16 de março de 2011
AS VIAGENS MISSIONÁRIAS DE PAULO
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Não obstante atribuir-se a importância histórica de Paulo o fato de ter sido ele o primeiro a dar uma formatação teológica à proclamação cristã primitiva e a desenvolver, com reflexão, estas questões, não se deve julgar de menor importância o seu trabalho missionário. As enunciações teológicas do apóstolo foram sempre inspiradas pelo contexto de sua missão aos gentios. Por meio dessa missão, Paulo também contribuiu para a transposição notavelmente precoce da nova fé, da esfera limitada do judaísmo para a estrutura mais ampla do mundo gentio e, desse modo, possibilitou que o cristianismo florescesse como movimento distinto depois de 70 d.C..
A estratégia missionária de Paulo era conquistar a maior parte possível do mundo gentio e, quando começou a ficar evidente que a tarefa não se completaria durante a sua vida, ele tentou – não sem sucesso, ao que parece – fazer a comunidade cristã de Roma compartilhar sua visão (ver Romanos).
Por em prática esta estratégia não exigia a apresentação do evangelho a cada um dos indivíduos das áreas que ele evangelizava, mas sim a fundação de igrejas locais que servissem de núcleos a se propagar nessas áreas. Seu plano incluía um evangelismo pioneiro, anunciar o evangelho como ele disse, somente “onde o nome de CRISTO ainda não fora pronunciado” (Rm 15; 20-21), e assentar ele mesmo os alicerces.
O objetivo deste estudo é trazer algumas informações, colhidas dentro da literatura evangélica, com a finalidade de ampliar a visão do que trata a lição; as viagens missionárias de Paulo. O objetivo não é apenas listar o itinerário paulino, mas fazer algumas reflexões sobre seus objetivos, trazendo ao professor da EBD alguns elementos e ferramentas que poderão enriquecer sua aula.
AS VIAGENS MISSIONÁRIAS
Para que Paulo realizasse tais empreendimentos era preciso uma combinação de planejamento estratégico e receptividade à inspiração divina. O empreendimento todo era realizado “pelo poder do ESPÍRITO” (Rm 15;19), e o poder do ESPÍRITO era experimentado em circunstâncias especiais, como quando seus passos foram desviados da estrada para o ocidente, em direção a Éfeso, e dirigidos para Trôade e para Macedônia (At 16;6-10).
Em At 13;1 até 15;30 têm-se a descrição de sua primeira viagem missionária. Quando Paulo e Barnabé regressaram a Antioquia, viram que era chegado o tempo de pregarem o evangelho em outros países. Um novo movimento se operava em obediência ao ESPÍRITO SANTO (At 13;2), e para isso se prepararam aqueles apostólicos obreiros com jejum e oração.
Indo com eles João Marcos, saem de Antioquia da Síria. Viajam de navio até Salamina, na ilha de Chipre (13,4-5). Atravessam a ilha e param em Pafos onde conflitam com um judeu mágico de nome Barjesus (13,6-12). Partindo de Chipre, Paulo e seus companheiros navegaram para a Ásia Menor e chegaram a Perge, na Panfília onde Marcos os deixou. Sobem até Antioquia da Pisídia onde foram recebidos com alegria pelos gentios, após terem ouvido a mensagem salvadora de CRISTO JESUS, mas houve conflito com os judeus (13,13-52). Seguem para Icônio na Licaônia onde, novamente, entram em conflito com os judeus (14,1-5). Vão para Listra onde continuam anunciando a Boa Notícia (14,6-7), promovem a cura de um homem aleijado e são hostilizados por gentios e judeus (14,8-20). Chegam a Derbe e depois retornam, passando por Listra, Icônio e Antioquia da Pisídia, animando os discípulos a permanecerem firmes: “É preciso passar por muitas tribulações...” (14,20-23). Atravessam a Pisídia, chegam em Panfília, depois em Perge e Atalia (14,24-25). Navegam para Antioquia da Síria onde reúnem a comunidade para partilhar e avaliar os resultados desta tão proveitosa empreitada. Concluindo, assim, sua primeira viagem missionária (14,26-28).
As fontes também dão testemunho de uma segunda dimensão definidora da missão paulina, a saber, o compromisso de Paulo de fundar e educar comunidades cristãs como um propósito central de seus esforços missionários em qualquer região específica. Realmente, em suas viagens, Paulo se dedica à pregação missionária etapa por etapa. E ativamente empenhou-se em conversões individuais como parte de sua vocação. No entanto, estas funções evangelizadoras, eram exercidas como passos preliminares necessários em um propósito missionário maior: de formar comunidades de fiéis de uma região após outra em toda a sua parte do mundo. Não foi por acaso que Paulo não se descreveu como fazedor de tijolos, mas como construtor de alicerces (I Co 3;10). Sua missão concentrava-se em realização conjunta.
A segunda viagem missionária (At 15;36 à 18;28) foi mais extensa do que a primeira. A partida foi perturbada por uma diferença de opinião entre Paulo e Barnabé. Desejava Barnabé que também os acompanhasse João Marcos, seu parente, que tinha sido censurado por Paulo em certa ocasião (At 15;38). Como Paulo não quisesse anuir, separaram-se. Paulo, escolhendo para seu companheiro a Silas, saem de Antioquia da Síria e percorrem a Síria e a Cilícia, confirmando as comunidades organizadas na 1ª viagem (At 15,41). Passam por Derbe e Listra, levando consigo Timóteo com quem teve uma importante entrevista (16,1-5). Entram na Frígia. Não conseguem ir até a Ásia. Passam pela Galácia (16,6). Impedidos de ir até Bitínia, seguem para Mísia e Trôade (16,7-8). Em Trôade atraiu Paulo a si um novo companheiro, que haveria de ser o futuro historiador dos seus trabalhos; Lucas.
Um sonho leva Paulo e sua equipe até a Macedônia (At 16,9-10). Em dois dias chegam a Neápolis, porto de Filipos. A comunidade se forma a partir de um grupo de mulheres (At 16,11-15). Em Filipos, proporcionam a libertação de uma escrava de satanás e angariam conflito com seus patrões. São presos e, milagrosamente, são libertos (At 16,16-40). Expulsos de Filipos seguem para Tessalônica, onde conflitam com os judeus (17,1-9). Expulsos de Tessalônica chegam a Beréia, onde, novamente, conflitam com os judeus (17,10-13). Paulo se separa de Timóteo e Silas e com alguns acompanhantes vai a Atenas. Manda avisar Timóteo e Silas para encontrá-lo lá (17,14-15). Em Atenas, Paulo faz um discurso aos intelectuais no Areópago (17,16-34). De lá, viaja para Corinto, encontra-se com o casal Priscila e Áquila e permanece por lá durante 18 meses confeccionando tendas e evangelizando (18,1-18). De Corinto, embarca para Éfeso, onde decide voltar (18,19-21).
Embarca para Cesaréia e Jerusalém – onde ele saudou “a Igreja” -, e depois volta para Antioquia da Síria (18,22), visitando esta cidade pela última vez.
Paulo revela repetidamente um sentimento não só de fundar, mas também de cuidar dessas comunidades, não só de gerar, mas também de educar, não só de plantar, mas também de cultivar. Por esta razão ele visita regularmente as igrejas que fundou e, sempre que possível mostra-se inclinado a diligenciar um ministério residencial de edificação. Como Paulo explica suas atividades interrompidas em Tessalônica: “E vós sabeis: tratando cada um de vós como um pai a seus filhos, nós vos exortamos, encorajamos e suplicamos para que cada um leve uma vida digna” de DEUS (I Ts 2;10-12). O compromisso missionário paulino de cuidar de suas recém fundadas igrejas é mais diretamente demonstrado pela existência das cartas em si. Essas cartas não são composições evangelizadoras: o Paulo que está disponível para nós em primeira mão está disponível quase exclusivamente na dimensão do cuidado com a comunidade de seu papel missionário.
Partindo de Antioquia, Paulo, acompanhado de Timóteo, na sua terceira viagem missionária (At 19;1 à 21;14), passou pela Ásia Menor, visitando e animando as igrejas que ele tinha estabelecido naquela região. Paulo chega a Éfeso, onde ficam três anos. Encontram, na primavera de 57 d.C., os seguidores de João Batista (19,1-7). Ensina na Sinagoga e numa escola particular (19,8-10). Conflitua com os exorcistas judeus, filhos de Cevas, Sumo Sacerdote (19,11-20). Paulo decide voltar a Jerusalém, passando por Macedônia e Acaia. Envia à sua frente Timóteo e Erasto (19,21-22). Ainda em Éfeso tem conflito com Demétrio, ourives (19,23-40). Expulso de lá, segue para Macedônia e anima os discípulos e, mais uma vez, usufrui da companhia de Lucas (20,1-6).
A equipe viaja até Trôade onde Paulo ressuscita o jovem Êutico (20,7-12). De Trôade dirigem-se a Mileto em dois grupos (20,13-16). Em Mileto profere discurso de despedida aos presbíteros de Éfeso (20,17-38). A viagem segue de navio até Tiro, na Síria visita a Comunidade (21,1-6). Continua até Ptolomaida e Cesaréia onde foi visitar Felipe, o evangelista. Ágabo, que tinha o dom de profecia, mostrou a Paulo, de uma maneira dramática, que era perigosa a sua ida a Jerusalém (21,7-14). Lucas e os outros companheiros de Paulo choraram e pediram-lhe que não fosse, mas a sua resolução era inabalável e então os seus amigos reconheceram que era vontade de DEUS.
CONCLUSÃO
A partir da análise destas viagens missionárias, indicamos certos padrões predominantes na atividade missionária paulina:
Ø Paulo se dedica a apresentar o evangelho onde ele ainda não foi ouvido, tarefa pioneira nas fronteiras da expansão cristã.
Ø Ele entende que esta dedicação subentende um movimento geográfico de anúncio de evangelho.
Ø Ele conceitualiza este movimento em termos de áreas geográficas específicas.
Ø Paulo tenta visitar essas regiões em uma sequência aproximadamente contígua, do leste para o oeste.
Ø Dentro deste espaço, Paulo procura estabelecer comunidades, cristãs nos principais centros populacionais de cada região.
Ø O compromisso missionário paulino inclui educar essas comunidades para que alcancem uma estabilidade madura.
Ø Quando considera isso realizado, Paulo sente que não tem “mais campo de ação” para seu chamado específico nessa região e se prepara para seguir adiante.
