19 de janeiro de 2011

O Poder Irresistível da Comunhão na Igreja

O Poder Irresistível da Comunhão na Igreja

Texto Áureo: “3Procurando guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz: 4há um só corpo e um só Espírito [...]” (Ef 4.3,4)

I – Introdução

A Paz do Senhor a todos os leitores!
Através deste pequeno estudo buscaremos explanar a respeito da Lição n. 04 do primeiro trimestre do ano de 2011. Neste trimestre estamos estudando sobre o livro de Atos dos Apóstolos, e esta lição é baseada no capítulo 2, versículos 40 a 47.
Estaremos estudando sobre a comunhão da igreja, buscando aclarar o que vem a ser esta comunhão, qual o seu valor, como alcançá-la e suas consequências.

II – O que é a comunhão?

A lição em comento nos traz um conceito extraído do Dicionário Teológico da CPAD, o qual assim conceitua este termo: “vínculo de unidade fraternal mantida pelo Espírito Santo e que leva os cristãos a se sentirem um só corpo em Jesus Cristo”.
Este conceito traz dois aspectos fundamentais: primeiro, a comunhão entre os irmãos é mantida pelo Espírito Santo; segundo, esta comunhão faz com que os crentes se sintam um só corpo em Jesus Cristo.
O primeiro aspecto diz respeito ao fato de que é o Espírito Santo, o qual habita em cada um de nós crentes, que nos dá o amor ao próximo, a compaixão, a lealdade e todas as outras virtudes necessárias para mantermos comunhão com nossos irmãos em Cristo. O comentarista da Bíblia de Estudo Pentecostal enfatizou esse aspecto ao comentar o versículo 3 do capítulo 4 da Epístola de Paulo aos Efésios. Segue o versículo mencionado e, após, o seu respectivo comentário:
“3 procurando guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz;”.

“’A unidade do Espírito’ não pode ser criada por nenhum ser humano. Ela já existe para aquele que creram na verdade e receberam a Cristo, conforme o apóstolo proclama nos capítulo 1-3. Os efésios devem guardar e preservar essa unidade, não mediante os esforços e organizações humanos, mas pelo andar ‘como é digno da vocação com que fostes chamados’ (v. 1). A unidade espiritual é mantida pela lealdade à verdade e o andar segundo o Espírito (VV. 1-3, 14, 15; Gl 5.22-26). Não pode se conseguida pela carne (Gl. 3.3)”.


O segundo aspecto fala de uma metáfora muito usada para caracterizar a igreja. Somos tidos como corpo de Cristo, uma vez que um corpo possui várias partes, tendo cada uma delas sua função específica, sem a qual o corpo não poderia ser considerado perfeito. Isso quer dizer que cada crente tem uma função dentro da igreja, sendo que uma não é superior á outra para Deus. O Apóstolo Paulo explana muito bem a respeito dessa metáfora em sua primeira epístola aos Coríntios, no capítulo 12, versículos 12 ao 31. Por ser o trecho deveras extenso, seguem alguns versículos chave (grifou-se):
“12Porque, assim como o corpo é um, e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, são um só corpo, assim é Cristo também. 13Pois todos nós fomos batizados em um Espírito, formando um corpo, quer judeus, quer gregos, quer servos, quer livres, e todos temos bebido de um Espírito. (...) 22Antes, os membros do corpo que parecem ser os mais fracos são necessários;(...)25Para que não haja divisão no corpo, mas antes tenham os membros igual cuidado uns dos outros. 26De maneira que, se um membro padece, todos os membros padecem com ele; e, se um membro é honrado, todos os membros se regozijam com ele. 27Ora, vós sois o corpo de Cristo, e seus membros em particular”.

Este trecho bíblico traz talvez a melhor caracterização de como deve ser a comunhão entre os irmãos, mencionando que nós crentes devemos cuidar um dos outros, sofrer o sofrimento dos demais irmãos, e nos alegrar com a alegria destes. Destaca, ainda, que todos somos necessários ao corpo de Cristo, dentro daquilo que fazemos por Ele, não sendo um ministério maior do que outro.
Os dois aspectos destacados do conceito inicialmente transcrito da palavra comunhão são mencionados pelo comentarista da Bíblia de Estudo Pentecostal, em nota ao versículo 13, supracitado:
“O batismo ‘em um Espírito’ não se refere, nem ao batismo em água, nem ao batismo no Espírito Santo que Cristo outorga ao crente como no dia de Pentecoste (...). Refere-se, pelo contrário, ao ato do Espírito Santo batizar o crente no corpo de Cristo – a igreja, unindo-o a esse corpo; fazendo com que ele seja um só com os demais crentes. É a transformação espiritual (...) que ocorre na conversão e que coloca o crente ‘em Cristo’ biblicamente (...)”.

A Pequena Enciclopédia Bíblica de Orlando Boyer conceitua o termo comunhão como sendo “Participação em comum em crenças ou idéias”.
Este conceito destaca que a comunhão vem a ser a igualdade de crenças ou idéias, isto é, a comunhão se estabelece entre aquelas pessoas que compartilham de um mesmo pensamento, que crêem em uma mesma coisa, assim por diante.
Para nós crentes, a comunhão parte da crença no mesmo Deus, nas mesmas doutrinas, na mesma Salvação, o compartilhamento da mesma fé, etc. Quando há dissensões entre o povo de Deus, a comunhão se abala.
A comunhão se estabelece na unidade de crenças. Por isso todos devemos crer da forma que escreveu o Apóstolo Paulo aos Efésios, capítulo 4, versículos 4 a 6:
“4há um só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação; 5um só SENHOR, uma só fé, um só batismo; 6um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos e em todos vós”.


III – Como alcançar a comunhão?

Diante de tudo o que já foi exposto podemos ver como podemos alcançar a comunhão entre os irmãos.
A primeira coisa é deixarmos o Espírito Santo trabalhar em nossas vidas. Ele nos transforma e nos dá a capacidade de permanecermos unidos em uma mesma crença.
Se não deixamos o Espírito Santo trabalhar em nós diversos sentimentos que impedem a comunhão surgem em nosso meio, como a inveja, o rancor, o ciúme, a raiva, a tristeza, a avareza, entre outros.
Todos esses maus sentimentos não permitem que sintamos amor pelo nosso próximo e trazem dissensões para dentro de igreja.
Esses sentimentos revelam quem não é “espiritual” e sim “carnal”, ou seja, quem ainda não deixou o Espírito moldá-lo, como Paulo repreendeu os Coríntios em sua primeira epístola, capítulo 3, versículos 1 e 3 (grifou-se):
“1E eu, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a meninos em Cristo. (...), 3porque ainda sois carnais; pois, havendo entre vós inveja, contendas e dissensões, não sois porventura carnais, e não andais segundo os homens?”.

A segunda coisa a fazer é reconhecermos que somos todos membros de um só corpo, tendo cada um sua função, nenhuma mais importante que a outra, como já foi exposto acima.
Muitas dissensões surgem na igreja também quando alguns de seus membros passam a achar que são mais importantes, menosprezando o trabalho dos demais. Esquecem-se que se um corpo perde qualquer de suas partes deixa de ser perfeito, sendo todo ele prejudicado.
O corpo humano é um complexo de partes interdependentes. Se uma falta, todo o corpo sente. Mesmo aquelas partes que são duplas, como os ouvidos, os olhos e os pulmões, se um dos dois é retirado do corpo a sua função fica prejudicada. A pessoa vai ouvir menos, enxergar menos ou respirar com mais dificuldade.
Assim é a igreja de Cristo: ela precisa do zelador, do operador de som, do pregador, do porteiro, do pastor, etc. Sem qualquer um desses ministérios a igreja não funciona corretamente.
Nesse sentido escreveu o Apóstolo Paulo aos Romanos, no capítulo 12, versículo 3 a 5, concluindo no versículo 10 (grifou-se):



“3Porque pela graça que me é dada, digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém; antes, pense com moderação, conforme a medida da fé que Deus repartiu a cada um. 4Porque assim como em um corpo temos muitos membros, e nem todos os membros têm a mesma operação, 5assim nós, que somos muitos, somos um só corpo em Cristo, mas individualmente somos membros uns dos outros. (...).10Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros”.

Este último trecho grifado (“preferindo-vos em honra uns aos outros”) diz respeito ao valor que devemos dar ao trabalho de cada um dentro da Casa de Deus, devemos estar sempre dispostos a respeitar e honrar as boas qualidades dos outros crentes.
A terceira coisa a se fazer para alcançar a comunhão entre os irmãos é buscarmos sempre a unidade. Esta unidade se revela em diversos aspectos como a fé, a doutrina, a esperança, além da crença no mesmo Deus Pai, no mesmo Espírito e no mesmo Salvador.
Se há diferentes correntes de pensamento dentro de uma igreja, ela não subsiste. Jesus mesmo deu um exemplo que muito se encaixa neste aspecto em Matheus 12.25, muito embora Ele tenha dado este exemplo em outro contexto (grifou-se):
“25Jesus, porém, conhecendo os seus pensamentos, disse-lhes: Todo o reino dividido contra si mesmo é devastado; e toda a cidade, ou casa, dividida contra si mesma não subsistirá.”

Jesus quer dizer nesta passagem que não há como um reino ou uma cidade subsistir se ela se divide e luta contra si mesma, ou seja, se em um reino ou uma cidade formam-se dois ou mais grupos antagônicos em algum aspecto, e estes grupos lutam entre si, o reino ou cidade fica completamente enfraquecida e desestruturada. Da mesma forma não há como uma igreja prosperar em seus trabalhos para Deus se dentro dela houver dissensões.
Por isso Paulo exortou, em I Coríntios 1.10, aos irmãos daquela igreja:
“10Rogo-vos, porém, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que digais todos uma mesma coisa, e que não haja entre vós dissensões; antes sejais unidos em um mesmo pensamento e em um mesmo parecer”.
IV – O valor e os frutos da comunhão

A comunhão entre os crentes faz bem para a própria igreja e agrada a Deus.
Uma igreja unida, voltada para os mesmo objetivos, unânime em fazer a obra de Deus, é muito mais forte e alcança muito mais êxito em sua lida. Uma pessoa pode sozinha fazer grandes coisas para a obra de Deus, porém um grupo de pessoas, reunido pelos mesmos ideais, pela mesma fé e pelo mesmo propósito, pode fazer muito mais.
A comunhão de uma igreja também faz bem para seus membros, pois aquele que se encontrar necessitado de algo, seja um bem material, seja um conforto, seja uma oração de intercessão, sempre terá onde encontrar.
Lucas cita em Atos 2.44 e 45 como era a igreja primitiva:
“44E todos os que criam estavam juntos, e tinham tudo em comum. 45E vendiam suas propriedades e bens, e repartiam com todos, segundo cada um havia de mister”.

Deus não exige de nós que vendamos todos os nossos bem e repartamos com os membros mais necessitados da igreja, mas exige que estejamos sempre dispostos a ajudar aqueles que padecem de qualquer tipo de necessidade.
Nesse sentido também está escrito e Gálatas 6.9 e 10 (grifou-se):
“9E não nos cansemos de fazer bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido. 10Então, enquanto temos tempo, façamos bem a todos, mas principalmente aos domésticos da fé”.

A comunhão na igreja também agrada a Deus, fazendo com que Ele abençoe cada vez mais os seus membros. Deus deseja que estejamos sempre unidos, para que a Sua igreja prospere.
Davi escreveu, inspirado por Deus, um Salmo em que fica expresso como Deus se agrada da união entre os irmãos. É o Salmo 133, abaixo transcrito em sua íntegra:

“1OH! quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união. 2É como o óleo precioso sobre a cabeça, que desce sobre a barba, a barba de Arão, e que desce à orla das suas vestes. 3Como o orvalho de Hermom, e como o que desce sobre os montes de Sião, porque ali o SENHOR ordena a bênção e a vida para sempre”.

Davi demonstra quão maravilhosa é a comunhão entre os irmãos de fé. O texto demonstra uma intensidade, um deslumbramento muito grande de Davi ao proclamar a importância da união. Ele parece escrever em tom de rogo, para que todos que lessem percebessem que a comunhão na igreja é essencial para todos.
O próprio Senhor Jesus, em Sua oração pelos Seus discípulos, clama a Deus Pai, primeiramente, que mantenha a estes unidos, estendendo o pedido, posteriormente, para todos aqueles que, através deles, creiam em Seu nome. Esta passagem podemos encontrar em João 17. 11, 20 e 21:

“11E eu já não estou mais no mundo, mas eles estão no mundo, e eu vou para ti. Pai santo, guarda em teu nome aqueles que me deste, para que sejam um, assim como nós. (...). 20E não rogo somente por estes, mas também por aqueles que pela sua palavra hão de crer em mim; 21para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste”.

Aqui se mostra de grande valia transcrever a nota feita pelo comentarista da Bíblia de Estudo Pentecostal ao versículo 21, a qual comenta sobre a verdadeira união espiritual entre os crentes, não uma união superficial:
“A união em favor da qual Jesus orou não era a união de igrejas e organizações, mas a espiritual, baseada na permanência em Cristo (v. 23); amos a Cristo (v. 26); separação do mundo (vv. 14-16); santificação na verdade (vv. 17-19); receber a verdade da Palavra e crer nela (vv. 6, 8, 17); obediência à Palavra (v. 6); e o desejo de levar a salvação aos perdidos aos perdidos (vv. 21, 23). Faltando algum desses fatores, não pode haver a verdadeira unidade que Jesus pediu em oração.



(1) Jesus não orava para que seus seguidores ‘se tornem um’, mas para que ‘sejam um’. Trata-se de um subjuntivo presente e significa ‘continuamente ser um’. União essa que se baseia no relacionamento que todos ele têm com o Pai e com o Filho, e na mesma atitude basilar que têm para com o mundo, a Palavra e a necessidade de alcançar os perdidos (cf 1 Jo 1.7).
(2) Intentar criar uma união artificial por meio de reuniões, conferências ou organização centralizada, pode resultar num simulacro da própria união em prol da qual Jesus orou. Ele tinha em mente algo muito mais do que ‘reuniões de unificação’, i. e., de união artificial. É uma união espiritual de coração, propósito, mente e vontade dos que estão totalmente dedicados a Cristo, à Palavra e à santidade (...)”.


V – Conclusão

A comunhão entre os crentes é essencial em uma igreja para que ela permaneça agradável a Deus, fazendo a Sua obra de forma maravilhosa. Deus quer que haja uma verdadeira comunhão espiritual entre seus servos, fazendo com que todos tenhamos plena consciência de que fazemos parte de um só corpo.
Cada um de nós tem que buscar uma real transformação por parte do Espírito Santo, para sermos capazes de estar em plena comunhão. Assim poderemos nos afastar de sentimentos que impedem a união e causam dissensões dentro da igreja.
Nunca podemos pensar que somos mais importantes que os outros para o Senhor, mas devemos aprender a dar honra àqueles que a merecem. Como dito, somos membros de um só corpo, o qual só é perfeito com cada uma de suas partes.
Esta comunhão deve se manifestar em uma unidade de pensamentos, de crenças. Devemos ter consciência de que seguimos a mesma doutrina, temos fé e esperança no Deus único, cremos no mesmo Salvador e somos transformados pelo mesmo Espírito Santo, o qual habita em cada um de nós igualmente.
Desta forma poderemos ver manifesto em nosso meio O Poder Irresistível da Comunhão na Igreja.


Comentarista: Jimmy Bruno dos Santos Silva, membro da Igreja Assembléia de Deus Ministério do Belém de Dourados-MS.

PODER IRRESISTIVEL DA COMUNHÃO COMUNHÃO IGREJA

PODER IRRESISTIVEL DA COMUNHÃO COMUNHÃO IGREJA

TEXTO ÁUREO = “Quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união” (Sl 133,1).

VERDADE PRATICA = Comunhão significa partilhar juntos do mesmo propósito, a fim de se fortalecer a unidade da Igreja

LEITURA BIBLICA = ATOS 4.32-37

INTRODUÇÃO

Essa passagem e a de Atos 2.42- 47 se completam. Esses dois relatos revelam a vida comunal dos que se convertiam ao Evangelho. Lucas mostra nesse breve relato como era o dia-a-dia dos primeiros cristãos.

UM SÓ PROPÓSITO

1. Comunhão dos irmãos. “E era um o coração e a alma da multidão dos que criam” (v. 32). Os cristãos, agora, já formavam uma grande multidão. Quase três mil no dia de Pentecoste. Esse número elevou- se para quase cinco mil, após a cura do coxo, na porta chamada Formosa (At 4.4). Todos viviam em torno do nome de Jesus, pois assumiram uma nova postura de vida. Gozavam do companheirismo mútuo e o Espírito Santo estava com eles.

2. Fruto do Espírito. “...mas todas as coisas lhes eram comuns”. O Espírito Santo quebrou a natureza egoísta, tão comum no gênero humano, de modo que tudo lhes era comum. Antes da formação da Igreja, já havia a comunidade dos essênios, que viviam na região do mar Morto, deserto da Judéia. Eles tinham um padrão de vida muito parecido. A diferença é que lá era uma imposição. Seus membros deviam seguir o Manual de Disciplina, regra básica deles, descoberto juntamente com os rolos nas cavernas de Uaid Qumran.

O TESTEMUNHO DOS APÓSTOLOS

1. A ressurreição de Cristo é o principal pilar do Cristianismo (v. 33). A ressurreição de Cristo é o maior acontecimento do Cristianismo e de toda a História. Pedro falou desse fato no discurso do dia de Pentecoste e no do pórtico de Salomão. Esse evento é a viga-mestra da cristandade, responsável pela unidade dos irmãos e pela comunhão no Espírito Santo.

2. A grandeza da ressurreição desfaz o escândalo da cruz. O milagre foi tão extraordinário que, para os gregos, era loucura (At 17.32). A morte de Jesus foi testemunhada por muitos em Jerusalém. A notícia do acontecimento se espalhou por toda a parte. Isso era escândalo para os judeus, admitir que seu Messias fora um réu, pendurado em um madeiro. A ressurreição desfazia esse escândalo.

