8 de fevereiro de 2011

ASSISTENCIA SOCIAL UM IMPORTANTE NEGOCIO

ASSISTENCIA SOCIAL UM IMPORTANTE NEGOCIO


TEXTO ÁUREO = “Bem-aventurado é aquele que atende ao pobre; o Senhor o livrará no dia do mal” (SI 41.1).


VERDADE PRÁTICA = Fé e obras se complementam inseparavelmente na vida daquele que vive para Jesus.


INTRODUÇÃO


Atender ao pobre em suas necessidades é um preceito bíblico (Lv 23. 22; Dt 15. 11; Sl 41.1; 82. 3; At 11. 28-30; GI 2. 10). A missão assistencial da Igreja no mundo é a continuação da obra iniciada por Jesus. Assim como o Senhor jamais se esqueceu dos pobres, a Igreja não deve desprezá-los (Lc 4. 18,19). O imperativo da Grande Comissão inclui, na essência da mensagem do evangelho, o atendimento às pessoas necessitadas. Ver Mt 25. 35-40; Jo 13. 14,15. Nesta lição, estudaremos a responsabilidade social da Igreja.


FUNDAMENTOS DA RESPONSABILIDADE SOCIAL DA IGREJA


1. No Antigo Testamento (Dt 15. 10,11). Esta é uma das muitas referências do Antigo Testamento sobre o nosso dever de ajudar, assistir e socorrer os necessitados. Devemos atender ao pedinte (Dt 1 5.7-10) e ao carente de víveres para a sua subsistência (SI 132. 15). Ver Lv 19.10; 23.22; Êx 23. 11. A justiça social ordenada por Deus determinava que os ricos não desprezassem os pobres (Dt 15. 7-11), e que o estrangeiro, a viúva e o órfão fossem atendidos em suas necessidades (Ex 22. 22; Dt 10. 18; 14. 29).


2. No Novo Testamento (Mt 26. 11; GI 2. 10). Aqui estão incluídos os pobres, enfermos, deficientes físicos, crianças, idosos, desamparados, desabrigados, encarcerados, bem como os incapazes de retribuir quaisquer favores recebidos (Lc 14. 13,14). Quando Cristo veio ao mundo, a Palestina passava por graves problemas sócio-econômicos, de sorte que muitos o buscavam apenas para saciar a fome (Jo 6.26). É justamente nesse contexto que devemos estudar a ação social da igreja primitiva. Ler At 2. 43-46; 6. 1; Rm 15. 25-27; I Co 16. 1-4; II Co 8; 9; GI 2. 9; Fp 4. 18,19, etc.



A RESPONSABILIDADE SOCIAL DA IGREJA PRIMITIVA


Após o derramamento do Espírito Santo no Dia de Pentecostes em Jerusalém, e a conversão de quase três mil almas a Cristo, houve um grande despertamento espiritual entre os primeiros crentes. A despeito de os apóstolos jamais deixarem arrefecer a principal missão da Igreja na Terra, que compreende: a pregação do evangelho, a doutrina, a comunhão, a fraternidade e a oração (At 2. 42; 4. 31; 5. 42), o Espírito Santo também inspirou e guiou aqueles servos de Deus rumo ao cumprimento da missão social da igreja. Vejamos:


1 Doutrina. “E perseveravam na doutrina dos apóstolos”.
A doutrina cristã, ensinada por Jesus durante seu ministério terreno, continuou no coração e na mente dos apóstolos. Agora, o Espírito Santo vivificava e consolidava em suas mentes tudo quanto o Senhor ensinara como Jesus havia predito (Jo 14. 26; 15.26; 16. 13, 13). A primeira coisa que cuidaram na igreja nascente foi à doutrina, que é essencial à fé cristã.


2. Comunhão. ‘“E perseveravam na comunhão”. Comunhão quer dizer “aquilo que é comum a todos”; “fraternidade”; “compartilhar de um interesse comum”. Portanto, é relacionamento íntimo e fraternal entre os irmãos. Na igreja primitiva, era uma prática que fortalecia o relacionamento social e despertava a sensibilidade dos crentes pelas necessidades uns dos outros (At 2. 44-46; 4. 32-36).


3. Solidariedade. “E perseveravam no partir do pão”. Em Atos 2.42, pode referir-se tanto às refeições comuns quanto à Ceia do Senhor. Era costume, entre os judeus, representar a comunhão entre as pessoas, segurando com as mãos o pão e partindo-o em pedaços, ao invés de cortá-lo (Lc 22. 19; I Co 11. 24). Era um ato de fraternidade e solidariedade entre os irmãos. Essa prática sugere a necessidade de a Igreja partilhar, por meio do serviço social, o pão material com os necessitados.


4. Oração. “E perseveravam nas orações”. O sentido plural da palavra oração indica a diversidade dos propósitos pelos quais oramos, bem como as diferentes formas de oração. A oração foi à força motriz do grande avivamento no dia de Pentecostes (At 1. 14; 2. 1; 3. 1). Havia uma assídua participação nas reuniões de oração da igreja primitiva, porque os crentes estavam sempre unidos em um mesmo Espírito, fé e amor.


UM PROFUNDO SENSO DE RESPONSABILIDADE SOCIAL
(vv. 44,45)


Ao invés de a igreja primitiva discutir se era ou não de sua responsabilidade suprir as necessidades dos cristãos pobres, realizava esse serviço movido de amor e compaixão de Deus. O bem-estar social de cada irmão em Cristo tinha sua base nos valores espirituais e morais da igreja nascente.


1. A igreja era caridosa (At 2. 45). Os versículos 43 e 44 indicam três qualidades da igreja cristã: temor, fervor pentecostal e unidade. No original, os verbos dos vv. 43,44 descrevem uma ação repetida e contínua - os discípulos continuavam sendo cheios de temor e vendendo seus bens à medida que as necessidades individuais surgiam: “repartiam com todos, segundo cada um tinha necessidade” (v.45). O temor dos crentes não era medo, mas um profundo reconhecimento de que tudo o que estava acontecendo com eles procedia de Deus.
A igreja era pentecostal, no sentido bíblico da palavra, e unida: “tinham tudo em comum”.A consciência dos crentes foi despertada para sair da neutralidade e da omissão social.


2. Consciência das necessidades materiais dos cristãos (At 11. 27-30). A Bíblia registra a profecia concernente à grande fome e empobrecimento que atingiu o mundo de então. Esse fato ocorreu no governo de Cláudio César, imperador de Roma, entre 45-54 d.C. Josefo, historiador judeu, registra uma grande fome na Judéia em 46 d.C. Foi nesse período de extrema necessidade que os cristãos de Antioquia enviaram suprimentos à igreja de Jerusalém. A igreja missionária em Antioquia se preocupava com o estado dos demais cristãos no mundo, especialmente com a igreja-mãe em Jerusalém. Os cristãos foram estimulados a contribuírem conforme suas posses, enviando as ofertas por meio de Barnabé e Paulo, e assim socorreram os irmãos da Judéia.


3. A igreja primitiva cumpria sua missão social (II Co 8. 3,4; 9. 13). A igreja não apenas pregava o evangelho, mas também atendia àqueles que necessitavam de socorro físico e material (Gl 2. 9,10).

Os seguintes princípios devem nortear o serviço social da igreja:

a) Mutualidade - isto é, ser generoso, recíproco, solidário.
b) Responsabilidade-trata-se de privilégio e não obrigação (II Co 8. 4; 9. 7);
c) Proporcionalidade - contribuição de acordo com as possibilidades individuais (II Co 9. 6,7).


EXEMPLOS DE AÇÕES GENEROSAS ( Co 8.1-6,9; 9.1,2)


1. O exemplo dos macedônios (8.1-6). O princípio da generosidade está fundamentado na idéia de doar e não de ter (II Co 8.12). A prova vem das igrejas macedônias que eram gentias e, apesar de suas dificuldades e pobreza, foram capazes, por causa do amor a Deus, de ofertar o pouco que tinham para socorrer os pobres de Jerusalém. Paulo cita-lhes o exemplo e passa a exortar os coríntios a que observem a mesma prática em termos de contribuição. O apóstolo apela para os cristãos de Corinto ser abundantes na generosidade para com os irmãos necessitados, especialmente, os de Jerusalém, a Igreja-mãe, pois foi onde tudo começou.


2. O exemplo de Jesus Cristo (8.9). Segundo o Dicionário Houaiss, generosidade é a “virtude daquele que se dispõe a sacrificar os próprios interesses em benefício de outrem”. Esta acepção encaixa- se perfeitamente no que Paulo afirmou acerca do Filho de Deus, dizendo que Ele “sendo rico, por amor de vós se fez pobre” (v.9). Para o apóstolo dos gentios, o sacrifício de Jesus não começou no Calvário, nem sequer com sua humilhação fazendo-se homem e nascendo de mulher.
O sacrifício de nosso Senhor teve início rio Céu, quando se despojou de sua glória para vir a Terra e der a sua vida em resgate da humanidade. Seu exemplo de generosidade vai além de qualquer outro. Paulo diz que Jesus se fez “pobre”, para que, pela sua “pobreza”, nós, cristãos fôssemos enriquecidos (v.9; I Co 1 .5). O sentimento que dominou o ministério de Jesus é o que deve permear o coração dos crentes, tendo disposição de vontade para fazer o melhor pelo Reino de Deus, inclusive, contribuir com amor fraterno para os necessitados (Fp 2.5).


3. O exemplo da igreja coríntia (9.1,2). O apóstolo é amável e felicita os coríntios pela abundância de bênçãos espirituais que têm experimentado.
Em termos de caridade, os coríntios já haviam- na manifestados a Paulo e aos seus companheiros (II Co 8.7). A fim de defender a importância de tal contribuição, ele afirma que Tito fora sido recebido carinhosamente em Corinto e começado o levantamento de ofertas (8.6-1 2). Paulo reconhece esse primeiro esforço, entretanto, recorda-lhes que não devem ficar apenas com esse ato inicial, mas que concretizem o propósito de enviar a oferta que prometeram (8.11).


EXORTAÇÃO AO ESPÍRITO GENEROSO PARA CONTRIBUIR (Co 8.7-15)


1. A igreja de Corinto foi encorajada a repartir generosamente com os necessitados (8.11).

Paulo motiva a igreja lembrando suas virtudes positivas e declara que os coríntios têm sido abundantes na fé, no entanto, apela a que sobejem, também, na graça da generosidade (II Co 8.7). Para não parecer que está exercendo sua autoridade apostólica com atitude interesseira, Paulo apenas dá o seu parecer sobre o assunto. Ele não impõe à igreja qualquer encargo, mas recorre ao espírito generoso dos irmãos quanto à contribuição financeira em favor dos crentes de Jerusalém (v.8).


2. A responsabilidade social da Igreja. Atender ao pobre em suas necessidades é um preceito bíblico (Lv 23.22; Dt 15.11; SI 82.3; At 11.28-30; Cl 2.10; Tg 2.15,16). A missão assistencial da Igreja no mundo é a continuação da obra iniciada por Jesus. Assim como o Senhor jamais se esqueceu dos pobres, a Igreja não deve desprezá-los (Lc 4.1 8,1 9), pois na essência da mensagem do Evangelho está também o atendimento às pessoas necessitadas. A Igreja Primitiva deu ênfase à assistência generosa para com os seus pobres.
A Bíblia afirma que os Cristãos primitivos “repartiam com todos, segundo cada um tinha necessidade” (At 2.44,45).


3. A generosidade cristã requer reciprocidade mútua dos recursos. O sentimento comunitário é um dos sinais do cristianismo autêntico.
Todos são iguais perante o Senhor, e seus direitos são os mesmos, O princípio da igualdade refuta as diferenças sociais quando é possível que algo seja feito.

A reciprocidade mútua entre os crentes supre as necessidades dos irmãos que fazem parte da mesma fé. Não pode haver espaço para a fome e a nudez no meio do povo de Deus. A base desse sentimento constitui o critério da generosidade que deve permear a vida cristã.


OS PRINCÍPIOS DA GENEROSIDADE ( Co 9.6-15)


1. O valor da liberalidade na contribuição. No Antigo Testamento, a entrega do dízimo obedecia a uma lei. Todo israelita tinha a obrigação de entregar o seu dízimo na Casa do Senhor (Dt 14.22).