A missão paulina tem se mostrado ainda mais fundamental para entender a pessoa do apóstolo. Os contornos de sua vida, o conteúdo de suas cartas e as estruturas e seus pensamentos são todos determinados essencialmente por inferências de sua vocação missionária. Esta vocação deve fomentar, em cada coração cristão, o desejo de ser um ganhador de almas, um missionário do SENHOR JESUS. Espero em DEUS ter contribuído para despertar o seu desejo de aprofundar-se em tão precioso ensino e ter lhe proporcionado oportunidade de agregar algum conhecimento sobre estes assuntos. Conseguindo, que a honra e glória seja dada ao nosso DEUS.
Elaboração por :- Ev. José Costa Junior
REFERÊNCIAS BÍBLIOGRÁFICAS
BÍBLIA DE ESTUDO DE GENEBRA São Paulo e Barueri – Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil 1999
BUCKLAND, A. R. Dicionário Bíblico Universal – 9ª Ed. – São Paulo, SP: Editora Vida, 1996
HAWTHORNE, Gerald F., Ralph P. Martin e Daniel G. Reid (org.). DICIONÁRIO DE PAULO E SUAS CARTAS. São Paulo: Vida Nova, 2008
9 de março de 2011
O Primeiro Concílio da Igreja de Cristo
Texto básico
“Na verdade pareceu bem ao Espírito Santo e a nós, não vos impor mais encargo algum, senão estas coisas necessárias: Que vos abstenhais das coisas sacrificadas aos ídolos, e do sangue, e da carne sufocada, e da prostituição, das quais coisas bem fazeis se vos guardardes. Bem vos vá.” ( At 15.28,29).
Introdução
A lição deste domingo mostrará as divergências existentes dentro da igreja na época dos apóstolos. Foi necessário que os grandes homens de Deus se reunissem e encontrarem uma solução para o problema que poderia prejudicar o crescimento da obra de Deus. O concílio de Jerusalém foi um marco para a igreja primitiva onde se descortinou a idéia de um pequeno grupo judaizante, e a graça salvadora de Jesus prevaleceu na igreja (Ef 2.8).
1-Definição
Concílio; em nossa versão portuguesa não aparece tal termo, que, entretanto passou a ser usado na linguagem eclesiástica dos séculos posteriores a Cristo, para indicar assembléia de prelados. No uso protestante, tal vocábulo é usado especialmente para indicar a reunião dos apóstolos e da igreja, em Jerusalém, para tratar da exigência dos judaizantes, que queriam impor a observância da lei de Moisés e da circuncisão aos convertidos dentre os gentios, como pré requisito para salvação (At 15. 2-29) (Novo Disc. Bíblico Ed. Vida Nova).
No Antigo Testamento observamos também a reunião de alguns prelados, que podemos considerar como concílios. Quando Moisés reuniu, por exemplo, um grupo de anciões para deliberar sobre a ordenação de Deus sobre os Hebreus (Ex 4.29).
2 - Uma Igreja em Crescimento.
“Louvando a Deus, e caindo na graça de todo o povo. E todos os dias acrescentavam o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar.” (At. 2.47). É fato observarmos que ao passo que o evangelho crescia entre os gentios, e com este crescimento a entrada de pessoas que não possuíam os mesmos costumes religiosos, neste caso com os judeus. Muitos dos problemas eram justamente os que confrontavam as leis de Moisés, tantos os ordens moral como religiosa. A cultura religiosa encontradas nos povos do Novo Testamento foi herdada de outras gerações (Jo 4.20)
Devido ao grande número de gentios que estavam adentrando a igreja, tornaram-se um incomodo para os judaizantes que haviam aceitado o cristianismo. Como manter a ordem dentro de uma nova organização religiosa? Seriam apenas questões que não afetariam as futuras conversões? Este assunto é muito instigante, pelo fato de que aqueles que eram da seita dos fariseus, não aceitavam os “novos crentes”, por outro lado os novos não queriam se submeter aos antigos ritos.
Já no primeiro versículo do capitulo 15 de Atos dos Apóstolos, vemos a resistência de alguns judeus em aceitarem os gentios. Devemos lembrar que, não eram apenas uma classe de gentios em especifico que faziam parte daquela congregação, muitos eram samaritanos, gregos, sitas, elamitas, medos, romanos, cretenses, etc..(Cl 3.11). Muitos que todos os dias chegavam aos pés do SENHOR Jesus (At 2.47).
Numa comunidade fechada, como a judaica, onde durante séculos os homens e mulheres observavam os usos e costumes da lei (Is 29.13), mas o seu coração estava longe de agradar ao SENHOR. Parece incrível que alguém, naquele momento onde o Espírito Santo estava em plena execução de sua obra, dizer que para um gentio ser salvo era necessário fazer a circuncisão. (At 15.1). E alguns tiveram que submeter-se aos antigos rituais para poder agradar, ou fazer a vontade de uma pequena minoria. (At 16.3)
A igreja que nós chamamos “primitiva” tem muito a nos ensinar, levando em consideração
o pouco espaço de tempo entre a ascensão de Cristo e os primeiros problemas de ordens eclesiásticas. Foi necessária a intervenção imediata dos apóstolos para que as pendências religiosas fossem logo colocadas no concílio em Jerusalém. Quando observamos nos dias hodiernos verificamos justamente o contrário, as pendências são apenas citadas, quando são feitas, e não se procura criar soluções espirituais para que o reino dos céus possa continuar a crescer na terra.
3 - É necessário fazer?
“Se não vos circuncidardes conforme o uso de Moisés, não podeis salvar-vos”. (vers.1). Dentro do conceito religioso, os judeus conversos ao cristianismo naquele período, não estavam de todo ensinado ao novo caminho. Faltava a eles o ensino correto da palavra de Deus (Os 4.6), o conhecimento do qual discorrera não somente os apóstolos, mas é o mesmo ensinado por Cristo (Jo 8.32). Este conhecimento que Jesus falara pouco tempo antes elenca o conhecer a Cristo, de uma forma ampla e plena, a oportunidade de uma vida mais intima com o Pai. Jesus disse que o conhecimento pleno da verdade é que pode libertar o homem. A verdade é Cristo, Ele liberta o homem de todos os enganos do seu coração.
Ao passarmos pelo texto em estudo vemos que aqueles em que operavam o erro, não conheciam Jesus, por isso, a necessidade de uma reunião urgente em Jerusalém. Muitos vivem dentro das nossas igrejas com o mesmo pensamento de alguns daqueles judeus, acreditando em sua fé, que Jesus não é suficientemente poderoso para salvar os mais diversos tipos de pessoas, que possuem as mais diversas crenças e possuem os mais diversos costumes. Só Jesus Cristo salva, liberta, batiza com o Espírito Santo e leva para o céu.
Certa feita Jesus ia por um caminho e foi incomodado pelos gritos de uma mulher que necessitava de uma benção (Mt 15.23-28). Alguns acreditam que Jesus poderia ter usado palavras menos ásperas para atender as petições daquela mulher (vers. 26). Jesus esperava que aquela mulher não desistisse de pedir, usou até mesmo o costume da lei para não se aproximar dela. Jesus observou a insistência daquela mulher (vers.27), Ele queria que ela não desistisse diante da primeira negativa (vers. 24), nem diante dos discípulos. O nosso SENHOR viu que aquela mulher não se incomodou de ser rebaixada, Ele percebeu que ela não olhava para aqueles que estavam em sua volta, ela não se preocupou de estar entre os judeus. Por isso, o nosso mestre mostrou que ela possuía muita fé (vers. 28). Será que em nossos dias, as nossas igrejas na sua maioria suntuosas, tem prestado atenção aos gritos daqueles que estão lá fora?
O texto diz que o debate começou porque alguns questionam da necessidade de haver a circuncisão para ser salvo (vers. 1). Poderia a salvação estar ligada a uma ordenança judaica? Por base bíblica sabemos que não (Rm 2.28.29, Rm 3.1, I Co 7.19, Gl 6.15). Mas, se faz necessário entender que dentro da comunidade judaica as leis e observâncias delas eram extremamente importantes.
Pedro uns dos doze, que era judeu, teve uma experiência no capítulo dez do livro de Atos. O SENHOR conduz o apóstolo a uma visão do céu, que a princípio ele não entendia. Foi necessário ser encaminhado à casa do centurião Cornélio para que entendesse a vontade de Deus. “E, dizendo Pedro ainda estas palavras, caiu o Espírito Santo sobre todos os que ouviam a palavra. E os fiéis que eram da circuncisão, todos quantos tinham vindo com Pedro, maravilharam-se de que o dom do Espírito Santo se derramasse também sobre os gentios”.(At 10.44,45).A pregação da Palavra de Deus é uma fonte ilimitada de poder. O uso da mensagem de salvação, como foi na casa de Cornélio, pode produzir algo maravilhoso sobre aqueles que ouviram. O avivamento é algo sobrenatural da parte de Deus para com os homens, que torna homens comuns em verdadeiras testemunhas do evangelho de Cristo (At 1.8).
Não foi necessária a circuncisão, para que aqueles que estavam na casa de Cornélio, recebessem o batismo no Espírito Santo. O que foi indispensável naquele momento? Que o coração daqueles que ouviram a palavra dessem lugar ao Espírito Santo. Quando no meio da igreja entra a invenção da mente humana Deus deixa de operar maravilha.
4 - Deus não divide espaço.
Urge em nossos dias a volta ao calvário, pois muitos sem saber, estão levando o povo a um modelo de vida espiritual voltada ao ritualismo. Dizem; “Você precisa fazer isto para que Deus possa te responder”, cuidado Deus não se deixa escarnecer (Gl 6.7), ou dizem mais; “Entrega essa quantia que você recebera outro tanto”. Seria a forma de apresentar a salvação aos pecadores, “Venha como estás”, não há mudanças, não a transformação, não existe renúncia, o mundo ainda impera no coração de muitos. Que Deus nos guarde.
Os apóstolos estavam combatendo algo que estava impregnado na cultura religiosa dos gentios. “Porque é bastante que no tempo passado da vida fizéssemos a vontade dos gentios, andando em dissoluções, concupiscências, borrachices, glutonarias, bebedices e abomináveis idolatrias”; (I Pe 4.3). A visão do judeu em relação ao gentio não era a melhor possível. Se não fora o Espírito Santo, os homens não chegariam à salvação (Jo 16.7,11).
