5 de agosto de 2014

A VERDADEIRA FÉ NÃO FAZ ACEPÇÃO DE PESSOAS



A VERDADEIRA FÉ NÃO FAZ ACEPÇÃO DE PESSOAS

TEXTO ÁUREO  = “Mas, se fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado e sois redargüidos pela lei como transgressores” (Tg 2.9).

VERDADE PRÁTICA = Na Igreja do Senhor, não deve haver acepção de pessoas, pois todos custaram o mesmo preço do sangue de Jesus e todos somos um nEle.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE = TÍAGO 2.1-13

INTRODUÇÃO

Em nossa cultura, é comum encontrarmos exemplos de acepção de pessoas em todas as áreas da sociedade. Que o Senhor nos ajude, de modo que, nas igrejas não haja distinção de pessoas pela condição econômica, social, de raça ou de sexo. Que aceitemos a todos como filhos de Deus, amados e salvos em Cristo
Jesus.

1. A CONDENAÇÃO NA BÍBLIA

1. O que é acepção de pessoas. Segundo a Pequena Enciclopédia Bíblica, acepção de pessoas é a preferência de pessoa ou pessoas, em atenção à classe, qualidade, títulos ou privilégios”. Este é o significado do termo, utilizado por Tiago.

2. No Antigo Testamento.

a) Poucas referências. Não há muitas referências sobre o tema no Antigo Testamento. Entretanto, os poucos textos que aludem ao assunto, nos indicam que Deus determinava ao Seu povo que seguisse o Seu exemplo, não fazendo acepção de pessoas.

b) Deus não faz acepção de pessoas. Quando Moisés, o grande líder de Israel, se despediu do povo, dentre as instruções transmitidas, consta a exortação à obediência, na qual o Senhor orientava o povo a temê-Lo, amando e servindo-O (Dt 10.12). Concluindo, disse: “Pois o Senhor vosso Deus, é o Deus dos deuses e o Senhor dos Senhores, o Deus grande, poderoso e terrível, que não faz acepção de pessoas, [grifo nosso] nem aceita recompensas” (Dt 10.17).

c) Deus não quer a acepção de pessoas. Com todas essas qualidades divinas, Deus diz ao povo que não faz acepção de pessoas, indicando que assim deveriam proceder. Outros textos podem ser lidos como Jó 32.21 e 34.19.

3. No Novo Testamento. Nesta parte da Bíblia há mais referências sobre a condenação à acepção de pessoas.

a) Com relação a raças ou nacionalidades. Deus não faz acepção de pessoas, não levando em conta a raça ou etnia, nação, povo, ou língua. Pedro, ao chegar à casa de Cornélio, iniciou a pregação, dizendo: “Reconheço, por verdade, que Deus não faz acepção de pessoas; mas que lhe é agradável aquele que, em qualquer nação, o teme e faz o que é justo” (At 10.34,35).

Israel rejeitou a salvação de Deus. O Verbo Divino foi enviado (Jo 1.1,9,10), de modo que “. . .a todos quantos o receberam, deu- lhes o poder de serem feitos filhos de Deus; aos que crêem no seu nome” (Jo 1.12). Não temo mínimo sentido dizer que os negros, os africanos, foram pessoas escolhidas para serem rejeitadas por Deus, como queriam (e querem) alguns adeptos do apartheid, ou da discriminação racial e de cor. João viu “uma multidão, a qual ninguém podia contar, de todas as nações, e tribos e povos, e línguas, que estavam diante do trono e perante o Cordeiro...” (Ap 7.9).

b) Com relação à obediência. Deus “recompensará cada um segundo as suas obras”, dando “vida eterna aos que, com perseverança em fazer bem, procuram glória, e honra e incorrupção” (Rm 2.6,7); dando, porém, “indignação e ira aos que são contenciosos e desobedientes à verdade e obedientes à iniqüidade” (Rm 2.8); e, ainda, dando “glória, porém, e honra e paz a qualquer que faz o bem; primeiramente ao judeu e também ao grego” (Rm 2.10); “porque, para com Deus, não há acepção de pessoas” (Rm 2.11). A escolha dos judeus foi apenas prioridade e não acepção de pessoas, como lemos em Rm 2.10: “primeiramente ao judeu...”. Na verdade, “Deus amou o mundo...” (Jo 3.16a), e não somente a Israel. O que interessa para Deus é a aceitação de Sua Palavra, com obediência, em qualquer lugar do mundo.

c) Com relação à condição social. Os vv.2,3 alertam para a discriminação entre pobres e ricos na igreja, tomando o exemplo de alguém que, chegando à congregação, com anel no dedo, vestidos preciosos, é chamado “para cima”. cii— quanto o pobre é mandado Ficar “lá embaixo’’. Paulo, exortou aos senhores e patrões de Efeso, quanto ao tratamento que deveriam  dar aos servos, lhes ordenou, com autoridade do Espírito Santo: ‘E Vós, senhores, fazei o mesmo para com eles, deixando as ameaças, sabendo que o Senhor deles e vosso está no céu e que para com ele não há acepção de pessoas” (Ef 6.9). Senhores e servos ou escravos dividiam a sociedade. Mas o evangelho levou a mensagem do respeito à dignidade humana, como nenhuma outra filosofia o fez. Paulo, em sua carta a Filemom, (Fm v.16), roga que o patrão, crente, receba o escravo fugitivo, mas convertido, não como escravo, mas como irmão em Cristo (vv.15,16).
Só um cristão poderia conceber esse comportamento. Hoje, é importante que os patrões crentes tenham seus empregados (domésticos, funcionários, etc.) em respeito e honra, para testemunho do amor de Deus em seus corações.

d) Com relação à distinção por sexo. Ensinando sobre as mulheres no culto, Paulo diz que “nem o varão é sem a mulher, nem a mulher, sem o varão, no Senhor. Porque, como a mulher provém do varão, assim também o varão provém da mulher, mas tudo vem de Deus” (1 Co 11.11,12). Em GI 3.27,28, diz o apóstolo que entre os que foram revestidos de Cristo, “...não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus”.

