3 de janeiro de 2013

A APOSTASIA DO REINO DE ISRAEL



A APOSTASIA DO REINO DE ISRAEL

                                                       Ev. JOSÉ COSTA JUNIOR

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Ao contrário de Judá, onde todos os reis pertenceram à descendência de Davi, em Israel, 9 diferentes famílias ocuparam o trono, e todas as mudanças de família foram manchadas com sangue. Assim, chegamos a Onri, que era o chefe do exército do rei Elá. Elá tinha sido morto por Zinri, mas boa parte de Israel não queria Zinri governando e fizera Onri seu rei. Onri e seus aliados foram enfrentar Zinri, que preferiu atear fogo na sua fortaleza, morrendo queimado e Onri se firmou como o novo rei de Israel, inaugurando uma nova dinastia, que ficaria na história como a pior, a mais pecadora e a mais perniciosa de todas as famílias que reinaram no Norte.

Onri governou durante 12 anos, e do ponto de vista material foi um governo de progresso e consolidação política. Instalou a capital do reino em Samária, que estando no cume de um outeiro, era uma posição privilegiada para uma capital, pois veremos que mesmo tendo sido diversas vezes assediada por inimigos, ela seria somente dominada pelos assírios que ainda assim precisaram impor um cerco de 3 anos à cidade, antes de poderem tomá-la. Com Onri Israel começou a se projetar internacionalmente e um período de prosperidade se iniciou. A paz com os irmãos vizinhos de Judá também foi firmada e logo mais veremos os dois reinos juntos em ações militares, bem como a família de Onri se unindo pelo casamento com a família real de Judá.

Mas como com todos os reis de Israel, Onri fez o que era mau aos olhos do Senhor, e com a sua morte, o seu filho Acabe assumiu o trono. A administração de Acabe continuou o que foi iniciado por seu pai, e Israel prosperou tendo obtido vitórias militares importantes sobre os Sírios, quando instruído por um profeta enviado por Deus, os israelitas, mesmo em inferioridade, venceram os sírios de Bene-Hadade. Relatos dos assírios também registram uma vitória importante de Israel e seus aliados sobre a Assíria na famosa batalha de Carcar.

Por todo Israel, Acabe construiu e fortificou muitas cidades incluindo Jericó (I Rs  16:34; 22:39). Além disso, impôs pesados tributos em gados de Moabe (II Rs 3:4), que lhe proporcionaram um favorável equilíbrio no comércio com a Fenícia e a Síria.

A respeito de Judá, assegurou uma política de amizade pelo matrimônio de sua filha Atalia com Jorão, filho de Josafá (865 a.C.) O apoio de Judá fortaleceu Israel contra a Síria. Mantendo a paz e desenvolvendo um lucrativo comércio, Acabe esteve em condições de continuar o programa de construções na Samaria. A riqueza que cobiçava para si mesmo, está indicada em I Reis 22:39, onde se faz referência a uma "casa de marfim". O marfim descoberto pelos arqueólogos nas ruínas de Samaria pode muito bem ser do tempo de Acabe.

Enquanto Onri pôde ter introduzido Baal, o deus de Tiro, em Israel, Acabe promoveu o culto a este ídolo. Em sua grande cidade capital, Samaria, construiu um templo a Baal (I Reis 16:30-33). Centenas de profetas foram levados a Israel para fazer do baalismo a religião do povo de Acabe. Do narrador bíblico ouvimos em I Rs 21:25 que ninguém se igualou a Acabe no desagradar a Deus. Acabe se casou com uma princesa de Sidon, cuja influência maléfica sobre ele e sobre todo o Israel não encontrou paralelo na história bíblica. Seu nome era Jezabel. Jezabel poderosamente influenciou todo o governo de Acabe; instalou oficialmente em Israel o culto a Baal; e de todas as maneiras perseguiu e buscou a destruição de quem quer que fosse fiel a Jeová. 

O objetivo deste estudo é trazer algumas informações, colhidas dentro da literatura evangélica, com a finalidade de ampliar a visão sobre a apostasia no reinado de Acabe. Não há nenhuma pretensão de esgotar o assunto ou de dogmatizá-lo, mas apenas trazer ao professor da EBD alguns elementos e ferramentas que poderão enriquecer sua aula.

I.             AS CAUSAS DA APOSTASIA

Jezabel, no hebraico, significa "casta, virtuosa, sem idolatria". Imagine! Esta mulher muitíssimo ímpia, idolatra, maquinadora, odienta, usando um nome que significa virtuosa, sem pecado. Alguma coisa muito má levando o nome de boa. Mas, ironicamente, é "casta?" — com um ponto de interrogação. Como? Quando? Onde? Como foi que ela se tornou casta?

