11 de junho de 2014

O PRESBITERIO, BISPO OU ANCIÃO



O PRESBITERIO, BISPO OU ANCIÃO

TEXTO AUREO = Por esta causa te deixei em Cristo, para que pusesses em boa ordem as coisas que ainda restam e, de cidade em cidade, estabelecesses presbíteros.

VERDADE PRATICA = O presbítero deve ser constituído por pessoas idôneas para auxiliar na administração d igreja local.

LEITURABIBLICA = Tito 1.5-7 = I Pedro 5,1-4

INTRODUCAO

A origem do Presbítero

O termo hebraico Zaqên, que no Antigo Testamento significa ancião, teve, no Novo Testamento, o termo equivalente, em grego presbuteros. O presbítero não é mera honraria. É um oficio que atua na vida espiritual e administrativa da Igreja, como esteve integrado na vida da primitiva comunidade cristã, julgando e presidindo. O oficio de presbítero deixa raízes no Antigo Testamento, e é possível encontrá-lo até mesmo entre os povos pagãos.

No Egito havia uma Ordem Presbiteral. Um conselho de anciãos que gozava da confiança de Faraó e assistia na sua presença: Gn 50.7; SI 105.22. Os midianitas e moabitas tinham seus anciãos, que formavam um presbitério e, provavelmente, exerciam autoridade sobre as comunidades, visto que assistiam diante dos reis e eram por estes convocados nas situações difíceis: Nm 22.4-7, Do texto se infere que essa dignidade não lhes provinha de um estado de senectude, mas de qualificações morais, intelectuais e espirituais.

Em Esparta, a famosa cidade grega, o governo era formado por um Senado composto por vinte e oito anciãos (presbíteros), cuja importância era semelhante à do Areópago ateniense, e que serviam ao mesmo tempo como legisladores, juizes, magistrados, administradores. Eram os chamados gerontes,

Entre os israelitas o oficio de presbítero não foi uma criação acidental, mas estava no propósito de Deus. Desde o início Deus dignificou, com honras, a pessoa do presbítero. Homens idosos eram escolhidos para o ofício presbiteral. Melhor seria dizer: homens amadurecidos, porque é importante sabermos que a idade não era a condição principal para o exercício do presbitério. Todo presbítero deveria ser um homem de idade madura, mas nem todo homem velho poderia ser um presbítero. O presbítero é homem de cargo e ofício, e não meramente um velho.

Ao lermos a Bíblia, vamos encontrar o presbítero, desde o início da História Sagrada, exercendo o ofício em funções diversas: como conselheiro, magistrado, juiz, cabeça de família, chefe tribal, condutor de massas, chefe militar, embaixador, e, por fim, como pastor e bispo da igreja de nosso Senhor Jesus Cristo.

Sempre respeitado, honrado e acatado em suas decisões. Nada se lhe devia ocultar, e o destino político-religioso da nação lhe era confiado, O que Deus falava a Moisés e a Arão, ambos deveriam, de imediato e por ordem de Jeová, comunicar aos anciãos de Israel. Como no caso dos presbíteros de Éfeso, chamados por Paulo a Mileto At 20.17, eles eram responsáveis pelo governo espiritual do povo.

O PRESBITÉRIO DA IGREJA DE DEUS

Assim como o tabernáculo do Velho Testamento teria de ser feito conforme a planta que, no monte o Senhor dera a Moisés, x 25.9, também a Igreja deve em tudo ser edificada conforme a Palavra de Deus. Paulo adverte a Timóteo: “Conserva o modelo...”, 2Tm 1.13. Neste estudo da Palavra veremos algo do que Deus diz a respeito do presbitério na Igreja.

O PRESBITERIO, COMO FORMA DE GOVERNO, JÁ EXISTIA NAS SINAGOGAS DOS JUDEUS.

Encontramos na Bíblia que Israel, desde seus primórdios, era dirigido por um conselho de anciãos, Nm 11.16,17; estes, juntamente com o sumo sacerdote e os demais sacerdotes, regiam espiritualmente o povo, até no tempo do Novo Testamento, Mt 26.57; At 4.5; 5.21. Os anciãos representavam o povo, nos sacrifícios, Lv 4.15; e a cidade perante o profeta, 1Sm 16.4, etc. Eram a “Cabeça” do povo, Is 9.15.

Era, pois, natural que a Igreja Cristã, que procede do judaísmo, se entrosasse na forma de governo já existente, o que se harmonizava com o seu espírito e caráter.

O PRESBÍTERO DIRIGIA A IGREJA NEOTESTAMENTÁRIA.

Não encontramos no Novo Testamento outra forma de governo. Na igreja de Jerusalém achamos na direção “os apóstolos e os anciãos”, At 15.2; 16.4. O mesmo encontramos em Efeso, At 20.17.

Em lugar nenhum do Novo Testamento encontramos os diáconos fazendo parte do ministério da igreja. Sempre os vemos servindo em funções materiais, a fim de que os dirigentes espirituais pudessem dedicar maior tempo à oração e à Palavra, At 6.1-5. O diaconato não é contado entre os ministérios espirituais, Ef 4.11.

O Novo Testamento não relata forma alguma de “Diretoria” como direção de Igreja. E lógico e correto que uma igreja constituída de pessoa jurídica tenha uma diretoria que a represente perante a lei e as autoridades. A direção espiritual, porém, é do presbitério. E é apenas prudência escolher para membros da diretoria, enquanto isto for possível, componentes do presbitério.

A PALAVRA PRESBÍTERO, RELACIONADA COM A IGREJA, APARECE SEMPRE NA FORMA PLURAL.

