21 de maio de 2014

O MINISTÉRIO DE EVANGELISTA



O MINISTÉRIO DE EVANGELISTA

TEXTO ÁUREO = “Mas tu sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério” (2 Tm 4.5).

VERDADE PRÁTICA = O evangelista proclama o pleno Evangelho de Cristo com ousadia; é um arauto de Deus no mundo.

LEITURA BIBLICA = ATOS 8: 26-35 == EFÉSIOS 4: 11

O MINISTÉRIO E OS DONS MINISTERIAIS

“E orando, disseram: Tu Senhor, conhecedor dos corações de todos, mostra qual destes dois tens escolhido, para que tome parte neste ministério e apostolado”, At 1.24,25.

Em se tratando de assuntos que abrangem o ministério da Igreja do Senhor Jesus, não podemos, em hipótese alguma, deixar de considerar diversos aspectos que envolvem os dons ministeriais. Antes de mais nada, quero afirmar com segurança: o ministério é sobretudo um ofício espiritual. E para exercê-lo, é necessário, além de tudo, ser chamado pelo Senhor Jesus, pois quando tornou-se vago o lugar de Judas, o traidor, Pedro e os demais discípulos reivindicaram o preenchimento da vaga mediante a aprovação do Senhor Jesus, porém, percebe-se nas palavras de Pedro o seguinte: “Senhor, mostra qual destes dois tens escolhido para tomar parte neste ministério”. Pelo que o Senhor escolheu Matias.

Assim sendo, note o caro leitor que Matias foi a primeira pessoa a ser indicada, não para exercer um determinado dom, mas para o ministério, sob a aprovação do Senhor. A palavra ministério, derivado do latim “Ministeriu”, significa um ofício espiritual. A palavra ministro, que vem da mesma fonte — “Ministru”, quer dizer “aquele que executa desígnios de outrem”. Desta forma é evidente que o ministro de Jesus execute os desígnios de sua Obra.

Tomemos para exemplo a palavra ofício, visto ser esta a mesma expressão do Espírito Santo na boca do rei Davi, quando se referia profeticamente ao lugar vago por Judas, no ministério ou apostolado da Igreja do Senhor Jesus: “Sejam poucos os seus dias, e outro tome o seu ofício”, SL 109.8. E para que fique bem explícito,
“Ministeriu” quer dizer literalmente: ofício, cargo e função, isto conforme a sua forma latina. Além disto, a palavra ofício está ligada ao ministério sacerdotal da Antiga Aliança, e o ofício sacerdotal foi o protótipo do ministério da Nova Aliança:

“Ungirás a Arão e a seus filhos, e os consagrarás para que me oficiem como sacerdotes”, Êx 30.30. E, portanto, o ministério da Igreja do Senhor Jesus, um órgão de trabalho para o aperfeiçoamento dos santos (Ef 4.12), tanto é que, para ele nós, os ministros do Senhor, fomos chamados.

Posterior ao Dia de Pentecoste, ou seja, à inauguração da Igreja do Senhor pelo Espírito Santo, surgiram diversos problemas, inclusive alguns de caráter material, como o caso das viúvas. Os apóstolos, ocupados demais para se preocuparem com questões deste gênero, pronunciaram-se desta maneira: “Mas nós perseveraremos na oração e no ministério da palavra”, At 6.4. Esta é uma razão pela qual somos chamados para exercer a função ministerial e não um dom intimamente distinto, pois os dons ministeriais, o Senhor dá a cada um para ser útil na sua Igreja, 1 Co 12.7.

Convém acentuarmos que, quando os discípulos se pronunciaram pela segunda vez acerca de suas funções e do gênero de trabalho que realizavam, afirmaram dizendo: “perseveraremos na oração e no ministério da Palavra.” Assim sendo, notamos que era esta a concepção dos discípulos no tocante à separação para o ministério. Devemos seguir as mesmas diretrizes, isto é, separarmos o Obreiro para o ministério, e não para exercer um deter minado dom.

“Enquanto eles ministravam perante o Senhor e jejuavam, disse-lhes o Espírito Santo: separai-me a Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho chamado”, At 13.2. Quem ministra recebe o nome de ministro. Além disto devemos acentuar que Barnabé e Saulo foram chamados para trabalhar na Obra do ministério, conforme disse o Espírito Santo. Quando o Senhor Jesus chama o Obreiro, sem dúvida, o faz para o seu santo ministério, pois este é uma coisa e os dons ministeriais são outra. Os dons ministeriais são dons concedidos por Deus aos homens e o ministério representa o exercício desses dons.

Vejamos a Palavra de Deus: “Pelo que diz: Subindo ao alto, levou cativo o cativeiro, e deu dons aos homens”, Ef 4.8. O texto nos mostra que o Senhor Jesus deu dons aos homens. “Ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores”, Ef 4.11. Neste versículo, percebemos com evidência que o apóstolo Paulo cita os dons que o Senhor Jesus concede aos seus ministros para o aperfeiçoamento da Igreja. Então, por que razão se diz: “Vamos separar alguns irmãos para evangelistas?”

Quem autorizou que separássemos alguém? Ora, meu caro leitor, se nos assistisse o direito de separar alguém para evangelista ou para pastor, nos assistiria outrossim o mesmo direito de separar alguém para apóstolo, profeta e doutor. Então, por que não o fazemos? Apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e doutores são dons ministeriais e espirituais, pelo que somente o Senhor Jesus pode concedê-los aos seus ministros através do Espírito Santo.


Para tanto, vale dizer com segurança que, a doutrina apostólica é esta: somente podemos separar os nossos irmãos para o ministério, ante a revelação do Espírito.
“E a uns pôs Deus na igreja, primeiramente apóstolos, em segundo lugar profetas, em terceiro doutores, depois milagres, depois dons de curar, socorros, governos, variedades de línguas”, 1 Co 12.28. Os dons ministeriais são propriedades do Senhor Jesus, pois somente Ele, através do Espírito Santo, distribui a cada um na sua Igreja para o que for útil, conforme a sua vontade.

As interpretações no que tange ao dom de evangelista e respectivamente ao dom de pastor, na Assembléia de Deus, são variáveis. Vez por outra se publica no nosso órgão de imprensa, o MENSAGEIRO DA PAZ, uma remessa de recém- consagrados para o ministério do Senhor. Entrementes usam dizer o seguinte: Foram separados irmãos para pastores e evangelistas.

Ora, isto é uma discrepância, sobretudo uma idéia excentricamente adversa aos princípios que focalizam os dons ministeriais da Igreja do Senhor Jesus Cristo, pois a palavra evangelista deriva-se do grego (segundo J.D. Davis) euggelistés, que quer dizer, portanto, mensageiro de boas novas. Desta forma, somente seria evangelista aquele cuja coragem fosse inspirada pelo dom do Espírito Santo e arriscasse a própria vida, como Paulo, Barnabé, Silas e Timóteo.

Por esta razão, Marcos temeu fazer tal trabalho, pelo que desistiu da viagem missionária, contudo Paulo o considerou útil para o ministério, 2 Tm 4.11. Poder- se-á dizer que estes bravos homens não foram grandes evangelistas? Não foram eles os mensageiros das boas novas através deste glorioso dom? Sem dúvida estes servos de Deus foram os maiores evangelistas da Igreja primitiva. E por que não dizer que o apóstolo Paulo tanto possuía o dom de evangelista, como o dom de apóstolo, o dom de pastor e o dom de profeta (Comp. At 13.1)?

O Novo Testamento sem as epístolas de Paulo é como um monumento sem base. Desta forma, não obstante Paulo possuir todos os dons, foi separado para o ministério, segundo a revelação do Espírito Santo.

Não existe, todavia, concepção bíblica que preceitue a hierarquia que vem afetando os princípios doutrinários, no tocante a separação de Obreiros no âmbito da Igreja Assembléia de Deus. O Obreiro, para chegar a ser um ministro completo, conforme a interpretação de muitos, deve receber a imposição de mãos para diácono, para presbítero, para evangelista e pastor. Pergunto ao caro leitor: há razão bíblica para procedermos assim? Não tem razão de ser, pois se quisermos seguir as diretrizes bíblicas, deveremos consagrar aquele que é chamado por Deus, tendo em vista o ministério e não o dom de evangelista e muito menos o de pastor, conforme muitos usam fazer, At 26.16. 

Este método de separação de Obreiros deixa os nossos irmãos humilhados, pois quando alguém recebe imposição de mãos para evangelista, não se sente completo no ministério, visto que ainda lhe falta a consagração de pastor, 1 Co 3.5 e 4.11.

Certa ocasião visitei uma igreja onde se realizava uma escola bíblica. No término da programação houve reunião do ministério, porém, os evangelistas não tomaram parte. Que quer isto dizer? Ora, neste caso, se o evangelista não é um ministro do Senhor e não pode tomar parte em reuniões privadas do ministério, segue-se que esta pessoa recebeu apenas o dom sob a imposição de mãos. E por que somente as pessoas que são consideradas pastores teriam o direito de tomar parte em tais reuniões? Não receberam a mesma imposição de mãos? Apenas com esta diferença, um para evangelista e outro para pastor.

Se fôssemos considerar o valor da função em si dos Obreiros, o evangelista seria maior do que o pastor, pois o apóstolo Paulo aos Efésios, cita primeiro o dom de evangelista.

Isto é apenas uma hipótese, todavia, quando o dom se manifesta no ministério do Obreiro, ele se destaca no corpo ministerial com autoridade, exercendo o dom que o Senhor Jesus lhe deu. Mas é necessário saber que o evangelista e o pastor são ministros do Senhor, e que estão integrados no mesmo ministério.

Se o evangelista não pode tomar parte em reuniões privadas do ministério, sendo um ministro do Senhor, como poderiam tornar parte os anciãos no Concílio de Jerusalém? Para que reunião mais privada do que aquela, visto tratar-se de assuntos intrinsecamente doutrinários da Igreja? Portanto, esta restrição que fazem entre evangelistas e pastores, não tem razão de ser.

A concepção oposta à tese que estou defendendo, se prende geralmente ao ministério de Timóteo, isto porque usam dizer que ele foi separado para evangelista, somente pelo fato de Paulo ter-lhe dito:
“Faze a obra dum evangelista”. Porém, Paulo também disse-lhe: “Cumpre o teu ministério”, 2 Tm 4.5. Fazer a Obra de um evangeelista não significa ser separado para evangelista. Antes, significa que Paulo admoestou-o a evangelizar, pois assim cumpriria o seu ministério.