           Agora olhe para Acabe. "Fez Acabe, filho de Onri, o que era mau aos olhos do Senhor, mais do que todos os que foram antes dele. Como se fosse pouco andar nos pecados de Jeroboão, filho de Nebate, ainda tomou por mulher a Jezabel, filha de Etbaal, rei dos sidônios; e foi, e serviu a Baal, e o adorou" (I Reis 16:30-31). Acabe significa "um como pai" ou "estampado com a natureza de seu pai". Jezabel representa a falsa doutrina e Acabe é sua vítima.

A Bíblia declara que não bastava que Acabe tivesse um coração inclinado para pecado, idolatria e contemporização. Ele traz para a sua vida uma influência satânica que o confirmará em seu pecado. "Não houve ninguém como Acabe, que se vendeu para fazer o que era mau aos olhos do Senhor, porque Jezabel, sua mulher, o instigava" (I Reis 21:25).

A mensagem então é: que a tendência dos cristãos que se apegam a pecados secretos e luxúria abraçam uma falsa doutrina que só os instiga e confirma em seus pecados, e contraem matrimônio com esta doutrina. A última coisa de que Acabe tinha necessidade era Jezabel. Quão perigosa! Ela salientou o que havia de pior nele, magnificou esse aspecto, e o destruiu. Dá-se o mesmo com a falsa doutrina. Se houver qualquer pecado, paixão ou mundanismo em você, a última coisa de que você precisa é uma doutrina que traga à tona o que você tem de pior.

Quando Davi pecou com Bate-Seba, ele não necessitou de um falso profeta com uma mensagem tranqüilizadora para dizer-lhe quanto Deus o amava. Ele necessitava de um profeta imparcial, Natã, com um dedo apontado, clamando: "Tu és o homem." Os que pregam a doutrina de Cristo mostram ao povo a diferença entre o mal e o bem. De seus lábios não sai nenhuma mistura. "À meu povo ensinarão a distinguir entre o santo e o profano, e o farão discernir entre o impuro e o puro" (Ezequiel 44:23). Ezequiel denuncia esses falsos profetas que se enriquecem trazendo uma mensagem que escusa o pecado.

         "Conjuração dos seus profetas há no meio dela, como um leão que ruge, arrebatando a sua presa; eles devoram as almas, tomam tesouros e coisas preciosas, e multiplicam as suas viúvas no meio dela. Os seus sacerdotes transgridem a minha lei, e profanam as minhas coisas santas; não fazem diferença entre o santo e o profano, nem discernem o impuro do puro; de meus sábados escondem os seus olhos, e assim sou profanado no meio deles. Os seus príncipes no meio dela são como lobos que arrebatam a presa para derramarem o sangue, para destruírem as almas, para seguirem a avareza. Os seus profetas têm feito para eles reboco com argamassa fraca, tendo visões falsas, e predizendo-lhes mentira, dizendo: Assim diz o Senhor Deus; sem que o Senhor tivesse falado" (Ezequiel 22:25-28).

         Como conseqüência, temos uma geração toda de crianças confusas que nem mesmo podem reconhecer o mal quando o vêem. Os falsos profetas as enganaram. Chamam de bom quando roqueiros de cabelos cor de púrpura, vestidos como sadomasoquistas, emproam-se e giram sexualmente no púlpito, explodindo seu "rock and roll".

Dizem-lhes que o sexo fora do casamento é bom enquanto você estiver apaixonado e enquanto você de fato respeitar o outro parceiro. Pregadores e professores têm-se tornado os maiores defensores do pecado na nação.

II.          OS AGENTES DA APOSTASIA

Acabe fez o mau mais que todos os que reinaram antes que ele, e o fez com particular raiva contra Jeová e Israel. Não se satisfez com romper o segundo mandamento adorando imagens; também quebrantou o primeiro, adorando outros deuses: tomar levianamente os pecados menores abre o caminho para os maiores.

Casar com outros ofensores atrevidos também acrescenta a maldade e apressa os homens a irem aos maiores excessos.
Um dos súbditos de Acabe, seguindo o exemplo de sua ousadia, se aventurou a reconstruir Jericó. Como Acã, se meteu com o anátema; tomou para uso próprio o que estava dedicado à honra de Deus: começou a edificar desafiando a maldição bem conhecida em Israel; mas nunca nenhum endureceu seu coração contra Deus e prosperou.