No Antigo Testamento, havia discriminação de sexo, não por orientação de Deus, mas pela influência da cultura oriental. Entre os judeus, a mulher era considerada inferior na vida religiosa. Josefo, historiador judeu, diz que naquele tempo entre os judeus, “uma centena de mulheres não vale mais do que dois homens”. Um rabino disse: “Eu te agradeço porque não nasci escravo, nem gentio, nem mulher”. Machismo puro. Quão diferente é no Cristianismo. Jesus valorizou o trabalho feminino (ler Mt 27.55; Mc 15.41; Lc 8.2-3). Nas epístolas paulinas, temos mulheres em destaque (ver 2 Tm 1.5; Rm 16.1-17).

e) Com relação à salvação. Há igrejas que pregam que Deus predestinou pessoas para serem salvas e outras, para serem irremediavelmente perdidas. O teólogo João Calvino ensinava que “é o decreto de Deus.., para alguns é preordenada a vida eterna, e para outros, a condenação eterna”. Isso vai de encontro ao caráter de Deus, revelado na Bíblia, que diz, como vimos acima, que “Deus não faz acepção de pessoas” (cf. Dt 10.17; Jó 34.19; At 10.34; Rm 2.11; Ef 6.9, 25; 1 Pe 1.17).

Não faz sentido nascerem dois bebês, na maternidade, e um ter uma “etiqueta” de salvo e, outro, a “etiqueta” de perdido. Cremos, sim, que Deus, em casos especiais, dentro de Sua soberania, escolhe pessoas com certos propósitos, como João Batista e Jeremias. Deus nos predestinou coletivamente como Igreja, e não individualmente, por acepção de pessoas (cf. Ef 1.11-13).

II. RAZÕES PARA NÃO SE FAZER ACEPÇÃO DE PESSOAS

1. Toda a humanidade foi criada por Deus. Deus criou o ser humano, homem e mulher, à Sua imagem e semelhança (Gn 1.27). Ambos receberam a imagem divina, independente do sexo. Ambos perderam a glória de Deus com a queda, e não pela condição de ser homem ou mulher. Deus fez a Terra e criou nela o homem (Is 45. 12). Ele não faz acepção de pessoas. Nós também não o devemos fazer.


2. Toda humanidade tem a origem comum em Adão e Eva. Paulo, em Atenas, discursando no Areópago, disse que Deus “de um só fez toda a geração dos homens, para habitar sobre toda a face da terra...” (At 17.26a). Por influência de condições genéticas, climáticas e de outra ordem, foram- se reunindo as raças, e sendo espalhadas pela Terra, mas todos vêm da mesma origem.

3. Em Cristo, todos somos um. O brasileiro, resultante da miscigenação do índio, do europeu e do negro; os asiáticos, de cor amarela; os japoneses, de olhos amendoados; os chineses de olhos apertados; os europeus, louros e de olhos azuis; os africanos de cor negra e dentes bem brancos, enfim, todos de qualquer raça, aparência ou cultura, quando salvos, são um em Cristo Jesus (GI 3.28).

CONCLUSÃO

A acepção de pessoas por condição social, econômica, familiar ou de outra ordem é comportamento incompatível com o caráter inclusivo do evangelho. Jesus veio trazer salvação, amor e paz para todos os que crêem, em qualquer nação, raça ou povo do mundo. Que Deus nos abençoe, não permitindo a discriminação de pessoas em nosso meio. Para combater a acepção de pessoas, precisamos fazer três coisas: amar a todos igualmente (inclusive os não- crentes); tratar a todos com eqüidade e mostrar que os preconceitos são contrários a Deus.

Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus
Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS

LIÇÕES BIBLICAS CPAD 1999

O PECADO DA DISCRIMINAÇÃO = Tg 2. 1-13

Apesar do racismo, do regionalismo, do machismo, e a separação por níveis culturais ou econômicos estar continuamente presente na sociedade, a recomendação do Espírito Santo através do ensino de Tiago, é que um seguidor de Cristo não pode fazer acepção de pessoas.

I.      A IGREJA DEVE EVITAR O PRECONCEITO

O termo “preconceito” pode ser definido como conceito (ou opinião) formado antecipadamente, apressadamente, sem maior ponderação ou conhecimento dos fatos; idéia preconcebida; é uma espécie de julgamento ou opinião formada sem levar em conta o fato que o contesta. E um grande mal, esse do preconceituoso, pois comete falta grave ao discriminar as pessoas. Quanto a isto, o ensino de Tiago (2.1-7) é de que:
1. A Igreja sofre a tentação de discriminar as pessoas (vv.1,2). Notemos que Tiago está escrevendo aos crentes, à Igreja, e isso é evidente por causa do tratamento dado aos destinatários. Ele os chama de irmãos. O termo “ajuntamento” é uma referência à sinagoga dos seus dias, e que transposto para os nossos dias, equivale ao templo onde cultuamos a Deus.

Evidentemente não estaremos sendo realistas e muito menos sinceros se não admitirmos que distinguir com honras as pessoas mais importantes tem sido, hoje, como no passado, uma tentação constante para a Igreja de Cristo. Em algumas de nossas igrejas este fato é vergonhosamente constatado, principalmente em períodos de campanhas eleitorais

2. A Igreja não deve adular os poderosos (v.2). Tiago parece nosso contemporâneo, membro de uma de nossas igrejas, sentado num dos bancos no meio da congregação. De momento ele vê adentrar ao templo um homem rico, com anéis de ouro, bem vestido, Entra também um pobre com roupas velhas e remendadas. O rico é chamado a sentar-se num lugar de destaque, sendo político pode até ter assento no púlpito. Já o pobre não tem problema, fica em pé mesmo. Diante de tal procedimento, indaga o apóstolo: “Porventura não fizestes distinção dentro de vós mesmos, e não vos fizestes juízes de maus pensamentos?” (2.4).

3. Deus escolheu os pobres para fazê-los ricos na fé (v.5). Certamente não há no texto qualquer indício de que Deus tenha rejeitado os ricos, ou seja, contra eles. Tampouco defende o texto a idéia de que a riqueza seja pecado e a pobreza uma virtude. A aparente preferência de Deus pelos pobres se deve ao fato de que estes, via de regra, são mais abertos à graça de Deus, e mais acessíveis ao evangelho do que os ricos. É por isso que desde o principio “não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos os poderosos, nem muitos os nobres que. são chamados” (I Co 1.26).

4. Ao distinguir o rico, a Igreja desonra o pobre (vv.6,7). Tiago não concordaria com algumas correntes teológicas contemporâneas (como a chamada Teologia da Libertação, por exemplo) que “sacramentam” o pobre, tornando-o objeto exclusivo do favor de Deus, voltando-se contra os mais aquinhoados economicamente.

O que Tiago mostra é que a bajulação aos ricos é imprópria à Igreja. Não devemos adular os ricos, os poderosos, O triunfo do Evangelho e da Igreja independe deles. Não podemos esposar dois evangelhos: um para dizer aos desafortunados que eles devem se arrepender de seus pecados, senão irão para o inferno; e outro, para dizer aos afortunados que nos sensibilizamos com suas visitas aos nossos templos. Alguém disse que “a Igreja não está no mundo para fazer relações públicas, mas para entregar um ultimato”.

