1 de abril de 2014

E DEU DONS AOS HOMENS



E DEU DONS AOS HOMENS

                                                       Ev. JOSÉ COSTA JUNIOR

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Dentre as insondáveis riquezas espirituais que Deus colocou à disposição da sua Igreja na terra, destacam-se os dons sobrenaturais do Espírito San­to, apresentados pelo apóstolo Paulo, em sua pri­meira epístola aos Coríntios, como agentes de po­der e de vitória desta mesma Igreja.

A Igreja é um organismo vivo, um fenômeno sobrenatural cujas origens estão no Céu. Como tal, ela possui uma responsabilidade igualmente sobre­natural, pelo que carece da operação sobrenatural do Espírito do Deus vivo. Foi por isso que Jesus, após sentar-se à direita do Pai, enviou o Espírito Santo como agente capacitador da Igreja, para le­vá-la a cumprir a sua missão no mundo: At 2.33.

Devemos ter sempre em mente que o próprio Cristo não exerceu o seu ministério na sua própria força, mas na força do Espírito Santo: Lc 4.18,19.

Os apóstolos, igualmente, a exemplo do seu Mes­tre, também levaram a cabo o seu próprio ministé­rio na força e poder do Espírito Santo. Todas as de­cisões da igreja primitiva partiam sempre do se­guinte princípio: “... pareceu bem ao Espírito Santo e a nós...", At 15.28.  Qual tem sido o erro de muitas das nossas igre­jas hoje, senão o de negligenciar o ministério sobe­rano, poderoso e determinante do Espírito Santo? Essas igrejas, ignorantes das grandes possibilida­des do Espírito Santo, condenam milagres sem processo, desprezam profecias sem consulta e ignoram  a revelação sem a mínima razão. Como diz a Bíblia Sagrada: “... falando mal daquilo em que são igno­rantes...", 2 Pe 2.12. Esquecem-se de que há quase dois mil anos, Jesus prometeu, de maneira categórica, que o Espírito Santo estaria conosco e nos  guiaria a toda a verdade: Jo 16.13.

A igreja dos dias hodiernos jamais será uma igreja de visão de alcance novitestamentário, senão por meios novitestamentários.

As grandes conquistas da igreja dos primeiros cem anos da era atual, não foram alcançadas como o resultado de métodos e recursos teológicos empre­gados pelos apóstolos. Foram, sim, o resultado con­creto da operação sobrenatural do Espírito Santo na vida dos convertidos. O Espírito Santo foi o grande estrategista e comandante das conquistas realizadas. Onde quer que um crente fosse, aí ia a Igreja do Deus vivo, a caixa ressonante do Espírito.

Onde quer que o Espírito Santo fosse derrama­do, os doentes eram curados; revelações, profecias, línguas e interpretação eram vistas e ouvidas. Os dons do Espírito Santo eram a combustão que punha em ação a dinâmica máquina da Grande Co­missão.

A Igreja de Cristo da nossa geração possui uma responsabilidade apostólica, e, para cumpri-la, ne­cessita dos grandes recursos espirituais, que são os dons do Espírito Santo.
O objetivo deste estudo é trazer algumas informações, colhidas dentro da literatura evangélica, com a finalidade de ampliar a visão sobre os dons Espirituais e Ministeriais. Não há nenhuma pretensão de esgotar o assunto ou de dogmatizá-lo, mas apenas trazer ao professor da EBD alguns elementos e ferramentas que poderão enriquecer sua aula.

I.         OS DONS DE SERVIÇO, ESPIRITUAIS E MINISTERIAIS

Paulo, em 1 Co 12.1, nos recomenda que procuremos com zelo os dons espirituais. Às vezes, para o crente, não é claro, qual dom, o Espírito lhe concedeu. Relembramos que os dons espirituais são capacitações concedidas pelo Espírito Santo aos crentes para edificação da igreja (Ef 4.12). Assim, é preciso que o crente crie em sua vida as condições necessárias para que o Espírito lhe revele sua vontade. Ser crente é ter-se arrependido dos pecados e confiar em Jesus como seu único e eterno Salvador. É a conversão. Esta é a condição inicial sem a qual o Dom não inicia sua obra.

A participação ativa no corpo de Cristo, a igreja, é a conseqüência natural. O crente que agir assim, estará interagindo com a igreja e será conduzido pelo espírito para a sua vocação. Humildade, mansidão e longanimidade, são os outros ingredientes indispensáveis na vida do cristão que quer descobrir os seus dons (Ef 4.1-3).