Acabe arrependeu-se em face à pregação de Elias. A mensagem de Elias atingiu-o muito. Ele rasgou as vestes e, por algum tempo, andou em humildade. Deus chamou a essa atitude arrependimento. "Não viste que Acabe se humilha perante mim?" (1 Reis 21:29). Daquele dia em diante ele poderia olhar para trás e dizer: "Arrependimento? Sim. Mediante a pregação daquele grande profeta de Deus, Elias, em meu jardim em Jezreel... " Para ele era uma experiência do passado, e não um caminhar diário. Não durou muito tempo. O problema era que ele havia feito uma aliança com o mundo. Ele estava de acordo com o pecado. Havia-se tornado irmão e amigo do mundo. "Irmão", aqui, significa "afinidade, um exatamente igual a mim, alguém que eu respeito". Ele estava em aliança com o que Deus havia amaldiçoado.

E também hoje há um arrependimento superficial, apesar de verdadeiro. Se a aliança com o mundo não for rompida, a pessoa voltará ao antigo estado.

Acabe alegava amar a verdade, mas no íntimo odiava a reprovação. Acabe e Josafá iam juntos à guerra contra a Síria. Quatrocentos falsos profetas pregavam sucesso: "Subam e vocês prosperarão. Vencerão." Acontece que havia um profeta solitário contra os 400 falsos profetas. Ouça a exigência de Acabe para ouvir a verdade: "Porém Micaías disse:

Tão certo como vive o Senhor o que o Senhor me disser, isso falarei. Vindo ele à presença do rei, este lhe disse: Micaías, iremos a Ramote-Gileade à peleja, ou deixaremos de ir? Respondeu-lhe ele: Sobe, e triunfarás, porque o Senhor a entregará nas mãos do rei. Disse-lhe o rei: Quantas vezes te conjurarei, que não me fales senão a verdade em nome do Senhor?" (I Reis 22:14-16). Mas em seu coração ele não desejava ouvi-la; ele a odiava. Então ele mandou encarcerar o profeta.

Pastores, professores e todos os da congregação hoje dizem: "Desejamos muito a verdade. Pregue-a conforme ela é. Vá. Despeje-a. Não importa quanto machuque." Mas em seus corações, alguns estão dizendo: "Sombria demais. Dura demais. Já não agüento isto."

"Mas tenho contra ti que toleras a Jezabel, mulher que se diz profetisa. Com o seu ensino ela engana os meus servos, seduzindo-os a se prostituírem e a comerem das coisas sacrificadas aos ídolos" (Ap 2:20). A palavra grega aqui traduzida por Jezabel é sinônimo de falso mestre.

Chegamos à perigosa condição sobre a qual Cristo avisou. Há multidões de pastores, professores e evangelistas sob o encanto sedutor da doutrina de Jezabel. Estes mestres seduzidos, por sua vez estão produzindo "filhos da sedução". Ensinam a prostituição e o consumo de alimento dos ídolos — isto é prostituição espiritual. É comer o alimento demoníaco de doutrinas que escusam o pecado.

Quero dizer, de modo que não reste dúvida, que é perigoso dar ouvidos a ensino errôneo. A falsa doutrina pode condená-lo ao inferno mais rapidamente do que todas as paixões ou pecados da carne. Os falsos pregadores e mestres estão mandando mais gente para o inferno do que todos os traficantes de drogas, rufiões e prostitutas combinados. Não acho que esta seja uma afirmativa exagerada — creio nisso. Multidões de cristãos cegos, mal conduzidos, estão cantando e louvando ao Senhor em igrejas escravizadas pela falsa doutrina. Milhares sentam-se para ouvir mestres que estão pregando a doutrina de demônios — e ainda saem dizendo: "Não é maravilhoso?"

Cristo não considera esta questão de maneira superficial. Seus olhos ainda penetram a igreja, e ele vem para advertir, expor e salvar o seu povo e seus servos desta terrível sedução. Seria bom que levássemos este assunto a sério. É sério com relação à igreja que você freqüenta. É sério quanto a quem você está dando ouvidos. É sério o ensino que domina seu coração.


A marca de um cristão seduzido é ser "levado por todos os lados" buscando algum ensino novo, diferente, estranho. A Bíblia adverte: "Não vos deixeis envolver por doutrinas várias e estranhas" (Hebreus 13:9). Não se deixe conduzir de cá para lá. Não nos referimos aqui às vezes em que um crente maduro ouve em outra igreja (que não a sua) um verdadeiro homem de Deus pregar a Cristo e o arrependimento. Referimo-nos aqui a correr de um lugar para outro, de seminário para convenção, de uma igreja para outra, de reunião de milagre após reunião de cura, não tendo raízes. Seus ouvidos estão sempre em comichão para ouvir algo novo, algo sensacional, algo que entretém, algo agradável à carne.

