19 de agosto de 2014

O CUIDADO COM A LÍNGUA



O CUIDADO COM A LÍNGUA
TEXTO ÁURO = “Porque todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não tropeça em palavra, o tal varão é perfeito e poderoso para também refrear todo o corpo (Tg 3 2).

VERDADE PRATICA = A nossa língua pode destruir vidas, portanto sejamos cuidadosos com o que falamos.
LEITURA BIBLICA = TIAGO 3: 1-12

INTRODUÇÃO

É muito difícil alguém não tropeçar em palavras. Às vezes, dizemos algo que não gostaríamos que saísse de nossos lábios. Quando percebemos,já é tarde. É o que se, chama de ato falho, pois revela o que está no interior da pessoa e, muitas vezes, causa sérios problemas a quem diz e a quem ouve. Por isso, precisamos vigiar, santificando a língua, para que não venhamos a tropeçar por palavras.

A DIFICULDADE EM DOMINAR A LÍNGUA

1. Mais duro juízo aos mestres. Tiago aconselha que muitos não devem querer ser mestres, pois para estes está reservado “mais duro juízo” (v.l). De acordo com a Bíblia de Estudo Pentecostal, os mestres são “os pastores, dirigentes de igreja, missionários, pregadores da Palavra ou qualquer pessoa que ensine às congregações. O professor precisa compreender que ninguém na igreja tem uma responsabilidade maior do que aqueles que ensinam as Sagradas Escrituras. No juízo, os mestres cristãos serão julgados com mais rigor e mais exigência do que os demais crentes”.

2. O mestre tem que ser exemplo. É tarefa difícil ensinar na Igreja do Senhor. As pessoas empolgam- se com os ensinos bem ministrados, fundamentados e ilustrados, mas, depois, olham para a vida do pregador. “Assim falai e assim procedei, como devendo ser julgados pela lei da liberdade” (Tg 2.12).

3. O varão perfeito (v.2). O apóstolo diz que “todos tropeçamos em muitas coisas”. Ele se incluía entre os que falhavam em muitas coisas, acrescentando que “se alguém não tropeça em palavra, o tal varão é perfeito e poderoso para também refrear todo o corpo”. E isso não é fácil. Contudo, entregando nosso eu ao controle do Espírito Santo, Ele pode refrear nossos impulsos, inclusive a compulsão no falar.

4. E mais fácil dominar animais e navios (vv.3,4).

Tiago diz que os cavalos e navios são dominados pelo homem e que, “toda a natureza, tanto de bestas-feras como de aves, tanto de répteis como de animais do mar, se amansa e foi domada pela natureza humana”.
Enquanto isso, “nenhum homem pode domar a língua” (v.8). Só há uma solução: santificar a língua dizendo como Davi: “Põe, ó Senhor, uma guarda à minha boca; guarda a porta dos meus lábios” (SI 141.3).

OS MALES PROVENIENTES DA LÍNGUA

1. A língua é um fogo (v.6a). Tiago usa essa figura para mostrar que, assim, como um pequeno fogo pode incendiar um grande bosque (v.5), “a língua também é um fogo; como mundo de iniqüidade”, posta entre os nossos membros, “e contamina todo o corpo”, “inflamada pelo curso do inferno”. Realmente, na vida quotidiana, vemos que a língua serve de instrumento para propagação da mentira, das falsas doutrinas, da intriga, da inveja, das agressões verbais, dos impropérios, da fofoca, que tantos males têm causados às igrejas.

2. A dubiedade da língua (vv.9, 10). A língua “está cheia de peçonha mortal” (v.Sc). Por isso, é preciso muito cuidado no falar, pois com a mesma língua com que “bendizemos a Deus e Pai”, “amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus”. Ainda que de uma mesma fonte não possa sair água doce e água amarga (Tg 3.11), ou de uma figueira sair azeitona, ou da videira sair figos (Tg 3.12), infelizmente, da mesma língua podem sair a bênção e a maldição. Não nos esqueçamos de que um dia cada um dará contas a Deus até das palavras ociosas. Jesus advertiu: “Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; não, não, porque o que passa disso é de procedência maligna” (Mt 5.37).