Após a identificação de um ou mais dons na nossa vida, a nossa tarefa não pára aí. Temos de permitir sua operação e procurar crescer neles (1 Co 14.1). Para exercermos bem os carismas que o Espírito nos concedeu, devemos nos capacitar espiritual e materialmente. A capacitação espiritual deve ser contínua, firme e constante (1Co 15.58). Para nos mantermos animados nesta tarefa de nos capacitarmos, lembremos que o próprio Espírito nos disporá os meios. Precisamos também estar vigilantes ao pecado contra o Espírito, para não entristecê-lo (Ef 4.30-31), resisti-lo (At 7.51) e extingui-lo (1Ts 5.19). O orgulho também estará sempre procurando nos levar ao pecado (Ef 4.2). Um bom remédio para este mal é lembrarmos sempre que fomos escolhidos por Deus para prestarmos serviço para outros e não para nós mesmos e que precisamos de nossos irmãos.

Os dons espirituais estão listados em textos bíblicos diversos. Romanos 12, 1Coríntios 12 e Efésios 4.11 são as principais listas. Em Rm 12.4, 1Co 12.12 e Ef 4.4-6 Paulo destaca que os vários dons são como membros, mas todos de um só corpo. Isto nos chama a atenção para a necessidade dos dons operarem em conjunto e em harmonia uns com os outros e não independentemente e em divergência. Em Romanos 12.6-8, estão listados sete dons: profecia, ministério, ensino, exortação, repartir, liderança e misericórdia. Este texto mostra uma característica para cada dom. Em 1Coríntios 12.8-10, 28-30, temos os dons: palavra de sabedoria, palavra de ciência, fé, cura, operação de milagres, profecia, discernimento de espíritos, variedade de línguas, interpretação de línguas, apóstolos, profetas, mestres, milagres, cura, socorros, governos, e variedade de línguas.

Em Efésios 4.11 temos: apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e doutores. Podemos notar que em algumas listas não estão citados todos os dons e que outros são repetidos. Há uma divergência na quantificação dos dons, mas creio ser mais importante saber que o Espírito de Deus provê para sua igreja os dons necessários. Podemos notar no estudo dos dons, alguns fundamentos que Deus procura nos ensinar. Há diversidade dos dons cada um para uma finalidade (1Co 12.4-6). Os dons são concedidos para ter utilidade (1Co 12.7). O dom não é para satisfazer apenas o desejo de um crente. É o Espírito Santo quem concede o dom a quem ele quer. Não é o crente que decide o dom que deseja exercer. Para a igreja há dons considerados de maior importância como apóstolos, profetas, doutores (1Co 12.28, 31) Não é o crente que deve se achar mais importante porque exercita dons considerados de maior valor. Isto é orgulho. A edificação da igreja precisa ser o objetivo de todos os dons (1Co 14.26).

II.      ADMINISTRAÇÃO DOS DONS ESPIRITUAIS

Dons espirituais são capacitações que o Espírito Santo concede aos crentes de acordo com a graça de Deus para serem usados na edificação da Igreja, o corpo de Cristo (Rm 12.6;1Co 12.7, 11; Ef 4.11-13). Assim como no corpo, cada membro tem função, o Espírito de Deus prepara cada um dos membros do Corpo de Cristo para uma função diferente. As capacitações são complementares e permitem uma sinergia espiritual na edificação da Igreja. Os dons são concedidos aos crentes em Cristo pelo Espírito. Não é o crente quem decide qual dom vai escolher para atuar no Reino de Deus. Isto às vezes acontece, mas certamente, se não coincidir com a vontade do Espírito, não trará alegria ao seu coração tentando usar um dom que Deus não lhe atribuiu. Deus chama todos os crentes para a sua obra. Cada um tem alguma tarefa que pode desenvolver no Reino. Não há o que justifique a inatividade. Ninguém terá desculpa que justifique o não fazer nada. Teremos de prestar contas dos dons e talentos que Deus nos atribui. Os dons espirituais nos são outorgados pela graça de Deus, não temos de comprá-los.

Deus providencia nossa capacitação. Temos apenas de nos tornar disponíveis para sua obra. Como vimos, os dons espirituais são habilidades, capacitações, concedidas aos crentes, pelo Espírito Santo, de acordo com a graça de Deus, para uso na edificação da igreja. Observe que é diferente de dom do Espírito. O “dom” do Espírito Santo é a doação, pela graça de Deus, do seu próprio Espírito para os homens, que pelo arrependimento dos seus pecados, e colocação de sua fé em Jesus Cristo, assim se tornam uma nova criatura. O Dom do Espírito ocorre no momento inicial em que um incrédulo se torna crente em Jesus. O dom nos coloca como filhos de Deus, salvos e selados para sempre (Ef 4.30). 

Os dons nos colocam numa posição funcional dentro do corpo de Cristo para servi-lo (1Co 12.18-20).

Alguns crentes, por acharem que ainda não descobriram o seu dom, tendem para uma posição de comodismo, falta de compromisso ou de desobediência. Esta atitude não se justifica, pois Deus chamou a todos para a sua seara. 