Dentre todos os preceitos divinos na Bíblia sagrada, Deus não suporta a idolatria. Ao prestar culto a outros deuses ou participar de eventos que induzem a essa adoração, “Que vos abstenhais das coisas sacrificadas aos ídolos”, (vers.29a). A primeira deliberação do concílio foi justamente afastar os gentios daquilo que poderia fazer sem saberem do erro que estavam cometendo. Quando o texto diz “coisas sacrificadas”, era comum nas festas dos gentios o culto as divindades. O cuidado dos apóstolos era justamente que eles sem prestarem o culto diretamente aos ídolos poderiam se contaminar com as oferendas sacrificadas aos deuses estranhos.
Parece até que o cuidado dos apóstolos era extremo, poderia alguém comer algo proveniente de uma festa idólatra? Dentro dos rituais de adoração dos gentios, nos tempos bíblicos, eram distribuídas as pessoas, comidas que tinham sido postas em oferendas as imagens. Será que em nossos dias as nossas crianças não estão comendo as balas e doces no dia de Cosme e Damião? Ou que ainda nas quermesses onde se homenageiam os santos de uma determinada igreja, alguns comem aquelas comidas oferecidas aos chamados “santos”. O alerta é, Deus não divide espaço, nenhum um centímetro sequer.
5 – Vida com Cristo.
Depois de orientação dos apóstolos sobre a questão das carnes oferecidas aos ídolos, é levantado outro ponto importante relacionado ao costumes praticados pelos gentios. Não é raro em nossos dias encontramos pessoas adeptas a comerem carne sufocada ou feita com o sangue do próprio animal, a bíblia condena esta pratica (Gn 9.4, Dt 12.23, Lv 17.14). Os apóstolos queriam que os gentios fossem orientados sobre este preceito divino, onde a vida decorre do sangue e de maneira nenhuma poderia ser consumido.
Outro elemento relacionado no verso 29 é a prostituição, que naquele período, como nos dias atuais, tem sufocado a igreja. Os relacionamentos ilícitos dos quais são citados pelos apóstolos é a pratica sexual que é contraria a vontade divina. Trazendo esta questão para igreja pós-moderna verificamos que a atualidade deste ensino é realmente importante (Rm 1.26,27). Vivemos em meio a uma geração corrupta e sem moral, onde a liberdade se contradiz aos bons costumes, onde o certo se tornou errado, e o errado é amparado inclusive pelas leis humanas (II Tm 4.3).
Conclusão
O concílio em Jerusalém marcou a história da igreja, abrindo o caminho para que as questões nocivas ao reino de Deus fossem reparadas. Devemos estar atentos às transformações políticas e sociais que estão ocorrendo no mundo. E estas mudanças não podem afetar a igreja de nosso SENHOR Jesus Cristo. Fomos salvos pela graça de nosso SENHOR e salvador Jesus Cristo, por isso devemos estar sempre vigiando e orando para não cair em tentação ( Mt 26.41).
Elaboração pelo:- Evang. Juarez Alves
Assembléia de Deus Ministério Belém
Congregação Parque Nova Dourado.
1 de março de 2011
O Evangelho propaga-se entre os Gentios
Texto Áureo = “E os fiéis que eram da circuncisão, todos quantos tinham vindo com Pedro, maravilharam-se de que o dom do Espírito Santo se derramasse também sobre os gentios.” At 10.45.
Introdução:
Na Lição de numero 8, Com a morte de Estevão, houve uma porta aberta para a propagação do Evangelho, mesmo que ainda os “cristãos” que só foram chamados assim no capitulo 11.26 em Antioquia, não entenderam que foram chamados para pregar o evangelho em Jerusalém, Judéia, Samaria e até os Confins da terra. Em seguida com a Salvação de Saulo de Tarso na lição de numero 9, Deus abre de vez as portas para o Evangelho aos Gentios, pois até então só existia dois povos: Judeus e Gentios, vindo agora com a vinda de Jesus, desenrolar o mistério de um terceiro povo a Igreja, formada de Judeus e Gentios convertidos ao Cristianismo. Nesta Lição veremos o Evangelho propagar-se entre os Gentios tendo como figuras principais: Pedro e Paulo.
I. Os Gentios no Antigo Testamento.
Gentio: Todo aquele nascido fora da comunidade de Israel, e estranho às alianças que o Senhor Deus estabeleceu com o seu povo. Sob este prisma, até mesmo os hebreus incrédulos são tidos como gentios, e os gentios convertidos podem ser considerados hebreus. Porque, conforme explicou Paulo, judeu é o que aceita os termos dos concertos propostos por Deus (Rm 2.29).
1 – Um novo começo com Noé. Por causa da grande maldade dos homens (Gn 6.5,11) Deus resolveu destruir todos os seres vivos(6.13), exceto o Justo Noé e sua família (6.9,18). Quando Noé e sua família saíram da arca após um ano e dez dias, ele construiu um altar e ofereceu sacrifícios a Deus (8.14-20) Deus abençoou Noé e sua família (9.1) Por intermédio dos filhos de Noé, Sem, Cam e Jafé vieram às nações com suas respectivas geografias. Infelizmente, a humanidade porfiou em desobedecer a Deus (Gn 11.1-9). Foi aí que em meio a essa decadência moral, Deus santifica um descendente de Sem, Abraão, para que dele uma nova nação fosse formada (Gn12.1-3).
2 – A exclusividade dos descendentes de Abraão. Ao chamar Abraão, o Senhor dá início à história de Israel (Gn 12.1-3). Seu propósito à nação Judaica era torná-la uma propriedade peculiar, um reino sacerdotal e um povo Santo. “Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos, porque toda a terra é minha. E vós me sereis um reino sacerdotal e o povo santo. Estas são as palavras que falarás aos filhos de Israel” (Ex. 19.5,6). Estava formado o início do povo Judeu.
Obs: Muitas coisas ainda estavam para acontecer, pois para que este povo fosse exclusivo precisava de um preparo especial, que só Deus sabe o padrão que eles deveriam alcançar por isso a provação no deserto que foi uma verdadeira escola para o povo, o cativeiro etc. A partir de então todas as demais nações passaram a ser conhecidas como Gentios.
II – Os Gentios em o Novo Testamento.
Deus ao escolher um povo para que seja modelo para as demais nações, não estava amando mais uma do que a outra, pelo contrário com esse gesto estava dizendo que a Salvação vinha dos Judeus, mas que não estava restrita a este povo, conforme Jo 3.16. Quando lemos Jo 1.11 e 12 vemos: “Veio para o que era seu, e os seus (judeus) não o receberam. Mas, a todos (Gentios e Judeus) quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus (igreja), aos que crêem no seu nome.
1. Nos Evangelhos.
Há varias referencias aos gentios (Mt 6.7, 32) “E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios, que pensam que por muito falarem serão ouvidos”. “(Porque todas estas coisas os gentios procuram). De certo vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas estas coisas” (Mc 10.33) “Dizendo: Eis que nós subimos a Jerusalém, e o Filho do homem será entregue aos príncipes dos sacerdotes, e aos escribas, e o condenarão à morte, e o entregarão aos gentios”. Não eram vistos como boas companhias, mas como impuros, indignos, pecadores por isso os escribas e fariseus fecharam o coração para a mensagem de Jesus. (Mc 2.16) “E os escribas e fariseus, vendo-o comer com os publicanos e pecadores, disseram aos seus discípulos: Por que come e bebe ele com os publicanos e pecadores”?
2. Nos Atos dos Apóstolos.
“Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra”.(At 1.8). Este versículo estabelece a obrigatoriedade de se pregar aos judeus (Jerusalém), mas não ficar restrito a eles, mas ir além das fronteiras de Israel, a todas as gentes (mundo). Só após a conversão de Paulo, é que se declara aberta e enfaticamente a evangelização das nações. (At 13.44-48) “E no sábado seguinte ajuntou-se quase toda a cidade para ouvir a palavra de Deus. Então os judeus, vendo a multidão, encheram-se de inveja e, blasfemando, contradiziam o que Paulo falava.
Mas Paulo e Barnabé, usando de ousadia, disseram: Era mister que a vós se vos pregasse primeiro a palavra de Deus; mas, visto que a rejeitais, e não vos julgais dignos da vida eterna, eis que nos voltamos para os gentios. Porque o Senhor assim no-lo mandou: Eu te pus para luz dos gentios, A fim de que sejas para salvação até os confins da terra. E os gentios, ouvindo isto, alegraram-se, e glorificavam a palavra do Senhor; e creram todos quantos estavam ordenados para a vida eterna”. Havia ainda uma resistência por parte dos apóstolos em expandir o evangelho aos Gentios, porém as portas foram abertas para quebrar essa barreira, quando o Evangelho chegou a casa de Cornélio e ele e toda a sua família, receberam o batismo com o Espírito Santo. Pedro e os demais apóstolos convenceram-se de que Deus concedera a Salvação aos Gentios.
Em Atos 8.26-40 Filipe não restringiu-se apenas a Samaria, mas impulsionado pelo Espírito Santo foi até uma estrada no deserto, onde encontrou um etíope que voltava para casa depois de visitar Jerusalém. Filipe teve a oportunidade de explicar-lhe um texto bíblico, testemunhou-lhe de Jesus e batizou-o. A Etiópia fica no continente Africano, muito longe de Jerusalém, mas já tinha um salvo naquele continente. Glória a Deus.
3. Missão e Salvação entre os Gentios.
Se Pedro, com o evangelho da circuncisão (Diz respeito aos Judeus, Aliança feita com Abraão, através do qual o individuo fica apto a fazer parte do povo de Deus), é proeminente nos capítulos de 1 a 12 de Atos, nos capítulos de 13 a 28, destaca-se Paulo com o evangelho da incircuncisão (Diz respeito aos Gentios). O Apóstolo Paulo em seus ensinamentos mostrou que a verdadeira circuncisão não é a externa. Mas a que se pratica no coração (Cl 2.11). Advém esta do verdadeiro arrependimento e da verdadeira fé nos desígnios de Deus. Trata-se porém de um só evangelho – o evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo. Paulo convicto de sua chamada missionária aos Gentios, pregava com ânimo e determinação, não foram poucos os gentios que se converteram ao Senhor e de bom grado ouviram a exposição da graça divina.
III – Judeus e Gentios unidos por Deus mediante a Crusz.