3. Todos tropeçam em muitas coisas (3.2). Estas “muitas coisas” aqui mencionadas pelo apóstolo incluem necessariamente o falar. Quem, sinceramente, não se lembra de uma ou mais ocasiões em que fez mau uso da língua para expressar ira, murmuração ou para prejudicar a reputação do seu semelhante?

Salomão encara esta questão com extremo realismo quando diz: “Tampouco apliques o teu coração a todas as palavras que se disserem, para que não venhas a ouvir que o teu servo te amaldiçoa. Porque o teu coração também já confessou muitas vezes que tu amaldiçoaste a outros” (Ec 7.21,22).

Por isso a advertência de Jesus deve sempre ressoar em nossos corações: “Porque por tuas palavras serás justificado, e por tuas palavras serás condenado” (Mt 12.37).

3. A língua é humanamente indomável (3.8). Tiago diz que se pode disciplinar o cavalo e guiá-lo com rédeas, bem como o navio se deixa navegar sob o comando dum pequeno leme, “mas nenhum homem pode domar a língua. É um mal que não se pode refrear; está cheia de peçonha mortal (v.8).
Um cavalo sem rédeas pode tornar-se um destruidor, tal como um navio sem leme pode ser destruído ou causar a destruição de outros. Da mesma forma, a menos que o homem discipline o seu falar, a língua poderá torná-lo destrutivo e auto-destrutível.

4. Com a língua tanto se bendiz quanto se amaldiçoa (3.9). Como é possível que um mesmo instrumento tenha a capacidade de ser usado para fins tão opostos entre si?
A língua é capaz disto. Ela tanto bendiz ao Deus Criador como amaldiçoa o homem, feito à semelhança divina. Aturdido, em face de esta duplicidade no uso da língua, suplica o apóstolo do Senhor:  “Meus irmãos, não convém que isto se faça assim” (v.10). Que Deus nos guarde do mau uso da língua!

OS CRIMES COMETIDOS COM A LÍNGUA

1. A calúnia. Pode ser feita através da mentira, falsidade e invenção contra alguém. A lei jurídica brasileira prevê pena contra os caluniadores. E de admirar que, em muitas igrejas, quem calunia não sofre qualquer ação disciplinar e com isso o mal se avoluma, pois o caluniador é assim estimulado na sua tarefa maligna e destruidora dos valores alheios. Outros, da mesma índole, têm prazer em relembrar, comentar e espalhar fraquezas, imperfeições e pecados dos outros, servindo-se da língua. A Bíblia condena a calúnia (ler o SI 101.5). “Não dirás falso testemunho contra teu próximo” (Êx 20.16). (Ver Êx 23.7; Dt 5.20; Pv 19.9.)  Hoje, há pessoas que estão desviadas dos caminhos do Senhor, porque foram vítimas de calúnia de algum irmão.

2. A difamação. Da mesma forma, é crime contra a honra, previsto no Códïgo Penal Brasileiro. É perigoso o tropeço na palavra, falar contra a honra de alguém.
Muitas vezes, o obreiro “passa a mão por cima” do difamador para não dá escândalo. Se alguém fuma é “cortado” da comunhão. Fumar é pecado contra o corpo, mas será isso mais grave que difamar alguém? 

Uma jovem contou que seu pastor excluiu-a da igreja, porque um irmão disse que ela estava namorando com um incrédulo, quando isto não era verdade. Nem sequer teve oportunidade de defesa. Enquanto isso, o difamador ficou normalmente nas atividades da congregação. A Bíblia diz: “Irmãos, não faleis mal uns dos outros” (Tg 4.11 a).