Em At 11.30; 20.28; 21.18; Fp 1.1; Tt 1.5, etc., às vezes é usada a palavra “anciãos”, outras vezes “presbíteros” ou “bispos” — três expressões para urna só coisa. Vide At 20. 17,28; Tt 1.5,7. Fica claro que o governo da igreja não estava nas mãos de um só indivíduo.
Iniciado o trabalho pentecostal no Brasil, a questão presbitério se atualizou. Tanto os primeiros missionários, como os primeiros crentes, vinham do meio batista e, por isso, organizavam igrejas como as dessa denominação. Tendo, porém, examinado as Escrituras, perceberam que a palavra “ancião” em relação à igreja, sempre aparece na Bíblia, na forma plural. Resolveram, após jejum e oração, consagrar diversos presbíteros. Esta prática dura até hoje por todo país. Logo, o presbítero não é uma “importação do estrangeiro”, nem cópia de outras denominações, mas uma conseqüência da direção do Espírito Santo: guiar para toda verdade, J0 16.13.

A PALAVRA DE DEUS INDICA DUAS CATEGORIAS DE PRESBÍTEROS.

Em primeiro lugar temos os presbíteros que trabalham na Palavra e na doutrina, 1Tm 5.17. Estes possuem alguns dos ministérios de que lemos em Ef 4.11, isto é, apóstolo, profeta, evangelista, pastores ou doutores. São anciãos em função de sua tarefa de apascentar, dirigir, alimentar e servir à Igreja do Senhor; eles têm, além de seu presbiterato, um ministério espiritual, pelo qual servem ao reino de Deus. Lemos que tanto Pedro como João se chamavam “presbítero”, 1Pe 5.1; 2 Jo 1; 3 Jo 1. São presbíteros chamados a pregar o Evangelho, vivendo portanto do Evangelho, 1 Co 9.14.

Encontramos na Palavra de Deus presbíteros que não se ocupam com a palavra, 1Tm 5.17. Por vocação divina, têm sido consagrados para servir como anciãos na Igreja de Deus, mas não têm o ministério de apóstolo, profeta, evangelista, pastor ou doutor. Servem à igreja, mas vivem de sua ocupação material. De uma ou de outra categoria de presbíteros (vivendo ou não do Evangelho), a Palavra de Deus exige o mesmo, tanto em qualidades espirituais como morais, 1Tm 3.1-7, e todostêm participação na direção espiritual da igreja.

Dentre os presbíteros anteriormente citados, Deus escolhe o que deve dirigir. Isto vemos em 1Tm 5.17, quando lemos que são dignos de duplicada honra os que “trabalham com a Palavra de Deus”. Todos os presbíteros têm a mesma responsabilidade como presbíteros, mas aqueles a quem Deus destinou um ministério espiritual, Ef 4.11, exercem uma influência maior, através da sua vocação mais ampla.

Notamos sempre que os apóstolos eram citados antes dos anciãos, At 15.2, e que estes eram separados por aqueles, At 15.13; 21.18. Vemos que era Tiago que presidia a Igreja de Jerusalém e, em 1Tm 1.3, notamos que Timóteo tinha idêntica função em Éfeso.Em Gl 2.9 vemos Pedro, Tiago e João considerados como “colunas” e, em Ap 2.1 se registra que apesar da pluralidade de presbíteros emEfeso, At 20.17, Jesus se dirige ao “anjo da igreja”, isto é, ao presbítero líder.

Nisto há grande sabedoria divina. Para dirigir a igreja, Deus escolheu presbíteros que vivem do Evangelho, bem como aqueles que servem à igreja sem que esta por eles se responsabilize economicamente. Seria mais que pesado ter a igreja de sustentar a todos os presbíteros. A sabedoria de Deus é sempre perfeita!

COMO CONSEGUIR COOPERAÇÃO PERFEITAMENTE HARMONIOSA EM UM PRESBITÉRIO

Cada presbítero deve ser de espírito humilde e saber cooperar, 1Pe 5.5. Ë sinal de ótimo desenvolvimento espiritual saber sujeitar-se aos outros e considerar os outros superiores a si próprio, Fl 2.1,8. Então cada um respeita o outro na vocação que este tem de Deus. Este é o fundamento invariável da força espiritual do presbítero. E não é demais comparar-seuma boa cooperação no presbitério a um matrimônio feliz.

Todo presbítero deve zelar, primeiramente por si próprio e, depois, por todo trabalho que 
Deus lhe confiou, At 20.28. Todo presbítero deve buscar o bem da Igreja. É um grande perigo para o presbítero defender seu próprio interesse e descuidar-se da união da igreja ou atrair simpatia de algum grupo para sua própria pessoa. A este tipo de presbíteros Paulo denomina “lobos”, advertindo os crentes contra eles e os exortando a vigiar, At 20.29,30.

É importante que cada ancião, ainda que responsável por alguma congregação, pugne sempre pela união e pela coesão, sem se apresentar como líder autônomo, mas como enviado ou representando todo presbitério. Não aparecerão assim grupinhos isolados em torno de algum presbítero, 1Co 1.11-13; 3.3,5, não surgirão os ‘Diótrefes”, 3 Jo 9,10, evitar- se-ão divisões carnais e as desnecessárias “proclamações de independência”, que tanto prejudicam a obra de Deus. Que todos trabalhem para edificação e não para destruição, 2 Co 10.8; 13.10. Todos devem promover o progresso do trabalho, At 4.31, para que a Igreja avance unida, coesa e forte. Aleluia!

COMO ERAM CONSTITUÍDOS OS PRESBÍTEROS

Constituíam-se com oração e jejum, e pela imposição das mãos, At 14.23. Ospresbíteros já consagrados indicavam e escolhiam os novos anciãos, Tt 1.5; At 14.23, e nada faziam senão confirmar o que o Espírito Santo já houvesse determinado. Por isso Paulo podia dizer aos anciãos de Éfeso que o Espírito Santo os constituíra bispos, At 20.28.

