20 de novembro de 2012

NAUM O LIMITE DA TOLERÂNCIA DIVINA


NAUM O LIMITE DA TOLERÂNCIA DIVINA

TEXTO ÁUREO = “Disse mais: Ora, não se ire o Senhor que ainda só mais esta vez falo: se, porventura, se acharem ali dez? E disse: Não a destruirei, por amor dos dez” (Gn 18.32).
VERDADE PRÁTICA = No tempo estabelecido por Deus, cada nação, e cada indivíduo em particular, passará pelo crivo da justiça divina.

LEITURA BIBLICA = Naum 1: 1-3,9-14

INTRODUÇÃO

O profeta Naum tem em sua profecia uma unidade de propósito notável. Seu objetivo foi o de inspirar os compatriotas judeus a confiarem em Deus, ainda que fosse alarmante o quadro em que viviam e a situação estivesse favorável aos ataques dos poderosos assírios, que já àquela altura subjugavam as dez tribos de Israel. Contudo fracassariam em seus ataques a Jerusalém, e sua própria capital, Ninive, sei-ia tomada e destruída, por causa das iniqüidades e crueldades deles, sua destruição já estava decretada por Jeová. O vaticínio de Naum contra Nínive cumpriu-se cabalmente cerca do ano 612 a. C.

O LIVRO DE NAUM

AUTOR

Naum, cujo nome significa “confortador” ou “cheio de conforto”, é desconhecido, a não ser pelo breve título que inicia sua profecia. Sua identificação como um “elcosita” não ajuda muito, visto que a localização de Elcose é incerta. Carfanaum, uma cidade da Galiléia, tão proeminente no ministério de Jesus, significa “Aldeia de Naum”, e alguns têm especulado mas, sem prova concreta, que seu nome deriva do profeta. Ele profetizou a Judá durante os reinados de Manassés, Amom e Josias. Seus contemporâneos foram Sofonias, Habacuque e Jeremias.

DATA

Em Na 3.8-10, o profeta narra o destino da cidade egípcia de Tebes, que foi destruída em 663 aC. A queda de Nínive, ao redor da qual todo o livro gira, aconteceu em 612 aC. A profecia de Naum deve ser datada entre esses dois acontecimento, visto que ele olha para trás para um e à frente para outro. É mais provável que sua mensagem tenha sido entregue pouco antes da destruição de Nínive, talvez quando os inimigos da Assíria estavam colocando suas forças em ordem de batalha para o ataque final.

CONTEXTO HISTÓRICO

O reino dos assírios, havia sido uma nação próspera durante séculos, quando o profeta Naum entrou em cena.
Seu território, se mudou com o passar dos anos por causa das conquistas e derrotas dos seus governantes, localiza-se ao norte da Babilônia, entre e além dos rios Tigre e Eufrates. Documentos antigos atestam a crueldade dos assírios contra outras nações. Os reis assírios vangloriam-se de sua brutalidade, celebrando o abuso e a tortura que eles impuseram sobre os povos conquistados.

A queda do império Assírio, cujo clímax foi a destruição da cidade de Nínive, em 612 aC, é o assunto da profecia de Naum. O juízo que cai sobre o grande opressor do mundo é o único motivo para o pronunciamento de Naum. Conseqüêntemente, o profeta é judicial em seu estilo, incorporando antigos “oráculos de julgamento”. A linguagem é poética, vigorosa e figurada, sublinhando a intensidade do tema com o qual Naum luta.
CONTEÚDO
O livro de Naum focaliza-se num único interesse: a queda da cidade de Nínive. Três seções principais, correspondentes aos três capítulos, abrangem a profecia. A primeira descreve o grande poder de Deus e como aquele poder opera na forma de proteção pra o justo, mas de julgamento para o ímpio. Embora Deus nunca seja rápido em julgar, sua paciência não pode ser admitida sempre. Toda a Terra está sob o seu controle; e, quando ele aparece em poder, até mesmo a natureza treme diante dele (1.1-8). 

Na sua condição de miséria e aflição (1.12), Judá podia facilmente duvidar da bondade de Deus e até mesmo questionar os inimigos de seu povo (1.13-15) e remover a ameaça de uma nova angústia (1.9). A predição do juízo sobre Nínive forma uma mensagem de consolação para Judá (1.15)

A segunda seção principal, descreve a ida da destruição para Nínive (2.1-3). Tentativas de defender a cidade contra seus atacantes serão em vão, porque o Senhor já decretou a queda de Nínive e a ascensão de Judá (2.1-7). As portas do rio se abrirão, inundando a cidade e varrendo todos os poderosos, e o palácio se derreterá (2.6). O povo de Nínive será levado cativo (2.7); outros fugirão com terror (2.8). Os tesouros preciosos serão saqueados (2.9); toda a força e autoconfiança se consumirão (2.10). O covil do leão poderoso será desolado, porque “Eis que eu estou contra ti, diz o Senhor dos exércitos” (2.11-13).

O terceiro capítulo forma a seção final do livro. O julgamento de Deus parece excessivamente cruel, mas ele é justificado em sua condenação. Nínive era uma “cidade ensangüentada” (3.1), uma cidade culpada por espalhar o sangue inocente de outras pessoas. Ele era uma cidade conhecida pela mentira, falsidade rapina e devassidão (3.1,4). Tal vício era uma ofensa a Deus; portanto, seu veredicto de julgamento era inevitável (3.2-3, 5-7). Semelhante a Nô-Amom, uma cidade egípcia que sofreu queda, apesar de numerosos aliados e fortes defesas. Nínive não pode escapar do julgamento divino (3.14-15). Tropas se espalharão, os líderes sucumbirão e o povo se derramará pelos montes (3.16-18). O julgamento de Deus sobreveio, e os povos que a Assíria fez outrora vítimas tão impiedosamente baatem palmas e celebram em resposta às boas-novas (3.19).

O GOVERNO DE DEUS = Naum 1.1-6

É extremamente provável que esta declaração introdutória tenha sido acrescentada por um editor com a finalidade de identificar a obra. Está composta de duas partes: a primeira apresenta o propósito da mensagem, e a segunda determina o autor. Há quem afirme que a parte dois foi declarada especificamente com o fim de catalogar o livro entre os rolos do Templo. Ele era indubitavelmente usado na adoração do Templo tempos mais tarde, e também lá pelo ano de 612 a.C. Mas o livro não era primariamente uma produção litúrgica como muitos têm defendido com veemência.

Certo ponto de vista declara que a porção básica do escrito (1.9—2.13) era uma mensagem ou debate público, no qual o profeta argumentava com pessoas de opiniões divergentes sobre os acontecimentos graves e significativos da época.2 Se esta opinião estiver correta, abre a probabilidade de esta profecia ter sido entregue em Jerusalém.

