6 de março de 2013

HÁ UM MILAGRE EM SUA CASA


HÁ UM MILAGRE EM SUA CASA

TEXTO ÁUREO = “Então, entra, e fecha a porta sobre ti e sobre teus filhos, e deita o azeite em todos aqueles vasos, e põe à parte o que estiver cheio” (2 Rs 4.4).

VERDADE PRÁTICA = A historia da multiplicação do azeite da viúva mostra claramente que o Senhor é soberano e gracioso para suprir todas as necessidades de seus filhos.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE = 2 Reis 4.1-7

INTRODUÇÃO

Uma viúva de um discípulo de Eliseu estava em apuros financeiros, e os credores estavam batendo em sua porta constantemente, e ela não tinha com o que pagar as suas dívidas, e a ameaça de seus credores era de levarem os dois filhos dela como escravos para que a dívida fosse paga.

A MOTIVAÇÃO DO MILAGRE

Um dos homens de Deus a quem muito espaço é dado na Palavra é Eliseu. Eliseu era um seguidor de Elias, cujo ministério ele sucedeu (ver 2 Reis 2). Ele caminhou poderosamente com o Senhor e dos muitos milagres que Deus fez através dele, nós iremos considerar neste estudo apenas dois deles. Em ambos os casos nosso foco estará na habilidade de Deus em libertar aqueles que procuram por Ele por qualquer problema que eles possam ter.  

2 Reis 4:1-7: a viúva e os dois filhos

2 Reis 4:1 = “E uma mulher, das mulheres dos filhos dos profetas, clamou a Eliseu, dizendo: Meu marido, teu servo, morreu; e tu sabes que o teu servo temia ao SENHOR; e veio o credor, para levar os meus dois filhos para serem servos.” 

 De acordo com a passagem, esta mulher era esposa de um homem que temia e reverenciava profundamente, o Senhor. Infelizmente, seu marido morreu deixando a sua família uma dívida que eles não podiam pagar. Como resultado, o credor estava vindo para levar seus dois filhos para serem escravos. Disto nós podemos facilmente entender, a emergência da situação: a mulher por causa de uma dívida não paga estava perto de perder seus dois filhos. 

Para encarar este problema ela clamou a Eliseu, o homem de Deus. Com certeza, sua escolha em recorrer, neste tempo crucial ao homem de Deus não foi acidental. Realmente, quando o tempo é tão limitado (“o credor estava vindo” imperfeito, ou seja, ele estava a caminho) você não vai exceto para aqueles que você sabe que podem te ajudar. Obviamente, o homem que essa mulher acreditava que poderia ajudá-la era Eliseu, o homem de Deus. 

Evidentemente, ela determinou LUTAR contra essa dificuldade e lutar COM DEUS. Tendo em vista o que a viúva disse a Eliseu, vamos ver agora o que Eliseu respondeu a ela:
Entretanto, o ponto não era o que aconteceu. O que aconteceu, aconteceu. O que conta agora não era o passado, mas que no recente momento ela precisava imediatamente de suporte e para encontrar isso ela procurou o Senhor. Também vemos que Eliseu não tentou livra-se dela porque o problema era “muito difícil”. Ele certamente não tem uma solução para o problema dela, antes de Deus providenciar uma solução milagrosa que nós leremos em um momento. Porém, isto não significa que ele não estava disponível para ajudá-la. Ao contrário, sua resposta mostrou que ele estava pronto para ajudar na maneira que ele podia. O verso 2 nos dá a resposta da mulher para a pergunta de Eliseu: 

A DINAMICA DO MILAGRE

DIZE-ME QUE É O QUE TENS EM CASA = Possuímos dons, talentos, e Deus quer nos capacitar e aprimorar mais, o Senhor quer nos usar, quer fazer de nós vasos de benção nas mãos Dele. Esta mulher tinha uma botija de azeite. Devemos valorizar o que temos, e fazer das oportunidades a alavanca para o sucesso. Sempre teremos algo para fazer, algo para oferecer, um escape, uma saída, por mais difícil que possa parecer.

Qual tem sido a nossa resposta a Deus. Temos valorizado tudo o que Ele tem nos dado? Devemos deixar o pessimismo, a incredulidade, o negativismo. Sempre existe um escape, um livramento, uma alternativa para sairmos de uma situação difícil. Esta mulher tinha uma botija de azeite. Deus sabe o que precisamos em nossas vidas, conhece a verdadeira necessidade que temos, e nós mesmos, muitas vezes estamos perturbados e não sabemos direito o que precisamos realmente.
Devemos nos ajudar uns aos outros, emprestar e não ter orgulho de pedir: seja um conselho, uma ajuda, uma oração, o ombro amigo para chorar. O orgulho de nos acharmos superiores, ou melhores, ou querer manter uma máscara demonstrando que esta tudo bem, que não nos falta nada, quando que na verdade estamos feridos por dentro, magoados, chateados, precisando de uma cura, de uma libertação, de uma transformação, de um milagre. Devemos expressar a nossa necessidade. Esta mulher teve que pedir a ajuda de seus vizinhos, teve que bater nas portas das casas para pegar vasilhas obedecendo a instrução do profeta.