Paulo disse a Timóteo: “Propondo estas coisas aos irmãos, serás bom ministro de Jesus Cristo”, 1 Tm 4.6. O que Timóteo deveria então propor aos irmãos? Deveria propor os dons ministeriais e doutrinários no tocante à salvação dos crentes, isto porque ele havia recebido a revelação da Palavra de Deus. O que Timóteo havia recebido de Deus eram os dons ministeriais, com os quais servia à Igreja do Senhor Jesus, como um bom despenseiro doe mistérios de Deus, 1 Co 4.1.

O ministério é propriedade do Senhor Jesus, e Ele dá somente aos que são chamados, Ef 3.7. Note o que disse o apóstolo Paulo: “Contanto que cumpra com alegria a minha carreira, e o ministério que recebi do Senhor Jesus”, At 20.24. Toda e quaisquer pessoas que forem chamada. pelo Senhor, devem sobretudo receber a imposição de mãos para o ministério e não para exercer um determinado cargo ou dom, pois o ministro do Senhor trabalha no aperfeiçoamento dos santos, conforme os dons que o Senhor Jesus lhe proporciona através do Espírito Santo.

Todos os discípulos foram chamados para exercer o ministério, At 6.4. Tanto assim que Pedro e João aparecem no livro de Atos dando ênfase à evangelização feita por Filipe nas regiões de Samaria, At 8.14. Filipe era um instrumento usado pelo Senhor, e com o dom de evangelista ganhou muitas almas naquela região. Quem era Filipe? Era apóstolo? Profeta? Pastor? Doutor? Quem era aquele homem? Era apenas um daqueles que foram separados para servir às mesas e mais nada, At 6.5. Está bem claro, que o Senhor é quem nos faz ministros seus e não o homem.

Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus                                                                        

Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS               

Revista o  Obreiro – CPAD – 1984

O MINISTÉRIO DE EVANGELISTA



O MINISTÉRIO DE EVANGELISTA

TEXTO ÁUREO = “Mas tu sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério” (2 Tm 4.5).

VERDADE PRÁTICA = O evangelista proclama o pleno Evangelho de Cristo com ousadia; é um arauto de Deus no mundo.
LEITURA BIBLICA = ATOS 8: 26-35 == EFÉSIOS 4: 11

O EVANGELISTA

Evangelista significa proclamador de boas novas ou o que leva o Evangelho da Salvação.
De acordo com o sentido etimológico do termo, o mesmo tem aplicação especial ao Senhor Jesus. Ê o que vamos estudar inicialmente.

JESUS, O EVANGELISTA

Dos cinco dons ministeriais mencionados em Ef 4.11, o evangelista é o único que não é atribuído de modo específico ao Senhor Jesus. No entanto, jamais se poderia encontrar em outra pessoa melhores características do verdadeiro ministério de evangelista. Ele o desempenhou com atividade, intensidade, zelo e eficiência muito além de qualquer homem na terra. Consideremos os seguintes tópicos:

1. Seu ministério predito. Neste ministério, como nos demais, Ele foi, na presciência de Deus, objeto de maravilhosas predições, não somente quanto ao seu trabalho como Evangelista, mas também quanto ao caráter maravilhoso que o distinguiria. “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque o Senhor me ungiu para pregar boas novas aos quebrantados, enviou-me a curar os quebrantados de coração, a proclamar liberdade aos cativos, e a por em liberdade os algemados; a apregoar o ano aceitável do Senhor”, Is 61.1-3. Jesus mesmo fez aplicação desta profecia à sua própria pessoa, Lc 4.18,19.

Jesus de fato revelou-se este Evangelista-pregador de boas novas que consistiam na libertação da alma, pela salvação, e do corpo, pela cura das enfermidades. Estas características correspondem ao duplo aspecto da obra redentora, a ser realizada por Cristo, o que de fato realizou. Foi disto que falou Isaías ao dizer: “Certamente Ele tomou sobre si as nossas enfermidades.., foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades”, Is 53.4-6; Mt 8.16,17.

São numerosos os textos bíblicos que descrevem a pregação de Jesus aliada à cura das enfermidades. Mt 4.23; 9.35; Mc 1.34-38.



2. O poder de atração. Sem divulgações, sem propaganda, “onde quer que Ele entrasse nas aldeias, cidades ou campos, punham os enfermos nas praças, rogando. lhe que os deixasse tocar ao menos na orla da sua veste; e quantos a tocavam saíam curados”, Mc 6.56. Glória a Jesus!

Apreciemos ainda a ênfase desta maravilhosa narrativa: “E vieram-lhe multidões trazendo consigo, coxos, aleijados, cegos, mudos e muitos outros e os largaram junto aos pés de Jesus; e Ele OS curou”, Mt 15.30,31. Era esta maravilhosa realidade que atraía “muitas multidões” a ouvir a pregação de Jesus.

Os seus ou vintes podiam ver neste caráter maravilhoso do seu ministério evangelístico, inolvidável triunfo em um desafio dos poderes infernais, pois é o que se pode deduzir de “um monte de enfermos” aos pés de Jesus!

A despeito de suas advertências para que não o expusessem à publicidade “de toda parte vinham ter com Ele”, Mc 1.45. “A sua fama correu por toda a Síria; trouxeram-lhe então todos os doentes, acometidos de várias enfermidades e tormentos; endemoninhados, lunáticos e paralíticos. E Ele a todos curou”, Mt 4.24.

Convém observar que “toda a Síria”, não significa apenas o país que conhecemos com este nome, e, sim, a província romana que abrangia vários países, inclusive a Palestina. Tal era a extensão atingida pela “fama de Jesus”!
Se a esta forma do ministério evangelístico de Jesus se deve denominar de “evangelismo em massa”, eis o tipo de evangelista que Ele foi... Eis o ministério que Ele desempenhou! Eis como o realizou!...

Se pensarmos no outro método de evangelização, tido como dos mais edificantes em nossos dias — evangelismo pessoal — também podemos encontrá-lo exemplificado da melhor maneira, na pessoa do Senhor Jesus.

3. A motivação do seu ministério. O amor e a compaixão o moviam a pregar às multidões que vinham ter com Ele. Pelos mesmos sentimentos “andava de cidade em cidade e de aldeia em aldeia, pregando e anunciando o evangelho do reino de Deus”, Lc 8.1. E também se detinha para atender a um indivíduo, sem levar em conta a sua condição social e espiritual.

Com o mesmo interesse com que demorou-se, à noite, a falar do Novo Nascimento ao nobre Nicodemos, mestre em Israel, deteve-se, ao meio dia, a falar da água viva, à mulher samaritana, pobre que não tinha quem lhe fosse buscar água na fonte, Jo 3.1-15; 4.5-30. Que maravilhoso exemplo de zelo e imparcialidade!



O DOM DE EVANGELISTA

Evangelista é um vocábulo encontrado apenas três vezes no Novo Testamento. “Filipe, o evangelista”, At 21.8; “Ele mesmo concedeu uns para evangelistas”, Ef 4.11; “Faze o trabalho de evangelista”, 2 Tm 4.5.

Como vemos, a primeira referência é a um homem como evangelista, a segunda ao dom de evangelista e a terceira ao trabalho de evangelista. Um homem, o dom, o trabalho.

Talvez não haja aqui apenas mera coincidência, mas a sabedoria da providência a estabelecer o esquema divino para a grande obra de evangelização, que é a força motriz da fé cristã e a causa eficiente da existência da Igreja na terra e de milhões de salvos na glória!

A despeito das poucas referências ao evangelista, este importante ministério esteve em franca evidência na Igreja Primitiva, também tem estado presente na Igreja em todos os tempos, bem assim na atualidade.

Regra geral, admite-se que “a base para o ministério de evangelista deve ser um ardente amor pelas almas e um irresistível desejo de ganhar os perdidos para Cristo. Evangelista é, portanto, dádiva de Cristo à sua Igreja, para o importante trabalho de ganhar almas, e não a designação de um ministério de categoria inferior, como supõem alguns — de o Espírito Santo — do Autor.

Filipe, o único homem chamado de evangelista no Novo Testamento, era um dos sete diáconos da Igreja Primitiva, um dos que foram dispersos por causa da perseguição que culminou com a morte de Estevão, At 6.5; 8.1-5. A perseguição que elevou Estevão, o diácono à categoria de mártir, elevou Filipe, também diácono, à categoria de evangelista. Nele podemos encontrar duas importantes qualidades:

a) Era um homem que até das adversidades sabia tirar proveito em favor da evangelização. Era disperso e não um refugiado medroso:

b) Era um homem a quem Deus podia falar por intermédio dos anjos. Que estava pronto a obedecer. Estava apto a ser dirigido por Deus, At 8.26-29.

Não temos informação de que Filipe fora ordenado como evangelista para Samaria. Entretanto, a chama divina ardente em sua alma o impulsionava a “anunciar a Cristo” aos samaritanos. Das características de seu ministério, podemos aprender duas lições importantes:

1. O verdadeiro evangelista nunca é constrangido por ninguém ou não depende de incentivo. O Espírito Santo o constrange. O amor pelas almas o move. A vocação divina o inspira e anima. Ele é capaz de exclamar como Paulo: “Sobre mim pesa a obrigação.., e ai de mim se não pregar o evangelho”, 1 Co 9.16.

Devido à incorreta concepção do ministério de evangelista, vemos às vezes um “evangelista” ocupado com uma pequena igreja, completamente fora de sua função ou mesmo sem qualquer evidência deste dom ministerial. É evangelista simplesmente porque alguém o determinou ou porque lhe deram este nome. Isto nada tem a ver com o verdadeiro ministério de evangelista; isto não tem nenhum fundamento bíblico. Nem se pode admitir que seja o meio correto de descobrir vocações para um ministério “mais elevado” ou habilidade para promoções...

2. O verdadeiro evangelista, conquanto seja um instrumento nas mãos de Deus para ganhar muitas almas e a conseqüente formação de novas igrejas, não tem por isto direito de se julgar independente do ministério de origem. Não deve se considerar dono da igreja por haver ganho. Não atribui a si superioridade. No se ensoberbece. A sublimidade dos dons de Deus não leva a pessoa a exaltar-se.

Quanto mais reais forem os dons divinos no homem de Deus, tanto mais profunda a sua humildade. Tanto mais visível a sua serenidade. Tanto mais pronta a sua submissão.

Os apóstolos foram cientificados de que Samaria recebera a palavra de Deus, At 8.14. Foram reconhecer oficialmente a nova igreja, levando-lhe as normas doutrinárias de integração na plenitude do Evangelho da graça - o batismo no Espírito Santo.

Filipe plantou. Deus fez nascer a boa semente. Então Filipe apela para os apóstolo3 para que venham regar. Filipe reconhecia que “há diversidade de ministério”. Que algo podia ser feito com maior proveito pelos apóstolos do que por ele. Sabia que um membro do corpo não pode prescindir dos demais e nem exercer a função de todos. Isto evidencia a existência de um dom de Deus. A presença de um dom espiritual traz luz divina!