II.   A DISCRIMINAÇÃO É ATENTATÓRIA A LEI DE DEUS

Tiago enfoca neste ensino duas leis que governam a vida do cristão: as leis do amor e da liberdade. Em ambas reside á cura para o mal da discriminação. Tiago conclui ensinando (2.8-13), entre outras coisas, as seguintes:

1. O amor ao próximo (v.8). Amar ao próximo como a nós mesmos, independentemente da classe social a que ele pertença, se constitui no cumprimento da “lei real”. Neste caso todos devem ser alvo do nosso amor, seja rico, ou seja, pobre.  Jesus ensinou, com seus atos, que Deus amou o mundo com amor imensurável  (Jo 3.16). Ele viveu de acordo com os Seus ensinos e deixou-nos o exemplo que devemos imitar

2. Não devemos discriminar as pessoas (v.10). Nesta seção entra a discriminação ao negro, ao estrangeiro, ao doente e ao necessitado de um modo geral. Tiago acrescenta que as pessoas que praticam qualquer tipo de discriminação serão responsabilizadas e julgadas como transgressoras da lei de Deus.

3. Quem discriminar qualquer pessoa será réu de juízo (v.11). O pecado de discriminação, como qualquer outro, assume proporções graves na medida em que ele não significa transgressão apenas a um ponto isolado da lei, pois fere todo o preceito divino. O apóstolo Paulo divinamente inspirado escreveu: “O amor não faz mal ao próximo. De sorte que o cumprimento da lei é o amor” (Rm 13.10).

“Assim falai, e assim procedei, como devendo ser julgados pela lei da liberdade” (2.12). Leia também Rm 2.11-16; Cl 3.23-25.

4. Devemos agir movidos pela misericórdia (v.13). Amar os homens como eles são e onde estão, demanda esforço e misericórdia da nossa parte.

Não importa o que isto possa representar para a Igreja; ela deve empenhar-se no sentido de congregar os homens e deve fazê-lo misericordiosamente. A sentença do Espírito Santo através de Tiago é que “o juízo [o juízo de Deus] será sem misericórdia sobre aquele que não fez misericórdia...” (v.13).

III.                        CONCLUSÃO

1. A Igreja não deve fazer acepção de pessoas. Uma vez que Deus não faz acepção de pessoas (Dt 10.17,18; Mt 5.45; At 10.34), a Igreja também não deve fazer discriminações, criando castas entre seus membros. Tal modo de agir pode trazer divisão ao corpo de Cristo. Leia I Co 12.25.

2. A Igreja não deve privilegiar o rico em detrimento do pobre. O rico não é mais nem menos digno de honra do que o pobre. A dignidade, a honradez não se mede pela riqueza nem pela pobreza, mas, sim, pelo caráter do individuo. A Igreja não é um clube cuja grandeza é medida pelo nível social de seus freqüentadores. Todas as pessoas são iguais aos olhos de Deus, pelo seu valor intrínseco.

3. A Igreja não se divide em classes, ela nivela as pessoas (I Co 12.13,14, 18,25;
Ef 4. 1-6). Deus espera que a Igreja em tudo seja a agência continuadora da ação amorosa do Seu Filho Jesus Cristo, no mundo.

Para isto Ele derramou, pelo seu Espírito, o amor, “vínculo da paz”, em nossos corações (Rm 5.5; Ef 4.3).

Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus

Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS

Lições bíblicas CPAD 1989


A VERDADEIRA FÉ NÃO FAZ ACEPÇÃO DE PESSOAS

TEXTO ÁUREO = "Quando menos àquele que não faz acepção das pessoas de príncipes nem estima ao rico mais do que ao pobre; porque todos são obras de suas mãos". Jó 34.19

VERDADE APLICADA = O maior pecado contra nossos semelhantes é mostrar indiferença por eles, sendo essa a essência da desumanidade.

TEXTOS BIBLICO = TIAGO 2: 1-5

No capítulo 2, Tiago expande os temas do mundanismo e do cuidado das viúvas. O mundanismo sobressai não apenas como ambição pessoal, mas também na exagerada consideração que a igreja demonstra a alguém que detém poder e alta posição mundana, em vez de avaliar a pessoa na base de sua posição espiritual em Cristo.

2:1 Meus irmãos define o reconhecimento dos leitores da carta como membros da igreja, não façais acepção de pessoas. A despeito de o Senhor Deus não ter parcialidade (Deuteronômio 10:17; Galatas 2:6), os seres humanos que a ele servem, sob sua autoridade, e que se supõe terem copiado seu caráter, precisam ser continuamente advertidos contra a parcialidade (e.g., Deuteronômio 1:17; Levítico 19:15; Salmo 82:2; Provérbios 6:35; 18:5).


Basta um olhar rápido às pessoas eleitas para cargos na igreja, e um breve exame de quem dirige as comissões e concílios denominacionais, para sabermos de imediato que, não obstante a opinião bastante negativa de Jesus a respeito da riqueza (e.g., Mancos 10), a reprovação de Tiago ainda tem relevância hoje. A igreja não deveria mostrar parcialidade, nenhum interesse com respeito à beleza externa, à riqueza material e ao poder ou à influência da pessoa.

Isto é o que a bíblia exige de nós como crentes em nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor da glória. A única base da igreja é a fé num Senhor único. A fé e a fidelidade no compromisso ao Senhor é o que salva tanto ricos como pobres, igualmente, e todos votam lealdade a um Senhor cuja vida e ensino desprezaram, na verdade, quaisquer posições mundanas. E, acima de tudo, este é um Senhor que vive, que foi exaltado em glória, que vai voltar a fim de manifestar seu poder e glória e julgar o mundo. Demonstrar parcialidade é violar o caráter do Senhor, é insultá-lo, e certamente é grave pecado.

2:2-4 Havendo declamado seu tema, Tiago fornece-nos um exemplo baseado em acontecimentos realistas (ainda que hipotéticos) da igreja. Se na vossa reunião entrar algum homem com anel de ouro no dedo, e com trajes de luxo: tais palavras descrevem uma pessoa que entra vestida de trajes luxuosos (lit, “brilhantes”). O anel de ouro no dedo indica sua riqueza. Pode-se até sentir a deferência incômoda com que o trata o grupo presente. A seguir, entra também algum pobre andrajoso. Só possui as roupas do corpo, pelo que estão sujas e esfarrapadas. Acostumado à rejeição, o coitado espreita à porta, sen­tindo que as pessoas reunidas o evitam, o que ele já esperava; ó péssimo estado de seu vestuário declara-o lixo humano; sem valor nenhum sob o prisma mundano.