FECHA A PORTA SOBRE TI = Há momentos que temos que nos resguardar, nos calar, nos aquietar, e aguardar o milagre, a transformação. Há tempo para nos expressar, mas também há tempo para nos calar, para ficarmos quietos, somente orando, meditando, buscando a Deus em secreto. Quando o milagre estava acontecendo, foi sem exibicionismo, foi com a porta fechada da sua casa

E ELA AS ENCHIA = Precisamos agir com fé, pois a fé sem obras, sem atitudes, sem ação, é morta. A mulher pegou as vasilhas e começou a enchê-las a partir da botija de azeite que ela tinha em sua casa. Ela foi que encheu as vasilhas e não o profeta. Este somente deu a orientação. Da mesma forma, Deus nos orienta, conforme as nossas forças e os nossos recursos, a agirmos e buscarmos a solução para os nossos problemas. Mas nós que temos que correr atrás, que buscar, que agir.

CHEGA-ME AQUI MAIS UMA VASILHA = Os filhos da viúva já haviam percorrido todas as casas próximas e pegado todas as vasilhas que haviam para levar para a sua mãe encher de azeite. Elas estavam todas cheias de azeite, e ainda não havia acabado o azeite da botija que eles tinham em sua casa.

VIVEI DO RESTO = Com as vasilhas que foram cheias de azeite dava para pagar a dívida com o credor e ainda sobraria recursos para que ela e seus dois filhos pudessem viver bem. Jesus pagou a dívida que tínhamos para com Deus por causa do pecado, e esta é a melhor e maior benção que poderíamos receber em nossas vidas. Mas Deus tem muito mais a nos dar.

                       O INSTRUMENTOS DO MILAGRE = ÊXODO 18: 13 - 27

Moisés foi um homem grandemente usado por Deus, foi um instrumento de Deus para o cumprimento dos Seus propósitos.
O que mudou para os nossos dias ??? = Hoje pelo sacrifício de Jesus no Calvário podemos chegar a Deus sem outros mediadores ( Hebreus 1: 1,2). Jesus é o sumo-sacerdote. Hoje não existem profetas como no VT. A profecia de nossos dias é a pregação da Palavra de Deus.

O que não mudou. Da mesma forma que Moisés liderava e orientava o povo da parte de Deus, hoje ainda homens e mulheres de Deus têm esta função de liderar, ensinar e pregar a Palavra de Deus;

Da mesma forma que Moisés intercedia a Deus pelo povo, ainda hoje Deus requer de nós uma vida de oração constante;

Da mesma forma que Deus usou Moisés como instrumento de benção, ainda hoje Deus quer usar homens e mulheres.

Como ser usado por Deus então? como sermos instrumentos de bênçãos nas mãos de Deus ?

Vejamos, de acordo com o texto bíblico, quais são as CARACTERÍSTICAS QUE SÃO REQUERIDAS DE ALGUÉM QUE QUER SER INSTRUMENTO USADO POR DEUS:

Versículo 17 - Havia o costume do povo ir a Moisés para buscar conselhos e consultá-lo a respeito de tudo. Ficavam então em pé no deserto durante todo o dia esperando o momento de falar com Moisés (vers. 14). Era muito desgastante para ambas as partes, tanto para o povo como para Moisés.O texto mostra claramente que Moisés ouviu os conselhos de Jetro, seu sogro e fez tudo quanto ele havia dito. (texto que concorda: Tiago 1: 19). Mesmo sendo o líder escolhido por Deus, Moisés ouviu e atendeu. Isso demonstra a HUMILDADE de Moisés.

Quem quer usado por Deus precisa ser Humilde, saber ouvir, refletir e discernir sobre o que ouviu. Precisa ser alguém que não importa a posição que ocupe, ouça as pessoas, pois Deus fala através de pessoas. Moisés era HUMILDE. Quer ser usado ? seja Humilde.

Versículo 21 - HOMENS CAPAZES - Pessoas experimentadas, maduras, prontas para trabalhar (aplicação: oração e Bíblia). O sentido do texto é capacidade devido a comunhão e intimidade com Deus, pessoas que conhecem a Deus e tem um relacionamento profundo e íntimo com Ele adquirido através de uma vida de oração e estudo da Bíblia. Pessoas capazes de aceitar desafios por causa de seu relacionamento com Deus. 

Quer ser usado por Deus? Busque ter intimidade com Deus através da oração e Bíblia e acostume-se a trabalhar para o reino de Deus.

Versículo 21 - HOMENS TEMENTES A DEUS - Pessoas que tem “temor” a Deus. O sentido da palavra “temor” no texto bíblico não é o significado literal da palavra no original hebraico que é “ter medo de”. Sabemos que não servimos a Deus apavorados com Ele. Existem vários sentidos que a palavra pode apresentar graças ao contexto em que ela é aplicada pelo escritor humano no texto inspirado, isso se chama “campo semântico”, por isso o contexto deve ser respeitado para uma interpretação correta e única das Escrituras Sagradas. O sentido de “temor” em toda a Escritura é de “um profundo respeito e reverência a Deus em tudo que faz sejam por palavras sejam por atos”, isso tudo devido a gratidão e o amor que temos por Deus, não por medo. É uma vida de compromisso com Deus, uma vida piedosa.