O TRABALHO DO EVANGELISTA

No ministério de Filipe temos importante modelo deste trabalho.
A didática moderna prima pelo método do ensino “audio-visual”. É o meio mais fácil de entender. É o que vemos no ministério de Filipe. É o que precisamos ver no ministério da Igreja em nossos dias. “As multidões, atendiam unânimes às coisas que Filipe dizia, ouvindo-as e vendo os sinais que ele operava.
Pois os espíritos imundos de muitas pessoas saíam gritando em alta voz; e muitos paralíticos e coxos eram curados. E houve grande alegria naquela cidade”, At 8.6,7.

Era o Evangelho completo. Evangelho é “nova de grande alegria”. Feliz o pregador do Evangelho que pode usar este método! No ministério de Jesus, foi a razão do que lemos: “Varão profeta, poderoso em obras e palavras”.

A mensagem pura do Evangelho é coisa que se ouve e a fé vem pelo ouvir, é certo; mas a operação milagrosa, os sinais, são coisas que se pode ver e não se confundem com os embustes grosseiros dos feiticeiros e mistificadores.

As publicidades exageradas podem atrair multidões e em seguida afastá-las para mais longe. O poder de Deus atrai, transforma, liberta e enche de alegria. O próprio Simão, o mágico “acompanhava Filipe de perto, observando extasiado os sinais e grandes milagres praticados”, At 8.13.

Assim temos a revelação clara de que o trabalho de evangelista é pregar a salvação e cura divina. É proclamar o poder de Deus para libertar a alma e o corpo, sem contudo dar exagerada ênfase à cura divina, colocando-a em plano superior à salvação, sabendo também que as maravilhas reais não precisam ser propagadas.

Estas características, à luz do Novo Testamento, assinalam especialmente os ministérios pioneiros, como apóstolo e evangelista, embora a operação miraculosa não se limite em sua instância a estes ministérios. Por outro lado, a respeito daqueles que foram usados por Deus com poderes miraculosos, não há a mais leve menção a qualquer publicidade das curas operadas em nome do Senhor.

As multidões eram atraídas pela realidade, incontestável dos sinais visíveis e palpáveis. É provável que os apóstolos, e Filipe, o evangelista, como fazem corretamente muitos servos de Deus na presente época, falassem do poder de Deus para curar as enfermidades, pois a fé para receber a cura divina também “vem pelo ouvir da palavra de Deus”. Daí a importância da instrução ao enfermo, antes da oração pela sua cura. Depois, entretanto, eram os fatos que falavam sem admitir contestação. Os agentes das publicações.

Eram os cegos que agora viam, os paralíticos e coxos transitarem pelas ruas, manifestando incontida alegria. Eram os libertos dos espíritos imundos, em estado de admirável sensatez e felicidade. Os que eram atraídos pelos milagres, eram presos pela palavra. Os sinais constrangiam as multidões a atender. A pregação os fazia entender a crer conscientemente. “Quanto, porém, deram crédito a Filipe, que os evangelizava a respeito do reino de Deus e do nome de Jesus Cristo, iam sendo batizados, assim homens como mulheres”, At 8.12.
A palavra de Deus desperta a razão. Ilumina a consciência. Produz o arrependimento. Promove a conversão. Aprofunda a convicção da verdade e comunica a natureza divina, que modifica a natureza humana, em seu aspecto tríplice: Pensamento, sentimento e vontade. Os pensamentos são iluminados para entender a verdade; o sentimento é influenciado para amar a verdade e aborrecer o erro; a vontade é movida para aceitação da verdade libertadora, Jo 8.32.

A natureza da pregação de Filipe explica a razão do maravilhoso êxito do seu ministério; o seu grande tema era o nome de Jesus, tanto para a salvação das almas como para a cura das enfermidades, tanto em Samaria como no encontro com o etíope, na estrada deserta. “Evangelizava a respeito do reino de Deus e do nome de Jesus Cristo... Começando por esta Escritura, anunciava-lhe a Jesus”, At 8.12,35. Filipe cria corno Pedro, que em nenhum outro nome há salvação, senão no nome de Jesus At 4.12. Esta é a crença do verdadeiro evangelista. É o seu tema predileto, o mais proveitoso — “Jesus Cristo e este crucificado”.
Jesus Crista foi o Evangelista modelo.                                                                                                   

Filipe foi grande exemplo de imitação do Mestre. ‘Pode ser tomado como paradigma deste importante ministério.

Jesus tanto pregava às multidões Como a um indivíduo. Filipe desprendeu-se da grande popularidade que já desfrutava em Samaria; deixou as multidões maravilhadas e, na direção do Espírito do Senhor, foi ao encontro de um único homem a quem evangelizou com o mesmo interesse e grande resultado para o reino de Deus. Uma tradição informa que no quarto século do Cristianismo ainda existia uma grande igreja cristã na Etiópia, como fruto do testemunho daquele homem, ganho para Cristo por Filipe, na estrada deserta.

O ardor pelo trabalho da evangelização é a característica mais notável do verdadeiro evangelista e o poder de atrair as almas para Cristo, o Salvador, a evidência deste dom. A sua operação é tão eficaz nas multidões como nos indivíduos. É uma paixão que envolve amor e sofrimento. É como disse alguém: “Os filhos são gerados no amor, mas nascem na dor”. De fato são esses os elementos que mais poderosamente determinam a decisão de rompimento definitivo com o mundo e o pecado e de aceitação a Cristo como Salvador e Senhor. Como Salvador da alma e Senhor da vida com o direito de governá-la.

O texto de 2 Tm 4.5 não diz que Timóteo era evangelista, entretanto a recomendação — “faze o trabalho de evangelista”, evidentemente nos revela que existia este dom em Timóteo a respeito do qual o apóstolo recomenda-lhe o seguinte:

1. Deve exercitar-se. “Exercita-te a ti mesmo...” 1 Tm 4.7. Como se relaxam os músculos e se atrofiam as forças físicas e mentais por falta de exercício, de igual modo, a força da vocação divina, quando exercitada se desenvolve e se toma poderosa. Também pode atrofiar-se e enfraquecer por falta de exercício. À semelhança do talento enterrado, se tornará improdutiva. Desgasta-se. Por isto Paulo incentiva a Timóteo: “Medita estas coisas e nelas sê diligente para que o teu progresso a todos seja manifesto... porque fazendo assim, salvarás tanto a ti mesmo como aos teus ouvintes”, 1 Tm 4.15,16. Nenhum evangelista poderia prescindir desta regra.

2. Evitar a negligência. “Não te faças negligente para com o dom que há em ti”, 1 Tm 4.14. O trabalho de evangelista é indubitavelmente um trabalho pioneiro. O evangelista é, em linguagem popular, um desbravador”. Um homem negligente. comodista, nunca terá condição de fazer o trabalho de evangelista. Aquele em quem não “habita ricamente a palavra de Cristo”, não terá força para proclamá-la fluente e poderosamente. O que negligencia a oração, não terá poder para orar pelos enfermos. O homem natural não pode fazer um trabalho espiritual. O seu trabalho não poderá ser realizado sem esforço; o esforço que resulta de amor profundo pelas almas. Este amor que é produzido pelo Espírito de Cristo, o anima a enfrentar o desconforto da solidão, a intolerância e mesmo perseguições.

Não é esta a mesma situação dos evangelistas que fazem o seu trabalho de evangelização em massa, com o apoio material, moral e espiritual das grandes igrejas. O trabalho nestas condições poderá ser bem mais fácil. Uma autêntica mobilização de recursos e forças, poderá ser de grande proveito, desde que as propagandas, as publicidades não coloquem o pregador no lugar que pertence a Cristo. Quando isto acontece, os resultados são sempre inferiores às propagandas e urna campanha poderá produzir mais incredulidade do que fé... Com um auditório previamente preparado, a mensagem salvadora, ungida pelo Espírito Santo, poderá ter o efeito da boa semente lançada no terreno suficientemente adubado.

3. Reavivar o dom. “Admoesto-te que reavives o dom de Deus que há em ti”, 1 Tm 1.6. Para ter êxito permanente, o evangelista precisa ser reavivado constantemente. Para que obtenhamos vitórias freqüentes e contínuas, precisamos de constantes experiências com Deus, dessas experiências renovadoras. Só aquele que está reavivado pode produzir reavivamento. Eloqüência e ousadia naturais, diante de um grande auditório, podem empolgar, sem contudo deixar resultados positivos, reais e duradouros. O melhor pregador precisa ser renovado. O fato de haver obtido êxitos em determinados trabalhos, em certas ocasiões, não é garantia de tê-lo sempre, por certo, em qualquer circunstância.


Reavivar o dom de Deus, tem sentido de fazer acender o fogo que está em brasas, debaixo das cinzas. Certo doutrina- dor diz: “Use os dons e terás os dons”.
A maneira mais eficiente para desenvolver os dons ministeriais é aproveitar todas as oportunidades para usá-los, encorajadamente, animado pela fé na proteção e ajuda de Deus. Não há dúvida de que o te. mor ou a inibição, frutos da pobreza espiritual, levam o homem a deixar debaixo das cinzas, o fogo dos dons espirituais. Por isto Paulo adverte a Timóteo: “Deus não nos há dado espírito de covardia, mas de poder, amor e moderação”, 2 Tm 1.7. Sim, Deus nos tem dado o espírito de poder ou coragem e resolução; o espírito do amor de Deus, que nos coloca acima do temor do perigo; o espírito de moderação ou de quietude e serenidade, diante das ameaças.

O trabalho de evangelista exige coragem e estas virtudes o imunizam contra o medo. Tudo isto se encerra na exortação de Paulo — “Admoesto-te que reavives o dom de Deus”, que correspondem às boas condições espirituais do evangelista e, de algum modo, de todos os crentes.

É certo que o poderoso dom de evangelista não é comum a todos os crentes, no entanto, a responsabilidade de pregar o Evangelho a toda a criatura, é comum a todos os salvos; a quantos amam a Deus e à sua obra!

Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus

Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS                                 

BIOGRAFIA

Revista o Obreiro – CPAD – 1982

14 de maio de 2014

O MINISTÉRIO DE PROFETA



O MINISTÉRIO DE PROFETA

TEXTO ÁUREO = E a uns pós Deus na igreja, primeiramente, apóstolos, em segundo lugar, profetas, em terceiro, doutores, depois, milagres, depois, dons de curar, socorros, governos, variedades de línguas” (1 Co 12.28).

VERDADE PRÁTICA = O ministério de profeta é fundamental  para a igreja de Cristo nos dias atuais.