O dízimo, mais que uma regra a ser obedecida, é um princípio de gratidão, fé e obediência. O doador o faz porque reconhece o senhorio de Deus sobre suas finanças. Na igreja, o cristão obedece ao princípio da fé e do reconhecimento do Senhorio de Cristo. Assim, do ponto de vista bíblico, a contribuição não se restringe aos 10% (o valor mínimo que o crente deve trazer à casa do tesouro); o princípio que a rege é o da liberalidade. Portanto, não há limite para a contribuição (II Co 9.10). A pessoa oferta o que coração; o que vale é o seu princípio (o dar com liberalidade), não a regra.


Ninguém o faz por força de uma lei ou preceito, mas sim por gratidão ao Senhor, por fidelidade e reconhecimento. As ofertas devem ser espontâneas, de coração aberto, e sem avareza (9.5). Deus se com praz em abençoar a igreja, dando- lhe bênçãos espirituais e materiais. Assim como Ele abençoa seus filhos, espera que seus filhos abençoem generosamente seus irmãos na fé. Este princípio orienta que devemos dar com alegria, não com tristeza ou por necessidade (II Co 9.7).


2. A igreja deve socorrer os necessitados obedecendo a três princípios que norteiam o serviço social. A igreja não apenas prega o Evangelho. Ela deve atender os seus necessitados em termos físicos e materiais (GI 2.9,10). Três princípios são fundamentais neste exercício: a) Mutualidade: Este princípio se manifesta em generosidade, reciprocidade e solidariedade (At 2.44,45); b) Responsabilidade: Com a obra de Deus e com seus irmãos necessitados (2 Co 8.4; 9.7); c) Proporcionalidade: Nesta perspectiva, o cristão contribui de acordo com as suas possibilidades (II Co 8.12).


3. A graça de contribuir. A generosidade requerida por Paulo não se constituía de atitudes vazias ou meras formalidades sociais. As igrejas que ajudam às suas coirmãs, ou investem na obra de evangelização e missões, são abençoadas copiosamente; ofertar é um ato de adoração e louvor a Deus (Fp 4.1 8). Além do mais, a graça de contribuir está fundamentada no princípio de que mais “bem-aventurada coisa é dar do que receber” (At 20.35).



OS CRISTÃOS POBRES DE JERUSALÉM:

Leiamos Rm 15:25-29.


1. O papel da Igreja na socieciedade - O objetivo principal da Igreja é glorificar a Deus (I Cor 10:31). Alguém pode perguntar: "A tarefa principal da Igreja não é a evangelização?" A resposta é afirmativa. Isso, porém, é conseqüência do glorificar a Deus. A atividade da Igreja se direciona em dois sentidos: vertical — adoração, autoridades espirituais; horizontal — servir ao próximo, atividades filantrópicas e sociais. Por isso Deus eseleceu ministérios na Igreja.


2. O reconhecimento dos gentio - (v.27). Os gentios deviam se sentir endividados espiritualmente com os judeus; afinal Jerusalém era a igreja-mãe. Como nós, no Brasil, conhecemos os nossos pioneiros suecos, e temos uma admiração profunda pela Suécia, a nossa mãe, que nos enviou os primeiros missionários. Assim também, os gentios tinham apreço especial pelos irmãos judeus de Jerusalém.


3. Jerusalém e suas necessidades - Agora, a igreja de Jerusalém padecia necessidades. O apóstolo Paulo era um homem muito cuidadoso. Tudo o que fazia, o fazia com dedicação e empenho (Ec 9.10). Seu cuidado com as igrejas não se restringia apenas ao plano espiritual. Paulo, sabendo dessa necessidade, levantou ofertas na Macedônia, na Acaia (v.26; 2 Co 8.1), em Corinto e na Galácia (l Co 16.1-3; 2 Co 8.6-11; 9.1-5), para suprir as necessidades dos irmãos pobres de Jerusalém.


4. Objetivo de Paulo - O apóstolo Paulo via a necessidade de unir as igrejas gentias com a de Jerusalém. Os gentios ainda eram vistos com suspeitas por causa dos costumes judaicos. Essa oferta era um gesto espontâneo baseado no amor fraternal, e com isso levava os gentios a reconhecerem sua dívida espiritual com Jerusalém. Não era uma inovação, pois, cerca de 11 anos antes, juntamente com Barnabé, Paulo levou uma oferta para os necessitados de Jerusalém (At 11.30).


A NECESSIDADE ATUAL:


1. “Ministrar aos santos” (v.25). Essa expressão diz respeito ao serviço social prestado pelo apóstolo aos irmãos pobres de Jerusalém. Ministério significa serviço. Deus incluiu entre os ministérios dados à Igreja, o serviço social (Rm 12.8); depois, dons de curar, socorros, governos, variedades de línguas (l Co 12.28).


2. Mazelas sociais - Mc 14.7 - Hoje se fala dos meninos e meninas de ruas juntamente com os idosos abandonados, da prostituição infantil, das freqüentes invasões de terra, do desemprego e de outras mazelas. O que a Igreja tem feito para aliviar o sofrimento dessa gente?
É bom lembrar que desde o princípio do mundo que os trabalhos filantrópicos estiveram sempre ligados à religião (Tg l .27).


3. Pão para quem tem fome - Não podemos ficar alheios ao sofrimento do próximo (l Jo 3.17). Con­vém lembrar que uma cesta básica não resolve o problema do pobre. O problema é resolvido à medida que essas pessoas forem absorvidas no mercado de trabalho, ganhando seu pão com o suor do seu rosto. A cesta básica é um paliativo até que essas pessoas consigam emprego. O que não se deve é despedir sem nada o necessitado. Tiago chama esse procedimento de fé morta (Tg 2.14-17).


A FILANTROPIA NA BÍBLIA


1. Esta palavra significa "humanitário, amigo da humanidade", e vem do grego filós, "amigo" e anthropos, "homem". Ora, se os que não têm esperança estão sempre dispostos a ajudar a seu próximo, por que não nós, que somos filhos da luz? O cristão tem inclinação para ajudar os pobres e necessitados, porque ele é "participante da natureza divina" (2 Pe 1.4).


2. Desde Moisés. O assunto da filantropia vem desde Moisés e perpassa toda a Bíblia. Jesus deu o exemplo de filantropia numa época em que não havia infra-estrutura e nem organização estatal. Quando falamos de trabalhos sociais e filantrópicos queremos mostrar as várias maneiras pelas quais a Igreja procura socorrer os pobres nas suas necessidades. Como o pecado é a causa primária dessa miséria, enquanto o mundo subsistir, estas coisas estarão presentes.


3. No Cristianismo. Não demorou muito para que os serviços sociais surgissem na Igreja. Os apóstolos delegaram esses trabalhos aos irmãos vocacionados, de boa reputação, cheio do Espírito Santo e de sabedoria. Os apóstolos deram assim importância a essa atividade, não fi­cando alheios aos problemas dos necessitados. Isso está muito claro em Atos 6.1-6, quando houve a separação de crentes para o diaconato, a fim de servirem nesse ministério.


V. AS BÊNÇÃOS DE DEUS:


1. Comunicar e comunicação - O apóstolo Paulo costuma usar o verbo "comunicar" ou o substantivo "comunicação" com referência ao ato de o cristão compartilhar o que tem com os demais (2 Co 8.4; Fp 4.15). A Versão Almeida Atualizada usa o verbo "associar". Isso diz respeito à ajuda aos necessitados (Hb 13.16) e também à ofertas ou ao sustento missionário (Fp 4.15).


2. Deus promete retribuir – Quem ajuda ao necessitado, Deus o abençoa (2 Co 9.8-12). Temos a promessa de Deus de uma boa colheita – salário abençoado. Por isso, Jesus disse que é melhor dar do que receber (At 20.35). Jesus garantiu que quem assim faz, de maneira nenhuma perderá o seu galardão (Mt 10:42).

3. A omissão dessa responsabilidade é pecado. Deus abençoa, tanto no sentido espiritual como no material aos que ajudam os necessitados. Ele aumenta os bens materiais para que também aumente as condições de ajuda aos necessitados. Quem dá ao pobre empresta a Deus (Pv 19.17). Qualquer omissão diante desta responsabilidade espiritual, pesa sobre a Igreja, pode resultar em graves conseqüências. A Bíblia diz que o "que retém o trigo, o povo o amaldiçoa" (Pv 11.26).


4. A caridade fraternal. Infelizmente ainda há igrejas que continuam insensíveis às necessidades do pobre e aos serviços sociais. Dão muita ênfase à guerra espiritual, ao mundo invisível, mas não se importam com o mundo visível. Não devemos nos esquecer da hospitalidade, dos presos e dos maltratados Hb 13.1-3.


O MINISTÉRIO SOCIAL E O CRESCIMENTO DA IGREJA


No segundo capítulo, falamos da missão da Igreja. Vimos como o mandato evangelístico tem prioridade e como podemos desenvolver um ministério eficiente, ocupando-nos em “edificar Sua Igreja” e em cuidar de todas as responsabilidades do crente, nas quais está incluído o ministério social de que queremos falar neste capítulo.


O Movimento de Crescimento da Igreja tem sido acusado de não dar uma ênfase no ministério social da Igreja. Certo é que, no passado, esta ênfase não foi expressamente articulada e hoje, mais que nunca, temos livros e escritos que demonstram que Crescimento da Igreja está levando em conta todo o evangelho, do qual o ministério social é uma parte. Indubitavelmente, será muito difícil satisfazer a todo o mundo, mas, à medida em que as bases do Crescimento da Igreja forem mais estudadas, maior será o conhecimento e o reconhecimento que receberão. Não podemos polarizar o mandato cultural e nem o evangelístico, mas devemos reconhecer as diferenças entre um e outro.


Conforme já dissemos: “Quanto mais igrejas tivermos, quanto mais crentes formos, não somente teremos uma evangelização mais agressiva e um reconhecimento maior das igrejas, como também poderemos participar mais ativamente nas necessidades físicas e políticas deste mundo. Quando falarmos de libertação, justiça e paz, seremos ouvidos.


Dividiremos nosso estudo em duas partes maiores:


1) o Serviço Social; 2) a Ação Social.


Estes temas estarão sendo considerados em profundidade em conferências internacionais. Quando este livro estiver sendo impresso, estará se reunindo uma delas em Grand Rapids, Michigan, E.U.A., promovida pelo Comitê Para a Evangelização Mundial de Lausane e pela Confraternização Mundial Evangélica.
Isto me faz pensar que os leitores interessados terão muito mais para ler daqui em diante. Espera-se que, nesta conferência, analise-se a história e as Escrituras, à luz de experiências e estudos contemporâneos, conforme diz Leighton Ford: “Os patrocinadores têm a esperança de que a conferência contribua grandemente para esclarecer a visão evangélica desta relação crucial entre a evangelização e a responsabilidade social”. Faremos nossa parte neste capítulo para apresentar o pensamento c Crescimento da Igreja.


O Serviço Social


Este é um tipo de ministério que satisfaz às necessidades tanto de indivíduos como de grupos ou pessoas de uma forma direta e imediata. Isto não é nada novo para a Igreja e o temos feito em uma medida ou outra. Já mencionei que quando nasci meus pais pertenciam ao Exército de Salvação. Ali conheci muito de perto o que isto queria dizer: “fazer serviço social”. Aprendi a solicitar ajuda de alimentos, abrigos e até mesmo dinheiro. Lembro-me quando falava com comerciantes, chefes de casas de cereais e autoridades municipais, etc. Voltava sempre carregado com as “cooperações” que esta gente dava. Pergunto-me hoje, como me escutavam, como me davam coisas. O certo é que o faziam. Hoje, minha surpresa maior é quando me lembro que não tinha mais de 9 anos de idade. Quando eu tinha esta idade, nós nos mudamos de lugar e começamos a freqüentar a Igreja dos Irmãos, com a qual trabalho até o presente.


Certamente, o serviço social não está limitado ao que eu podia fazer como criança. E muito máis do que providenciar comida ao necessitado e agasalho ao que tem frio. Há tempo de fome, quando se deve providenciar alimentos. Terremotos e outros fenômenos naturais requerem a ação da Igreja. Quando surgem epidemias, a Igreja pode prover medicamentos e cuidados médicos. Muito do evangelho conhecido hoje na América Latina e a implantação de muitas igrejas têm ocorrido através de escolas, orfanatos e postos de saúde que foram abertos em nossos países. Primeiro, a evangelização de presença 1 -P semeou de modo que, quando o evangelho 2-P foi pregado, as pessoas escutaram e o aceitaram para, em seguida, serem incorporadas às igrejas como membros responsáveis e reprodutivos 3-P.


Não somente os países desenvolvidos têm agências e organizações para realizar este serviço social; pois elas também existem nos países latino-americanos. Vemos isso também dentro das igrejas, onde se está tratando de suprir a necessidade do ser humano.