Quer ser usado por Deus? Seja temente a Deus em tudo. “Eu não faço isso por temor a Deus ou ainda, eu faço isso por temor a Deus”, essa deve ser nossa atitude diante de todas as situações e circunstâncias de nossa vida. (Exemplo de Abraão em Gen. 22:12).

Versículo 21 - HOMENS DE VERDADE - Pessoas que amem a verdade, que são fiéis e francas. Homens e mulheres de Deus que não se omitem em dizer a verdade em amor, que mesmo com dano próprio buscam a verdade em tudo (Salmo 15:4). Pessoas falsas e covardes não são agradáveis a ninguém, muito menos a Deus. Pessoas verdadeiras e fiéis são confiáveis e agradam a Deus.

Quer ser usado por Deus? Seja amante da verdade. Fale a verdade em toda a situação, com amor buscando ajudar e abençoar as pessoas, mas nunca se omita e nem se esconda da verdade. (Exemplo de Daniel 3: 17,18).

Versículo 21 - HOMENS QUE ABORREÇAM A AVAREZA - Avareza é o apego excessivo as coisas materiais (dinheiro, bens, posses...) e negligenciando as coisas espirituais. Os avarentos não contribuem, não investem no reino de Deus, são egoístas e materialistas. Eles estão sempre em primeiro lugar, depois Deus e os outros.

Você quer ser usado por Deus?  = Então, se necessário for, abra mão de seus direitos e do que tem para que outros sejam abençoados. Contribue além do ordinário, invista no que é eterno. O melhor investimento do crente não é a poupança, o dólar, o fundo de renda fixa, o automóvel, o telefone, a casa própria, etc. O melhor investimento para o crente é aquele que é feito para o reino de Deus (dízimo, ofertas, doações, etc).

Há uma frase muita sábia que diz: “Ganhe o máximo de dinheiro que você puder, economize o máximo que você puder e invista o máximo que você puder na obra de Deus”. (Exemplo da Igreja Primitiva em Atos 2:45).

Ainda hoje Deus quer usar pessoas (homens e mulheres) para trabalhar na causa divina. Ainda hoje Deus diz para procurar dentre o povo pessoas com estas características. A Palavra de Deus não é só para aquele momento no deserto, Ela é atual e viva hoje e as características são atemporais, portanto aplicáveis em nossa época.

Se você ainda quer ser usado por Deus como instrumento de benção para o povo de Deus e para sua própria vida, busque cultivar estas características  e espere que oportunidades surgirão na obra de Deus.

Deus usou aquelas pessoas para ajudar Moisés a liderar. Deus pode usar você também com esse propósito. Pense nisso.

Mas lembre-se: Deus quer começar primeiro em você, para que você ensine a outros.

Faça agora um compromisso com Deus de mudar aonde é necessário para que alcance as características requeridas, Deus com certeza ouvirá tua oração e lhe dará condições disso ser realizado.

O OBJETIVO DO MILAGRE

Podemos presumir que os milagres das Escrituras não foram realizados arbitrariamente, mas, sim, com um propósito definido. Não são meras maravilhas e exibições de poder, destinadas a provocar admiração, mas nos revelam um propósito divino. Alguns dos propósitos para Deus realizar milagres:

• Levar os homens a glorificar a Deus (Mt 9.8; 15.31; Lc 5.25,26; Jo 9.3; 11.1-4; At 4.21). Quando acontece um milagre devemos dar crédito a Deus, que é a fonte do milagre, e não ao homem que foi usado, que é o canal. Muitas vezes se valoriza mais o instrumento do que aquele que o usa (At 14.11-15).

• Autenticar a origem divina de uma mensagem ou um mensageiro (Jo 5.36; 3.2; 11.41-44; Mc 16.20; At 2.22; 10.38; Êx 4.1-17; Hb 2.4). Paulo descreveu os sinais como “as credenciais do seu apostolado” (2 Co 12.12; Rm 15.18,19). Os milagres de Jesus provaram suas credenciais divinas e seu poder, até para perdoar pecados (Mc 2.1-12). Os milagres levam as pessoas a crer na Palavra de Deus (At 9.35, 42; 8.6-8; 14.3). Entretanto, se não há comunhão entre Deus e o mensageiro, a realização de milagres não resultará em aprovação deste (Mt 7.22,23).
• Dar testemunho da vinda do Reino de Deus (Mt 4.23; 9.35; 10.7-8; 12.28; Lc 4.18; 9.1-2; At 8.6-7, 13).

• Ajudar os necessitados (Mt 14.14; 20.30, 34; Lc 7.13). Os milagres mostram a compaixão de Cristo pelos necessitados.

• Cooperar com as pessoas no cumprimento do seu ministério. A sogra de Pedro, depois de curada pode servir (Mt 8.15.). Epafrodito foi curado e pode cumprir seu papel como mensageiro (Fp 2.25-30). Os dons miraculosos devem edificar as pessoas (1 Co 12.7; 14.4, 12, 26).