Peso (1; “oráculo”, ECA; “sentença”, ARA; “mensagem”, NTLH; “advertência”, NVI) é termo técnico que denota a mensagem de um sacerdote-profeta em nome de um deus. Significa literalmente “o levantamento” da voz. E lógico que o oráculo era sobre Nínive e não para Nínive, capital do Império Assírio. Por quase dois séculos, este poder tirânico fora a grande força política e militar no mundo conhecido dos hebreus. Foi sob o reinado de Sargão II que, em 722 a.C., Israel (o Reino do Norte) foi extinto. Mais tarde, sob o reinado de Senaqueribe, Judá ficou, por tolice de Acaz, sujeito ao domínio da Assíria e começou a pagar anualmente pesados tributos. Assurbanipal foi o último grande rei do império, e reis menos importantes ocuparam o trono na época da profecia de Naum. Mas Judá ainda estava sob o domínio do vasto império. A capital Nínive, sede do governo assírio, situava-se junto ao rio Tigre.

O segundo título (lb) é único na literatura, visto que o habitual era ter apenas um. Também é único no uso da palavra livro. Visão é termo técnico e denota que a fonte da inspiração profética era o discernimento divino. Naum, que significa “o consolador”, é muito apropriado à mensagem quando corretamente entendido, pois certos intérpretes pensam tratar-se de adição fictícia, mas há escassa base que apóie esta suposição.

A maioria dos estudiosos encontra provas de um poema acróstico que começa no versículo 2 e usa a primeira metade do alfabeto hebraico. Trata-se de forma literária que de modo nenhum compromete o conteúdo da mensagem. Há muita discordância sobre este ponto, pois o acróstico está incompleto. Por esta causa, muitos dos que desejam defender esta teoria do poema são obrigados a considerar que o próprio texto está excessivamente adulterado. Semelhantemente, há discordância considerável quanto à extensão desta construção em particular.
O rabino Lehrman afirma: “Os esforços em prover as letras que faltam não justificam as muitas correções propostas”.

O PODER DE DEUS, 1.3b-6

O homem sempre teve muito medo das forças da Natureza. É natural associar o poder da deidade com a manifestação da grandiosidade do poder de Deus. Era de se esperar que a humanidade obscurecida pelo pecado exaltasse a força da Natureza à estatura de deuses e fizesse cultos e sacrifícios de conciliação. Esta passagem não afirma que Deus faz parte da Natureza (no sentido de ser uma de suas deidades). O profeta mostra que o Todo-poderoso é o dominador das forças e entidades da ordem natural. Ele é o Senhor dos mares, dos rios, das montanhas e das pessoas. Há dois movimentos que simbolizam o poder de Jeová: o furacão no mar e o simum4 na terra.

A parte “a” do versículo 4 refere-se possivelmente ao recuo do mar Vermelho e à divisão do rio Jordão. E esta a interpretação mais natural e adotada por Adam Clarke. Basã, Carmelo e Líbano (4) são algumas das regiões mais férteis da Palestina, as últimas a serem afetadas pela seca. Os versículos 5 e 6 descrevem a ira de Deus na linguagem de terremoto, vulcão e tempestade violenta e devastadora.

A QUEDA DE NÍNIVE, 2.1,343

1. A Destruição (2.1,3-9)

Na descrição da batalha iminente, a mensagem de Naum sobe a um crescendo trovejante como o som de uma grande orquestra. Ainda que seja um acontecimento esperado, a cena é pintada com cores assombrosas e detalhes sangrentos. Até que ponto isto é exato? E lógico que era o quadro típico de guerra daqueles tempos em que predominavam carros e soldados a pé. Quanto à descrição real da queda da cidade, há pouco registro na literatura contemporânea. O Tablete Babilônico, descoberto por C. J. Gadd, do Museu Britânico, é a fonte de informação de maior autoridade. Fixa a data da destruição de Nínive em 612 a.C., e relata a queda de outras fortalezas assírias.

Infelizmente, só duas linhas do texto no Tablete Babilônico são dedicadas à vitória em Nínive, e estas estão em grande parte mutiladas. O cerco durou do começo de junho até agosto, aproximadamente dois meses e meio. 6 Não há registro na crônica que comprove ou conteste as histórias relacionadas com a derrota da cidade, e Gadd sugere que nada há de improvável sobre estas narrativas.

A história relata que a captura da cidade foi possível, porque uma grande tempestade de chuva e trovão fez o rio inundar e devastar grande porção dos muros (cf. 1.8). A ocasião da invasão está em perfeita harmonia com tal ocorrência. 

As chuvas mais pesadas no distrito do Tigre ocorrem geralmente em março e, junto com o degelo da neve armênia, fazem com que o rio atinja seu maior volume em abril e maio. “A verdade indubitável é que Ciaxares se aproveitou da devastação causada pelo rio Tigre, anormalmente alto na primavera precedente, para desencadear seu ataque no único lugar dos muros em que o desastre da natureza os tornara vulneráveis”.
Veremos, contudo, que o rio Tigre não foi o instrumento de vitória e que a inundação não foi acidental (cf. mais adiante).

Naum não fez um relato cronológico do cerco, mas narra “impressões” pré-invasão, como sugere G. A. Smith.8 Existem três destas impressões: 2.Sss; 3.2ss e 3.l2ss.

a) Insultos aos sitiados (2.1). As vezes, a palavra hebraica traduzida por destruidor é associada com o termo que significa “martelo”. E óbvio que Naum tem em mente Ciaxares que liderara sem sucesso o cerco anterior contra Nínive (ver Introdução). Nesta ocasião antevista, os medos, sob o comando deste rei, uniram forças com os babilônios e sitiaram a cidade. O cerco durou três meses, o que resultou praticamente no fim do Império Assírio. “O sitiador do mundo é, afinal, sitiado; toda crueldade que infligira nos homens agora se volta para ele”.
Com fé numa conquista bem-sucedida, Naum convoca com ironia os ninivitas, a fim de se prepararem para o ataque, ao usar uma forma do verbo que expressa sua força com ênfase máxima: “O destruidor sobe contra ti, ó Nínive! Guarda a fortaleza, vigia o caminho, fortalece os lombos, reúne todas as tuas forças!” (ARA). Ver a análise de 2.2 com relação a 1.15.

b) Descrição do invasor (2.3). A profecia descreve os invasores em ordem de batalha primorosa, trajados com roupas escarlates, como era a prática. Os escudos eram revestidos de peles tingidas de vermelho. Segundo descrição de Heródoto, parte do exército de Xerxes usava roupas laboriosamente coloridas; alguns soldados “pintavam o corpo, a metade com giz e a metade com cinabre”. 