A dificuldade dos judeus era crer nisso, ainda mais, quando a consciência os acusava de traição. Pedro aproveitou a descida do Espírito Santo, no dia de Pentecoste, para associar o evento à ressurreição de Cristo. Convenceu parcela da população de Jerusalém, ou de estrangeiros que peregrinavam na Cidade Santa.

3. Testemunhando o Cristo ressuscitado. Esses sinais estão ligados à ressurreição de Cristo: “E os apóstolos davam, com grande poder, testemunho da ressurreição do Senhor Jesus” (v. 33). Até então, todos sabiam da morte do Nazareno, mas só uma minoria estava ciente de sua ressuscitação. Não somente os sinais extraordinários, mas também a ação conjunta da comunidade cristã, eram a prova da ressurreição de Cristo. Essa unidade e comunhão devem ser a marca da Igreja atual. Discórdias, pelejas, disputas e competições são fatores que levam à divisão do corpo de Cristo. E isso entristece o Espírito Santo.

A NOVA VIDA DOS PRIMEIROS CRISTÃOS

1. O início de uma nova época. “Não havia, pois, entre eles necessitado algum” (v. 34). Essa passagem faz lembrar o começo da nação de Israel, quando os hebreus foram libertos do cativeiro (Êx 12.35,36). Todos saíram do Egito mais ou menos na mesma situação financeira. Deus proveu os meios para que o povo pudesse sobreviver à peregrinação no deserto, rumo à Terra Prometida. Era um novo começo. Uma nova nação despontava no horizonte, O mesmo aconteceu com a Igreja Primitiva: “E repartia-se cada um, segundo a necessidade que cada um tinha” (v. 35).

2. A generosidade dos irmãos. “Porque todos os que possuíam herdades ou casas, vendendo-as, traziam o preço do que fora vendido e o depositavam aos pés dos apóstolos” (v. 34). Barnabé é um nome aramaico que significa “filho da consolação”. Era levita e natural de Chipre, ilha grega, no Mediterrâneo. Ele vendeu suas propriedades e levou o dinheiro para os apóstolos. Por isso, Lucas o citou nominalmente. A generosidade dele, juntamente com a dos demais discípulos, era algo admirável.

3. Corrigindo uma distorção. Só pelo fato de ser uma ação voluntária, mostra que não devemos dizer que isso seja uma doutrina a ser seguida pelas igrejas cheias do Espírito Santo. Os comunistas costumam citar essa passagem, para justificar sua teoria demoníaca e materialista. Uma interpretação arbitrária e totalmente desprovida de consistência. Essa venda de propriedades, trazendo o valor, “depositando aos pés dos apóstolos” (hebraísmo que significa confiar aos apóstolos), era algo voluntário (At 5.4). Há também os exploradores da fé do povo que usam essa passagem, para extorquir suas vítimas. Nenhum apóstolo pediu que os discípulos vendessem suas propriedades. O que devemos fazer é estudar e procurar imitar o cuidado pelos necessitados, “somente para que em ti não haja pobre” (Dt 15.4). Infelizmente, há igrejas que não atentam para esse lado social. O apóstolo Paulo ensina que quem dá ao pobre, Deus multiplica sua sementeira (2 Co 9.9,10).

IV. ATITUDE DE BARNABÉ


1. Barnabé. Seu nome é José. Seu cognome era Barnabé, nome aramaico que significa “filho da consolação”. Levita natural de Chipre. Era tio de Marcos (Cl 4.10). Tinha coração aberto para contribuir com a obra de evangelização (At 4.36, 37). Era homem de bem, cheio do Espírito Santo e de fé (At 11.22-24).

É chamado de apóstolo, em Atos 14.14. Foi buscar Paulo, em Tarso, para trabalhar junto com ele em Antioquia da Síria (At 11.25,26). Convenceu a Igreja em Jerusalém da real conversão do apóstolo dos gentios (At 9.26-28). Foi indicado pelo Espírito Santo para a obra missionária,juntamente com Saulo (At 13.2- 4).

2. Lei da propriedade levita. Não sabemos se essa propriedade era em Chipre ou na Palestina. Os levitas não tiveram possessão da terra (Nm 18.23, 24; Dt 12.12). Eles eram sustentados pelos dízimos (Nm 18.2; Dt 18.1-4) e tinham permissão para residir em 48 cidades separadas para sua habitação (Nm 35.1; J5 21.1). Seis delas foram designadas como locais de refúgio. A função deles estava ligada ao ritual da purificação, transporte do tabernáculo e auxilio aos trabalhos dos sacerdotes (Nm 3.6-10; 4.3; 8.5, 24-26). Suas terras não podiam ser vendidas, pois eram heranças perpétuas (Lv 25.32, 34).

Barnabé era levita e vendeu suas propriedades. O Talmude diz que essa lei cerimonial já não era observada nos dias dos apóstolos. Os expositores têm apresentado várias especulações sobre isso. Uns afirmam que era herança da esposa. Mas, considerando o aspecto jurídico, na legislação judaica vigente, Barnabé podia vender a sua herdade, mesmo que ela estivesse em Jerusalém. Diante disso, o judeu cristão está isento da lei de Moisés, na nova aliança. O apóstolo Paulo declara que o tal morreu para a lei. Por isso, está livre dela (Rm 7.1-4). Não seria problema para um levita vender suas propriedades.

CAPÍTULO 2 = Versículos 1-4 - 42-47

Vv. 1-4. Não podemos nos esquecer com que freqüência, ainda que o mestre estivesse entre eles, houve discussões entre os discípulos sobre qual deles seria o maior, mas agora todas estas discórdias haviam terminado. Oravam juntos, mais do que antes. Se desejamos que o Espírito seja do alto derramado sobre nós, sejamos unânimes. Ponderemos as diferenças de sentimentos e interesses, como as que haviam entre os discípulos, coloquemo-nos de acordo para amarmo-nos uns aos outros, porque onde os irmãos habitam em unidade, ali o Senhor ordena a sua bênção.

Um vento veemente e impetuoso chegou com muita força. Isto era para significar as influências e a obra poderosa do Espírito de Deus nas mentes dos homens, e por meio deles no mundo. Desta forma, as convicções do Espíríto Santo dão lugar às suas consolações, e as fortes rajadas deste vento bendito preparam a alma para as suas brisas suaves e amáveis.
Apareceu algo com aparência de chamas de fogo, que iluminou a cada um deles, segundo o que João Batista dizia de Cristo: Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo. O Espírito, como fogo, derrete o coração, queima a escória, e acende afetos piedosos e devotos na alma, na qual, como o fogo do altar, são oferecidos sacrifícios espirituais. Foram cheios com o Espírito Santo, mais do que anteriormente.

Foram cheios da graça do Espírito, e mais do que antes, foram colocados sob o seu poder santificador; mais separados deste mundo, e mais familiarizados com o outro. Foram ainda mais cheios com as consolações do Espírito, se regozijaram, mais que antes no amor de Cristo e na esperança do céu; e nisto todos os seus temores e pesares foram desfeitos. Foram cheios dos dons do Espírito Santo; receberam poderes milagrosos para o avanço do Evangelho. Falaram, não de pensamentos ou meditações previas, mas como o Espírito lhes concedia que falassem.

Vv. 42-47. Nestes versículos encontramos a história da Igreja verdadeiramente primitiva, de seus primeiros tempos; seu estado de verdadeira infância, e, como tal, o seu estado de maior inocência. Mantiveram-se próximos às santas ordenanças e abundaram em piedade e devoção; o cristianismo, uma vez que admite alguém em seu poder, dispõe a alma à comunhão com Deus em todas estas formas estabelecidas, para que nos encontremos com Ele, e em que Ele tem prometido reunir-se conosco.

A grandeza deste acontecimento os colocou em uma posição mais elevada que o mundo, e o Espírito Santo os encheu com tal amor, que cada um era para o outro como para si mesmo. E deste modo, fez com que todas as coisas fossem comuns, sem destruir a propriedade, mas suprimindo o egoísmo e incentivando o amor. Deus, que moveu-os a isto, sabia que eles seriam rapidamente expulsos de suas propriedades na Judéia. O Senhor, dia após dia, inclinava mais os corações a abraçarem o Evangelho; não os simples professos, mas os que eram realmente levados a um estado de aceitação diante de Deus, sendo participantes da graça regeneradora. Aqueles que Deus tem designado para a salvação eterna serão eficazmente levados a Cristo até que a terra seja cheia do conhecimento de sua glória.

COMBATENDO O ESPÍRITO LITIGIOSO NA IGREJA = I Co 6: 1-8

Paulo havia acabado de lidar com o problema de um membro sexual- mente imoral (I Co 5.1-8). Agora, ele esforça-se para pôr fim ao litígio que fracionava a unidade da igreja de Corinto. Alguns crentes levavam suas pendências para serem julgadas perante tribunais ímpios (I Co 6.1). Permitiam que os pecadores julgassem suas desavenças!


a) Litígio entre os membros é sinal de irreverência - Os crentes estavam nos tribunais, litigando uns contra os outros perante juízes pagãos. O conselho de Paulo é para que a pureza da igreja fosse preservada, erradicando-se as contendas entre os irmãos. Esses casos, aparentemente, eram civis, porque os cristãos não possuíam jurisdição sobre casos criminais. Os judeus tinham permissão das autoridades romanas para julgar casos civis, e Paulo quer que essa prática seja transferida a Corinto. Porém, seu interesse primordial não é resolver as pendências entre membros, mas que essas não existissem (I Ts 5.15).

b) Litígio e egoísmo produzem ressentimentos - Os coríntios se preocupavam sempre com seus direitos e objetivos egoístas. Em resultado disso, eram extremamente sensíveis quando alguém infringia seus direitos ou inibia sua liberdade. Inevitavelmente, isso induzia os ressentimentos mútuos que paravam nos tribunais. Ir aos tribunais envolvia, como ainda hoje, um processo demorado e dispendioso, que em nada melhorava os relacionamentos dentro da igreja (I Co 6.8).

c) O litígio fragmenta a comunhão cristã - Em Corinto, o método dos partidários da “liberdade” consistia em reivindicarem direitos aqui, ali e em toda aparte. A prática dos crentes levarem uns aos outros aos tribunais havia, provavelmente, se tornado um hábito regular. É lamentável ver até mesmo igrejas acorrendo aos tribunais terrenos, muitas vezes por interesses mesquinhos de posse ou rebeldia. Este espírito litigioso que permeia a igreja do século XXI deve ser combatido com oração e a Palavra de Deus (I Co 6.1-7)

OS LITÍGIOS EXPÕEM A IGREJA PERANTE O MUNDO

Os incrédulos zombam e escarnecem da igreja quando os crentes se envolvem em contendas, rixas e debates. Os escândalos envolvendo religiosos sempre foram atrativos para o mundo sem Deus, o qual espera qualquer descuido de um cristão para denegrir toda a igreja (I Co 6.1).

a) Os cristãos têm responsabilidade perante o mundo - Paulo censura os coríntios devido a sua excessiva avidez por litígio, e isso tinha sua origem na ganância. Esta reprovação, porém, consiste em que, ao processar suas disputas perante os tribunais regidos por incrédulos, estavam dando um péssimo testemunho, reduzindo o evangelho a objeto de escárnio público. Portanto, é algo grave tomar a iniciativa, instaurando processos contra irmãos num tribunal de ímpios. Entretanto, é correto comparecermos diante de um tribunal e conduzirmos nossa causa, se a acusação é feita contra a nossa pessoa (Mt 10.16-20).

b) Os cristãos hão de julgar o mundo - Paulo argumenta que é uma injúria depositar nas mãos dos incrédulos nossas causas, como se não houvesse no colegiado dos santos alguém capaz de julgar (I Co 6.2).
Ele ainda reitera que Deus considerou os santos (cristãos) qualificados para serem designados juízes do mundo inteiro, portanto é intolerável que sejam eles impedidos de exercer o juízo em questões triviais, como se não fossem capazes para isso (I Co 6.3).

c) Os cristãos são dotados de sabedoria celestial – I Coríntios 6.2 tem seu paralelo nas palavras de Jesus: “... Quando, na regeneração, o Filho do Homem se assentar no trono da sua glória, também vos assentareis em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel” (Mt 19.28). Jesus dará aos seus santos a honra de serem seus assessores. Além disso, eles julgarão o mundo, como de fato já começaram a fazer, porquanto sua piedade, fé, amor e integridade de vida deixarão os ímpios sem justificativa, justamente como se diz de Noé (Hb 11.7).

PELA CONSIDERAÇÃO MÚTUA OS LITÍGIOS ACABAM

Na relação interpessoal, os cristãos coríntios abusavam da liberdade cristã ultrapassando as normas da Palavra de Deus. Paulo requeria deles consideração mútua, mas eles contradiziam a vontade de Deus movendo ações judiciais uns contra os outros (I Co 6.4).

a) A base do ensinamento de Paulo é a unidade - A igreja é um corpo espiritual separado do mundo, e também uma família. Os irmãos não devem recorrer ao juízo de terceiros, para a solução de seus conflitos internos. Tal ação, que geralmente resulta em litígio, gera as piores divisões e ressentimentos, sendo uma ignomínia para a igreja. Em Romanos 13.1,2, Paulo reitera que devemos obedecer às leis e respeitar nossos governantes. Mas condena os membros do Corpo de Cristo que ventilam suas contendas em tribunal público. Ele salienta as diferenças entre o mundo e a igreja (I Co 6.1,6, 9,11). A igreja deve ter irmãos maduros, sábios e respeitados para apaziguar os ânimos alterados e evitar processos judiciais (I Co 6.4,5).

b) É melhor sofrer injustiça que prejudicar a igreja - Paulo chama a atenção dos coríntios para a importância da unidade do Corpo de Cristo, assegurando-lhes que eles eram incapazes de sofrer injúrias pacientemente (I Pe 2.19,20). De acordo com as palavras de Cristo, não devemos ser dominados por sentimentos ruins, mas, antes, extrair o melhor das injustiças através de atos de benevolência (Mt 5.44; Rm 12.21). Se a falta de paciência se revela em disputas entre cristãos, a conclusão é que tais disputas serão prejudiciais à igreja (I Co 6.7).

c) Os cristãos carnais não estão dispostos a perdoar - E melhor voltar à outra face do que exigir olho por olho no tribunal da igreja. Jesus disse que se alguém nos toma a túnica, devemos dar-lhe também a capa. Se um discípulo de Cristo pode fazer isto pelo pecador, quanto mais deveria ele dispor-se a fazê-lo por seu irmão. Não é de admirar que o crente carnal não deseje que a igreja julgue seu caso. Ele não está disposto a obedecer às leis de Jesus.A justiça do crente é justiça do perdão, da segunda milha (Mt 5.38-42).

VENCENDO AS INJÚRIAS COM ATITUDES CRISTÃS

A igreja tem sido freqüentemente tentada a enfrentar o desafio do mundo por meios carnais. Mas, não podemos substituir à oração perseverante a obediência à Palavra de Deus pelas armas mundanas (II Co 6.3-10).

a) Vencendo através do amor - Há pessoas que se dedicam ao evangelho, falam em línguas, realizam grandes obras de fé, mais são incapazes de amar o próximo, muito menos aqueles que lhes ofendeu. Diante de Deus, a sua espiritualidade e profissão de fé são vãs (I Co 13.1-7). Não basta nos envolver na obra de Deus, precisamos amar: “Aquele que ama não conhece a Deus, porque Deus é amor” (I Jo 4.8).

b) Vencendo através da compaixão - Ressentir-se em razão dos sofrimentos causados contra nós não trará nenhum beneficio. Como cristãos, precisamos compreender que mais razoável atitude aos atos condenáveis é ter compaixão de quem os pratica. Quando pedimos a Deus que nos ajude a ter compaixão em cada relacionamento conturbado, ele ilumina nosso adversário de modo que possamos ver não um inimigo, mas alguém em desesperada necessidade de cura e de esperança (Jó 6.14).

c) Vencendo através do perdão - Devemos encarar o desafio de aprender a resolver conflitos usando o poder do perdão. Infelizmente, há pessoas que levam o ódio para o túmulo, sem nunca antes ter atentado para os malefícios que o ressentimento pode causar (Hb 12.15). As mágoas e ressentimentos são os cânceres da alma que mantêm abertas as feridas do espírito.Gradativamente, estas feridas vão se alastrando na alma até nos levar a uma profunda debilidade espiritual (Mt 18.21,22).

VIVENDO NO LIMIAR DA ETERNIDADE = 1 PEDRO 4.7-11; 3.8,9

1. O fim está próximo. O primeiro versículo adverte-nos com a sentença: “Está próximo o fim de todas as coisas”. Diante dessa afirmação, qual a maneira correta de vivermos perante a sociedade? Se o fim é iminente, como devemos nos preparar? A perspectiva profética e certeira do fim dos tempos deve nos estimular a estar sempre prontos quanto a nossa vida aqui, e principalmente a vida espiritual. Pedro usou a esperança da vinda de Cristo como incentivo para uma vida reta e um serviço responsável diante de Deus, através da ajuda ao próximo. No texto em estudo, o apóstolo nos apresenta quatro linhas de condutas a serem observadas: sobriedade com oração diária (At 10.9; Cl 4.2,12), amor fraternal com sinceridade e fervor (1.22; Mt 22.37-39; 1 Ts 4.9,10; 2 Pe 1.7), hospitalidade e generosidade sem murmuração (v.9) e mordomia generosa dos dons (v.10).


2. Sobriedade e vigilância em oração. É necessário que o crente tenha absoluto autocontrole, mantendo-se tranqüilo, esperando sempre a direção de Deus em meio as situações difíceis. E, além disso, deve manter-se em constante oração, pois é através da oração que ele se sustenta em vigilância, com seus olhos voltados na direção certa. A expressão “vigiai em oração” aponta para uma só coisa: a necessidade de moderação, de sobriedade e discernimento, não deixando que nada venha nos privar da capacidade de ver e pensar claramente. Assim, mesmo que o Senhor demore a retornar, seus servos estarão prontos e alertas ante aos ataques do Diabo, que sempre quer derrotá-los (cf. 2 Co 2.11; 11.14; = Ef 6.11).

O AMOR EM EVIDÊNCIA

1. Acima de tudo, o amor (v.8). A expressão “sobre tudo”destaca um tema importante neste texto: o amor entre os irmãos. O texto mostra que o amor fraternal já existe no crente; isto porque o Espírito Santo habita em nós (Rm 8.11).

