11 de fevereiro de 2015

Honrarás Pai e Mãe



Honrarás Pai e Mãe

TEXTO ÁUREO = "Vós, filhos, obedecei em tudo a vossos pais, porque isto é agradável ao Senhor." (Cl 3.20)

VERDADE PRÁTICA = Honrar pai e mãe vai além da simples obediência; implica amar e respeitar de forma elevada, demonstrando espírito de consideração.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE = Êxodo 20.12; Ef 6.1-3; Marcos 7.10-13

INTRODUÇÃO

O quinto mandamento. “Honra a teu pai e a tua mãe” (Êx 20.12). Honrar é respeitar e obedecer, por amor, à autoridade dos pais, e com eles cooperar em tudo. É o primeiro mandamento contendo uma promessa de Deus: “Para que se prolonguem os teus dias”. 

Tal como o versículo 8, este é um mandamento categórico formulado positivamente. O mesmo princípio sob outra forma pode ser encontrado em 21.15,17: “Quem ferir/amaldiçoar seu pai ou sua mãe, será morto” .

“Este é chamado” o primeiro mandamento com promessa” (Ef 6.2), e assim o é, no sentido mais estrito da palavra, embora o versículo 6, onde Deus demonstra “o amor da aliança” aos que O amem e obedeçam, também seja virtualmente uma promessa. A promessa divina, contudo, é mais clara aqui, produzindo seus resultados na sociedade. Os que constroem uma sociedade na qual a velhice ocupa lugar de honra podem esperar confiantemente desfrutar do mesmo lugar algum dia. Tal doutrina não é muito popular em nossos dias, quando a juventude é adorada, e a velhice temida ou desprezada.

O resultado é a loucura que leva homens e mulheres a lutarem por permanecer eternamente jovens, e acabar descobrindo ser isso impossível. Este mandamento é parte da atitude geral para com a Velhice em Israel (como símbolo e, idealmente, personificação da sabedoria prática da vida), elogiada em todo o Velho Testamento (Lv 19.32), e encontrada em muitos outros povos antigos, notavelmente entre os chineses. Não se pode precisar se o mandamento está relacionado à ideia de que sendo a vida sagrada e dom de Deus, os doadores humanos da vida devem ser tratados com respeito: talvez um israelita não analisasse o mandamento deste modo. Para que se prolonguem os teus dias.

Às vezes, indivíduos supersensíveis questionam a validade de uma promessa ligada a um mandamento. O hebraico, entretanto, não implica necessariamente em que a bênção prometida seja nosso motivo para obedecer o mandamento, ao passo que assegura definitivamente qual seja o resultado de tal obediência. Outros questionam a natureza material da promessa. Em dias do Velho Testamento, todavia, as promessas divinas eram normalmente formuladas em termos materiais, compreensíveis para aqueles que, por assim dizer, ainda estavam no jardim-de-infância de Deus.

Para aqueles que, até àquela altura, não tinham conhecimento definido de uma vida futura, “dias prolongados” significavam possibilidade de continuada comunhão com Deus, e eram por isso muito importantes. Por outro lado, alguns consideram esta promessa como um seguro de propriedade da terra que Deus lhes daria: isto, por sua vez, traria glória a Deus, por demonstrar Sua fidelidade às Suas promessas. Nós, com revelação mais completa, podemos “espiritualizar” tal promessa sem esvaziá-la de seu conteúdo. Este mandamento é o ponto em que a atenção é desviada do relacionamento para com Deus e se concentra no relacionamento com a comunidade que Ele criou.

Assim, o conteúdo total dos dez mandamentos pode ser resumido em duas “palavras”, não uma apenas: amor a Deus e amor ao nosso próximo (Dt 6.5; Lv 19.18). Mais uma vez, não há contradição: a realidade de nosso amor declarado a Deus é demonstrada pela realidade de nosso amor expresso para com nossos semelhantes (Jr 22.16). (R. Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 151-152).].

Estudamos sobre o papel de cada membro da família, onde cada um ocupa o seu lugar e exerce seus direitos e deveres, onde o pai é pai, mãe é mãe, filho é filho, Deus é Deus e ministério é ministério. Na lição desta semana, porém o destaque é para o papel dos filhos na família. O relacionamento de pais e filhos é muito importante.  A Bíblia é o manual por excelência da família (Cl 3.18-21). Se seus princípios e ensinos forem obedecidos, a família e principalmente os filhos, terá paz e felicidade. 