Nesta subdivisão e na seguinte, o texto é um tanto quanto difícil, e gera inúmeras variações nas traduções. A referência a fogo de tochas é ambígua. A sugestão mais provável é que a descrição se refira a “as chapas de metal polido com que os carros eram montados ou encouraçados, e ao brilho das armas dependuradas neles”. Estas superficies polidas cintilavam como tochas ao sol,

As lanças se sacudirão terrivelmente. A palavra lanças no original hebraico é, mais literalmente, traduzida por “ciprestes”, numa alusão ao cabo das lanças que eram feitas de madeira de cipreste. Porém, “autores clássicos antigos se referem a lanças como abetos [ou pinheiros; cf. NVI]’ e ‘freixos”.

A interpretação que recebe maior apoio está baseada na Septuaginta, que traduz a palavra “cipreste” por “cavalos de guerra” ou “cavaleiros” (cf. NVI, nota). Neste caso, a referência seria ao sinal de ataque da cavalaria. De acordo com um radical árabe, a frase se sacudirão terrivelmente é traduzida por “reunirão as tropas em ordem de batalha”, ou, se for deixada como está, refere-se aos cavalos que tremem de inquietação. Por conseguinte, “os escudos dos seus heróis são carmesíns, os soldados estão vestidos de escarlata, seus carros armados cintilam como fogo e seus cavalos se empinam no ajuntamento das tropas” (Moffatt).

c) O ataque pela periferia da cidade (2.4). Primeiro, examinemos a tradução pitoresca e adequada desta cena feita por Moffatt;
Os carros de batalha cortam pelos campos abertos                                                                                E galopam pelos espaços amplos,                                                                                                                                             Percorrendo velozmente como tochas,                                                                                                     Correndo bruscamente como raios.

Níníve situava-se ao longo da margem oriental do Tigre, no ponto em que este rio recebe as águas do Khoser, o qual atravessava a cidade de um extremo ao outro (ver diagrama). Montes baixos descem desde o extremo norte da fortaleza, contornam os muros leste e sul e voltam-se para o rio ao sul da cidade. No leste, há uma planície grande e plana de uns quatro quilômetros por dois e meio. Os muros externos da cidade tinham uma circunferência de 12 quilômetros e, segundo estimativas, poderiam acomodar de 175.000 a 300.000 habitantes. Em tomo dos muros, exceto no lado ocidental, afastado uns 18 metros, existiam fossos de cerca de 45 metros de largura. As águas do Khoser enchiam os fossos que estavam ao sul do rio, ao passo que os canais que estavam ao norte do rio eram abastecidos de água por um duto que saía da cidade no lado norte.

A água dessas represas era controlada por diques e comportas. Depois do canal no lado oriental, havia dois baluartes: um ao norte e o outro ao sul do rio Khoser. O que ficava no sul tinha a forma de segmento de círculo e era composto de duas linhas de fortificação. Em frente existia uma terceira linha de fortificação, a qual era fechada no sul por uma grande fortaleza.
Os medos vieram do leste e do norte, a fim de evitar as fortalezas; capturaram outras fortificações que Naum predissera que cairiam nas mãos deles como “figos maduros” (3.12, NVI). E a opinião de autoridades militares que atacaram a cidade pelo lado nordeste, onde a altura do chão os colocaria em nível com o muro. Neste ponto, poderiam controlar o sistema de abastecimento de água que alimentava a maioria dos fossos. Ademais, ao atacar no lado nordeste, o flanco dos sitiadores estaria protegido pelos desfiladeiros do rio Khoser.


d) O ataque aos muros (2.5). Depois que os bairros residenciais caíram, as riquezas (as melhores unidades militares; as “tropas de elite”, NVI) foram convocadas para o ataque. E ponto de debate ente os estudiosos se este versículo se aplica aos atacantes ou aos defensores. Afigura-se mais provável aos atacantes, como optam certas traduções (cf. ECA; NTLH; RC). Entender que o versículo 5 é uma descrição dos defensores torna ambíguo seu significado.

e) A cidade cai (2.6-8). Nínive, que usou o cerco com grande sucesso em suas operações militares, agora sente a força de sua própria arma. E Naum percebe a exultação do mundo que vivera em constante horror por causa dos ataques assírios. “Ele ouve os estalidos das rachaduras se abrirem sob os muros e o ruído causado pelos carros de guerra que saltam; o fim é a carnificina, tristeza e devastação total”.
As brechas do muro foram causadas pelos aríetes ou pelo direcionamento da água dos canais contra os muros, que eram feitos de tijolos de lama e terra. As portas do rio (6) talvez seja referência ao Khoser que inundava na primavera. Pode ser que os atacantes o tivessem represado e depois soltado o volume retido nos diques que canalizavam a passagem do rio debaixo do muro oriental, a fim de, desta forma, quebrá-lo. A inundação de água minaria a fundação dos edifícios e o palácio ruiria (se derreterá).

f) O saque dos tesouros (2.9). Os grandes tesouros de Nínive, os espólios de suas conquistas, tornam-se despojo dos vencedores, O versículo foi parafraseado com dramaticidade: “Tomem posse da prata! Tomem posse do ouro! Há tesouros sem fim. A riqueza incalculável de Nínive será dividida entre muitas pessoas” (BV).

2. A Desolação (2.10-13)

Em linguagem poética, o versículo 10 (NVI) descreve a cidade saqueada.

DEUS DESTRUIRÁ O MAL = Naum 3.1-19

No capítulo 3, a descrição veemente da queda da cidade oferece uma explicação racional dos motivos de ter sido necessária.

A MALDADE DE NÍNIVE, 3.1-4

Nínive é condenada por três razões: saque, destrutibilidade (i.e., propensão para matar e destruir) e má influência. Os assírios estavam entre os povos mais cruéis da história. As crônicas de Assurbanipal II (885-860 a.C.) narram suas próprias atrocidades:


Esfolei todos os homens importantes (da cidade de Suru) que tinham se revoltado, e revesti o pilar com a pele deles; alguns eu emparedei no pilar, outros empalei no pilar em estacas e uns prendi com estacas em volta do pilar; muitos, já na fronteira de minha terra, esfolei e estendi a pele pelos muros; e cortei os membros dos oficiais, dos oficiais do rei, que tinham se rebelado. Levei Alababa para Nínive. [...]
[...] No meio da grande montanha, matei-os, com o sangue tingi de vermelho a montanha, que ficou como lã vermelha, e com o que restou deles manchei as valas e precipícios das montanhas.’
É por isso que Naum disse que Nínive era cidade ensangüentada (1). Ela despojara outras nações de sua riqueza e saqueara muitas cidades para mostrar que “da presa não há fim!” (ECA).
O versículo 3 refere-se ao hábito cruel de cortar as cabeças dos cativos e amontoá-las com outros corpos em frente das portas da cidade. Lemos da crônica do rei: “Formei um pilar dos vivos e das cabeças bem em frente da porta da cidade e empalei 700 homens em estacas. [...] Os jovens e suas donzelas queimei em fogueiras”. 