III.   APOSTASIA

Possivelmente, muitas pessoas na Igreja hoje pensam que enquanto o sangue de touros e bodes não podia realmente esconder os pecados daqueles que “não estavam completamente prontos para mudar”, o sangue de Jesus pode fazê-lo, porque é muito mais eficaz. Esta é uma idéia errada. Embora verdadeiramente o sangue de Jesus seja muito mais “eficaz”, ele esconde de Deus apenas aqueles pecados dos quais verdadeiramente nos arrependemos. Embora muitos cristãos hoje digam que “Deus não vê os nossos pecados, mas apenas o sangue”, a Bíblia diz que “os olhos do Senhor estão em todo lugar contemplando os maus e os bons” (Pv 15:3). E também “todas as coisas estão descobertas e patentes aos olhos daquele a quem temos que prestar contas.” (Hb 4:13) Você vê, Deus conhece nossos motivos. Ele vê nossos corações. Nunca podemos enganá-lo, mesmo que nos decepcionamos nos mesmos.

Sim, uma vez que nos arrependemos verdadeira e completamente, nosso pecado que estava entre Ele e nós é removido e “Assim como o oriente dista do ocidente” (Sl 103:12) Ele não se lembra mais deles. Mas isto é resultado de um espírito quebrantado e contrito. É algo que acontece com aqueles que vêm a Deus com um coração sincero e verdadeiro (Hb 10:22). Quando, à luz de Deus, somos convencidos do que fizemos e do que somos e nos arrependemos de verdade, nossos pecados são de fato perdoados e removidos para sempre.

Entretanto, se Deus não aceitava o sangue de animais inocentes para perdoar pecadores não arrependidos, quanto menos aceitará o sangue de Seu mais precioso Filho para aliviar cristãos não arrependidos de sua justa recompensa. Se não estamos prontos e desejosos de nos arrepender total e completamente e nos voltarmos dos nossos maus caminhos, o sangue de Jesus não nos fará bem algum.

Não faz diferença se nascemos de novo. De fato, tentar tirar vantagem do sangue precioso do Filho de Deus deste modo só tornará pior a nossa situação. Deus nunca é escarnecido ou decepcionado, mesmo que nós nos decepcionemos.

As verdades que estivemos investigando aqui neste texto aplicam-se a crentes tanto quanto a descrentes. Os passos necessários para receber perdão são também para os cristãos. Há muitos membros de Igreja hoje que, embora tenham um dia nascido de novo, não estão totalmente convencidos do pecado nem inteiramente arrependidos e, portanto, não completamente perdoados. Muitos dos filhos de Deus estão andando em pecado e, portanto, não foram, eu repito, não foram perdoados por Deus. Receber a vida eterna, na verdade, requer uma convicção inicial e arrependimento. Entretanto, a necessidade de perdão não acaba aqui. Assumindo que alguém tenha realmente nascido na família de Deus, ainda permanece a necessidade de um arrependimento contínuo.

Arrependimento, para o crente, não é meramente uma ocorrência única, mas uma experiência diária, cada vez mais profunda. Quanto mais crescemos espiritualmente, mais próximo caminhamos com a luz do mundo, mais profundamente sentimos nosso estado pecaminoso. Quando eu era um novo cristão, pensava algo assim: “depois de 20 ou 30 anos caminhando com o Senhor, vou ser realmente santo”. Mas, a minha experiência depois de 20 ou 30 anos, é: “eu sou verdadeiramente ímpio e merecedor da morte”. Embora nesta posição, eu sei que sou constantemente perdoado e limpo. Glória a Deus, conforme “confessamos” os nossos pecados, Ele faz duas coisas. Não apenas nos perdoa por aquilo que fizemos, mas nos limpa daquilo que somos. (I João 1:9).

Em I João 1:7, vemos ainda que há uma outra exigência a ser cumprida para sermos perdoados. Nesta passagem está claro que o perdão não é apenas uma “coisa de um tempo só”. É uma experiência contínua para cada cristão verdadeiro. João nos ensina que “Se andamos na luz, como Ele é a luz,... o sangue de Jesus nos purifica de todo o pecado”. A palavra “se” aqui indica que há definitivamente um pré requisito para a nossa limpeza. “Andar na luz significa que estamos sendo constantemente iluminados pela luz do semblante de Jesus. Nós estamos vivendo em Sua presença a cada dia. Assim, pela expressão de Sua face, cada pensamento, atitude ou ação é revelado a nós como realmente é. Se, e quando, eles forem pecadores, então poderemos nos arrepender novamente e experimentar o maravilhoso perdão e a purificação que são gratuitamente dados a nós em Cristo.
Para um crente viver em perdão, ele precisa andar na presença de Deus, respondendo continuamente a qualquer convicção de pecado quando ela ocorrer.