1. A Igreja de Deus.
Essa expressão que Pedro usa “[...] Deus visitou os gentios, para tomar deles um povo para o seu nome” At 15.14. é muito importante, pois está implícita que Deus tirará dentre os povos um povo seu, zeloso e de boas obras, isso aplica-se também aos Judeus. O assunto principal do capítulo 15 é justamente sobre gentios na igreja. Alguns “judaizantes” que Paulo assim os chamou pois queriam que os gentios que se convertiam ao evangelho de Jesus, cumprisse com toda a lei. Aí entra Pedro com seu Testemunho que foi decisivo para a liberdade do Evangelho entre os Gentios. Tiago o irmão de Jesus e líder da igreja em Jerusalém, ficou com a última palavra. Em termos teológicos, os gentios não seriam impedidos de se tornar cristãos; não se exigiria deles que se submetessem à circuncisão.
De ambos os povos Judeus e Gentios, Deus fez um só povo, derribando a parede de separação que estava no meio, e, pela cruz, reconciliou ambos com Deus em um corpo (Ef 2. 14-16).
A Unidade cristã
A unidade cristã está fundamentada no compromisso de cada cristão com o único Deus. A submissão conjunta a ele resultará em uma igreja unida em adoração, comunhão e serviço. O evangelho de João lembra a igreja de que a unidade era o propósito do Senhor para os seus seguidores (Jô 17.20-23). A oração de Jesus para cada geração de crentes foi “que todos sejam um”(Jo 17.21). Judeus e gentios. Essa unidade mútua deriva da unidade conjunta com o Pai e o filho.
2. Expansão da Igreja entre os Gentios.
Através de suas viagens missionárias, Paulo propagou o evangelho entre os povos e culturas conhecidos naqueles dias (Rm 15.19,20). Em várias regiões, estabeleceu ele igrejas constituídas notadamente por gentios (Rm 16.4).
No Tempo de Paulo, a evangelização tomou um impulso muito grande, no entanto hoje é onde estão os países que mais precisão de ouvir o evangelho, na chamada Janela 10x40.
A presente situação do cristianismo, das religiões mundiais e da evangelização mundial
No final do século xix e início do xx, muitos líderes de missões sentiram que religiões falsas enfraqueceriam gradualmente ou até morreriam devido ao impacto do cristianismo e da cultura ocidental.
1) no século xx, o cristianismo tornou-se a primeira religião universal, no sentido de possuir representantes em todas as partes do mundo e em quase todas as nações.
2) ainda que a vasta maioria dos cristãos professos estivesse no mundo ocidental no início do século xx, essa situação mudou de maneira expressiva.
3) as igrejas do mundo não-ocidental têm-se envolvido cada vez mais em missões transculturais nas últimas duas décadas.
4) se definirmos “evangelizados” como as pessoas que ouviram um anúncio inteligível do evangelho, a porcentagem da população mundial já evangelizada subiu de um pouco mais de 50% em 1900 para cerca de 75% hoje.
Conclusão.
Durante o ministério do Apóstolo Paulo, este homem dedicou sua vida ao evangelho de Jesus Cristo, conforme suas palavras: "Fiz-me como de fraco para os fracos, para ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, para por todos os meios chegar a salvar alguns." (I Coríntios 9 : 22). Verdadeiramente ele abraçou a causa do evangelho, Glória a Deus que o evangelho chegou até a nós, pois esse homem dedicou toda a sua vida para levar o evangelho aos Gentios.
Hoje o maior desafio da igreja, é claro que é levar o evangelho a toda criatura, conforme a grande comissão. No entanto outra cousa mim preocupa é o versículo que está escrito em Romanos: "Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? e como crerão naquele de quem não ouviram? e como ouvirão, se não há quem pregue?" (Romanos 10 : 14) e em Isaías: "Depois disto ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por nós? Então disse eu: Eis-me aqui, envia-me a mim." (Isaías 6 : 8). É muito bonito criar slogans, “Missões está no Coração de Deus”, mas o que temos feito para mudar a situação do mundo? Como estamos influenciando esta geração.
Que o Senhor Jesus, use de misericórdia para com nosco. Um abraço de seu irmão em Cristo Pb Josenildo Cardoso.
Bibliografia:
Manual bíblico Vida Nova.
Elaboração por:- Pb. Josenildo Cardoso Cavalcante
28 de fevereiro de 2011
LIÇÕES BIBLICAS SEGUNDO TRIMESTRE DE 2011
LIÇÕES BIBLICAS segundo trimestre de 2011
MOVIMENTO PENTECOSTAL AS DOUTRINAS DA NOSSA FÉ
Comentarista = ELIENAI CABRAL
01 – QUEM É O ESPIRITO SANTO
02 – NOME, SIMBOLO, DO ESPIRITO SANTO
03 – O QUE É O BATISMO NO ESPIRITO SANTO
04 – ESPIRITO SANTO AGENTE CAPACITADOR DA OBRA DEUS
05 – A IMPIORTÂNCIA DOS DONS ESPIRITUAIS
06 – DONS ESPIRITUAIS QUE MANIFESTAM A
SABEDORIA DE DEUS
07 – OS DONS DE PODER
08 – O GENUINO CULTO PENTECOSTAL
09 – A PUREZA DO MOVIMENTO PENTECOSTAL
10 – ASSEMBLÉIA DE DEUS, CEM ANOS DE PENTECOSTE
COMENTARISTA DESSA LIÇÃO:- PR. ANTONIO GILBERTO E PR. ISAEL DE ARAUJO
11 – UMA IGREJA AUTENTICAMENTE PENTECOSTAL
12 – CONSERVANDO A PUREZA DA DOUTRINA PENTECOSTAL
13 – AVIVA O SENHOR A TUA OBRA.
ESTAREMOS ESTUDANDO NESSE SEGUNDO TRIMESTRE DE 2011 COM UM ESTUDO MARAVILHOSO SOBRE O MOVIMENTO PENTECOSTAL
QUE POSSAMOS FAZER UM BOM APROVEITAMENTO DESSES ESTUDOS
A TODOS UMA BOA AULA.
QUE O ESPÍRITO SANTO VOS ABENÇOE
23 de fevereiro de 2011
A CONVERSÃO DE PAULO = SAULO UM VASO ESCOLHIDO
A CONVERSÃO DE PAULO = SAULO UM VASO ESCOLHIDO
TEXTO ÁUREO = “Disse-lhe, porém, o Senhor: Vai, porque este é para mim um vaso escolhido, para levar o meu nome diante dos gentios, e dos reis e dos filhos de Israel” (At 9.15).
VERDADE PRÁTICA = A conversão de Saulo foi o maior acontecimento da história da Igreja, depois do Pentecoste.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - ATOS 9.1-6,10-18
INTRODUÇÃO
Cerca de um ano após a morte de Estêvão, acontece à conversão de Saulo de Tarso. Chama-nos a atenção o grande poder de Jesus e a sua imensa graça.
O nosso general precisava de um capitão em seu exército, e foi buscá-lo nas fileiras do Inimigo, transformando-o pelo poder sobrenatural do Espírito Santo, lapidando-o e preparando-o para ser o apóstolo dos gentios.
1 - QUEM ERA SAULO DE TARSO?
1. Antes de sua conversão. Tudo que sabemos dele encontramos em Atos, nas suas epístolas e em II Pedro 3.15. No entanto, possuímos mais dados sobre a vida de Paulo do que acerca de qualquer um dos outros apóstolos. Seu nome hebraico é Shaul, o mesmo nome do primeiro rei de Israel, que significa “pedido”. Seu nome romano é Paulus, que significa “pequeno”. Nasceu em Tarso, grande centro cultural da Cilícia, mas foi criado em Jerusalém, aos pés de Gamaliel (At 22.3; 26.4) e herdou de seu pai a cidadania romana (At 16.37; 21.39; 22.25).
2. Sua aparência física. Muito se tem discutido sobre a sua aparência física, mas a Bíblia nada fala a respeito. O que se costuma dizer em nosso meio é proveniente da tradição que, seguindo a obra apócrifa Atos de Paulo, escrita na segunda metade do segundo século, diz: “E viu Paulo se aproximando, um homem pequeno de estatura, com cabelos ralos na cabeça, torto de pernas, o corpo em bom estado, com sobrancelhas ligadas, e nariz um tanto convexo, cheio de graça, pois algumas vezes ele se assemelha a um homem e algumas vezes têm o rosto de um anjo”.
3. O inimigo implacável do Cristianismo (v. 1). Como membro do Sinédrio, tinha direito a voto (At 26.10). Por isso, votou a favor da morte de Estêvão. Antes de sua conversão, são mencionadas três vezes (At 7.58; 8.1,3) como inimigo implacável da Igreja. A sua perseguição era tão feroz que procurava os discípulos até em suas casas, arrastando impiedosamente até as mulheres, encerrando-os no cárcere. Diz o versículo 1:
“E Saulo, respirando ainda ameaças e mortes contra os discípulos do Senhor”. Isso o revela como um animal devastador, feroz e indomável. Ele mesmo declarou: “encerrei muitos dos santos nas prisões, e quando os matavam, eu dava meu voto contra eles” (At 26.10).
A CONVERSÃO DE SAULO DE TARSO
1. “Cartas para Damasco” (v.2). Roma havia concedido aos judeus o direito de extradição dos criminosos fugitivos de Jerusalém. Até onde podemos ver em Atos, ser cristão naqueles dias era não só um crime religioso, mas também civil, Saulo considerava os seguidores de Cristo subversivos. Por isso, conseguiu cartas dos “principais dos sacerdotes” (26.10) e do “sumo sacerdote” (22.5), as quais o investiram de autoridade para prender os discípulos do Senhor Jesus.
2. Na Estrada de Damasco (v.3). Damasco, a 240 km de Jerusalém, levava cerca de uma semana de viagem. Paulo ia com uma comitiva, na tentativa de esmagar o Cristianismo, que, até então, já havia ultrapassado os limites da Judéia, Samaria e Galiléia. Perto de Damasco, ele foi subitamente envolvido por uma luz que o derrubou por terra, e a voz de Jesus o chamou nominalmente.
Ele reconheceu, imediatamente, que se tratava de algo divino, pois disse:
“Quem és Senhor?” (v. 5).
3. Suposta contradição. A aparente discrepância entre Atos 9.7: “ouvindo a voz, mas não vendo ninguém” e Atos 22.9: “mas não ouviram a voz daquele que falava comigo” é meramente uma questão de tradução. O verbo grego usado para “ouvir”, empregado nestas duas passagens, é akouo e significa também “entender, prestar atenção”.