A igreja reage à situação econômica do rico: Assenta-te aqui em lugar de honra. O rico acomodasse na cadeira mais confortável, sob os sorrisos complacentes de todos os presentes. O pobre, por Sua Vez, é recebido com frieza: Fica aí em pé, ou assenta-te abaixo do estrado dos meus pés. A sala está repleta; que esse pobretão reverencie aos que lhe são superiores, permanecendo de pé, ou mesmo sentando-se a seus pés. A maior parte dos presentes, naturalmente, finge que não notou sua presença.

O que torna tal tratamento ainda pior é que as duas partes assim retratadas estão numa reunião judicial; a igreja reuniu-se em tribunal para julgar certa pendência legal entre os dois homens. As minúcias dás roupas diferentes, das posições sociais diferentes è dos locais diferentes em que se acomodam encontram paralelos na prática jurídica judaica. Em 1 Coríntios 6:1-11 mencionam-se tais assembléias, que teriam autoridade legal, visto que por essa altura a igreja era vista como uma seita judaica, e as sinagogas tinham autoridade em seus tribunais (beth-din) para impor multas ou punições físicas. É certo que em outras situações (e.g., no culto publico) á postura física das pessoas nas reuniões dá igreja era uniforme (todos sentados ou de pé), sendo prescritas com maior cuidado as funções de cada pessoa. Todavia, esses dois crentes enfrentam uma disputa judicial, é fica bem claro perante a igreja desde o começo: não sé pode ofender o rico.


Tiago condena esse comportamento por duas razões: primeira, fazeis distinção entre vós mesmos. Em Cristo haviam sido todos unificados — eram um em Cristo. Nele não há grego nem judeu, nem escravo nem livre, nem homem nem mulher, mas todos são um, uma única pessoa em Cristo (Gálatas 3:28). Entretanto; aquela igreja estava desprezando esse fato, por conveniência carnal, fazendo distinção com base nas riquezas e nas posições sociais mundanas, renegando o efeito prático da obra de Cristo.

Em segundo lugar, os homens daquela congregação tornaram-se juizes movidos de maus pensamentos. Há uma infinidade de pas­sagens do Antigo Testamento que nos advertem contra o preconceito no tribunal, como, por exemplo: "Não farás injustiça no juízo; não favorecerás ao pobre, nem serás complacente com o poderoso, más com justiça julgarás o teu próximo" (Levítico 19:15). Se, como afirma o Antigo Testamento, Deus é juiz imparcial, e se os judeus afirmavam julgar de acordo com os padrões de Deus, como se atrevem a agir de modo injusto, favorecendo preconceituosamente o rico porque lhe cobiçam a riqueza e o poder?

Ao examinarmos o exemplo específico que Tiago nos apresenta, entretanto, não devemos desprezar a aplicação mais abrangente. Tiago ficaria mais feliz se o pobre fosse tratado com desprezo num culto público? Ficaria o pobre menos prejudicado se o tratamento preferencial dado ao rico significasse que este fora guindado a posição de liderança na igreja?

Ou será que a discriminação se tornaria menos ostensiva se o conselho da igreja ouvisse com a máxima atenção "a prima dona", mas em­purrasse para o lado as reivindicações do pobre? Conquanto estejamos diante de um exemplo específico, ele funciona como condenação geral do comportamento discriminatório.

2:5 Tiago inicia seu ataque lógico contra essa prática (2:5-7) com um apelo: Ouvi, meus amados irmãos, e chama-lhes a atenção para o fato de estar referindo-se a algo de que já têm conhecimento: Não escolheu Deus aos que são pobres? Tiago emprega a terminologia familiar da eleição, com que Israel estava acostumado (Deuteronômio 4:37; 7:7), como também a igreja (Efésios 1:4; 1 Pedro 2:9), mas aplica-a de modo específico aos pobres. A maior parte dos membros da igreja primitiva era constituída de pobres ("não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos os poderosos, nem muitos os nobres que são chamados" [1 Coríntios 1:26]); a igreja de Jerusalém era bastante pobre (2 Coríntios 8:9).

Mas Tiago está dizendo mais do que isso. Deus elegeu de modo especial aos que são pobres aos olhos do mundo (pois só são pobres segundo os padrões de valor do mundo) para serem ricos na fé e herdeiros do reino que prometeu aos que o amam. Por um lado, isso torna o pobre quase igual àquele que suporta a provação, em 1;2, visto que ambos recebem aquilo que Deus prometeu aos que o amam. Por outro lado, Tiago está aplicando o ensinamento de Jesus, visto que foi o Senhor quem disse que havia vindo de modo particular "para evangelizar os pobres" (Lucas 4:18) e depois: "Bem-aventurados vós, os pobres, pois vosso é o reino de Deus" (Lucas 6:20).

Jesus selecionara os pobres como os especialmente contemplados com o seu reino; Tiago apanha essa idéia e acrescenta: aos que o amam, a fim de limitar a promessa aos pobres que reagem em amor diante da mensagem do evangelho; Se há favoritos aos olhos de Deus, esses são os pobres, visto que Deus os vê de modo bem diferente do mundo. O mundo os enxerga como pobretões desprezíveis, sem importância, mas para Deus eles são ricos na fé e herdeiros do reino — o contrário da perspectiva mundana.

2:6-7 A igreja não tem a perspectiva de Deus: vós desonrastes o pobre. Deus condena o mesmo crime no Antigo Testamento (e.g„ Provérbios 14:21; çf. Siraque 10:22). A igreja que envergonha o pobre de certo modo (e.g., 1 Coríntios 11:22) abandonou a vontade de Deus e deixou de agir em prol de Deus.

Entretanto, a igreja decidiu mostrar preferência pela classe rica, que a oprime. Primeiro, são os ricos que vos oprimem. A idéia de que os ricos e poderosos exploram os pobres tem raízes profundas no Antigo Testamento (Jeremias 7:6; 22:3; Ezequiel 18:7; Amos 4:1; 8:4; Malaquias 3:5). Quando o pobre precisava de um empréstimo, o rico lho concedia -com juros elevador (a despeito de a extorsão de juros, i.e., obter lucros mediante a desgraça do necessitado, ser prática condenada, e.g., Êxodo 22:25-26). Em surgindo uma disputa, o rico contratava o melhor advogado; ambos se associavam, de modo que o pobre se tornava mais pobre, e o rico, mais rico.