Agora é preciso que ele seja mais intenso, mais ardente. Se amarmos nossos irmãos ardentemente, estaremos sempre prontos a perdoá-los. Ou seja, se o nosso amor for suficientemente forte, poderemos exercê-lo a despeito das graves faltas que algum irmão possa cometer contra nós. Assim como Deus trata-nos graciosamente, a despeito dos nossos pecados, devemos tratar os outros com amor divino: “Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós” (...) “Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós. E nós devemos dar a nossa vida pelos irmãos” (Jo 15.12; 1 Jo 3.16).

Isso significa que devemos amar as pessoas com o mesmo amor com que Cristo nos amou, amor ágape, divino. Em termos práticos, devemos desejar aos nossos irmãos tudo de bom que desejamos para nós mesmos. Se queremos uma boa escola para os nossos filhos, devemos esperar que os nossos irmãos e amigos também consigam uma boa escola para os seus. Se ansiamos por qualquer outro bem que nos permita viver confortavelmente, também devemos desejar essas coisas ao nosso próximo. Esta mensagem já havia sido comunicada em 1 Pel.22. Os crentes devem ser conhecidos pelo amor que demonstram uns aos outros, porque assim estarão imitando seu Senhor e Mestre (Jo 13.3 5).

2. O amor cristão. O amor divino em nós é a maior de todas as virtudes cristãs, mais importantes que a fé ou a esperança (1 Co 13.12). O amor cristão não consiste meramente em emoção; é uma qualidade da alma, mediante a qual o crente sente vontade de servir ao próximo. Ele leva a pessoa a considerar seus semelhantes sempre com benevolência, estima, respeito, justiça e compaixão. Este amor exemplificado por Cristo permeia todo o evangelho (Jo 3.16; Mt 22.34-40; Jo 15.9-13) e é, em resumo, a essência do Cristianismo.

“No Cristianismo, tudo começa no amor, se sustenta no amor e culmina no amor. ‘Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu Filho... = = (Jo 3.16); ‘Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores’ (Rm 5.8); ‘Andai em amor, como também Cristo vos amou, e se entregou a si mesmo por nós, em oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave’ (Ef 5.2)”. (Conhecidos pelo Amor, CPAD) Quando o crente, como discípulo do Senhor, rende-se inteiramente a Cristo, seu amor flui — transborda em relação aos outros, sabendo nós que o nosso amor a Deus implica também em odiarmos o mal (não as pessoas)(SL97.10).

PRATICANDO O AMOR

1. A hospitalidade (v,9). O texto bíblico a seguir aborda outro aspecto do amor entre os irmãos: a prática da hospitalidade, também lembrada pelo escritor aos hebreus: “Não vos esqueçais da hospitalidade, porque por ela alguns sem o saberem, hospedaram anjos” (Hb 13.2).

Qual o valor da hospitalidade? Naqueles tempos, as hospedarias eram escassas, muito caras e freqüentadas por meretrizes e maus elementos. Os cristãos acolhiam em seus lares outros crentes que por ali passavam de viagem. Muitos missionários foram agraciados por aqueles irmãos enquanto viajavam em suas jornadas evangelísticas. O próprio apóstolo Pedro fora recebido por Cornélio, e Cesárea (At 9.43; 10.5,23-48). Esta abençoada prática continua ainda hoje.

Não havia templos e as reuniões congregacionais eram feitas em casas, que se abriam para receber a congregação. Os lares dos crentes eram o centro da vida comunitária cristã e da missão evangelizadora e, por isso, era mister que eles fossem hospitaleiros. Todos nós devemos ser hospitaleiros(Rm 12.13). A importância da hospitalidade é também vista no fato de ela ser um dos quesitos de quem aspira o santo ministério (1 Tm 3.2; Tt 1.8). Ela deve ser prestada, sobretudo aos estranhos (Hb 13.2), aos pobres (Is 58.7; Lc 14.13,) e até mesmo aos inimigos (2 Rs 6.22,23; Rm 12.20).

2. Serviço (v.1O). O amor de Deus é expresso pelo amor ao próximo, por isso a vida cristã deve ser uma vida de serviço aos outros. Jesus “não veio para ser servido, mas para servir” (Mc 10.45). Ele se identificou com os necessitados e desabrigados, por isso considera aqueles que mais dão de si mesmos, como os que mais se assemelham a Ele, que nunca poupou coisa alguma de si mesmo em seu serviço aos outros. Aqueles que servem aos seus semelhantes, na realidade estão servindo a Deus e a Cristo (Mt 25.40).

3. A mordomia dos dons (v. 10). Todos recebemos dons e talentos para servirmos aos outros. Esses dons podem ser naturais, ativados pela ação do Espírito ou de capacitações sobrenaturais concedidas ao crente pelo Espírito Santo, para com a finalidade de servir. Cada um deve colocar o seu dom a serviço de todos, e assim o cristão se torna despenseiro da graça de Deus.
A graça divina manifesta-se de muitos modos e concretiza-se na vida humana de muitas maneiras. Deus concede dons de modo multiforme, de acordo com as necessidades da Igreja.

CONCLUSÃO

Esse exemplo de comunhão deve ser seguido pelos cristãos, pois isso fortalece a unidade da Igreja. Unidos, estamos somando as forças na luta contra as hostes infernais, e, dessa forma, a evangelização vai ganhando espaço, para a glória do nome de Jesus. Isso não pode ser conquistado, se não houver comunhão.


Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus
Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS


BIBLIOGRAFIA

Lições bíblicas CPAD 1996
Lições bíblicas CPAD 2001
Bíblia de Estudo Pentecostal
Comentário Bíblico Mathew Henry

12 de janeiro de 2011

O DERRAMAMENTO DO ESPIRITO SANTO NO PENTECOSTE

O DERRAMAMENTO DO ESPIRITO SANTO NO PENTECOSTE

TEXTO ÁUREO = “De sorte que, exaltado pela destra de Deus e tendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou isto que vós agora vedes e ouvis” (At. 2.33).

VERDADE PRÁTICA = Deus é infinitamente poderoso para hoje derramar sobre nós o seu Espírito como um rio transbordante, assim como fez no passado.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE = ATOS 2.14-21

INTRODUÇÃO

Neste ano de 2011 comemora- se em todo o mundo o Centenário do Movimento Pentecostal, no qual se situa a Assembléia de Deus. A comemoração presta justa homenagem aos pioneiros do Movimento Pentecostal que deixaram suas Indeléveis marcas espirituais nos trabalhos que levantaram em meio a muito sofrimento e necessidades. Que esta comemoração centenária seja uma ocasião para que a igreja, numa firme determinação diante de Deus, mantenha a pureza doutrinária, os princípios e as verdades bíblicas que norteiam o seu caminhar, inclusive, no que concerne à Pessoa, às operações e ministrações do Espírito Santo, segundo as Escrituras.

A PROMESSA DO PENTEGOSTES E SUA GRANDEZA (VV.16-18).

Foi o profeta Joel, no Antigo Testamento, a quem Deus revelou com mais detalhes o derramamento do Espírito nos últimos tempos (Jl 2.23-32). Joel foi, talvez, o primeiro dos profetas literários (profetas que escreveram suas mensagens), o que salienta ainda mais a sua profecia sobre o Pentecostes (At 2.16-21, 33). O termo “Pentecostes”, nesta lição, é uma referência ao batismo com o Espírito Santo, e não à festa judaica de mesmo nome que ocorria cinqüenta dias após a páscoa (At 2.1; 20.16; I Co 16.6).

1. “Derramarei o meu Espírito” (v.17). Assim diz Deus neste versículo. Isso fala de grande abundância e fartura espirituais, qual um rio que enche até transbordar em suas margens, mediante chuvas volumosas. Quando tal poder desce sobre a igreja, ela se torna como um incontável, poderoso e invencível exército, como está profetizado em Ezequiel 37.10.

Os discípulos mudaram muito para melhor, após serem revestidos desse poder divino no cenáculo em Jerusalém. É só comparar o desempenho deles nos Evangelhos, como eram e o que faziam, com o relato de suas vitórias no livro de Atos, após a experiência pentecostal do capítulo 2.


2. A profecia de Joel (Jl 2.28-32). Os versículos 28 a 32 de Joel, no texto hebraico, perfazem um capítulo à parte - o 3. De fato, a grandeza e o alcance do assunto desta passagem - o futuro derramamento do Espírito sobre a igreja - requer um capítulo à parte! Esta sublimidade, pode ser relacionada ao que está revelado em 2 Coríntios 3.7-12, principalmente o v. 8, que diz: “Como não será de maior glória o ministério do Espírito?” Aleluia! Esta passagem, juntamente com Romanos 8, é uma das mais ricas de toda a Bíblia sobre o indizível e glorioso ministério do Espírito nesta era da igreja. Ler Is 55.1; 44.3.

A PROMESSA DO PENTECOSTES E SUA UNIVERSALIDADE (VV. I7, I8).

Nos tempos do Antigo Testamento, o Espírito Santo, por via de regra, permanecia entre os fiéis (Ag 2.5; Is 63.11). Há poucos casos de homens a quem Deus encheu do seu Espírito para missões específicas, como os costureiros de Êxodo 28.3; Bezalel (Éx 31.3; 35.31); e Josué (Dt 34.9).

1. Habitação do Espírito. Nesta dispensação da igreja, isto é, do corpo místico dos salvos em Cristo, o Espírito habita em toda pessoa por Ele regenerada e salva por Jesus (Jo 14.16,17; 1 Jo 4.13; Rm 8.9). Ao mesmo tempo, Jesus também quer batizar os crentes com o Espírito Santo, revestindo-os com poder para o serviço do Senhor (At 1.5; 2.1-4, 32,33; Lc 24.49).

Foi essa capacitação sobrenatural nos crentes dos primeiros tempos, o segredo do rápido e vitorioso avanço do reino de Deus, apesar das limitações, sofrimentos e perseguições. Não há outra explicação. Hoje, com tantos recursos da ciência moderna, saberes e técnicas aprendidas nas escolas, o avanço é lento e, às vezes, quase nenhum. É a diferença entre a requintada armadura de Saul sem o Espírito de Deus (I Sm 16.14), e o jovem Davi desprovido dela, mas ungido e possuído pelo Espírito Santo (I Sm 16.13).

2. “Sobre toda a carne” (v.17). Isso fala de algo da parte de Deus para todos, em todos os países, povos e raças do mundo. Também de imparcialidade.

a) “Vossos filhos e vossas filhas”: Para a família, o lar; também, sem distinção de sexo.

b) “Vossos jovens e vossos velhos”: Sem distinção de idade, pois Deus quer usar a todos, de um modo ou de outro.

c) “Servos e servas”: Não há discriminação social. Deus abençoa os que são pequenos em si mesmos, mas elevados no Senhor (Sl 115.13; Hb 8.11).

Este manancial está a fluir desde o Dia de Pentecostes. O v.16 afirma: “isto é o que foi dito pelo profeta”. Não é apenas para o futuro, mas também para os dias atuais.
A PROMESSA DO PENTECOSTES E SUA RIQUEZA (VV. 17,18).

1. Os dons espirituais. Juntamente com a promessa divina está escrito: “e profetizarão” (vv. 17,18). O batismo com o Espírito Santo abre caminho para a manifestação dos dons espirituais, segundo a vontade e propósitos do Senhor.
Um desses gloriosos dons é o de profetizar pelo Espírito Santo, como consta em
I Co 12.4-11, 28; 14.1-6, 22, 24, 29- 32; Rm 12. 6-8; Ef 4.11.

2. Os sinais sobrenaturais (Marcos 16.17, 18): Milagres, cura divina, línguas estranhas, expulsão de demônios (At 2.43b). No desempenho do ministério de Jesus a operação de “maravilhas, prodígios e sinais” (At 2.22) eram precedidos pelo ensino e pregação (Mt 4.23; 9.35). O nosso ministério hoje não deve ser diferente; para isso o Espírito Santo foi enviado por Deus para nos capacitar.

A PROMESSA DO PENTECOSTES E SUA FUTURIDADE (VV.19, 20).

1. Futuro profético. Avinda do Espírito Santo no Dia de Pentecostes para dotar os crentes de poder, não se limita aos tempos atuais, mas adentra o futuro profético. Os sinais sobrenaturais esboçados nos vv. 19 e 20, bem como em outras passagens correlatas, aguardam cumprimento futuro. A efusão do Espírito terá a sua plenitude durante o milênio no reinado do Messias, como prediz Isaías 32.15-17. É justo crer que no reino do Messias, o Espírito será amplamente derramado (Zc 12.10; Ez 39.29).

2. A promessa divina do Pentecostes em Joel 2.2 8. Esta promessa diz “derramarei o meu Espírito”; ao passo que no cumprimento em Atos 2.17, a Palavra diz “do meu Espírito derramarei”, denotando um derramamento parcial.
Certamente isso foi revelado por Deus a Paulo, quando em Rm 8.23, fala em “primícias do Espírito”.

3. A profecia pentecostal de Joel 2.23. Esta profecia prediz a chuva “temporã” e a “serôdia”. O mesmo está dito em Tiago 5.7,8.

a) Chuva temporã. Na Bíblia, “chuva temporã” é uma referência ao Oriente Médio, em se tratando de agricultura, às primeiras chuvas de outono (fins de outubro), logo após a semeadura, para a germinação das sementes e crescimento das plantinhas.

b) Chuva serôdia. São as últimas chuvas que precedem a colheita (fins de março), quando os grãos já estão amadurecidos. Profeticamente, como em JI 2.23; Tg 5.7,8; Os 6.3, a “chuva serôdia” do Espírito Santo da promessa (Ef 1.13), precederá a superabundante colheita espiritual para o reino de Deus.



A PROMESSA DO PENTECOSTES A BARCA A SALVAÇAO (V. 21).

1. “E acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo”. Em o nome do Senhor há poder para salvar em todo e qualquer sentido.

Aqui, o original é “kyrios”, isto é, Jesus como o supremo Senhor de tudo e de todos. Ver Rm 10.9, 13; Fp 2.9-11. Este nome salva (At 4.12); protege (Sl 20.1); cura (At 3.6); expulsa demônios (Mc 16.17); socorre nas emergências e nos apertos (Sl 124.8). O Senhor Jesus reiteradamente falou sobre a vinda do Espírito Santo, o Consolador, para ficar conosco. Isto destaca a missão do Espírito na terra (Jo 7.39; 14.16, 17, 26; 15.26; 16.7, 13; Lc 24.49; At 1.4, 5, 8).

2. Fonte de Vida. Em João 7.38, 39, Jesus falou do Espírito Santo sobre o crente, como um rio caudaloso e transbordante, o que fala de vida, subsistência, movimento, ruído, energia, destinação e renovação. Assim deve ser uma igreja realmente avivada pelo Espírito.

3. Trajetória de poder. Na história da igreja no livro de Atos, ela inicia sua trajetória com “grande poder” (4.33), e, encerra com “grande contenda” (28.29).
O poder procede de Deus; a contenda dos homens. A origem do poder está em Deus (Sl 62.1 1); da contenda, no orgulho humano (Pv 13.10). Que Deus nos guarde e nos livre disso. Um povo avivado pelo Espírito deve, pela vigilância, evitar dissensões em qualquer lugar, e por onde andar.

A Vinda do Espírito Santo = Atos 1.12-2.13

O rei Davi planejou a edificação do Templo e reuniu OS materiais necessários. Mas foi Salomão, seu sucessor, quem o erigiu (1 Cr 29.1,2). Jesus igualmente planejou a Igreja durante seu ministério terreno (Mt 16.18; 18.17). Preparou os materiais humanos, porém deixou ao seu sucessor e representante, o Espírito Santo, o trabalho de erigi-la. Foi no dia de Pentecoste que esse tem- PIO espiritual foi construído e cheio da glória do Senhor (cf. Ex 40.34,35; 1 Rs 8.10,11; Ef 2.20,2). O dia de Pentecoste era o aniversário da Igreja, e o cenáculo, o local do seu nascimento.

1 - O Dia

“E, cumprindo-se o dia de Pentecostes...” O nome “Pentecoste” (derivado da palavra grega “cinqüenta”) era dado a uma festa religiosa do Antigo Testamento. A festa era assim denominada por ser realizada 50 dias após a Páscoa (ver Lv 23.15-21). Observe sua posição no calendário das festas. Em primeiro lugar festejava-se a Páscoa. Nela se comemorava a libertação de Israel no Egito. Celebravam a noite em que o anjo da morte alcançou os primogênitos egípcios, enquanto o povo de Deus comia o cordeiro em casas marcadas com sangue. Esta festa tipifica a morte de Cristo, o Cordeiro de Deus, cujo sangue nos protege do juízo divino.
No sábado, após a noite de Páscoa, os sacerdotes colhiam o molho de cevada, previamente selecionado. Eram as primícias da colheita, que deviam ser oferecidas ao Senhor. Cumprido isto, o restante da colheita podia ser ceifado. A festa tipifica Cristo, “as primícias dos que dormem” (1 Co 15.20). O Senhor foi o primeiro ceifado dos campos da morte para subir ao Pai e nunca mais morrer. Sendo as primícias, é a garantia de que todos quantos nele crêem segui-lo-ão pela ressurreição, entrando na vida eterna.

Quarenta e nove dias eram contados após o oferecimento do molho movido diante do Senhor. E no qüinquagésimo dia - o Pentecoste - eram movidos diante de Deus dois pães. Os primeiros feitos da ceifa de trigo. Não se podia preparar e comer nenhum pão antes de oferecer os dois primeiros a Deus. Isto mostrava que se aceitava sua soberania sobre o mundo. Depois, outros pães podiam ser assados e comidos. O significado típico é que os 120 discípulos no cenáculo eram as primícias da igreja cristã, oferecidas diante do Senhor por meio do Espírito Santo, 50 dias após a ressurreição de Cristo. Era a primeira das inúmeras igrejas estabelecidas durante os últimos 19 séculos.