Quantas decepções teriam sido evitadas por consagrações de presbíteros se antes se tivesse buscado a vontade do Espírito Santo, através de oração e jejum!

O presbítero local destina-se somente à igreja local. “Havendo-lhes eleito... anciãos em cada igreja”, At 14.23 e, “de cidade em cidade, estabelecessem presbíteros”, Tt 1.5. Nenhum presbítero, viva ele da palavra ou não, é ancião de outra igreja, senão daquela pela qual for responsável.

Quem, além de seu presbitério, tiver um ministério como por exemplo de evangelista ou doutor, leva-o consigo, a qualquer parte, mas não é ancião senão na igreja na qual serve.

Oportunamente veremos as qualificações e as funções dos anciãos. Fica, porém, claro, desde já, que a Igreja de Deus, agraciada com um presbitério bom e unido, tem infinitas razões de dar graças a Deus. Tal presbitério é digno do amor e da consideração de todos os membros da igreja. Que Deus abençoe a todos os presbíteros que servem às milhares de igrejas existentes em todo território nacional! Amém.

Qualificações dos Presbíteros= (1 Tm 3.1-7)

Atéeste ponto Paulo falou de algumas preocupações concernentes à comunidade, no culto, e corrigiu alguns abusos gerados pelas atividades dos presbíteros heréticos. Agora, ele se volta para os próprios presbíteros e estabelece algumas qualificações para o "ofício".

Ele começa, nos VV. 1-7, com um grupo chamado episkopoi("supervisores" ); a seguir, nos vv. 8-13, passa para um grupo chamado diakonoi(" servos"," diáconos"), com uma nota também sobre algumas mulheres no v. 11. É de todo provável que ambos os ofícios, o de presbítero (supervisor) e o de "diácono" estejam sob a categoria mais ampla presbyteroi ("anciãos", ou "presbíteros"). Em qualquer caso, a evidên­cia que temos de Atos 20:17 e 28, e de Tito 1:5 e 7 indica que os termos episkopoi, "supervisores" (At 20:28; Tt 1:7), e presbyteroi, "pres­bíteros", "anciãos" (At 20:17; Tt 1:5), são parcialmente intercambiáveis. Assim, pelo menos os supervisores (episkopoi) deste primeiro parágrafo são presbíteros da igreja.

Convém notar que em contraste com Tito (1:5), Timóteo não foi deixado em Éfeso para designar presbíteros. Em verdade, tudo em Timóteo, bem como a evidência de Atos 20, indica que já havia presbí­teros nessa igreja. Por que, pois, esta instrução? Novamente, a evidência aponta para o caráter e para as atividades dos falsos mestres. Quanto a isto, duas coisas devem ser notadas: Primeira, muitos dos itens constantes da lista estão em nítido contraste com o que está escrito algures na carta acerca dos falsos mestres.

Segunda, a lista em si tem três aspectos notáveis:

 (1) Ela dá as qualificações, e não os deveres;
(2) a maioria dos itens reflete o comportamento exterior, observável; e
(3) nenhum dos itens é distintamente cristão (p.e., amor, fé, pureza, perseverança; cp. 4:12; 6:12); antes, refletem os mais elevados ideais da filosofia moral helenística. Uma vez que a passagem toda aponta para o v. 7, com o qual conclui, isto é, concerne à reputação da igreja entre os estranhos, isto sugere que os falsos mestres traziam, por seu comportamento, infâmia ao evangelho. Portanto, Paulo está preocupado não somente em que os presbíteros tenham virtudes cristãs (estas são presumidas), mas que também reflitam os mais elevados ideais da cultura.

Se estivermos corretos em identificar os falsos mestres como sendo presbíteros, o motivo por que Paulo estabelece este conjunto de instru­ções é que Timóteo deve cuidar de que os presbíteros vivam à altura de sua designação, isto é, por esses padrões. Ao mesmo tempo, é claro, a igreja toda estará ouvindo e, desse modo, recebendo as bases para disciplina dos presbíteros transviados, bem como para a substituição deles (cp. 5:22, 24-25).

3:1 A seção começa com nossa segunda palavra fiel (ditado, 1:15).Visto que a palavra em si pareceria um tanto pedante e porque o verbo "salvar" (cp. 1:15) surge em 2:15, alguns têm alegado que o versículo precedente é a palavra fiel digna de toda a aceitação. Porém, 2:15 não temas características de "ditado", enquanto 3:1 tem, a despeito de seu conteúdo nada ter que ver com o credo. Talvez se tenha exagerado o conceito de "ditado", como se todos os "ditados" ou palavras dignas "de toda aceitação" estivessem circulando abertamente na igreja (como 1:15 talvez circulasse). Mais provável é que tais palavras se tenham tornado para Paulo uma espécie de fórmula de reforço: "O que vou dizer tem importância especial", ou, "pode ser aceito em geral como verda­deiro".

A palavra fiel em si é: se alguém aspira ao episcopado, excelente obra deseja. Parece emprestar algum crédito ao ponto de vista comumente aceito de que as pessoas estavam "candidatando-se ao cargo". Mas não existe nenhuma outra evidência no NT de que as pessoas "aspirassem a" posições de liderança na igreja. A pouca evidência que temos implica que os chefes de famílias dentre os mais antigos conver­tidos eram normalmente designados para tais posições (At 14:23; cp. 1 Co 1:16 e 16:15-16).

A palavra fiel, com efeito, concentra-se menos na pessoa e mais no cargo. Portanto, Paulo não está elogiando as pessoas que têm grande desejo de tornar-se líderes; ao contrário, ele está dizendo que o cargo de presbítero (episcopado) é questão sobremodo significativa, uma exce­lente obra, que deveria ser, na verdade, o tipo de tarefa à qual uma pessoa podia aspirar. Assim, a despeito das atividades de alguns, não é por essa razão que ele vai negar o cargo em si.

