João, o apóstolo do amor, declarou: “E vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai” Jo 1.14, estava, pelo menos em parte, referindo-se àqueles inesquecíveis momentos passados no monte da transfiguração. Pedro também manifestou o profundo efeito que essa experiência causou em sua vida, quando escreveu: “Porquanto ele recebeu de Deus Pai honra e glória, quando da magnífica glória lhe foi dirigida a seguinte voz: Este é o meu Filho amado, em quem me tenho comprazido.


Oração em Favor de Pedro


A oração de Jesus em favor de Pedro (Lc 22.32) deveria servir de encorajamento a todos os crentes, não importando o quão fraco ou débil estejamos nos sentindo. Quando lutamos contra o maligno e as forças espirituais da maldade, é freqüente sentirmos em nosso próprio ânimo e desejos pessoais que a possibilidade de vitória parece remota e improvável. Mas Jesus conhece a força da tentação e não permitirá que ela nos avassale (1 Co 10.13). Ele disse a Pedro o quão fielmente o ajudou (chamando-o de Simão, e não de Pedro, pois ele dificilmente seria uma rocha quando, com suas próprias forças, tentasse resistir a Satanás): “Disse também o senhor: Simão, Simão, eis que Satanás vos pediu para vos cirandar como trigo. Mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; e tu, quando te converteres, confirma teus irmãos” (Lc 22.31,32).


Oração diante do Túmulo de Lázaro


Na ressurreição de Lázaro, um dos maiores milagres de Jesus, observamos que Ele usou um tipo de oração diferente das que geralmente acompanhavam seus milagres. Os judeus não conseguiram negar a realidade de seus milagres, pelo que os atribuíram ao poder do Diabo. Mas, ao orar ao Deus do céu, dirigindo-se a Ele como Pai, Jesus ousadamente proclamou que seus milagres eram realizados pelo poder do alto: “E Jesus, levantando os olhos para o céu, disse: Pai, graças te dou, por me haveres ouvido. Eu bem sei que sempre me ouves, mas eu disse isto por causa da multidão que está em redor, para que creiam que tu me enviaste” (Jo 11.41,42). A oração pública não precisa ser profunda e demorada, uma vez que a oração privada tenha sido feita com antecedência. Jesus já sabia, possivelmente há quatro dias (Jo 11.39), que Lázaro morrera. Por certo, grande parte desse tempo foi ocupado com oração, especialmente durante a noite. O uso que Jesus fez do verbo no tempo passado (“graças te dou, por me haveres ouvido”) indica que, antes da oração pública ter sido proferida a oração particular já havia sido feita — e respondida. Não havia qualquer sombra de dúvida na mente de Jesus.


Oração no Jardim do Getsêmani


Antes de seu aprisionamento, Jesus foi com seus discípulos ao jardim do Getsêmani. Nessa ocasião de intensa agonia para o senhor, os discípulos de seu círculo mais íntimo Pedro, Tiago e João falharam miseravelmente em apoiá-lo. Não somente haviam sido incapazes de assimilar o significado da hora e da grande prova que Jesus estava enfrentando, como também deixaram de se preparar para a provação que em breve os confrontaria. (Mt 26.39-44).

Nunca houve um período de oração que se igualasse a esse. Embora seus mais dedicados discípulos estivessem próximos, Jesus teve de levar sozinho sua carga ao Pai. Era noite. A própria atmosfera dominante estava carregada de presságios. Marcos registrou que Jesus disse; “A minha alma está profundamente triste até a morte” (Mc 14.34). “Profundamente triste”, “perturbada”, “dominada pela tristeza” — que terríveis momentos para Jesus foram aqueles! Qual teria siclo o motivo para fazer com que Jesus estivesse sentindo tão profunda tristeza? Ele que havia declarado ter o poder de entregar a sua vida e o poder de tornar a tomá-la ?! (Jo 10.18) O que o teria levado a orar da maneira como o fez naquela noite tenebrosa? De acordo com as próprias palavras de Jesus, foi “este cálice” (Mt 26.39,42; Mc 14.36; Lc 22.20,42). Podemos apenas tecer conjecturas sobre o que tornara aquele cálice tão assustador. Certamente não era simplesmente a possibilidade dEle ter de enfrentar a morte física, pois se fosse isso, muitos de seus seguidores a teriam enfrentado com a maior coragem. Além disso, Ele viera ao mundo justamente para dar a vida.


Note a similaridade entre Mateus, Marcos e Lucas;


Primeira oração: “Meu Pai, se é possível, passa de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres” (Mt 26.39). “E disse; Aba, Pai, todas as coisas te são possíveis; afasta de mim este cálice; não seja, porém, o que eu quero, mas o que tu queres” (Mc 14.36). “Pai, se queres, passa de mim este cálice, todavia não se faça a minha vontade, mas a tua” (Lc 22.42).

Segunda oração; “Pai Meu, se este cálice não pode passar de mim sem eu o beber, faça-se a tua vontade” (Mt 26.42). “E foi outra vez e orou, dizendo as mesmas palavras” (Mc 14.39).

Terceira Oração: “E, deixando-os de novo, foi orar pela terceira vez, dizendo as mesmas palavras” (Mt 26.44). É interessante notar que foi somente nesta conjuntura que Jesus se dirigiu a Deus nestes termos; “Meu Pai” (em Mateus) ou “Aba, Pai” (em Marcos). Observe o apelo angustiado da alma de Jesus à única Fonte de ajuda de que dispunha. Mas Jesus restringiu seu pedido com a condicional: “Se é possível (Mt 26.39)


Oração na Cruz


Somente duas breves orações saíram dos lábios de Jesus durante o opróbrio da cruz. Na primeira, vemos sua aflição a respeito daquilo que, para o homem Jesus, parecia ter sido o total abandono da parte de Deus; na segunda, deparamos com sua declaração de entrega absoluta nas mãos de Deus.

A primeira oração na cruz deu-se quase no fim da crucificação: “Eloi, Eloi, lama sabactáni? isso, traduzido, é: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Mc 15.34; veja também Mt 27.46).

A segunda oração feita na cruz também foi muito curta: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc 23.46). Depois de dizer tais palavras, Jesus expirou.


CONCLUSÃO


Orar é tarefa sublime. À oração opõe-se até o Inferno. No dizer de certo pregador, “o Diabo ri de nossa sabedoria, zomba de nossas pregações, mas treme diante de nossas orações”.

Faz sentido. Quando o crente ora, descortina-se diante de si, um panorama espiritual, que lhe propicia o contato com os céus. Ele chega ao próprio trono de Deus, através de Jesus Cristo. Por isso, o Senhor nos ensinou preciosas lições acerca do valor da oração.


Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus


Bibliografia

Teologia Bíblica da Oração – Robert L. Brand e Zenas J. Bicket

Bíblia de Estudo Pentecostal

Lições bíblicas CPAD 2000