O Pentecoste foi a evidência da glorificação de Cristo. A descida do Espírito era como um “telegrama” sobrenatural, informando a chegada de Cristo à mão direita de Deus. Também testemunhava que o sacrifício de Cristo fora aceito no Céu. Havia chegado a hora de proclamar sua obra consumada. O Pentecoste era a habitação do Espírito no meio da Igreja. Após a organização de Israel, no Sinai, o Senhor veio morar no seu meio, sendo sua presença localizada no Tabernáculo. No dia de Pentecoste, o Espírito Santo veio habitar na Igreja, a fim de administrar, dalí, os assuntos de Cristo.

O Local (At 1.12-14)

“Estavam todos reunidos no mesmo lugar”. O horário era antes das nove da manhã (a hora do culto matutino). O lugar era o cenáculo (At 1.14) duma casa particular, local regular para a observância de festas religiosas, tais como a Páscoa. Embora esses crentes provavelmente freqüentassem as reuniões de culto três vezes por dia no Templo, também gastavam muito tempo no cenáculo, onde “perseveravam unânimes em oração”.

Cada grupo presente nos sugere uma verdade. Os apóstolos, que seguiram a Jesus desde o início, eram as verdadeiras colunas da Igreja (Ef 2.20). Judas estava ausente. E possível seguir a Jesus durante anos e ainda perder a bênção suprema. As mulheres no meio do grupo eram heroínas anônimas da fé (ver Lc 8.2,3). Maria, a mãe de Jesus, foi revestida pelo Espírito Santo para que desse à luz a Cristo. Agora, ela esperava outro derramamento que traria a lume o Cristo espiritual. Os irmãos de Jesus, embora não cressem nEle antes (Jo 7.5), agora humildemente se submetem ao Irmão e o reconhecem como Senhor.


O Som

“E de repente veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados”. Foi como se uma tempestade tivesse entrado na casa sem continuar o seu caminho. O vento é um conhecido símbolo do Espírito Santo (Ez 37.1-14; Jo 3.8). O vento, representante do sopro divino, encheu primeiro o cenáculo, a casa de Deus, e em seguida os indivíduos que adoravam. Passou, então, a se espalhar pela terra em poder vivificante. Como na criação, quando o Espírito do Senhor pairava sobre as águas (Gn 1.2). Podemos imaginar o Cristo glorificado, em pé, à mão direita de Deus, soprando sobre os 120 e dizendo: “Recebei o Espírito Santo” (Jo 20.22; cf. 1 Co 15.45).

A Visão

“E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles”. Esta manifestação deve ter feito os discípulos lembrarem-se das palavras de João Batista: “Batizará com o Espírito Santo, e com fogo”. Diante dos seus olhos estava a evidência física do cumprimento desta profecia.
E qualquer judeu entenderia muito bem que o fogo proclamava a presença de Deus, trazendo à memória incidentes, como a sarça ardente (Ex 3.1,2), o fogo no monte Carmelo (1 Rs 18.36-38), o pilar de fogo no deserto e a vocação de Ezequiel (Ez 1.4). As línguas de fogo se assentando em cada um deles indicava que surgia uma nova dispensação. O Espírito de Deus já não seria concedido à comunidade como um todo, e sim a cada membro individualmente. A forma do fogo, em línguas, indicava que o dom de línguas sobrenaturais tinha sido outorgado a esta companhia de pessoas. O Espírito, como o fogo, dá luz, purifica, dá calor e propaga-se.

O Falar em Línguas

Apareceu em seguida a realidade da qual o vento e o fogo eram símbolos: “E todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem”. Notemos alguns fatos importantes sobre o falar em línguas. O que produz esta manifestação? O impacto do Espírito de Deus sobre a alma humana. E tão direto e com tanto poder, que a pessoa fica extasiada, falando de modo sobrenatural. Isto pelo fato de a mente ficar totalmente controlada pelo Espírito. Para os discípulos, era evidência de estarem completamente controlados pelo poder do Espírito prometido por Cristo.

Quando a pessoa fala uma língua que nunca aprendeu, pode ter a certeza de que algum poder sobrenatural assumiu o controle sobre ela. Alguns argumentam que a manifestação do falar em línguas limitou-se à época dos apóstolos. Aconteceu para ajudá-los a estabelecer o Cristianismo, uma novidade naquela época. Não existe, no entanto, limites à continuidade dessa manifestação no Novo Testamento.
Mesmo no quarto século depois de Cristo, Agostinho, o notável teólogo do Cristianismo, escreveu: “Ainda fazemos como fizeram os apóstolos, quando impuseram as mãos sobre os samaritanos, invocando sobre eles o Espírito mediante a imposição das mãos.

Espera-se por parte dos convertidos que falem em novas línguas.” Ireneu (115-202 d.C.), notável líder da Igreja, era discípulo de Policarpo, que por sua vez foi discípulo do apóstolo João. Ireneu escreveu: “Temos em nossas igrejas muitos irmãos que possuem dons espirituais e que, por meio do Espírito, falam toda sorte de línguas”. A Enciclopédia Britânica declara que a glossolalia (o falar em línguas) “ocorreu em reavivamentos cristãos durante todas as eras; por exemplo, entre os frades mendicantes do século XIII, entre os jansenistas e os primeiros quaquers, entre os convertidos de Wesley e Whitefield, entre os protestantes perseguidos de Cevennes, e entre os irvingitas”. Podemos multiplicar as referências, demonstrando que o falar em línguas, por meios sobrenaturais, tem ocorrido em toda a história da Igreja. (Nota: O falar em línguas nem sempre é em língua conhecida. Ver 1 Co 14.2.)

Têm havido casos, recentes de pessoas falarem, por meio de um poder sobrenatural, línguas que nunca aprenderam, e de haver na congregação quem as entendesse. O livro de S.H. Frodsham, Com Sinais que se Seguiam, contém muitos exemplos de tais ocorrências. Alguns ficaram perpiexos diante deste fenômeno novo e estranho, e perguntaram: “Que quer isto dizer?” Outros zombavam, dando a entender que os discípulos estavam bêbados.

Ensinamentos Práticos

1. O dom e o sinal. Enquanto Elias aguardava a revelação do Senhor, no monte Horebe, ouviu um vento, um terremoto, um incêndio e, finalmente, uma voz tranqüila e suave. Deus estava na voz tranqüila e suave. Não na violenta comoção dos elementos. Deus emprega meios mais barulhentos para atrair a atenção dos homens. Sua verdadeira mensagem, porém, é falada diretamente ao coração.
Semelhantemente, Deus mandou o vento, o fogo e as línguas no dia de Pentecoste - verdadeiras manifestações do Espírito. No âmago destas manifestações espetaculares havia o propósito de Deus de converter os corações humanos ao Evangelho. É um erro procurar as línguas por si só. Busquemos a pessoa do Espírito, e o sinal será acrescentado.

2. Reavivamento precedido por oração. “Estavam todos reunidos no mesmo lugar”. Há muitos anos, certo ministro da Turquia, não muito familiarizado com os costumes da Europa, foi levado a um concerto. Escutava os músicos afinando seus instrumentos e não se sentia bem. Logo irritou-se e saiu do auditório. Confundiu a afinação com a música propriamente dita. Deveria ter esperado até que o regente tomasse seu lugar. Então ouviria as mais belas harmonias.

Por dez dias os discípulos afinaram-Se. Agora, o Regente celestial estava pronto para dirigir o grande Antema de Pentecoste. E um ditado popular entre os crentes que o evangelista não traz um reavivamento na sua mala. Mas quando todos oram de comum acordo é porque está próximo o reavivamento.

3. Eco celestial. “Veio do céu um som...” Nossas orações fazem eco às promessas de Deus. E as respostas de Deus formam o eco das nossas orações. Dois instrumentos de cordas podem ser afinados com o mesmo diapasão. Se são tocadas as cordas de um deles, as cordas do outro vibram em simpatia. Se nossos corações se afinam com a vontade de Deus. Se nossos espíritos vibram em oração. Então, podemos esperar que haja semelhante vibração no Céu, respondendo à nossa oração. Nosso clamor proferido na terra será respondido por um som celestial.

4. A língua de fogo. Certo jovem ministro, pregando na presença do ‘famoso Dr. Talmadge, queria impressioná-lo com sua sabedoria. Mas a análise do Dr. Talmadge era: “Jovem, ou coloque mais fogo nos seus sermões, ou jogue mais dos seus sermões no fogo!” A verdadeira eloqüência não é uma questão de se dispor as palavras com perícia; é uma seqüência de palavras que transbordam de um coração aceso com fogo celestial. O pregador verdadeiramente eloqüente é aquele cujo coração foi inflamado com fogo dos altares do Céu.

5. Fogo pentecostal. W. Arthur escreveu em seu livro “A Língua de Fogo”: “imaginemos que visitássemos um exército sitiando uma fortaleza, e os soldados dissessem que haveriam de abatê-la. Perguntaríamos ‘Como?’ e eles mostrariam a bala do canhão. Bem, esta não possui poder, porque, se todos os homens do exército a lançassem contra a fortaleza, não fariam nela impressão alguma. Depois dizem: ‘Olhem o canhão’. O canhão, porém, não possui poder algum; uma criança pode montar nele, um pássaro pode fazer seu ninho nele; é urna máquina e nada mais. ‘Mas, olhem a pólvora’. Bem, esta também não possui poder, porque uma criança pode derrubá-la e os pássaros podem ciscar nela. Quando, porém, se coloca a bala que não possui poder, no canhão, juntamente com a pólvora, urna centelha de fogo transforma a pólvora em relâmpago e a bala em golpe violento. Assim acontece com a organização eclesiástica; temos o equipamento, mas precisamos do batismo do fogo!”

6. Ventos celestiais. Disse Jesus: “O vento assopra onde quer...” Como podemos ficar no caminho certo onde sopra o vento celestial, a fim de sermos “inspirados pelo Espírito Santo”? (2 Pe 1.21). Primeiro, precisamos de “velas” espirituais, ou seja, o desejo e a receptividade para receber a bênção. Depois, devemos freqüentar os lugares onde sopram os ventos de Deus - reuniões de oração, estudos bíblicos, cultos de reavivamento.

7. Ficando prontos para o poder espiritual. Podemos desejar o poder espiritual, mas estamos prontos para recebê-lo? Deus o pode confiar às nossas mãos? Estamos dispostos a deixar Deus operar segundo a maneira dEle?
Nós queremos tomar posse do poder e fazer uso dele. Deus quer que o poder tome posse de nós e faça uso de nós. Se nos entregamos ao poder, deixando-o dominar em nós, o poder nos será entregue para dominar através de nós. Algumas pessoas suspiram de vontade para terem mais do Espírito Santo, porém, a verdade é que o Espírito Santo quer ter mais de nós!

8. Ficando cheios do Espírito. “Todos ficaram cheios do Espírito Santo”. Podemos distinguir três fases desta plenitude. A original, quando o crente recebe o Espírito Santo pela primeira vez, sendo nEle batizado (At 1.5; 2.4; 9.17). Depois, existe aquela condição que se descreve com as palavras: “Cheio do Espírito Santo” (At 6.3; 7.55; 11.24), que explicita o comportamento diário do homem espiritual.

Quais as evidências de que alguém está cheio do Espírito? (GI 5.22,23). Finalmente, há revestimentos do Espírito para ocasiões especiais. Paulo recebeu a plenitude do Espírito Santo após a sua conversão, mas Deus lhe concedeu um revestimento especial para repreender o poder do diabo. Pedro ficou cheio do Espírito no dia de Pentecoste, mas Deus lhe concedeu uma unção especial quando ficou na presença do concílio dos judeus (At 4.8). Os discípulos todos tinham recebido o batismo no Espírito Santo no dia de Pentecoste, mas, em resposta às suas orações, Deus lhes concedeu um revestimento especial para fazerem frente à perseguição por parte dos líderes dos judeus (At 4.31). Uma pessoa pode ter a plenitude do Espírito Santo na sua vida, e ainda pedir um derramamento especial para subir ao púlpito, equipando-o com unção especial para falar. Ser cheio do Espírito é mais do que um privilégio; é um dever. “Enchei-vos do Espírito” (Ef 5.18).

O que significa viver urna vida cheia do Espírito? Em primeiro lugar, consideremos a falta de tal experiência: mundanismo, falta de preocupação pelos perdidos, falta de testemunho, retenção do dinheiro devido às ofertas a Deus, falta de oração e de leitura bíblica, atitude de indulgência para com o pecado. Consideremos também as indicações positivas de uma vida cheia do Espírito
Santo: Gálatas 5.22,23.

9. A inteligibilidade do Evangelho. “Como pois os ouvimos, cada um, na nossa própria língua em que somos nascidos?” Os discípulos literalmente falavam outras línguas, de forma milagrosa. A lição espiritual sugerida é que
o Evangelho deve ser apresentado de forma inteligível a todas as nações e classes. O pregador deve saber pregar aos cultos e analfabetos, adultos e crianças, respeitados e excluídos pela sociedade. Alguém disse de seu pastor muito letrado: “Durante seis dias da semana, ele é invisível; e no sétimo dia, é incompreensível”. Se tal pastor convivesse mais com seu povo, conheceria suas necessidades e saberia falar sua linguagem.


10. Vinho do Espírito. “Estão cheios de mosto” (literalmente, cheios de “vinho novo”). Estas palavras de zombaria eram verdadeiras, espiritualmente falando. Ser salvo e cheio do Espírito é uma santa embriaguez. Afinal, o Senhor entra na vida do ser humano, despertando-o dos seus pecados e mudando todos os seus valores e pontos de vista. “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é...” Não é de surpreender que o mundo considere o Evangelho loucura, e os crentes corno loucos. Segundo o Evangelho, devemos morrer para viver, estar perdidos para sermos achados, condenados para sermos redimidos. Devemos possuir nada a fim de possuir tudo, e nos humilhar para sermos exaltados.
Os efeitos dessa “embriaguez” são: exercer influência espiritual, inspirar confiança, entusiasmo, alegria, paz, coragem. Não é de estranhar que Paulo dissesse: “E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei- vos do Espírito”.

O derramamento do Espírito Santo (2:1-13).

Depois de terminarem os dias de espera, o Espírito Santo veio sobre o grupo reunido dos discípulos de modo inédito, acompanhado de sinais sobrenaturais e fazendo com que irrompessem em louvores a Deus em línguas diferentes das suas próprias. Na medida em que os discípulos saíam para as ruas, a sua atividade estranha atraía a atenção das pessoas que ficaram atônitas com aquilo que ouviram. Muitas ficaram assombradas, mas algumas estavam dispostas a buscar uma explicação racionalística e algo desonrosa daquilo que acontecia.

Somente Lucas se refere à história de como o Espírito veio sobre a igreja pela primeira vez, mas está firmemente assegurada a historicidade essencial do incidente.’0 Sua colocação em Atos corresponde à posição do nascimento de Jesus no Evangelho, e o seu significado é que a igreja agora está equipada com a tarefa do testemunho e da missão, e imediatamente passa a empreendê-la. A história contém o cumprimento da profecia em 1:4-5 e, assim, descreve como os discípulos foram batizados com o Espírito Santo; mais corretamente, é a primeira ocorrência desta experiência. Ao mesmo tempo, o evento cumpre as profecias de Isaías 32:15 e 31 2:28-32, indicando, assim, que chegaram os últimos dias. Alguns estudiosos detectaram na história um contraste deliberado com a história de Babel (Gn cap. 11) e o equivalente cristão à outorga da Lei no Sinai. A primeira destas possibilidades no tem base no texto, ao passo que a evidência em prol da última é mais sólida, mas não convence totalmente.

Pentecoste é o nome dado no Novo Testamento à Festa das Semanas, quando a ceifa do trigo era celebrada por uma festa de um dia, durante a qual se oferecia sacrifícios especiais (Ëx 23:16; Lv 23:15:21;, Dt 16:9-12). Assim como outras festas se associavam com eventos na história de Israel (e.g. a Páscoa com o êxodo do Egito), assim também no judaísmo a festa se associava com a renovação da aliança feita com Noé e depois com Moisés (Jubileus 6); no judaísmo do século II, o Pentecoste foi considerado como sendo o dia em que a Lei foi outorgada no Sinai.
É interessante que havia unia tradição rabínica que dizia que a Lei foi promulgada por Deus nas línguas das setenta nações do mundo, mas no podemos ter a certeza de que esta tradição fosse corrente no século 1. Os discípulos ainda estavam em Jerusalém; alguns estudiosos pensam que estavam no - templo, tendo em vista a palavra “casa” no v. 2, mas “casa”, empregada assim em isolamento, no pode significar o templo. Sem dúvida, há referência à companhia de 120 pessoas, e no apenas os doze apóstolos, reconstituídos.

Visto que, noutros lugares, o Espírito é assemelhado ao vento, e que a palavra aqui empregada (Grego pneuma), pode ter ambos os sentidos, no é de se estranhar que o primeiro dos dois símbolos que acompanhavam a Sua chegada era um som como de um vento; Lucas o descreveu como sendo quase palpável quando disse que encheu toda a casa.

A linguagem, conforme devemos notar, é aquela da analogia — um som como o do vento — e indica que tratamos com urna ocorrência sobrenatural. O simbolismo relembra as teofanias do Antigo Testamento (2 Sm 22:16; Jó 37:
10; Ez 13:13): o vento é um sinal da presença de Deus como Espírito. O segundo símbolo foi o fogo. Uma chama se dividiu em várias línguas, de modo que cada urna delas pousou sobre uma das pessoas presentes. Outra vez, a descrição é analógica como de fogo. E, mais urna vez, relembramos as teofanias do Antigo Testamento, especialmente aquela no Sinal (Êx 19:18), mas a situação histórica é provavelmente a associação que João Batista fez entre o Espírito e o fogo como meio de purificação e julgamento (Lc 3:16).