3. A injúria. ‘Jesus, no Sermão da Montanha, disse: “...e qualquer que chamar a seu irmão de raça será réu do sinédrio; e qualquer que lhe chamar de louco será réu do fogo do inferno” (Mt 5.22b). Há uma atitude de dois pesos e duas medidas, em muitas igrejas, quando só são punidos aqueles que adulteram ou roubam, mas ficam totalmente impunes os caluniadores, injuriadores e difamadores. Alguém responderá por isso no juízo de Deus.

OUTROS TROPEÇOS NA PALAVRA

1. O boato. Originariamente, boato vem do latim boatu, significando “mugido ou berro de boi”. Hoje, significa “notícia anônima, que corre publicamente sem confirmação; baleia; rumor, zunzunzum”. Há um demônio espalhando esse tipo de coisa em muitas igrejas. É o “ouvi dizer...”, o “disseme-disse”, sinônimos de mexerico. Já é conhecida a história do homem que espalhou boato contra outro. Este, abatido, ficou doente. Depois, ficou provado que o fato não era verdade. O boateiro foi pedir perdão ao atingido pela má notícia. Este lhe disse: “Eu perdôo se você fizer duas coisas”, O outro indagou: “O que?” Primeiro, que você pegue este saco de penas, suba o monte e deixe o vento levá-las. O boateiro disse: “Sim, isto é fácil. Faço logo”. E o fez. Ao retornar, o homem doente lhe disse: “Agora, peço que faça a segunda coisa: vá e junte todas as penas que espalhou”.

O mentiroso disse: Ah! Isso é impossível! A Palavra de Deus condena esse tipo de mal uso da língua (ler Lv 19.16; Ex 23.1). Tenhamos cuidado com esse “mugido de boi” do Diabo!

2. A murmuração. Murmurar significa “dizer em voz baixa; segredar; censurar disfarçadamente; conversar, difamando ou desacreditando”. Os demônios da murmuração estão soltos no meio de muitas igrejas. É crente falando contra o pastor e sua família e vice-versa; é obreiro falando contra outro; é esposa de obreiro murmurando contra esse ou aquele crente; só quem gosta disso é o Diabo, causando tristeza e dissensões nas igrejas. Devemos ter cuidado, pois Deus ouve as murmurações (Êx 16.7,8; SI 31.13). A Bíblia ordena: “Fazei todas as coisas sem murmurações nem contendas” (Fp 2.14).

3. As palavras torpes. “Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas só a que for boa para promover a edificação, para que dê graça aos que a ouvem?” (Ef 4.29).

São palavras chulas, ou grosseiras; pornofonias (palavras ou expressões obscenas); pornografias. Ou seja: baquilo relativo à prostituição, a coisas obscenas, (sejam por revistas, filmes, etc.), piadas grosseiras; anedotas que ridicularizam as coisas de Deus. Tudo isso leva o crente a tropeçar na palavra, usando a língua para agradar ao Diabo e entristecer o Espírito Santo.

ILUSTRANDO O PODER DAS PALAVRAS

Não pode haver duplicidade na palavra do cristão. O dúplice pensar não deve fazer parte do estilo de vida do seguidor de Jesus Cristo. Procurando ilustrar o que isto significa, Tiago pergunta: “Porventura deita alguma fonte de um mesmo manancial água doce e água amargosa?
Meus irmãos podem também a figueira produzir azeitonas, ou a videira figos? Assim tampouco pode uma fonte dar água salgada e doce” (vv.11.12).  Atentemos, pois, para esta tríplice ilustração do poder das palavras, feita pelo apóstolo:

1. A fonte que jorra dois tipos de água. “Porventura deita alguma fonte de um mesmo manancial água doce e água amargosa?” (v.11). A resposta óbvia a esta pergunta é que uma mesma fonte não produz água doce e água amargosa.  Da mesma maneira, a língua do cristão, diferente da língua do ímpio, não pode produzir dois tipos de palavras, a de bênção e a de maldição. Cada fonte produz um tipo de água. Um é o falar do cristão. Outro é o falar do ímpio. O ideal divino para o cristão é que a sua palavra seja “temperada com o sal” do temor a Deus, para que saiba como convém responder a cada pessoa (Cl 4.6).