Em segundo lugar, os ricos vos arrastam aos tribunais. Quando o pobre não podia restituir um empréstimo ao rico, este o arrastava ao tribunal para que fosse decretada a falência do pobre. O rico podia levar acusações caluniosas contra os que reclamassem, e talvez acua­ssem os cristãos de perturbarem a tranqüilidade e a ordem da comunidade.  Estas seriam as maneiras pelas quais os cristãos sofriam perseguições, que se resumiam na opressão de todos os pobres pelos ricos; às vezes, contudo, os cristãos eram discriminados porque sua religião os tornava muito vulneráveis — que juiz se sentiria mal em tratar com maior dureza os seguidores de um galileu desprezível?

Em terceiro lugar, os ricos são os que blasfemam o bom nome daquele a quem pertenceis. Agora Tiago acrescenta uma acusação de natureza religiosa. O nome de Jesus havia sido outorgado aos cristãos, ou (de modo mais literal) em seu nome haviam sido batizadas. Agora os cristãos "pertencem" a Cristo. Seu Senhor é Cristo. Todavia, os ricos falam mal desse nome, quando escarnecem de Jesus ou quando insultam seus seguidores. Não está esclarecido se faziam isso no tribunal, como parte do processo opressivo, ou se estavam insultando a Cristo nas sinagogas e nas praças. Nem uma nem outra ação era justa.

Entretanto, a igreja também tomara a decisão de insultar os pobres (a quem Deus honra), é desse modo, decidiu favorecer os ricos, identificando-se com a classe opressora. Com freqüência acontece que o grupo oprimido assume as características de seus opressores; quando isso acontece à igreja, o fato não é apenas patético è irônico, mas constitui uma inversão moral, visto que as pessoas que tomaram sobre si o nome de Cristo agem, agora, à semelhança das que blasfemam do nome de Cristo.


Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus
Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS

BIBLIOGRAFIA

Bibliografia Davids




29 de julho de 2014

O CUIDADO AO FALAR E A RELIGIÃO PURA



O CUIDADO AO FALAR E A RELIGIÃO PURA

TEXTO ÁUREO = Mas todo o homem seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar. Tg 1: 19

VERDADE PRÁTICA = As nossas palavras podem, ou não, evidenciar a sabedoria de Deus.

LEITURA BIBLICA =TIAGO 1: 19-27

INTRODUÇÃO

Vivemos num tempo em que, para muitos, há uma grande distância entre o dizer e o fazer, pregar e praticar, falar e dar o exemplo. Mahatma Ghandi, diante de um líder cristão, disse: “Eu admiro o vosso Cristo, e não o vosso cristianismo”. Que Deus nos ajude a viver na prática a Palavra de Deus, para não cairmos no descrédito daqueles que nos rodeiam.

NO RELACIONAMENTO COM OS OUTROS

1. Pronto para ouvir (v.19b), A Bíblia dá mais valor a quem sabe ouvir do que a quem sabe falar. Quando falamos, sempre nos arriscamos a errar. E isso é natural. Mas, quando ouvimos, sempre podemos aprender com nossos interlocutores, tanto o que é certo quanto o que é errado. A Bíblia manda o filho ouvir a instrução de seu pai (Pv 1.8); ouvir as palavras dos sábios (Pv 22.17); e diz que é melhor “ouvir a repreensão do sábio do que a canção do tolo” (Ec 7.5).

2. Tardio para falar (v.19c). Tiago recomenda que todo homem deve ser “tardio para falar”. Aqui, há muita sabedoria, por trás desse pedacinho de frase. O velho adágio popular diz: “Quem muito fala, muito erra”. E a Bíblia assevera solenemente: “...o homem de entendimento cala-se”(Pv 11.12). E mais: “Até o tolo, quando se cala, será reputado por sábio; e o que cerrar os seus lábios, por sábio” (Pv 17.28).

3. Tardio para irar-se (v.19c). Por causa da ira, amizades são perdidas; muitos ficam doentes, deprimidos; acidentes ocorrem; crimes são perpetrados; e tantos outros males. A Bíblia tem razão, quando diz que todo o homem seja “tardio para se irar”. Ela, no seu realismo sábio, ensina: “Trai-vos e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira” (Ef 4.26). Jesus, no templo, virou mesas, expulsou os cambistas e não pecou. Moisés, ao ver a idolatria com o bezerro de ouro, quebrou as tábuas da lei, puniu os idólatras e não pecou.


NO RELACIONAMENTO COM DEUS

1. Pronto para ouvir a Palavra de Deus. Muitos só querem ser ouvidos em suas prédicas. Mas é importante saber ouvir a Palavra. “Quem é de Deus ouve as palavras de Deus” (Jo 8.47). Ouvir, aqui, não é um mero escutar; é dar ouvidos, prestar atenção, com o objetivo de obedecer e praticar. Quem assim faz é comparado por Jesus a um homem prudente” (Mt 7.24), enquanto o que ouve e não pratica é comparado a um “homem insensato” (Mt 7.26b). Em Pv. 8.33, lemos: “Ouvi o ensino, sede sábios...”.

2. Rejeitando toda imundícia (v.21). Aqui, imundícia é sinônimo de pecado, iniqüidade, pensamentos maus, mentiras, adultérios, enganos, etc. Paulo ensina que devemos nos despojar do “velho homem” (Ef 4.22), deixando a mentira (Ef 4.25), e que devemos tirar de nós “toda amargura, e ira, e cólera, e gritaria, e blasfêmias e toda a malícia” (Ef 4.3 1). Hoje, talvez o esgoto principal pelo qual a imundícia entra nos lares é a TV, com suas novelas imundas, filmes pornográficos, e a Internet, através da qual muitos estão degradando suas mentes e a de seus filhos. É melhor cumprir o que diz o Sl 101.3.

3. Recebendo a Palavra com mansidão (v.21). Tiago falava para crentes. Exortava-os a receber a palavra com mansidão (v.2l). Por quê? Certamente, havia alguém que não recebia a mensagem com alegria. Hoje, acontece a mesma coisa. Quando o pastor exorta, com base na Bíblia, combatendo os pecados, as atitudes ilícitas, há quem fique irado, e até procure mudar de igreja. É o espírito de carnalidade dominando.

CUMPRIDORES DA PALAVRA

1. Não somente ouvintes (v.22). Quem ouve a palavra de Deus e não a cumpre, como já vimos, é comparado por Jesus a “um homem insensato” (Mt 7.26). Tiago compara tal pessoa a um homem que se olha no espelho e, ao sair, não mais se lembra dos detalhes do seu rosto natural (vv.23,24). No tempo do apóstolo, os espelhos não tinham a nitidez e o brilho de hoje; eram feitos de metal. Quem ouve a Palavra e não a cumpre e não fixa seu sentido em sua mente está perdendo tempo.