Com estes sinais externos, veio o Espírito Santo como realidade interna e invisível que demonstrou a Sua presença mediante os efeitos sobre os discípulos. Lucas emprega a expressão ficaram cheios para descrever a experiência. Esta palavra se emprega quando as pessoas recebem o revestimento inicial do Espírito para capacitá-las para o serviço de Deus (9:17; Lc 1:15), e também quando ficam inspiradas para fazerem declarações importantes (4:8, 31; 13:9); palavras afins se empregam para descrever o processo contínuo de ser cheio com o Espírito (13:52, Ef 5:18) ou o estado correspondente de estar cheio (6:3; 5; 7:55; 11:24; Lc 4:1). Estas referências indicam que se uma pessoa já está cheia do Espírito, pode receber um novo revestimento para uma tarefa específica, ou um enchimento contínuo. É importante observar, também, que aquilo que aqui se chama “ficar cheio”, também é chamado “batismo” (1:5 e 11:16), um “derramamento” (2:17-18; 10:45), e um “recebimento” (10:47). O ato básico de receber o Espírito pode ser descrito como ser “batizado” OU “cheio’ mas o verbo “batizar” não se emprega para experiências subseqüentes.

Boa parte da confusão teológica seria evitada se tomássemos o cuidado de empregar estes termos conforme a maneira bíblica. Devemos notar, outrossim, que aquilo que mais tarde aconteceu a Cornélio e à sua família foi o mesmo que aconteceu no Pentecoste (11:15); na ocasião da converso, o crente experimenta o seu próprio “Pentecoste”.
É provável que Lucas tenha empregado o termo “cheios” neste contexto, porque o Espírito inspirou aqueles que O receberam a falar em outras línguas. Vv 6, 8 e 11 demonstram que se trata de línguas humanas. Surgem, assim, duas dificuldades.

Em primeiro lugar, a maioria dos comentaristas pensa que o dom de línguas descrito em 1 Coríntios caps. 12 e 14 fosse a capacidade de falar em línguas não-humanas (as “línguas dos anjos”, 1 Co 13:1). Supondo-se que é improvável que tenha havido dois tipos diferentes de fenômenos, alega- se freqüentemente que Lucas ou entendeu erroneamente ou deliberadamente reinterpretou uma tradição anterior que descrevia o tipo de línguas aludidas por Paulo. Em segundo lugar, sustenta-se que esta conclusão é confirmada pelas análises lingüísticas modernas das línguas faladas nos movimentos pentecostais atuais, como sendo línguas não-humanas.

E difícil, no entanto, deixar de lado a evidência de pessoas da atualidade que declaram que ouviram suas próprias línguas faladas por aqueles que têm o dom de línguas. Além disto, não é totalmente impossível que Paulo se referisse a línguas humanas, ou que houvesse emprego de línguas humanas e celestiais ao mesmo tempo (1 Co 13:1 — “as línguas dos homens e dos anjos”). Dunn (Jesus, págs. 151-2) sugere que o que aconteceu foi que os ouvintes pensavam escutar e reconhecer, nas suas próprias línguas, palavras e frases de louvor a Deus.

Devemos supor que, em dado momento, os discípulos deixaram o cenáculo e entraram em contato com as multidões reunidas em Jerusalém para a festa; habitando não precisa necessariamente subentender a residência permanente, embora, na realidade, muitos judeus voltaram da Dispersão para Jerusalém, para ali findar os seus dias. A presença e participação deles naquilo que aconteceu constituiu-se em indício da significância do evento para o mundo inteiro. Sem embargo, todos eram judeus ou prosélitos, e não eram pagãos; mesmo assim, serviam de símbolo da necessidade que a humanidade tem de receber o evangelho, e da conseqüente responsabilidade da igreja para cumprir a sua missão.

A voz dos discípulos que clamavam alto lançou perplexidade sobre a multidão, porque não podia compreender como galileus conseguiram falar as várias línguas dela. A objeção já foi levantada que a maioria daqueles que estavam na multidão deviam falar Aramaico ou Grego, as duas línguas que os discípulos também decerto falavam, e que o milagre das línguas era, portanto, desnecessário. Esta dificuldade, porém, certamente era óbvia para Lucas também. O que era importante é .que se falavam as várias línguas maternas, vernaculares, destes povos. Talvez estranhemos como as multidões sabiam que os discípulos eram galileus.

Um simples relance nas palavras atribuídas às multidões nos vv 7.11 indicará que não passam de resumo das várias coisas que estavam sendo ditas, combinadas, por razões literárias, numa só declaração coral, e, portanto não precisamos supor que mais do que uns poucos da multidão sabiam reconhecer que os discípulos eram galileus.

Lucas, ainda continuando sua versão global daquilo que os vários membros da multidão devem ter dito, passa a nos dar uma lista das nacionalidades representadas. Começa com três países ao leste do Império Romano, na área conhecida como Pérsia ou Irã, e depois (com uma mudança de construção), continua para o oeste, para a Mesopotâmia, o Iraque moderno, e a Judéia. Seguem-Se então, várias províncias e áreas na Ásia Menor (a moderna Turquia), e, depois, o Egito e área imediatamente para o oeste, seguida por Roma. Depois, há uma declaração geral que se aplica a todos os povos em epígrafe: havia uma população judaica considerável em cada urna destas áreas, e a presença dos judeus freqüentemente levava à conversão dos gentios para se tomarem prosélitos.

Finalmente, e de modo algo surpreendente a lista inclui pessoas da Creta e da Arábia. É uma lista surpreendente e ninguém tem conseguido dar uma explicação satisfatória de por que inclui aquela seleção específica de países, nem porque aparecem nesta ordem estranha. Certamente não foi inventada pelo próprio Lucas. Basta, então, observar que a lista claramente visa ser uma indicação de que estavam presentes pessoas de todas as partes do mundo conhecido, e talvez que haveriam de voltar aos seus próprios países como testemunhas daquilo que acontecia. Todas elas, como adoradores de Javé, podiam perceber que os cristãos estavam celebrando as obras poderosas de Deus.

A reação primária era de incompreensão. As multidões naturalmente estavam sem saber o que estava acontecendo, e esta situação criou a oportunidade para Pedro dirigir-se a elas, explicando do que se tratava. Mais especificamente, recebeu uma razão para começar seu discurso, no fato de algumas pessoas estarem dispostas a explicar o falar em línguas como resultado de bebidas fortes; esta seria a explicação que alguém naturalmente daria se ouvisse pessoas fazendo sons inintelegíveis, que seria a impresso que algum ouvinte receberia, se no reconhecesse a língua específica que estava sendo empregada.

O DIA DE PENTECOSTES = ATOS 2. 1-12

O primeiro derramamento do Espírito Santo naquele dia foi um acontecimento histórico, O Espírito Santo veio a este mundo, inaugurando uma nova dispensação, chamada também de ministério do Espírito (II Co 3.6-8). Cada crente pode ter da parte de Deus o seu Dia de Pentecostes. Aleluia!



OS DISCÍPULOS SUBIRAM PARA O CENÁCULO

Eles estavam cheios de alegria (Lc 24.52). Haviam visto Jesus subir ao céu com as suas mãos estendidas para abençoá-los (Lc 24.50,5 1). Dois anjos haviam aparecido falando-lhes que Jesus voltaria assim como para o céu Ele havia subido. A ordem de Jesus de que deveriam esperar em Jerusalém a promessa do Pai, continuava soando em seus ouvidos, As características da oração daqueles discípulos, segundo o texto sagrado, muito nos ensina.

1. Oração perseverante, At 1.14. O firme propósito daqueles
120 crentes reunidos no cenáculo era ficar ali até receberem a bênção. Veja também Is 40.31, Is 62.6,7, Os 10.12.

2. Oração unânime, At. 14. Preciso haver união entre os que oram. Onde há união, o Senhor ordena a bênção, (Sl. 133). Desunião e inimizade impedem a resposta às orações (Mt 5.24, Mc 11.25). A concordância na oração tem promessa especial (Mt 18.19).

3. Oração definida. O assunto daquela oração era um só: o cumprimento da promessa do Pai conforme Atos 1.4,5, 8. Pouco antes foram tentados a dispersar a atenção, especulando acerca de tempos futuros (At 1.7). Todavia nada deve desviar a nossa mente do propósito da oração.

4. Oração com fé. Não ficaram ocupados com discussões estéreis sobre se Jesus realmente batizava, ou não, nem se esta bênção era realmente para aquele tempo ou se para outro. A promessa de Jesus ocupava suas mentes e corações. E enquanto oravam, a fé era fortalecida (Rm 4.20,2 1). E é pela fé que se recebe o batismo com o Espírito Santo, (Gl 3.14).

DIA DE PENTECOSTES - DEUS CUMPRIU SUA PROMESSA

Pentecostes era uma das três grandes festas sagradas celebradas em Israel (Dt 16.16; Lv 23.16-22). Aconteciam 50 dias após a Páscoa, daí o nome Pentecostes que quer dizer qüinquagésimo. Era também chamada a festa das semanas (sete semanas após a Páscoa), dia das primícias, festa da colheita. Esta festa assinalava o término da colheita da cevada (Lv 23.16) e era um dia de júbilo e de gratidão ao Senhor pelas bênçãos da colheita. Deus escolheu o dia em que os judeus celebravam a festa de Pentecostes para cumprir o que estava prometido por instrumentalidade de seus profetas. No dia em que Jesus batizou os primeiros crentes com o Espírito Santo estavam em Jerusalém para a festa muitos judeus e muitos convertidos ao judaísmo (prosélitos) procedentes de muitas nações.



1. Jesus derramou o Espírito Santo sobre todos no dia de Pentecostes (At 2.1-3). Cumprindo-se o dia, veio de repente do céu um som como de um vento veemente, e todos foram batizados com o Espírito Santo. Este batismo é uma obra de Deus. O oficiante deste batismo é Jesus. Dele disse João Batista: “Ele vos batizará...” (Mt 3.11). O que Deus promete com a sua boca, Ele faz com as suas mãos. Ele estendeu as suas mãos abençoadoras e “raios brilhantes saíram da sua mão” (Hc 3.4). No dia de Pentecostes o Espírito Santo foi percebido como um vento. Este símbolo do Espírito Santo foi empregado por Jesus, e contém ensinos sobre a forma de operar do Espírito Santo.

a. O vento é soberano. Jesus disse: “o vento assopra para onde quer..., (Jo 3.8 a). O vento não pode ser dirigido pelos homens. Estes aprendem as leis da natureza que regem os ventos, e tiram proveito da sua força, mas nunca podem dirigi-lo.

b. O vento é invisível. Pode-se ouvir o seu ruído, observar os efeitos de seu movimento e senti-lo soprar, mas “não sabemos donde vem nem para onde vai” (Jó4.15;Jo 3.8). O vento é importante para a polinização e conseqüente fecundação das flores, tendo como resultado a frutificação. Assim também o Espírito vivifica (Jo 6.63; Gl 5.2 2).

DIA DE PENTECOSTES – DIA DE RESPOSTA DIVINA

No batismo com o Espírito Santo a única participação do homem é receber, estendendo a Deus as suas mãos através da oração. Os discípulos haviam ficado em oração durante 10 dias, aguardando o cumprimento da promessa de Jesus. E de repente veio à resposta. Que alegria! Importante destacar que pelo fato de os discípulos terem permanecido durante dez dias em oração, não os tornou merecedores desta bênção.
Nem tampouco a oração era necessária para convencer a Deus da necessidade de batizá-los, pois Deus sempre deseja batizar seus servos. A oração era necessária para preparar o coração dos discípulos. O caminho para a bênção foi preparado com oração.

DIA DE PENTECOSTES - DIA DE LÍNGUAS DE FOGO

1. Deus se manifesta em fogo! (Êx 19.17,18; Hb 12.29). Deus se manifestou a Moisés em uma chama de fogo no meio de uma sarça, a qual ardia no fogo, mas não se consumia (Ex 3.2). Daniel viu o trono de Deus em chama de fogo (Dn 7.9,10). Malaquias o descreveu como o fogo do ourives, o qual purificará os filhos de Levi como ouro e como a prata; o fogo de Deus queimando todas as escórias (Ml 3.2,3). João viu a Jesus glorificado com olhos como chama de fogo (Ap 1.14,15).


2. O Espírito Santo veio com línguas repartidas como que de fogo (At 2.3). O batismo com o Espírito Santo é batismo de fogo (combustão que emite luz e calor). Os 120 crentes reunidos no cenáculo foram queimados pelo fogo de Deus; foram cheios do poder de Deus, e foram transformados em testemunhas. E que testemunhas! Saíram do cenáculo para abalar o mundo! Somente no primeiro dia quase três mil pessoas aceitaram a Cristo. O fogo tem a característica de propagar-se. O Espírito Santo nestes últimos dias produziu um ardor bendito que se difundiu por toda parte, irradiando-se pelo mundo. Perseguições e mortes não puderam deter a expansão desta chama. Quando o crente recebe o batismo de fogo, ele se torna uma luz intensa (Sl 104.4; Hb 1.7).

DIA DE PENTECOSTES - DIA DE REVESTIMENTO DE PODER

1. “Todos foram cheios do Espírito Santo” (At 2.4). Receberam a vida abundante de que Jesus havia falado (Jo 10.10). Foram cheios da glória de Deus. Assim como no passado aconteceu com o Tabernáculo (Êx 40:34) e com o Templo (2 Cr 7.1,2), o “tabernáculo terrestre” (2 Co 5.1) daqueles discípulos foi cheio da glória e da presença de Deus.

2. A maior necessidade dos discípulos era o poder de Deus. Era isto que lhes faltava, e que foi a causa de terem fracassado. Todos fugiram quando Jesus foi preso (Mt 26.56). Deixaram-no só. Pedro negou seu Mestre (Mt 26.69-75). Após a morte de Jesus reuniram-se a portas fechadas, com medo dos judeus (Jo 20.19). Com a experiência do batismo com o Espírito Santo receberam o poder que necessitavam. Esta é a essência do batismo! Este poder transforma o modo de viver. As portas cerradas abriram-se, o medo acabou e foi substituído por uma ousadia invencível (At 4.13).

Alegria e coragem dominavam os discípulos. Mas em si mesmos sentiam-se fracos e dependentes de Deus, sabendo que o poder de Deus se aperfeiçoa na fraqueza (II Co 12.9,10). Cada discípulo podia testificar pessoalmente: “a sua eficácia opera em mim poderosamente” (Cl 1.29). Os 120 crentes batizados com o Espírito Santo glorificavam a Deus em alta voz e, em outras línguas, falavam das grandezas de Deus (At 2.11).

O ESPIRITO SANTO E A EVANGELIZAÇÃO DO MUNDO

1. Jesus promete derramar o Espírito Santo. Quando Jesus se despediu dos seus discípulos, antes de ser recebido nos céus, disse: “Recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós, e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém, corno em toda Judéia Samaria e até aos confins da terra” (At 1.8).

Isto significa que o propósito principal do batismo com o Espírito Santo é o de conceder poder ao crente para evangelizar. “E, vendo-o eles, foi elevado às alturas” (At. 1.9). É impressionante que as últimas palavras ditas por Jesus neste mundo foram: “Ser-me-eis testemunhas... até aos confins da terra”.
2. A visão missionária de Jesus. O tema principal no momento da ascensão e despedida de Jesus foi à sua visão missionária. Ele disse aos discípulos, naquele momento, que o evangelho seria pregado até aos confins da terra, e eles seriam suas testemunhas nesta obra missionária. E assim foi. Os Atos dos Apóstolos narram o início desta gloriosa tarefa. Os sete primeiros capítulos relatam os fatos que deram início à pregação do evangelho em Jerusalém, a partir do Pentecoste.

N capítulo 8 vemos o evangelho entrar por toda a Judéia e Samaria; e do capítulo 10 até ao fim do fiemos o evangelho chegar aos gentios, até aos confins da terra, cumprindo-se, assim, a ordem do Senhor naqueles tempos. O livro dos Atos findou com o capítulo 28, mas o cumprimento do IDE de Jesus continua, em nossos dias, com o mesmo poder, onde quer que o evangelho seja pingado (Rm. 1521). Assim continuará até ao fim. Aleluia!

O ESPIRITO SANTO E A VISÃO MISSIONARIA

1. Despertando a visão missionária dos discípulos. Os discípulos estavam diante da grande tarefa de “pregar o evangelho a toda a criatura” (Mc 16.15), e necessitavam de um poderoso despertamento da visão missionária. Eles ainda não tinham compreendido a grandeza da obra realizada por Jesus. Esta só se tomou clara quando o Espírito Santo lhes foi concedido no dia do Pentecoste, pois receberam uma nova visão a respeito do que lhes havia sido dito pelo Senhor, quando ainda estava com eles. Quando Jesus evangelizou a mulher de Samaria, “maravilharam-se de que estivesse falando com uma mulher”, então Jesus lhes disse “Levantai os vossos olhos, e vede as terras” (Jo. 4: 27-35)

2. A revelação gradativa da obra missionária. O Espírito Santo foi-lhes revelando pouco a pouco o plano de Deus, incentivando-os, de acordo com a palavra de Jesus, a começarem em Jerusalém (Lc 24:47-49, At 1.8). Depois os dirigiu para a Judéia e Samaria (At 8.4,5); e ordenou a Filipe evangelizar o eunuco etíope, e este logo foi batizado (At 827,37-39).

Logo depois Pedro teve uma visão missionária, pela qual foi orientado, e assim levou a palavra a Cornélio, onde o poder de Deus se manifestou (At 10.42-48).
Mais tarde o Espírito Santo dirigiu o apóstolo Paulo e seus companheiros a evangelizar a Europa (At 16. 6,7,9-12). O Espírito Santo continua a ordenar “obreiros para evangelização do mundo. Ele continua a falar a Igreja sobre a primazia da obra missionária. Importa-nos ouvir a sua voz e receber a visão missionária.

O ESPÍRITO SANTO CHAMA OBREIROS PARA MISSÕES

1. O Espírito Santo escolhe obreiros para missões (At 13.1-4). Ele revelava os nomes dos que haviam sido chamados para a obra. O Espírito ainda fala! Quem quer ir por nós? (Is. 6: 8). “Quem tem ouvidos, ouça” (Ap. 2: 7)

2. O Espírito reveste o crente para a obra de missões. O Espírito Santo dá ao crente a disposição de se entregar inteiramente nas mãos do Senhor. Somente o Espírito Santo pode incentivar o crente a renunciar a si mesmo e entregar-se sobre o altar de Deus. Ele di vitória ao crente para vencer as forças que em sua vida opõem- se à vontade de Deus. O crente passa a sentir-se um “devedor” e torna-se disposto a ir anunciar o evangelho (Rm 1.14,15).