Há muito tempo, o relacionamento entre pais e filhos têm sido um dos dramas da sociedade. Mas nunca, na história, houve tanta possibilidade de mudanças. Muitos debates, literaturas e palestras por vários canais de informação, têm sido disponibilizados para que aconteça uma transformação nos lares, no entanto, a cada dia que passa, mais notícias negativas e estarrecedoras têm chegado até nós. Filhos que não valorizam e se rebelam contra a figura paterna e materna, e por isso vivem uma vida fora do alcance das bênçãos de Deus. Escrevendo uma história medíocre de sua própria vida. Mas há princípios nas Escrituras que se forem resgatados, veremos mudanças em todo contexto da sociedade. Vamos começar:

Um dos maiores desafios da família hodierna é tentar preservar a si mesma como principal instituição da sociedade em todos os seus aspectos. O sistema educacional, a promiscuidade que se apresenta de forma marcante e explicita, usando os meios de comunicação de massa e a promulgação de leis que contrariam a estrutura da família tem deixado a família muito vulneráveis nestes últimos tempos. Grande parte desse drama que o mundo enfrenta hoje é oriunda de lares desajustados, lares onde os padrões e os valores morais e espirituais se esvaíram.  O pior é que estes desajustes familiares vêm aumentando gradativamente. Já dizia o profeta Miqueias: “Os filhos desprezam os pais, as filhas se levantam contra as mães...” (Mq 7.6).

Infelizmente a mídia e os meios de comunicações em massa tem sido mais um instrumento do diabo para destruir as famílias, do que necessariamente um instrumento de Deus para construir.
Quanto aos dramas existentes nos seios familiares, são mais por conta da perda dos valores morais, éticos e espirituais. A geração atual está em quase sua totalidade alienados desses valores e princípios.

O que se pode esperar dessa geração? O que uma geração de pais corrompidos pode transmitir à geração de filhos também já corrompidos?  A tendência é que as coisas daqui pra frente só tende a piorar.

Para nós, pais cristãos, o único escape para se “livrar” dessa geração corrupta, é instruir nossos filhos nos caminhos do Senhor. É transmitir e ensinar aos nossos filhos os princípios e valores morais e espirituais, bem como cuidando para que os relacionamentos entre nós, pais e filhos, sejam construtivos. E, as melhores maneiras de os pais ensinarem seus filhos é pelo exemplo e investindo tempo com eles. A criança é observado­ra e está sempre atenta ao com­portamento dos adultos, os quais ensinam muito mais com suas ati­tudes do que por meio de suas palavras.

O amor e a dedicação que os pais demonstram aos filhos perdurarão neles por toda a vida.  Muitos pais acham que basta gerarem filhos e tão somente marcarem sua presença em casa, colocando comida na mesa. Entretanto, se ele não cumpre seu papel como referencial para os filhos e nem exerce sua liderança no seio da família, é como se estivesse ausente, de maneira a não imprimir nos filhos um padrão de formação e comportamento social.  Os pais devem entender que algumas vezes as crianças fazem escolhas erradas, mesmo depois de haverem sido ensinadas acerca da verdade. Quando isto acontecer, os pais não devem desistir nem desanimar, mas continuar a ensinar os filhos a serem bons exemplos, a jejuar e orar por eles.

DEVERES DOS FILHOS.

Os deveres dos filhos passam pela obediência, pela honra, pela proteção aos pais, principalmente quando estes chegam à idade mais avançada. Neste contexto de ajuda aos pais, o filho tem o dever de diminuir os sacrifícios dos pais na sua própria educação e criação, nem que seja por gratidão. Os filhos também devem ser estudiosos, trabalhadores, respeitadores, humildes e disciplinados. O filho inteligente não espera sofrer consequências para saber que não obedeceu aos seus pais, aos quais, possivelmente, estavam certos.

Deus ordenou aos filhos obedecer aos pais e honra-los. Mas, onde os filhos aprendem a honrar? Dos pais que devem ser honráveis. Portanto, os pais devem mostrar amor e respeito um pelo outro, bem como pelos seus filhos, tanto em ações como em palavras (Dt 11.18). Além de cumprir com todas suas tarefas e responsabilidades, os filhos devem também partilhar com os pais a responsabilidade de construir um lar feliz, obedecendo aos mandamentos do Senhor e cooperando com outros membros da família.