Há funções no reino que são atribuídas a todos, e ao menos a essas, todos nós estamos obrigados. Testemunhar é uma delas. “E ser minhas testemunhas...” (At 1.8), é a ordem de Jesus para todos os crentes. Não há desculpa possível. Pode-se não ter o dom de apóstolo, profeta, evangelista, pastor, mas de testemunha é inseparável do crente. Contribuir financeiramente para o sustento da causa é outra função a que todos os crentes estão convocados mesmo que não tenham o dom da liberalidade (Rm 12.8). A como confiança extraordinária no poder de Deus para realizar maravilhas na sua obra pode não ocorrer para todos os crentes, mas a fé que nos concede a salvação e que nos faz aceitar as verdades e maravilhas operadas por Deus e registradas na sua palavra como está em Hebreus 11.1-3, esta é uma concessão do Espírito Santo e é concedida a todos os crentes porque “Sem fé é impossível agradar a Deus.” (Hb 11.6).

Para exemplificarmos o bom uso dos dons espirituais poderíamos ler todo o capítulo 11 do livro de Hebreus. Ali se encontra uma síntese dos principais personagens bíblicos que exercitaram o dom da fé como Abraão, Enoque, Noé, Moisés e outros. Como exemplo do dom de presidir (Rm 12.8), escolhemos Neemias, que assumiu a tarefa de reorientar o povo de Deus, num momento de grande aflição e opróbrio, tendo reconstruído os muros de Jerusalém e levado o povo ao reavivamento espiritual (Nm 1.2-3; 8.1- 18). O apóstolo João é o exemplo do dom de misericórdia (Rm 12.8). João é conhecido como o apóstolo do amor por se distinguir pela sua linguagem amorosa nos seus escritos. Junto com Pedro fez parte do círculo íntimo de Jesus. Sua mensagem é um constante convite ao amor recíproco (1Jo 3.11). Lucas, embora não tivesse participado diretamente dos ensinos de Jesus, é o escolhido para ilustrar o dom do ensino (Rm 12.7) pela sua preocupação de só transmitir a verdade (Lc 1.3-4). No evangelho que escreveu, se preocupa em indicar sua fundamentação nas profecias existentes no Velho Testamento. Manteve-se na obra auxiliando os apóstolos e no livro de Atos registrou os mais importantes acontecimentos no início da propagação do evangelho. Paulo exercia vários dons como apóstolo, profeta, evangelista, pastor e mestre. Mas é usando o dom de exortar que muito impulsionou a causa. Chegou a citar-se como exemplo (Cl 1.28), comparou os coríntios a bebês espirituais (1 Co 3.1), mas tudo isso com o nobre objetivo de levar as pessoas a se salvarem (1Co 9.22). A Timóteo, seu discípulo amado, procurou animá-lo para enfrentar as várias provações (1Tm 6.11-16).

Qual o caminho a seguir para se chegar aos dons e exercê-los? A palavra de Deus nos dá todos os esclarecimentos necessários. Precisamos nos dispor a ouvi-la e obedecer à vontade de Deus. Coloque-se diante de Deus em oração e esteja receptivo ao que Deus lhe propuser. Tente praticar. É experimentando que você poderá sentir se Deus está abençoando a sua obra e se a alegria acontece como conseqüência. Procure se instruir melhor a respeito do dom que você está sendo levado a exercer. Há necessidade de preparação para que a tua obra seja feita da melhor forma.

Repita a experiência e avalie os resultados. Aproveite as boas avaliações dos irmãos como sendo um sinal de aprovação divino. Não se desanime com as palavras que não edificam. Lembre-se que há muitos para criticar, mas poucos para ajudar. Se o seu propósito é sincero certamente o Espírito Santo vai revelar a você o seu dom. 

Há uma relação grande de dons, mas o maior deles é o dom do amor. O capítulo 13 de Romanos comprova isto. O amor de Deus é a prova disto. “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (Jo 3.16).

CONCLUSÃO

Na confecção deste pequeno estudo, buscamos consultar literatura que mais se aproxima com o pensamento de nossa denominação, tentando não perder a coerência teológica. Evitamos expressar conceitos e opiniões pessoais sem o devido embasamento na Palavra, pois a finalidade é agregar conhecimentos, enriquecer a aula da escola dominical e proporcionar ao professor domínio sobre a matéria em tela. Caso alcance tais finalidades, agradeço ao meu DEUS por esta grandiosa oportunidade.



                                                       Ev. JOSÉ COSTA JUNIOR


26 de março de 2014

O LEGADO DE MOISÉS



O LEGADO DE MOISÉS

TEXTO ÁUREO = Era Moisés da idade de cento e vinte anos quando morreu; os seus olhos nunca se escureceram, nem perdeu ele o seu vigor”  ( Dt 34.7).