OPOSIÇÃO DE DEUS À MALDADE, 3.5-7

A metáfora da meretriz continua nestes versículos. A condenação descrita diz respeito à prática de expor ao olhar público a mulher condenada de impudência (cf. Ez 16.37-39; Os 2.3). Descobrirei (5) significa despir, retirar aquilo que cobria, aquilo que servia de coberta. Ao julgar que Nínive fez o papel de meretriz, a cidade tinha de sofrer o destino de ser exibida em desgraça. Ninguém sentirá dó; pelo contrário, as nações se alegrarão por causa de sua destruição.

A INEVITABILIDADE DA DERROTA DO MAL, 3.8-13

A própria Assíria, sob o reinado de Assurbanipal, tinha derrotado a populosa cidade de Nô-Amom (“Tebas”, a capital egípcia, cf. BV; NTLH; NVI). Desta forma, suas fronteiras chegaram até ao mais extremo limite sul do mundo habitado. Por que esta metrópole foi mencionada? Primeiramente, porque também fora uma importantíssima cidade; e em segundo lugar, porque Naum talvez achasse que dependia do rio Nilo para sua defesa, da mesma forma que Nínive confiava no Tigre. O Nilo, como outros grandes rios da Bíblia, é chamado o mar (8).

CONCLUSÃO

A grande lição teológica de Naum é a direção de Deus na história. Os impérios humanos são cruéis. Apesar de muitos crentes acharem que podemos construir uma sociedade cristã justa e perfeita neste mundo, o que não conseguiremos, mas não deve nos levar a desistir de lutar por justiça social, o fato é que o mundo está nas mãos de ímpios. 

Apesar de tantas declarações pomposas de que tal lugar pertence ao Senhor Jesus, declaração exibida em placas em entradas de cidades, o mundo “jaz no Maligno” (1Jo 5.19). Ou como diz a Linguagem de Hoje: “o mundo inteiro está debaixo do poder do Diabo”.

Mas Deus retomará o que é seu, aniquilando o poder do Mal. E dá mostras disto derrubando reinos, nações e culturas quando estas se ensoberbecem. Nós somos testemunhas históricas da queda do poder maior mundial de todos os tempos, o bloco soviético. Eram treze fusos horários, fazendo com que o sol nunca se pusesse sob o domínio soviético. Muitos preconizavam o domínio deste sistema em todo o mundo. Seus saudosos órfãos o julgavam imbatível a mais perfeita expressão de justiça social no mundo. 

Quando aprouve a Deus que chegasse ao fim, chegou. Nação alguma, por mais poderosa que seja, escapará do juízo divino. É oportuno aqui lembrar a palavra de Daniel 2.20-21: “Seja bendito o nome de Deus para todo o sempre, porque são dele a sabedoria e a força. Ele muda os tempos e as estações; ele remove os reis e estabelece os reis; é ele quem dá a sabedoria aos sábios e o entendimento aos entendidos”.

Deus é o Senhor da história. Nunca perdeu e nunca perderá o domínio. Eventualmente pode demorar em seu juízo, porque seu relógio não é o nosso, mas por fim, sua vontade prevalecerá. Para os incrédulos, uma advertência. Para nós, uma promessa. Há um Deus que pune o mal e que faz sua vontade triunfar. Há um Deus que vê os adversários de seu povo e os pune no momento certo. Por isto, confiemos no poder de um Deus que conduz a história e que a faz caminhar para onde ele deseja.


Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus 

BIBLIOGRAFIA

Bíblia Plenitude
Lições bíblicas CPAD 1993
Comentário Bíblico Beacon



15 de novembro de 2012

MIQUEIAS A IMPORTÂNCIA DA OBEDIÊNCIA


MIQUEIAS A IMPORTÂNCIA DA OBEDIÊNCIA

TEXTO ÁUREO =  “(...] Tem, porventura, o SENHOR tanto prazer em holocaustos e sacrifícios como em que se obedeça à palavra do SENHOR? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar; e o atender melhor é do que a gordura de carneiros    (1 Sm 1 5.22).

VERDADE PRÁTICA = A mensagem de Miquéias leva-nos a pensar seriamente acerca do tipo de cristianismo que estamos vivendo.

LEITURA BIBLICA = Miquéias 1: 1-5: 6: 6-8

INTRODUÇÃO

Nossa lição enfoca o profeta Miquéias, cujo nome significa: “Quem é como o Senhor?”. Contemporâneo do profeta Isaías, Miquéias profetizou durante os reinados de Jotão, Acaz e Ezequias, reis de Judá (1.1), contra a injustiça predominante, que vitimava os pequenos proprietários de terras. O profeta avisou aos opressores que roubavam as pequenas propriedades dos seus conterrâneos, que Deus iria castigá-los pela violência e opressão contra os fracos (Mq2.1- 3). Denuncia também os governantes e os falsos profetas, como culpados pela corrupção da vida nacional. Diante desse caos moral, social e espiritual, o profeta vaticina um futuro glorioso, quando haverá um reino de justiça e de paz, cujo governante nascerá em Belém Efrata, da tribo de Judá (Mq 5.2). Isaías afirma que Ele será chamado Maravilhoso, Deus forte e Príncipe da Paz (Is 9.6). 

O LIVRO DE MIQUÉIAS

Miquéias foi contemporâneo de Isaías, no séc. VIII aC. Ambos concentraram seu ministério no Reino do Sul, Judá, incluindo Samaria (Israel) e “as nações” no objetivo das sua profecias. Durante alguns anos, no começo da sua carreira, Miquéias foi, também, contemporâneo de Oséias, um profeta que morava no Reino do Norte. Miquéias viveu numa cidade localizada a cerca de 32 km a sudoeste de Jerusalém e profetizou principalmente naquela região.
O Nome de Miquéias, pressupõe uma semelhança com o Senhor: “Quem, ó Deus, é semelhante a ti”. Miquéias era tão sincero e completamente comprometido, que ele até quis ir despojado e nu pra fazer com que sua mensagem fosse compreendida (1.8). A profecia de Miquéias produziu um impacto que se estendeu muito além do seu ministério local. Um século depois, sua profecia foi lembrada e citada (Jr 26.17-19), e acontecimentos ocorridos sete séculos mais tarde atestam a autenticidade

Data: Entre 704 e 696 Ac

Miquéias profetizou, de acordo com sua própria declaração (1.1), durante os reinados dos reis do Sul, Jotão (740-731 aC), Acaz (731-716 aC), e Ezequias (716-686 aC). 

Visto que ele morreu durante a administração de Ezequias e antes da era que coincide em parte com Manassés (696-642 aC), uma data entre 704 e 696 aC parece ser provável.