LEITURA BIBLICA = I CORINTIOS 12: 27-29 = EFÉSIOS 4: 11-13

INTRODUÇÃO
PROFETA
“Filho do homem, eu te dei por atalaia sobre a casa de Israel; da minha boca ouvirás a palavra e os avisarás da minha parte” (Ez 3.17).
Os profetas do Antigo Testamento inspiram e instruem não somente a Israel, mas a Igreja de Cristo. O Senhor Jesus Cristo e os seus apóstolos fizeram-lhes referências, reconhecendo a autoridade espiritual deles. Esse capitulo objetiva explanar a missão desses homens de Deus e a abrangência bíblica do termo “profeta”.
I. DEFINIÇÃO

Profeta (do hebr. Navi do gr. profhetes), é aquele que fala por alguém; porta voz, atalaia. No antigo Testamento, a pessoa era devidamente vocacionada e autorizada por Deus para falar por Deus e em lugar de Deus (Ez 2.1-10). O profeta era um mestre incontestável quando sob inspiração do Espírito Santo, declara aos homens o que recebeu por inspiração, especialmente aquilo que concerne a eventos futuros, e em particular tudo o que se relaciona com a causa e reino de Deus e a salvação humana.
Os profetas do AT, tendo predito o reino, obras e morte, de Jesus, o Messias, de João, o Batista, o arauto de Jesus, o Messias; do profeta ilustre que os judeus esperavam antes da vinda do Messias.
Eram homens cheios do Espírito de Deus, que pela sua autoridade e comando em palavras de relevância defendem a causa de Deus e estimulam a salvação dos homens.

Os profetas do NT, apareceram nos tempos apostólicos entre cristãos e estão associados com os apóstolos. Discerniram e fizeram o melhor pela causa cristã e previram determinados eventos futuros (At 11.27). 

Nas assembléias religiosas dos cristãos, foram movidos pelo Santo Espírito para falar, tendo capacidade e autoridade para instruir, confortar, encorajar, repreender, sentenciar e motivar seus ouvintes.

O profeta era o Porta-voz oficial da divindade, sua missão era preservar o conhecimento divino e manifestar a vontade do único e Verdadeiro Deus. No sentido bíblico. Profeta é aquele que fala em lugar de outro. Este foi um ministério de larga expansão no decorrer dos séculos, sendo que os escolhidos de Deus para realizar a missão de profeta deviam ser detentores de vocação. (Entre o povo de Deus a mensagem era julgar quanto a sua procedência e quanto ao seu porta-voz). Ainda que por muitas vezes a palavra enfrentasse rejeição, se, contudo na realidade fosse oriunda do Céu, jamais falharia.

                                        II. OS PROFETAS DO ANTIGO TESTAMENTO

Dezessete livros do AT, de Isaías a Malaquias, são classificados como proféticos.

Os profetas eram enviados por deus com três propósitos:

1. Entregar a mensagem divina de advertência da última oportunidade a um povo rebelde, cujo pecado e indiferença os conduziam a perdição, julgamento e ira de Deus.

2. Os profetas eram enviados para suplementar o ensino negligenciado pelo sacerdócio. No Velho Testamento, o cargo de sacerdote era passado de pais para filhos, contudo muitas vezes aqueles homens eram investidos nessa função, sem terem um relacionamento sadio com Deus, e sem desejo de servi-lo. Jeremias observou:“Os sacerdotes não disseram: Onde está o Senhor? e os que tratavam da lei não me conheceram” (Jr 2.8).

Naturalmente, o estado espiritual do povo se degenerou devido a falta de ensino. “O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento” (Os 4.6). A fim de suprir esta falha dos sacerdotes, Deus enviou seus profetas, para pregar e ensinar a lei divina (Is 28.9,10).

3. Os profetas eram enviados para fazer o .povo ver o plano completo de Deus para suas vidas. Aqueles que foram levados ao cativeiro, naturalmente sentiram que Deus os tinha abandonado e alguns até insinuaram que Deus não tinha poder suficiente para libertar seu povo.

Os profetas bradavam com veemência que nada disso era verdade; lembraram ao povo que Deus permanecia onipotente como sempre, permitindo o cativeiro a fim de levá-los ao arrependimento.
A Época dos Profetas

Como você notará, o gráfico abaixo, agrupa os profetas do Velho Testamento nos três períodos de crise da nação. Como foi mencionado anteriormente, os profetas foram enviados por Deus, em tempo de grande declínio espiritual, tensão, e apostasia, como ocorreu antes das invasões pela Assíria e Babilônia. Note que Obadias, Joel e Jonas não aparecem no gráfico, uma vez que seus ministérios ocorreram bem antes, no Século IX a.C. (900-800 a.C.).

Os profetas não aparecem na Bíblia na ordem cronológica em que profetizaram.

CRISE ASSÍRIA CRISE BABILÔNICA CRISE DO CATIVEIRO

Amós 760-750 Naum 630 = Daniel 606-536
Oséias 760-725 = Jeremias 628-585 = Ezequiel 593-571
Isaías 744-695 = Sofonias 630-625 = Ageu 520
Miquéias 735-700 = Habacuque 609-600 = Zacarias 520-480
Malaquias 430800 a.C. 700 a.C. 600 a.C.

III. O MINISTÉRIO

Há quem negue a existência da escola e do ministério dos profetas como instituição em Israel nos tempos do Antigo Testamento. Entendemos que no ministério mosaico iniciou-se a atividade profética em Israel (Nm 11.25). Entretanto, o profetismo, como movimento, surgiu séculos depois.

Mais tarde vemos que Samuel, presidia a congregação de profetas em Naiote, região de Ramá, onde residia (1º Sm 7.17; 19.19-23). E adiante, vemos a existência de uma escola dos profetas composta por “filhos” dos que exerciam o ofício (2º Rs 2.3,5,1 5). É importante ressaltar que “filho”, na Bíblia, significa também “discípulo, aprendiz” (Pv 3.1,21; 2ª Tm 2.1; FL 1.10).
Note que o texto sagrado revela a existência de uma organização de profetas bem estruturada, e Eliseu chegou a ser o mestre deles (2Rs 6.1-3).

O filho de Ana, Samuel, tornou-se um profeta, e seu ministério inauguraria uma era de esperança e de realizações inteiramente nova na vida de Israel, até mesmo nos assuntos mundiais.

Muito agrada a Deus que a situação humana seja vivenciada, assumida e apresentada diante dele, em toda a urgência e seriedade, por pessoas dispostas a compartilhar o próprio senso de retidão a ocupar o coração com as necessidades da comunidade à sua volta e a pressioná-la, através do exemplo dos profetas.
Foi com esse propósito que Deus levantou profetas em Israel. Eles estavam lá não somente para pregar e orar, mas para advertir o povo dos caminhos errantes.

Esses profetas deveriam ser como vigias colocados sobre os muros de Jerusalém, a fim de que dia e noite nunca ficasse em silêncio nem oferecessem a Deus descanso algum até que a cidade fosse restabelecida (Is 62.6-7). Deus afligiu-se quando fracassaram em sua tarefa (Is 59.16). Quer dizer, viu má conduta, ignorância e loucura no meio do Seu povo e, não viu ninguém que se colocasse sobre a brecha. Era como ninguém se preocupasse com nada!

É claro que o próprio Deus também entra em situações em favor de Seu povo. Não existe nenhum ato de indecência ou injustiça na terra que não seja notado por Ele. Ele ouviu aflição e ouviu o clamor de Seu povo oprimido no Egito muito tempo antes de enviar Moisés para libertá-los (Êx 3.7).

Israel obteve a prerrogativa de ouvir oráculos advindos da parte de Jeová pelo ministério de grandes homens, tais como: Moisés, Elias, Jeremias, Ezequiel, Isaías, Daniel e outros. Todos eles cumpriam sua árdua missão sem desfalecer, embora por muitas vezes encontrassem resistência ao comunicado Divino. Como chamados do Senhor, obtiveram o devido respaldo em todo tempo.

“Tu, ó filho do homem, não os temas, nem temas as suas palavras, ainda que haja sarças e espinhos para contigo, e tu habites com escorpiões; não temas as suas palavras, nem te assustes com o rosto deles, porque são casa rebeldes” (Ez 2.6).

Ezequiel enfrentou uma tarefa difícil, porque o povo estava em uma rebelião contra Deus. No antigo Israel, os atalaias ficavam posicionados nas torres ou muros para alertar as pessoas sobre o perigo e sobre a aproximação de mensageiros (2º Sm 18.24-27; 2º Rs 9.17-20). Os profetas eram chamados de atalaias ou vigias (Jr 6.17; Os 9.8; Hb 2.1).

“Mas, se quando o atalaia vir que vem a espada, e não tocar a trombeta, e não for avisado o povo, e a espada vier, e levar uma vida dentre eles, este tal foi levado na sua iniqüidade, porém o seu sangue requererei da mão do atalaia” (Ez 33.6).

Ezequiel tem a missão de alertar o povo de que cada pessoa é responsável por seu próprio comportamento. Esse tema de responsabilidade pessoal é repetido em 33.7-9 e é descrito em detalhes no cap. 18.

O fiel porta-voz de Deus não reluta em comunicar a mensagem, por mais severa e repreensiva que seja. Vemos como exemplo o caso de Elias, quando compareceu diante do Rei Acabe, e este indagou-lhe:

“Vendo-o, disse-lhe: És tu, ó perturbador de Israel? Respondeu Elias: Eu não tenho perturbado a Israel, mas tu e a casa de teu pai, porque deixastes os mandamentos do SENHOR e seguistes os baalins” (1º Rs 18.18).

Do primeiro ao último profeta enviado por Jeová para a nação Israelita, todos foram alvos de perseguição. No entanto, o Senhor honrava as suas palavras, contanto que os mesmos permanecessem fiéis em ouvir para anunciar.

Quanto aos falsos, ou profetas impostores, não ouviam mensagem alguma e, conseqüentemente, ninguém era responsável por aquilo que eles falavam.

Existiam impostores – profetas de divindades pagãs, que faziam errar o povo, com recados espúrios, estribados nos próprios entendimentos. Traziam dissabores e mensagens falsas para a Nação, que se contaminava com suas abominações, dando ouvidos a mensagens desarmônicas em detrimento da verdade.
Os profetas faziam errar o povo já nos dias de Isaías:

“Ai dos que chamam ao mal bem e ao bem, mal, que fazem das trevas luz e da luz, trevas, do amargo, doce e do doce, amargo” (Is 5.20).
Pelos lábios de Jeremias o Senhor falou: “Até quando sucederá isso no coração dos profetas que proclamam mentiras, que proclamam só o engano do próprio coração?” (Jr 23.26).