A causa básica da apostasia é o pecado. Muitos Cristãos não resistem ao pecado. Devido à sua atitude de complacência, expõem-se ao pecado e conseqüentemente se afastam do Senhor. Este afastamento pode levá-los a uma condição de esfriamento tal que resulte em negação da fé (apostasia). “Não vos enganeis: “As más companhias corrompem os bons hábitos” (I Co 15:33). Jesus disse: “O pecado reinará por toda a parte e arrefecerá o amor de muitos” (Mt 24:12; Bíblia Viva).

CONCLUSÃO

Na confecção deste pequeno estudo, buscamos consultar literatura que mais se aproxima com o pensamento de nossa denominação, tentando não perder a coerência teológica. Evitamos expressar conceitos e opiniões pessoais sem o devido embasamento na Palavra, pois a finalidade é agregar conhecimentos, enriquecer a aula da escola dominical e proporcionar ao professor domínio sobre a matéria em tela. Caso alcance tais finalidades, agradeço ao meu DEUS por esta grandiosa oportunidade.
                                                        

Ev. JOSÉ COSTA JUNIOR


26 de dezembro de 2012

MALAQUIAS – A SACRALIDADE DA FAMÍLIA


MALAQUIAS – A SACRALIDADE DA FAMÍLIA

                                                       Ev. JOSÉ COSTA JUNIOR

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

         Chegamos agora ao último profeta do Antigo Testamento. É interessante que nada se sabe acerca de Malaquias; sua origem, descendência, onde viveu, etc.. é tudo desconhecido. Profetizou entre 433 e 425 a.C., após o templo haver sido reconstruído. Os destinatários de sua mensagem também eram os que retornaram do cativeiro babilônico e os sacerdotes. Estimulados pela atividade profética de Ageu e Zacarias, os exilados que retornaram a Jerusalém e Judá sob a liderança do governador Zorobabel, haviam terminado a construção do templo em 516 a.C. Em 458 a.C. a comunidade havia sido fortalecida pela vinda de Esdras, o sacerdote, e vários milhares de outros judeus. O rei Artaxerxes da Pérsia, encorajou Esdras a desenvolver o culto no Templo (Ed 7:17) e de assegurar a obediência à lei mosaica (Ed 7:25-26).

         Treze anos mais tarde (em 445 a.c.) o mesmo rei persa permitiu ao seu copeiro Neemias retornar a Jerusalém e reconstruir os muros da cidade (Ne 6:15). Como novo governador, Neemias também foi ponta de lança nas reformas para ajudar os pobres (Ne 10:30-31) e para o povo trazer os dízimos e ofertas com fidelidade (Ne 10:37-39).

Em 433 a.C. Neemias retornou ao serviço do rei persa, e durante sua ausência os judeus caíram em pecado mais uma vez. Mais tarde, entretanto, Neemias voltou a Jerusalém para descobrir que os dízimos haviam sido ignorados, o sábado havia sido quebrado, o povo havia casado com estrangeiros, e os sacerdotes haviam se corrompido (Nem 13:7-31). Vários destes pecados são condenados por Malaquias, pois com o passar dos anos, os judeus foram ficando desiludidos. A prosperidade prometida não retornava. A vida era difícil. Estavam cercados por inimigos, como os samaritanos, os quais procuravam impedi-los em cada oportunidade. Sofriam por causa da seca e das más colheitas e da fome.

Começaram a duvidar do amor de Deus. Punham em dúvida a justiça de Seu governo moral. Diziam que o praticante do mal era bom aos olhos do Senhor. Argumentavam que não havia proveito na obediência aos Seus mandamentos e em andar penitentemente perante Ele, pois eram os ímpios, que dependiam de si mesmos, os que prosperavam. O profeta, então, começou a responder-lhes, mostrando-lhes que tal ceticismo se baseava na hipocrisia. Se lhes cabia a adversidade, esta havia caído sobre eles, não a despeito de sua piedade, mas antes, por causa de sua pecaminosidade.

Por exemplo, havia a adoração corrompida em seus deveres no templo. Mostravam-se maus líderes de um povo que trazia ofertas inaceitáveis, mesmo depois de haverem prometido melhores ofertas. Os próprios gentios ofereciam sacrifícios mais dignos. O povo também vivia transgredindo, pois os homens se divorciavam das mulheres com quem se tinham casado na juventude e contraíam casamento com mulheres estrangeiras. Prevaleciam pecados de todas as espécies: feitiçaria, adultério, desonestidade, opressão aos fracos e impiedade generalizada. Como poderiam esperar a prosperidade quando a nação estava apodrecida com tais práticas?