Alguns pontos importantes em relação aos milagres feitos por Cristo servem como testes práticos para a operação de milagres que vemos hoje nas igrejas (estamos fazendo como Ele fez?):

• Jesus não fez propaganda de suas curas com o intuito de criar uma reputação sensacionalista, nem como pretexto para arrecadar dinheiro; ao invés disso, Ele ordenava aos curados "Olhai que ninguém o saiba" (Mt 8.1-4, 9.27-31). 

• Ele curou todo tipo de enfermidades, com especial atenção para situações de desespero, através de seu poder. Ele nunca curou parcialmente, mas as pessoas eram totalmente saradas por Cristo (Mt 15.29-31; Mc 7.31-37). Ele até curou em etapas (Mc 8.23-25), mas a cura sempre foi completa.

CONCLUSÃO

As soluções para os problemas e as dificuldades que temos em nossas vidas estão sempre ao nosso lado. Temos talentos, dons, habilidades, e Deus vai usar o que temos para que nos tornemos vitoriosos, bem sucedidos, felizes e realizados.

Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus

BIBLIOGRAFIA 

doutrinas.blogspot.com.br
GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 2001.
SOARES, Esequias. Cristologia – A doutrina de Jesus Cristo. São Paulo: Hagnos, 2008.
SPROUL, R. C. A Mão Invisível – Todas as Coisas Realmente Cooperam para o Bem? São Paulo: Bompastor, 2001


26 de fevereiro de 2013

ELIAS NO MONTE DA TRANSFIGURAÇÃO


ELIAS NO MONTE DA TRANSFIGURAÇÃO

TEXTO ÁUREO = “E [Jesus] transfigurou-se diante deles; e o seu rosto resplandeceu como o sol, e as suas vestes se tornaram brancas como a luz. Elias que lhes apareceram Moisés e Elias, falando com ele’ (Mt 1 7.2,3).

VERDADE PRÁTICA = O aparecimento de Moisés e Elias no Monte da Transfiguração é um testemunho de que a Lei e os Profetas cumprem-se em Cristo, o Messias prometido.
LEITURA BIBLICA = Mateus 17: 1-8

INTRODUÇÃO

Elias no Monte da Transfiguração

O relato sobre a transfiguração, conforme narrado nos evangelhos sinóticos é um dos mais emblemáticos do Novo Testamento (Mt 17.1-13; Mc 9.2-8; Lc 9.28-36). Além do nome de Moisés, o texto põe em evidência também o nome de Elias.Todavia diferentemente dos outros textos até aqui estudados, Elias não aparece como a figura central, mas como uma figura secundária! O centro é deslocado do profeta de Tisbe para o Profeta de Nazaré. Jesus, e não mais Elias, é o centro da revelação bíblica. Moisés, Elias, Pedro, Tiago e João, também nominados nesse texto aparecem como figurantes numa cena onde
Cristo, o Messias prometido, é a figura principal.

Antes de uma análise puramente exegética e teológica da passagem de
Marcos 9.2-29, quero compartilhar o seu lado devocional que muito tem me edificado. Resolvi estender a leitura do capítulo 9 do Evangelho de Marcos até o versículo 29, incluindo o episódio da libertação de um jovem possesso, porque uma leitura paralela do Evangelho de Lucas (Lc 9.28-43) revela que a libertação dele aconteceu “no dia seguinte, quando eles desceram do monte” (Lc 9.37). Em outras palavras, os eventos da transfiguração e da libertação do jovem lunático, ocorreram dentro da mesma sequência dos fatos ali narrados.

Pois bem, a pergunta chave que aparece logo após ter ocorrido a libertação do jovem lunático e, portanto, após o evento da Transfiguração é: “Porque nós não pudemos expulsá-lo?” (Mc 9.28).

Acredito que essa é uma das perguntas mais pertinentes para o atual momento em que vive a igreja evangélica brasileira. Essa pergunta poderia ser feita de uma outra forma e ainda assim o seu sentido seria o mesmo:


“Qual a causa de nossa ineficiência?” Por que estamos crescendo numericamente, mas ainda assim padecemos de um cristianismo fraco e que pouco tem salgado a sociedade? Qual a razão de nosso caos teológico? São perguntas que demandam uma resposta.

Se olharmos com cuidado para o que revela o texto de Marcos 9.2- 29, observaremos algumas características do cristianismo transfigurado, isto é, que brilha. Quais, pois, seriam essas características desse cristianismo que brilha? Aqui vão algumas delas:

1. Ele escala montes “dias depois, tomou Jesus consigo a Pedro, Tiago e João e levou-os sós, à parte, a um alto monte” (Mc 9.2). E interessante observarmos que os outros discípulos, nove deles, haviam ficado embaixo, pois, o Senhor Jesus levou consigo somente a Pedro, Tiago e João (v.2). Os outros haviam ficado embaixo, não subiram o monte. Quem não sobe o Monte não terá vitória nas lutas espirituais. Escrevi sobre isso quando tratei sobre a vida do patriarca Abraão: “Vai-te a terra de Moriá” (Gn 22.1). Deus mandou Abraão subir o monte Moriá! Ninguém será abençoado sem escalar o monte! É necessário subir o Moriá de Deus e encontrar a bênção no seu cimo.