2. Atentando bem para a lei da liberdade (v.25). Fomos chamados à liberdade cristã. Isto é: liberdade da servidão do pecado, para seguirmos a Cristo e servi-Lo de todo coração. Diante disso, Paulo nos exorta, dizendo que não devemos usar da liberdade para dar ocasião à carne (Gl 5.13). E desta forma que devemos cumprir a Palavra de Deus, com liberdade para fazermos o que agrada a Deus, e não aos homens ou a nós mesmos.

3. Sendo fazedor da obra (v.25). Tiago fala do cumpridor da Palavra como um “fazedor da obra” de Deus, sendo, assim, “bem-aventurado no seu feito”. E muito importante que pratiquemos a Palavra:

a) No lar. O verdadeiro crente é aquele que dá testemunho da fidelidade a Deus em casa, no trato com a esposa, com os filhos, com os vizinhos. E um teste difícil, mas genuíno, eficaz e incontestável.

b) Na igreja. Aqui, não é tão difícil cumprir a Palavra em termos exteriores. Só Deus conhece os corações. Mas, no templo, as pessoas, em geral, têm “cara de santo”. E indispensável que guardemos o nosso pé quando entrarmos na casa de Deus (Ec 5.la).

c) Em todos os lugares. Seja na escola, quartel, consultório, escritório, comércio, rua, ônibus, carro particular, ou em outra qualquer parte.

A RELIGIÃO PURA E IMACULADA

De acordo com o Dicionário Teológico (CPAD), a palavra religião vem do latim
religionis, que, por sua vez, deriva do verbo religare, que tem o sentido de “ligar outra vez”. Por trás desse conceito latino há a idéia de que o homem separou- se ou está separado de Deus e, através da verdadeira religião, o homem pode reatar sua ligação com Ele. Com base na Bíblia, porém, quem liga ou religa o homem com Deus não é religião, mas Jesus Cristo, o único “mediador entre Deus e os homens”(l Tm 2.5). Tiago emite três características da “religião pura e imaculada para com Deus, o pai”, que são:

1. Saber refrear a língua (v.26). Para alguém ser um verdadeiro religioso precisa saber dominar a língua. Do contrário, “a religião desse é vã”. É o tipo de religiosidade sem valor, sem vida, sem poder, sem salvação, visto que a pessoa é conhecida pelo que expressa com a língua, pois Jesus disse que “da abundância do coração fala a boca” (Lc 6.45). Daí, a importância do fruto do Espírito, que abrange a temperança (cf. Gl 5.22).

2. Visitar órfãos e viúvas (v.27). A verdadeira religião atende ao “homem integral” (corpo, alma e espírito), valorizando “o amor genuíno pelos necessitados” (Bíblia de Estudo Pentecostal). Órfãos e viúvas, no texto, representam, também, todos os necessitados, os famintos, os carentes físicos e emocionais. São os que não têm o mínimo para comer; os meninos de rua, as crianças abusadas sexual- mente; os párias, os injustiçados de todos os tipos. A igreja que quer praticar a “religião pura e imaculada” precisa cuidar do corpo, também, tanto quanto da alma e do espírito.

 Jesus pregou a maior mensagem, mas multiplicou o pão duas vezes, alimentando os famintos. Os discípulos, queriam que a multidão “se virasse”, mas o Mestre lhes ordenou: “...dai-lhes vós de comer” (Mt l4.16b).

3. Guardar-se da corrupção do mundo (v.27). Tiago usou uma dialética perfeita. Emitiu uma tese: o que é ser religioso; seguiu-a de uma antítese: quem não sabe refrear a sua língua está enganado e, por fim, chegou à síntese: o verdadeiro religioso interessa-se pelo sofrimento alheio (religião prática) ao mesmo tempo em que cuida do espírito, zelando pela santidade, “guardando-se da corrupção do mundo”. Não adianta ser caridoso, filantropo, equilibrado no falar e não ser um crente santo. O caminho do inferno está cheio desse tipo de gente. Para o céu só vão os que zelam pela santificação (cf. Hb 12.14).

CONCLUSÃO

Praticar a Palavra é algo difícil, porém, sublime. A Bíblia é o código de Deus para o homem. Nela, de um lado, encontramos o amor e a bondade divinos. De outro, os preceitos, os estatutos e as normas, através das quais os interesses humanos, egoístas e carnais são contrariados e condenados. Mas, com a ajuda do Espírito Santo, podemos viver a Palavra em nossa vida diária.


Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus

Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS

BIBLIOGRAFIA

LIÇÕES BIBLICAS CPAD 1999

LIÇÕES BIBLICAS BETEL 2006

ESTUDO COMPLEMENTAR

CONTRA A IRA E O MAU TEMPERAMENTO (1:19-21).

Se tiver de haver qualquer conexão direta com os versículos anteriores, esta breve secção deve ser vista como algo que toca em certo aspecto da santidade e da conduta que se espera de primícias privilegiadas (ver o décimo oitavo versículo), de quem se espera que ilustrem amplamente, em si mesmos, o poder e a realidade do novo nascimento. Assim é que alguns manuscritos dizem, «Portanto, meus amados irmãos...«Assim dizemos mss P(2), KLP, bem como a maioria dos manuscritos minúsculos da tradição bizantina. 

O texto correto, entretanto, diz«...(isto) sabeis...», conforme se vê nos mss P(74), Aleph, BC, eo Sai, o Bo e o Si(hp). A maioria dos textos alexandrinos e ocidentais concorda com isso, pelo que o parágrafo mui provavelmente não aparecia originalmente com qualquer elementos de ligação, porque também o seu tema, é desvinculado do resto. Grande parte da epístola de Tiago se caracteriza por idéias sem vinculação entre si, assemelhando-se ao livro de Provérbios. O vocábulo grego «iste» pode ser traduzido como imperativo ou como indicativo; mas o imperativo ordena que os crentes tomem consciência do que estava prestes a ser dito.

1:19: Sabei isto, meus amados irmãos: Todo homem seja pronto para ouvir, tardio para falar e tardio para se irar.

O versículo indica que havia contendas na igreja, com base no egoísmo no desejo pela proeminência, em vinculação com a falta de consideração pelos sentimentos e direitos alheios. São defeitos comumente encontrados hoje em dia nas igrejas, uma fonte de contendas e cismas constantes. Desculpamos nosso mau temperamento com base em várias considerações falsas, a saber:

1. Estaríamos, realmente, exercendo justa indignação, defendendo direitos da igreja.
2. Embora reconhecendo nossas faltas, desculpamo-nos dizendo que «temos trabalhado demais», ou dizendo que outros nos provocaram.