VERDADE PRATICA  = Moisés foi usado por Deus para tirar Israel do Egito e entregar os Dez Mandamentos para a humanidade.

LEITURA BIBLICA = Deuteronômio 34: 10-12 = Hebreus 11: 2-29

O LEGADO DE MOISÉS

Moisés foi, sem dúvida alguma, uma das maiores personalidades e um dos maiores heróis da fé de todos os tempos. O seu legado para o povo de Israel, para a humanidade como um todo e para a Igreja até os dias de hoje é enorme. Neste capítulo, dentro do que nossa proposta sintética permite, queremos apresentar alguns pontos importantíssimos desse legado, relembrando aspectos especiais e inspiradores da vida e da obra desse homem de Deus, destacando os efeitos de seu ministério até os nossos dias e a importância do exemplo de Moisés para os crentes em Cristo de todos os tempos.

Primeiro, falaremos do legado de Moisés para o povo judeu; em seguida, de sua importância para a humanidade como um todo; e, por fim, e mais atentamente, analisaremos os exemplos instigantes de sua vida e ministério para a vida do crente.

O Legado de Moisés para o Povo Judeu

A formação de uma nação

Moisés foi o instrumento que Deus usou para que Israel se tornasse, enfim, uma nação, conforme Ele havia prometido aos patriarcas Abraão, Isaque e Jacó (Gn 15.5,7; 17.5-8; 26.3,4,24; 28.4,13-15; 35.9-13). Toda nação precisa de uma identidade, de uma cultura própria, de uma língua, de valores, de leis pelas quais serão regidos, e Moisés foi usado por Deus para dar tudo isso a Israel.

Por meio de seu ministério, a identidade religiosa e os valores que deveriam pautar e guiar o povo foram definidos em detalhes; uma cultura nova foi formada, diferente em muitos aspectos da cultura das nações vizinhas; a língua hebraica ganhou o seu primeiro grande texto  a Torá (o Pentateuco) — que lhe daria perpetuidade e ser-lhe-ia referência na história dos povos; e uma legislação revolucionária e um completo sistema de organização social foram concedidos aos israelitas, que, agora, finalmente, podiam se perceber e ser reconhecidos como uma nação, um novo povo.

Mesmo quando sofreu o exílio e a diáspora, Israel continuou a ser reconhecido como uma nação, conquanto seu território tenha passado, durante séculos, sem a sua presença maciça ou o seu governo.
“Moisés foi o instrumento que Deus usou para que Israel se tornasse, enfim, uma nação, conforme Ele havia prometido aos patriarcas Abraão, Isa que e Jacó.”

Uma fé e uma religião estruturadas

O Deus de Israel era o Deus de Abraão, Isaque e Jacó, porém a fé e o culto hebreus ainda careciam de uma normatização e organização, até que Deus os estruturou, por intermédio de Moisés, como vimos detidamente nos capítulos 9, 11 e 12 deste livro. Em Romanos 9.4,5, o apóstolo Paulo lembra que Deus deu a Israel sete coisas: tornou os israelitas seus filhos por adoção, repartiu com eles um pouco da sua glória, fez-lhes uma aliança e deu-lhes os patriarcas (Abraão, Isaque e Jacó), a legislação, o culto e as promessas; e ainda, por meio deles, o Messias, Jesus (Rm 9.5). Tudo isso é o que distinguia Israel das outras nações, fazendo dele o povo eleito. Porém, como sabemos, houve a rejeição de Israel à vontade de Deus e, consequentemente a rejeição divina a Israel, que são os temas dos capítulos 9 a 11 de Romanos, os quais terminam revelando que a rejeição de Israel não é final e que Deus haverá de restaurar Israel no fim dos tempos (Rm 11.25-28).

As Escrituras Sagradas do Pentateuco, um salmo e, provavelmente, o Livro de Já
O grande legado de Moisés está expresso em suas obras que atravessaram séculos, chegando até os nossos dias e formando parte significativa e basilar do cânone veterotestamentário. São de Moisés o Pentateuco (Génesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio), o Salmo 90 (que é, portanto, o mais antigo salmo de Israel) e provavelmente também o belíssimo Livro de Jó. A riqueza e a importância histórica, social, espiritual e literária dessas obras para o mundo revelam a grandeza do ministério desse grande homem de Deus para o seu povo e para toda a humanidade.