Hoje está na moda subir o “monte” como um lugar místico em busca da bênção! Mas a Escritura mostra que como princípio, subir o monte está associado à necessidade de se buscar ou subir até a presença de Deus e não a geografia de um lugar (Jo 4.20-24). O monte pode ser o nosso quarto ou o templo da igreja ou ainda qualquer outro lugar (Mt 6.6; At 16.13,16). Quem ora hoje no monte Sinai, monte Moriá ou mesmo em Jerusalém não leva nenhuma vantagem sobre quem, por exemplo, ora numa pequena cidade do sertão nordestino ou na grande São Paulo. A geografia não é mais importante e sim a esfera e a atitude na qual a oração acontece, isto é, no Espírito (Ef 6.18; 1 Tm 4.7).

2. Ele é metamorfoseado — “Foi transfigurado diante deles” (v.2). A palavra traduzida em português como “transfigurado” corresponde ao vocábulo grego metemorphôté, que é o aoristo passivo de metamorphóô? Esse mesmo vocábulo é usado pelo apóstolo Paulo em Romanos 12.1,2: “Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”.

O expositor bíblico William Barclay em seu comentário da Epístola aos Romanos, observa que: “Não devemos adotar as formas do mundo; sem transformar-nos, quer dizer, adquirir uma nova maneira de viver.
Para expressar esta verdade Paulo usa duas palavras gregas quase intraduzíveis, que requerem uma frase para transmitir seu sentido. A palavra que usa para amoldar-nos ao mundo é syschematizesthai, da raiz schema—de onde vem a palavra portuguesa e quase internacional schema —, que quer dizer forma exterior que muda de ano em ano e quase de dia a dia. O schema de uma pessoa não é o mesmo quando tem 17 anos e quando tem 70; nem quando sai do trabalho e quando está numa festa. Está mudando constantemente. E como se Paulo dissesse: Não cuideis de estar sempre em dia com todos os modismos deste mundo; não sejais ‘camaleões’, tomando sempre a cor do ambiente”.

Por outro lado, continua Barclay em sua análise: “A palavra que (Paulo) usa para transformai-vos de uma maneira distinta da palavra do mundo é metamorphusthai, da raiz morfê, que quer dizer a natureza essencial e inalterável de algo. Uma pessoa não tem o mesmo schema aos 17 e aos 70 anos, todavia possui a mesma morphè (essência); o macacão não tem o mesmo schema do vestido de uma cerimônia, mas possui a mesma morphè, muda seu aspecto exterior; pelo que segue sendo a mesma pessoa.

Assim, disse Paulo, para dar culto e servir a Deus temos que experimentar uma mudança, não de aspecto, senão de personalidade. Em que consiste essa mudança? Paulo diria que, por nós mesmos, vivíamos kata sarka (segundo a carne), dominados pela natureza humana em seu nível mais baixo; em Cristo vivemos kata Christon (segundo Cristo) ou kata Pneuma fsegundo o Espírito), sob o controle de Cristo e do Espírito. O cristão é uma pessoa que mudou em sua essência: agora vive, não uma vida egocêntrica, senão cristo cêntrica.

Isto deve ocorrer, diz Paulo, pela renovação da mentalidade. A palavra que ele emprega para renovação é anakainosis. No grego há duas palavras para novo: neós e kainós. Neós se refere ao tempo, e kainós ao caráter e a natureza. Um lápis recém fabricado é neós; mas uma pessoa que era antes pecadora e agora e está chegando a ser santa é kainós.

Quando Cristo entra na vida de um homem, este é um novo homem; tem uma mentalidade diferente, porque tem a mente de Cristo.”

3. Ele é fundamentado na Palavra de Deus — ‘E apareceu-lhes Elias com Moisés” (v.4). Todos os intérpretes entendem que os nomes “Elias” e “Moisés” representam figuradamente a Palavra de Deus. Elias representa os profetas enquanto Moisés, a Lei. O cristianismo deixa de ser autêntico quando se distancia da palavra de Deus. Em outro livro de minha autoria, escrevi: Uma igreja modelo possui como fundamento a Palavra e o Espírito. Somente o Espírito sem a Palavra de Deus incorre-se em fanatismo; todavia a Palavra sem o Espírito não passa de ortodoxia morta.
O correto é termos o equilíbrio entre a Palavra e o Espírito. O principal mal do pentecostalismo contemporâneo é essa falta de equilíbrio entre a Palavra e o Espírito. Como vimos um carismatismo sem fundamento bíblico transforma-se em desvios, modismos, inovações, desvios doutrinários evoluindo para doutrinas heréticas.

4. Ele promove espanto — ‘Pois não sabiam o que dizia, porque estavam assombrados (v.6). Uma das tragédias do cristianismo hodierno é que ele não promove mais espanto! Um grande número de cristãos parece ter se acostumado com uma vida religiosa onde nada mais é novo. Não há espanto algum! Mas experimentar espanto diante do sagrado é um fenômeno presente nas religiões.

Mircea Elliade (2008, pp.16,17) destaca que o homem “descobre o sentimento de pavor diante do sagrado, diante desse mysterium tremendum, dessa majestas que exala uma superioridade esmagadora de poder; encontra o temor religioso diante do mysterium fascinans, em que se expande a perfeita plenitude do ser.”