Temos organizações como a Visão Mundial, que trabalham especificamente para suprir esta necessidade. Muitas destas organizações trabalham com duas metas. A primeira, é a de “auxílio de emergência” aos povos e indivíduos, quando os males já aconteceram.


A segunda, é ajudar o desenvolvimento, onde, por meio do ensino e prática, pode-se preparar pessoas desta ou daquela região para que saibam como ter melhores colheitas, água, alimento, etc. Como tais, estas organizações são muito produtivas ainda que às vezes sejam mal interpretadas. A maioria dos crentes está envolvida no serviço social de uma forma ou de outra. Em nossa igreja, há irmãos que, sem fazer alarde ou muitas perguntas, são vistos chegando aos cultos com uma cesta de alimentos ou roupas. Ao terminar o culto, outra pessoa sai com a mesma cesta. Trata-se de alguém que soube de algum necessitado e supriu-lhe as necessidades.


As vezes, alguns chegam e me dizem: “Pastor, o que o senhor acha se alguns de nós, ou da tesouraria da igreja, ajudássemos fulano ou ciclano?”. Sem convocar a uma sessão plenária ou esperar semanas para resolver, a comissão responsável se reúne e decide. Não sei de nenhum caso legítimo que se tenha negado ajuda.


Ainda podemos encontrar situações em que o mandato cultural terá prioridade sobre o evangelístico. O Dr. McGravan considera isto e ensina: “... em algumas circunstâncias e, sem dúvida, por tempo limitado, algum aspecto de ordem social, poderá cristianizar-se e será necessário dar prioridade a este aspecto do que à evangelização” Um exemplo clássico é do Bom Samaritano. Ali, a prioridade era auxiliar o necessitado e curar suas feridas. As condições deste homem não pareciam muito favoráveis para que se lhe apresentasse uma mensagem evangelística. Wagner diz: “Se um edifício estiver se incendiando, não será apropriado fazer uma reunião ao ar livre. O mais importante será ajudar a apagar o fogo e atender às vítimas” Nossa própria lógica nos ajudará a tomarmos resoluções nesses casos.


Deixem-me repetir o que disse antes: quanto maior formos em número, maior será a nossa eficácia. O impacto será maior. Quanto maior o número de membros de uma igreja, haverá mais pessoas para realizar o trabalho. Além disso, em uma igreja “suficientemente grande ”, haverá quem tenha dons específicos para o serviço social. Isto permitirá também que, embora alguns estejam ocupados no aspecto do Mandato Evangelístico, outros poderão desenvolver e usar seus dons espirituais no cumprimento do Mandato Cultural. McGravan tem dito também que, nas causas sociais: “nós, os crentes, não triunfaremos, a menos que sejamos um grande número” Não precisamos ser eruditos para perceber isto. O bispo Stephen Neil está convencido de que: “a ordem de prioridade deve ser sempre a conversão primeiro, depois, a mudança social”.


Há três anos atrás, na igreja que pastoreamos quando começamos com zero de assistência, o que podíamos fazer em serviço social era muito limitado, mas, hoje, podemos realizar muito mais. Pregamos o evangelho e ensinamos a nossa congregação tanto quanto o tempo e as energias nos permitem. Estamos recrutando ajuda de outras pessoas que possam constituir uma equipe de trabalho pastoral. O Senhor está acrescentando a cada dia os que hão de ser salvos. Creio que estamos cumprindo a prioridade do Mandato Evangelístico.

Todavia, minha esposa, que é minha mão direita em todo meu trabalho, acaba de preparar um projeto de “serviço social”, que complementa tudo o que se tem feito até aqui. Logo, apresentaremos isto à igreja para sua aprovação e implementação.

No sul da Califórnia, temos alguns problemas sociais muito especiais e particulares. A invasão de pessoas de todos os países latino- americanos cria uma situação complexa e a igreja precisa considerá-la. Talvez seja muito diferente da que você tem no lugar onde está, mas onde nós estamos, consideramos estas “necessidades reais” de nossa comunidade e estas necessidades são as que estamos tratando de suprir.


Quanto mais nossa igreja cresce, seja em número ou espiritualmente, cremos que tanto mais fácil será alcançarmos a realização destes programas, e a congregação estará estruturada para um maior esforço e resultado. Cremos que os programas de serviço social nos ajudarão a crescer, além de satisfazer às necessidades humanas. J. Edwin Orr disse: “O derramamento do Espírito Santo, ao avivar as igrejas e despertar as massas, promove não somente a evangelização e o ensino da Palavra, como também acelera a ação social.” Isto pode se tornar um círculo construtivo.


A Ação Social


Trata-se de uma classe de ministério relacionada com o conceito de mudar as estruturas sociais. Esta entra no aspecto das mudanças sócio-políticas. Não é que isto tenha necessariamente que acabar sempre em revolução, violência ou desobediência civil. Na América Latina (e ao redor do mundo), temos governos que se aproveitam, tiram vantagens e cometem toda sorte de injustiças sociais. Qual será ou qual deve ser a atitude da Igreja nestas situações? Entendemos que a meta da ação social é a de modificar ou substituir as estruturas políticas que agem assim. E a Igreja?


Uma pergunta que cada um deverá responder pessoalmente e o que eu não pretendo fazer neste livro é a seguinte: quando a Igreja se envolve em ação social, está evangelizando e pode trazer salvação no sentido bíblico? Wagner diz: A ação social é tão complexa que poucos estão capacitados para tomarem uma decisão inteligente no assunto. Como se isto fosse pouco, em nossos países surgem constantemente problemas sociais que demandam sabedoria do alto. “Cada nova estruturação social que surge em nossos países, em transformação, necessita de novas unções do Espírito para cumprir novas tarefas.”


Os problemas sociais são difíceis e complexos até mesmo para os especialistas, quanto mais para a maioria das pessoas de nossas igrejas. Muitas das pessoas que pretenderam ser líderes e os entendidos nestes assuntos não conseguiram fazer nada muito substancial. Até ousaria a dizer que, pelos resultados, pioraram as coisas.
Pelo menos confundiram as pessoas mais novas na fé e se houvessem empregado seu tempo e energia em cumprir com o mandato evangelístico teriam sido mais produtivos e muito mais crentes apoiariam suas intenções de mudanças sociais. Precisamos ter cuidado; lembremos que a ação social pode ser um obstáculo para o nosso crescimento. Wagner nos dá seis razões sobre este assunto. Podemos resumi-Ias assim:


1. O perigo das seleções. Os líderes das congregações ou denominações perdem o contato com o básico, com as pessoas que sinceramente querem servir a Deus, e cujas convicções sobre o envolvimento nos assuntos sociais são negativas frente às atitudes e ações dos líderes.


2. O perigo das divisões. A ação social é controvertida. Certamente deixará cair sementes de divisão nas igrejas, a menos que a congregação se convença que o assunto discutido é claramente bíblico.


3. O perigo da desumanização. Nem sempre percebemos que, ao usar a congregação como instrumento de poder político, alguns membros da mesma podem ser oprimidos. Eles se uniram à igreja por razões espirituais e descobrem que seu dinheiro é usado para fins políticos. Quando uma congregação ou denominação toma uma plataforma política, ela o faz em nome de seus membros, quer estejam de acordo ou não. Isto pode desumanizar estes membros.


4. O perigo da impotência social. As igrejas evangélicas são conservadoras em sua natureza social básica. Isto não é do agrado dos pregoeiros da ação social que desejariam usar as congregações para levarem adiante seus interesses próprios. Por isso, os que se envolvem nestes assuntos tão controvertidos terminam perdendo as forças. Dean Kelley disse: “não devemos esperar que as congregações sejam quartéis onde tropas reformistas militantes estejam prontas para agir nas mudanças sociais”. O próprio Papa, falando sobre a Teologia da Libertação na América Latina, disse aos sacerdotes que pregassem o evangelho e cuidassem dos pobres, e que não se metessem em política”.


5. O perigo da imperfeição. Isto é, no final, não seremos nem uma coisa nem outra. A experiência e os resultados de igrejas envolvidas em ação social não têm sido muito impressionantes. Isto ocorre pelo fato de os pronunciamentos da igreja nesta matéria não terem sido levados muito a sério. Poucas vezes os líderes eclesiásticos têm a perícia tão necessária no campo da ação social.


6. O perigo de “Constantinismo”. (refere-se ao imperador Constantino). Suponhamos que a estrutura congregacional tome uma postura política e ganhe o poder. A meta da Igreja é controlar a política ou a sociedade? Os que têm lido a história não aceitarão esta opção. Não é uma meta recomendável. Quando a Igreja controla o mundo tende a perder o poder profético.


Um dos problemas mais graves que nós enfrentamos na América Latina é o de ter que aceitar ou decidir sobre opções políticas. Cada país é diferente do outro. Em muitos lugares, a igreja tem se dividido por causa de questões políticas que são complexas e difíceis. A justiça social, por exemplo, tem várias faces. Os direitos humanos podem ser interpretados conforme os interesses de cada um.

Admito que, desde minha infância, fui ensinado em minha igreja e por meus pais que a política não era para os evangélicos. Em minha cidade natal, um pastor que até esteve preso, por estar envolvido com um partido político e por falar publicamente contra outros partidos, tornou-se a “ovelha negra” entre os pastores. Muito querido, muito solicitado para reuniões especiais, etc., mas, quanto à política, nem convém falar. Por estas razões e outras experiências é que devo admitir minha subjetividade no assunto. Sinto-me muito à vontade diante do mandato evangelístico com o aspecto do serviço social, mas tenho problemas com a ação social. Não desejo julgar o leitor, prefiro que cada um faça o que Deus puser em seu coração depois de analisar este capítulo.


Lembremos que, de qualquer maneira, é nas urnas que podemos e devemos definir nossa posição. Se não participamos de uma eleição de qualquer tipo, não estamos exercendo o direito e poder de voto. Logicamente, aqui tudo permanece no segredo da cabine eleitoral; alguns preferem a política fora das urnas, onde possam falar publica- mente e serem conhecidos por todos, passando a ser parte do espetáculo. Isto pode nos levar a formar um novo partido ou começar uma união para a revolução. Como elegeremos? Qual é a ordem divina? Quais são as nossas prioridades como crentes em Cristo Jesus, nosso Salvador? Este é um problema para o qual nunca encontrei uma resposta definitiva.


Em todo pleito político existem crentes de ambos os lados. Que fazer? Vivi isto em minha pátria, vendo várias igrejas onde a congregação estava dividida; onde as igrejas da mesma denominação, na mesma cidade, estavam algumas a favor de um partido, outras, de outro partido. Existem três situações: a favor, contra e neutro. Permanecer neutro será a resposta? Que influência terá isto na igreja local? Corresponde à Grande Comissão?


Uma coisa muito importante considerarmos é que a maioria de nossas igrejas tem mais capacidade e conhecimento para desenvolver um programa de serviço social do que para desenvolver um programa de ação social. Tivemos mais êxito com serviço social, tanto a nível de igreja local, como denominacional e mesmo interdenominacionalmente, do que com ação social. A razão é muito simples:

Poucas igrejas têm os recursos humanos, financeiros e estrutura apropriada para tal ministério. Um fenômeno reconhecido que temos encontrado em nossas pesquisas é que, ainda que cumpramos o mandato cultural, não alcançamos maior média no crescimento da igreja; mas, há um princípio de Crescimento da Igreja: “quando as igrejas se envolvem em serviço social (ajudando nas necessidades humanas), tendem a atrair mais membros novos do que as igrejas que se especializam na ação social (ou seja, mudando as estruturas sociais)”.


Necessitamos de sabedoria divina. Esperemos que os próximos congressos sobre evangelização e princípios sociais nos ajudem. O dilema, todavia, permanece. Nas palavras de Leighton Ford: “Esperar que somente a evangelização mude a sociedade pode ser muito ingênuo. Esperar mudar a sociedade sem mudar as pessoas por intermédio do evangelho será em vão”.

Um representante da América Latina disse ao Dr. Pedro Wagner que “a igreja a qual ele representa quer unicamente missionários que estejam dispostos a participar na mudança das estruturas sociais na América Latina e na libertação do homem latino-americano. Ela quer revolucionários sociais e não evangelistas”.18 Será esta a solução?


Que Deus nos ajude a distinguir entre libertação sócio-política e salvação. O pacto de Lausane diz: “reconciliação com o homem não é reconciliação com Deus, nem ação social é evangelização e nem libertação política é salvação” (Artigo 5).