Contexto Histórico

No período entre o início do reino dividido de Salomão (Israel ao Norte e Judá ao Sul) e a destruição do templo, muitos “altos” haviam sido introduzidos em Judá através da influência de Samaria. Isso colocou a idolatria dos cananeus em disputa com a verdadeira adoração no templo do Senhor (1.5). Miquéias mostra como essa degeneração espiritual levará inevitavelmente o julgamento sobre toda a terra. E, embora o rei Ezequias tenha tido uma notável vitória sobre Senaqueribe e o exercito assírio, Judá estava presstes a cair, a não se que a nação se voltasse para Deus, arrependendo-se de todo coração.

Conteúdo

O Livro de Mq é uma profecia acerca do Senhor, que não tem concorrentes no perdão dos pecados e na compaixão pelos pecadores. Sua fidelidade compassiva mantém um concerto com Abraão e seus descendentes. A “excelência do nome do Senhor” (5.4) está caracterizada, bem como a face do Senhor (3.4), seu louvor (2.9), seus caminhos (4.2), seus pensamentos (4.12), sua força (5.4), suas justiças (6.5; 7.9) e sua conseqüente ira (7.9) e furor (5.15; 7.18) contra todas as formas de rebelião moral.

Na visão de abertura, o Senhor vem desde o templo da sua santidade, para ser testemunha contra o povo (1.2). O fator mais notável no manejo do Senhor da sua causa é quão fundo ele foi para apresentar sua contenda (6.2), até mesmo desejando sentar-se à mesa do réu e deixando seu povo levar qualquer queixa quanto ao modo que o Senhor Deus o tenha tratado (6.3). Além disso, aquele que verdadeiramente se arrepende terá o Senhor como seu advogado de defesa (7.9)

Enquanto a Babilônia ainda não era um poder mundial que podia permanecer independente da Assíria, o cativeiro babilônico (mais de um século depois) foi claramente predito como o julgamento de Deus contra a rebelião feita contra ele (1.16; 2.3,10; 4.10; 7.13). Mas, assim como Isaías, colega de Miquéias, a esperança foi estendida pra um restante a ser restaurado, que seja desse cativeiro ou de um povo espiritualmente restaurado ( a igreja) nos dias do Messias (2.12-13; 4.6-7; 5.3,7-8; 7.18). O Senhor libertaria o restante (2.12-13; 4.3-8,10; 5.9; 7.7)

Miquéias tinha de censurar a liderança da nação por destruir o rebanho que lhes foi confiado.

Entretanto, a grande compaixão de Deus colore cada uma das sua atitudes e ações em relação ao seu povo, representando-o como uma filha extraviada (1.13; 4.8,10,13), pois sua compaixão, que, uma vez, redimiu a Israel do Egito 96.4), irá também redimir Judá da babilônia (4.10). Sua fidelidade compassiva a Abraão e aos pais (7.20) é atualizada a cada nova geração.
Essa mensagem está focalizada num única pergunta central para toda a profecia: “Quem, ó Deus, é semelhante a ti, que perdoas a iniqüidade e que re esqueces da rebelião do restante da tua herança?” (7.18).

A compaixão de Deus (7.18-19) é um atributo precioso a que nenhuma deidade pode se igualar. A compaixão e a fidelidade do concerto são exclusivos a Deus. A esperança do povo de viver sob a completa bênção de Deus estava ligada à vinda de Messias. Deus, em seu amor, prevendo as glórias da sua graça a ser manifesta em Jesus, manteve-se proclamando aquele Dia e reino futuros como o acontecimento no qual o fiel devia por sua esperança.

As profecias sobre Cristo fazem o Livro de Miquéias luzir com esperança e encorajamento. O livro se inicia com uma grandiosa exposição da vinda do Senhor (1.3-5). As profecias posteriores afirmarão o aspecto pessoal da sua chegada em tempo histórico. Mas a disposição de Deus para descer e interagir é estabelecida no princípio.

A primeira profecia messiânica ocorre numa cena de pastor de ovelhas. Depois que a terra deles havia sido corrompida e destruída, um restante dos cativos seria reunidos como ovelhas num curral. Então, alguém quebraria o cercado e os levaria para fora da porta, em direção à liberdade. (2.12-13). E esse alguém é seu “rei” e “Senhor”. O episódio completo harmoniza-se belamente com a proclamação de Jesus acerca da liberdade aos cativos (Lc 4.18), enquanto, na verdade, liberta os cativos espirituais e físicos.

Mq 5.2 é uma das mais famosas profecias de todo o AT. Ela autentica a profecia bíblica como “a Palavra do Senhor” (1.1; 2.7; 4.2). A expressão “a Palavra” do Senhor (4.2) é um título aplicável a Cristo (Jo 1.1; Ap 19.13). A profecia de Mq 5.2 é, explicitamente, messiânica (“Senhor em Israel”) e especifica seu lugar de nascimento em Belém, num tempo quando Belém era pouco conhecida. Suas palavras foram pronunciadas muitos séculos antes do acontecimento; ele não tinha nenhuma sugestão do lugar a que recorrer. Outra característica dessa profecia é que ela não pode se referir a apenas qualquer líder que possa ter sua origem em Belém. Cristo é o único a quem ela pode se referir, porque ela iguala o Senhor com o Eterno: “Cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade.” Esta profecia confirma tanto a humanidade quanto a divindade do Messias de um modo sublime.

A profecia de Mq 5.4-5 afirma a condição de pastor de Messias (“apascentará o povo”), sua unção (“na força do Senhor”), sua divindade (“na excelência do nome do Senhor”) e sua humanidade (“seu Deus”), seu domínio universal (“porque agora será ele engrandecido até aos fins da terra”) e a sua posição como líder de um reino de paz (“E este será a nossa paz”).
O climax da profecia (7.18-19), mais o versículo final (7.20), apesar de não incluir o nome do Messias, definitivamente refere-se a ele. Na expressão da misericórdia e compaixão divinas, ele é Aquele que “subjugará as nossas iniqüidade”, lançando-as nas profundezas do mar para que Deus possa perdoar os pecados e trocar o pecado pela verdade.

O JULGAMENTO DE DEUS ESTÁ PERTO = Miquéias 1.1 —3.12

QUE JULGAMENTO? 1.1-16

1. Deus Apresenta-se Pessoalmente (1.1-5). Como todos os verdadeiros profetas em Israel, Miquéias, sob inspiração divina, expôs a mensagem de Deus aos seus contemporâneos. Sentia-se sob autoridade direta de Deus, a quem apenas deveria obedecer, pois a palavra do SENHOR (1) veio a ele. 

Conhecedor da vontade e dos propósitos santos do Senhor, Miquéias sentiu-se compelido a compartilhar com seu povo estes desígnios solenes. Com a confiança em Deus e a certeza de que falava as palavras da verdade, o profeta era destemido e não dava a mínima para as conseqüências pessoais ao entregar a mensagem.