Os filhos devem aceitar a educação que lhes forem dadas, entendendo que os pais sabem o que é melhor para eles. Entretanto, os pais devem tratar seus filhos com respeito e amor que merecem. Não devendo irritá-lo sem motivo, mas ao contrário, incentivá-los para que possam aprender a viver uma vida boa e agradável.

Obedecer aos pais.

Os filhos precisam obedecer aos pais e nunca desprezá-los para não atrair maldição para suas vidas. É preciso obedecer de forma espontânea e consciente e não esperar coação ou força, mas seguir o exemplo que Jesus deixou pela obediência a José e Maria (Lc 2.51) e ao Pai celestial em tudo (Jo 6.38; Fp 2.5-8). Muitos filhos não sabem por que sofrem, mas é fácil descobrir: quebraram mandamentos bíblicos e perderam o privilégio de ser abençoados. A Palavra de Deus diz: “Vós, filhos, sede obedientes aos vossos pais no Senhor, porque isto é justo” (Ef 6.1; cf. Rm 1.30b; 2 Tm 3.1-5). Da mesma forma, os pais, através da disciplina e com recursos para convencer os filhos, devem guiar através do ensino e correção, pois os pais foram colocados no lugar de Deus diante os filhos menores, com a responsabilidade de orientá-los no caminho do Senhor.

A Bíblia diz que é um grande mal o filho ser rebelde e não obedecer à voz do pai nem da mãe. No Antigo Testamento, os filhos rebeldes eram punidos com pena de morte (Dt 21.18-21). No entanto é importante que os pais aprendam a dialogar com os filhos, não esquecendo que os tempos são outros. Os filhos de hoje, estão acostumados a dialogar nos ambientes escolares, então é preciso que, com uma boa conversa, possamos educar inteligentemente os nossos filhos. Pois autoritarismo não faz bem a ninguém.

Obedecer não é uma opção dos fi­lhos é uma ordem de Deus (Êx 20.12; Lv 19.1-3; Dt 5.16; 21.18-21; Ef 6.1-3; Cl 3.20). É dever essencial dos filhos obedecer aos pais "no Senhor". Não à moda dos pais, mas segundo o ensino do Senhor nas Escrituras. (Ef 6.23 e Cl 3.20). Muitos filhos hoje sofrem por ter quebrado esse preceito di­vino (Êx 20.12). Muitos filhos já confidenciaram que poderiam ter evitado muitas experiências amargas na vida se tivesse obedecido a seus pais. Muita gravidez indesejada, más companhias teriam sido evitadas, se tivesse atentado para a palavra de Deus. A má sementeira da desobediência e rebeldia dos filhos trará logo mais a sua colhei­ta de males (Dt 27.16; Lv 20.9; Êx 21.17; Pv 20.20; 24.20; 30.17; Mt 15.3-9; Gl 6.7).

O próprio Deus pôs sobre os pais a responsabilidade pelas vidas confiadas aos seus cuidados, ordenou que durante os primeiros anos de vida estejam os pais com total domínio sobre seus filhos. E aquele que rejeitar a licita autoridade de seus pais, rejeita a autoridade de Deus. O quinto mandamento exige que os filhos não somente tributem respeito, submissão e obediência a seus pais, mas também lhes proporcionem amor e ternura, aliviem os seus cuidados, zelem de seu nome, e os socorram e consolem na velhice.

Honrar os pais.

O primeiro mandamento com promessa é honrar pai e mãe. Paulo, em Efésios 6.1-3, esclarece que quem assim procede irá muito bem e terá vida longa na terra. Isso significa receber longevidade e vida feliz. Honrar é respeitar como autoridade, amar como pessoa, valorizar como conselheiro, estimar como tutor, reconhecer como cabeça e submeter-se como chefes dignos.
A honra aos pais enaltece e dignifica o filho. Todos os jovens, ao procurar um casamento deveriam analisar como o pretendente trata os seus pais.

A tradução da palavra honra vem do termo grego “timão”, que significa “valorizar”, “estimar”, ou seja, honrar através do respeito apropriado. Portanto, honrar os pais significa amá-los, respeitá-los e obedecer-lhes. As Escrituras ordenam aos filhos: “Sede obedientes a vossos pais no Senhor, porque isto é justo” (Ef 6.1).