2. A árvore que produz frutos segundo a sua espécie. “Pode também a figueira produzir azeitonas, ou a videira figos?” (v.12). Por uma questão de sensatez todos hão de concordar que a figueira produz figos e não azeitonas, e que a videira produz uvas e não figos. Isto é, cada árvore produz frutos segundo a sua espécie, de acordo com a sua natureza. Através desta oportuna pergunta do apóstolo Tiago, o Espírito Santo dirige a nossa atenção no sentido de refletirmos no fato de que não deve haver duplicidade de frutos em nosso viver. Produza, então, o cristão o fruto que dele se espera.

3. A fonte que produz um só tipo de água. “Assim tampouco pode uma fonte dar água salgada e doce” (v.12). Se pudermos tomar a fonte que produz água salgada como tipo do homem não regenerado, então a fonte de água doce seria um tipo do homem convertido, do crente. É desta fonte que o mundo precisa beber a água cristalina, que é a Palavra de Deus, ou seja, precisam ouvir boas palavras, palavras de consolo, de ajuda e de edificação. Agora, se nos falta essa palavra de esperança de quem o mundo a ouvirá?

PURIFIQUE O CORAÇÃO PARA CONTROLAR A LÍNGUA, 3.9-12

Nos versículos 3-8, Tiago escreveu a respeito da língua e a natureza humana do homem caído. No versículo 9, uma nova dimensão é introduzida enquanto o apóstolo discute o falar dos crentes — Meus irmãos (v. 10). “A língua é a expressão dos pensamentos do homem e a revelação se ele está dominado pela vontade própria ou pela obediência à vontade de Deus”. A língua dobre é tão incongruente no cristão quanto uma fonte de onde manam água doce e água amarga (v. 11) ou como uma figueira (v. 12) que produz azeitonas.

CONCLUSÃO

Diante do que temos visto, o crente só pode combater o tropeço na palavra, lendo a Palavra de Deus, deixando-se dominar pelo Espírito Santo, vigiando e disciplinando o falar. Usemos a língua para o bem (ler Ef 4.29), pois somos cidadãos dos céus e não devemos descer a linguagem ao nível diabólico. Devemos usar a língua para encorajar outros, louvar a Deus, e levara mensagem do evangelho aos perdidos. Assim fazendo, dificilmente tropeçaremos em palavras.

Após considerar as possibilidades do mau uso da língua e do tropeço no falar, diz Tiago: “Meus irmãos, não convém que isto se faça assim” (v.10). Então, o que deve fazer o cristão para exercer o governo sobre a sua língua? Entre outras coisas ele deve compreender que:

1. Deus quer que tenhamos linguagem sã. “Em tudo te dá, por exemplo, de boas obras... linguagem sã e irrepreensível, para que o adversário se envergonhe, não tendo nenhum mal que dizer de nós” (Tt 2.7,8). O crente tem de possuir linguagem compatível com a sua vida de santidade.

2. Deus mesmo pode purificar a nossa língua. Após contemplar a glória da majestade divina e confessar a sua impureza de lábios Isaías viu que um serafim, enviado por Deus, chegou com uma brasa viva e com ela tocou nos seus lábios, dizendo:  “Eis que isto tocou os teus lábios; e a tua iniqüidade foi tirada, e purificado o teu pecado” (Is 6.1-7).  Nenhum homem pode dominar a sua língua a menos que a submeta à autoridade de Deus.

3. Deus quer que a nossa língua seja veículo de bênçãos. Diz o sábio Salomão que  “Há alguns cujas palavras são como pontas de espada, mas a língua dos sábios é saúde” (Pv 12.18). Eurípedes, um ilustre homem da antiguidade, disse: “O sábio tem duas línguas: uma para dizer a verdade; a outra, para dizer o que é oportuno”.
A Bíblia, no entanto, condena a língua dobre, e Jesus disse: “Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; não, não; porque o que passa disto é de procedência maligna” (Mt 5.37) veja também Mt 12.33-37.

Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus
Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS

BIBLIOGRAFIA

Comentário Bíblico Beacon
LIÇÕES BIBLICAS CPAD 1999
LIÇÕES BIBLICAS CPAD 1989

13 de agosto de 2014

A FÉ SE MANIFESTA EM OBRAS


A FÉ SE MANIFESTA EM OBRAS – Ev. José Costa Junior

 

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

 

O assunto desta lição diz respeito à fé manifestada através das obras. O objetivo da carta-sermão de Tiago era o de instruir os leitores acerca da natureza da salvação genuína, motivar os crentes a seguirem os preceitos da verdadeira religião, adverti-los acerca da falsa fé e conduta imoral, e o de encorajar os crentes a seguirem a sabedoria e moralidade de Deus. Tiago nos desafia a pacientemente suportarmos a tribulação, firmemente buscando a sabedoria divina e consistentemente colocando a fé em ação prática fazendo o que é certo a abstendo-nos do que é errado, constantemente orando por si mesmo e pelos outros.

 

Sua mensagem é prática, tratando de assuntos da vida diária tais como controle da língua, relação com os outros, ajudando os que estão em necessidade. Tiago demonstra o grande desafio da religião da fé no Deus verdadeiro: que religião e moralidade, evangelismo e ética, doutrina e retidão, crença e conduta, fé e obras andam todos juntos na vida cristã!

 

A maior ênfase trata da relação entre fé e obras. Esclarece que a salvação é um Dom de Deus e não pode ser alcançada através das obras (ninguém é salvo pelas obras). No entanto uma pessoa genuinamente salva irá demonstrar sua fé através das obras de amor e ministério. Isto está plenamente de acordo com o ensino maior de Cristo no Sermão da Montanha (Mateus 5:16) – a fé é demonstrada pela prática.

 

Esta ênfase, fé e obras, é o ponto crucial da epístola, contendo declarações que têm dado lugar a infindáveis debates na Igreja. Foram tais declarações que levaram Martinho Lutero a proferir sua famosa crítica, quando chamou esta carta "epístola de palha". Mas a declaração do apóstolo em seu conjunto é eminentemente razoável. Procura ele mostrar a diferença que há entre uma fé viva e ativa, e a que existe apenas no nome. "Meus irmãos, qual é o proveito se alguém disser que tem fé, mas não apresenta obras? Pode, acaso, semelhante fé salva-lo?" (Moff.). Não há antagonismo aqui entre o ensino de Tiago e o de Paulo. Este ensina que a justificação diante de Deus não é nunca pelas obras da lei, mas pela fé em Cristo (Rm 4.1-5.2). O apóstolo vê necessidade de frisar isto ao procurar orientar os que pensam que, pela guarda da lei, podem achar a salvação. Ao mesmo tempo ele daria todo seu apoio à alegação de Tiago de que a fé que não se exterioriza na vida prática e na conduta, não passa de consumada zombaria, e que ninguém é justificado perante Deus que ao mesmo tempo não seja justificado praticamente perante os homens (ver Tt 1.16; Tt 3.7-8). A fé, sendo a raiz, deve naturalmente dar origem as obras, que são os frutos. Tiago precisa dar ênfase a este lado da questão, visto que a situação por ele enfrentada é quase oposta àquela de que Paulo trata nos primeiros capítulos de Romanos.

 

Para ilustrar o seu ponto, Tiago figura a conduta impiedosa de quem despede companheiros cristãos tiritantes de frio e famintos, dizendo-lhes apenas "Desejo que passeis bem; aquentai-vos e alimentai-vos bem", e deixa de lhes prover às necessidades corporais. De que vale a fé que presencia tais sofrimentos e não se dispõe a acudir-lhes benevolamente? Tiago presidia a Igreja de Jerusalém que sofrera (e provavelmente naquela época ainda estava sofrendo) em consequência da fome predita por Ágabo (ver At 11.28-30). Podia então falar de experiência própria. "Votos de Felicidade" é uma frase oca, a não ser que a pessoa que os formula concorra para isso (Plauto).