Sob este aspecto, Miquéias é um modelo para os pregadores de todos os tempos. O mensageiro tem de ser homem de Deus e da Palavra de Deus. Deve ser confiante de que tem uma revelação divina. Precisa ser ousado ao falar a verdade para passar segurança e ser convincente. Só o homem que, como Miquéias, se sente compelido por Deus deve engajar-se na obra da pregação. Mas o que sente esta compulsão não ousa tardar em obedecer.

2. Como será o Julgamento de Deus (1.6,7). Ao falar na primeira pessoa, Deus declara que Samaria será completamente arrasada. Farei de Samaria um montão de pedras do campo (6). Segundo a Versão Bíblica de Berkeley, o montão de pedras do campo são terraplanagens em terreno pedregoso para uso comum no cultivo de uvas. A cidade outrora orgulhosa se tornará um lugar vazio para a plantação de vinhedos. Descobrirei os seus fundamentos, ou seja, as paredes de pedra dos edifícios e as muralhas da cidade serão lançadas para o vale abaixo, a fim de deixar as fundações descobertas e expostas para todos verem — um memorial trágico por causa da desobediência e falta de espiritualidade do povo. Todas as suas imagens de escultura serão despedaçadas (7). Os ídolos das deidades pagãs, cuja adoração fora praticada em Israel, serão estraçalhados e os presentes dados a esses ídolos, queimados

3. O Profeta Lamenta (1.8-16). Miquéias pranteia não só o golpe mortal que se abaterá sobre Israel, mas também o fato de que as corrupções do Reino do Norte tomaram conta de Judá, até chegar a Jerusalém. Em vista disso, deduz-se que o julgamento de Deus englobaria a pátria do profeta. De fato, o sucessor de Sargão, Senaqueribe, invadiu Judá e sitiou a própria Jerusalém. Talvez seja isso que Miquéias quis dizer quando profetizou: Estendeu-se até à porta do meu povo, até Jerusalém (9).


POR QUE JULGAMENTO?, 2.1—3.12

1. Injustiça (2.1-5) Deus prossegue com o caso contra seu povo desobediente. Através do profeta, expõe os males específicos na vida social e religiosa do povo, os quais eram responsáveis pela ruína deles. Miquéias deixa claro que os pecados contra o povo são, na realidade, pecados contra Deus. Neste ponto, precedeu o ensino de nosso Senhor Jesus (Mt 25.3 1- 46; Lc 11.39-42; 16.13-15).

A injustiça era excessiva em Judá. Homens dessa categoria estavam prontos para tirar vantagem de seus companheiros. Entre esses indivíduos particularmente culpados estavam os ricos citadinos ávidos em obter extensas propriedades de terra (ver Introdução). Essa gente estava infectada pela cobiça que Deus condenara no Sinai (Ex 20.17). A cobiça é a raiz de vários tipos de males. Dela emana o desejo pecaminoso que incita os homens a quebrarem muitos dos outros nove mandamentos.

2. O Desejo de Pregação Fácil (2.6-11). Alguns ouvintes, indignados porque Miquéias expusera seus crimes publicamente e afirmara que o julgamento de Deus seguramente viria sobre eles, o interromperam. Deram a entender que não tolerariam mais tal conversa: Não profetizeis (6). Os clamores confusos destes importunadores poderiam ser interpretados assim: “Pára com esse teu profetizar! São profecias (sobre nós)! Não vai acontecer isso! Será que nunca acabam estas repreensões?”

3. Previsão de Libertação (2.12,13). Miquéias, como outros profetas do Antigo Testamento, via o futuro como um todo, sem perspectiva de tempo. Contemplava importantes acontecimentos futuros no procedimento de Deus com o povo, mas não tinha discernimento sobre o tempo do cumprimento. O profeta não sabia se longos anos ou milênios separavam uma mensagem da outra.

4. Líderes Vis (3.1-12). O julgamento virá, declarou Miquéias, por causa da total injustiça na terra, e porque as pessoas influentes, que eram especialmente culpadas, quiseram que as coisas fossem desse jeito. Os líderes se aproveitavam dos seus privilégios e responsabilidades.

a) Os soberanos são denunciados (3.1-4). Os líderes políticos responsáveis pelo povo de Deus — os chefes de Jacó (1) e os príncipes da casa de Israel — tinham de saber o direito e praticá-lo. Eles deveriam ser os guardiões da justiça, os protetores sensatos do povo. Se desconhecessem algum aspecto de seu dever, possuíam meios para averiguar o direito que deveriam administrar com justiça imparcial. Então, eles não tinham desculpas (1 Rs 3.9-12; Jr 5.3-5).

Mas, ao invés disso, reclama Miquéias, eles são homens maus que aborrecem o bem (2) e amam o mal. Em vez de serem bons pastores que alimentam o rebanho, tosquiam e comem as ovelhas.
Insensíveis e sem piedade, por assim dizer, arrancam a pele e cortam a carne das pessoas. “Quebram os ossos e cortam em pedaços os corpos do povo como se fossem carne para a panela, como carne num grande caldeirão” (3, ATA; cf. Ez 34.2-4).

b) Os falsos profetas são denunciados (3.5-8). Esses homens que professam ser chamados e iluminados para falar a mensagem de Deus ao povo deveriam ser exemplos destacáveis de lealdade e devoção à causa divina. Deveriam advogar a justiça e a misericórdia. Mas os profetas proeminentes nos dias de Miquéias desviavam as pessoas. Não há erro mais incorrigível do que o ensinado em nome de Deus.

Isaías descreveu estes profetas, quando lamentou: “Oh! Povo meu! Os que te guiam te enganam e destroem o caminho por onde deves seguir” (Is 3.12, ARA; cf. Jr 9.16). Foram tão gananciosos quanto os líderes políticos; foram pessoas que sempre concordaram com seus superiores, cujos motivos eram mercenários. Seus pronunciamentos traziam uma etiqueta de preço e adequavam seus oráculos de acordo com o pagamento. Quando bem pagos, quando tinham comida saborosa para morder com os seus dentes (5), prometiam paz e segurança, “mas apregoam guerra santa contra aqueles que nada lhes metem na boca” (5c,ARA; cf. NVI). Eram exploradores sem escrúpulos (ver Ez 13.19,22,23).

O servo de Deus deve viver pelo Evangelho (1 Co 9.13,14), mas não precisa viver com luxo, nem modificar a mensagem de acordo com o sustento

O POVO DE DEUS TEM UM FUTURO = Miquéias 4.1—5.15

A GLÓRIA FUTURA DA CASA DO SENHOR, 4.1-8

Em dias maus de discórdia e guerra, Miquéias falava de um tempo de paz entre as nações. Porque contemplou a vinda de Cristo para estabelecer seu reino terrestre entre os homens. Em contraste com as situações sórdidas que o cercavam e apesar do medo dos julgamentos que sobreviriam sobre o povo de Deus, Miquéias ergue o olhar e vê um quadro luminoso de glória futura.