Minha preocupação é sobre o mal que pode ser trazido para a obra de Deus se não usarmos de sabedoria divina. Poderemos chegar a um acordo e entendimento que nos ajude a cumprir os dois: o mandato evangelístico e o mandato cultural?
“Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas de fato e de verdade”(1 João 3.18)


CONCLUSÃO


A missão da igreja inclui não apenas a proclamação do evangelho, mas também a assistência aos pobres, a cura dos enfermos e a libertação dos oprimidos pelo diabo (Mc 16. 15-1 8). Filantropia sem generosidade não tem valor. A boa filantropia é aquela que baseia suas obras no princípio do amor, que supera todas as deficiências e nos torna úteis ao Reino de Deus. Gratidão e disposição para servir uns aos outros anulam a avareza e abrem as despensas de Deus com bênçãos espirituais e materiais (Ml 3.10).


A generosidade cristã não deve restringir apenas aos trabalhos filatrópicos. Deve ser extensivo ao trabalho de Deus, nos dízimos e nas ofertas, para a expansão do reino de Deus. O ex-primeiro ministro de Israel, Ben Gurion, disse certa vez que Israel vive dos missim e nissim, jogo de palavras hebraicas que significa: "impostos e milagres". A obra de Deus se faz com recursos financeiros - dízimos e ofertas -, e com os milagres. A igreja de Filipos tinha essa visão e não se esqueceu do apóstolo Paulo. O apóstolo ficou deveras agradecido aos filipenses pela lembrança e pela ajuda (Fp 4.14-19).



Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus
Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS


BIBLIOGRAFIA

Lições bíblicas CPAD 1998
Lições bíblicas CPAD 2007
Lições bíblicas CPAD 2010
Manual de Crescimento da Igreja. Dr. Juan Carlos Miranda

1 de fevereiro de 2011

A IMPORTÂNCIA DA DISCIPLINA NA IGREJA

A IMPORTÂNCIA DA DISCIPLINA NA IGREJA


TEXTO ÁUREO = “Toda disciplina, com efeito, no momento não parece ser motivo de alegria, mas de tristeza; ao depois, entretanto, produz fruto pacífico aos que têm sido por ela exercitados, fruto de justiça”. Hb 12.11


VERDADE APLICADA = A disciplina praticada na igreja treina o cristão na santidade e o desafia a permanecer na presença do Senhor, a autêntica doutrina bíblica auxilia o crente a ter uma vida espiritual abundante, habilitando-o a ser uma poderosa testemunha de Cristo.


LEITURA BIBLICA= I Co 5: 1 - 2 e 5:-11-13


INTRODUÇÃO



Qual o segredo do avanço irresistível da Igreja Primitiva? Já nos capítulos iniciais dos Atos dos Apóstolos, constatamos algo de sumo importância.
Mesmo não possuindo uma fórmula mágica de administração, a Igreja precisou de apenas três décadas para chegar aos pontos mais distantes do Império Romano. Consolidados no ensino da Palavra de Deus mantinham-se os cristãos firmes na comunhão, no partir do pão e nas orações. Em cada alma havia temor e reverência.



E muitas eram as maravilhas que o Senhor operava por intermédio deles. Ao contrário do que pensam alguns estudiosos, a Igreja do Pentecostes não era piegas nem emocional; era bíblica e teologicamente cristocéntrica.A fim de nos alicerçarmos no ensino dos apóstolos e dos profetas, entraremos a estudar, a partir deste domingo, as doutrinas fundamentais de nossa fé. E a cada lição constataremos: sem a instrução da Palavra de Deus, o avivamento é impossível.


Uma série de escândalos havia desencadeado sobre a igreja de Corinto, e, possivelmente, o mais vergonhoso de todos eles tenha sido envolvimento íntimo de um de membros com a mulher do seu próprio pai. Como não bastasse, havia ainda outro pecado que se cometia. Não era pecado do membro infrator, mas da congregação. Os cristãos eram tolerantes com o pecado praticado e a liderança da igreja seus não tomara nenhuma medida disciplinar ( I Co 5.2).


1. O PERIGO DA INDIFERENÇA CONTRA O PECADO


O pecado de envolvimento do cristão com a sua madrasta foi tão abominável quanto o da indiferença da igreja pelo pecado. Paulo, porém, ao tomar consciência dos fatos, agiu de modo firme e contundente, a fim de que tais práticas não destruíssem o testemunho acerca de Cristo e sua Palavra (ICo 5.3). Ele, contudo, disciplina o pecador visando recuperá-lo, e não destruí-lo (2Co 13.10).

a) A disciplina visa educar e mudar. A disciplina destinada a mudar e educar o autor do erro é recuperativa. Quando os pais disciplina o filho como “punição” por sua desobediência, a ação é “punitiva’. Quando, porém, pelo fato de amarem o filho, desejam ensiná-lo a não repetir o ato, e após a disciplina, o aconselham e mostram o amor que lhe devotam, e se forem cristãos, oram com ele, a ação é “recuperativa’.


b) A disciplina visa sempre à recuperação — Paulo denominou o pecado de incesto de “pornéia”, ou seja, imoralidade sexual. Sob a lei levítica, a punição seria a morte por apedrejamento (Lv 18.7,8). A lei romana também considerava esse relacionamento ilegal. Esta primeira situação, portanto, não só era errado, como era também um escândalo público. O castigo previsto para tal situação era restrita- mente punitivo, Paulo, entretanto, estabelece um castigo recuperativo. Sua esperança era que, muito embora o castigo fosse severo e humilhante para o homem, isso o levaria ao arrependimento de sorte que seu espírito pudesse ser salvo ( I Co 5.4,5).


c) A falta de disciplina promove destruição — Paulo repreende a igreja de Corinto por tolerar o pecado: “Não sabeis que um pouco de fermento leveda toda a massa?” ( I Co 5.6). Em outras palavras, a presença do homem na congregação, sem ser repreendido e disciplinado, levaria outros membros a considerar o pecado levianamente. Alguém até podia seguir o exemplo do homem. A única forma de salvar o corpo, se um pé infeccionado ameaça destruí-lo, é amputar o pé. Melhor é perder o pé do que destruir a vida de todo o corpo: “Lançai fora o velho fermento”, disse Paulo, “para que sejais uma nova massa” ( I Co 5.7).


2. A IGREJA DEVE ASSUMIR POSIÇÃO FIRME CONTRA O PECADO



Para que os coríntios permanecessem puros, a igreja deveria assumir uma posição firme contra o pecado. O apóstolo Paulo os aconselha a andar na companhia de pessoas retas, como meio preventivo contra o pecado: “Já por carta vos escrevi que não vos associeis com os impuros” ( I Co 5.9).


a) O crente iníquo faz o mundo desprezar a igreja — O pecado de um cristão pode prejudicar a congregação inteira, como acontece no corpo humano: “De maneira que, se um membro sofre, todos sofrem com ele; e, se um deles é honrado, com ele todos se regozijam” ( I Co 12.26). Daí, Paulo dizer que o culpado, não podia continuar como membro da igreja, pois toda a congregação estava sendo prejudicada. O infrator deveria ser excluído até arrepender-se de seu pecado, para mais tarde, ser restituído novamente à comunhão (2Co 2.5-11).


b) O pecado corrompe a vida espiritual do cristão — Paulo compara o fermento ao processo pelo qual o pecado se propaga numa igreja, corrompendo assim a vida espiritual de muitos: “Pelo que façamos festa, não com o fermento velho, nem com o fermento da maldade e da malícia...” ( I Co 5.8).
Qualquer igreja que não toma medidas severas contra a imoralidade sexual entre seus membros descobrirá que a influência maligna desse mal se alastrará pela congregação e contaminará várias pessoas. O pecado deve ser rigorosamente removido; de outro modo, o Espírito Santo não terá lugar nesta igreja (Ap 2.3).


c) A disciplina é necessária para o bem da comunidade — Um pecador persistente, que continua sendo aceito sem disciplina dentro da comunidade cristã, mancha todo o corpo. Notemos que Paulo se refere às práticas pecaminosas deliberadamente repetidas dentro da comunidade. Todos nós cometemos pecados e precisamos de purificação; mas todos nós temos a obrigação de ser implacável com qualquer coisa que enfraqueça a nossa vocação ou contamine a nossa comunhão com Cristo. Paulo não está esperando santidade perfeita ou pureza absoluta; ele apela para que haja sinceridade e compromisso com a verdade (l Co 5.8).


3. O CRISTÃO RESTAURADO HONRA A CRISTO


Quando a igreja disciplina o cristão, deve fazê-lo como ato redentor. Nunca devemos sentir prazer em punir as pessoas. Devemos, antes, lamentar, porque o cristão que peca traz vergonha sobre a igreja e o nome de Cristo. Quando o cristão, porém, é restaurado à comunhão da Igreja, tal ato traz glória a Deus e salva um “irmão” da perdição (Tg 5.19,20).


a) A reconciliação é alcançada mediante a restauração — A restauração dos caídos se verifica quando eles são trazidos de volta à retidão (2Co 5.17-20). Eles se arrependem, reconhecem a sua pecaminosidade e passam a ter uma vida santa ( I Pe 1.15,16). Os disciplinados percebem sua insensatez e maldade, abandonando seu estado de decadência espiritual. Eles compreendem a sua situação pecaminosa, levantam-se e deixam a velha vida (Jr 15.19).


b) A pureza da igreja relaciona-se com a retidão — Para que a comunhão seja restabelecida entre irmãos, através da reconciliação, a igreja precisa ser pura. Assim, o cristão que passou pela disciplina torna-se companheiro de todos novamente e assume seus compromissos como membro integrante de uma comunidade sadia. Deste modo, a pessoa é reconduzida à santidade, tornando-se mais experiente, mais sábia e mais forte (Sl 119.67).

c) A disciplina não é necessariamente permanente — Antes de se tornar uma medida corretiva, a igreja deve seguir o princípio estabelecido por Jesus de marcar uma consulta pessoal com o irmão infrator, para persuadi-lo a seguir pelo caminho certo (Gl 6.1). Uma parte importante do trabalho pastoral consiste em aconselhar os membros problemáticos da congregação, orar com eles e por eles. Mas o que fazer quando o referido cristão se recusa a abandonar o pecado? Nesse caso, a igreja tem de agir com base em Mateus 18.15-20.



4. OS PECADOS DEVEM SER ENCARADOS COM SERIEDADE


Após tratar sobre o pecado de fornicação, Paulo aborda sobre cinco outros tipos de pecados: avareza, idolatria, maledicência, bebedices e violência. Tais pecados agridem os padrões cristãos e devem ser tratados com muita severidade ( I Co 5.10-12).


a) A avareza é contrária à fé cristã — A palavra grega “pleonexia”, normalmente é traduzida por “avareza” ou “ganância” e traz a seguinte conotação: “ajuntar cada vez mais, nunca se satisfazendo plenamente com o que já se tem”. A Bíblia identifica a busca insaciável pelas riquezas como idolatria, a qual é demoníaca ( I Co 10.19,20; Cl 3.5). A avareza é, na perspectiva de Cristo, um obstáculo tanto à salvação como ao discipulado (Mt 19.24; 13.22).


b) A idolatria é um insulto contra Deus — A idolatria é uma prática dificilmente reconhecida pelos cristãos. Hoje em dia, por exemplo, os ídolos que escravizam os homens são os da sociedade de consumo. O Novo Testamento declara que a cobiça é uma forma de idolatria. A conexão é óbvia, pois os demônios são capazes de proporcionar benefícios materiais (Lc 13.16). Uma pessoa insatisfeita com aquilo que tem e que sempre cobiça mais, não hesitará em obedecer aos princípios e vontade desses seres sobrenaturais. Embora não adore ídolos de madeira e de pedra, entretanto, adora os demônios que estão por trás da cobiça e dos desejos maus (l Co 10.21; Mt 6.24).


e) A maledicência revela falta de amor — O maledicente é uma pessoa injuriosa que aprecia falar da vida alheia. Jesus disse que, “quem proferir um insulto a seu irmão estará sujeito a julgamento do tribunal; e quem lhe chamar tolo, estará sujeito ao inferno de fogo” (Mt 5.22). O vocábulo grego tem o significado particular de injuriar os que estão na liderança. Trata-se principalmente de um ato de violência praticado com a língua por parte daqueles que criticam e desprezam a tudo e a todos (2Tm 4.14,15). Os tais terão que prestar contas a Deus (Pv 6.14-19).