4. Experiência com o Cristo vivo. Esta mudança súbita de Saulo de Tarso tem deixado os judeus estarrecidos, até a atualidade. Muitos ficam sem entender como um homem, o qual agia ferozmente contra os cristãos, de repente passa a ser um deles, defendendo e anunciando com fervor o Cristianismo. Isso é a graça de Deus. Jesus disse: “O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito” (Jo 3.8).
O APOSTOLADO DE PAULO
1. A visão de Ananias (vv. 10, 11). Vencido e alvejado pela graça de Deus, Saulo foi conduzido cego para Damasco, para a rua chamada Direita, que existe ainda hoje nesta cidade. Deus, em sua infinita sabedoria, não permitiu que a prova dessa conversão ficasse limitada apenas aos companheiros de Paulo.
Por isso, revelou esse acontecimento a Ananias.
2. Temor de Ananias (13,14). Era uma reação perfeitamente normal a qualquer ser humano. Tendo conhecimento da devastação que Saulo fizera em Jerusalém, após o martírio de Estêvão, e sabedor que ele estava investido da autoridade concedida pelo Sinédrio, para açoitar e aprisionar os discípulos, era mesmo para ficar temeroso. Ananias, porém, ainda não sabia que a graça de Deus havia alvejado o indomável perseguidor, e o tal seria um vaso escolhido para os propósitos divinos.
3. Requisito para o apostolado (v. 15). A luz de Atos 1.2 1,22 era necessária que Paulo tivesse uma chamada específica para o apostolado, a fim de que pudesse ser testemunha da ressurreição de Cristo. Essa exigência foi satisfeita na conversão de Saulo de Tarso, em sua experiência com o nosso Redentor.
Quatro vezes Paulo declara ter visto a Jesus. Isso torna legítimo o seu apostolado (I Co 9. 1; 15.8; II Co 4. 6; Gl 1. 15,16).
4. Questões da crítica textual (vv. 5 e 6). O texto: “duro é para ti recalcitrar contra os aguilhões. E ele, tremendo e atônito, disse: Senhor, que queres que faça?”não aparece nas versões Atualizadas e Revisadas de Almeida, na Brasileira e na Nova Versão Internacional, por não se encontrar nos manuscritos gregos.
Está na versão Corrigida, via Vulgata Latina. Erasmo de Roterdã usou, quando preparava a primeira edição de seu Novo Testamento (em grego), lançado em 1516, pois substituiu o grego pelo latim em certas passagens (ele não dispunha de todo o texto grego). Esse texto de Erasmo serviu de base para a versão espanhola de Reina, a inglesa do rei Tiago, e a portuguesa de João Ferreira de Almeida.
A parte do versículo 6 aparece em Atos 22.10. Isso em nada desabona a inspiração e autenticidade da Bíblia. Os próprios críticos reconhecem essa autoridade. São variações oriundas de falhas de copistas durante catorze séculos copiando manualmente essas passagens. São coisas que não comprometem a mensagem do Evangelho, como diz a Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia: “O conseguiu modificar a mensagem, nem mesmo nas minúcias”.
O QUE PAULO REPRESENTA PARA O CRISTIANISMO?
1. O apostolado entre os gentios. A visão de Paulo, no ministério entre os gentios, compartilhada com Barnabé, o tornava “progressista” para a sua época, no mundo judaico, e da mesma forma, as suas doutrinas para os padrões sociais do mundo greco-romano. Ele se tornara o principal representante da nova religião revelada. O seu conceito da divindade contrariava frontalmente as religiões politeístas de seus dias. A nova compreensão sobre o Messias mudou radicalmente sua vida e contrariava não o Antigo Testamento, mas o que o Judaísmo pensava a respeito do Libertador. Paulo considerava os judeus e gentios na mesma situação. Em Romanos, capítulo primeiro, ele descreve a depravação dos gentios.
No segundo, a incredulidade e desobediência dos judeus. No terceiro, põe os dois povos no mesmo bojo: “Todos pecaram” (Rm 3.23). Diante disso, levou avante a ordem de Jesus: “Por que hei de enviar-te aos gentios de longe” (At 22.2 1).
2. As missões. Com resultado das quatro viagens missionárias de Paulo, surgiram as igrejas da Ásia e Europa. A Ele deve-se a expansão do Cristianismo. Suas estratégias missionárias são ainda hoje o modelo para nós. Nenhum homem fez pelo Evangelho o que ele realizou, exceto o próprio Salvador Jesus Cristo.
3. As epístolas. É o maior tesouro que Paulo deixou para a Igreja. São frutos de suas experiências e trabalhos, na direção do Espírito Santo. Seus escritos ocupam um terço do Novo Testamento. Sem as suas cartas, o Cristianismo poderia ser uma mera seita do Judaísmo.
2 - A Conversão de Saulo = Atos 9.1-31
As experiências de Saulo e do estadista etíope se contrastam. Ambos fizeram uma viagem. Um era gentio, outro judeu. O gentio vinha de Jerusalém, onde foi buscar bênçãos espirituais. Saulo ia de Jerusalém a Damasco em viagem de perseguição aos crentes. O primeiro caso é exemplo do texto: “Buscai, e achareis”. O outro, do texto: “Fui achado daqueles que me não buscavam”. O Senhor foi gracioso a ambos os viajantes. Um recebeu a bênção que procurava; o outro, a que não buscava. Ambos foram abençoados e continuaram a viver para Deus.
A Campanha Anticristã de Saulo (At 9.1,2)
A igreja judaica havia sido estabelecida. O Evangelho já tinha alcançado Samaria. Logo Pedro abriria a porta da Igreja aos gentios. Alguém tinha, então, de levar o Evangelho “até aos confins da terra”. Eis o homem certo: Saulo de Tarso. Não acompanhou Cristo na terra. Contudo, não era inferior aos primeiros discípulos quanto ao zelo, conhecimento, poder e trabalho. A vida e ministério de Paulo mostram que o Senhor escolheu o tipo de homem que a situação exigia. Segundo a orientação de Deus, ele faria a religião de Jesus ser uma religião para todos os homens.
1. Um líder religioso. Saulo, provavelmente com 30 anos, era membro do Sinédrio, o concílio religioso judeu. O mesmo que condenou Jesus à morte. Isto é dado a entender pela posição que ocupava entre os judeus daquela época (Gl 1.14), e também pelo papel que desempenhou no processo de Estevão (At 7.58), inclusive seu voto lançado (At 22.20).
2. Um defensor zeloso. Com energia característica, Saulo se dedicava à desarraigar o Cristianismo. Para ele, um movimento perigosíssimo. Provavelmente imaginasse ser “do diabo”.
Dizer que Jesus, crucificado após a condenação do Sinédrio como blasfemador, era o Messias e Filho de Deus seria o cúmulo da blasfêmia. E, quando Estevão falou na anulação da Antiga Aliança e na destruição do Templo, Saulo concluiu que tais ensinos ameaçavam a verdadeira religião. Como se os crentes fossem subversivos e anarquistas! Resolveu, então, salvar o judaísmo mediante a destruição do Cristianismo. Após o apedrejamento de Estevão, começou sua tarefa em Jerusalém (At 8.1-3). Viu o movimento se espalhar para outras cidades. Então, pediu autorização a fim de prender os crentes em Damasco e levá-los para serem processados em Jerusalém.
3. Um cruel perseguidor. Saulo era normalmente bondoso e gentil. Quando, porém, entrou nele o espírito da perseguição, ficou enfurecido contra a Igreja. Como um animal selvagem, prendia homens e mulheres, lançando-os em cárceres, condenando-os a serem açoitados e até mortos. Até procurava forçá-los a blasfemar contra o nome de Cristo (At 22.4; 26.10,11; 1 Co 15.9; Fp 3.6). Qual a explicação para tanta crueldade por parte de um homem devoto e piedoso? Primeiro, agiu “ignorantemente, na incredulidade” (1 Tm 1.13; cf. Lc 23.34). Em segundo lugar, seu zelo era mal orientado. Pensava que, com isso, tributava culto a Deus (Jo 16.2,3). O zelo religioso desprovido do amor de Deus sempre tem sido uma desgraça neste mundo (ver 1 Co 13).
4. A Igreja ameaçada. Cristo prometeu que nunca abandonaria a Igreja (Mt 28.20). Assegurava seus seguidores de que as portas do inferno não prevaleceriam contra ela (Mt 16.18). Parecia, no entanto, que Saulo não sendo afastado do caminho, o Cristianismo seria exterminado. Tenham bom ânimo, discípulos de Cristo: Alguém está se preparando para levar Saulo cativo terminando assim sua carreira de perseguições.
A Luz Celestial (At 9.3)
1. Iniciada a viagem. Levando na bagagem cartas oficiais do Sinédrio, e acompanhado por um grupo de policiais do templo, Saulo iniciou sua viagem. Ia a Damasco para uma campanha anticristã por toda a cidade. Confiava que seria bem recebido pelas autoridades. Afinal, o governador da cidade era amigo do sumo sacerdote (2 Co 11.32). O grupo provavelmente viajava em cavalos e mulas. Levariam cerca de uma semana percorrendo em torno de 240 quilômetros de distância. Saulo tinha bastante tempo para refletir durante a viagem.
2. A viagem interrompida. Por volta do meio-dia (At 22.6), Saulo e o grupo chegavam perto de Damasco. O fato de viajarem na parte mais quente do dia, quando normalmente todos descansavam, demonstra sua impaciência e pressa. Desejava começar a obra de perseguir os cristãos. Será que dúvidas profundas, fruto da meditação, o incomodavam tanto que buscava abafá-las iniciando logo sua obra? Ao aproximar-se de Damasco, “subitamente”, brilhou uma luz do céu ao seu redor.
Brilhava mais do que o próprio sol escaldante da Síria em pleno meio-dia (At 26.13).
A Voz Celestial (At 9.4,5)
1. “Saulo, Saulo, por que me persegues?” O que estas palavras significavam para Saulo? Recebia uma mensagem pessoal do Céu. No Antigo, como no Novo Testamento, quando Deus chamava alguém pelo nome, era sinal de que tinha um cuidado especial por aquela pessoa.
E que a chamava para um serviço especial (ver Gn 22.1; 46.2; Ex 3.4; 1 Sm 3.4; Lc 19.5; At 10.3). Sabia que eram pronunciadas por um ser celestial. Portanto, estava sendo acusado de lutar contra Deus (At 5.39 - Saulo não havia seguido o conselho de Gamaliel, seu professor). As palavras continham um desafio à sua retidão de conduta e crença. “Por quê?” Como Saulo, zeloso pela Lei e por Deus, iluminado pelas palavras de Moisés e dos profetas, chegou ao ponto de lutar contra Deus, pensando que servia a Ele.