De que servem meras palavras desacompanhadas da prática da misericórdia? Crença religiosa, mesmo que seja ortodoxa, que não resulta em ação, é morta, porque lhe falta poder. O mero assentimento a um dogma nenhum poder tem para justificar ou salvar (cfr. Rm 2.13). "Ninguém é justificado pela fé, a menos que esta o faça justo".

 

Erram os que tomam a só crença de noções do evangelho pelo todo da religião evangélica, como fazem muitos agora. Sem dúvida que a só fé verdadeira, pela qual os homens participam na justiça, expiação e graça de Cristo, salva suas almas; porém produz frutos santos e se demonstra verdadeira por seus efeitos nas obras deles, enquanto o só assentimento a qualquer forma de doutrina ou crença histórica de fatos difere totalmente da fé salvadora.

 

                O objetivo deste estudo é trazer algumas informações, colhidas dentro da literatura evangélica, com a finalidade de ampliar a visão do sobre a fé manifestada através das obras. Não há nenhuma pretensão de esgotar o assunto ou de dogmatizá-lo, mas apenas trazer ao professor da EBD alguns elementos e ferramentas que poderão enriquecer sua aula.

 

          I.            DIANTE DO NECESSITADO A FÉ SEM OBRAS É MORTA

 

                Que proveito há se alguém disser que tem fé, e não tiver obras? Eis uma pergunta puramente retórica. A forma que é redigida implica que Tiago espera uma resposta negativa: absolutamente nenhum proveito!

 

                A situação é a seguinte: alguém diz que tem fé, mas faltam-lhe obras. Nesta passagem, fé tem um sentido especial para Tiago, isto é, significa o credo ortodoxo expresso de modo formal. Tal pessoa consegue passar numa prova de ortodoxia doutrinária, pois afirma que Jesus é o Senhor. O problema dessa pessoa é que seu modo de vida iguala-se ao de seus vizinhos judeus (ou pagãos) com uma diferença apenas: a forma de culto. Não há evidências de dedicação integral e auto entrega, nenhum sinal de desligamento das posses materiais, de compartilhamento de suas riquezas. “Que proveito há?”.

 

                Mais uma vez Tiago pergunta: Pode essa fé salvá-lo? A forma desta segunda pergunta também implica a espera de uma resposta negativa. Não há salvação para uma pessoa cujo discipulado é deficiente na fé. Se esta for apenas intelectual, expressa tão somente em práticas religiosas, não vai salvar a pessoa. O Antigo Testamento também condena a piedade dissociada da ação, como a condenaram João Batista (Lc 3:7-14), Jesus (Mt 7;15-27) e Paulo (Rm 1;5  2;6-8  6;17,18  Gl 6;4-6). Tiago segue a esteira das Escrituras: a fé sem obras (discipulado) jamais salva.

 

                Tiago esclarece seu ponto de vista mencionando um exemplo sobre um irmão nu e/ou com falta de mantimento. Ele não seleciona uma situação complicada. Não é o caso de alguém fora da comunidade cristã (por isso não pode surgir perguntas do tipo: “você acha que podemos alimentar o mundo inteiro?”), tampouco é o caso de necessidade numa igreja distante (como no caso da coleta de Paulo para Jerusalém). Este é o caso de alguém da comunidade local dos crentes (o irmão ou a irmã) cuja necessidade é patente, porque estão nus, precisam de roupas. Ou estão precisando de vestuários sociais para uso em público, ou da túnica que os aquece de noite, servindo de coberta, ou suas roupas estão esfarrapadas, já não aquecem mais. E, além disso, não dispõe do alimento diário.