O ESPIRITO SANTO CONFIRMA A OBRA MISSIONARIA

1. Jesus confirma com sinais a sua obra. Ele nunca envia alguém para nada fazer.

Lemos em Mc 16.20: “Eles tendo pregado por todas as partes, cooperando com eles o Senhor, confirmando a palavra com sinais que se seguiam”.
A obra é realmente de Deus e os que com Ele trabalham, são simples instrumentos na sua mão (At 11.21).

2. O Espírito Santo dá poder à mensagem (2 Pe 1.21). Assim a palavra entra “em poder no Espírito Santo e em muita certeza” (1 Ts 15) A mensagem missionária não é uma introdução de idéias políticas e culturais, adotadas no país de origem do pregador, mas, sim, a mensagem do EVANGELHO, que é o poder de Deus (Rm. 1: 16)

3. O Espírito Santo concede os dons necessários. A história da obra missionária em vários países registra acontecimentos em que a manifestação do poder de Deus através dos dons, abriu as portas da salvação para muitos. Estes dons são dados segundo a necessidade da obra, co Espírito Santo quer dá-los a cada um conforme a sua vontade (I Co 12: 11). A maior necessidade do trabalho missionário atual é que os que trabalham nesta obra sejam revestidos de poder.

O ESPIRITO SANTO NA FUNDAÇÃO DA OBRA MISSIONÁRIA

Nenhuma igreja poderá crescer e produzir frutos para a eternidade, senão for fundada pela direção do Espírito Santo, sobre o alicerce verdadeiro - o Senhor Jesus Cristo.

1. A Igreja em Corinto. O fundamento da igreja em Corinto era Jesus (1 Co 3.11). MO apóstolo Paulo fundou aquela igreja através da pregação do evangelho, e não por palavras de sabedoria humana, sob a unção do Espírito Santo. Sua pregação centrava-se na pessoa de Jesus Cristo, “e este crucificado” (1 Co 2.1- 4). Assim os crentes tiveram a sua fé apoiada no poder de Deus (1 Co 2.5).

2. Jesus, o alicerce da obra missionária. O fundamento posto no início de uma obra missionária é de essencial importância, pois todo o futuro do trabalho depende disto.
Só o Espírito Santo pode fazer esta obra, glorificando a Jesus, diante dos homens, de tal maneira, que cada um possa ter Jesus como o seu fundamento pessoal (Ef 2.20,21). O fundamento de Deus fica firme, e a obra edificada sobre Ele resiste e sobrevivem os ataques contra ela (II Tm 2.19). É desta forma que o trabalho precisa ser edificado: com firmeza.

A OBRA MISSIONÁRIA ESTABELECE IGREJAS

A Igreja em Antioquia, fruto da obra missionária, bem cedo ouviu a voz de Deus a lhe ordenar que enviasse dois missionários para a obra (At. 13.1-4). Uma Igreja levantada pela obra missionária enviava, por sua vez, missionários para continuar a expansão do evangelho. Foi assim que Deus orientou a Paulo. Onde quer que as almas se convertessem ele as organizava em igrejas locais, conforme a Palavra de Deus, e separava presbíteros e diáconos para administrá-las (At 14.23; Fp 1.1).

Eis aí o modelo bíblico para todos os tempos. Não adianta fazer grandes relatórios de “massas” convertidas por movimentos e campanhas, se estes “novos convertidos” forem deixados dispersos, sem orientação bíblica. Não! O modelo bíblico é levantar Igrejas locais, onde os crentes recebam a assistência espiritual, pelos ministérios que o Senhor der a cada uma delas. Assim, devemos continuar a obra missionária até aos confins da terra. Não sejamos desobedientes à visão celestial (At 26.19)

CONCLUSÃO

Como são notórios, muitas inovações, modismos e práticas descabidas e antibíblicas vêm afetando o genuíno Movimento Pentecostal, inclusive a Assembléia de Deus. Precisamos voltar sempre ao cenáculo para receber mais poder (Ef 5.18), mas igualmente, manter a “sã doutrina” do Senhor (Tt 2.1,7; I Tm 4.16). Busquemos um maior e contínuo avivamento espiritual, segundo a doutrina bíblica, como fez o salmista: “Vivifica-me segundo a tua Palavra” (Sl 119.25, 154). Ainda hoje, quando o Espírito Santo encontra plena liberdade para operar na vida dos salvos, o Pentecostes se repete e acontece o despertamento pentecostal com as mesmas características daquele relatado no livro de Atos, para honra e glória do nome de Jesus, e para salvação de muitos.

Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus
Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS

BIBLIOGRAFIA

Comentário Bíblico Atos – I. Howard Marshall
Comentário Bíblico Atos – Myer Pearlman
Bíblia de Estudo Pentecostal
Lições bíblicas CPAD 1988
Lições bíblicas CPAD 1992
Lições bíblicas CPAD 2004

4 de janeiro de 2011

A ASCENSÃO DE CRISTO E A PROMESSA DA SUA VOLTA

A ASCENSÃO DE CRISTO E A PROMESSA DA SUA VOLTA


TEXTO AUREO ‘Varões galileus, porque estais olhando para o céu? Esse Jesus, que dentre vós foi recebido , em cima no céu há de vir assim como para o céu o vistes ir.” At 1.11.


VERDADE PRÁTICA = A ascensão de Cristo ao céu e a promessa de que um dia Ele voltará para buscar os seus, trazem alento esperança a todos quantos aguardam esse glorioso evento.


LEITURA EM CLASSE = AT 1: 9 – 11== Mc 16.19; == LC 24.51


INTRODUÇÃO


Aqui estamos, mais uma vez, iniciando um estudo da segunda lição dominical, cujo tema central é a Ascensão de Cristo e a Promessa da Sua Vinda; em relação a múltiplos aspectos da vida cotidiana do crente e de outros pontos basilares da fé cristã. Estudaremos hoje acerca da ascensão de Cristo como um dos fatores que asseguram aos salvos a esperança de sua volta, em cumprimento do que Ele mesmo afirmou: Virei outra vez”, Jo

14.3.


OS ULTIMOS DIAS DE CRISTO NA TERRA, Mt 28,16-20.


1. As Infalíveis Provas da Ressurreição de Cristo. Após ressuscitar, Cristo ainda permaneceu entre os discípulos durante 40 dias, período em que apareceu a Maria Madalena e suas acompanhantes, Mt 28.1,5,8-10; Lc 24.10-11, encontrou-se com os dois discípulos no caminho de Emaús, Lc 24.13-34, revelou-se também a Pedro, Lc 24.34, e manifestou-se a todos coletivamente, Jo 20.19-31, com “muitas e infalíveis provas” de sua ressurreição. Numa alusão de que houve inúmeras testemunhas a respeito de. te lato, Paulo chegou a afirmar que .Jesu. foi visto por mais de 500 irmãos, 1 Co 15.1-6.


2. As Últimas instruções no Monte das Oliveiras. Finalmente o Senhor reuniu os discípulos no Monte das Oliveiras, de onde foi elevado ao céu, depois de lhes deixar as últimas instruções para que pudessem dar continuidade à obra por Ele iniciada, Aqueles homens estavam ainda confusos, pensando que o reino político se- ria restaurado a Israel naqueles dias Em razão disso, a admoestação do Mestre se baseou em três pontos fundamentais:

a. A ocasião em que o reino seria estabelecido era assunto exclusivo de Deus;

b. Eles deveriam ser revestidos pelo Espírito Santo para que desempenhassem satisfatoriamente a missão:., que lhes seria confiada;

c. Eles foram comissionados como testemunhas de Cristo locais, regionais, nacionais e universais.


A ASCENSÃO DE CRISTO AOS CÉUS, At 1.9-11; Lc 24.51.


1-A Ascensão de Cristo é a Esperança da Igreja. O texto de Atos diz: “E quando dizia isto, vendo-o eles, foi elevado às alturas e uma nuvem o recebeu,ocultando-o a seus olhos.” Elevar significa alçar, erguer ou exaltar. Portanto, o Senhor foi exaltado poderosamente à vista dos discípulos, e o seu retorno à plenitude da glória se traduz em esperança para a Igreja pelas seguintes razões, se Ele não voltasse aos céus:


a. ficaríamos limitados à sua presença física;


b. ficaríamos privados de receber o. Consolador Jo 16.7;


c. ficaríamos privados de vê-lo retornar às nuvens para arrebatar a sua Igreja. Jo 14,3; 1 Ts 4.17, e de acompanhá-lo depois, na instalação do reino milenal, At 1: 11 - Zc 14-4; - Ap 19,11-16.


2. A Ascensão de Cristo Testemunhada. Á ascensão de Cristo não foi realizada ocultamente, mas todos os discípulos a testemunharam, á semelhança do que aconteceu a Elias, que foi arrebatado num redemoinho à vista de Eliseu, II Reis 2.11. Esse fato foi levado em conta com tanta seriedade pelos apóstolos que o critério por eles estabelecido para a substituição de Juda foi o de que essa escolha recaísse sobre uma testemunha ocular do ministério de Jesus, desde o seu batismo até à ascensão, At 1.21-22.


A ASCEN$ÃO DE CRISTO E A MENSAGEM ANGELICAL, At 1,10-11-


1. Uma mensagem Esclarecedora. Existe uma profunda relação entre a pergunta dos discípulos a Jesus, registrada nu v6, e a mensagem proferida pelos anjos após a ascensão, porque esta.esclarece o modo como Cristo voltará para estabelecer o seu reino milenal, questão que tanto, os preocupava.


2- Umá ensagem Gloriosa. As palavras daqueles anjos trouxeram, também, conforto e despertamento aos discípulos, cujas esperanças foram renovadas. Agora, eles estavam conscientes de que Cristo retornara aos céus, onde permaneceria como sumo sacerdote daqueles que se aproximassem de Deus, Hb 4.14, para um dia então arrebatar a Igreja e levá-la às bodas e, finalmente instalar o seu reino na terra. Consolemo-no pois, irmãos, com tas palavras!


Ascensão de Cristo = Atos 1.1-11

O Evangelho segundo Lucas foi dedicado a Teófilo (“quem ama a Deus”), que representa todos os cristãos. No início de Atos, Lucas escreve: “Fiz o primeiro tratado, ó Teófilo, acerca de tudo que Jesus começou, não só a fazer, mas a ensinar, até...”

Ressaltamos a palavra até porque, no livro de Atos, estudamos o que Jesus continuou a fazer por intermédio dos seus discípulos. Neste livro, lemos como Jesus cumpriu sua promessa: “... e eis que eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos”. (Mt 28.20) E como continuou sua obra através do Espírito Santo. Enquanto nos Evangelhos lemos: “E Jesus disse”, no livro de Atos lemos: “E o Espírito disse”. O Espírito é revelado como representante de Cristo, guiando o progresso e a administração da sua Igreja. O livro pode ser chamado: Atos de Cristo mediante seus servos ou Atos do Espírito Santo.

O Senhor Faz os Preparativos para a Sua Ascensão (At 1.1-5)


1. Dando instruções. Jesus subiu “depois de haver dado mandamentos por intermédio do Espírito Santo aos apóstolos que escolhera”. Estas instruções são registradas em várias passagens, como em Lucas 24.44-49; Mateus 28.19,20; Marcos 16.15-18; João 21; e nos versículos 3-8 deste capítulo’ (At 1). Em que sentido as instruções foram dadas mediante o Espírito Santo? A unção que Jesus recebeu no rio Jordão era ilimitada e permanente. Mediante o Espírito, recebeu poder para seu ministério; forças para enfrentar a cruz (Hb 9.14); foi ressuscitado dentre os mortos (Rm 8.11); e, no Pentecoste, batizou a outros no Espírito. A unção ainda estava sobre ele após a ressurreição.


2. Mediante manifestações da vida ressurreta. “Aos quais também, depois de ter padecido, se apresentou vivo, com muitas e infalíveis provas, sendo visto por eles por espaço de quarenta dias, e falando do que respeita ao reino de Deus” (cf. 1 Co 15.5-8). Se víssemos um farol que parecesse ficar em pé sobre as ondas, saberíamos que haveria, por baixo da construção, um fundamento de rocha. Durante 19 séculos a Igreja permanece em pé como luz para as nações. Qual o seu alicerce? A única resposta satisfatória é: a ressurreição de Cristo. A fé e a religião viva não podem surgir de um cadáver.


Durante 40 dias Jesus revelou-se aos seus discípulos, aparecendo e desaparecendo. Era como se quisesse levá-los gradualmente a perceber que Ele pode estar presente, no Espírito, embora ausente no corpo. Chegou um momento em que os discípulos sabiam que haviam cessado tais aparecimentos.


A partir de então teriam de pregar o Evangelho com plena confiança da presença espiritual de Cristo com eles, conforme Ele mesmo prometera: “E eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos”. Foi a ascensão que convenceu os discípulos da veracidade desta mudança.


3. Dando uma ordem especifica. “E, estando com eles, determinou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, [Jo 14.16; Jl 2.28] que (disse ele) de mim ouvistes”, O batismo do Senhor Jesus, no Jordão, foi o sinal para Ele iniciar seu ministério. Assim, também, a Igreja precisava de um batismo que a preparasse a cumprir um ministério de alcance mundial.

Não seria o ministério de criar uma nova ordem e, sim, de proclamar aquilo que Cristo já havia realizado. Mesmo assim, só no poder do Espírito Santo poderia tamanha obra ser levada a efeito.


Cristo dirigiu suas palavras a homens que possuíam íntimo relacionamento espiritual com Ele. Já tinham sido enviados a pregar, armados com poderes espirituais específicos (Mt 10.1). A eles fora dito: “Alegrai-vos antes por estarem os vossos nomes escritos nos céus” (Lc 10.20); sua condição moral já tinha sido definida com as palavras:

“Vós já estais limpos, pela palavra que vos tenho falado” (Jo 15.3). Seu relacionamento com Cristo foi ilustrado mediante a figura da videira e dos ramos (Jo 15.5). Eles já conheciam a presença do Espírito nas suas vidas (Jo 14.17); já tinham sentido o sopro do Cristo ressurreto quando ele lhes disse: “Recebei o Espírito Santo”. Mesmo assim deviam esperar a promessa do Pai! Isto nos mostra a importância deste revestimento.


Instruções do Senhor com Respeito ao Futuro (At 1.6-8)

“Aqueles pois que se haviam reunido perguntaram-lhe, dizendo: Senhor, restaurarás tu neste tempo o reino a Israel?” Os apóstolos, como seus compatriotas, tinham associado o ministério do Messias com o imediato e visível aparecimento do Reino de Deus, com um estrondo de força material em fulgor externo (Lc 19.11; 24.21). Conceitos do Reino, mais terrestres do que celestiais, afetavam suas condutas e os levaram a disputas ambiciosas.


Cada qual visando a preeminência. Boa parte dos ensinos de Cristo visava limpar a mente deles de falsos conceitos acerca do Reino. No entanto, só o tremendo choque do Calvário conseguiu tirar-lhes as ilusões com respeito a um reino material. Agora, sendo instruídos pelo Cristo ressurreto, entendiam melhor o seu Reino. Contudo, seus corações judeus ainda os impulsionam a perguntar: “Senhor, restaurarás tu neste tempo o reino a Israel?” Ainda pensavam em termos de uma só nação. O Senhor, em resposta, fez com que erguessem seus olhos para ver todas as nações. Esta resposta contém quatro lições:


1. A estreita limitação do conhecimento humano acerca do futuro. “Não vos pertence saber os tempos ou as estações...” Existem muitas coisas que nossas mentes querem perscrutar, mas pertencem exclusivamente aos planos de Deus (cf. Dt 29.29; Mc 13.33; 1 Co 13.9; 1 Jo 3.2).


2. As mãos seguras que dirigem o futuro. Os tempos e épocas estão nas mãos de Deus: “O Pai estabeleceu pelo seu próprio poder” (cf. Mc 13.32). Embora não saibamos o futuro com respeito aos eventos mundiais e às nossas vidas, não precisamos ficar ansiosos. O desconhecido fica muito bem nas mãos do Mestre.


3. Forças suficientes para enfrentar o futuro. “Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós...” Poder para enfrentar o futuro - isto vale muito mais do que detalhados conhecimentos sobre o porvir.


4. O dever prático com respeito ao futuro. “E ser-me- eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra”. Estas palavras definem o ministério primário de cada crente: ser testemunha da pessoa de Jesus, daquilo que Ele fez para os homens e para a própria testemunha. “Testemunhar” é um dos conceitos fundamentais do livro dos Atos (ver 1.22; 10.39,41- 44; 13.31; 4.33; 22.15; 26.16).


Ascensão do Senhor (At 1.9-11)


1. O ato da partida. “E quando dizia isto, vendo-o eles, foi elevado às alturas, e uma nuvem o recebeu, ocultando- o a seus olhos”. A partida de Jesus não causou tristeza aos discípulos. Eles sabiam que o Espírito Santo viria em seguida, e lhes seria, de forma invisível, o que seu Mestre havia sido de forma visível: “Vos convém que eu vá; porque, se eu não for, o Consolador não virá a vós; mas, se eu for, enviar-vo-lo-ei” (Jo 16.7). Enquanto os discípulos olhavam seu Mestre subindo, talvez pensassem: Quão grande e rico dom deve ser o Consolador! Se sua presença custa a ida do Mestre! O Espírito Santo não iria comunicar à Igreja o Cristo terrestre, e sim o celestial, que voltou a ser investido da glória que tinha com o Pai antes que houvesse mundo. Equipado com os infinitos tesouros da graça que Ele comprara mediante sua morte na cruz.


2. A promessa da sua vinda. “E estando com os olhos fitos no céu, enquanto Ele subia, eis que junto deles se puseram dois varões vestidos de branco, os quais lhes disseram: Varões galileus, por que estais olhando para o céu?” A lembrança da origem dos discípulos, a Galiléia, fê-los ter em mente a sua chamada, recebida na Galiléia, e do seu conseqüente dever de seguir e obedecer.

“Esse Jesus, que dentre vós foi recebido em cima no céu, há de vir assim corno para o céu o vistes ir”. Estas palavras claras desfazem qualquer teoria modernista que alega ser a propagação da civilização cristã o cumprimento total da promessa sobre a segunda vinda. Aqui temos a profecia da vinda pessoal e visível do Senhor.