O Legado de Moisés para a Humanidade

A legislação hebraica

Já nos dedicamos, no capítulo 10, a demonstrar alguns dos muitos aspectos revolucionários da legislação hebraica para a história do Direito no mundo. Ela foi revolucionária para a sua época e, tempos depois, serviria de inspiração para muitos avanços legais saudáveis com os quais já estamos muito habituados em nossos dias, mas que, na época de Moisés, se constituíam uma grande inovação. Dentre seus muitos aspectos revolucionários, a legislação hebraica, por exemplo, “atribuía um grande valor à vida humana, exigia um grande respeito para com a honra da mulher e conferia mais dignidade à posição do escravo do que poderíamos encontrar em qualquer um dos códigos legais das outras nações do Oriente Próximo”. Mais detalhes no já referido capítulo 10.

Os valores judaicos

Não à toa, costuma-se chamar os valores tradicionais do Ocidente, que foram responsáveis pela sua formação e se constituem a base de todas as suas conquistas, de valores judaico-cristãos. Os princípios do Decálogo (Êx 20.1-17), por exemplo, ajudaram a moldar todos os valores do Ocidente, juntamente com o cristianismo.


O Legado de Moisés para a Igreja

Seu exemplo de fé

Ao elaborar uma “Galeria de Heróis da Fé” do Antigo Testamento, o escritor da Epístola aos Hebreus coloca entre os seus destaques, como não poderia deixar de ser, Moisés (Hb 11.23-29). Chama a atenção, na descrição que ele faz do grande líder hebreu, principalmente o que lemos nos versículos 24 a 27:
Pela fé, Moisés, sendo já grande, recusou ser chamado filho da filha de Faraó, escolhendo, antes, ser maltratado com o povo de Deus do que, por um pouco de tempo, ter o gozo do pecado; tendo, por maiores riquezas o vitupério de Cristo do que os tesouros do Egito, porque tinha em vista a recompensa. 

Pela fé, deixou o Egito, não temendo a ira do rei; porque ficou firme, como vendo o invisível.
Somente um homem que ama e serve a Deus com uma fé robusta rejeita completamente as riquezas e a glória do mundo, preferindo sofrer fazendo a obra do Senhor. Moisés não tomava as suas decisões baseado simplesmente no que a lógica humana e os seus cinco sentidos lhe diziam, mas tinha em vista a importância histórica e espiritual do que estava fazendo e “a recompensa” que receberia do seu Senhor pela sua fidelidade ao seu chamado. Ele via além do que poderia perceber a maioria das pessoas do seu tempo, porque ele via “o invisível”.

Ademais, somente um homem que ama e serve a Deus com uma fé robusta não empalidece diante das adversidades mais intensas, não esmorece diante dos poderosos e das circunstâncias prementes que o pressionam a abandonar a vontade divina.

A Bíblia diz que Moisés desprezou completamente “a ira do rei”, a oposição dos grandes e poderosos deste mundo, e “ficou firme”, porque está “vendo o invisível”.
“Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que se não veem” (Hb 11.1).

“O grande legado de Moisés está expresso em suas obras que atravessaram séculos, chegando até os nossos dias e formando parte significativa e basilar do cânone veterotestamentário”

Seu exemplo de liderança

Moisés foi um líder notável, que agüentou o que pouquíssimos — ou ninguém em sua época agüentaria. Ele guiou brilhantemente milhões de pessoas pelo deserto, resistiu à oposição com firmeza; soube superar os momentos de crise, tensão, desânimo e revolta; levou o povo ao arrependimento várias vezes; organizou aqueles ex-escravos como uma sociedade; deu a eles uma identidade como nação; soube ouvir os conselhos de seu sogro, Jetro, (Êx 18.13-27) e preparou muito bem o seu sucessor — Josué.

Seu exemplo de paciência

Números 12.3 nos lembra que “era o varão Moisés mui manso, mais do que todos os homens que havia sobre a terra”.
 E era preciso ser muito temperante mesmo para suportar todas as adversidades e pressões que ele enfrentou. Aliás, isso mostra quão poderosa foi a transformação que Deus fez em Moisés, que antes fora precipitado e assassino (Êx 2.11-13).

O termo hebraico traduzido por “manso” em Números 12.3 é ‘ãnáw, que significa “humilde”, “pobre”, “simples”. No sentido em que ele é usado aqui, descreve, segundo o Dicionário Vine, “a condição objetiva e também a postura subjetiva de Moisés” como um homem “completamente dependente de Deus” e que “via o que era”.2 O fato de Moisés, mesmo tendo tanto autocontrole que Deus lhe dava, não ter entrado na Terra Prometida com o povo justamente porque pecou ao perder o controle, fazendo algo diferente do que Deus lhe determinara (Nm 20.7-12), só evidencia o quanto somos dependentes da graça de Deus.