3:2-3 Considerando-se queaspirar ao episcopado éaspirar excelenteobra, Paulo está interessado em que os presbíteros em Éfeso manifestem vidas verdadeiramente exemplares.  

O bispo, portanto, deve ser irre­preensível. Isso pareceria excluir qualquer aspirante ao cargo! A expres­são irrepreensível, porém, que se repete com referência às viúvas em 5:7 e ao próprio Timóteo em 6:14 (num contexto escatológico), relacio­na-se com a conduta observável irrepreensível. Parece que o termo foi criado de modo que cobrisse a seguinte lista de onze virtudes ou quali­dades (na maioria, palavras no singular, no grego), que deveriam caracterizar um bispo.

O primeiro item da lista, marido de uma só mulher, é uma das frases verdadeiramente difíceis das EP (cp. 3:12; 5:9, sobre as "verdadeiras" viúvas, e Tt 1:6). Há, pelo menos, quatro opções:

Primeira, poderia exigir que o supervisor fosse casado. O apoio encontra-se no fato de que os falsos mestres proíbem o casamento, e Paulo insiste no casamento para as viúvas desviadas (5:14; cp. 2:15). Mas contra esta interpretação verifica-se que ela enfatiza o termo é necessário e a palavra mulher, enquanto o texto enfatiza a palavra uma. Talvez Paulo e Timóteo não fossem casados, e tal interpretação estaria em contradição com 1 Coríntios 7:25-38. Ademais, havia um pressuposto cultural segundo o qual as pessoas, em sua maioria, deveriam ser casadas.

Segunda, talvez o texto esteja proibindo a poligamia. Isto se acentua de modo correto pela expressão uma só mulher; contudo, a poligamia era característica tão rara na sociedade pagã que tal proibição seria insignificância inaplicável. De mais a mais, não pareceria ajustar-se à frase idêntica usada com referência às viúvas em 5:9.

Terceira, poderia estar proibindo um segundo casamento. Tal inter­pretação conta com o apoio de muitos dados: Ajustar-se-ia às viúvas de modo especial. Todos os tipos de evidência louvam as mulheres (a elas de modo especial e às vezes também os homens) que " se casaram uma única vez" e permaneceram "fiéis" a esse casamento, depois que seus parceiros morreram. Esta perspectiva proibiria, pois, o segundo casa­mento após a morte do cônjuge, mas também proibiria, é óbvio — talvez de modo especial — o divórcio e o novo casamento.

Alguns eruditos (p.e., Hanson) tratam do texto como referindo-se somente a esta última interpretação.

Quarta, talvez o texto esteja exigindo fidelidade marital a uma só mulher (cp. GNB:" fiel à sua única esposa"). Neste caso, exige-se do bispo que viva uma vida matrimonial exemplar (o casamento fica implícito), fiel a uma sómulher numa cultura em que a infidelidade marital era comum e, às vezes, implícita. Seria, é natural, um meio de se eliminar a poligamia e o divórcio e novo casamento, mas não eliminaria, necessariamente, o novo casamento de um viúvo (embora esse ainda não fosse o ideal paulino; cp. 1 Co 7:8-9, 39-40). Embora ainda haja muito que ser dito a favor de uma ou de outro entendimento da terceira opção, a preocupação de que os líderes da igreja vivam vida matrimonial exemplar parece ajustar-se melhor ao contexto — dada a aparente desvalorização do casamento e da família apregoada pelos falsos mestres (4:3; cp. 3:4-5).

A próxima palavra, vigilante, muitas vezes se relaciona, no grego, ao uso de bebidas alcoólicas. Contudo, uma vez que está dito de modo específico no v. 3, não dado ao vinho, o termo vigilante talvez esteja sendo usado de maneira figurada, significando: "livre de todas as formas de excesso, paixão ou temeridade" (cp. 2 Tm 4:5). O bispo deve também ser sóbrio e honesto, palavras que muitas vezes ocorrem juntas nos escritos pagãos como elevados ideais de comportamento. Portanto, um líder cristão deve estar acima, e não abaixo, desses ideais.

É necessário que ...o líder da igreja seja ... tambémhospitaleiro. Esta era, de igual modo, uma virtude grega, mas constituía a expectação extrema de todos os cristãos da igreja primitiva (cp. 5:10; Rm 12:13; 1 Pe 4:9; Aristides, Apology15). De igual modo... é necessá­rio... que ele também seja apto para ensinar. Este é o único item da lista que também implica deveres, assunto que se tornará claro em 5:17. Este adjetivo se repete em 2 Timóteo 2:24 e Tito 1:9, cujos contextos sugerem que apto para ensinar significa capacidade tanto para ensinar a verdade como para refutar o erro.

Ao acrescentar:... é necessário, pois, que o bispo seja não dado ao vinho, está Paulo também estabelecendo um contraste com os falsos mestres? Talvez não, em face do ascetismo observado em 4:3. Todavia, pode ser que tenham sido ascetas acerca de determinados alimentos, mas beberrões de vinho bastante indulgentes. Em qualquer caso, a embria­guez era um dos vícios comuns da Antiguidade, e poucos autores pagãos a verberam de modo aberto — somente contra outros "pecados" que pudessem acompanhá-la (violência, repreensão e xingação pública dos escravos, etc. ). O bispo não tem de ser, necessariamente, abstêmio (5:23), mas tampouco deve ser dado ao vinho (cp. 3:8; Tt 1:7); o alcoolismo é condenado nas Escrituras de modo insistente.

As próximas trêsqualidades talvez andem juntas e, deveras, parecem refletir o comportamento dos falsos mestres....Énecessário, pois, que o bispo seja... não espancador, mas moderado, inimigo de contendas. A descrição dos falsos mestres em 6:3-5, bem como em 2 Timóteo 2:22-26 (cp. Tt 3:9), dá a entender queesses homens são dados a dissensões e a brigas. O verdadeiro presbítero deve ser moderado, mesmo quando corrige os oponentes (2Tm 2:23-25).