5. CAPÍTULO 5 = vv.1-11: A morte de Ananias e Safira;

Vv. 1-11. O pecado de Ananias e Safira foi que as pessoas pensassem que eles eram discípulos eminentes, quando não eram discípulos verdadeiros. Os hipócritas podem negar-se a si mesmos, e deixar suas vantagens mundanas em um determinado caso se tiverem a perspectiva de alcançar benefícios em outro. Ambicionavam a riqueza do mundo e não confiavam em Deus, nem em sua providência. Pensavam que podiam servir a Deus e a Mamom, e poderiam enganar os apóstolos. O Espírito de Deus em Pedro viu o princípio de incredulidade que reinava no coração de Ananias.


Qualquer que tenha sido a insinuação de Satanás, este não poderia ter enchido o coração de Ananias com esta maldade, se ele não houvesse consentido. A falsidade dele foi o intento de enganar o Espírito de Verdade, que falava e agia tão manifestamente por meio dos apóstolos. O delito de Ananias não foi reter parte do preço do terreno; poderia ter ficado com tudo se quisesse; seu delito foi tentar impor-se sobre os apóstolos com uma mentira espantosa unida à cobiça, com o desejo de ser visto.


Se pensamos que podemos enganar a Deus, fatalmente enganaremos a nossa própria alma. Como é triste ver as relações que deveriam estimular-se mutuamente às boas obras, endurecerem-se mutuamente no que é mau! Este castigo, na realidade foi uma misericórdia para muitas pessoas. Ele faria as pessoas examinarem a si mesmas rigorosamente, com oração e terror da hipocrisia, cobiça e vanglória, e a continuarem agindo assim. Impediria o aumento dos falsos crentes. Aprendamos com isto quão odiosa a falsidade é para o Deus da verdade, e não somente evitar a mentira direta, mas todas as vantagens obtidas com o uso de expressões duvidosas e de significado duplo em nosso falar.


Vv. 12-16. A separação dos hipócritas por meio dos juízos discriminatórios deve fazer com que os sinceros se apeguem mais estritamente uns aos outros e ao ministério do Evangelho. Tudo o que tenda à pureza e à boa reputação da Igreja promove o seu crescimento; porém, somente aquele poder que realizava tais milagres por meio dos apóstolos pode resgatar os pecadores do poder do pecado e de Satanás, e agregar novos crentes à companhia de seus adoradores. Cristo opera por meio de todos os seus servos fiéis, e todo aquele que recorrer a Ele será curado.

Vv. 17-25. Não há cárcere tão escuro nem tão seguro em que Deus não possa entrar e visitar os seus, e se lhe agrada, tirá-los dali. A recuperação das enfermidades e a libertação dos problemas nos são concedidos, não para que desfrutemos das consolações da vida, mas para que Deus seja honrado com os serviços de nossa vida. Não é próprio que os pregadores do Evangelho de Cristo se escondam em lugares distantes quando têm a oportunidade de pregar a uma grande congregação. Devem pregar aos mais vis, cujas almas são tão preciosas para Cristo quanto às almas dos mais nobres.


Falai a todos, porque todos estão incluídos. Falai como aqueles que decidem defender, viver e morrer por algo. Dizei todas as palavras desta divina vida celestial, comparada à qual, esta vida atual terrena não merece o nome de vida. Falai as palavras de vida que o Espírito Santo coloca em vossas bocas. As palavras do Evangelho são palavras de vida; palavras pelas quais podemos ser salvos. Quão infelizes são aqueles que se sentem angustiados pelo êxito do Evangelho! Não podem deixar de ver que a Palavra e o poder do Senhor estão contra eles, e tremendo pelas conseqüências, mesmo assim seguem adiante!


Vv. 26-33. Muitos fazem ousadamente, algo mal, e mais tarde não suportam ouvir sobre este fato, ou que lhes acusem de tê-lo cometido. Não podemos esperar ser redimidos e curados por Cristo se não nos entregamos para ser governados por Ele. A fé nos faz aceitar ao Salvador em todos os seus ofícios, porque Ele veio não para nos salvar em nossos pecados, mas para nos salvar de nossos pecados. Se Cristo tivesse sido enaltecido para dar domínio a Israel, os principais sacerdotes teriam lhe dado as boas-vindas. Contudo, o arrependimento e a remissão dos pecados são bênçãos que eles não valorizavam nem perceberam que necessitavam; portanto, não reconheceram sua doutrina em absoluto. Onde o arrependimento opera, a remissão é outorgada sem falta.

Ninguém se livra da culpa e do castigo, senão aqueles que são libertos do poder e do domínio do pecado, aqueles que se apartam do pecado e voltam-se contra ele. Cristo concede arrependimento por seu Espírito, que opera através da Palavra para despertar a consciência, para dar sentimento de tristeza pelo pecado e uma eficaz mudança no coração e na vida. Dar o Espírito Santo é uma prova evidente de que a vontade de Deus é que Cristo seja obedecido. Com toda certeza Ele destruirá aqueles que não querem que reine sobre eles.


Vv. 34-42. O Senhor ainda tem todos os corações em suas mãos, e às vezes dirige a prudência do sábio do mundo para refrear os perseguidores. O bom senso nos ensina a ser prudentes, uma vez que a experiência e a observação indicam que o êxito das fraudes em matéria de religião tem sido muito breve. Ser reprovados pelo mundo por amor a Cristo deve ser a nossa verdadeira preferência, porque faz com que nos coloquemos mais de acordo com Ele e sirvamos os seus interesses. Eles se regozijaram nisto. Se sofrermos o mal por fazermos o bem, desde que o soframos fazendo o bem, como é o nosso dever, devemos nos regozijar nessa graça que nos capacitou para agir assim.

Os apóstolos não pregavam a si mesmos, mas a Cristo. Esta era a pregação que mais ofendia aos sacerdotes. Pregar a Cristo deve ser a atividade constante dos ministros do Evangelho; a Cristo crucificado, a Cristo glorificado; nada fora disto, a não ser o que se refere a isto. Qualquer que seja a nossa situação ou nível social nesta vida, devemos procurar conhecê-lo e glorificar o seu nome.


6.O QUE É DOUTRINA BÍBLICA

Ao contrário da filosofia, a doutrina cristã não se perde em especulações. Se por um lado, conduz- nos a conhecer mais intimamente a Deus; por outro, constrange-nos a ter uma vida santa e irrepreensível. Andrew Bonar, ao destacar-lhe a importância em nosso cotidiano, foi enfático: “Doutrina é coisa prática, visto que desperta o coração”.


1. Definição. A doutrina é um conjunto de princípios que, tendo como base as Sagradas Escrituras, orienta o nosso relacionamento com Deus, com a Igreja e com os nossos semelhantes. Ela pode ser definida, ainda, como ensino da Bíblia.
Este, contudo, tem de ser persistente, sistemático e ordenado, induzindo os santos a se inteirarem de todo o conselho de Deus (At 20.27).

2. Objetivos. O principal objetivo da doutrina bíblica é aprofundar o nosso conhecimento de Deus (Os 6.3). Se não o conhecermos experimental e redentivamente, como haveremos de colocar-nos a seu serviço? (I Sm 3.7).
O Israel do Antigo Testamento caiu na apostasia por não conhecer a Jeová.
Através de Oséias, lamenta o amoroso Senhor: “O meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento” (Os 4.6). De igual modo, visa a doutrina bíblica à perfeição moral e espiritual do ser humano. Escrevendo ao jovem pastor Timóteo, o apóstolo


Paulo é mais do que claro; é incisivo: “Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra” (II Tm 3.17). Ideal inatingível?
Se contarmos apenas com as nossas próprias forças, jamais atingiremos semelhante padrão. No entanto, se nos entregarmos à graça de Nosso Senhor, nossa vereda refulgirá de tal forma que viremos a resplandecer como os astros no firmamento (Pv 4.18; Dn 12.3).


3. Doutrina e costumes. Doutrina não são costumes. Todos já ouvimos essa frase. No entanto, a boa doutrina, quando corretamente interpretada, gera costumes bons e sadios. Conseqüentemente, um povo que ignora as verdades bíblicas com facilidade assimilará os costumes do Egito e de Canaã (Lv 18.3).

Foi o que ocorreu com os israelitas: durante a peregrinação no deserto, imitaram os egípcios; na Terra Prometida, os cananeus. Eis porque somos instados a não amar o mundo (I Jo 2.15). Por conseguinte, quanto mais doutrinados forem os crentes, mais os seus costumes conformar-se-ão à Palavra de Deus.
Ai Martin é positivo: “A finalidade para a qual Deus instrui a mente é para que Ele possa transformar a vida”.

No Salmo 119, pergunta Davi: “Como purificará o jovem o seu caminho?”
Responde o salmista: “Observando-o conforme a tua palavra” (Sl 119.9).
Não podemos, portanto, dissociar os bons costumes da doutrina. Como aqueles dependem desta, logo: a boa doutrina gera, necessariamente, os bons costumes.


7. A NECESSIDADE DA DOUTRINA


Há cristãos que, menosprezando a doutrina bíblica, alegam: “O importante não é a teoria; e, sim: a prática”. Entretanto, quem disse que a doutrina bíblica é meramente teórica? Ela é a vontade de Deus. E, como tal, deve ser posta em prática. Aos filhos de Israel, ordena o Senhor: “E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração; e as intimarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando- te e levantando-te.
Também as atarás por sinal na tua mão e te serão por testeiras entre os teus olhos. E as escreverás nos umbrais de tua casa, e nas tuas portas” (Dt 6.6-9). Vejamos por que a doutrina bíblica é necessária.

1. A doutrina bíblica proporciona-nos a salvação em Cristo. Paulo instrui ao seu jovem filho na fé: “Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina: persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem” (I Tm 4.16).

2. A doutrina bíblica santifica-nos. Em sua oração sacerdotal, refere-se o Cristo ao poder santificador da Palavra de Deus: “Dei-lhes a tua palavra, e o mundo os aborreceu, porque não são do mundo, assim como eu não sou do mundo. Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal. Não são do mundo, como eu do mundo não sou. Santifica-os na verdade: a tua palavra é a verdade” (Jo 17.14-17).


3. A doutrina bíblica torna-nos sábios. Timóteo, instruído por sua mãe, Eunice, e por sua avó, Lóide, veio a tornar-se um dos maiores obreiros do Novo Testamento. Jovem ainda veio ele a ser considerado um sábio, conforme lhe escreve Paulo:

“E que desde a tua meninice sabes as sagradas letras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus” (II Tm 3.15). Enfim, é a doutrina bíblica imprescindível para o nosso crescimento na vida cristã. Sua necessidade pode ser constatada tanto coletiva quanto individualmente.
William S. Plumer analisa a eficácia da doutrina bíblica na vida cristã: “Doutrinas fracas não são páreo para tentações fortes”.

8. A DOUTRINA BÍBLICA E O SERVIÇO CRISTÃO


Infelizmente, há obreiros que, no ímpeto de evangelizar, não se aplicam a aprender a doutrina bíblica. Acham que o ensino sistemático das Sagradas Escrituras é perda de tempo. Deveriam eles atentar a esta recomendação de Charles Spurgeon: “Os homens, para serem verdadeiramente ganhos, precisam ser ganhos pela verdade”. Vejamos por que a doutrina bíblica é importante ao serviço cristão.

1. Na evangelização. Na divulgação do Evangelho, acha-se implícito o ensino da doutrina bíblica, conforme podemos inferir da Grande Comissão que nos confiou o Senhor Jesus: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século” (Mt 28.19,20 -ARA). A evangelização pressupõe, essencialmente, a presença da doutrina bíblica.


2. Na instrução dos santos. Paulo jamais se mostrou remisso quanto à doutrinação da Igreja de Cristo. Em Trôade, ministrou aos irmãos até altas horas:
“No primeiro dia da semana, estando nós reunidos com o fim de partir o pão, Paulo, que devia seguir viagem no dia imediato, exortava-os e prolongou o discurso até a meia-noite” (At 20.7,8 -ARA). Nem o incidente com o jovem êutico lhe arrefeceu o ardor doutrinário: “Subindo de novo, partiu o pão, e comeu, e ainda lhes falou largamente até ao romper da alva” (At 20.11-ARA).


3. Na defesa da santíssima fé. Somente poderemos defender a santíssima fé se nos dedicarmos com afinco ao estudo da doutrina bíblica: “Antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós” (I Pe 3.15). Está você preparado para defender a sua fé e a apresentar as razões da esperança que temos em Cristo?


CONCLUSÃO


Outros pecados mencionados por Paulo foram bebedices e violência, que também se traduz no original grego por “harpax”, roubador. Os que incorrem nesses tipos de pecados devem igualmente sofrer ações disciplinares por parte da igreja, a fim de que o testemunho da comunidade seja preservado e os tais devidamente restaurados para a glória de Deus. Enfatizando a importância das doutrinas bíblicas, afirmou Joseph Irons: “Abracemos toda a verdade ou renunciemos totalmente ao cristianismo”. O que isto significa? Não podemos acreditar em algumas doutrinas, e desacreditar em outras. Haveremos de receber toda a verdade conforme no-la confiou o Senhor em sua Palavra: integralmente. Sem doutrina, a vida espiritual é impossível.



Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus
Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS


BIBLIOGRAFIA

Comentário Bíblico Mathew Henry
Lições bíblicas BETEL 2004
Lições bíblicas CPAD 2006

26 de janeiro de 2011

Sinais e Maravilhas na Igreja

Sinais e Maravilhas na Igreja

Texto Áureo: “Testificando também Deus com eles, por sinais, e milagres, e várias maravilhas e dons do Espírito Santo [...]” (Hb 2. 4)

I – Introdução

Primeiramente, a Paz do Senhor a todos os leitores, que por alguns minutos irão dispor de seu tempo e concentração na leitura de mais esse estudo da palavra de Deus.
Estudo tal que versa sobre um tema muito importante para a vida de cada um de nós, pois muitas vezes nos sentimos fracos e desacreditamos que Deus ainda hoje faz seus sinais e maravilhas. Além disso, de modo contrário, existem pessoas aproveitando-se dos que acreditam que Deus opera, para enganar, para ludibriar.
Por isso, leiamos atentamente tal estudo, não nos atentando para as falhas, mas lembrando do foco principal, que é reforçar nossas fé e atitude diante de Deus.

II – Conceito de Milagres, Sinais, Prodígios e Maravilhas

Tais vocábulos, em seu profundo sentido, podem ser considerados sinônimos. Todavia, vejamos cada uma delas individualmente.
Milagres, segundo o Dicionário Houaiss é ato ou acontecimento fora do comum, inexplicável pelas leis naturais; acontecimento formidável, estupendo; evento que provoca surpresa e admiração. A Pequena Enciclopédia Bíblica de Orlando Boyer diz ser sucesso que se não explica por causas naturais.
Tal conceito de milagres abrange os outros, mas vejamos o que a Pequena Enciclopédia Bíblica de Orlando Boyer fala sobre tais outros vocábulos: Sinal é indício, marca, gesto; Prodígio é coisa sobrenatural; e Maravilha é causa extraordinária que excita admiração. Vê-se, portanto, que abrangem a mesma questão todos os conceitos.
Ou seja, o milagre, sinal, prodígio ou maravilha acontecem quando Deus opera o sobrenatural, fazendo aquilo que aos homens não é possível, de modo a trazer admiração a todos aqueles que tomam conhecimento.

É o que vemos em Marcos 10. 27:
“Jesus, porém, olhando para eles, disse: Para os homens é impossível, mas não para Deus, porque para Deus todas as coisas são possíveis”.

Desse forma, levando-se em consideração que tais conceitos são sinônimos, durante tal estudo usaremos cada um dos termos como se referisse ao mesmo tema.

III - O Milagre na Porta Formosa

Um dos milagres mais emblemáticos que a Bíblia nos relata é o acontecido na porta formosa. Deste acontecimento, muitas lições podem ser tiradas, as quais vamos expor algumas.

III. 1 – Relato Histórico

O milagre está relatado no livro de Atos dos Apóstolos 3. 1-11. Aconteceu que certo dia Pedro e João iam juntos ao tempo à hora da oração quando, na porta do templo, foram abordados por um homem, que era coxo desde o ventre da mãe, o qual lhes pediu uma esmola. Pedro assim respondeu ao coxo: “Não tenho prata nem ouro; mas o que tenho isso te dou. Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda”(versículo 6).

Após isso, o coxo levantou-se e conseguiu andar, enchendo-se de alegria. Entrou no templo saltando e louvando a Deus. Todos que ali estavam o viram louvando a Deus e pasmaram-se, pois conheciam o homem que todos os dias ficava sentado na porta do templo pedindo esmolas. Em consequência disso, todo o povo foi em busca de Pedro e João, para ouvir a Palavra de Deus.
III. 2 – Oração e Milagre

Primeiro ponto importante que vemos nessa passagem está relatado logo no primeiro versículo:
“E Pedro e João subiam juntos ao templo à hora da oração, a nona”. (At 3. 1)
Nota-se que ambos iam ao templo para orar. Nesse sentido, relembrando o que estudamos no trimestre passado, vemos que a oração é essencial tanto para aqueles que precisam de um milagre, quanto para aqueles que querem ser usados por Deus na operação de um milagre. Nesse caso especificamente, fica implícito que Pedro e João tinham vidas de constante oração, por isso eram próximos a Deus, sendo, desse modo, instrumentos na Sua mão.
Nós ainda hoje podemos ser usados por Deus na operação de milagres, no entanto, é condição essencial para que isso aconteça que tenhamos uma vida de constante oração. Busquemos estar cada dia mais próximos a Deus, para que possamos ser instrumentos em Suas mãos.

III. 3 – Nem prata ou ouro

Quando o coxo pediu esmolas a Pedro e João, antes de darem aquilo que tinham, eles declaram não ter prata ou ouro. Eles eram pobres, mas cheios poder do Espírito Santo.
Hoje em dia muitas igrejas são muito ricas, mas já não tem autoridade para dizer: “[...] mas o que tenho isso te dou. Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda”.
Isso se dá porque atualmente muitas igrejas perderam o foco do que é uma igreja. Só pensam em lucrar, em construir templos vultuosos, em comprar aviões, helicópteros, enfim, só pensam na prata e no ouro. Até imagino como muitos hoje em dia responderiam àquele coxo: “Se você me der tudo o que tem, obterá vitória e prosperidade”.
Mesmo diante de tal realidade em que vivemos, podemos fazer diferente. Buscar, sobretudo o que há de mais valioso, que é estar próximo a Deus, sendo usados por Ele.

III. 3 – Conheciam-no

Já destacamos dois pontos nessa passagem do milagre da Porta Formosa. Porém, o ponto que julgo mais importante nessa passagem é o que encontramos no versículo 10 do capítulo 3 de Atos:

“E conheciam-no, pois era ele o que se assentava a pedir esmola à porta Formosa do templo; e ficaram cheios de pasmo e assombro, pelo que lhe acontecera.”

Todos os que estavam no templo maravilharam-se com o milagre acontecido, ficaram pasmados. Entretanto, isso só aconteceu, pois todos aqueles que ali estavam conheciam o coxo, pois ele ficava todo dia na porta do templo, e todos sabiam que ele era coxo desde o nascimento.
Quem sabe se o coxo fosse um desconhecido de todos, eles desconfiariam, e talvez não dessem crédito a Pedro e João. Nisso vemos que Deus opera da maneira correta, para que não haja desconfiança.
Hoje em dia muitas igrejas sofrem desconfiança exatamente por causa disso. Eles dizem que operam milagres e maravilhas, mas ninguém consegue ter certeza, pois não conhecem a pessoa que recebeu o milagre.
Tudo ter ocorrido da maneira como ocorreu no templo foi para que a palavra de Deus pudesse ser pregada e tivesse crédito diante de todos aqueles que viram o agir sobrenatural de Deus.
Posteriormente, os sacerdotes, o capitão do templo e os saduceus não gostaram da pregação de Pedro e João, questionando a eles sobre o milagre realizado. Porém, nada tinham a dizer, pois o milagre era evidente:
“E, vendo estar com eles o homem que fora curado, nada tinham que dizer em contrário”. (At. 4. 14)
Pelo exposto, fiquemos atentos irmãos, para que não sejamos enganados. Quando Deus agir, a dúvida não há de permear em nossos corações.


III. 4 – Abriu porta para a palavra

Há ainda um ponto chave, talvez o mais importante. Através desse milagre Deus abriu a porta para que Pedro e João pregassem a Sua palavra. No entanto, tal questão será tratada de forma mais específica posteriormente.

IV – Porque Deus Opera Milagres

Quando Deus opera, Ele não o faz em vão. Todo agir de Deus tem um objetivo específico, os quais trataremos pormenorizadamente neste tópico.

IV. 1 – Glorificar a Deus e expandir-lhe o reino

No livro de João, capítulo 11, é relatado quando Lázaro foi ressuscitado por Jesus. Este foi informado da doença de Lázaro, estando em local diverso daquele onde Lázaro se encontrava. Porém, ainda assim Jesus não se apressou, indo somente após dois dias ao encontro de Lázaro. Quando lá chegou ele estava morto já, mas Jesus operou grande milagre, ressuscitando-o.
Entretanto vemos que, antes mesmo de ir ao encontro de Lázaro, quando foi informado de sua enfermidade, Jesus assim disse:

“E Jesus, ouvindo isto, disse: Esta enfermidade não é para morte, mas para glória de Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado por ela.”(Jo 11. 4)

Portanto, Jesus operou tão grandioso milagre como um de Seus grandes sinais, para que aqueles que estavam ali dessem crédito a sua palavra, para que glorificassem a Seu santo nome.
Esse é um dos principais objetivos de um milagre, glorificar ao nome de Deus e abrir caminho para que sua palavra seja pregada, expandindo o Seu reino.
No milagre da porta formosa também podemos visualizar tal objetivo. Feito o milagre, maravilharam-se todos e foram ao encontro de Pedro e João. Partindo-se disso, então, eles começaram a falar da mensagem de Cristo a todos que ali se encontravam. Começaram a glorificar a Deus, apontando-O como autor do milagre. Foi o prodígio realizado que fez com que todos lhes dessem atenção e valor. Grande foi a pregação, e muitos foram os que se converteram a Cristo naquela ocasião.

Outra passagem que bem nos relata tal função do milagre encontramos no livro de Marcos capítulo 2. 3-12:

“3E vieram ter com ele conduzindo um paralítico, trazido por quatro.
4E, não podendo aproximar-se dele, por causa da multidão,descobriram o telhado onde estava, e, fazendo um buraco, baixaram o leito em que jazia o paralítico. 5E Jesus, vendo a fé deles, disse ao paralítico: Filho, perdoados estão os teus pecados. 6E estavam ali assentados alguns dos escribas, que arrazoavam em seus corações, dizendo: 7Por que diz este assim blasfêmias? Quem pode perdoar pecados, senão Deus? 8E Jesus, conhecendo logo em seu espírito que assim arrazoavam entre si, lhes disse: Por que arrazoais sobre estas coisas em vossos corações? 9Qual é mais fácil? dizer ao paralítico: Estão perdoados os teus pecados; ou dizer-lhe: Levanta-te, e toma o teu leito, e anda? 10Ora, para que saibais que o Filho do homem tem na terra poder para perdoar pecados (disse ao paralítico), 11a ti te digo: Levanta-te, toma o teu leito, e vai para tua casa. 12E levantou-se e, tomando logo o leito, saiu em presença de todos, de sorte que todos se admiraram e glorificaram a Deus, dizendo: Nunca tal vimos.”

Vemos que Jesus perdoou os pecados do paralítico, mas que foi questionado sobre sua autoridade para fazer isso. Diante de tal situação, para mostrar que realmente poderia perdoar, curou o paralítico. Fica claro, portanto, que Jesus assim o fez para que aqueles que ali se encontravam cressem que Ele tinha poder para perdoar pecados.


É necessário frisar, para que fique claro, que o perdão dos pecados, diante de Deus, é mais importante que ele ter voltado a andar. No entanto, aos olhos humanos, e Jesus bem sabia disso, um sinal surtiria maior efeito para que Sua palavra tivesse crédito.

Disso, tiramos que, a pregação da palavra que segue ao milagre é mais importante que o próprio milagre. O prodígio torna-se um meio de Deus agir, de forma a trazer pecadores a si. Portanto, não devemos perder o foco, um dos principais (se não o principal) objetivos da operação de uma maravilha, é para que o nome de Deus seja glorificado por isso, e para que mais almas venham a convencer-se de Cristo através de nossa pregação.

IV. 2 – Benefício do ser humano

Mesmo sendo a principal função a glória de Deus, não há que se perder de vista que todo milagre também é para beneficio do ser humano. Em todos os exemplos citados no sub-tópico anterior, no caso de Lázaro, do coxo da porta formosa e do paralítico de Cafarnaum, vemos que eles beneficiaram-se, podendo ter a partir daquele momento uma nova vida.
Deus opera milagres sempre para a Sua glória, e também sempre para que as pessoas que receberam tal milagre se alegrem.
Tal benefício às pessoas também é para a glória de Deus, pois essas pessoas passam a ter um testemunho a dar de Deus. Quando Deus opera milagres a sua palavra passa a ser anunciada em duas frentes.