Mesmo um homem impetuoso e assassino como o jovem Moisés pode se tornar, quarenta anos depois, um homem extremamente manso e humilde, em virtude da graça transformadora de Deus; e mesmo o homem mais humilde e manso da Terra pela graça de Deus pode ter momentos de fraqueza e perder seu autocontrole se não tiver cuidado, como aconteceu com Moisés. Súmula da história: somos dependentes da graça divina, do poder do Espírito Santo, tanto para desenvolvermos a temperança quanto para mantermo-nos no centro da vontade de Deus, humildes e temperantes, sejam quais forem as circunstâncias.

Não por acaso, a temperança é apresentada na Bíblia como um dos gomos do fruto do Espírito, que se chama fruto do Espírito exatamente porque é produzido em nós pela ação do Espírito Santo de Deus, isto é, quando nos entregamos à ação dEle em nossa vida (Gi 5.22,23).

Que Deus nos dê graça para seguirmos o bom exemplo desse homem de Deus, que, tirando o episódio das águas de Meribá (Nm 20.7-13), durante seus quarenta anos de ministério, nada fez “por contenda ou por vanglória, mas por humildade” (Fp 1.3) e zelo ardente pela obra de Deus.

Seu exemplo como intercessor

Moisés foi grande sacerdote do povo juntamente com Arão, e primeiro que ele (Si 99.6). Ele intercedeu decisivamente pelo povo de Israel em momentos de enorme crise (Êx 15.25; 33.1-17; Nm 14.13-25).

Seu exemplo de integridade

Moisés teve muitas oportunidades de corromper a sua integridade, mas escolheu manter-se íntegro. Ele, por exemplo, preferiu sofrer com o povo de Israel a gozar a glória e os prazeres do Egito, sendo fiel ao seu chamado (Hb 11.24-26).

Seu exemplo de persistência

Apesar de tantos momentos dificeis que Moisés vivenciou em sua trajetória espiritual, ele permaneceu firme, porque estava “vendo o invisível” (Hb 11.27). Sua persistência era derivada diretamente de sua fé em Deus. Como sublinha a Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, “é fácil ser enganado pelos benefícios temporários da riqueza, da popularidade, da posição social e da conquista, e ficar cego em relação aos benefícios de longo prazo do Reino de Deus.

A fé nos ajuda a olhar além do sistema de valores do mundo, para que possamos enxergar os valores eternos do Reino de Deus”.

Seu exemplo de comunhão com Deus

A Bíblia nos mostra que Moisés cultivava uma vida de oração, mantendo um relacionamento muito íntimo com Deus: “Falava o Senhor a Moisés face a face, como qualquer fala com o seu amigo” (Êx 33.11). Como frisa Matthew Henry, “isto sugere que Deus se revelou a Moisés, não só com clareza e evidências maiores da luz divina do que a qualquer outro dos profetas, mas também com expressões particulares e ainda maiores de bondade e graça. Ele fala não como um príncipe a um súdito, mas como qualquer fala com o seu amigo, a quem ama”.

Deus também quer ter hoje um relacionamento íntimo conosco! Como destaca a Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, “Moisés desfrutou tal favor de Deus não porque era perfeito, genial ou poderoso, mas porque Deus o escolheu. Por sua vez, Moisés confiou inteiramente na sabedoria e direção de Deus. A amizade com Deus era um verdadeiro privilégio para Moisés, e estava [nesse nível] fora do alcance dos hebreus. Mas, hoje, ela não é inalcançável para nós. Jesus chamou seus discípulos e, por extensão, todos os seus seguidores — de amigos (Jo 15.15). Ele o chamou para ser seu amigo. Você confiaria nEle como fez Moisés?”.

O Cântico de Moises

A Bíblia afirma que quando o povo estava para entrar em Canaá, Deus deu ordem a Moisés para que compusesse um cântico contendo um resumo de sua exortação ao povo e o ensinasse aos filhos de Israel (Dt 31.19). Deus sabia que os cânticos podem ser aprendidos e transmitidos com facilidade, por isso os viu como um meio perfeito para que a sua exortação fosse gravada na mente do seu povo. Deus sabia que a sua exortação seria mais eficientemente ensinada e lembrada dessa forma, pois, sendo cantada, estaria “na boca do povo” (“ensinai-o [...] ponde-o na sua boca”). Esse cântico está registrado em Deuteronômio 32.1-43.

Depois de apresentá-lo a Israel, Moisés disse: “Aplicai o vosso coração a todas as palavras que hoje testifico entre vós, para que as recomendeis a vossos filhos, para que tenham cuidado de cumprir todas as palavras desta lei. Porque esta palavra não vos é vã; antes, é a vossa vida” (Dt 32.46,47, grifo meu).
“É a vossa vida!” Verdades vitais condensadas em um hino; a vida condensada em um hino.