1. Um Futuro Glorioso (4.1-4). Nos últimos dias (1) anuncia que o povo de Deus, agora destinado ao cativeiro, será livre, feliz e preeminente entre as nações. Com esta visão, Miquéias incentiva seus compatriotas a olhar para frente, para um futuro tempo dourado no qual a justiça e a paz prevalecerão por todo o mundo.

Miquéias declara que nesses últimos dias, no tempo do Messias, o monte da casa do SENHOR (o monte Sião), o local do santo templo em Jerusalém, “será o mais alto de todos [...] os montes” (NVI). Nesses dias, as nações da terra se voltarão para esta cidade exaltada. Ali, buscarão a orientação da lei de Deus. Monte simboliza nação. A idéia essencial é que a adoração de Jeová, o único Deus verdadeiro, será estabelecida como ponto supremo em toda a terra.

2. A Motivação para Hoje (4.5-8). Por causa desta glória futura que Jeová prepara para o seu povo, Judá é incentivado a andar com o Senhor. Ninguém conseguirá mudar o fim de Israel, embora as outras nações sigam o caminho de seus deuses: “Porque hoje todos os povos andam cada um no nome do seu deus, mas nós andaremos no nome do Senhor, nosso Deus, para todo o sempre”.


AS TRISTEZAS DO TEMPO PRESENTE, 4.9—5.1

Antes que o dia da libertação chegue, o povo de Deus tem de passar pelo fogo do julgamento. Nos versículos 9 e 10, Miquéias faz outra referência ao cativeiro que virá como julgamento sobre os israelitas, e fala como o Senhor os tratará naquela terra. Menciona as dificuldades pelas quais os habitantes de Jerusalém passavam e teriam de passar. Rejeitaram a dignidade do governo de Jeová e recusaram seus conselhos; assim, na realidade, estavam sem rei e conselheiro. “Partido em pedaços” (9, Phillips), ou seja, já não eram um povo forte e unido e estavam, portanto, à mercê dos inimigos. 

A dor e a angústia serão tão grandes que Miquéias compara a condição do povo com a que está de parto (10; “uma mulher em trabalho de parto”, NVI). Em seu sofrimento, os hierosolimitas seriam da cidade, ou seja, serão afastados do abrigo de sua cidade querida e santa. Seriam forçados a morar no campo. Lá, sem as conveniências e proteção da cidade, suportarão os elementos e a deslealdade dos desígnios dos inimigos. Seriam levados até Babilônia. Mas é lá, acrescenta Miquéias, nessa terra estranha, que Deus trabalharia entre eles. 

A VINDA DE CRIST0 PARA REMIR, 5.2-15

1. O Local do Nascimento do Messias (5.2-5a). Miquéias contemplou Deus tratar com um povo cativo, o qual o Senhor depois libertaria; teve também um vislumbre do Salvador-Rei há muito prometido. Era este que as pessoas tementes ao Senhor desejavam e esperavam desde que Adão perdeu o paraíso (Gn 3.15). O profeta viu que o Messias não nasceria nos imponentes ambientes da realeza de Jerusalém, mas em Belém (2), entre os clâs insignificantes de Judá. Efrata, aqui relacionado com Belém, era na verdade um povoado antigo que foi englobado por essa cidade (Gn 35.19). Era a casa original de Davi, o primeiro rei conquistador de Israel, o qual quase sempre é mencionado como precursor do maior Rei de Israel (Sl 89.19-37). O texto de Rute 1.2 e 1 Samuel 17.12 fala que os indivíduos relacionados com a família de Davi são efrateus.

2. A Libertação do Inimigo (5.5b,6). O profeta descreve a libertação que virá dizendo que sete... e oito (5) líderes serão levantados contra os invasores; são líderes competentes a enfrentar o poder dos inimigos. Sete ou oito significa um número indefinido, como é usado em outras ocasiões (ver Ec 11.2; Jó 5.19).

Esses consumirão (6, “cuidarão de”, LXX; “governarão”, BV) a terra da Assíria à espada e a terra de Ninrode (sinônimo da Assíria, Gn 10.9,11) nas suas entradas (dentro das portas, onde o conselho e o tribunal da cidade mantinham sessões). Era assim que o Senhor Deus livraria seu povo.

Não há como saber se esta passagem diz respeito a um único incidente específico ou a uma série de acontecimentos durante certo tempo. Porém, sabemos que durante a invasão de Senaqueribe em fins do século VIII a.C., Judá, então regido pelo justo Ezequias, foi liberto milagrosamente. Jerusalém ganhou novo arrendamento em vida e continuou por mais um século. Enquanto isso, os assírios com a capital em Nínive foram derrotados pelos caldeus, e a cidade da Babilônia tornou-se a nova capital mundial.

3. A Purificação do Remanescente (5.7-15). Miquéias fala para seus compatriotas que, no futuro que Deus lhes preparou, serão uma bênção na terra como orvalho do SENHOR (7) e como chuva de verão: suave, refrescante, abundante e constante. O resto de Jacó (8) também será uma força governante: forte, majestosa e irresistível. Seus inimigos serão exterminados (9).

As duas vindas de Cristo são fundidas e descritas por Miquéias em passagens revezadas — a sua manifestação como Redentor para redimir e sua revelação como Rei para governar. De modo semelhante, estas duas vindas estão claramente mostradas em Hebreus 9.26-28. Aqueles que se beneficiam das bênçãos da manifestação de Jesus para redimir esperam, com avidez e confiança, desfrutar os benefícios da revelação de Cristo para reinar. Mas também é verdade que, a despeito do interesse que o indivíduo tenha na Segunda Vinda, não lhe será permitido tomar parte nas coisas boas oriundas dessa revelação, se negligenciou a redenção de Cristo e não viveu retamente na força do Senhor.

A CONTROVÉRSIA DE DEUS COM O SEU POVO

DEUS FAZ UM APELO SUPREMO, 6.1-8

Miquéias 6.1—7.20

Ao usar a terminologia legal, Miquéias convoca Deus para levantar-se e defender sua causa contra um povo culpado e rebelde. O Senhor tinha uma disputa com o Judá pecaminoso, pois o pecado sempre ocasiona tensão entre Deus e o homem (cf. Is 1). O Senhor nunca deixa de ser fiel em esclarecer em que acarreta pecar. Espera para apresentar suas razões, e defende ternamente a volta dos pecadores para que sejam justificados e entrem novamente em comunhão com Ele.