 

Tal exemplo, embora hipotético (se), é ao mesmo tempo exigente e realístico, visto que, numa sociedade marginal como a do Novo Testamento, não era incomum as pessoas terem falta de elementos básicos para sobrevivência (nos anos 40 e 50, a fome e a miséria castigaram a Judéia com severidade).

 

                As palavras de seu interlocutor “Ide em paz, aquentai-vos e fartai-vos” indica que as necessidades materiais daqueles irmãos foram reconhecidas – essa expressão provavelmente foi tirada de uma oração. Todavia, se você nada fizer, “se não lhes derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito há nisso?”. Tiago presume que o cristão poderia fazer algo mais, além de orar; esse cristão (ou cristã) possui duas túnicas e comida mais que suficiente para aquele dia. A simples obediência ao evangelho no que concerne a compartilhar poderia suprir as necessidades daqueles pobrezinhos, mas partir para o recurso fácil da oração intercessória aliviou-lhe aliviou-lhe à consciência e disfarçou o fato de sua dispensa, geladeira e freezer terem permanecido fechados.

 

                O exemplo trazido por Tiago foi um caso especifico de linguagem ortodoxa e crença intelectual, sem a obediência ao evangelho. Este conceito vale também para a fé intelectual genérica; se esta constitui tão somente uma convicção piedosa (em si mesma, deixando de despontar em obediência aos mandamentos de Cristo, é totalmente inútil). Para Paulo, a única fé que interessa, a “que importa é a fé que opera pelo amor” (Gl 5;6), em vez dos rituais e hábitos religiosos. Para Tiago, a fé que conduz a ação é a que salva. A ação (a obediência a Cristo) de modo algum é “equipamento opcional”, nem nível opcional mais elevado de santidade, assim como a respiração não constitui equipamento opcional para o corpo.

               

         II.            EXEMPLOS VETEROTESTAMENTÁRIOS DE FÉ COM OBRAS

 

Tiago enfrenta agora uma possível objeção. Supõe o caso de alguém a arguir. “Tu tens fé e eu tenho obras: mostra-me essa tua fé, sem as obras, e eu, com as obras, te mostrarei a minha fé”. Então declara, de modo prático, que a pretensão de ter fé, independente de obras de caridade ou misericórdia, é inteiramente vã; porque visto como a fé não pode ser discernida senão por seus efeitos (isto é, boas obras), segue-se que a pessoa cuja vida não produz boas obras presumivelmente não tem fé.

 

Diariamente, pela manhã e à tarde, os judeus piedosos recitavam o Shema, cujas palavras iniciais são, "Ouve, ó Israel, Jeová nosso Deus, Jeová é um". Este monoteísmo era um artigo fundamental do credo. Mas apenas assentir nele sem que daí resultassem obras, isso não levava ninguém acima do plano dos demônios, os quais também creem no mesmo fato. A crença dos demônios evidentemente não tem valor; eles estremecem quando pensam em enfrentar o Deus único em juízo. Tal fé, que pode ser descrita como simples crença intelectual, não é a fé que salva.

 

Tiago não leva para diante seu arrazoado, mas escarnece ligeiramente do homem insensato. O adjetivo no grego é kenos, que significa "vazio", sugerindo o devoto insensível, de cabeça oca, de uma religião de mero formalismo. E prossegue dando dois exemplos de justificação, tirados do Velho Testamento. Primeiro chama atenção para nosso pai Abraão (Gl 3.6-7), que foi justificado pelas obras, quando, em inteiro devotamento e obediência incondicional à ordem de Deus, ofereceu Isaque (ver Gn 22). Tiago e Paulo concordam que foi quando Abraão creu em Deus, que isto lhe foi imputado para justiça (Gn 15.6), isto é, foi justificado pela fé perante Deus.