Ainda hoje, hinos, quando inspirados por Deus, sáo, por assim dizer, pequenas cápsulas de vida condensada, tendo o poder de renovar corações mortificados, aquecer corações arrefecidos e liquefazer almas empedernidas. Assim como, quando uma canção é eivada de conteúdo maligno, é uma cápsula de veneno e morte condensados.

As Profecias de Moisés

Profecia sobre Jesus

Em Deuteronômio 18.15, Moisés profetizou sobre Jesus, referindo-se a Ele como “um profeta do meio de ti, de teus irmãos, como eu; a ele ouvireis”.

O texto de Deuteronômio 18.15-22 fala implicitamente de mais de um profeta — ou seja, o termo “profeta” ali aparece, em alguns momentos, em alusão a uma sucessão de profetas que Deus levantaria para tratar com Israel. Porém, o versículo 15 parece se referir a um profeta especial, de maneira que, durante séculos, os judeus estiveram a procurar esse “O Profeta” pós-Moisés, como destacam textos como João 1.21 e 7.40, quando os judeus se perguntavam se João Batista ou Jesus seriam esse “O Profeta”, O apóstolo Pedro, em sua pregação no Dia de Pentecostes, e o diácono Estêvão, primeiro mártir da Igreja, em seu discurso diante de seus algozes em Jerusalém, mencionaram essa profecia como tendo o seu cumprimento em Jesus (At 7.37).

Profecias sobre o destino de cada uma das doze tribos de Israel

Como Isaque e Jacó abençoaram seus respectivos filhos antes de morrer, Moisés, sob a orientação do Espírito Santo, abençoou os filhos de Israel antes de falecer (Dt 33.1-29). O detalhe é que, ao invocar as bênçãos conforme as tribos de Israel, Moisés omite Simeão, que seria absorvida pela tribo de Judá Os 19.2-9), mas o número 12 é preservado contando-se José como sendo dois — Efraim e Manassés, seus dois filhos (Dt 33.17). As primeiras tribos a serem abençoadas são as correspondentes aos filhos de Jacó com suas esposas Leia e Raquel; em seguida, é a vez das tribos correspondentes aos filhos de Israel com suas servas Bila e Zilpa.

Como ressalta a Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, o que chama mais a atenção nessas bênçãos de Moisés sobre as doze tribos é “a diferença entre as bênçãos que Deus deu a cada tribo: para uma, Ele deu a melhor terra; e para outra, força ou segurança”.

Isso nos faz lembrar que muita gente, com frequência, ao ver alguém com uma bênção específica, pensa que “Deus deve amar aquela pessoa mais do que outra”, mas a verdade é que “Deus distribui talentos únicos às pessoas. Todos esses talentos são necessários para que seu plano seja realizado”. Portanto, “não tenha inveja dos dons ou presentes que as pessoas recebem de Deus.

Olhe para o que Deus tem dado a você e cumpra as tarefas que Ele o qualificou de maneira única para realizar”. Outro detalhe é que a tribo de Gade recebeu a melhor parte da terra (Dt 33.20,2 1), mas isso tem uma razão de ser: Gade “obedeceu a Deus punindo os malignos inimigos de Israel”.

A Morte de Moisés

A Bíblia diz que quando Moisés faleceu, ele estava com 120 anos, que era uma idade já bem longeva para os padrões da época, conforme depoimento do próprio Moisés (Sl 90.10). Não obstante, “os seus olhos nunca se escureceram, nem perdeu ele o seu vigor” (Dt 34.7).

O último capítulo de Deuteronômio, que é o único capítulo do Pentateuco que não foi escrito por Moisés, registra que, após a morte do legislador de Israel, o reconhecimento e o amor do povo era tão grande por ele que “os filhos de Israel prantearam a Moisés trinta dias, nas campinas de Moabe” (Dt 34.8).

O relato que Flávio Josefo, historiador judeu do primeiro século d.C., faz das reações do povo de Israel e do próprio Moisés por ocasião de sua despedida conforme a tradição que havia sido passada aos judeus até os dias do célebre historiador, é extremamente tocante. Claro que, eventualmente, pode haver um ou outro exagero aqui e acolá nesse relato, mas não se pode duvidar que muito dessa narrativa, que reproduzimos a seguir e que atravessou gerações, é carregado de verdade. Vale a pena lê-la:

Depois que Moisés assim lhes falou, predisse a cada uma das tribos o que lhes deveria acontecer e desejou-lhes mil bênçãos. Toda essa enorme multidão não pôde por mais tempo reter as lágrimas; homens e mulheres, grandes e pequenos, demonstraram igualmente sua pena por perder um chefe tão ilustre; não houve nem mesmo criança que não derramasse lágrimas; sua eminente virtude não podia ser ignorada nem mesmo pelos dessa idade. As pessoas sensatas, umas deploravam a gravidade de sua perda para o futuro e outras queixavam-se de não terem compreendido bastante que felicidade era para ele ter um tal chefe e guia e serem privados dele quando o começavam a conhecer.