Malaquias, em verdadeira nota profética, condenou os pecados e convocou o povo para que se arrependesse. Caso purificassem sua adoração, obedecessem à lei e pagassem seus dízimos na íntegra, então o resultado seria as bênçãos de Deus. Ao fazer soar esse apelo, o profeta revelou que possuía uma alta concepção sobre Deus. Deus era o majestoso Senhor dos Exércitos; Seus decretos e juízos eram irresistíveis; Seu amor era santo e imutável. O profeta percebia a salvação final para seu povo, não no arrependimento deles, mas na ação do Senhor. Raiaria o grande dia do Senhor. Esse dia purificaria e vindicaria os piedosos e destruiria os ímpios. Esse dia seria preparado com a vinda do profeta Elias.

         O objetivo deste estudo é trazer algumas informações, colhidas dentro da literatura evangélica, com a finalidade de ampliar a visão sobre aspectos do livro de Malaquias. Não há nenhuma pretensão de esgotar o assunto ou de dogmatizá-lo, mas apenas trazer ao professor da EBD alguns elementos e ferramentas que poderão enriquecer sua aula.

I.              O LIVRO DE MALAQUIAS

O nome Malaquias significa “meu mensageiro”, tendo sido o profeta após os dias de Neemias, então já governador de Jerusalém, onde a condição dos judeus havia se tornado deplorável. Ele é “um lado da ponte” entre o Antigo e o Novo Testamento (3:1). Há 400 anos de silêncio entre a voz de Malaquias e a “voz do que clama no deserto” – que é João batista (João 1:23) – que é o “outro lado da ponte”. O tema central do livro de Malaquias é: “Deus ainda diz: prova-me agora”; tendo o versículo chave em 3:9 que diz:

Vós sois amaldiçoados com a maldição, porque a mim me roubais, sim, vós, esta nação toda”.

O conceito chave para se entender a profecia é: “ainda é tempo para voltar, para arrepender-se, e provar Deus, pois Ele virá”.  Este conceito vem acompanhado da mensagem central em 3:1, que diz pela última vez: “Eis que ele vem!”

A estrutura do livro de Malaquias é bem simples, sendo apenas três divisões:

1.             amor de Deus afirmado – 1:1-5
2.             O amor de Deus escarnecido – 1:6 - 2:17 e 3:7-15;
3.             O amor de Deus demonstrado – 3:1-6; 3:16 a 4:6.

Tudo quanto sabemos sobre o profeta propriamente dito, temos de inferir de suas declarações. Ele era um profeta autêntico. Falava com plena autoridade. Podia realmente dizer: "Assim diz o Senhor dos Exércitos". Tinha um amor intenso por Israel e pelos serviços efetuados no templo e sua concepção sobre a tradição e os deveres dos sacerdotes era bem alta. Tem sido dito freqüentemente que enquanto outros profetas frisaram a moralidade e a religião no íntimo, Malaquias punha ênfase sobre a adoração e o ritual. Mas, apesar de que isso seja verdade quanto aos aspectos gerais, temos de notar que ele não se esquecia totalmente das obrigações morais de Israel (ver a formidável lista de Ml 3.5), e que, para ele, o ritual não era uma finalidade em si mesmo, mas apenas a expressão da fé do povo no Senhor.


Seu estilo é simples, direto e caracterizado pela freqüente ocorrência das palavras "mas vós dizeis". Talvez isso signifique mais que um método retórico do escritor; pode ter tido sua origem nos clamores de protesto e dúvida dos perguntadores, quando ele pregou sua primeira mensagem nas ruas.
Com o livro de Malaquias foi arriada a cortina sobre a cena profética, até a vinda do Batista. As palavras vívidas e poderosas dos profetas não mais foram ouvidas. Os escribas e os sacerdotes se tornaram os principais personagens religiosos. A era criativa havia cedido lugar à era do aprendizado. Os judeus contavam, agora, com grande tesouro literário e seus exegetas, aqueles que expunham essa literatura, tornaram-se o novo canal para a voz de Deus.

II.           O JUGO DESIGUAL

“Eu te amei, diz o Senhor”, entretanto a cada momento os israelitas perguntavam questões paradoxais a Jeová. Estas questões vinham de um povo irritado que dizia que Deus havia falhado em provar o Seu amor. Observemos as sete questões listadas por Malaquias:

·               Em que nos tens amado? – 1:2
·               Em que nós temos desprezado o teu nome? – 1:6
·               Em que te havemos profanado? – 1:7
·               Em que o havemos enfadado? – 2:17
·               Em que havemos de retornar? – 3:7
·               Em que te roubamos? – 3:8
·               Que temos falado contra ti? – 3:13.