Foi no monte Carmelo que os desbriados impostores foram desmascarados diante de toda a Nação. Elias, o leal servo de Deus, os desafiou para ver qual o Senhor que seria capacitado em responder com fogo as orações e queimar o holocausto oferecido. Não passou vexame o profeta verdadeiro, pois obteve resposta imediata. Após a luta contra quatrocentos e cinqüenta falsificadores de mensagens, foi honrado e seu Senhor glorificado diante de toda a Nação.

A nódoa precisaria ser removida e, por isso, Deus comissionou Elias a ir ao vale decapitar um a um daqueles falsos profetas, pois eles eram responsáveis pelo desvio do povo. Seus ensinos durante o tempo em que profetizaram mentiras haviam feito com que a Nação se voltasse à idolatria, prostituição, mistura com o paganismo e praticasse as mais variadas formas de aberração.

Entre os deturpadores que se intitulavam porta-vozes da divindade, ainda existia aquela classe que furtava as palavras do Senhor, desvirtuando o conteúdo da mensagem.

Não estavam afinados com Deus e nem podiam ser aceitos como confiáveis. “E morava em Betel um profeta velho... e ele lhe disse: também eu sou profeta como tu, e um anjo me falou pela palavra do Senhor, dizendo... (porém mentiu-lhe)” (1º Rs 13.11-18).

Os embustes comumente praticados não podiam ser tidos como responsabilidade de Deus e sim dos profetas que não respeitavam o compromisso básico do ministério que lhes fora confiado, ou seja, o dever de falar somente a verdade.

Enfatizando o sentido bíblico e o real significado do ministério de um profeta coerente, afirmamos que não é nosso desejo desenvolver um assunto estritamenteno sentido etimológico da palavra, mas no amplo significado contido em seu bojo, relacionando profeta com apóstolos, mestres, pregadores, etc.

Com amor, dizemos: toda mensagem cristã deve estar em total harmonia com a Bíblia Sagrada, pois mesmo que um anjo anuncie outra, se for discordante com o fundamento da Palavra de Deus, deve ser considerada anátema (Gl 1.8). Tudo o que é divino se confirma e não causa confusão. “Porque se a trombeta tiver sonido incorreto, quem se preparará para a batalha” (1ª Co 14.8).

Os reis do Velho Testamento sempre que saiam em guerra consultavam a Deus através dos profetas. No livro de 1º Reis 22.5-11, a Bíblia diz que o rei Acabe faz aliança com Josafá rei de Judá para guerrear contra a Síria. Porém havia uma diferença entre os reis; Acabe era um rei sem temor, fazia o que era mau perante o Senhor, casou-se com uma mulher idolatra e era conduzido por falsos profetas. Josafá um rei temente e reverente a Deus (2º Cr 20).

Ao sair à peleja pede ao rei de Israel: “Consulta primeiro a Palavra do Senhor” (1º Rs 22.5), porém, ele reuniu os seus “profetas” para saber se iriam à peleja ou não. Josafá um homem de visão disse ao rei Acabe:

“Não há aqui ainda algum profeta do Senhor para consultar”? Josafá era um homem justo, e não se deixava enganar tão facilmente. Pode haver muitas pessoas no mundo que se dedicam à religião, á invocação de coisas sobrenaturais, mas um verdadeiro servo de Deus, guiado por Sua Palavra, vale mais que a total religiosidade do mundo, quando esta não é vinculada á pessoa de Jesus Cristo (Cl 2.8-23).

Como o rei Acabe não gostava de ouvir a verdade disse a Josafá rei de Judá: “Há um ainda, pelo qual se pode consultar o SENHOR, porém eu o aborreço, porque nunca profetiza de mim o que é bom, mas somente o que é mau. Este é Micaías, filho de Inlá. Disse Josafá: Não fale o rei assim” (1º Rs 22.8).

Micaías um servo de Deus, que estava em seu posto num momento histórico. Sua mensagem era real á vontade divina e não ao entusiasmo carnal, que proclama ir tudo bem, mesmo quando mais se acentua a desobediência ás Leis de Deus. Esta passagem é uma indicação da profundeza da separação que havia entre os falsos e os verdadeiros profetas. Os falsos profetas tentavam agradar aos seus ouvintes com promessas de sorte e felicidade (Jr 28.8-9). Os falsos profetas eram reconhecidos pelas profecias que não se cumpriam (Dt 18.21). Mesmo que um profeta opere milagres e prediga corretamente o futuro, deve ser rejeitado como falso, se pregar heresias contra a Palavra de Deus (Dt 13.1).

O verdadeiro profeta é integro na plena comunhão com o Senhor Deus e integrava-se completamente nos Seus planos (Am 3.7). Mesmo que tenha que pagar o preço de angustia como fez o profeta Micaías ao comunicar a verdade de Deus ao rei acabe; e por falar somente a verdade, Acabe disse: “.... metei este homem na casa do cárcere e angustiai-o, com escassez de pão e de água, até que eu volte em paz. Disse Micaías: Se voltares em paz, não falou o SENHOR, na verdade, por mim. Disse mais: Ouvi isto, vós, todos os povos!” (1º Rs 22.27-28)

No meio da batalha um homem anônimo, foi instrumento das mãos de Deus: “Então, um homem entesou o arco e, atirando ao acaso, feriu o rei de Israel por entre as juntas da sua armadura; então, disse este ao seu cocheiro: Vira e leva-me para fora do combate, porque estou gravemente ferido. A peleja tornou-se renhida naquele dia; quanto ao rei, seguraram-no de pé no carro defronte dos siros, mas à tarde morreu. O sangue corria da ferida para o fundo do carro. Quando lavaram o carro junto ao açude de Samaria, os cães lamberam o sangue do rei, segundo a palavra que o SENHOR tinha dito; as prostitutas banharam-se nestas águas.” (1º Rs 22.34-35, 38).

O Senhor tinha dito pela boca do profeta Elias (1º Rs 21.19) e o profeta Micaías profetizou: “Se voltares”.

Aquele que rejeita a verdade divina tem um fim trágico. A glória deste rei se findou quando o sangue real se confundira com as águas do esgoto de Samaria. Assim é a obra daquele que não constrói segundo o plano divino (Sl 127.1; 1ª Co 3.10-15).

Certo dia ouvindo um pregador dizer: "que hoje está difícil falar a verdade. Corremos um sério risco de sermos lançados no “calabouço” (ficarmos no banco)". Mas, se verdadeiramente Deus nos escolheu por atalaia, embora soframos rejeição, tal qual Jeremias, Micaías e outros, devemos saber que Deus nos sustentará e nos fortalecerá para que sejamos, nestes últimos dias de apostasia, verdadeiros atalaias para falar as verdades bíblicas e acordar aqueles que estão dormindo no sono da religiosidade e da negligência quanto à verdade.

Aquele que é chamado para ser um porta voz de Deus, deve ter como requisito na sua mensagem a palavra verdade: “Eis as coisas que deveis fazer: Falai a verdade cada um com o seu próximo, executai juízo nas vossas portas, segundo a verdade, em favor da paz” (Zc 8.16). Todo o julgamento e disciplina deve ser enquadrado na verdade em favor da paz.

IV. FALSO PROFETA

Falso profeta no grego. Pseudoprophetes. Quem, agindo como um profeta divinamente inspirado declara falsidades como se fossem profecias divinas.

Os falsos profetas sempre usam o sobrenatural como recurso para atrair as pessoas. O teste de Deuteronômio 18.20-22 só é decisivo quando a palavra não se cumprir. Se o profeta passar no teste, será necessário investigar o seu conteúdo doutrinário. O simples fato de uma profecia ou previsão cumprir-se ou mesmo de uma operação de maravilhas ocorrer não é suficiente para reconhecer a legitimidade de um profeta. Daí a necessidade dos avisos solenes ao povo de Deus contra as suas ciladas. Jesus advertiu os seus discípulos dizendo que eles “vêm até vós vestidos como ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores” (Mt 7.15).

1. Prodígios dos falsos profetas.

“Levantar-se-ão muitos falsos profetas e enganarão a muitos” (Mt 24.11). “Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas operando grandes sinais e prodígios para enganar, se possível, os próprios eleitos” (Mt 24.24).

Estas palavras dão o verdadeiro sentido do termo prodígio. Na acepção teológica, os prodígios e os milagres são fenômenos excepcionais, fora das leis da Natureza. Sendo estas, exclusivamente, obra de Deus, pode ele, sem dúvida, derrogá-las, se lhe apraz; o simples bom senso, porém, diz que não é possível haja ele dado a seres inferiores e perversos um poder igual ao seu, nem, ainda menos, o direito de desfazer o que ele tenha feito. Se, portanto, de acordo com o sentido que se atribui a essas palavras, o Espírito do mal tem o poder de fazer prodígios tais que os próprios escolhidos se deixem enganar, o resultado seria que, podendo fazer o que Deus faz, os prodígios e os milagres não são privilégio exclusivo dos enviados de Deus e nada provam, pois que nada distingue os milagres dos santos dos milagres do demônio. Necessário, então, se torna procurar um sentido mais racional para aquelas palavras.

Para o vulgo ignorante, todo fenômeno cuja causa é desconhecida passa por sobrenatural, maravilhoso e miraculoso; uma vez encontrada a causa, reconhece-se que o fenômeno, por muito extraordinário que pareça, mais não é do que aplicação de uma lei da Natureza. 

Assim, o círculo dos fatos sobrenaturais se restringe à medida que o da Ciência se alarga. Em todos os tempos, houve homens que exploraram, em proveito de suas ambições, de seus interesses e do seu anseio de dominação, certos conhecimentos que possuíam, a fim de alcançarem o prestígio de um pseudo-poder sobre-humano, ou de uma pretendida missão divina. São esses os falsos Cristos e falsos profetas. A difusão das luzes lhes aniquila o crédito, donde resulta que o número deles diminui à proporção que os homens se esclarecem.

O fato de operar o que certas pessoas consideram prodígios não constitui, pois, sinal de uma missão divina, visto que pode resultar de conhecimento cuja aquisição está ao alcance de qualquer um, ou de faculdades orgânicas especiais, que o mais indigno não se acha inibido de possuir, tanto quanto o mais digno. O verdadeiro profeta se reconhece por mais sérios caracteres e exclusivamente morais.

As Escrituras ensinam que Deus pode provar seu povo, permitindo, a manifestação do sobrenatural de fontes estranhas. É até possível, às vezes, o cumprimento das palavras ou profecias deles, mas sob a permissão de Deus (Dt 13.2). Jesus advertiu, no sermão profético, que o Anticristo virá fazendo sinais, prodígios e maravilhas. No livro de Apocalipse, lemos que a besta será adorada e admirada por todos os moradores da terra por causa dos sinais sobrenaturais. Portanto, não é somente o cumprimento de uma palavra ou uma operação de maravilhas que vai autenticar um profeta.