Primeiro naquela já citada, que é quando Deus opera através de um servo Seu, fazendo com que esse passe a ter oportunidade de falar. Mas também para que aquele que recebe o milagre passe a falar de Jesus, passe a testemunhar do que Ele fez em sua vida.
Muitas vezes, a pregação de quem recebe um milagre é ainda mais eficaz, pois ele pode contar como ocorreu, pode mostrar o que Deus pode fazer por nós.
Ainda, lembremos que muitas vezes um milagre operado por Deus dá uma nova chance para aquele o recebeu. Vemos em João 5, quando da cura do paralítico de Betesda, que após operar o milagre Jesus encontrou no templo o homem que tinha recebido a cura, e disse-lhe:

“Eis que já estás são; não peques mais, para que não te suceda alguma coisa pior.” (Jo 5. 14)

Disso, vemos que tal homem recebeu uma nova chance. Quando Jesus exorta para que não pequs mais, para que não suceda coisa pior, fica implícito que Jesus está lhe dando uma nova chance, uma nova vida.
Portanto, irmãos meus, creiamos que Deus pode operar milagres em nossas vida, que Ele pode nos curar, pode nos livrar de problemas, angústias, enfim, de toda forma de enfermidade. No entanto, tenhamos sempre em mente que quando recebemos um milagre de Deus, estamos recebendo junto a responsabilidade de testemunhar desse milagre, bem como uma nova chance, para uma vida diferente.

IV. 3 – A Glória é de Deus, não nossa

Voltando ao exemplo do milagre da porta formosa, vemos que após a operação do milagre, Pedro e João poderiam muito bem enaltecer seus nomes, glorificar a si mesmo. Todavia, não foi o que fizeram, mas sim deram glórias a quem realmente era o autor da obra, o nosso Grande e Maravilhoso Deus.
Hoje em dia, porém, as coisas estão mudando. Vemos na televisão, em igrejas espalhadas, pessoas que fazem verdadeiros shows em cima de milagres, que a maioria das vezes nem aconteceram.
Pessoas criam igrejas independentes, montam palcos, para mostrarem supostos prodígios de Deus. Que Deus tenha misericórdia desses, que atentam contra o Seu nome.

O pior de tudo, porém, é que muitos desses enganam diversos fiéis. Quantas vezes não vemos pessoas dizerem que vão a tal evento, pois lá estará um pastor que cura. Eu me pergunto, quem é que cura? Quem opera o milagre? O dono da obra é Deus, somente Deus. Pobres e coitados esses que apresentam a obra como se sua fosse.
Atentemo-nos irmãos, toda honra e toda glória sejam dadas a Deus, única e exclusivamente a Deus.



V – O Milagre da Salvação

Apesar de fugir um pouco ao foco da lição, quando se fala em milagre, não se pode deixar de comentar o maior dos milagres, o da Salvação.
Digo ser o maior dos milagres, pois é o que concede a cura da alma, dá alegria e paz eternas. Em Romanos 14. 1 encontramos:

“ORA, quanto ao que está enfermo na fé, recebei-o, não em contendas sobre dúvidas.”

Portanto, vê-se que existem pessoas que são enfermas na fé, de modo que a salvação é também um milagre de cura. No mundo perverso em que vivemos, no qual vemos pessoas que em nosso ponto de vista não tem salvação, quando tal pessoa é alcançada pela palavra de Deus, estamos diante de um verdadeiro milagre.
Vejamos, portanto, alguns dos principais pontos desse milagre tão maravilhoso.

V. 1 – Uma nova chance

A Salvação oferece ao pecador uma nova chance. A oportunidade de ter uma vida diferente, de ter atitudes diferentes, de ter a vida eterna. Grande exemplo disso é a história da mulher adúltera.
Tal história é relatada no Evangelho de João, capítulo 8. Trata-se de uma mulher que foi pega em adultério e levada até Jesus para que falasse o que devia ser feito. Os que a levaram queriam ver se Jesus negaria as leis de Moisés, que mandava que ela fosse apedrejada. Foi quando Jesus disse que aquele que não tivesse pecado, fosse o primeiro a atirar uma pedra.
Levantando a cabeça Jesus viu que não havia mais ninguém. Em decorrência disso Jesus perguntou à mulher onde estavam seus acusadores e se ninguém a havia condenado, respondendo ela que haviam ido embora e não a haviam condenado. Foi quando Jesus disse:

“Nem eu também te condeno; vai-te, e não peques mais.” ( Jo 8. 11)

Dessa forma, vemos que Jesus deu àquela mulher uma nova chance, a chance de mudar sua vida. A partir daquele momento a mulher poderia decidir se voltaria a cometer pecado ou não, mas sabia que se não voltasse a cometer pecado estava salva, teria a vida eterna.

Em 2 Co 5. 17 temos:
“Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.”

Portanto, ganhamos uma nova chance, nos tornando novas criaturas. Tudo que fizemos de errado ficou para trás, sendo nossa responsabilidade fazer tudo diferente daqui para frente. Maravilhoso milagre é ter uma nova oportunidade de fazer tudo diferente.
Sobre essa nova chance nasce também uma responsabilidade. Devemos falar a todos desse maravilhoso milagre da salvação. Devemos anunciar que Jesus pode dar uma nova vida ao mais vil pecador.

V. 2 – Alegria e Paz

Quando somos salvos experimentamos da paz e alegria perfeitas, que só vem de Cristo. Nesse sentido:

“Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo.” (Rm 14. 17)

Tanto em nossa vida terrena, e sobretudo em nossa vida eterna, desfrutaremos da paz e alegria que o Espírito Santo, nosso Consolador, nos dá. Sabemos que aflições hão de vir, mas a alegria e paz são perfeitas em Cristo por causa disso, pois mesmo diante de tais aflições, se estivemos ligados à Videira Verdadeira, continuaremos alegres e em paz.
Há maior milagre do que enfrentar a vida, os problemas, as angústias, as aflições, com a alegria e paz no coração? Não há, esse é um milagre verdadeiro.



V. 3 – O Maior dos milagres

Como já dito anteriormente, o milagre da salvação é o maior dos milagres, pois sem ele há condenação eterna. A pessoa pode ter a saúde perfeita, ser próspera financeiramente, mas se não tiver a salvação, de nada servem essas coisas.

Também já dito anteriormente, quando falamos sobre o paralítico de Cafarnaum, Jesus deu um sinal aos que ali estavam (a cura do paralítico), para que cressem que Ele poderia perdoar pecados. Porém, o principal, para o paralítico, foi ter seus pecados perdoados. Pode ser que não percebamos isso claramente, sobretudo aquele que se encontra enfermo, todavia, vale muito mais ter uma vida eterna estando doente aqui na terra, do que ter uma saúde perfeita e ser condenado.

Muitos ainda questionam-se do porquê de existirem muitas pessoas que aceitam a Cristo, recebem perdão e salvação, mas continuam enfermos. É o caso muitas vezes de pessoas que por terem uma vida desregrada acabam tendo enfermidades graves. Estas podem receber a salvação, mas seus pecados têm suas consequências. Não que Deus não possa reverter tal situação, muito pelo contrário, por tudo que já foi dito sabemos que Deus pode fazer qualquer coisa, mas é que muitas vezes não é da vontade de Deus que a pessoa seja curada. Esse é um dos grandes mistérios de Deus, que não cumpre a nós humanos julgar.

Para finalizar, temos o um grande exemplo de que a salvação é o maior dos milagres, e que sem ela de nada vale o resto. É o que encontramos no Evangelho de Lucas, capítulo 17. 11-19:

“11E aconteceu que, indo ele a Jerusalém, passou pelo meio de Samaria e da Galiléia; 12E, entrando numa certa aldeia, saíram-lhe ao encontro dez homens leprosos, os quais pararam de longe; 13E levantaram a voz, dizendo: Jesus, Mestre, tem misericórdia de nós. 14E ele, vendo-os, disse-lhes: Ide, e mostrai-vos aos sacerdotes. E aconteceu que, indo eles, ficaram limpos. 15E um deles, vendo que estava são, voltou glorificando a Deus em alta voz; 16E caiu aos seus pés, com o rosto em terra, dando-lhe graças; e este era samaritano.17E, respondendo Jesus, disse: Não foram dez os limpos? E onde estão os nove? 18Não houve quem voltasse para dar glória a Deus senão este estrangeiro? 19E disse-lhe: Levanta-te, e vai; a tua fé te salvou.”

Vemos nessa passagem que foram dez os que pediram a cura a Jesus, mas somente um deles voltou para glorificar a Deus por isso. Mediante tal fato Jesus disse: “vai, a tua fé te salvou”. Portanto, vemos que todos aqueles leprosos receberam a cura, porém somente um deles recebeu a salvação. De que vale ter uma vida saudável, mas não ter a salvação?

Irmãos, essa é a última exortação que faço. Foquemos-nos na salvação de nossas almas, que é maior de todos os milagres que Deus pode realizar em nossas vidas.

VI – Conclusão

Após este estudo, o que se busca é que entendamos quão maravilhoso é ver Deus operar em nosso meio. Tenhamos fé de que Deus pode nos usar como Seu instrumento. Assumamos nossa responsabilidade de falar aos outros da palavra de Deus, nos utilizando dos sinais que Ele operar, e testemunhando daquilo que Ele faz. E que busquemos sobre todas as coisas o milagre da salvação em nossas vidas, bem como que falemos de tal milagre àqueles que necessitam de receber essa tão maravilhosa mensagem. Amém!


Elaboração por:- Jonathan S. Silva

Membro da Igreja Assembléia de Deus Ministério do Belém de Dourados-MS.

19 de janeiro de 2011

O Poder Irresistível da Comunhão na Igreja

O Poder Irresistível da Comunhão na Igreja

Texto Áureo: “3Procurando guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz: 4há um só corpo e um só Espírito [...]” (Ef 4.3,4)

I – Introdução

A Paz do Senhor a todos os leitores!
Através deste pequeno estudo buscaremos explanar a respeito da Lição n. 04 do primeiro trimestre do ano de 2011. Neste trimestre estamos estudando sobre o livro de Atos dos Apóstolos, e esta lição é baseada no capítulo 2, versículos 40 a 47.
Estaremos estudando sobre a comunhão da igreja, buscando aclarar o que vem a ser esta comunhão, qual o seu valor, como alcançá-la e suas consequências.

II – O que é a comunhão?

A lição em comento nos traz um conceito extraído do Dicionário Teológico da CPAD, o qual assim conceitua este termo: “vínculo de unidade fraternal mantida pelo Espírito Santo e que leva os cristãos a se sentirem um só corpo em Jesus Cristo”.
Este conceito traz dois aspectos fundamentais: primeiro, a comunhão entre os irmãos é mantida pelo Espírito Santo; segundo, esta comunhão faz com que os crentes se sintam um só corpo em Jesus Cristo.
O primeiro aspecto diz respeito ao fato de que é o Espírito Santo, o qual habita em cada um de nós crentes, que nos dá o amor ao próximo, a compaixão, a lealdade e todas as outras virtudes necessárias para mantermos comunhão com nossos irmãos em Cristo. O comentarista da Bíblia de Estudo Pentecostal enfatizou esse aspecto ao comentar o versículo 3 do capítulo 4 da Epístola de Paulo aos Efésios. Segue o versículo mencionado e, após, o seu respectivo comentário:
“3 procurando guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz;”.

“’A unidade do Espírito’ não pode ser criada por nenhum ser humano. Ela já existe para aquele que creram na verdade e receberam a Cristo, conforme o apóstolo proclama nos capítulo 1-3. Os efésios devem guardar e preservar essa unidade, não mediante os esforços e organizações humanos, mas pelo andar ‘como é digno da vocação com que fostes chamados’ (v. 1). A unidade espiritual é mantida pela lealdade à verdade e o andar segundo o Espírito (VV. 1-3, 14, 15; Gl 5.22-26). Não pode se conseguida pela carne (Gl. 3.3)”.


O segundo aspecto fala de uma metáfora muito usada para caracterizar a igreja. Somos tidos como corpo de Cristo, uma vez que um corpo possui várias partes, tendo cada uma delas sua função específica, sem a qual o corpo não poderia ser considerado perfeito. Isso quer dizer que cada crente tem uma função dentro da igreja, sendo que uma não é superior á outra para Deus. O Apóstolo Paulo explana muito bem a respeito dessa metáfora em sua primeira epístola aos Coríntios, no capítulo 12, versículos 12 ao 31. Por ser o trecho deveras extenso, seguem alguns versículos chave (grifou-se):
“12Porque, assim como o corpo é um, e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, são um só corpo, assim é Cristo também. 13Pois todos nós fomos batizados em um Espírito, formando um corpo, quer judeus, quer gregos, quer servos, quer livres, e todos temos bebido de um Espírito. (...) 22Antes, os membros do corpo que parecem ser os mais fracos são necessários;(...)25Para que não haja divisão no corpo, mas antes tenham os membros igual cuidado uns dos outros. 26De maneira que, se um membro padece, todos os membros padecem com ele; e, se um membro é honrado, todos os membros se regozijam com ele. 27Ora, vós sois o corpo de Cristo, e seus membros em particular”.