O que impressiona nessa parte é que Deus argumenta das tantas e inúmeras vezes em que fielmente tem demonstrado o seu amor e Sua fidelidade, e ainda assim o povo contra-argumenta. Parecem cegos aos fatos mais evidentes. Quantas vezes nós também, de tão absorvidos conosco mesmos não vemos as coisas mais evidentes que Deus faz para nós e ao nosso redor por nós. É a teimosia pecaminosa da velha natureza egocêntrica em ação.

O amor de Deus havia sido escarnecido pelos sacerdotes (1:6 – 2:9). Eles haviam enganado ao Senhor através de ofertas defeituosas e doentes. Eles davam menos do que o melhor – observemos as afirmações em 1:12-13, em especial. O amor de Deus havia sido também escarnecido pelo povo. Primeiro ao enganarem seus irmãos (2:10); depois pelo casamento misto (2:11); ainda pela imoralidade (2:14); continuando pela insinceridade (2:17); seguindo pelo roubar a Deus (3:8-10); e finalmente por falarem contra Deus (3:13-15). O povo havia se voltado para os prazeres e emoções imediatas sem perceber que estava realmente escarnecendo de Deus. Estavam sem consciência, pois esta havia se corrompida, havia sido cauterizada.

A importância do significado teológico e ético da mensagem de Malaquias é de que Deus havia revelado seu amor pelo seu povo através de toda a sua história. Este amor revelado fez com que o povo de Deus se tornasse responsável. Eles deveriam obedecer aos ensinamentos da lei moral de Deus (a Tora) e as pregações dos profetas de Deus. Mas assim não fizeram, e não o fizeram repetidas e insistentes vezes.



         Não temos nós todos um mesmo Pai?(2:10) O fato que Israel tinha em Deus um Pai e Criador comum, deveria fazê-los unir-se juntamente e desprezar qualquer traição que tendesse a interromper essa unidade. Porém, Judá mostra-se desleal (11) e tinha profanado o santuário do Senhor com seus casamentos com estrangeiras.
         Isto levanta algumas questões para nossa ponderação:

Como a situação dos exilados que retornaram a Jerusalém era semelhante a dos cristãos crentes nos dias de hoje?
O que é que Malaquias ensina acerca do compromisso de Deus para com seu povo?

O que Malaquias nos ensina acerca das responsabilidades do povo de Deus?
As respostas a estas questões são muito óbvias e demonstradas na história do povo judeu, e assim também na vida da igreja de Cristo e em nossa vida como membros do corpo vivo de Cristo. É necessário, no entanto, refletirmos cuidadosamente, e com honestidade total, sobre estas questões e respostas quando se trata de cada um de nós. A realidade é a mesma, infelizmente. É por isto que tanta coisa que deveria estar acontecendo não acontece.

Seria um bom alvitre, aproveitarmos a próxima oportunidade da Ceia do Senhor, para examinarmo-nos a nós mesmos, como Paulo instrui os Coríntios na sua primeira carta capítulo onze, e ver se não estamos em falta de sintonia com Deus, pecando contra o corpo de Cristo.

III.   DEUS ODEIA O DIVÓRCIO

Uma aliança é um pacto ou acordo entre duas pessoas e faz com que estas fiquem amarradas em um relacionamento profundo e duradouro. Realmente significa que não são mais duas vidas separadas, mas agora compartilham uma vida juntos. Na Bíblia vemos que DEUS fez aliança com várias pessoas, sendo uma das mais notáveis foi a que realizou com Abraão, estabelecendo a nação judaica (Gn 12:1-3). Depois da morte e ressurreição do SENHOR JESUS, aqueles que recebem JESUS como SENHOR e SALVADOR, são parceiros na Nova Aliança com DEUS (Hb 8; 6-13).

O amor de aliança é forte. DEUS diz: “Dou a minha vida por você” (I Co 13:1-8). Através das Escrituras vemos que DEUS permaneceu fiel às SUAS promessas de aliança, mesmo quando o homem, SEU parceiro na aliança, falhou em guardar o seu lado do trato. O amor da aliança é fiel a despeito do que o outro parceiro esteja fazendo. A razão para isso é que cada aliança contem dentro de si promessas e termos ou condições. Quando as pessoas entram em aliança, elas prometem certas coisas umas as outras e declaram as condições sob as quais manterão as suas promessas. Se um parceiro da aliança é infiel a sua promessa, isso não força o outro a sê-lo também. Através de todo o Velho Testamento vemos DEUS, fiel parceiro da aliança, chamando Israel, o parceiro infiel da aliança. A infidelidade de Israel não mudou o coração de DEUS em relação a ela. ELE continua sustentando-a, amando-a e chamando-a de volta para ELE até este dia.

A Bíblia trata o casamento como um relacionamento de aliança: “...sendo ela a tua companheira, e a mulher da tua aliança” (Ml 2:14). O pensamento correto sobre a natureza do casamento dá o alicerce para sabermos o que Deus pensa do divórcio.