Este trecho (At 1.1-11) tem grande alcance, abrangendo: a vida de Cristo (v. 1), sua morte (v. 3), ressurreição (v. 3), Reino (vv. 4,5,8), ascensão (vv. 9-11) e segunda vinda (v. 11).


Ensinamentos Práticos

1. A religião em atos e palavras. O Evangelho segundo Lucas narra o que Jesus “fez e ensinou”. Sua vida se dividia entre ações e doutrinas, milagres e verdades, maravilhosos sinais e revelações. Cumpria sua vida religiosa e a ensinava; ensinava a vida religiosa e a vivia. E nisto Ele é nosso exemplo.

A vida cristã equilibrada é uma combinação de vida e luz, obra e palavra. Se agirmos sem ensinar, nossa vida será um mistério, inexplicável para os que gostariam de saber o motivo de nossas ações. Se ensinarmos sem viver à altura, tornamo-nos em pedra de tropeço (Mt 23.1-3). A demonstração é o melhor método de ensino. Se praticarmos as virtudes que ensinamos, seremos verdadeiros líderes. A verdadeira liderança não consiste em mostrar o caminho, porém em andar e convidar outros a nos seguir ao longo dele.

Devemos nos deixar inspirar por Esdras, que “tinha preparado o seu coração para buscar a lei do Senhor e para a cumprir e para ensinar em Israel os seus estatutos e os seus direitos” (Ed 7.10).


2. Os males de fixar datas. “Não vos pertence saber os tempos ou as estações...” Muitos males têm sido feitos ao estudo das profecias e à causa de Deus por pessoas bem intencionadas, que fixaram datas para a vinda do Senhor. Professando-se sábias com respeito aos tempos e às épocas, tornaram-se insensatas, e deram motivo para os descrentes zombarem e os crentes ficarem perplexos. Quando olhamos as estrelas no céu limpo não sabemos calcular sua distância; a promessa da segunda vinda é como uma estrela para nos guiar, sem, porém, haver um cálculo exato quanto à sua distância. Devemos ser admiradores das estrelas sem querermos nos avultar como calculadores de sua exata distância. Devemos estar vigiando quando da volta do Senhor, mas sem nos perdermos em previsões.


3. O Senhor sabe o que é melhor para nós. Os discípulos receberam como resposta uma promessa e uma comissão. Não a satisfação da sua curiosidade. O que pediam não era assunto para eles, por isso não lhes foi concedido. Foi-lhes concedido, porém, o que realmente necessitavam. Deus age conosco do modo como tratamos nossos filhos. Tiago e João pediram os lugares de maior destaque no Reino; Jesus, em resposta, ensinou-lhes as qualificações para se atingir tais posições. Paulo suplicou a remoção do espinho na carne; o Senhor respondeu com garantias de que sua graça lhe bastaria. Moisés pediu a morte para aliviar seu fardo; o Senhor, porém, lhe concedeu setenta ajudantes. Elias orou para que sua vida fosse tirada. O Senhor lhe deu descanso, comida... e mais trabalho. Muitas vezes não sabemos como orar, nem o que pedir. O Senhor, porém, sabe quais são nossas verdadeiras necessidades. Se ele nos recusa alguma coisa é a fim de nos dar algo melhor.

4. A arte de esperar. Os discípulos tinham de esperar a promessa em Jerusalém. Há várias maneiras de esperar. O servo infiel o faz com a esperança de que o senhor vai demorar. Existe um tipo de espera que significa acomodar-se, sem fazer esforços físicos ou mentais. A verdadeira espera inclui:


4.1. Expectativa. Aguardar com tanta boa vontade que a mente fique sempre mais cheia de esperanças. E como o servo aguardando o mestre, a esposa ao marido, a mãe aguardando a volta do filho.

Esperar como o comerciante aguardando a vinda do seu navio carregado de mercadorias, o marinheiro procurando ver a terra, o rei desejando notícias da batalha. São casos em que a mente se firma num só objetivo e dificilmente pode prestar atenção a outra coisa.


4.2. Oração. A espera exige quietude e paciência. Muitos de nós, porém, nos deixamos levar pelo espírito inquieto dos nossos dias. Quando Daniel orava, Gabriel veio rapidamente (Dn 9.2 1). Hoje em dia teria de se apressar muito para ainda nos pegar de joelhos!


4.3. Consagração. Devemos descobrir em qual direção Deus está guiando as coisas. E remover do caminho tudo quanto há em nós que possa impedir sua obra.


5. A arte de testemunhar. “E ser-me-eis testemunhas...” Ruskin disse certa vez: “A coisa mais grandiosa que a alma humana pode fazer neste mundo é ver algo, e contar aos outros o que viu, de forma singela e clara”. De acordo com este pensamento, certamente a coisa mais grandiosa da vida é perceber a beleza de Jesus e falar aos outros sobre Ele. Um estudo do livro de Atos mostra que o testemunhar é a forma mais antiga de pregação. Os apóstolos contavam tudo quanto sabiam acerca de Jesus, e os convertidos contavam o que Jesus fizera por eles. A testemunha no foro é submetida ao interrogatório. E nós, como testemunhas do Senhor, somos submetidos a semelhantes interrogatórios por parte do mundo. As pessoas, depois de ouvirem nosso testemunho, prestam atenção em nossa conduta para então, mentalmente, calcular o relacionamento entre o que falamos e vivemos.


6. Começando em Jerusalém. Sentimos uma vocação para ir a um campo missionário estrangeiro? O melhor teste da nossa vocação é nosso zelo espiritual pelo próximo, aqui, onde moramos. Se não estamos sendo uma bênção para as pessoas cuja língua e costumes conhecemos, dificilmente uma viagem marítima operará essa transformação milagrosa. O amor que transformará o mundo tem que começar em casa, embora não termine ali.


7. A fé que ressuscita. A vida cristã que agora vivemos é de tal qualidade que nossa ressurreição seria a conclusão lógica e natural dela? Já estamos assentados com Cristo nos lugares celestiais? (Gn 5.24; Hb 11.5). Nossas afeições se fixam nas coisas que estão no alto?


8. Fitando sem proveito. Os discípulos não deviam ficar com os olhos fitos no céu. Jesus voltaria mais tarde. Nesse ínterim, haveria o serviço de Cristo para fazer. A contemplação que não nos leva a enfrentar os deveres cristãos com zelo e ardor não têm proveito. O Novo Testamento tem muitos mistérios transcendentes, tais como a Trindade, a encarnação da divindade, a expiação e outros.

Existe o perigo de nos ocuparmos com os mistérios da Trindade e nos esquecermos do próprio Senhor. De nos dedicarmos ao estudo da expiação que venhamos a nos esquecer daqueles pelos quais Jesus morreu.

A comunhão com o Senhor e a adoração em conjunto com o povo de Deus muitas vezes trazem experiências arrebatadoras. Segundo o plano de Deus, as emoções assim despertadas visam o propósito de nos inspirar às ações. Sentimentos que evaporam sem produzir frutos, levam certamente ao fracasso quanto ao exercício da energia espiritual. Depois da transfiguração, Jesus levou seus discípulos ao vale, onde lhes aguardava trabalho espiritual. Sempre há um caminho que leva do monte da visão ao vale do serviço.


A Conversa de Cristo com os Apóstolos.

A Ascensão de Cristo ao Céu

vv. 6-11


Em Jerusalém, Jesus instruíra os discípulos por meio do anjo a encontrá-lo na Galiléia. Lá, Ele os instruíra a achá-lo em Jerusalém num determinado dia. Dessa forma, Ele testava sua obediência, confirmando que estavam sempre dispostos e alegres. Eles se haviam reunido (v. 6), conforme os determinara, para serem testemunhas da sua ascensão, sobre a qual temos aqui uma narrativa. A pergunta que os discípulos fizeram a Jesus neste encontro. Eles se haviam reunido com Ele, como se tivessem consultado uns aos outros sobre a questão e concordado com a pergunta nemine contradicente — por unanimidade. Foram em conjunto e lhe apresentaram como a opinião geral de todos: Senhor restaurarás tu neste tempo o reino a Israel? (v. 6). Há dois modos de entendermos a pergunta:


1. “Com certeza tu não o restaurarás aos atuais governantes de Israel, aos principais dos sacerdotes e aos anciãos, que te mataram e, para cumprir esse desígnio, mansamente entregaram o reino a César e se confessaram seus súditos. O quê? Aqueles que perseguiram a ti e a nós receberão tamanho poder? Longe de ti seja.”


2. “Com certeza tu o restaurarás agora à nação judaica, contento que ela se submeta a ti como seu rei.” Há dois erros nesta pergunta.


(1) A expectativa dos discípulos do reino em si. Eles pensavam que Jesus restauraria o reino a Israel, quer dizer, que Ele faria a nação dos judeus tão grandiosa e notável entre as nações como fora nos dias de Davi e Salomão, de Asa e Josafá. Supunham que, como Siló, Ele restauraria o cetro a Judá e o legislador (Gn 49.10). Jesus veio, todavia, estabelecer seu Reino, um reino dos céus, e não restaurar o reino a Israel, um reino terrestre. Com isso, aprendemos: [1] Como até os homens bons são hábeis em pôr a felicidade da igreja muito na pompa e poder exterior.

Era como se Israel não pudesse ser glorioso a menos que o reino lhe fosse restaurado, nem os discípulos de Jesus honrados a menos que fizessem parte do reino, ao passo que as Escrituras dizem para esperarmos a cruz neste mundo e o reino no outro. [2] Como somos hábeis para reter o que absorvemos, e como é difícil vencer os preconceitos da educação. Os discípulos, tendo bebido esta noção com o leite de que o Messias seria um príncipe temporal, estavam longe de aceitarem a idéia de que o reino do Messias seria espiritual. [3] Como somos naturalmente tendenciosos a favor de nosso povo.


Eles pensavam que Deus não teria nenhum reino no mundo, a menos que fosse restaurado a Israel, ao passo que os remos deste mundo se tornariam do Messias, nos quais Ele seria glorificado, quer Israel fosse bem-sucedido ou não. [4] Como somos hábeis em interpretar mal as Escrituras, em entender literalmente o que é falado por figuras e em expor as Escrituras por meio dos nossos métodos, quando deveríamos construir nossos métodos pelas Escrituras. Mas, quando do alto o Espírito for derramado sobre nós (Lc 24.49), nossos erros serão corrigidos, como logo serão corrigidos os erros dos apóstolos.


(2) A indagação dos discípulos acerca do tempo desse evento: “Senhor restaurarás tu neste tempo? (v. 6). Agora que tu nos reuniste para este propósito, que medidas apropriadas podem ser combinadas para a restauração do reino a Israel? Claro que não pode haver conjuntura mais favorável que esta.” Mas eles erraram o alvo em dois quesitos. [1] Os discípulos indagavam sobre um ponto que o Mestre nunca lhes orientara ou incentivara que investigassem. [2] Os discípulos estavam impacientes pelo estabelecimento desse reino, no qual esperavam ter tão grande participação, colocando-se à frente das deliberações divinas. Jesus lhes dissera que eles se assentariam em tronos (Lc 22.30), e agora nada lhes serve, senão estar imediatamente assentados no trono, sem querer esperar o tempo certo. Por outro lado, aquele que crê não se apresse (Is 28.16), mas se satisfaça em saber que o tempo de Deus é o melhor tempo.


A repreensão que Jesus deu aos discípulos por causa desta pergunta é semelhante ao que fez pouco antes quando respondeu à indagação de Pedro concernente a João: E deste que será? (Jo 21.21). Não vos pertence saber os tempos oa as estações (v. 7). Ele não contradiz a expectativa que eles tinham de que o reino seria restaurado a Israel, porque esse engano logo seria corrigido com o derramamento do Espírito. Depois desse evento, notamos que eles não mais expuseram quaisquer pensamentos referentes ao reino temporal. Existe também um senso de expectativa de que o estabelecimento do reino do evangelho no mundo é verdade. Fica claro o engano na interpretação da promessa, e Jesus repreende a indagação sobre seu cumprimento.


1. Os discípulos não têm permissão de saber dessa informação: Não vos pertence saber (v. 7), portanto, não lhes compete perguntar. (1) Jesus está se despedindo deles e despedindo-se em amor. Mesmo assim, Ele os repreende. O propósito desta repreensão é servir de advertência à igreja de todas as épocas.

A igreja deve cuidar para que não haja ferida na rocha, como fatalmente aconteceu com os nossos primeiros pais — o desejo irregular de conhecimento proibido e a intromissão em coisas que não vimos, porque Deus não nos mostrou.


Nescire velie quae magíster manimus docere non vult, erudita inscitia est — E loucura desejar ser sábio acima do que está escrito, e é sabedoria contentar-se em não ser mais sábio. (2) Jesus dera aos discípulos muito conhecimento, mais do que aos outros (a vós é dado conhecer os mistérios do Reino dos céus, Mt 13.11), e prometera que o seu Espírito lhes ensinaria mais. Todavia, a fim de que não se ensoberbecessem com a abundância das revelações, Ele os faz entender que havia certas coisas que não deveriam saber. Veremos como temos pouca razão para nos orgulhar do nosso conhecimento, quando consideramos de quanto somos ignorantes. (3) Jesus, antes de morrer e depois que ressuscitou, dera aos discípulos instruções suficientes para o desempenho dos seus deveres. Com esse conhecimento, Ele os deixaria satisfeitos, pois isso basta aos cristãos para quem a curiosidade é uma corrupção a ser mortificada e não satisfeita.


(4) Jesus falara aos discípulos acerca do Reino de Deus (v. 3) e prometera que o Espírito lhes anunciaria o que havia de vir concernente ao reino (Jo 16.13).

Ele também lhes dera sinais dos tempos, os quais deviam observas pecando se os negligenciassem (Mt 24.33; 16.3). Mas eles não deveriam esperar ou desejar inteirar-se de todos os pormenores dos acontecimentos futuros ou dos tempos exatos de sua ocorrência. E prudente permanecermos na ignorância e incerteza dos tempos e momentos (segundo a interpretação do Dr. Hammond) dos acontecimentos futuros respeitantes à igreja e a nós mesmos, como também acerca de todos os períodos de tempo e do seu final e, ainda, acerca do período do nosso próprio tempo.


Prudens futuri temporis exitum Caliginosa nocte permit Deus. Mas Júpiter, sempre bondosamente sábio,

Escondeu em nuvens da mais escura noite. Tudo o que no futuro o prospecto coloca Fora do alcance da visão mortal. — Horácio.


Quanto aos tempos ou estações do ano, sabemos, em geral, que há verão e inverno alternadamente, mas não sabemos em particular que dia fará bom tempo ou não, seja no verão ou no inverno. No que diz respeito aos nossos assuntos neste mundo, quando estivermos no tempo do verão da prosperidade, para que não fiquemos confiantes, sabemos que virá o tempo do inverno da dificuldade. E, nesse inverno, para que não desanimemos e nos desesperemos, estamos convictos de que o verão voltará. Mas não sabemos o que este ou aquele dia em especial produzirá (Pv 27.1); por isso, temos de nos adaptar à situação, seja qual for, e fazer o melhor que pudermos.


2. Esse conhecimento está reservado ao conheci- monto de Deus como sua prerrogativa. E o que o Pai estabeleceu pelo seu próprio poder (v. 7); está escondido com Ele. Ninguém mais pode revelar os tempos e as estações futuras. Estas coisas são conhecidas ao Senhor e não a nós (cap. 15.17,18). Está em seu poder, em seu exclusivo poder, anunciar o fim desde o princípio, e nisso Ele prova que é Deus (Is 46.10).


“E ainda que, às vezes, achasse adequado deixar os profetas do Antigo Testamento conhecer os tempos e as estações (como os quatrocentos anos da escravidão dos israelitas no Egito e os setenta anos na Babilônia), não julgou conveniente saberdes os tempos e as estações, nem mesmo quanto ao tempo que resta para a destruição de Jerusalém, embora estejais convictos da realização do evento. Ele não disse que não vos informará algo mais do que vós já sabeis acerca dos tempos e das estações.”

Ele fez isso mais tarde a João, seu servo (Ap 1.1). “Mas Ele estabeleceu peio seu próprio poder informar-vos ou não, como julgar adequado”. E o que está revelado naquela profecia neotestamentária relativa aos tempos e às estações é tão complicado e difícil de entender, que, quando chega a ocasião de aplicá-la, importa que lembremos que não nos cabe estar confiantes em determinar os tempos e as estações. Buxtorf menciona uma declaração rabínica concernente à vinda do Messias: Rumpatur spiritus eorum qui supputant tempora — Perecem os homens que calculam o tempo.


Jesus determina aos discípulos o trabalho a realizar e, com autoridade, lhes garante que terão a capacidade de prosseguirem e serem bem-sucedidos. “Não vos pertence saber os tempos ou as estações. Não vos faria bem saberdes. Mas isso sabei: Vós recebereis uma virtude espiritual quando o Espírito Santo vier sobre vós, e vós não o recebereis em vão, pois sereis testemunhas de mim e da minha glória. O testemunho que vós prestareis não será em vão, pois será recebido aqui em Jerusalém, nos países circunvizinhos e em todo o mundo” (v. 8). Se Jesus nos torna úteis para sua honra em nossos dias e geração, que isso nos baste, e não fiquemos desconcertados acerca dos tempos e das estações vindouras. Aqui, Jesus lhes diz:


1. Que o trabalho dos discípulos será nobre e glorioso: Ser-me-eis testemunhas (v. 8). (1) Os discípulos proclamarão Jesus rei e publicarão essas verdades ao mundo, pelas quais seu reino se estabelecerá, e Ele reinará. Eles devem pregar franca e solenemente o evangelho de Jesus ao mundo. (2) Os discípulos provarão isto, confirmarão o testemunho que darão, não como testemunhas que fazem juramento, mas com o selo divino de milagres e dons sobrenaturais: Vós sereis mártires para mim, ou vós sereis meus mártires, como constam em certas cópias, porque eles atestaram a verdade do evangelho com seus sofrimentos até à morte.