Esse espanto diante do sagrado, do totalmente outro, nós encontramos no relato da Pesca Maravilhosa (Lc 5.1-11. Quando Pedro viu o que ocorrera, prostrou-se aos pés do Senhor e exclamou: “Retira-te de mim, porque sou pecador” (v.8). E o texto ainda diz que a admiração apoderou-se de seus companheiros! (v.9). Esse é um cristianismo que promove espanto! Que causa admiração!

5. Ele possui imanência ‘Saiu da nuvem uma voz que dizia: Este é o meu filho amado; a ele ouvi”(v.7). O cristianismo bíblico é transcendente, isto é, Deus é totalmente outro e não pode ser confundido com suas criaturas. Todavia ele possui também imanência. Não está solto em um universo metafísico onde a realidade espiritual é algo inatingível. Não, o nosso Deus se faz presente no nosso dia a dia (SI 46.1). Ele possui voz, portanto, possui a faculdade da fala. Não é mudo! É bom sabermos que quando oramos não estamos presos em um monólogo, mas estamos nos relacionando com um Deus que também fala.

6. Ele não faz publicidade “E, descendo eles do monte, ordenou-lhes que a ninguém contassem o que tinham visto” (v.9). Isso me chama a atenção, pois quem não gostaria de noticiar um feito desses? O cristianismo midiático de hoje faz isso o dia todo. Gosta de ser visto, admirado e paparicado. È exibicionista! Todavia o cristianismo bíblico não faz propaganda, mas é visto. E visto porque é uma obra do Espírito Santo e não do homem. O cristianismo da mídia gosta de números, de multidões e de muito dinheiro. Mas é um cristianismo pobre!

7. Ele tem ressurreição, mas também tem morte — “E eles retiveram o caso entre si, perguntando uns aos outros que seria aquilo, ressuscitar dos mortos (...) E, respondendo ele, disse-lhes: Em verdade Elias virá primeiro, e todas as coisas restaurará; e como está escrito do filho do homem, que ele deva padecer muito e ser aviltado” (v.10,12).

O cristianismo bíblico possui ressurreição, mas também possui morte! O texto de Lucas 9.31, que é paralelo a esse e diz: “os quais apareceram com glória, e falavam da sua morte, a qual havia de cumprir-se em Jerusalém.’’Hoje se fala muito cm “vitória”, mas nada de morte. O cristianismo contemporâneo tem pavor da morte! Não quer morrer, mas não tem vida! Só há ressurreição se houver morte! Precisamos morrer para que possamos viver.

8. Ele tem consciência escatológica — ‘E interrogaram-no, dizendo: por que dizem os escribas que é necessário que Elias venha primeiro?” (v. 11). O cristianismo bíblico possui um forte apelo escatológico, pois não é imediatista e preso a esta era.

Ele tem seu olhar no futuro! Crer na parousia do Senhor. Ele sabe que tudo aqui é efêmero, como a neblina que se dispersa! Em meu livro: Rastros de Fogo, escrevi: “É falso qualquer suposto movimento espiritual que alega ser herdeiro do avivamento bíblico, mas que possui uma visão escatológica deformada ou mutilada. Os autênticos movimentos de avivamento ao longo da história da igreja foram logo reconhecidos como tal porque possuíam um entendimento correto da escatologia bíblica. No atual pentecostalismo observa-se um distanciamento cada vez mais crescente da escatologia bíblica. E a pregação do imediatismo, do ineditismo e mercantilismo que tem reinado nesses últimos anos no carismatismo contemporâneo”.7

9. Não pode ser resumido a um simples debate teológico “E, quando se aproximou dos discípulos, viu ao redor deles grande multidão, e alguns escribas disputavam com eles”. Quando a fé cristã se resume a uma simples controvérsia teológica, então ela perdeu sua essência. O cristianismo bíblico não pode ser resumido a um mero debate de ideias. Há muita “teologia” sendo debatida por ai, mas são debates estéreis que não promovem a verdadeira edificação. Ela se resume na sua maioria a um confronto ideológico entre confissões religiosas. 

Cristianismo é vida, é Espírito, é a Palavra de Deus. O texto mostra que os discípulos que ficaram no vale se limitaram a debater com os escribas, e pelo visto estavam em desvantagem. Os escribas eram bons de debates teológicos, mas ineficientes em promover uma fé viva no povo. A teologia não deve servir apenas como alimento do intelecto, mas também da alma. O Senhor Jesus afirmou que “Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus” (Mt 4.4).

10. Ele não se resume a um produto cultural “Ó geração incrédula!
Até quando estarei convosco? Até quando vos sofrerei ainda? (v. 19).
Entendo que o termo “geração” aqui pode ser traduzido como cultura.
Por que as pessoas daquela cultura eram tão incrédulas? Não foi aquela geração a escolhida por Deus para ver a manifestação do Messias (G1 4.4)? Parece que os discípulos estavam também influenciados por aquela cultura incrédula e por isso apresentaram dificuldade em se render diante do sobrenatural de Deus. Precisavam viver à sombra do Senhor, quando o Senhor cobrou deles a responsabilidade por aquele momento. Eram eles que deveriam ter expelido aquele demônio e não ficarem ineficientes diante da ação do mal. Será que a cultura contemporânea também não tem moldado a fé e o comportamento de muitos cristãos?