 A lista conclui com não ganancioso. De acordo com 6:5-10, a ganância se revela um dos "pecados mortais" dos falsos mestres, dire­tamente responsável pela ruína deles. Assim, uma advertência contra a avareza aparece em todas as listas de qualificações para liderança (3:8; Tt 1:7; cp. At 20:33).

3:4-5 Paulo agora passa, nos vv. 4-7, a falar sobre três outras preocupações. O líder da igreja deve ter família exemplar (vv. 4-5), não deve ser recém-convertido (v. 6), mas deve ser pessoa de boa reputação entre os de fora (v. 7). Estes qualificativos talvez também reflitam a situação em Éfeso.

Esta passagem apenas supõe, também, que o episkoposserá casado (mas não o exige; cp. v. 2). Não somente isso, mas a sociologia do primeiro século também torna muitíssimo provável que os que eram designados "supervisores" nas igrejas primitivas, levando-se em conta, de modo especial, que estamos tratando com igrejas em lares, eram, com efeito, os chefes das "casas" onde as igrejas se reuniam. Desse modo, como está implícito no v. 5, prevalece o mais estreito relacionamento entre família e igreja. O homem que fracassa no primeiro caso (família) é, por isso mesmo, desqualificado para o outro (igreja). Em verdade, conforme 3:15 e 5:1-2 indicam, a palavra oikos"lar"; NIV, família; ECA, casa) para Paulo é metáfora rica que subentende "igreja".

Portanto, o bispo que governe bem sua própria casa, porque ele também cuidará da igreja de Deus. O verbo governar é usado de novo com referência aos presbíteros em 5:17 (NIV, "dirigir" [como foi usado anteriormente em 1 Ts 5:12, onde é traduzido "presidir"; NIV," estão sobre" ]), verbo que tem o sentido de " comandar, governar", ou "estar preocupado com, cuidar de" (cp. "devotar-se a" em Tt 3:8). A pista para seu significado aqui está em entender o verbo acompanhante com referência à igreja, no v. 5, "cuidar de", que carrega a força total da expressão idiomática em inglês. Em outras palavras, "cuidar de" implica. tanto a liderança (orientação) como o interesse atencioso. No lar e na igreja, a orientação e o interesse atencioso não têm validade se um não estiver ligado ao outro.

O bom presbítero será conhecido por exercer uma liderança tal, no lar, quetem seus filhos sob disciplina, com todo o respeito (lit., "tem filhosem submissão", como 2:11). A força da frase com todo o respeito talvez signifique não tanto que eles obedecerão com respeito, mas que eles serão conhecidos tanto por sua obediência como por seu bom comportamento.

Em Tito 1:6 a idéia é mais esmerada ainda, de modo que sugere serem esses filhos bons crentes, ao lado da preocupação pela reputação entre os de fora. Há tênue linha entre exigir obediência e obtê-la. O líder de igreja, que na verdade deve exortar as pessoas à obediência, não "governa" a família de Deus por essa razão. Ele "cuida dela" de tal modo que seus "filhos", isto é, os filhos da igreja, serão conhecidos por sua obediência e bom comportamento.

3:6 / Portanto, o líderda igreja, também não deve ser neófito, metáfora que no grego significa literalmente "uma pessoa plantada há pouco tempo". Conforme se repetirá de modo diferente em 5:22, o episkoposdeve ser maduro na fé. O motivo para que assim seja é o grande perigo de envaidecimento: para que não se ensoberbeça. Uma vez que é precisamente isto que se diz dos falsos mestres em 6:4 (cp. 2 Tm 3:4), perguntamo-nos se alguns deles eram neófitos (convertidos recen­tes), cujos "pecados... são manifestos antes... os de outros, manifestam-sedepois" (5:24).

Em qualquer caso, para que não se ensoberbeça significa também não cair na condenação do diabo. Embora o grego de Paulo seja um tanto ambíguo (lit., "cair no julgamento do diabo"), talvez a linguagem esteja refletindo o tema comum de que no ministério de Cristo, de modo especial na sua morte e ressurreição, Satanás sofreu sua derrota decisiva, que será finalizada plenamente no fim (cp. Ap 12:7-17 e 20:7-10).

3:7 Finalmente, Paulo chega à questão de que o líder da igreja deveser pessoa que tenha bom testemunho dos que estão de fora. Conforme foi notado na discussão de 2:2, esta é uma preocupação genuinamente paulina no NT. Em verdade, esta preocupação é que coloca em perspec­tiva essa lista de atributos.Tal lista tem que ver com o comportamento observável, constituindo testemunho para os de fora. Como no v. 6, O grego de Paulo não é bem claro, mas parece que a ênfase está em que uma reputação má junto ao mundo pagão fará que o episkoposcaia em opróbrio, isto é, será difamado e, com ele, a igreja; e isso seria equiva­lente a cair no laço do diabo. É laço armado pelo diabo o mau comportamento dos líderes da igreja, de tal modo que os de fora não se motivarão a ouvir o evangelho. Perguntamo-nos de novo se a ganância e a conduta abusiva dos falsos mestres não estão trazendo opróbrio à casa de Deus em Éfeso, especialmente quando se considera que Paulo havia sido acusado assim em Tessalônica (1Ts 2:1-10) e que os moralistas pagãos em particular condenavam tais atividades entre os "falsos" filósofos.



Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus

Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS


BIBLIOGRAFIA

Bibliografia D. Fee
Lições Bíblicas Betel
Revista o Obreiro – CPAD – 1980
Revista o Obreiro – CPAD – 1983




4 de junho de 2014

O MINISTÉRIO DE MESTRE OU DOUTOR



O MINISTÉRIO DE MESTRE OU DOUTOR – Ev. José Costa Junior


CONSIDERAÇÕES INICIAIS

            O assunto desta lição diz respeito ao ministério de mestre ou doutor, dentro do contexto dos dons Espirituais e Ministeriais. Em Ef 4.11, a palavra que se traduz por pastores e mestres, no original, da entender como sendo dois aspectos de um mesmo dom: "pastores e mestres são dois aspectos dum só ministério".

 

É evidente que, originalmente, os pastores não eram mestres. A princípio, não havia necessidade de mestres, separadamente, uma vez que havia apóstolos, profetas e evangelistas. Gradativamente, porém, a didaskalia (o ensino, a docência) ligou-se mais e mais estreitamente ao ofício pastoral; mas, mesmo então, os mestres não constituíram uma classe separada de oficiais.

A declaração de Paulo em Ef 4.11, de que o Cristo assunto também dera à igreja “pastores e mestres”, mencionados como uma única classe, mostra claramente que estes dois não constituem duas diferentes classes oficiais, mas uma só classe com duas funções inter-relacionadas. I Tm 5.17 fala de presbíteros que trabalhavam na palavra e no ensino, e, conforme Hb 13.7, os hegumenoi eram igualmente mestres. Além disso, em II Tm 2.2 Paulo insta com Timóteo sobre a necessidade de nomear para ofício homens fiéis e também capazes de instruir a outros.

Com o transcorrer do tempo, duas circunstâncias levaram a uma distinção entre os pastores encarregados somente do governo da igreja, e os que também eram chamados para ensinar: (1) quando os apóstolos faleceram e as heresias surgiam e aumentavam, a tarefa dos que eram chamados para ensinar tornou-se mais exigente, requerendo preparação especial, II Tm 2.2; Tt 1.9; e (2) em vista do fato de que o trabalhador é digno do seu salário, os que estão engajados no ministério da Palavra, tarefa amplamente abrangente que requer todo o seu tempo, foram liberados doutros trabalhos para poderem devotar-se mais exclusivamente ao trabalho de ensinar. Com toda a probabilidade, os aggeloi (anjos) aos quais foram dirigidas as cartas enviadas às sete igrejas da Ásia Menor, eram os mestres ou ministros daquelas igrejas, Ap 2.1, 8, 12, 18; 3.1, 7, 14.

O objetivo deste estudo é trazer algumas informações e textos, colhidos dentro da literatura evangélica, com a finalidade de ampliar a visão sobre o ministério de mestre ou doutor, dentro do contexto dos dons Espirituais e Ministeriais. Não há nenhuma pretensão de esgotar o assunto ou de dogmatizá-lo, mas apenas trazer ao professor da EBD alguns elementos e ferramentas que poderão enriquecer sua aula.

I - JESUS, O MESTRE POR EXCELÊNCIA

Jesus é o Grande Mestre, à encarnação viva da verdade. Ele disse: "Eu sou... a verdade" (João 14:6).
Ele foi cem por cento aquilo que ensinou. Fosse qual fosse o assunto, ele o encarnava e ensinava com transbordamento de toda a sua vida. S. D. Gordon disse: "Jesus tinha já feito antes de fazer, viveu aquilo que depois ensinou viveu tudo antes de ensinar, e viveu tudo bem mais do que pôde ensinar." C. S. Beardslee assim se expressou sobre Jesus: "Sua grande alma deu lugar bem grande para que o Espírito Santo o ungisse inteira e completamente... Olhando para os olhos dele, você vê a luz em sua inteireza... Ele tinha ilimitadas reservas de verdade, de majestade, de beneficência, de entusiasmo, de paciência, de persistência, de longanimidade... Ele mostrou aos que depen­diam de outros como deviam confiar; aos servos, como servir; aos governadores, como dirigir; aos vizinhos, como serem ami­gos; ao necessitado, como orar; ao sofredor, como suportar; e a todos os homens, como morrer... Ele é o ensino modelar para todas as épocas”.

Esta encarnação da verdade proveio de duas coisas. Do fato de ele ser Deus e possuir as perfeitas qualidades de Deus. Foi ele o único ser perfeito. Ele difere de nós em qualidade e também em grau. Por isso jamais poderemos nos aproximar de sua perfeição. Também a sua encarnação da verdade proveio do fato de ele ter estudado e experimentado a verdade, e feito dela parte de si mesmo. "Jesus crescia em sabedoria" (Luc. 2: 52). Jesus aprendeu como filho e como irmão dentro de seu lar, pelo estudo e freqüência à sinagoga, e também com as experiên­cias naturais da vida humana. Experimentou tentações que diziam respeito à conservação de sua própria vida, à consi­deração social e à ambição do poder. O escritor da Carta aos Hebreus diz: "Convinha que ele (Deus)... fizesse dele, pelo sofrimento, o pioneiro da perfeita salvação deles" (Hb. 2:10).

A encarnação da verdade pelo mestre afetava o seu en­sino pelo menos de duas maneiras. Em primeiro lugar, dava-lhe um tom de autoridade que se não via nos escribas e rabinos do seu tempo — os professores oficiais dos dias de Jesus. A sa­bedoria destes era mais aquela vinda de fora, era matéria de oitiva, ensinavam mais citando autoridades e a tradição. A sa­bedoria de Jesus vinha de dentro e não precisava de escoras ou de confirmação. "Este mestre era diferente. Não citava ninguém, e apresentava sua própria palavra como suficiente." Portanto, ensinava com clareza meridiana, com convicção e poder. O povo "se admirava do seu ensino, porque ele os ensinava como quem tinha autoridade, e não como os es­cribas" (Mar. 1:22). O fato de viver aquilo que ensinava também inspirava confiança naquilo que dizia. O povo viu corporificado no que ele praticava aquilo que ele queria que eles fizessem. Anotavam como ele se comportava diante da tristeza, da crítica, do desapontamento, da perseguição. O seu modo de viver reforçava e dava peso àquilo que dizia. "A maior coisa que seus discípulos aprenderam de seus ensinos não foi à doutrina, e, sim, sua influência. Até a última hora de suas vidas, a maior coisa foi o terem eles estado com Jesus." Por isso, "designou doze para estarem com ele" (Mar. 3:14).