2. Que o poder que os discípulos receberão para a execução deste trabalho será suficiente. Eles não tinham força própria, nem sabedoria ou coragem suficiente. Eles faziam parte inata das coisas loucas e tolas deste mundo (1 Co 1.27). Eles não possuíam a petulâneia de comparecer como testemunhas de Cristo em seu julgamento, nem agora seriam capazes disso.

“Mas vós recebereis o poder do Espírito Santo que vem sobre vós” (assim pode ser lido), “e vós sereis incentivados e movidos por um espírito melhor do que o vosso próprio. Vós tereis poder para pregar o evangelho e prová-lo pelas Escrituras do Antigo Testamento” (o que, depois queforam cheios do Espírito Santo, cap. 2.4, admiravelmente fizeram, cap. 18.28) “e confirmá-lo com milagres e sofrimentos.” Veja que as testemunhas de Jesus receberão poder para o trabalho para o qual Ele as chama. Aqueles a quem Ele emprega no seu serviço, os capacita e os confirma nesse empreendimento.


3. Que a influência que os discípulos exercerão será grande e muito extensa: “Vós sereis testemunhas de Jesus, e promovereis a sua causa”. (1) “Vós começareis em Jerusalém, e muitos receberão o vosso testemunho. Aqueles que não o aceitarem ficarão indesculpáveis.” (2) “Com isso, a luz que vós tendes brilhará em toda a Judéia, onde outrora vós labutastes em vão.” (3) “Em seguida, vós passareis para Samaria, ainda que em vossa primeira missão vós tivésseis sido proibidos de pregar em cidades samaritanas.” (4) “Vossa utilidade alcançará até aos confins da terra, e vós sereis bênçãos para o mundo todo.”

Tendo dado estas instruções aos discípulos, Jesus os deixa: E, quando dizia isto (v. 9), tendo dito tudo que tinha a dizer, Ele os abençoou (conforme nos informa Lc 24.50). Vendo-o eles, tendo os olhos fixos nele e recebendo sua bênção, Ele foi elevado gradualmente e uma nuvem o recebeu, ocultando-o a seus olhos. Aqui é narrada a ascensão de Jesus ao céu. Ele não foi transportado, como E lias foi com um carro de fogo, com cavalos de fogo (2 Rs 2.21), mas foi subindo ao céu, como subiu da sepultura, unicamente pelo seu próprio poder.

Agora seu corpo era como serão os corpos dos santos na ressurreição: um corpo espiritual e ressuscitado em poder e incorrupção. Observe:


1. Jesus começou a ascensão à vista dos discípulos: Vendo-o eles. Eles não o viram sair da sepultura, mas depois que ressuscitou, o que era plenamente satisfatório. Por fim, viram-no subir ao céu e o olhavam com tanto cuidado e seriedade que não podiam ser enganados. E provável que Ele não tenha voado rapidamente para cima, mas se movido lentamente para maior gozo dos discípulos. 2. Jesus desapareceu da vista dos discípulos, em uma nuvem, talvez em uma nuvem espessa, pois Deus disse que habitaria em nuvem espessa (2 Cr 6.1, versão RA).

Ou foi em uma nuvem luminosa, significando o esplendor do seu corpo glorioso. Foi uma nuvem luminosa que o obscureceu na transfiguração (Mt 17.5), e provavelmente o mesmo ocorre aqui. Esta nuvem o recebeu, certamente, quando tinha se distanciado da terra e chegado ao ponto em que as nuvens em geral estão. Contudo, não era uma nuvem propagadora como vemos comumente, mas uma nuvem apropriada para envolvê-lo. Ele fez das nuvens o seu carro (Sl104.3).

Deus muitas vezes descera em uma nuvem; agora Ele subiu em uma. Na opinião do Dr. Hammond, a nuvem que recebeu Jesus eram os anjos que o recebiam, pois é comum a aparição de anjos ser descrita por uma nuvem (comparando Ex 25.22 com Lv 16.2). Há, pelas nuvens, certo tipo de comunicação mantido entre o mundo superior e o inferior. Para as nuvens, os vapores são enviados para cima da terra e os orvalhos são enviados para baixo do céu. E, então, perfeitamente adequado Jesus ascender em uma nuvem, pois Ele é o mediador entre Deus e os homens (1 Tm 2.5), sendo por meio dele que as misericórdias de Deus descem até nós e nossas orações chegam ao altar do Senhor. Esta foi a última aparição de Jesus aos discípulos.


Os olhos de multas testemunhas o seguiram na nuvem. Se desejarmos saber o que lhe aconteceu depois, leiamos: Eis que vinha nas nuvens do céu um como o filho do homem, e dirigiu-se ao ancião de dias, e o fizeram chegar nas nuvens até ele (Dn 7.13). Tendo Jesus saído da vista dos discípulos, eles continuaram com os olhos fitos no céu (v. 10), e este olhar mais longo foi adequado. Por quê? 1. Talvez os discípulos esperassem que Jesus voltasse agora para eles a fim de restaurar o reino a Israel e estivessem pouco inclinados a crer que deveriam se separar dele agora de uma vez por todas. Por mais que desejassem ter a presença física dele, Ele lhes dissera que convinha ir (Jo 16.7).


Ou quem sabe o procurassem por Ele ter sido lançado em outro lugar, como pensaram os filhos dos profetas acerca de Elias (2 Rs 2.16), podendo encontrá-lo novamente. 2. Talvez os discípulos esperassem ver alguma mudança no céu visível por causa da ascensão de Jesus, que a lua se envergonhasse ou o sol se confundisse (Is 24.23) por terem seu brilho eclipsado diante do resplendor dele. Ou quem sabe eles devessem mostrar certo sinal de alegria e triunfo, ou esperassem ver a glória do céu invisível, porque o céu foi aberto para recebê-lo. Jesus lhes dissera que daqui em diante eles veriam o céu aberto (Jo 1.51), e por que não agora?

Dois anjos apareceram diante dos discípulos, e lhes entregaram uma oportuna mensagem de Deus (v. 10). Havia uma multidão de anjos pronta para receber nosso Redentor, quando Ele fez sua entrada pública na Jerusalém que é de cima (Cl 4.26). Podemos supor que estes dois anjos estavam pouco inclinados a se ausentar do céu. Mas, para mostrar o quanto Jesus se preocupava com a igreja na terra, Ele mandou de volta aos discípulos dois dos anjos que vieram encontrá-lo. Esta dupla angelical tinha a aparência de dois homens vestidos de branco, reluzentes e brilhantes, pois eles sabem, de acordo com o dever do seu lugar, que estão servindo Jesus quando estão ministrando aos servos dele na terra.


Vejamos agora o que lhes disseram: 1. Para checar a curiosidade dos discípulos: Varões galileus, por que estais olhando para o céu? (v. 11). Ele os chama varões galileus para lembrá-los da rocha de onde foram cortados (Is 51.1).

Jesus lhes honrara grandemente ao torná-los seus embaixadores, mas eles não devem esquecer que eram homens, vasos de barro, homens da Galiléia, analfabetos, vistos com desdém. Agora, os anjos dizem: “Por que estais aqui, como indivíduos indoutos, grosseiros e galileus, olhando para o céu? O que vós estais olhando? Vós já vistes tudo que tínheis dever nessa reunião, e por que quereis ver mais? Por que vós estais olhando como homens medrosos, atemorizados e desorientados sem saber o que fazer?” Os discípulos de Cristo jamais devem ficar olhando, porque eles têm uma regra segura pela qual se orientar e um firme fundamento sobre o qual edificar. 2. Para confirmar a fé dos discípulos a respeito da segunda vinda de Cristo.


O Mestre lhes falara muitas vezes sobre esse evento e, neste exato momento, os anjos são enviados oportunamente para fazê-los lembrar disso: “Esse Jesus, que dentre vós foi recebido em cima no céu (v. 11) e a quem vós tanto desejais que esteja de novo convoco, não foi embora para sempre. Há um dia designado no qual Ele há de vir assim como para o céu o vistes ir, e antes desse dia determinado Ele não virá.” (1) “Esse Jesus virá novamente em pessoa, vestido com um corpo glorioso. Esse Jesus que veio uma vez para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo, aparecerá segunda vez, sem pecado (Hb 9.26,28).


Esse Jesus que outrora veio em desgraça para ser julgado, virá outra vez em glória para julgar. Esse Jesus que vos deu a obra para vós fazerdes voltará para a prestação de contas do modo em que vós fizerdes o serviço; os meus olhos, e não outros, o verão (Jó 19.27).” (2) “Esse Jesus [...l há de vir assim como foi. Ele foi numa nuvem, acompanhado por anjos. Eis que vem com as nuvens e com Ele muitos milhares de anjos (Ap 1.7; Hb 12.2). Ele subiu com júbilo, [...] ao som da trombeta (Sl 47.5), e Ele descerá do céu com alarido [...j e com a trombeta de Deus (1 Ts 4.16). Vós o perdestes de vista nas nuvens e nos ares. Para onde Ele vai, vós não podeis ir agora (Jo 13.36), mas depois vós sereis arrebatados para encontrar o Senhor nos ares (1 Ts 4.17).” Quando ficamos olhando com seriedade e temor, a consideração da segunda vinda de nosso Mestre nos consola, nos anima e nos motiva.


SINAIS DA SUA VINDA == Lc. 21.25-30,38; Mi 24.45,46

SINAIS NA ÁREA POLÍTICA

1. Guerras (Mt 24. 6,7;Lc 21. 9,10).


a. Entre os anos de 1898 e 1991 houve centenas de conflitos armados no mundo, sendo que mais de 80 ocorreram nos últimos 20 anos.


b. Durante a I Guerra Mundial morreram 8.418.000 militares e 1.300.000 civis. Na 2ª, morreram 16.933.000 militares e 34.305.000 civis.

Isto para não citar seus efeitos destruidores ao longo dos anos subseqüentes.

Da Segunda Grande Guerra, basta lembrar o massacre dos judeus e os terríveis efeitos causados pelas bombas atômicas lançadas sobre o

Japão.


2. O custo material das guerras. Incalculáveis fortunas têm sido gastas em armamentos, aumentando assim o caos que oprime a raça humana. Há algum tempo, um grande estadista informou que o custo de um único míssil intercontinental daria: “Para plantar 200 milhões de árvores, irrigar um milhão de hectares de terra, alimentar 80 milhões de pessoas subnutridas, comprar um milhão de toneladas de fertilizantes, construir 65 mil centros de saúde ou 340 mil escolas primárias”. Recentemente, na Guerra do Golfo Pérsico, foram gastos bilhões de dólares em aquisição de armamentos, que dariam para socorrer milhões de famintos e desabrigados e construir milhares de habitações, hospitais e escolas em países do chamado Terceiro Mundo. Entretanto, toda essa imensa quantia foi usada para destruir vidas e patrimônios valiosos, além de causar irreparáveis prejuízos ecológicos.


SINAIS NA ÁREA DA NATUREZA


1.Terremotos (Mt 24: 7, Lc. 21: 11) O nosso século tem sido o mais castigado com diferentes tipos de terremotos e tremores de terra. Em 15 de agosto de 1950, registrou-se um dos mais violentos terremotos da história, na fronteira da Índia com a China, na Cordilheira do Himalaia. Dezesseis mil quilômetros quadrados de terra ficaram desolados e completamente destruídos. No dia 22 de maio de 1960, no Chile, cerca de 50 mil casas foram destruídas por um grande terremoto. Há poucos anos o México foi abalado com terremotos de grandes proporções. Até aqui, em vários lugares do Brasil, tem sido registrados alguns pequenos, mas assustadores abalos sísmicos.


2. Dados estatísticos. Eis a estatística dos terremotos registrados nos últimos séculos: Século X, 32; XI, 53; XII, 84; XIII, 115; XIV, 137; XV, 174; XVI, 253; XVII, 378; XVIII, 640; XIX,2119. Vale acrescentar que no Século XX já se registraram mais terremotos que cm todos os demais acima mencionados.


SINAIS NAS ÁREAS SOCIAL E MORAL


1.Fomes e flagelos (Lc 21.11; Ap 6.8). Milhões de pessoas na Etiópia, principalmente crianças, têm morrido devido à séria escassez de alimentos.

Na província de Sidamo, um terço da população está atravessando graves necessidades. Em Uganda, milhares de pessoas estão ameaçadas de morrer por desnutrição. Em cortas regiões da Índia Central, 77% da população está sofrendo de sérias enfermidades devido à péssima nutrição. No Brasil, a subnutrição é uma realidade inconteste; a fome e a miséria são ameaças constantes, e a tuberculose pulmonar, uma das suas terríveis conseqüências, tem sido e continua sendo a maior responsável por inúmeras ocorrências de óbitos.


2.Violência (Gn 6.11,13; Hc 1.3). Uma onda de violência cobre o mundo como resultado de uma estratégia satânica para afastar ainda mais a criatura do Criador.

Em 1980, nos E.U.A, registrou- se a seguinte estatística criminal: um assassínio a cada 23 minutos; um crime violento a cada 24 segundos; roubo a cada 58 segundos; e um assalto violento a cada 48 segundos. Também no Brasil, principalmente nas grandes capitais, como Rio de Janeiro e São Paulo, a violência tem se multiplicado nos últimos anos. Assalto, roubos, furtos e latrocínios, antes praticados por adultos, são diariamente praticados por crianças de ambos os sexos, da faixa de oito a quinze anos de idade. E a tendência é a de que esses crimes e o número de menores delinqüentes aumentem cada vez mais.


3.Divórcio. Em cada 1.000 pessoas no Djibute, 69 são divorciadas; nos E.U.A, 5; na URSS, 3; na Suécia, 3; na Dinamarca, 3. Em cada 100 pessoas casadas no Panamá, 34 são divorciadas; na Tanzânia, 20; em Botswana, 13; nos E.U.A, 11 e em Uganda 11. No Brasil, também, o número de divórcios tem aumentado a cada ano. É lamentável.


4.Orgia, tóxicos e perversões sexuais (Gn 6.1,2; 18.20; Rm 1.27,28). A Organização Mundial de Saúde declarou que o mundo está sob os efeitos de uma epidemia de tabagismo, que tende a aumentar. Na Tailândia, entre 1970 e 1990, o consumo de cigarros aumentou em 70%. Nesse país, a população gasta 115 de suas rendas com vício. No Brasil, o número de fumantes está aumentando na proporção de 8% ao ano. O alcoolismo, com seus efeitos destruidores, têm ceifado vidas impiedosamente. Segundo uma estatística recente de um órgão do governo, o Brasil em 1991, conta com 1.500.000 (um milhão e quinhentos mil) alcoólatras cadastrados.

Uma jornalista americana, recentemente, descreveu o estado decadente do mundo com as seguintes palavras: “Uma geração que se afundou na pornografia, violência, profanação, abuso do sexo e drogas. Há uma tragédia que envolve milhares de adolescentes grávidas, pois as clínicas de aborto estão proliferando assustadoramente”.

O homossexualismo, tanto entre os homens quanto entre as mulheres, tem crescido assustadoramente em todo o mundo, superando mesmo as cidades de Sodoma e Gomorra. Os meios de comunicação, em grande número, estão sendo usados para cultuar a pornografia, a prostituição o sexo livre e todo o tipo de imoralidades. E isto em nome da Cultura e da Arte.


5.Na tecnologia e na ciência em geral. Podemos mencionara descoberta de fontes alternativas de energia, as pesquisas e viagens espaciais, os sofisticados aparelhos eletrônicos, submarinos nucleares, mísseis balísticos intercontinentais, substituição de filmes fotográficos por discos, utilização dos raios gama e laser, os consideráveis avanços nas áreas da Geologia, Bioquímica. Genética, Astronáutica, Medicina, Oceanografia, etc. A multiplicação da ciência 6 também um sinal dos últimos tempos, preditos em Daniel 12.14.


SINAIS NA ÁREA RELIGIOSA


1.Falsos Cristos (Mt. 24: 5, Lc. 21: 8) Nos últimos 50 anos, cerca de 1.100 líderes apresentaram-se como cristas ou na condição de adores do mundo.


2. Apostasia. Trata-se da mais hedionda negação da fé, da experiência de salvação, regeneração, batismo com o Espírito Santo e tudo mais que faz parte da vida cristã.


3. Falsos líderes (Mt 24.11).Os falsos profetas aqui são comparados aos falsos líderes da obra de Deus, isto é, pessoas que se promovem a líderes com fins gananciosos, que pregam a mensagem por interesse financeiro, que usurpam os bens das pessoas símplices, oferecendo em troca bênçãos que não podem dar, pelo que terão de prestar contas ao justo Juiz de toda a terra.


4. Indolência, desânimo e abandono da fé (I Tm 4.1,2). “Por se multiplicar a iniqüidade, o amor de muitos esfriará” (Mt 24.12). E porventura não é o que estamos vendo abundantemente em nossos dias? Os falsos crentes vivendo em iniqüidade, servindo de motivo de esfriamento espiritual para aqueles que disso se escandalizam? Infelizmente, sim.


5. Descrença na vinda do Senhor (2 Pe 3.3,4). Uma característica dos últimos tempos é o aparecimento de escarnecedores zombando da vinda do Senhor, por parecer tardia.


O SINAL DA FIGUEIRA


A sobrevivência do povo judeu através dos milênios, sem dúvida, é um milagre.

1. A dispersão (Lv 26.33; Sl 44.11). Após 25 séculos de dispersão, Israel voltou a ter reconhecida sua identidade nacional e hoje habita sua própria terra. A restauração nacional de Israel é um fato consumado.


2. O retorno (D t30. 3;Is 11.11,12). O retomo dos filhos de Israel foi profetizado mil anos antes da dispersão, por Moisés, e depois por outros profetas.


3. A restauração (Dt 4.30, 31; Jr. 31.28). “Deus não rejeitou o seu povo” (Rm 11.2). Por isso prometeu restaurá-lo. A figueira está brotando, o verão está próximo! Jesus está voltando, a nossa redenção está próxima. Aleluia!


Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus

Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS


Bibliografia

Comentário Bíblico Mathew Henry - Novo Testamento Edição Compelta

Comentário Bíblico Atos – Myer Pearlman

Bíblia de Estudo Pentecostal

Lições bíblicas CPAD 1980

Lições bíblicas CPAD 1992


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