11. Ele não pode ser resumido a fórmulas — ‘Por que não pudemos nós expulsá-lo?” (v.28). Eles estavam atônitos diante do fracasso! Essa pergunta ganha o sentido: “Por que a nossa fórmula não funcionou?” Não é que eles não tivessem tentado, porque o texto deixa claro que os discípulos tentaram expelir esse espírito, mas não conseguiram. “Roguei aos teus discípulos que o expelissem, e eles não puderam” (v. 18). Não tenho dúvidas que eles se valeram dos métodos e fórmulas aprendidas, mas nada aconteceu! O próprio Senhor dissera que os demônios são expulsos não pelo uso de uma técnica ou fórmula, mas pelo poder do Espírito Santo (Mt 12.28). Um cristianismo preso a formulas ou métodos fracassará!

12. Ele é relacional ‘Esta casta não pode sair senão por meio de oração [e jejum] (v.29). Já dissemos que o cristianismo bíblico não se prende a fórmulas, por quê? Porque ele é relacional, isto é, se fundamenta em relacionamentos. A fé cristã é construída pela comunhão com Deus! De nada adianta fórmulas, técnicas, recursos de marketing, se não houver relacionamentos! Deus quer que seus filhos se relacionem com ele e então a vida vitoriosa tão almejada chegará.

Vejamos agora uma análise mais exegética dessa passagem para descobrirmos a relação que Elias, o profeta de Tisbe, possui com Jesus de Nazaré, o Messias de Deus.

Elias, o Messias e a transfiguração

Metamorfose = O texto sagrado relata que tão logo subiram ao Monte, Jesus foi “transfigurado diante deles; o seu rosto resplandecia como o sol, e as suas vestes tornaram-se brancas como a luz”. (Mt 17.2). Como já disse, a palavra transfigurar, traduz o termo grego metamorfose. Mantém o sentido de mudança de aparência ou forma, mas não mudança de essência. A transfiguração não transformou Jesus em Deus, mas mostrou aos discípulos aquilo que ele fora o tempo todo: o verbo encarnado (Jo 1.1; 17.1-5).
Os discípulos observaram que o seu rosto brilhou como o sol (Mt 17.2).

O texto revela também que suas vestes resplandeceram (Mt 17.2). Esses fatos põem em evidência a identidade do Messias, o filho de Deus.

Shekiná = Mateus detalha que durante a transfiguração “uma nuvem luminosa os envolveu” (Mt 17.5). E relevante o fato de que Mateus, que escreveu o seu evangelho para judeus, quer por em evidência o fato de que Jesus é o Messias anunciado e isso pode ser visto na manifestação da nuvem luminosa. No Antigo Testamento essa nuvem recebe o nome de shekiná, e relacionada com a manifestação da presença de Deus (Ex 14.19,20; 24.15-17; 1 Rs 8.10, 11; Ez 1.4; 10.4). Tanto Moisés como Elias, quando estiveram no Sinai, presenciaram a manifestação dessa glória. Todavia não como agora os discípulos estavam vivenciando (Ex 19; 24; 1 Rs 19). Donald Carson, em seu comentário ao Evangelho de Mateus, destaca que: “A “nuvem” é associada, no Antigo Testamento e no judaísmo interbíblico, com a escatologia (SI 97.2; Is 4.5; Ez 30.3; Dn 7.13; Sf 1.15; cf. 2 Baruc 53.1-12; 4 Ed 1.3; 2 Mac 2.8; b Sanhedrin 98a; cf Lc 21.27; 1 Ts 4.17) e com o Êxodo (Êx 13.21,22; 16.10; 19.16; 24.15-18; 40.34-38). Dos sinóticos, só Mateus diz que a nuvem era “resplandecente”, detalhe que lembra a glória shekiná *

Elias, o Messias e a restauração

Tipologia = No evento da transfiguração observamos que o texto destaca os nomes de Moisés e Elias (Mt 17.3). Há um entendimento na igreja cristã que Moisés prefigura a Lei enquanto Elias, os profetas. E perceptível nessa passagem que Moisés aparece como uma figura tipológica. De fato, Mateus procura mostrar isso quando põe em evidência o próprio Deus falando aqui: “A Ele ouvi” (Mt 17.5). Moisés pronunciou exatamente estas palavras citadas nesse texto quando se referia ao Profeta que viria depois dele: “O S e n h o r , teu Deus, te suscitará um profeta do meio de ti, de teus irmãos, semelhante a mim; a ele ouvirás” (Dt 18.15).

A transfiguração revela que Moisés tem seu tipo revelado em Jesus de Nazaré e que toda a lei apontava para Ele.