2. Como podemos identificar o falso do verdadeiro?

A primeira e mais segura regra de autenticação dos prodígios realizados por alguém é a sua coerência bíblica. É impossível alguém operar milagres da parte do Senhor e, ao mesmo tempo, adotar uma teologia contrária à Bíblia, ou seja, quem ensina ao povo a seguir a um deus estranho está incitando a rebelião contra Deus (Dt 13.5).

Nem sempre é possível distinguir o produto falso do verdadeiro apenas pela embalagem, mas pelo seu conteúdo. Assim, ensinou Jesus que eles serão identificados pelos frutos, (Mt 7.15-20), ou seja, pelo conteúdo, e não pela aparência. É, pois, necessário compreender o que ele estava dizendo com a expressão: “Por seus frutos os conhecereis”. Será que Jesus falava de uma vida piedosa? Há muitos piedosos e, em sua ignorância, apesar da honestidade e boa conduta, são adeptos de religiões falsas e de seitas sectárias. Ao falar dos “frutos”, o Senhor Jesus Cristo referiu-se mais ao conteúdo teológico do pregador milagreiro e enganador.

A chave principal para se descobrir a procedência espiritual de um profeta é saber qual a sua posição teológica. Como a Bíblia é vista por ele, qual o seu pensamento em relação à pessoa de Jesus Cristo, se ele realmente crê na humanidade e divindade de Cristo, e se crê que Ele morreu pelos nossos pecados e ressuscitou pelos nossos pecados e ressuscitou corporalmente dentre os mortos. O que ensina a Trindade? E sobre a salvação? Sobre o Espírito Santo. Sobre o pecado e a Igreja? Mesmo assim, convém fazer uma investigação criteriosa, pois os falsos profetas são peritos na arte do disfarce, usam os mesmos termos cristãos, mas com sentido diferente.

Nos dias do profeta Jeremias já existiam falsos profetas, aqueles que usavam o nome do Senhor Deus em vão para tirar o povo de Deus do Caminho da Verdade. Nos dias de Jesus estes tais também estavam como líderes, para enganar o povo e levá-lo a não a crer no Messias.

Por isso Jesus diz: “Acautelai-vos dos falsos profetas, que se vos apresentam disfarçados em ovelhas, mas por dentro são lobos roubadores. Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos?” (Mt 7.15-16).

Os falsos profetas usam a sutileza enganosa, até choram nas suas homilias para impressionar seus ouvintes. Dizem que o Espírito de Deus está dizendo, mas, na verdade o Senhor não disse coisa alguma. Usam o nome do Senhor em vão. “Tenho ouvido o que dizem aqueles profetas, profetizando mentiras em meu nome, dizendo: Sonhei! Sonhei! Até quando sucederá isso no coração dos profetas que profetizam mentiras e que são só profetas do engano do seu coração?” (Jr 23.25-26).

A exigência básica para alguém ser um profeta do Antigo Testamento: devia estar de acordo com as Escrituras e no Conselho de Jeová. (Jr 23.22). No Novo Testamento as exigências de Deus estão acima da Antiga Aliança. O pregador que está no lugar de profeta deve: esmerar-se no ensino (Rm 12.7), ensinar a verdade sem distorção a sã doutrina (Tt 2.1; 1ª Tm 6.3-5.3), ter humildade (Mt 11.28), fruto (Gl 5.22-23), ser o exemplo (1ª Tm 3.12).

3. O discernimento do povo de Deus. Já que Deus responsabiliza todos nós, precisamos estar cientes da nossa obrigação de discernir uma liderança adequada e digna de ser seguida. Um dos dons espirituais mais necessários é o de discernimento. Isto porque o falso profeta, sendo um imitador muito eficiente, pode confundir o povo de Deus, uma vez que suas mensagens concordam com aquilo que as pessoas esperam, gostam e sonham.

Entretanto, o crente que teme a Deus tem o discernimento, mediante o Espírito Santo, para distinguir a verdade do erro. Alguns exemplos bíblicos demonstram que, às vezes, a mentira e a verdade estão mais que evidentes (Êx 7.12; 1º Rs 22.18,37). Oremos, pois, a Deus, rogando-lhe o dom de discernimento de espíritos.

V. A FALSA MENSAGEM PROFÉTICA

1. O falso prega a sua palavra. “Eis que eu sou contra esses profetas, diz o SENHOR, que pregam a sua própria palavra e afirmam: Ele disse” (Jr 23.31).

Os falsos profetas são aqueles que pregam a sua própria palavra, os seus conceitos e conjectura da sua dominação como se fosse Deus estivesse falando. São mentirosos, pilantras, adúlteros porque roubam as palavras do Senhor, e mudam o verdadeiro sentido bíblico.

Nos dias dos Profetas Jeremias e Ezequiel, o povo havia se desviado dos caminhos do Senhor e seguido os ensinamentos de falsos profetas que induziam o povo ao erro, ao pecado e à apostasia, fazendo com que o povo israelita entrasse numa crise religiosa e recebesse a recompensa pelo seu erro.

O livro de Ezequiel registra a atividade de um profeta durante o exílio da Babilônia. Sua mensagem foi dirigida para seus companheiros de exílio, e igualmente ao povo hebreu que ainda se encontrava na Palestina. Ezequiel profetizou antes do exílio e Jeremias durante o exílio. O longo ministério de Jeremias durou cerca de quarenta anos, se estendeu desde 625 a.C. até poucos anos depois que Judá deixou de ser Estado, em 586 a.C. Mais de cinqüenta anos Israel esteve em apostasia religiosa. O Senhor Deus levantou Ezequiel como um atalaia para alertar o povo:

“Filho do homem, eu te dei por atalaia sobre a casa de Israel: da minha boca ouvirás a palavra e os avisarás da minha parte. Mas, quando eu falar contigo, darei que fale a tua boca, e lhes dirás: Assim diz o Senhor teu Deus: Quem ouvir ouça, e quem deixar de ouvir deixe; porque são casa rebelde” (Ez 3.17, 27). Os verdadeiros adoradores são aqueles que ouvem e praticam verdadeiramente a Palavra de Deus. “Tornai-vos, pois, praticantes da palavra de Deus e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos” (Tg 1.22).

A apostasia enfraqueceu o estado judaico política e religiosamente, tornando inevitável a queda de Jerusalém, em 586 a.C. Com isto a Babilônia levou o povo para o exílio (escravidão). Sempre que o povo israelita rejeitava a Palavra ensinada pelos profetas, o Senhor Deus permitia o castigo ou o exílio, para que houvesse arrependimento em seus corações.

Ao profeta Jeremias diz o Senhor: “Põe-te à porta da Casa do Senhor, e proclama ali estas palavras, e dize: Ouvi a palavra do Senhor, todos de Judá, vós, os que entrais por estas portas, para adorardes ao Senhor. Não confieis em palavras falsas, dizendo: Templo do Senhor, Templo do Senhor” (Jr 7.2, 4).

Os profetas de Deus, embora sofressem perseguição dos homens, tinham comunhão com o seu Senhor. Mas os falsos profetas, Deus os comparava a raposas em ruínas: “Os teus profetas, ó Israel, Israel, são como raposas entre ruínas” (Ez 13.4). Raposas em ruínas são profetas inúteis, mentirosos, enganadores e falsos, que fazem o povo errar o caminho.

2. São profetas sem mensagens. Deus os chama de profetas sem palavras, mas para ganhar popularidade entre o povo dizem o que o Senhor não disse.

“Assim diz o Senhor: Ai dos profetas loucos, que seguem o seu próprio espírito sem nada ter visto! Tiveram visões falsas e adivinhação mentirosa os que dizem: o Senhor disse; quando o Senhor os não enviou; e esperam o cumprimento da palavra. Não tivestes visões falsas e não falastes adivinhação mentirosa, quando dissestes: O Senhor diz, sendo que eu tal não falei? Portanto, assim diz o senhor Deus: Como falais falsidade e tendes visões mentirosas, por isso, eu sou contra vós outros, diz o Senhor Deus. Minha mão será contra os profetas que têm visões falsas e que adivinham mentiras; Não estarão no conselho do meu povo, não serão inscritos nos registros da casa de Israel, nem estarão na terra de Israel. Sabereis que eu sou o Senhor Deus. Visto que andam enganando, sim, enganando o meu povo, dizendo: Paz, quando não há paz, e quando se edifica uma parede, e os profetas a caiam” (Ez 13.3-10)

Deus é cruel com os falsos profetas: os chamas de: Loucos (v. 1); que seguem seu próprio espírito (v. 1); têm visões falsas (v. 6); são mentirosos (v.6); usam em vão o nome do Senhor (v. 6-7); falam falsidades (v.8); receberam o castigo de Deus (v. 9); não tomam conselho com o povo, ou seja, são soberanos e ditadores (v. 9); são enganadores (v. 9); falam de paz, mas dispersam o povo (v.10).

“Coisa espantosa e horrenda se anda fazendo na terra: os profetas profetizam falsamente, e os sacerdotes dominam de mãos dadas com eles; e é o que deseja o meu povo. Porém que fareis quando estas coisas chegarem ao seu fim?” (Jr 5.30-31)

Muitas pessoas, por vários motivos, sentem-se totalmente desacreditados na sua comunhão com Deus e acabam entregando as decisões mais importantes de suas vidas a alguém que intitulou-se “profeta”. Passam a ser iludidas e manipuladas, o que resultará certamente em fortes decepções.

Profecia nunca vem para dirigir a vida das pessoas, mas para confirmar uma direção pessoal de Deus. Ou, também, quando alguém resiste a convicção do Espírito Santo acerca de pecados encobertos, Deus levanta os Seus profetas. O pior é quando Deus levanta alguém para denunciar nosso pecado fechamos o coração e acabamos caindo nas mãos dos falsos profetas que falam apenas o que queremos ouvir.

A profecia pode ter três fontes: Deus, o diabo e a alma do profeta. Toda profecia precisa ser julgada criteriosamente segundo o caráter de Deus e os princípios da Sua Palavra.

3. São profetas estúpidos. “Porque os pastores se tornaram estúpidos e não buscaram ao Senhor; por isso, não prosperaram, e todos os seus rebanhos se acham dispersos” (Jr 10.21).

Pastores aqui é a figura de vários governadores, tanto espiritual como civis (Jr 2.8; 3.15; 23.1). Geralmente considerados como “sábios”, mas aqui é notório por causa da sua estupidez. São pastores maus, estúpidos, mal tratam os fiéis, não têm prosperidade de Deus, são fingidos, e por isso dispersam o rebanho. Mas naquele dia o Senhor porá à prova os falsos profetas; O Senhor Deus é contra esses profetas. Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor! Porventura não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então lhes direi, explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais iniqüidade” (Mt 7.22-23).