2. “Quem és, Senhor?” Saulo tinha consciência de que algum ser celestial lhe aparecera. Ele bem conhecia narrativas de acontecimentos semelhantes no Antigo Testamento (Is 6.1-3; Ez 1.27,28; Dn 10.5-8). Não sabia, no entanto, a identidade do visitante. Era um dos anjos, o Anjo do Senhor ou o Senhor Deus em pessoa? Esta era a razão da sua pergunta.
3. “Eu sou Jesus, a quem tu persegues”. Que susto enorme para Saulo! O ser celestial era o próprio Jesus, considerado por ele um impostor crucificado. Estevão tinha razão! O crucificado era verdadeiramente o Messias, glorificado e profetizado (At 7.55,56 e Dn 7.13,14). Notemos que Cristo se revelou com o nome humano, tão odiado por Saulo. Não disse: “Sou o Filho de Deus”, nem:
“Sou o Messias”. O próprio Jesus de Nazaré foi glorificado (Jo 1.45,46,49,51).
A Advertência Celestial (At 9.5)
“Duro é para ti recalcitrar contra os aguilhões” (At 26.14).
1. A ilustração. Nos dias de Paulo, empregavam-se bois para arar. Os bois, no começo, ficavam parados, dando coice para trás. Por meio de pontas metálicas agudas no madeiramento do arado e de um aguilhão na mão do arador, infligia se cruel sofrimento ao boi rebelde. Até que aprendesse a obedecer ao invés de dar coices.
2. A aplicação. Deus queria Saulo num serviço nobre, mas este resistia. Provocava sofrimentos a si próprio. Longe de obedecer ao Altíssimo, era rebelde. Contra que aguilhões Saulo dava pontapés? A resposta,tem conexão com o martírio de Estevão. Estevão foi acusado de blasfemar contra a Lei. Mostrava, porém, a mesma glória do rosto de Moisés ao descer do Sinai com a Lei (At 6.11,15; Ex 34.29). Saulo pensava que Estevão fosse um apóstata condenado ao inferno. No entanto, enquanto era apedrejado, teve a visão celestial do trono de Deus (At 7.55,56). Saulo considerava Estevão um inimigo dos líderes judeus. Estevão, ao invés de amaldiçoá-los, orou invocando perdão para eles (At 7.60).
A vida santa dos crentes perseguidos não deixou de causar impressão na consciência de Paulo. Estevão, acusado de quebrar a Lei, morreu com a paz de espírito dos fiéis à vontade de Deus (At 7.59). Apesar da retidão segundo a Lei exterior e sua paixão pela ortodoxia religiosa, Saulo, por certo, não possuía a satisfação espiritual vista no rosto do mártir.
As palavras do Senhor dão a entender que o Espírito já falava à consciência de Saulo antes de ter este recebido a visão celestial. A voz da consciência por certo estava dizendo: “Paulo, não acha que se enganou? Estevão não tem cara de blasfemador. Os crentes aos quais você persegue têm vidas puras. Será que eles não têm razão ao afirmar que Jesus é o Messias?” No início, Saulo deve ter rejeitado tais sugestões. Deviam ser do próprio Satanás, procurando desviá-lo de cumprir seu dever. As dúvidas, no entanto, continuavam dando origem a uma cruel luta interior. Pela misericórdia de Jesus elas chegaram ao fim no momento da visão. Saulo realmente sofria na sua luta contra os aguilhões da consciência.
As Instruções Celestiais (At 9.6-8)
1. Uma comissão pedida. “Senhor, que queres que faça?” (At 22.10). As palavras indicavam uma entrega incondicional ao Cristo glorificado que lhe apareceu. Tinha sido dominado pela “iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo” (2 Co 4.6; Ap 1.16,17; cf. Lc 22.61,62). As palavras revelam, outrossim, o caráter enérgico de Paulo. Sempre pronto para o serviço. A entrega a Cristo que fez naquele instante caracterizou toda a sua carreira missionária.
2. Uma comissão concedida. “Levanta-te, e entra na cidade, e lá te será dito o que te convém fazer”. Saulo, cego dos olhos físicos, foi levado pela mão até Damasco. Pretendia entrar na cidade como representante do Sinédrio e ser recebido com distinção e honra. No entanto, sua entrada foi bem diferente: ferido, abatido, trêmulo e já não ardia em fúria contra os crentes. Pelo contrário, estava disposto a aprender humildemente com o mais simples cristão.
3. Uma comissão mudada. “E Saulo levantou-se da terra...” Caíra por terra como judeu orgulhoso e cruel. Levantou-se como crente humilhado e quebrantado. Num só momento, Cristo o transformara de feroz fariseu em verdadeiro discípulo. Daquele momento em diante, Saulo era uma nova criatura em Cristo (2 Co 5.17). Morrera Saulo, o fariseu; ressuscitara Saulo, o crente. A antiga comissão fora repudiada (At 9.1,2) pois Saulo tinha recebido uma nova (At 26.16-18).
A Bênção Celestial (At 9.9-19)
1. Uma alma ferida. A luz celestial temporariamente cegou a Saulo (At 22.11). Foi providencial, dando a Saulo tempo para meditar sobre sua nova experiência. Durante três dias, sem comida nem água, dedicou-se à oração.
O aparecimento de Cristo mudou tudo para Saulo. Precisava de tempo e silêncio para se ajustar à mudança. Seus olhos foram vendados a fim de que os olhos espirituais se acostumassem à luz recebida.
2. Um mensageiro fiel. Após conversar com Saulo, o Senhor apareceu a um discípulo chamado Ananias. Por seu intermédio, completaria a obra de instruir a Saulo, obra que Deus começou pessoalmente. Mesmo havendo a possibilidade de instruí-lo, Cristo lança mão de instrumentos humanos para tal serviço (At 10.3-6). Ananias recebeu a ordem de ir a certo endereço procurar Saulo e ministrar a ele. O discípulo ficou assustado ao receber tal ordem (vv. 13,14). Geralmente existe conexão entre as visões e o estado das pessoas que as recebem. Por isso, é provável que Ananias, tendo ouvido da comissão de Saulo, orasse pela proteção da igreja em Damasco. Por certo, não imaginava que sua oração fosse respondida exatamente daquele modo!
3. A bem-vinda libertação. Obedientemente, Ananias foi andando para a casa onde Saulo estava hospedado - andou realmente pela fé! A singela fé e obediência de Ananias é demonstrada no seu modo de se dirigir ao antigo perseguidor: “Irmão Saulo...” Com a imposição das mãos de Ananias, Saulo foi curado da cegueira. Depois foi batizado na água, e começou a cooperar na igreja.
Ensinamentos Práticos
1. A comunhão dos seus sofrimentos. “Por que me persegues?” Esta pergunta é como espada de dois gumes. Repreende os perseguidores e consola o povo de Deus. Expressa a contínua presença do Senhor com seus servos. E a identificação com os seus sofrimentos. Quando qualquer parte do nosso corpo é ferida, sentimos dores. Assim também o Cristo glorificado fica sendo, mais uma vez, o varão de dores quando qualquer membro de seu corpo sofre. No dia do Juízo, os perseguidores não arrependidos ouvirão: “Em verdade vos digo que, quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes”.
2. O dever da cuidadosa reflexão. “Por que me persegues?” Cristo apela à razão do homem. “Vinde então, e argüi-me, diz o Senhor...” Deus quer levar todos a meditarem profundamente sobre a sua vida e o seu relacionamento com ele.
Oxalá as pessoas meditassem mais! Males são praticados por falta de reflexão. Por falta de se entender as conseqüências ou as verdadeiras razões do que se faz. A maioria das pessoas são impulsionadas por paixões cegas. Enquanto isso, seu juízo fica adormecido. “O boi conhece o seu possuidor, e o jumento a manjedoura do seu dono; mas Israel não tem conhecimento, o meu povo não entende” (Is 1.3).
3. As conseqüências de se resistir a Deus. “Duro é para ti recalcitrar contra os aguilhões”. Já explicamos a figura. Vamos considerar as palavras como parábola do relacionamento entre o homem e seu Criador.
3.1. O boi. Por que o homem é comparado a ele? É um animal valioso e depende do dono para suprir suas necessidades. Do boi se exige, com toda a razão, o serviço, que pode ser muito frutífero.
3.2. O aguilhão. O instrumento, por doloroso que seja, é necessário por causa da natureza obstinada do boi. Quais OS aguilhões que Deus emprega para amansar a natureza rebelde do homem? Bons conselhos de amigos; sermões bem aplicáveis; aflições; a operação do Espírito Santo sobre a consciência.
3.3. Os coices. O boi estultamente dá coices quando Sente O aguilhão, que assim dói muito mais. Da mesma forma, há pessoas que zombam dos bons conselhos, rejeitam exortações, ficam zangadas quando o sermão ataca seus erros e, embora não possam empregar violência contra o povo de Deus, o perseguem com calúnias, zombarias e críticas. Mesmo assim, é duro recalcitrar contra os aguilhões. “O caminho dos transgressores é áspero”. Lutamos contra o nosso próprio bem, quando lutamos contra Deus.
4. A variedade nas conversões. A conversão de Saulo foi súbita, violenta e espetacular. Muitas conversões são assim. Como o carcereiro de Filipos, precisam de um terremoto para despertá-los a fim de reconhecerem seu pecado e a necessidade de salvação. Outras, como Lídia (At 16.14), abrem seu coração com mais naturalidade às suaves influências do Espírito Santo. O que Saulo fez de bom para merecer a salvação? Nada. Pelo contrário, estava empenhado em perseguir a Igreja. Da profundidade da sua experiência podia dizer: “Pela graça sois salvos”. A conversão de Lídia, por outro lado, resultou da sua piedosa busca por Deus nas reuniões de oração.
A lição a ser meditada é que Deus trata com os indivíduos de diferentes modos. Alguém disse com acerto: “O Espírito Santo não tem hábitos”. Ele é livre e soberano em todas as suas operações. Afinal, a questão não é como alguém foi convertido, e sim, se realmente recebeu a Cristo. Depois, sua vida revelará a Cristo: “Por seus frutos os conhecereis”.