A ênfase que Jesus deu ao ensino ressalta do fato de em geral ser ele reconhecido como Mestre. "À luz dos Evangelhos, vemos que seus discípulos e contemporâneos o tornavam como mestre." Ele foi mesmo chamado Mestre, Professor ou Rabi; e tudo isto, traz em seu bojo a mesma ideia geral expressa por Nicodemos quando disse - "Rabi, sabemos que és mestre vindo da parte de Deus" (João 3:2).
Nos Evangelhos, Jesus é cha­mado mestre nada menos de quarenta e cinco vezes, e nunca se fala nele como pregador. L. J. Sherril diz que, somando-se todos os termos equivalentes a mestre, temos o total de ses­senta e um. Norman Richardson anota que o vocábulo Mestre é usado sessenta e seis vezes na Versão King James; cinqüenta e quatro vezes é derivado da palavra grega que significa profes­sor ou mestre. Fala-se em Jesus ensinando, quarenta e cinco vezes; e onze apenas pregando, e, assim mesmo, pregando e ensinando, como vemos cm Mateus 4:23 — "ensinando em suas sinagogas e pregando o evangelho do reino". Chamavam-no mestre não apenas os doze, mas também outros mais discípulos seus.

Outrossim, Jesus a si mesmo se chamava Mestre, dizendo: "Vós me chamais Mestre e Senhor; e dizeis bem, porque eu o sou" (João 13:13). Também dizia ser "a luz", vocábulo que traz a ideia de instrução. Nesta linha de pensamento, interes­sante é notar que João Batista sempre foi mais chamado pre­gador que mestre.

Outra indicação desta ênfase sobre o ensino é a termino­logia empregada para descrever os seguidores e a mensagem de Jesus. Não são eles chamados súditos, servidores ou camara­das. A palavra “cristão” só é empregada três vezes em o Novo Testamento para caracterizá-los e assim mesmo uma vez como zombaria. No entanto, vemos a palavra discípulo, que significa aluno ou aprendiz, empregada 243 vezes, para referir-se aos seguidores de Jesus. A mensagem de Jesus diz-se ser ensino (39 vezes), e sabedoria (seis vezes), não dando tanto a ideia de preleção ou sermão. A expressão Sermão do Monte não é usada pelos escritores do Novo Testamento. Mateus apenas diz — "E ele se pôs a ensiná-los, dizendo..." (Mat. 5:2). Tal peça deve ser intitulada — O Ensino do Monte, e não O Sermão do Monte.

Também se revela bem a ênfase do Mestre em ensinar no modo entusiasta e até agressivo pelo qual externou sua atividade educadora. Ele ensinava em qualquer lugar e a toda hora — no Templo, nas sinagogas, no monte, nas praias, na estrada, junto ao poço, nas casas, em reuniões sociais, em pú­blico e em particular. "Relutava mesmo em curar, preferindo aproveitar a oportunidade para apresentar sua mensagem." Ma­teus diz — "Andava Jesus por toda a Galiléia, ensinando nas sinagogas deles, e proclamando as boas-novas do reino, e curando todas as doenças e enfermidades entre o povo" (Mat. 4:23, tradução de Goodspeed). Toda a obra de Jesus estava envolta em atmosfera didática, e não tanto num ar de preleções ardentes, pois observamos que os ouvintes se sentiam à vontade para lhe fazer perguntas, e ele, por sua vez, lhes propunha questões e problemas.

Ele preparou um grupo de mestres para que levassem avante sua obra. "No decorrer dos últimos dias de sua traba­lhosa vida, ele se dedicou ao ensino e preparo do pequeno grupo de discípulos que a ele se agregara." E ele os enviou aos confins da terra para que fizessem discípulos (para que matriculassem na escola de Cristo), a batizá-los (uma orde­nança educadora) e a instruí-los na observância de todas as coisas que lhes tinha mandado (Mat. 28:19,20). Jesus cria muito e muito no ensino, requisito este indispensável a qualquer professor.

Ele se dedicou ao ensino e sempre dignificou tal vocação. "A maior glória da profissão do mestre está no fato de haver Jesus Cristo escolhido ser mestre, quando se viu face a face com aquilo que tinha a realizar na vida." George H. Palmer percebeu bem este espírito, quando assim se ex­pressou "Creio tanto no ensino que, se necessário fosse, pa­garia pelo privilégio de ser mestre em vez de receber algo por ensinar”.

II - O ENSINO DAS ESCRITURAS NA IGREJA DO PRIMEIRO SÉCULO

A igreja primitiva perseverava no ensino da Palavra, de tal modo que em Atos 5:42 lemos: "E todos os dias, no templo e nas casas, não cessavam de ensinar e de anunciar a Jesus Cristo.

No lar em que Timóteo cresceu, havia o ensino da Palavra de Deus. Tanto foi assim que o apóstolo Paulo, ao escrever ao jovem pastor a sua segunda carta, lembra e recomenda isso a Timóteo: "Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido, e que, desde a tua meninice, sabes as sagradas letras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus." (v. 14 e 15).