4. Profetas mentirosos. Jeremias 23.16, 21, 25, 31-32: “Assim diz o Senhor dos Exércitos: Não deis ouvido às palavras dos profetas que entre vós profetizam e vos enchem de vãs esperanças; falam as visões do seu coração, não o que vem da boca do Senhor. 21 Não mandei estes profetas, todavia, eles foram correndo; não lhes falei a eles; contudo, profetizam. 25 tenho ouvido o que dizem aqueles profetas, proclamam mentiras em meu nome, dizendo: sonhei, sonhei. Até quando sucederá isso no coração dos profetas que proclamam mentiras, que proclamam o engano do próprio coração? 31 Eis que eu sou contra esses profetas, diz o Senhor, que pregam a sua própria palavra e afirmam: Ele disse. 32 Eis que eu sou contra os que profetizam sonhos mentirosos, diz o Senhor, e os contam, e com suas mentiras e leviandades fazem errar o meu povo; pois eu não os enviei, nem lhes dei ordem; e também proveito nenhum trouxeram a este povo, diz o Senhor”.

Enchem-vos de falsas esperanças (v.16); ensinam falsas revelações (v 16); não têm mensagens (v. 21); proclamam mentiras e enganam o povo (v. 25); fazem errar o povo com suas mentiras (v. 31). O Senhor Deus é categórico em afirmar que é contra estes impostores e que um dia irá julgá-los com justiça.

O profeta do V. T. tinha como função, ensinar a Lei ao povo e adverti-los contra os falsos profetas que ensinavam heresias e faziam o povo cair em iniquidades “Tu, ó filho do homem, põe-te contra as filhas do teu povo que profetizam de seu coração, profetiza contra elas” (Ez 13.17).

Profetas porta voz e sacerdotes tornaram-se opressores, enganadores, falsos e mentirosos para o povo de Israel: “coisa espantosa e horrenda se anda fazendo na terra: os profetas profetizam falsamente e os sacerdotes dominam de mãos dadas com eles; e é o que deseja o meu povo. Porém que fareis quando estas coisas chegarem ao seu fim?” (Jr 5.30-31). E também: “Os opressores do meu povo são crianças (às vezes adultos também) e mulheres estão à testa do seu governo” (Is 3.12).

VI. PREGAM UMA FALSA MENSAGEM

1. O falso profeta Hananias. No início do reinado de Zedequias, o profeta Jeremias colocou sobre seu pescoço uma canga de madeira com tiras de couro (Jr 27.1-2; 28.10, 12-13) e foi enviado por Deus a Judá e a Jerusalém (Jr 27.3), exortando o povo á submissão ao rei de Babilônia (Jr 27.-6-8).

Assim como o boi é dominado pelo jugo de seu dono, as nações deveriam sujeitar-se ao domínio dos caldeus, pois seria inútil tentar livrar-se de Nabucodosor (Jr 27.13-13).

No mesmo ano em que o Senhor transmitiu essa mensagem por meio de Jeremias, surgiu um falso profeta – “Hananias”, filho de Azur, o profeta de Gibeão” (Jr 28.1), para confrontar a mensagem do arauto de Deus. O falso profeta Hananias desafiou o profeta de Deus no templo de Jerusalém diante do povo e dos sacerdotes. A Palavra de Deus adverte-nos de que haverá entre nós, na própria igreja, falsos profetas (2ª Pe 2.1-2; At 20.30; 1ª Tm 4.1; 1ª Jô 4.1).

O farsante Hananias procurava contradizer a mensagem de Jeremias acerca do destino de Joaquim filho de Jeoaquim (Jr 37.1) e do fim do cativeiro. O profeta de Deus afirmava ser impossível Jeoaquim retornar de Babilônia (Jr 22.24-27), o que realmente aconteceu, pois o rei veio a morrer em Babilônia durante o reinando de Evil-Merodaque (Jr 52.31-34; 2º Rs 25.-27-30).

Contudo, o falso profeta Hananias trouxe uma mensagem que todos queriam ouvir: a volta de Joaquim e o fim do jugo caldeu em dois anos (Jr 28.2-40).

Era, portanto, a palavra dele contra a de Jeremias, e isso colocava o homem de Deus em desvantagem, pois o povo esperava uma mensagem de triunfo.

Apesar de um discurso bonito e de uma mensagem agradável , faltava ainda o teste do tempo. Como ensina Deuteronômio 18.22. A Bíblia ensina que o profeta só será reconhecido como tal após suas predições se cumprirem (28.29).

2. Os dias hodiernos não são diferentes. O falso profeta é aquele que agrada todo mundo. Seu dever é dar testemunho de Deus, mas ele não vê Deus e prefere não ver porque vê muitas outras coisas. Segue seus pensamentos humanos, conserva-se interiormente calmo e seguro, evita habilmente tudo quanto o incomoda. Não espera senão poucas coisas ou mesmo nada da parte de Deus.

Pode calar-se, mesmo quando vê homens atravancando seus caminhos de pensamentos, de opiniões, de cálculos e de sonhos falsos, porque eles querem viver sem Deus. Retira-se sempre quando devia avançar. Compraz-se sempre quando é chamado de arauto do evangelho, condutor espiritual e servidor de Deus, mas só serve aos homens. Sonha, às vezes, que fala em nome de Deus, mas não fala a não ser em nome da sua dominação.

Ele sabe que o caminho e a conduta que segue não são verdadeiros, mas não quer incomodar nem a si mesmo, nem aos outros; por isso é que diz: ‘continuemos prudentemente e sempre alegres em nossos caminhos atuais; não podemos mudar os marcos antigos’.

Ele sabe que Deus quer tirar os homens do engano, da impiedade, e que a luta espiritual deve ser travada. Ele sabe que Deus quer mudar os odres velhos mas, no entanto, ele prega a paz e a bonança. Ele sabe que Deus esta insatisfeito com o sistema, mas ele deixa reinar o espírito do medo, do engano, de Mamom, da violência – a muralha construída pelo povo (Ez 13.10), o muro oscilante manchado. Ele o disfarça pintando de cores suaves e consoladoras da “religião” para o contentamento de todo o mundo. Eis aí o falso profeta.

Deixe que eu lhe diga mais uma coisa bem clara: sempre que você vir pessoas possuídas por uma espiritualidade exibicionista, tome cuidado. Jesus, nossa suprema referência de espiritualidade, curava, libertava e realizava prodígios com extrema discrição (Mt 12.19; Mc 3.12). E quando o povo ficava sabendo de seus poderes espirituais isso acontecia em função de fatos, ou seja, de pessoas que tinham sido realmente beneficiadas por ele (Mc 7.36). Os fatos falavam sempre mais alto na vida de Jesus. Não o vemos reunindo grupos de pessoas na casa de Pedro para falar das curas que realizava em outra cidade.

Não. Ele nem falava do que já havia feito. Ele simplesmente fazia (Jo 10.25). Quem fala que faz geralmente não faz. Quem faz, faz. Não fala que fez.

VII. O FALSO PROFETA DESMASCARADO

1. A arrogância de Hananias. Duas características de um falso profeta são a audácia e arrogância. E o falso profeta Hananias apresentava essas más qualidades.
A Palavra de Deus diz que, enquanto o profeta Jeremias representava a situação futura de Israel usando um jugo no pescoço, Hananias tomou o jugo e, diante do povo quebrou-o reafirmando seu discurso positivista: “Assim quebrarei o jugo de Nabucodonosor, rei da Babilônia, depois de passados dois anos completos” (Jr 28.11). Era uma situação difícil para Jeremias, que limitou-se a “tomar o seu caminho”.

Para nós, que estamos cientes de que a verdade estava do lado de Jeremias, é fácil compreender. Todavia, imagine o povo naquela época assistindo esse embate, com o agravante do falso profeta usara chancela (ainda que falsa) de uma suposta autoridade espiritual: “Assim fala o SENHOR dos Exércitos̶ ou “assim diz o SENHOR” (vv.2,4,11). Como discernir o verdadeiro do falso?

2. O jugo de madeira é substituído por um de ferro (vv. 13-14). A ousadia de Hananias acarretou ainda mais a ira divina. Deus mandou Jeremias voltar e declararão falso profeta: “Jugos de madeira quebraste. Mas, em vez deles, farei jugos de ferro” (v.13). Dessa forma, a servidão seria ainda pior, pois, agora o jugo seria de ferro, ou seja, ninguém poderia quebrá-lo (v.14).

3. O julgamento do falso profeta Hananias e a confirmação de Jeremias como profeta de Deus (vv.15-17). Como tudo tem o seu tempo, chegou a hora de o falso profeta Hananias ser desmascarado. Disse-lhe Jeremias: “[...] não te enviou o SENHOR, mas tu fizeste que este povo confiasse em mentiras” (v. 15). A mensagem do falso profeta, apesar de agradável, era falsa; não provinha do Senhor. Noutras palavras, era uma mentira ruinosa que contribuiu para a queda da nação e o exílio do povo.

Hananias pagaria com a própria vida por sua rebelião contra o Senhor; disse-lhe Deus: “Eis que te lançarei de sobre a face da terra; este ano, morrerás, porque falaste em rebeldia contra o SENHOR” (v.16). Essa era a pena que a lei determinava para os falsos profetas (Dt 18.20). O início do confronto entre o verdadeiro e o falso profeta aconteceu no “quinto mês” (v. 1). Hananias morreu “no mesmo ano, no sétimo mês” (v. 17). Isso mostra que a profecia de Jeremias cumpriu-se em menos de dois meses. Hananias foi desmascarado e morto; Jeremias, confirmado como profeta de Deus.
Por que o povo não se arrependeu de seus pecados, e continuou a confiar nas mentiras dos falsos profetas? A resposta é simples: os rebeldes optam por acreditar apenas naquilo que lhes agrada. Essa é a tendência do ser humano.
VIII. JOÃO BATISTA O ÚLTIMO PROFETA
João Batista é o personagem que demarca a transição da Antiga Aliança para a Nova Aliança e serve de ponte entre o Antigo e o Novo Testamento. Além disso, foi o precursor do Messias e tinha como uma de suas principais atividades o batismo em água. De certa forma, acabou introduzindo o rito, que veio a tornar-se a primeira ordenança da Igreja. Nesta oportunidade, trataremos da origem, ministério e mensagem de João Batista, o último profeta veterotestamentário.