Este trecho bíblico traz talvez a melhor caracterização de como deve ser a comunhão entre os irmãos, mencionando que nós crentes devemos cuidar um dos outros, sofrer o sofrimento dos demais irmãos, e nos alegrar com a alegria destes. Destaca, ainda, que todos somos necessários ao corpo de Cristo, dentro daquilo que fazemos por Ele, não sendo um ministério maior do que outro.
Os dois aspectos destacados do conceito inicialmente transcrito da palavra comunhão são mencionados pelo comentarista da Bíblia de Estudo Pentecostal, em nota ao versículo 13, supracitado:
“O batismo ‘em um Espírito’ não se refere, nem ao batismo em água, nem ao batismo no Espírito Santo que Cristo outorga ao crente como no dia de Pentecoste (...). Refere-se, pelo contrário, ao ato do Espírito Santo batizar o crente no corpo de Cristo – a igreja, unindo-o a esse corpo; fazendo com que ele seja um só com os demais crentes. É a transformação espiritual (...) que ocorre na conversão e que coloca o crente ‘em Cristo’ biblicamente (...)”.

A Pequena Enciclopédia Bíblica de Orlando Boyer conceitua o termo comunhão como sendo “Participação em comum em crenças ou idéias”.
Este conceito destaca que a comunhão vem a ser a igualdade de crenças ou idéias, isto é, a comunhão se estabelece entre aquelas pessoas que compartilham de um mesmo pensamento, que crêem em uma mesma coisa, assim por diante.
Para nós crentes, a comunhão parte da crença no mesmo Deus, nas mesmas doutrinas, na mesma Salvação, o compartilhamento da mesma fé, etc. Quando há dissensões entre o povo de Deus, a comunhão se abala.
A comunhão se estabelece na unidade de crenças. Por isso todos devemos crer da forma que escreveu o Apóstolo Paulo aos Efésios, capítulo 4, versículos 4 a 6:
“4há um só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação; 5um só SENHOR, uma só fé, um só batismo; 6um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos e em todos vós”.


III – Como alcançar a comunhão?

Diante de tudo o que já foi exposto podemos ver como podemos alcançar a comunhão entre os irmãos.
A primeira coisa é deixarmos o Espírito Santo trabalhar em nossas vidas. Ele nos transforma e nos dá a capacidade de permanecermos unidos em uma mesma crença.
Se não deixamos o Espírito Santo trabalhar em nós diversos sentimentos que impedem a comunhão surgem em nosso meio, como a inveja, o rancor, o ciúme, a raiva, a tristeza, a avareza, entre outros.
Todos esses maus sentimentos não permitem que sintamos amor pelo nosso próximo e trazem dissensões para dentro de igreja.
Esses sentimentos revelam quem não é “espiritual” e sim “carnal”, ou seja, quem ainda não deixou o Espírito moldá-lo, como Paulo repreendeu os Coríntios em sua primeira epístola, capítulo 3, versículos 1 e 3 (grifou-se):
“1E eu, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a meninos em Cristo. (...), 3porque ainda sois carnais; pois, havendo entre vós inveja, contendas e dissensões, não sois porventura carnais, e não andais segundo os homens?”.

A segunda coisa a fazer é reconhecermos que somos todos membros de um só corpo, tendo cada um sua função, nenhuma mais importante que a outra, como já foi exposto acima.
Muitas dissensões surgem na igreja também quando alguns de seus membros passam a achar que são mais importantes, menosprezando o trabalho dos demais. Esquecem-se que se um corpo perde qualquer de suas partes deixa de ser perfeito, sendo todo ele prejudicado.
O corpo humano é um complexo de partes interdependentes. Se uma falta, todo o corpo sente. Mesmo aquelas partes que são duplas, como os ouvidos, os olhos e os pulmões, se um dos dois é retirado do corpo a sua função fica prejudicada. A pessoa vai ouvir menos, enxergar menos ou respirar com mais dificuldade.
Assim é a igreja de Cristo: ela precisa do zelador, do operador de som, do pregador, do porteiro, do pastor, etc. Sem qualquer um desses ministérios a igreja não funciona corretamente.
Nesse sentido escreveu o Apóstolo Paulo aos Romanos, no capítulo 12, versículo 3 a 5, concluindo no versículo 10 (grifou-se):



“3Porque pela graça que me é dada, digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém; antes, pense com moderação, conforme a medida da fé que Deus repartiu a cada um. 4Porque assim como em um corpo temos muitos membros, e nem todos os membros têm a mesma operação, 5assim nós, que somos muitos, somos um só corpo em Cristo, mas individualmente somos membros uns dos outros. (...).10Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros”.

Este último trecho grifado (“preferindo-vos em honra uns aos outros”) diz respeito ao valor que devemos dar ao trabalho de cada um dentro da Casa de Deus, devemos estar sempre dispostos a respeitar e honrar as boas qualidades dos outros crentes.
A terceira coisa a se fazer para alcançar a comunhão entre os irmãos é buscarmos sempre a unidade. Esta unidade se revela em diversos aspectos como a fé, a doutrina, a esperança, além da crença no mesmo Deus Pai, no mesmo Espírito e no mesmo Salvador.
Se há diferentes correntes de pensamento dentro de uma igreja, ela não subsiste. Jesus mesmo deu um exemplo que muito se encaixa neste aspecto em Matheus 12.25, muito embora Ele tenha dado este exemplo em outro contexto (grifou-se):
“25Jesus, porém, conhecendo os seus pensamentos, disse-lhes: Todo o reino dividido contra si mesmo é devastado; e toda a cidade, ou casa, dividida contra si mesma não subsistirá.”

Jesus quer dizer nesta passagem que não há como um reino ou uma cidade subsistir se ela se divide e luta contra si mesma, ou seja, se em um reino ou uma cidade formam-se dois ou mais grupos antagônicos em algum aspecto, e estes grupos lutam entre si, o reino ou cidade fica completamente enfraquecida e desestruturada. Da mesma forma não há como uma igreja prosperar em seus trabalhos para Deus se dentro dela houver dissensões.
Por isso Paulo exortou, em I Coríntios 1.10, aos irmãos daquela igreja:
“10Rogo-vos, porém, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que digais todos uma mesma coisa, e que não haja entre vós dissensões; antes sejais unidos em um mesmo pensamento e em um mesmo parecer”.
IV – O valor e os frutos da comunhão

A comunhão entre os crentes faz bem para a própria igreja e agrada a Deus.
Uma igreja unida, voltada para os mesmo objetivos, unânime em fazer a obra de Deus, é muito mais forte e alcança muito mais êxito em sua lida. Uma pessoa pode sozinha fazer grandes coisas para a obra de Deus, porém um grupo de pessoas, reunido pelos mesmos ideais, pela mesma fé e pelo mesmo propósito, pode fazer muito mais.
A comunhão de uma igreja também faz bem para seus membros, pois aquele que se encontrar necessitado de algo, seja um bem material, seja um conforto, seja uma oração de intercessão, sempre terá onde encontrar.
Lucas cita em Atos 2.44 e 45 como era a igreja primitiva:
“44E todos os que criam estavam juntos, e tinham tudo em comum. 45E vendiam suas propriedades e bens, e repartiam com todos, segundo cada um havia de mister”.

Deus não exige de nós que vendamos todos os nossos bem e repartamos com os membros mais necessitados da igreja, mas exige que estejamos sempre dispostos a ajudar aqueles que padecem de qualquer tipo de necessidade.
Nesse sentido também está escrito e Gálatas 6.9 e 10 (grifou-se):
“9E não nos cansemos de fazer bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido. 10Então, enquanto temos tempo, façamos bem a todos, mas principalmente aos domésticos da fé”.

A comunhão na igreja também agrada a Deus, fazendo com que Ele abençoe cada vez mais os seus membros. Deus deseja que estejamos sempre unidos, para que a Sua igreja prospere.
Davi escreveu, inspirado por Deus, um Salmo em que fica expresso como Deus se agrada da união entre os irmãos. É o Salmo 133, abaixo transcrito em sua íntegra:

“1OH! quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união. 2É como o óleo precioso sobre a cabeça, que desce sobre a barba, a barba de Arão, e que desce à orla das suas vestes. 3Como o orvalho de Hermom, e como o que desce sobre os montes de Sião, porque ali o SENHOR ordena a bênção e a vida para sempre”.

Davi demonstra quão maravilhosa é a comunhão entre os irmãos de fé. O texto demonstra uma intensidade, um deslumbramento muito grande de Davi ao proclamar a importância da união. Ele parece escrever em tom de rogo, para que todos que lessem percebessem que a comunhão na igreja é essencial para todos.
O próprio Senhor Jesus, em Sua oração pelos Seus discípulos, clama a Deus Pai, primeiramente, que mantenha a estes unidos, estendendo o pedido, posteriormente, para todos aqueles que, através deles, creiam em Seu nome. Esta passagem podemos encontrar em João 17. 11, 20 e 21:

“11E eu já não estou mais no mundo, mas eles estão no mundo, e eu vou para ti. Pai santo, guarda em teu nome aqueles que me deste, para que sejam um, assim como nós. (...). 20E não rogo somente por estes, mas também por aqueles que pela sua palavra hão de crer em mim; 21para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste”.

Aqui se mostra de grande valia transcrever a nota feita pelo comentarista da Bíblia de Estudo Pentecostal ao versículo 21, a qual comenta sobre a verdadeira união espiritual entre os crentes, não uma união superficial:
“A união em favor da qual Jesus orou não era a união de igrejas e organizações, mas a espiritual, baseada na permanência em Cristo (v. 23); amos a Cristo (v. 26); separação do mundo (vv. 14-16); santificação na verdade (vv. 17-19); receber a verdade da Palavra e crer nela (vv. 6, 8, 17); obediência à Palavra (v. 6); e o desejo de levar a salvação aos perdidos aos perdidos (vv. 21, 23). Faltando algum desses fatores, não pode haver a verdadeira unidade que Jesus pediu em oração.



(1) Jesus não orava para que seus seguidores ‘se tornem um’, mas para que ‘sejam um’. Trata-se de um subjuntivo presente e significa ‘continuamente ser um’. União essa que se baseia no relacionamento que todos ele têm com o Pai e com o Filho, e na mesma atitude basilar que têm para com o mundo, a Palavra e a necessidade de alcançar os perdidos (cf 1 Jo 1.7).
(2) Intentar criar uma união artificial por meio de reuniões, conferências ou organização centralizada, pode resultar num simulacro da própria união em prol da qual Jesus orou. Ele tinha em mente algo muito mais do que ‘reuniões de unificação’, i. e., de união artificial. É uma união espiritual de coração, propósito, mente e vontade dos que estão totalmente dedicados a Cristo, à Palavra e à santidade (...)”.


V – Conclusão

A comunhão entre os crentes é essencial em uma igreja para que ela permaneça agradável a Deus, fazendo a Sua obra de forma maravilhosa. Deus quer que haja uma verdadeira comunhão espiritual entre seus servos, fazendo com que todos tenhamos plena consciência de que fazemos parte de um só corpo.
Cada um de nós tem que buscar uma real transformação por parte do Espírito Santo, para sermos capazes de estar em plena comunhão. Assim poderemos nos afastar de sentimentos que impedem a união e causam dissensões dentro da igreja.
Nunca podemos pensar que somos mais importantes que os outros para o Senhor, mas devemos aprender a dar honra àqueles que a merecem. Como dito, somos membros de um só corpo, o qual só é perfeito com cada uma de suas partes.
Esta comunhão deve se manifestar em uma unidade de pensamentos, de crenças. Devemos ter consciência de que seguimos a mesma doutrina, temos fé e esperança no Deus único, cremos no mesmo Salvador e somos transformados pelo mesmo Espírito Santo, o qual habita em cada um de nós igualmente.
Desta forma poderemos ver manifesto em nosso meio O Poder Irresistível da Comunhão na Igreja.


Comentarista: Jimmy Bruno dos Santos Silva, membro da Igreja Assembléia de Deus Ministério do Belém de Dourados-MS.