A palavra grega usada por Paulo em Efésios 4:11 significa "instrutor". Esses instrutores (mestres) com o dom do Espírito, dados por Cristo à Igreja, podem ressaltar verdades negligenciadas, e ajudar a treinar e a inspirar outros para também se tornarem mestres. Depois da mensagem do evangelho ter resultado em conversões, os novos cristãos têm de ser ensinados. Na Grande Comissão (Mat. 28:18-20) logo depois da ordem para discipular vem: "ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado".

  Como podemos avaliar a importância relativa dos dons Ministeriais? A única resposta possível a esta pergunta é: "De acordo com o grau em que edificam". Já que todos os charismata são dados para a edificação de cristãos individuais e da igreja como um todo, quanto mais eles edificam, mais valiosos eles são. Paulo é claro como cristal a respeito disto. "Visto que desejais dons espirituais", ele escreve, "procurai progredir, para a edificação da igreja" (I Cor. 14:12).

  Por este critério, os dons de ensino têm o valor mais elevado, porque nada edifica melhor os cristãos do que a verdade de Deus. Por isso, não é surpreendente encontrar um ou mais dons de ensino encabeçando as listas do Novo Testamento. A insistência dos apóstolos na prioridade do ensino tem relevância considerável na Igreja do nosso tempo. Em todo o mundo, as igrejas estão espiritualmente subnutridas, por causa da carência de expositores da Bíblia. Em áreas onde há movimentos de massa todos estão suplicando mestres que instruam os convertidos. Por causa da escassez de instrutores, é triste ver tantas pessoas preocupadas e até distraídas por dons de importância secundária.

 Portanto, os charismata são dados para a "utilidade de todos". Paulo aplica este princípio em Efésios 4:11,12 aos dons de ensino. Cristo dotou alguns para serem "apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, e outros para pastores e mestres". Por quê? Com que propósito? Ele mesmo responde. 

"Com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo". O objetivo imediato do instrutor é levar pessoas cristãs (os "santos") à maturidade cristã e ao serviço cristão, equipando-os para o seu ministério na Igreja e no mundo. Os mestres são chamados para serem instrutores, seus ministérios são produzir mais ministérios, incentivando outros a exercerem os dons que Deus lhes deu. Somente então o outro objetivo será alcançado, que é (novamente) "a edificação do corpo de Cristo", até que atinja sua unidade e maturidade completas, a "medida da estatura da plenitude de Cristo" (vv. 12,13).

Ill - A IMPORTÂNCIA DO DOM MINISTERIAL DE MESTRE

Uma das coisas que a Igreja mais precisa na atualidade é mais mestres em Bíblia. Mas isto também está nas mãos soberanas de Deus. Ensinar é simplesmente uma capacidade, dada pelo Espírito, de firmar na vida de cristãos o conhecimento da Palavra de Deus e a sua aplicação em seu pensar e agir. O objetivo do ensino é que os cristãos sejam conformes à imagem de Jesus. Isto pode e deveria ser feita com simplicidade, amor e profundidade. Há muitos anos atrás conheci a história de dois professores de doutrina. Ambos tinham alcançado o grau de doutor, e eram professores universitários por direito adquirido. Tinham urna coisa em comum: quando ensinavam suas classes, faziam-no com tanta humildade e amor que às vezes lhes vinham lágrimas aos olhos. Esqueceu-se há muito grande parte do que ensinaram, mas ainda aquelas "lágrimas" são lembradas.

A maneira que Paulo pôs as palavras em Efésios 4:11 dá tanta proximidade aos dons de pastor e de mestre, que quase poderiam ser traduzidos como se fossem um só dom, "pastor-mestre". Isto reforça a idéia de que o ensinador espiritual deve ter uma sensibilidade amorosa quanto às necessidades dos seus alunos.

Alguns dos melhores ensinadores da Palavra não tiveram muita instrução formal. E, em contraste, alguns dos ensinadores mais fracos tinham Ph.D., em diversas disciplinas bíblicas e correlatas, mas faltava-lhes o dom do ensino, para comunicar seu conhecimento. Infelizmente alguns seminários se enquadram no conceito secular de ensinar, e alguns dos melhores ensinadores bíblicos não têm diplomas, e por isso são impedidos de ensinar em um seminário moderno. Teme-se que, se esta prática for levada ao extremo, isto possa ser perigoso para a Igreja. Não se está querendo dizer que Deus não usa nossa capacidade intelectual quando nos entregamos a Ele, mas o dom espiritual do ensino, como todos os outros dons, é uma capacitação sobrenatural do Espírito Santo e não um diploma universitário. 

O dom do ensino pode ser unido em qualquer contexto – seminário teológico, instituto bíblico, classe de escola dominical, estudo bíblico em casa. O que importa é que quem tem este Dom o use onde e quando Deus orientar.

Um dos primeiros versículos da Escritura que Dawson Trotman, o fundador dos Navegadores, fazia seus alunos memorizassem era: "Tome as palavras que você me ouviu anunciar na presença de muitas testemunhas, e entregue-as aos cuidados de homens de confiança, que sejam capazes de ensinar os outros" (2 Tim. 2:2, BLH).
Isto se parece com uma fórmula matemática para anunciar o evangelho e aumentar a Igreja. Paulo ensinou a Timóteo; Timóteo transmitiu o que sabia a homens de confiança; estes homens capazes também ensinariam a outros. E assim o processo nunca é interrompida. Se cada crente seguisse este método, a Igreja poderia alcançar o mundo todo com o evangelho em uma geração! Evangelização de massas, nas quais eu tenho confiança e a que entreguei a minha vida, nunca cumprirão a Grande Comissão; somente um ministério um-a-um fará isto.

CONCLUSÃO

Concluindo, espero em DEUS ter contribuído para despertar o seu desejo de aprofundar-se em tão difícil tema e ter lhe proporcionado oportunidade de agregar algum conhecimento sobre estes assuntos. Conseguindo, que a honra e glória seja dada ao SENHOR JESUS.




Ev. José Costa Junior