1. A personalidade de João Batista.

A. O testemunho de Jesus (v.7a). Pouco tempo após batizar o Senhor Jesus, João Batista foi preso. Ao ouvir acerca das realizações de Cristo, ele mandou que dois de seus discípulos fossem até ao Senhor e o inquirisse acerca do cumprimento de sua missão messiânica (Mt 11.3). Jesus mandou então que contassem a Batista, na prisão, “as coisas que ouvis e vedes: Os cegos vêem, e os coxos andam; os leprosos são limpos, e os surdos ouvem; os mortos são ressuscitados, e aos pobres é anunciado o evangelho” (Mt 11.4,5). Isto é, não havia apenas sinais no ministério do Senhor Jesus Cristo, mas também e, principalmente, a mensagem do evangelho.

B. Sua espiritualidade e devoção (v.7b). Após essa resposta, o Senhor Jesus passa a falar sobre a grandiosidade do ministério de João Batista. O Filho de Deus revela que o povo não saiu ao deserto para ouvir qualquer pessoa, mas um homem destemido e cheio do Espírito Santo; um homem que falava a verdade divina, exortando os pecadores ao arrependimento; um homem que não temia as ameaças dos poderosos. Era inconcebível pensar que João Batista havia fraquejado por estar preso, pois ele não era “uma cana agitada pelo vento”, mas um vigoroso cedro capaz de resistir a fortes tempestades. Ele estava na masmorra de Herodes (Mt 14.10-12), porém, demonstrava um forte compromisso e preocupação com a obra de Deus.

2. João Batista como precursor do Messias; e a comparação com o profeta Elias.

A. “Muito mais que profeta” (v.9). O testemunho público de Jesus confirma o que o Espírito Santo havia falado por boca de Zacarias: João seria “profeta do Altíssimo” (Lc 1.76).

Cristo foi além; afirmou que João era “muito mais do que profeta”. Ele declarou ser o Batista um mensageiro enviado por Deus como o precursor do Messias (v. 10), cumprindo assim a profecia de Malaquias (Ml 3.1). Jesus acrescentou que dentre os mortais, não houve ninguém maior do que João (v.11). E isso, por algumas razões:

a) Porque os profetas falaram a respeito de João (Is 40.3; Ml 3.1); b) porque João teve o privilégio de ver o cumprimento principal dos oráculos proféticos do Antigo Testamento: O Senhor Jesus; c) por ter sido o precursor do Messias; d) porque batizou o Senhor Jesus nas águas; e) porque pode participar da salvação que os profetas apenas predisseram; e finalmente f) porque chegou ao clímax do ministério profético, tal como havia no Antigo Testamento (Lc 16.16).

B. O término da dispensação da Lei (v.13).A Lei e os Profetas vigoraram até João; desde esse tempo, vem sendo anunciado o evangelho do reino de Deus, e todo homem se esforça por entrar nele (Lc 16.16).

Pelas razões acima apresentadas, João é o mais excelente de todos os profetas; com ele se encerra a Antiga Aliança. João Batista é o único personagem do Novo Testamento com quem Deus se comunicava da mesma maneira que Ele falava aos profetas do Antigo Testamento: “[...] veio a palavra de Deus a João, filho de Zacarias” (Lc 3.2 — ARA; cf. Jr 1.2).

C. “O Elias que havia de vir” (v.14). Ao comparar o ministério de João Batista ao de Elias, Jesus confirma o oráculo de Malaquias (4.5,6). Em outras palavras, João veio na virtude e no espírito de Elias (Lc 1.17), ou seja: exercendo um ministério igual ao de Elias. E o Senhor Jesus o reafirma em outra ocasião (Mt 17.12,13). Isso, porém, não deve levar ninguém a pensar que João era Elias reencarnado por duas razões básicas: Elias foi arrebatado vivo para o céu, portanto, não morreu (2Rs 2.11). Além disso, reencarnação é algo que não existe e nem é permitido por Deus (2Sm 12.23; Sl 78.39; Hb 9.27).

Elias e João Batista tinham as mesmas características: ambos vestiam-se de pelos e usavam cinto de couro (2Rs 1.8; Mt 3.4), ministravam no deserto (1 Rs 19.9,10,15; Lc 1.80), e eram incisivos ao pregarem contra reis ímpios (1 Rs 21.20-27; Mt 14.1-4).

O papel de João Batista como um precursor do Messias o colocou numa posição de grande privilégio, descrito como “muito mais do que profeta” (11.9), como não havendo ninguém maior do que ele. Nenhum homem jamais cumpriu este objetivo dado por Deus melhor do que João. Ainda assim, no Reino de Deus que está chegando, o menor terá uma herança espiritual maior do que João, porque ele viu e conheceu a Cristo e a sua obra concluída na Cruz. João morreria antes que Jesus morresse e ressuscitasse para inaugurar o seu Reino. Como seguidores de Jesus testemunharão a realidade do Reino, eles terão privilégios e um lugar maior do que João Batista. Todos os profetas das Escrituras tinham profetizado a respeito da vinda do Reino de Deus. João cumpriu a profecia, pois ele mesmo era o Elias que havia de vir (Ml 4.5).
João não era Elias ressuscitado, mas ele assumiu o papel profético de Elias — o de confrontar corajosamente o pecado e mostrar Deus às pessoas (Ml 3.1). [Comentário do Novo Testamento, Aplicação Pessoal. Vol.1. RJ: CPAD, 2009, p.76-7].

Quando Jesus veio a este mundo e foi batizado por João Batista, o evangelho do reino do céu começou.

IX. COMO JULGAR UM PROFETA

“Meus queridos amigos, não acreditem em todos os que dizem que têm o Espírito de Deus. Ponham à prova essas pessoas para saber se o espírito que elas têm vem mesmo de Deus; pois muitos falsos profetas já se espalharam por toda parte. É assim que vocês poderão saber se, de fato, o espírito é de Deus: quem afirma que Jesus Cristo veio como um ser humano tem o Espírito que vem de Deus. Mas quem nega isso a respeito de Jesus não tem o Espírito de Deus; o que ele tem é o espírito do Inimigo de Cristo. Vocês ouviram dizer que esse espírito viria, e agora ele já está no mundo. Meus filhinhos, vocês são de Deus e têm derrotado os falsos profetas. Porque o Espírito que está em vocês é mais forte do que o espírito que está naqueles que pertencem ao mundo. Eles falam das coisas do mundo, e o mundo os ouve porque eles pertencem ao mundo. Mas nós somos de Deus. Quem conhece a Deus nos ouve, mas quem não pertence a Deus não nos ouve. É desse modo, então, que podemos saber a diferença que existe entre o Espírito da verdade e o espírito do erro” (1ª Jo 4.1-6).

Como poderemos saber se o profeta é de Deus ou não? Os profetas devem ser provados (Jo 4.1). Pela Palavra de Deus podemos julgar. Aliás, a própria Palavra é quem julga. “Quem me rejeita e não recebe as minhas palavras tem quem o julgue; a própria palavra que tenho proferido, essa o julgará no último dia” (Jo 12.48).

No Novo Testamento, Cristo deixou os ministérios para a edificação da Igreja (Ef 4.11). Os profetas de hoje têm a responsabilidade e função de: cuidar, advertir e ensinar a igreja pela Palavra. Uma igreja cristã bem ensinada está alicerçada na Rocha, mas, se está a mercê, com certeza sofrerá ataques do adversário.

Os que hoje detêm o dom profético não mais possuem a autoridade e as prerrogativas dos mensageiros divinos dos tempos bíblicos. Nesta dispensarão, o dom profético tem como função exortar, consolar o povo de Deus; jamais modificar artigos de fé, alterar doutrinas ou trazer novas revelações (1ª Co 14.26-40; Ap 22.18-19).

Um ministro que não ensinou conforme a sã doutrina de Cristo e a interpretou a seu bel-prazer, sofrerá um julgamento acentuado, pois o mestre Jesus diz que alguns serão atados de pés e mãos e lançados no inferno.

Saul deixou de cumprir (obedecer) a Palavra do Senhor, por isso Ele o rejeitou. Saul é rejeitado definitivamente e, em conseqüência, sofre de perturbação e, no final de sua vida, teve uma morte trágica.

Mudar o sentido da Palavra é um dos piores pecados. Quem o fizer receberá duro juízo de Deus. Ser um ministro do evangelho é bom, mas sem conhecimento leva-o para um juízo mais severo, porque não estamos tratando com os negócios dos homens, mas de Deus.

“Meus irmãos, não vos torneis, muitos de vós mestres, sabendo que havemos de receber maior juízo” (Tg 3.1).

À primeira impressão parece que não devemos ser mestres. Mestre assim como pastores, são dons de Deus para a edificação de Sua Igreja (Ef 4.11; 1ª Co 12.28). O mestre molda as mentes imaturas para o bem ou para o mal.

O juízo mais acentuado é para aqueles que não tiveram humildade e responsabilidade de ministrar um ensino correto aos seus seguidores, ou seja, mudaram a verdade da Palavra. É por isso que Paulo prescreve aos Romanos: “A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça” (Rm 1.18). E para os fariseus Jesus diz: “... sofrereis juízos muito mais severos!” (Mt 23.14).

Segundo a lei de Moisés, aquele que era apanhado em pecado, por duas ou três testemunhas, era morto. “De quanto mais severo castigo julgais vós será considerado digno aquele que calcou aos pés o Filho de Deus, e profanou o sangue da aliança com o qual foi santificado, e ultrajou o Espírito da graça?”.

“Porque, se vivermos deliberadamente em pecado, depois de termos recebido o pleno conhecimento da verdade, já não resta sacrifício pelos pecados; Pelo contrário, certa expectação horrível de juízo e fogo vingador prestes a consumir os adversários.
Sem misericórdia morre pelo depoimento de duas ou três testemunhas quem tiver rejeitado a lei de Moisés. De quanto mais severo castigo julgais vós será considerado digno aquele que calcou aos pés o Filho de Deus, e profanou o sangue da aliança com o qual foi santificado, e ultrajou o Espírito da graça? Ora, nós conhecemos aquele que disse: A mim pertence a vingança; eu retribuirei. E outra vez: O Senhor julgará o seu povo. Horrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo. 

Todavia, o meu justo viverá pela fé; e: Se retroceder, nele não se compraz a minha alma. Nós, porém, não somos dos que retrocedem para a perdição; somos, entretanto, da fé, para a conservação da alma”. (Hb 10 26-31, 38 e 39).

Podemos considerar como apóstatas aqueles que deixam a fé, negam a fé e aqueles que mudam o sentido da Palavra. Aqueles que desprezam as verdades bíblicas e fazem a obra de Deus de qualquer maneira serão malditos (Jr 48.10; Gl 1.9), e condenados ao fogo eterno.

Aqueles que pisam no sacrifício de Jesus são chamados de profanos, pois assim como o profano Esaú, que trocou a primogenitura por um prato de alimento, assim são chamados aqueles que saem da graça de Cristo para outro evangelho (Gl 1.6), trocam a fé pela conjectura denominacional.


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