3. E alguns chegam mesmo a crer que seu espírito irascível é uma tendência herdada, da qual não podem controlar-se.
Na realidade, porém, tudo isso é obra da carne, devido à falta de crescimento espiritual, evidência da imaturidade espiritual. Este versículo pode ser comparado com Pv 10:19; 15:1,2; 16:32; 17:27; Mt 5:22; Ef 4:26,29,31.

Com grande freqüência a ira se origina do ódio, se não é que sempre tem tal base, de mistura com o egoísmo; e ambas as atitudes caracterizam o pecador, que não faz segredo de sua depravação. Mas é uma desgraça quando essas coisas sucedem no seio da igreja, que pertencem somente a homens que não buscam pelas realidades espirituais, que não vivem segundo a dimensão eterna. Quando nos iramos, esquecemo-nos do amor de Cristo; e este não opera em nós. Um menino pequeno foi indagado por qual motivo não ficava irado com sua professora, ao mesmo tempo que se irava com tanta freqüência com sua mãe. Sua resposta foi reveladora. Ele disse que não ficava zangado com sua professora porque não queria perder a aprovação dela. Evidentemente ele contava com o amor de sua mãe como algo garantido, de forma que podia mostrar-se indisciplinado em casa, retendo sempre a aprovação materna. Mas não tinha a certeza sobre a mesma coisa, quanto à sua professora.
Porém, muitos membros da igreja, desconsiderando totalmente a aprovação de Deus e de seus semelhantes, exibem mau temperamento e servem somente para destruir a unidade que deve haver no seio da igreja cristã.

«...amados irmãos...» Palavras usadas como tratamento, o que também sucede no décimo sexto versículo deste capítulo.

«...prontos para ouvir...» Em outras palavras, ao invés de exibirem um mau temperamento, forçando sua vontade sobre os outros, os crentes deveriam estar prontos a ouvir e ver os pontos de vista dos outros. Deve haver uma atitude de mútua condescendência, o que é apenas outra maneira de se falar sobre o amor mútuo em operação. O amor cristão consiste em cuidarmos dos outros conforme cuidamos de nós mesmos. Aquele que segue essa regra não explode em ira, nem anseia por impor sua vontade aos outros.

«...tardio para falar...» Essa qualidade acompanha a qualidade anterior. A prontidão em ouvir deve incluir a prontidão para receber a «palavra da verdade» (ver o décimo oitavo versículo). Pelo menos, o homem que atenta para essa palavra terá a virtude do altruísmo e da condescendência, que este texto nos dá a entender. «Aquele que se apressa nas palavras se apressa por lançar fogo», e «Vede como uma fagulha põe em brasas tão grande selva!» (Tg 3:5).
«Já que algum resto do velho homem permanece em nós, necessário é que, através da vida, sejamos continuamente renovados, até que a natureza carnal seja abolida; pois tanto a nossa perversidade, como a nossa arrogância, como a nossa indolência são grandes empecilhos a Deus, no aperfeiçoamento de sua obra em nós».   (Calvino, in loc).

A PRÁTICA ADICIONADA AO OUVIR = 1:22-25

A breve secção que ora se inicia salienta uma verdade religiosa e espiritual com a qual todos concordamos, mas que nem sempre praticamos. Freqüentar aos cultos da igreja não basta; não é virtude ouvir lições e sermões, como se isso fosse um medicamento espiritual; nossa presença nos cultos, se formos ali somente para tal atividade, não impressiona a Deus.

Somos obrigados, devido à nossa posição como crente, de pormos em prática aquilo que ouvimos. Aquele que ouve mas não pratica, e ainda pensa que é um crente, perdeu-se no seu autoludíbrio (Sistema automático pelo qual os mecanismos controlam seu próprio funcionamento, quase sem a interferência do homem.). Se vemos em um espelho uma imagem da qual não gostamos, mas nada fazemos para melhorá-la, aquela aparência má permanecerá.

Portanto, se na alma fica demonstrado haver um defeito, precisando ela do cultivo de algo positivo, pela prática, mas o indivíduo fica impassível, certamente teremos de imaginar uma alma indolente e corrupta. Outrossim, a simples «convicção de pecado», o reconhecimento de nosso estado, não tem real e duradoura significação, a menos que seja seguido pelo arrependimento autêntico. De nada adianta alguém ouvir falar sobre o amor, sobre como Deus amou ao mundo, sobre como Cristo deu a sua vida, a menos que esse amor opere através de nós para benefício de outros. A bem-aventurança espiritual pela qual lutamos, a aprovação de Deus, bem como a consciência de uma inquirição espiritual bem feita, só são dadas para aqueles que são praticantes da doutrina cristã, e não somente ouvintes.

Não são muitas as pessoas na igreja cristã, ou mesmo no mundo, que são ateus teóricos: em outras palavras, não são muitos os que negam a existência de Deus. Mas a maioria das pessoas, visto que vive com base em motivos egoístas, se compõe de «ateus práticos». Em outras palavras, vivem como se Deus não existisse: não há espaço para Deus em suas vidas; e o fato que Deus existe não faz qualquer diferença prática em suas vidas. A igreja cristã conta com muitos teístas (Doutrina que admite a existência de um deus pessoal) teóricos que, na realidade, são ateus práticos. Esses são os que ouvem a Palavra, mas não põem em prática aquilo que ouvem; aprovam sermões e lições, a leitura bíblica e as orações, mas agem com base em motivos egoístas, não estando verdadeiramente motivados por viver segundo os moldes da dimensão eterna.

Quando argumentam, defendem veementemente a inspiração das Escrituras; mas, em suas vidas diárias, praticam muitas coisas que demonstram que não consideram a sério a Bíblia, a Palavra de Deus. Talvez até cheguem a denunciar heréticos, que se desviam daquilo que pensam ser a doutrina ortodoxa (Conforme com a doutrina religiosa tida como verdadeira); mas, em suas vidas, são hereges práticos, discordando dos ensinamentos da fé que defendem. Defendem verbalmente ao cristianismo, mas não provam a verdade de suas doutrinas, mediante a vida prática diária.

Acreditam na graça divina, mas agem como se esta fosse base para a doutrina da «crença fácil», segundo a qual idéia ao homem é dada passagem livre para os céus, sem a necessidade de real conversão e de transformação moral segundo a imagem de Cristo. O que torna tão vital essa questão é que há um grande número de tais pessoas; e, infelizmente, a pregação superficial na igreja, que não exige moralidade, e nem desafio espiritual para a transformação segundo a imagem e a natureza de Cristo, tem promovido o culto dos «ouvintes que não são praticantes» da Palavra.


1:22: E sede cumpridores do palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos.