1. As Testemunhas e a Acusação (6.1-5) Os montes (1; “montanhas”, NTLH), as elevações mais altas da Natureza e símbolos comuns de permanência, junto com os outeiros e os próprios fundamentos da terra (2), são convocados para serem jurados.
Deus defende sua causa diante destes acidentes naturais por serem testemunhas da longa história das relações de Jeová com seu povo. Com palavras cheias de ternura, ele indaga: Em que te enfadei? (3). Deus quer saber o que fez para tornar sua vontade enfadonha e colocar os israelitas contra os caminhos divinos (cf. Jr 2.5-8).

2. O que Deus Exige? (6.6-8). Os estudiosos dão duas interpretações aos versículos 7 e 8. Uma diz respeito ao efeito que o profeta inquire do Senhor concernente à base de aceitação com Deus. A outra opinião diz que Israel responde ao Senhor com um desafio. “Que adoração e que culto o Senhor realmente exige? Deus quer uma observância meticulosa da lei levítica? (6b). 

Quer que seja cumprida de maneira excessiva e pródiga mediante holocaustos de rebanhos e ribeiros de azeite? (7a). Quer que as pessoas lhe mostrem uma devoção frenética e não-moral comparável ao fanatismo de certos povos pagãos das vizinhanças, cujos adoradores chegam a oferecer sacrifícios humanos? (7b). [...] A controvérsia é encerrada pela própria resposta declarada do Senhor (8).

DEUS CONDENA O MAL, 6.9-16

Nesta subdivisão, Miquéias anuncia que Deus está pronto a falar uma palavra urgente e final com seu povo impenitente. O profeta aconselha os habitantes de Jerusalém, sobretudo os líderes da cidade, a prestarem muita atenção no que o Senhor tem a lhes dizer. Verá o teu nome (9) é traduzido melhor por “temer-lhe o nome” (ARA; ECA; NVI). Assim, o significado fica mais inteligível. Na Septuaginta, lemos: “A voz do Senhor será proclamada na cidade, e ele salvará aqueles que temem o seu nome; ouvi, ó tribo; e todos vós que poreis a cidade em ordem”.

1. Os Pecados de Judá (6.9-12). Pelo profeta, provinciano e inculto, Deus condena os moradores da sofisticada cidade de Jerusalém, porque estão no centro dos pecados da nação. “Ele não se refere apenas à idolatria, mas também à irreligiosidade dos políticos e à injustiça cruel dos ricos na capital. O veneno que debilitou o sangue da nação conseguira entrar em suas veias e chegara até ao coração. Ali, o mal se concentrou e abalou o Estado e levou-o sem perda de tempo à ruína”.

Ao anunciar a aproximação de Deus, Miquéias destaca a seus ouvintes que a “verdadeira sabedoria [é] temer [...] o nome [do Senhor]” (ARA). Quem é sábio, discerne a mão de Deus nas providências da vida. 

2. A Promessa de Castigo (6.13-16). Nestes versículos, o Senhor proclama princípios imutáveis: O ganho adquirido perversamente é perda; a prosperidade adquirida injustamente não subsiste; o bem-estar obtido por coação não é desfrutado por muito tempo. A felicidade e poder buscados por pecadores sempre os iludem, porque os meios pelos quais os buscam não são congruentes com os fins. O julgamento divino é uma conseqüência inevitável (ver Lv 19.35; Tg 5.1-6). “O que eles diminuem da medida é aumentado na ira de Deus, e o acerto de contas desse ato virá sobre eles; o que faltar na medida será completado pela ira de Deus”.

MIQUÉIAS LAMENTA A CORRUPÇÃO DA NAÇÃO, 7.1-6

Miquéias, depois de entregar fielmente a mensagem de Deus, procura em vão por sinais de arrependimento e mudança em Judá. O que vê lhe enche de tristeza. Poucas pessoas (talvez nenhuma) reagiram favoravelmente à pregação. O profeta compara sua busca ansiosa e desconcertante por justiça ao homem que, faminto por frutas frescas, vai ao vinhedo depois da colheita na esperança de achar, por acaso, algum cacho de uva restante. Encontra uma exuberância de folhas, mas não há cacho de uvas para comer (1). Descobre que Judá é moralmente estéril. A pungência de sua angústia fica clara na Septuaginta, onde lemos: “Ai de mim! Porque sou como alguém que junta palha na colheita e como alguém que colhe os respigos de uva na vindima, quando não há cacho para eu comer os primeiros frutos maduros; ai de minha alma!” (cf. NTLH).

A FÉ DE MIQUÉIA5 EM DEUS, 7.7-13

Considerando o estado da nação, Miquéias vislumbra um panorama sombrio. Mas se recusa a ser vencido pela corrupção sórdida que o cerca. Eu, porém, esperarei no SENHOR (7). “E, confiante nele, eu manterei rigorosa vigilância” (ATA; cf. NVI). Não se pode confiar em homens, mas pode-se acreditar inteiramente em Deus. Como o salmista, Miquéias estava ciente que, mesmo quando já não se pode contar com pais e mães, pode- se acreditar em Deus (Si 27.10). Nesta certeza, o profeta se animou.

A ORAÇÃO DE MIQUÉIAS PELO POVO, 7.14-20

1. Súplica pelo Cuidado Amoroso (7.14-17). Como agricultor, Miquéias sabia como era essencial um pastor fiel ao bem-estar do rebanho. Por isso, ele ora: “pastoreia o teu povo com o teu cajado, o rebanho da tua herança que vive à parte numa floresta, em férteis pastagens; Deixa-o pastar em Basã e em Gileade, como antigamente” (14, NVI).

Carmelo era conhecido por seus vinhedos, ao passo que Basã e Gileade eram notoriamente conhecidas como terras pastoris férteis.

2. Louvor pelo Amor Firme de Deus (7.18-20). Quem, ó Deus, é semelhante a ti? (18) é uma pergunta repetida numerosas vezes na Bíblia (Êx 15.11; Si 89.6; Is 40. 18-25; 46.5), mas, em geral, em reconhecimento do poder e glória divinos. Aqui, o profeta fala da graça e misericórdia ilimitadas de Deus pelos pecadores.


CONCLUSÃO.

Encerrando esta maravilhosa lição, dizemos para todo o povo de Deus que bem. aventurado o servo que espera o seu Senhor, vigiando e cumprindo as suas ordens (Lc 12. 35-43).
Em que consiste essa bem-aventurança?

=Não passaremos pela grande tribulação. Nada há que temer aqueles terríveis dias.

=Nossas almas são libertas de tudo aquilo que quer impedir a nossa vida espiritual. Quem espera Jesus não permite que algo de errado exista no seu relacionamento com Ele e com a Igreja (1 Jo 3.1-3).

=Somos bem-aventurados, pois enquanto esperamos Jesus, aprofundamos nossa comunhão com Ele.


Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus 

BIBLIOGRAFIA

Comentário Bíblico Beacon
Lições bíblicas CPAD 1993