 

Porém, quando pela fé ofereceu Isaque no altar, foi justificado pelas obras perante os homens, visto como demonstrou com isso a realidade de sua confiança em Deus. “Amigo de Deus” foi a caracterização mais alta que já se fez de uma pessoa. Deus admitiu Abraão em Sua intimidade, nada lhe ocultando (Gn 18.17), e sobre ele derramando as mais excelentes bênçãos. Evidencia-se deste exemplo que a fé de Abraão não foi mera crença na existência de Deus, e sim um princípio que o levou a confiar nas promessas divinas, a agir pela vontade de Deus, a amar e a obedecer a essa vontade. Suas obras justificaram lhes a fé e provaram a genuinidade da mesma.

 

A segunda ilustração é Raabe (cfr. Js 2.1 e segs.; Hb 11.31). A fé que ela tinha no Deus de Israel era de tal qualidade que se expressou em fazer ela o que pôde para proteger os Servos do Senhor. Ela tinha fé, porque em Js 2;9,10  ela professa uma fé proveniente de uma reflexão no que Deus havia feito em prol de Israel. Todavia só a fé não seria suficiente para salvá-la; ela precisou agir ao conceder alojamento aos espias e ao encaminhá-los para a liberdade, o que representou arriscar a própria vida. Hebreus 11;31 enfatiza de modo semelhante a ação motivada pela fé: “Pela fé Raabe, a meretriz, tendo acolhido em paz os espias, não pereceu com os incrédulos”. A fé sozinha não a teria poupado, mas, quando a fé a levou à ação, os espias a declararam justa. Raabe tornou-se uma das pessoas da promessa, uma ancestral de Davi (e de Jesus), visto que a fé que ela demonstrou desabrochou em ação de fidelidade ao Senhor, e não em mera reflexão intelectual.

 

        III.            A METÁFORA DO CORPO SEM O ESPÍRITO PARA EXEMPLIFICAR A FÉ SEM OBRAS

 

Um corpo destituído de espírito (ou respiração) é um cadáver. Os judeus sabiam que, quando uma pessoa “exalava o último suspiro” (as palavras para respiração, suspiro, hálito e espírito são idênticas tanto no grego quanto no hebraico), tal pessoa estava morta (Jo 19;30 - Lc 23;46 - Ec 3;21, 8;8, 9;5). Todo cadáver precisa ser sepultado. De modo semelhante, a fé que não passa de crença intelectual está morta. Não pode salvar; torna-se um perigo, pois pode iludir a pessoa quanto ao seu verdadeiro estado espiritual. A fé só tem valor quando se transforma em um compromisso integral de fidelidade ao Senhor, ao ligar a ação.

 

CONCLUSÃO

 

Concluindo, espero em DEUS ter contribuído para despertar o seu desejo de aprofundar-se em tão precioso ensino e ter lhe proporcionado oportunidade de agregar algum conhecimento sobre estes assuntos. Conseguindo, que a honra e glória seja dada ao SENHOR JESUS.

 

 

 

Ev. José Costa Junior

 

 

 

6 de agosto de 2014

O legado do livro de Daniel para a igreja hoje


A Integridade Moral e Espiritual

O legado do livro de Daniel para a igreja hoje


Comentário: ELIENAI CABRAL 

Lições do 4º Trimestre de 2014

Lição 1
Daniel, Nosso “Contemporâneo” 
Lição 2
A Firmeza do Caráter Moral e Espiritual de Daniel 
Lição 3
O Deus que Intervém na História 
Lição 4
A Providência Divina na Fidelidade Humana 
Lição 5
Deus Abomina a Soberba 
Lição 6
A Queda do Império Babilônico 
Lição 7
Integridade em Tempos de Crise 
Lição 8
Os Impérios Mundiais e o Reino do Messias 
Lição 9
O Prenúncio do Tempo do Fim 
Lição 10
As Setenta Semanas 
Lição 11
O Homem Vestido de Linho 
Lição 12
Um Tipo do Futuro Anticristo 
Lição 13
O Tempo da Profecia de Daniel 

DEUS LHE ABENÇOA