Se o nosso Deus é um Deus de aliança, e Ele não quebra nem permite quebra de aliança, também não permite que o casamento seja quebrado. Como Deus não se divorcia do seu povo, assim ele não permite que marido e mulher se divorciem. Divorciar-se é quebrar o matrimônio da Aliança - Lemos em Ml 2:16 "Porque o Senhor Deus de Israel diz que odeia o divórcio ..."

Precisamos compreender o texto de Mt. 19:1-7 em que Jesus diz que o divórcio é proibido, mas que foi permitido por causa da dureza do coração. Deus nunca intencionou o divórcio, pois este contraria a essência do casamento como uma aliança que nunca deverá ser quebrada, anulada. Você então pergunta: Por que foi dada a permissão para o divórcio conforme Mt. 19:7? Não foi dada uma permissão. No verso seis JESUS termina sua explicação sobre o que lhe foi perguntado “É lícito ao homem repudiar sua mulher por qualquer motivo?” (Mt 19:3) de forma bem categórica: “Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem” Mt 19:6. Quando lhe é questionado sobre a Lei mosaica (Antiga Aliança) Jesus responde em 19:9 - "Quem repudiar sua mulher, não sendo por causa de relações sexuais ilícitas, e casar com outra comete adultério ...". Note bem que sua explicação é referente à Lei mosaica e diante do que lhe foi perguntado. Nós vivemos sob Nova Aliança, conforme Paulo exorta em sua carta aos Coríntios: “Se, porém, se apartar, que fique sem casar, ou que se reconcilie com o marido; e que o marido não deixe a mulher.” (1 Co 7:10-11).

Malaquias lembra-nos aqui que a vontade de Deus, a respeito do casamento, sempre foi a mesma.  Enquanto alguns podem procurar justaficativas baseadas nos abusos que eram tolerados durante a era patriarcal, ou sob a lei de Moisés, Jesus nos diz que a vontade básica de Deus sempre foi a mesma:  "Não tendes lido que o Criador, desde o princípio os fez homem e mulher, e que disse:  Por esta causa deixará o homem pai e mãe e se unirá a sua mulher, tornando-se os dois uma só carne? . . .  Portanto  o que Deus ajuntou, não o separe o homem" (Mateus 19:4-6).

 As Escrituras dizem que DEUS projetou e criou o casamento para ser algo bom. Ele é um presente lindo e inestimável. DEUS usa o casamento para nos ajudar a acabar com a solidão, multiplicar nossa eficiência, construir famílias, criar filhos, curtir a vida e nos abençoar com o relacionamento íntimo. Além disso, o casamento também nos mostra a necessidade de crescer e de lidar com nossas próprias dificuldades e com o egocentrismo, através da ajuda de um companheiro para toda a vida. Se somos "ensináveis", iremos aprender a fazer aquilo que é mais importante no casamento - amar. Esta poderosa união lhe mostra o caminho para amar incondicionalmente outra pessoa imperfeita. Isto é maravilhoso. É difícil. É uma mudança de vida. Gálatas 5:22 descreve a obra do Espírito de Deus na vida do crente.

Na medida em que ele se submete ao Espírito Santo, começa a desenvolver, de maneira crescente, amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, fé e domínio próprio. Jesus salienta o princípio universal de que a pessoa ceifa o que semeia; por conseguinte, o amor (ou qualquer outro atributo) que é dado será constan­temente devolvido ao doador. Segue-se, então, que aquele que dá e recebe atributos espirituais terá, sem dúvida, um casamento agradável e satisfatório.



Eu particularmente não acredito que existam casamentos perfeitos, mas, sim, casamentos saudáveis. E para conseguirmos isto, não é fácil. E, nessa busca, o casamento enfrenta, a todo o momento, situações desafiadoras que precisam ser superadas para que ele alcance santificação e vitórias. A verdade é que em direção ao alvo (CRISTO), permeamos um percurso cheio de obstáculo. Mas, com o empenho pessoal, e na força que Deus supre, “Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores por meio daquele que nos amou”. Rm. 8:37.

CONCLUSÃO
Na confecção deste pequeno estudo, buscamos consultar literatura que mais se aproxima com o pensamento de nossa denominação, tentando não perder a coerência teológica. Evitamos expressar conceitos e opiniões pessoais sem o devido embasamento na Palavra, pois a finalidade é agregar conhecimentos, enriquecer a aula da escola dominical e proporcionar ao professor domínio sobre a matéria em tela. Caso alcance tais finalidades, agradeço ao meu DEUS por esta grandiosa oportunidade.



                                                       Ev. JOSÉ COSTA JUNIOR