«...pois...» Esse termo vincula este versículo com o que é dito anteriormente: se tivermos de pôr de lado, como roupa suja, a imundícia e a excrescência da iniqüidade, recebendo com mansidão a Palavra implantada, que nos revolucionará, levando-nos assim à salvação, precisamos ser mais do que meros ouvintes da Palavra. Devemos praticar os preceitos de nossa fé, provando que se trata de um elemento transformador. De outra maneira, estaremos dando provas positivas de que a Palavra de Deus foi implantada em nós apenas supostamente, porquanto não nos está transformando moralmente.

«...praticantes da palavra...» Essa expressão é usada somente por Tiago, em todo o N.T., embora a idéia seja bastante comum, expressa de muitos modos diversos. (Ver Ez 33:32 e Mt 7:24, que são as duas ocorrências principais). Ouvir e praticar edifica na pessoa um firme alicerce, que não pode ser abalado; porque se trata, realmente, do Espírito em nós, criando a imagem e a natureza de Cristo. Assim, todas as virtudes que possuímos, que podemos expressar para outros, são fruto do Espírito (ver Gl 5:22,23). Parece, pois, que o segredo da «prática» e do «ser» aquilo que professamos, se acha na busca e na submissão ao Espírito, incluindo-se nisso o uso dos dons espirituais, mediante os quais a igreja será levada à maturidade e à perfeição (ver Ef 4:7-16). Ninguém pode ser «praticante» bem-sucedido da palavra a menos que, primeiramente, seja algo em Cristo; e a pessoa se «torna em algo» através do poder residente e transformador do Espírito Santo.

O Talmude (Doutrina e jurisprudência da lei mosaica, com explicações dos textos jurídicos do Pentateuco, e a Michná, i. e., a jurisprudência elaborada pelos comentadores entre o III e o VI séculos.) reconhece esse princípio. «Todos os meus dias tenho passado entre os sábios, e não tenho encontrado melhor coisa para o homem que o silêncio; não o aprender, mas o fazer, é a base; e quem multiplica suas palavras ocasiona o pecado». (Pirke, Aboth, i. 16; i.18; Rabino Simeon ben Gamaliel I). «Todo aquele cujas obras excedem sua sabedoria, tem uma sabedoria firme, e todo aquele cuja sabedoria excede às suas obras, não tem uma sabedoria firme». (Rabino Chananiah ben Dosa, iii.14). (Ver declarações similares em Filo, De Praem et Paenis , 14; e Sêneca, Ep., 108.35).

A expressão «praticantes da palavra» significa «pôr em prática o que lhes é ordenado», mostrando que tais pessoas são sensíveis para com a Palavra de Deus, devendo ser transformadas por ela, tanto em seu ser como em suas ações. A piedosa anuência aos ensinamentos de Jesus, seguida por ações contraditórias, é um simulacro (Imagem de divindade ou personalidade pagã; ídolo, efígie) da vida cristã, algo que os profetas condenaram sem reservas. (Ver Os 6:6 e Mt 9:13).

Conforme o ponto de vista judaico, o praticante da palavra era praticante da lei. Conforme o ponto de vista cristão, a Palavra se tornou o «evangelho». O evangelho exige fé, ou seja, temos de entregar nossas almas aos cuidados de Cristo, a fim de sermos transformados segundo a sua imagem. Essa transformação dá início ao ser moral, pois deveremos assumir a natureza moral de Cristo, e, desse modo, chegaremos a participar da mesma santidade que Deus tem. Esse conceito é anotado em Mt 5:48; Rm 3:21 e Hb 12:14. Tudo isso está envolvido na «prática da palavra», o que faz a mensagem cristã tornar-se eficaz em nossas vidas. Segundo se lê em Lc 11:28, «Antes bem-aventurados são os que ouvem a palavra de Deus e a guardam!»

«Faremos e ouviremos. Está escrito (em Shabbath, 88a) que quando Israel puser o 'faremos' antes do 'ouviremos', virão sessenta miríades de anuos ministrantes, conferindo a cada israelita uma coroa, uma correspondente ao 'faremos', e outra ao 'ouviremos'; e quando pecarem, descerão cento e vinte miríades de anjos destruidores, para lhes arrancar as coroas».

«...ouvintes...» Temos aqui uma alusão à prática da leitura das Escrituras, na sinagoga, mais tarde praticada também na igreja cristã. Poucas pessoas possuíam cópias manuscritas, e menor número ainda sabia ler. Quase todo o «aprendizado da Bíblia» era efetuado pelo ouvir a leitura das Escrituras. Hoje em dia, quase todos sabem ler, podendo fazê-lo durante a semana, e não apenas em dias de culto. Por isso mesmo, nossa responsabilidade aumentou extraordinariamente.

Os judeus tomavam sua Torah (as Escrituras do A.T. e seus comentários) a sério. Criam que Deus lhes fizera tal revelação, tornando-os privilegiados acima de outros povos. Portanto, a leitura da Torah, na sinagoga, era uma prática solene, que se esperava servir de fator transformador das vidas dos ouvintes. O próprio Senhor Jesus se ocupou dessa prática, na sinagoga. (Ver Mt 5:17,18; 7:12; 12:5; 19:17; 23:3; Lc 4:21; 10:26 e 16:17,29). Cristo sempre mostrou ter as Escrituras Sagradas no mais alto conceito.

«Porque Moisés tem, em cada cidade desde tempos antigos, os que o pregam nas sinagogas, onde é lido todos os sábados» (At 15:21).

«...enganando-vos a vós mesmos...» Isso fariam, supondo que Deus se agrada da pessoa que conhece profundamente as Escrituras, mas não as aplica à sua vida diária; supondo que o ouvir é bastante; supondo que a aceitação de um credo obriga Deus a salvar a alma; supondo que a fé salvadora consiste em aceitar alguma doutrina ortodoxa, mas sem reconhecer que a fé verdadeira é mística, e não racional ou credal. Em outras palavras, o Espírito Santo, que entra em contacto genuíno conosco, transforma as nossas vidas, e não meramente nos expõe doutrinas em que devemos crer. 

Assim sendo, o indivíduo colhe aquilo que tiver semeado, e isso determinará o seu estado eterno. (Ver Gl 6:7,8, onde somos avisados que não nos devemos enganar a nós mesmos).

Aquele que ouve mas não pratica, assim age porque está cheio de si mesmo, e desconhece o que é a dedicação a Cristo e qual é seu poder residente. O homem que pensa que pode haver substituição para a prática da Palavra, «engana» a si próprio com uma idéia falsa; e, assim, só prejudica espiritualmente a si mesmo.
«A religiosidade não consiste no conhecimento e na crença, nem mesmo em verdades fundamentais, e, sim, em sermos levados a certa atitude e conduta». (Bispo Butler).


Bibliografia Champlin