5. O mistério da regeneração. “E os varões, que iam com ele, pararam espantados, ouvindo a voz, mas não vendo ninguém” (At 9.7). “Os que estavam comigo, viram a luz, sem contudo perceber o sentido de quem falava comigo” (At 22.9). Os homens que acompanhavam Saulo ouviram um som. Mas não entenderam o que era falado. O verbo grego “ouvir” tem o sentido de “entender” também. A tradução depende da regência. Por isso a dúvida que surge em traduções que colocam “ouvir” em ambas as passagens.
Como os acompanhantes de Paulo, hoje, os não-convertidos nada compreendem sobre a vida espiritual: “Ora o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente” (1 Co 2.14).
Muitas pessoas são espiritualmente cegas. A questão é: Desejam ver realmente ou preferem continuar cegas? A fé é o remédio, porque, em assuntos espirituais, só vemos depois de crermos.
6. Perguntas da alma despertada. O despertamento espiritual de Saulo foi evidenciado nas suas duas perguntas: “Quem és, Senhor?” e “Senhor, que queres que faça?” Estas perguntas servem como teste do nosso crescimento na graça. Temos desejo de saber mais e mais acerca de Cristo? Nossa atitude é de obediência, buscando conhecer a sua vontade para nós?
7. Da morte para a vida. “E esteve três dias sem ver...” (v. 9). Jonas passou três dias no grande peixe. Depois surgiu para um ministério renovado. Cristo ficou três dias sob a terra e, então, ressuscitou para uma nova vida. Da mesma forma, os três dias que Saulo passou na escuridão simbolizam a morte de sua antiga vida e a ressurreição para a nova. Os prazeres anteriores já não existem. Suas atividades passadas terminaram. Seus velhos amigos se foram. No silêncio e na escuridão, a nova vida tomava vulto. Nova luz se acendia em sua alma. A salvação raiava em seu íntimo, e suas forças se reorganizavam para o cumprimento de novo ministério. Os novos amigos já chegavam à porta. Os dias de inatividade forçada podem servir para renovação espiritual.
8. Nada é difícil demais para o Senhor. Leia os vv. 10-14, observando como Ananias parece estar explicando suas dificuldades ao Senhor. Como se Deus não conhecesse muito bem a Saulo. Ananias, como muitos de nós, achava difícil considerar um problema muito grande solucionado e e agir com plena fé de que Deus já removera os obstáculos. Saulo parecia tão fora do alcance da graça divina! Os melhores servos de Deus, geralmente, eram pessoas que pareciam fora do alcance da religião. Se tivéssemos os olhos de Cristo! Nunca consideraríamos ninguém pecaminoso ou endurecido demais para a graça salvadora, revelada em Jesus Cristo.
9. Escolhido para o serviço. “Este é para mim um vaso escolhido...” O mundo é o campo em que Deus opera. E está cheio dos seus instrumentos. Cada ser humano pode ser transformado em instrumento de Deus. O Senhor vê tudo e sabe onde achar vasos para seu serviço. Dois fatos ocorrem nas conversões: o homem recebe um poderoso Salvador e Deus um servo dedicado. Podemos testificar que achamos um grande Salvador? E o Senhor? Pode testificar que, em nós, achou um servo fiel?
10. Sofrimento e serviço. Jesus disse: “E eu lhe mostrarei quanto deve padecer pelo meu nome”. A alegria do Senhor sempre está conosco. Mas, em um mundo imperfeito como é este, não podemos imaginar que passaremos a vida sem dificuldades. Quando sofremos por causa das nossas próprias falhas, isto não é surpreendente. As vezes, porém, ficamos perplexos quando fazemos o bem, e ainda passamos por momentos difíceis. Pedro disse: “Se, fazendo o bem, sois afligidos e o sofreis, isso é agradável a Deus” (1 Pe 2.20).
11. Caloroso aperto de mão no escuro. Quanto valeu a Saulo o toque amistoso da mão de Ananias? E sua voz bondosa? Foi motivo de alegria para o antigo perseguidor ser chamado “irmão”. Desta forma, Saulo soube que os cristãos já lhe tinham perdoado. É só dessa maneira que a obra cristã pode ir adiante. As pessoas necessitam mais de nossa simpatia do que das críticas. Precisam de um caloroso aperto de mão, não de olhar frio.
12. “Eis que ele está orando “. Ananias não tinha razão de temer um encontro com o terrível Saulo de Tarso. O Senhor já lhe explicara: “Pois eis que ele está orando”. A oração era uma evidência da conversão de Saulo. O caráter de Saulo foi marcado, durante todo o seu ministério, pela incessante oração em prol dos convertidos. A nossa conversão traz o selo da oração?
3 - A Conversão e a Chamada de Paulo (9:1-19a). A
Filipe desaparece abruptamente da história e, de modo igualmente abrupto, reaparece o jovem chamado Saulo, em feroz perseguição aos cristãos. No caminho de Damasco, viu uma luz ofuscante, e ouviu a voz de Jesus que o ordenou a cessar de perseguí-lo e a dispor-se a fazer coisa nova. Entrementes, um discípulo em Damasco estava sendo preparado para ir encontrar-se com ele e transmitir a ele a cura da sua cegueira e o batismo como cristão.
A Ananias foi revelado que Saulo seria uma testemunha de Jesus diante de gentios e judeus, e que sofreria por amor a Jesus.
A substância da história é narrada duas vezes mais, no discurso de Paulo98 diante da multidão em Jerusalém em 22:3-16, e no seu testemunho diante de Agripa e Festo em 26:4-l8. Estas duas narrativas são feitas na primeira pessoa, e mostram certa quantidade de variação, por aquilo que omitem e acrescentam em comparação com a presente versão da história.
Embora críticos do passado tenham debatido se Lucas tinha até três versões separadas da história, a tendência atual (associada com a suposição de que Lucas não dava transcrições literais dos vários discursos de Paulo) é alegar que Lucas possuía uma só versão da história, e que a apresentou de três modos diferentes. Se for correto este ponto de vista, seguir-se-á que não temos o problema de harmonizar duas ou mais versões da história, que talvez tenham diferenças significantes entre si; pelo contrário, as diferenças são meramente literárias — o próprio Lucas não via nelas problema algum.
O fato de Paulo ter sido convertido e ter recebido a chamada para ser um missionário está fora de dúvida. Ele mesmo se refere ao fato em 1 Coríntios 15:8-9; Gálatas 1:12-17; Fffipenses 3:3-7; e 1 Timóteo 1:12-16. Estas passagens descrevem como Paulo tinha sido um perseguidor da igreja que, tendo uma visto de Jesus, veio a ser chamado para o apostolado (cf. 1 Co 9:1) e convocado para pregar aos gentios. A partir de Gálatas 1:16-17, pode-se deduzir que, imediatamente depois da sua chamada, foi para Damasco e, depois de uma visita à Arábia, voltou para Damasco.
A narrativa em Atos dá mais detalhes deste evento, e deve ficar claro que as versões dele, dadas por Lucas e Paulo, estio de acordo essencial quanto aos aspectos básicos. Os problemas que surgem dizem respeito ao modo de a história ser contada em Atos. Qualquer narrativa daquilo que aconteceu deve ter vindo, em última análise, de Paulo e Ananias.
A história em Atos pode ser compreendida como narrativa baseada nas palavras de Paulo, embora ele mesmo no cite tantos detalhes nas suas Epístolas? Não vemos qualquer dificuldade real em responder afirmativamente a esta pergunta. A história, no entanto, mostra certo número de aspectos em comum com as lendas judaicas:
(1) de Heliodoro, cuja tentativa de furtar dinheiro da tesouraria do templo foi impedida pela visão de um cavaleiro celestial que o fez cair por terra (2 Macabeus cap. 3), bem como (2) da conversão de Asenate, a esposa egípcia de José (no romance José e Asenate). É provável que o máximo que se pode deduzir destas semelhanças é que o modo de a história ser contada tenha sido influenciado pelas formas das lendas judaicas, mas a historicidade básica da narrativa permanece inalterada. Deve-se observar, no entanto, que as diferenças entre as três narrativas em Atos, especialmente no modo em que Jesus dá a Paulo a comissão divina, na estrada no cap. 26, mas somente numa etapa posterior, por Ananias em Damasco, nos caps. 9 e 22, demonstram que, em cada ocasiao, Lucas no procura nos dar uma narrativa dos detalhes precisos daquilo que aconteceu mas, sim, a natureza e significância gerais do evento.
A história começa lembrando-nos a atividade perseguidora movida por Paulo que foi descrita em 8:3. A implicação é que não estava satisfeito com os resultados da campanha em Jerusalém, ainda estava ansioso por fazer mais. Andava dizendo o que faria aos cristãos se não cessassem as suas atividades: a saber, que os mandaria assassinar. É problemático se tinha a autoridade para executá-los legalmente (ver 22:4; 26:10), e talvez a referência diga respeito aquilo que gostaria de fazer aos cristos. Visto que muitos deles tinham fugido de Jerusalém, resolveu persegui-los e trazê-los de volta como prisioneiros para Jerusalém. Para tanto, procurou autoridade da parte do sumo sacerdote (seria Caifás, 18-37 d.C., neste caso) para ir às comunidades judaicas em Damasco.
Damasco era uma cidade importante, cerca de 242 km de Jerusalém, com uma população judaica de consideráveis proporções. Estava dentro da jurisdição da província romana da Síria, e formava parte de Decápolis, uma liga de cidades auto-governadas. Em 2 Coríntios 11:32, Paulo fala de um etnarca de Aretas, rei dos árabes nabateus, que guardava a cidade para impedir que Paulo dela escapasse. No fica claro se este oficial era preposto do rei, residindo em Damasco para cuidar dos interesses dos árabes ali, ou se Damasco naqueles tempos estava sob o controle da Nabatéia.
De qualquer maneira, as comunidades judaicas devem ter tido certos direitos de manter a lei e a ordem entre si mesmas. O problema que surge é se o sumo sacerdote tinha autoridade para intervir nos assuntos delas. Haenchen (pág. 320 n. 2) argumenta com razão que estudiosos anteriores tinham tirado deduções indevidas de passagens tais como 1 Macabeus 15:15.21, que trata de uma situação diferente e muito anterior; quando, porém, argumenta que Lucas fazia parte do número daqueles que interpretavam erroneamente a 1 Macabeus, no precisamos concordar com ele.