Nada, porém, demonstrou até que ponto chegava sua aflição como o que aconteceu a esse grande legislador. Pois ainda que ele estivesse persuadido de que não era necessário chorar à hora da morte, pois ela vem por vontade de Deus e por uma lei indispensável da natureza, ele, no entanto, ficou tão comovido pelas lágrimas de todo o povo que ele mesmo não pôde deixar de chorar.

Caminhou depois para onde deveria terminar a vida e todos seguiram-no gemendo. Ele fez sinal com a mão aos que estavam mais afastados para que parassem e rogou aos que estavam mais próximos que não o afligissem mais ainda seguindo-o com tantas demonstrações de afeto. Assim, para obedecer, eles pararam e todos, juntamente lamentavam sua infelicidade por tão grande perda.

Os senadores [anciãos], Eleazar, o grão-sacrificador [sumo sacerdotel, e Josué, o comandante do exército, foram os únicos que o acompanharam. Quando ele chegou ao monte Nebo, que está em frente a Jericó, tão alto que de lá se vê todo o país de Canaã, despediu-se dos senadores [anciãos], abraçou a Eleazar e Josué, e deu-lhes seu último adeus. Ainda ele falava quando uma nuvem o rodeou e ele foi levado a um vale. Os livros santos que ele nos deixou dizem que morreu porque temia que não se acreditasse que ele ainda estaria vivo, arrebatado ao céu, por causa da sua eminente santidade. Faltava somente um mês para que, dos cento e vinte anos que viveu, ele passasse quarenta no governo de todo esse grande povo, cuja direção Deus lhe havia confiado. Ele morreu no primeiro dia do último mês do ano, que os macedônios chamam Dystros e os hebreus, Adar.

Jamais homem algum igualou em sabedoria a este ilustre legislador, jamais alguém soube, como ele, tomar sempre as melhores resoluções e tão bem pô-las em prática; jamais algum outro se lhe pôde comparar na maneira de tratar com um povo, governá-lo e persuadi-lo, pela força de suas palavras. Sempre foi tão senhor de suas paixões que parecia até que delas havia sido isento e que as conhecia apenas pelos efeitos que via nos outros.

Sua ciência na guerra pôde dar-lhe um lugar entre os maiores generais e nenhum outro teve o dom de profecia em tão alto grau; suas palavras eram outros tantos oráculos, e parecia que o próprio Deus falava por sua boca. O povo chorou-o durante trinta dias e nenhuma outra perda lhe foi jamais tão sensível. Mas ele não foi chorado somente por aqueles que tiveram a felicidade de o conhecer, mas também por aqueles que conheceram as leis admiráveis que ele nos deixou, porque a santidade que nelas se nota não pode permitir dúvidas sobre a eminente virtude do legislador.7

Não sabemos onde a sepultura de Moisés se encontra — aliás, ninguém sabe, desde aquela época (Dt 34.6b) até hoje. A única informação é que Deus mesmo o sepultou “num vale, na terra de Moabe, defronte de Bete-Peor” (Dt 34.6a).

Deus fez com que sua sepultura nunca fosse encontrada para que, provavelmente, não se criasse uma idolatria e romaria em torno do túmulo de seu servo.

O apóstolo Judas nos fala da altercação do arcanjo Miguel com Satanás sobre o corpo de Moisés (Jd 9). Não sabemos o porquê do interesse de Satanás pelo corpo de Moisés, mas a tradição judaica afirma que tal altercação se deu porque Satanás sustentava que Moisés não era digno de um sepultamento decente, ainda mais feito pelo próprio Deus, por ter sido um homicida em sua juventude (Êx 2.11,12). Miguel, que guardava o corpo de Moisés, apenas lhe respondeu: “O Senhor te repreenda”.

O exemplo de Moisés como líder e homem de Deus nunca será esquecido. Sobretudo pelos últimos quarenta anos de sua vida, ele sempre será lembrado como um exemplo de fé, vida de santidade, seriedade, liderança, sabedoria, paciência, fidelidade ao chamado divino e vida dedicada totalmente ao Senhor.

Como escreveu o autor da Epístola aos Hebreus, referindo-se à nossa responsabilidade hoje diante do que fizeram os grandes heróis da fé do Antigo Testamento, dentre eles Moisés (Hb 11.23-29), “nós também, pois, que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas [os heróis da fé do Antigo Testamento], deixemos todo embaraço e o pecado que tão de perto nos rodeia e corramos, com paciência, a carreira que nos está proposta, olhando para Jesus, autor e consumador da fé” (Hb 12.1,2). Amém!



Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus

Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS

Livro Uma Jornada de Fé = PAD = Alexandre Coelho e Silas Daniel