Escatologia = Enquanto Moisés ocupa um papel tipológico no evento da transfiguração, Elias aparece em um contexto escatológico. O texto de Malaquias 4.5,6 apresenta Elias como o precursor do Messias vindouro. O Novo Testamento aplica a João, o Batista, o cumprimento dessa Escritura: “E irá adiante do Senhor no espírito e poder de Elias, para converter o coração dos pais aos filhos, converter os desobedientes à prudência dos justos e habilitar para o Senhor um povo preparado” (Lc 1.17; Mt 11.14). Assim como Elias, João foi um profeta de confronto (Mt 3.7); um profeta ousado (Lc 3. 1-14) e um profeta rejeitado (Mt 11.18). A presença do Batista, o Elias que havia de vir, era uma clara demonstração da messiandade de Jesus.
Elias, o Messias e a rejeição

O Messias esperado = Tanto os rabinos como o povo comum sabiam que antes do advento do Messias, Elias apareceria (Ml 4.5,6; Mt 17.10; 16.14). O relato de Mateus sugere que os escribas não reconheceram a Jesus como o Messias porque faltava um sinal que para eles era determinante — o aparecimento de Elias antes da manifestação do Messias (Mt 17.10). Como Jesus poderia ser o Messias se Elias ainda não viera? Jesus revela então que nenhum evento no programa profético deixara de ter o seu cumprimento. Elias já viera e os fatos demonstravam isso. Elias havia sido um profeta do deserto, João também o foi; Elias pregou em um período de transição, João prega na transição entre as duas Alianças; Elias confrontou reis (1 Rs 17.1,2; 2 Rs 1.1-4), João da mesma forma (Mt 14.1-4). Mais uma vez ficara claro:
João era o Elias que havia de vir e Jesus era o Messias.

O Messias rejeitado = O texto de Mateus 17.1-8, narrando o episódio da transfiguração inicia-se com a sentença: “Seis dias depois” (Mt 17.1). O texto coloca a transfiguração num contexto onde uma sequência de fatos devem ser observados. Os eruditos observam que “seis dias” é uma outra forma de dizer: “uma semana depois”. De fato o texto paralelo de Lucas fala de “oito dias”, isto é, uma semana depois (Lc 9.28). O contexto, portanto, põe o evento no contexto da confissão de Pedro (Mt 16.13-20) e no discurso de Jesus sobre a necessidade de se tomar a cruz (Mt 16.24-28). O Messias revelado, portanto, em nada se assemelhava ao herói da crença popular. Pelo contrário, a sua mensagem, assim como a do Batista, não agradaria a muita gente e provocaria rejeição.

Elias, o Messias e a exaltação

Humilhação = Os intérpretes observam que havia uma preocupação dos discípulos sobre a relação do aparecimento de Elias e a manifestação do Messias. Esse fato é demonstrado na pergunta que eles fazem logo após descer o monte da transfiguração (Mt 17.10). Como D. A. Carson observa, o fato é que a profecia referente a Elias falava de “restaurar todas as coisas” (Mt 17.11) e os discípulos não entendiam como o Messias tanto esperado pudesse morrer em um contexto de restauração. Cristo corrige esse equívoco mostrando que a cruz faz parte do plano divino para restaurar todas as coisas (Mt 17.12; Lc 9.31; F1 2.1-11).9

Exaltação = Muito tempo depois desses acontecimentos da transfiguração, o apóstolo Pedro ainda lembra dos fatos ocorridos e os cita em relação à exaltação e glorificação de Jesus e também como prova da veracidade da mensagem da cruz:
“Porque não vos demos a conhecer o poder e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo seguindo fábulas engenhosamente inventadas, mas nós mesmos fomos testemunhas oculares da sua majestade, pois ele recebeu, da parte de
Deus Pai, honra e glória, quando pela Glória Excelsa lhe foi enviada a seguinte voz: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo (2 Pe 1.16,17).

Vimos, pois, que os eventos ocorridos durante a Transfiguração aconteceram para demonstrar que Jesus era de fato o Messias esperado e que tanto a Lei, tipificada aqui em Moisés, como os Profetas, representado no texto pela figura de Elias, apontavam para a revelação máxima de Deus o Cristo, Jesus. Esses personagens tão importantes no contexto bíblico não possuem glória própria, mas irradiam a glória proveniente do Filho de Deus. Ele, sim é o centro das Escrituras, do Universo e de todas as coisas (Cl 1.18,19; Hb 1.3; F12.10,11).



Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus 

BIBLIOGRAFIA

1 - GONÇALVES, José. A Prosperidade à Luz da Bíblia. Rio de Janeiro:
CPAD, 2012.

2 - K1TTEL, Gherard. Theological Dictionary of the New Testament . 10 volumes, Editor Eerdmans, USA.

3 - BARCLAY, William. Comentário Al Nuevo Testamento. 17 tomos em 1.Editorial CLIE, Barcelona, Espana.

4 - BARCLAY, William. Idem.

5 - GONÇALVES, José. Rastros de Fogo - o que diferencia o pentecostes bíblico do neopentecostalismo atual. Rio de janeiro: CPAD, 2012.

6 - ELIADE, Mircea. O Sagrado e o Profano. Editora Martins Fontes, 2008.

7 - GONÇALVES, José. Rastros de Fogo. Op.cit.

8 - CARSON, D. A. O Comentário de Mateus. São Paulo: Shedd Publicações, 2010.

9 - CARSON, D. A. O Comentário de Mateus. Idem.

10 - Livro Porção Dobrada - Casa Publicadora das Assembleias de Deus - José Gonçalves – 2012