Provavelmente Hanson, pág. 112, esteja mais perto da verdade quando sugere que Paulo tinha “autorizaço do Sinédrio para ferir e até mesmo seqüestrar os cristos de destaque, se conseguisse fazê-lo impunemente”. A descriçao dos cristãos como sendo “os que eram do Caminho” é uma peculiaridade de Atos. Pressupõe o emprego do termo “o Caminho” para significar, na realidade, o “Cristianismo” (19:9, 23; 22:4; 24:14, 22).
Por detrás deste termo, há, outrossim, a idéia do “caminho do Senhor/de Deus” (18:25.26), como o “caminho da sa1vaçâo” (16:17). Deus indicou o caminho ou modo de vida que os homens devem seguir se desejam ser salvos (cf. Mc 12:14); a dec1araço dos cristos de que o caminho deles era aquele indicado por Deus levou ao uso absoluto do termo, como aqui. É interessante que a palavra se empregava de modo muito semelhante na seita de Cunr (1QS 9:17-18; 10:21; 11:13), bem como por outros grupos religiosos.
Paulo estava bem adiantado no caminho para Damasco quando foi parado de repente. Cerca do meio-dia (22:6), sem qualquer aviso prévio, viu-se cercado por uma luz que brilhava intensamente, e ouviu uma voz que lhe falava. Estes são dois aspectos que se pode esperar numa revelação divina. A luz brilhante deve ser entendida como expressão da glória divina, e, visto que se sustenta geralmente que nenhum homem pode ver a Deus, não é surpreendente que o efeito da luz fosse a cegueira. De modo semelhante, quando Pedro estava na prisão, seu visitante angelical veio acompanhado por uma luz brilhante (12:7; cf. Mt 17.5).
A voz também é característica da revelação divina (e.g. Êx 3:1-6; Is 6:8; Lc 3:22; 9:35), mas aqui é especifica- mente a voz de Jesus. Pode-se dizer, portanto, que Paulo teve um encontro com o Jesus ressurreto, na qual ouviu Sua voz. Noutros trechos, Paulo diz que Deus lhe revelou Seu Filho (Gl 1:16), mas também vai além, e fala em ver a Jesus (1 Co 9:1; cf. 15:8). Tendo em vista 9:27; 22:14-15 e 26:16, não pode haver dúvida alguma de que a presente passagem deva ser interpretada deste modo. Lucas, no entanto, não nos informa em que forma Jesus foi visto por Paulo, e pode ser relevante o fato que Paulo precisou perguntar pela identidade de quem falava.
A narrativa diz respeito a uma revelação de Jesus vindo do céu, mais do que uma aparência de Jesus antes da Sua ascensão, e, portanto, não devemos imaginar que Jesus surgisse numa forma que (por exemplo) pudesse ser confundida com a de um viajante comum (Lc 24:15). Toda a ênfase na presente narrativa recai sobre aquilo que foi falado a Paulo.
“Porque me persegues?”é uma pergunta que diz respeito ao propósito imediato de Paulo e indica que, embora este pensasse que estava meramente atacando um grupo de homens por seu modo herético de adorar a Deus, estava na realidade atacando um grupo que tinha um porta-voz e representante celestial; atacar aos cristãos era atacar esta figura celestial.
A reação de Paulo foi de surpresa: “Quem és tu, Senhor?” não indica, necessariamente, o reconhecimento da identidade de quem fala; “Senhor” seria o trato de reverência que normalmente seria usado para responder a qualquer ser celeste (10:4). A resposta que Paulo recebeu mostrou que era Jesus quem falava, e a quem perseguia. Logo, o efeito da visão foi indicar a Saulo, que ao perseguir os cristãos, estava perseguindo a Jesus (Lc 10:16), mas, acima de tudo, ao perseguir a Jesus, estava perseguindo Aquele que tinha posição divina, vindicado e sustentado por Deus.
O zelo de Paulo em prol da causa de Deus tornou-se em ataque contra Deus, que ressuscitara Jesus dentre os mortos. Semelhante modo de vida não poderia continuar; devia levantar-se e ir à cidade, onde receberia novas instruções acerca da sua tarefa futura. Ë um mandamento soberano, e supõe-se que Paulo obedeceria se realmente se preocupasse em servir a Deus. A conversação é relatada em termos algo diferentes nas narrativas paralelas, mas não há discrepância básica no contexto geral daquilo que é dito em cada cena no seu todo; o que Ananias disse a Paulo, mais tarde, nesta narrativa, é o equivalente daquilo que lhe foi dito na estrada de Damasco em 26:16-27.
A revelação foi dada somente a Paulo, e seus companheiros não participaram dela; mesmo assim, eram testemunhas de que acontecera algo de incomum (Conzelman, pág. 58). Pararam emudecidos, quando ouviram o som de uma voz, mas não viram a ninguém. Conforme 26:14, viram a luz e caíram por terra, e, segundo 22:9, viram a luz, mas não ouviram a voz. Bruce, (Livro, pág. 197) sugere que nesta passagem, a voz significa a voz de Paulo, e que seus companheiros ficaram surpresos ao ouvi-lo conversar com um interlocutor invisível; mas isto não parece muito provável pois o comentário segue imediatamente após a declaração de Jesus, e se assemelha, na linguagem, a 22:9. Ver mais sobre 22:9.
Para Paulo, fechar os olhos ao ser ferido pela luz brilhante, seria uma ação reflexa instintiva. Ao abri-los depois, ainda continuou sem ver; isto, por si só, não seria desnatural, mas o modo de a cura mais tarde ser dada sugere que era provavelmente sobrenatural. Na sua fraqueza, Paulo precisou ser guiado pelos seus companheiros, e assim chegou a Damasco.
Ali, jejuou durante três dias, sem dúvida ainda vencido pelo choque, e provavelmente como penitência à medida em que percebia ainda mais a enormidade das suas ações.
Entrementes, o Senhor estava fazendo os preparativos para a etapa seguinte na vocação de Paulo. Um cristão chamado Ananías (cf. 22:12 para seu bom caráter) teve um sonho no qual ouviu o Senhor que Se dirigia a ele; a cena relembra a de 1 Samuel cap. 3, onde Samuel ouviu ao Senhor que a ele chamava; no presente contexto, porém, o Senhor deve significar Jesus. Ananias devia ir para uma casa na “Rua Direita”, onde acharia um homem chamado Saulo, de Tarso. A visita seria esperada, pois o próprio Saulo estava orando, e também recebeu uma visão em sonho de um homem chamado Ananias que vinha para impor-lhe as mãos e curá-lo. O plano, portanto, foi confirmado por um sonho duplo (cf. a história de Cornélio e Pedro, 10:1-23).
O nome de Saulo, no entanto, não era desconhecido a Ananias, que protestou que tudo quanto sabia acerca deste homem era que se tratava de um inimigo da igreja. De muitas fontes chegaram notícias dos danos que já fizera em Jerusalém, e rapidamente tinha ficado conhecido por que viajara para Damasco.
O efeito do comentário é lançar em alto relevo a maravilha da conversão de Saulo, ressaltar a maravilha da sua conversão e indicar o contraste entre seu modo de vida anterior e a nova vocação na qual estava para entrar.
Podemos notar, incidentalmente duas novas descrições dos crentes aqui empregadas. Os santos (9:32, 41; 26:10; cf. 20:32; 26:18) é um termo comum nos escritos de Paulo e descreve os cristãos como pessoas que foram separadas para o serviço de Deus e que devem ter um caráter à altura. Os que invocam o teu nome ecoa 2:2 (Joel 2:32) e ocorre outra vez em 22:16, numa ordem dirigida ao próprio Paulo no sentido de ser ele mesmo batizado (ver mais 1 Co 1:2).
O comentário talvez fosse entendido como expresso de desobediência a Deus; Ananias devia ter reconhecido que o Senhor sabia mais do que ele! Mas suas palavras eram perfeitamente naturais, e, neste contexto, servem para introduzir uma declaração adicional pelo Senhor a respeito da sua escolha de Paulo para ser Seu servo.
Em 22:14-1 6, que é, em efeito, uma declaração paralela à presente declaração, aparece na forma de uma instrução divina que Ananias entregou a Paulo a respeito do seu papel futuro. O Senhor já resolvera chamar Paulo ao Seu serviço; escolheu-o como Seu i°2 para a tarefa de levar o Seu nome perante os gentios e reis, e perante o povo de Israel. O pensamento da escolha divina corresponde aqui àquele que se expressa em 22:14 e 26:16, bem como com a convicço do próprio Paulo em Gálatas 1:15. Levar o meu nome é uma expresso incomum que significa dar testemunho de Jesus (cf. 9:27).
Os gentios, os reis e o povo de Israel representam os três grupos principais diante dos quais Paulo, na realidade, dará testemunho mais tarde na história, e a ordem incomum das palavras visa ressaltar a vocação de Paulo para ir aos gentios. “Levar o nome” desta forma no será coisa fácil; acarretará o sofrer por causa de Cristo — contraste marcante com o causar sofrimento aos cristãos (9:13). O Livro de Atos no esconde o fato de que o fiel testemunho a Jesus é uma tarefa custosa em termos do sofrimento que pode acarretar para quem leva as boas novas.
Assim, Ananias foi obedecer à ordem recebida. Deixou de lado as suas dúvidas, calorosamente chamou Paulo de irmão; e impôs sobre ele as mãos. Este ato certamente deve ser entendido como símbolo da cura (Lc 4:40) ao transmitir a bênção divina. No fica claro se no presente contexto também é considerado como sendo a transmissão do Espírito Santo a Paulo e, realmente parece improvável, pois aqui precede o batismo, com o qual normalmente se associaria o recebimento do Espírito. Ao mesmo tempo, Manias indicou sua comissão da parte do mesmo Senhor que já aparecera a Paulo, para trazer-lhe a cura e o dom do Espírito. A volta da vista de Paulo foi indicada pela queda de um tipo de película dos seus olhos (assim como na história de Tobias — Tobias 3:17; 11:13). Foi batizado por Manias — não era necessário um apóstolo para. Cumprir a tarefa e terminou seu jejum.
CONCLUSÃO
O ministério de Paulo entre os gentios, suas viagens missionárias e as epístolas escritas, o tomam o maior herói do Cristianismo. Seus exemplos devem ser seguidos pelos obreiros (I Co 11.1) e seus ensinos obedecidos por todos os cristãos. Suas idéias continuam vivas e atuais, porque foram inspiradas pelo Espírito Santo para a Igreja em todas as épocas.
Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus
Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS
BIBLIOGRAFIA
Comentário Bíblico Atos – I. Howard Marshall
Comentário Bíblico Atos – Myer Pearlman
Lições bíblicas CPAD 1996