A honra devida aos pais, que o Senhor ordenou na lei (Ex 20.12), foi devidamente confirmada por Jesus: “Honra a teu pai e tua mãe...” (Mt 19.19). Honra é acima de tudo consideração, e isto é o que os pais esperam dos filhos (Lc 15.18-19). Não é difícil conseguir este respeito e essa honra, quando se ensina aos filhos com amor. Muitas vezes acontece haver falta dessa honra e desse respeito, porque também faltou disciplina na infância. Paulo recomenda duas maneiras ideais para conseguir dos filhos essa honra e respeito: a) “Vós, pais não provoqueis à ira a vossos filhos” (Ef 6.4). O respeito dos filhos não é conseguido por abuso de autoridade, nem por maus tratos a eles por parte dos pais; b) “Criai-os na doutrina e na admoestação do Senhor” (Ef 6.4). Os pais que conseguem manter relação espiritual sincera com Deus aprendem a aplicar a necessária disciplina amorosa aos seus próprios filhos.

Não desamparar os pais.

Mesmo após o casamento, os filhos não devem desprezar os seus pais. A responsabilidade dos filhos é cuidar dos pais e assisti-los bem até que o Senhor os recolha, mesmo estando geograficamente separados. Maldito o filho que desprezar seu pai ou sua mãe (Dt 27.16). Os pais querem carinho dos filhos, visitas, abraços e beijos de respeito. No entanto, alguns filhos pensam em livrar-se deles, internando-os em asilos. Nenhum filho deve passar muitos dias sem ter contato com seus pais, porque o maior presente que os pais esperam receber é a presença dos filhos.

Quem não obedece aos pais não será feliz. Nada dá certo para um filho desobediente que não ouve os pais, que não aceita conselhos e anda pela sua própria cabeça desprezando a voz da experiência e do direito. Os pais querem o melhor para os filhos. Quando alguém fala mal de um filho, os pais se levantam como leões para defendê-lo. Cuidado, filhos! Há também no Brasil, uma lei chamada Estatuto do Idoso, que é tão rigorosa contra os filhos que desamparam seus pais na velhice que pode levar à cadeia o infrator.

Vivemos em um tempo em que nossa geração é rebelde e paganizada. Milhões de jovens acham grande coisa em ser desobediente aos pais e é por isto que esta geração perversa será destruída diante do Todo-Poderoso (2 Tm 3.1-2; Dt 24.16; Ez 18.4,18-23). Rebeldia nunca foi sinônimo de hombridade, mas de covardia e insubordinação. Deus jamais abençoará um filho rebelde, pois Ele ensina que devemos ser obedientes. Pelo caminho da obediência receberemos todas as bênçãos advindas de sua Palavra e ainda alcançaremos a longevidade. Absalão, filho de Davi, mostra-nos a realidade do pecado na vida daqueles que insistem em desobedecer a Deus e a seus pais. Este moço, certamente seria abençoado por Deus e teria seu lugar no reino.
Entretanto, decidiu usurpar o que não lhe pertencia, desonrou seu pai e recebeu como recompensa uma morte desprezível (2 Sm 18.15).

COMPREENSÃO DOS FILHOS.

Os filhos precisam compreender que a responsabilidade dos pais é muito mais do que ser amigos. A função dos pais é diferenciada (proteção, provisão, disciplina).

Os pais precisam muitas vezes corrigir e ensinar o caminho certo para que seus filhos não sofram mais tarde. Mas não se pode negar que muitos pais exageraram, com a superproteção, que não contribui em nada na formação das crianças. O excesso de zelo pode acarretar problemas futuros. A intromissão exagerada pode começar na vida dos filhos pelo namoro, depois na vida profissional e há casos que os pais decidem até o futuro de seus filhos.

Deus uniu os membros da família. Ele quer pais e filhos vivendo juntos, andando juntos, trabalhando juntos, alegrando-se juntos, sofrendo juntos, adorando juntos. Infelizmente, em muitos casos, essa convivência limita-se somente à proximidade física.

Alguns autores apontam certa inversão de papeis na relação entre pais e filhos nos dias de hoje. Ou seja, os filhos passaram a ser os que decidem o que se faz e o que não se faz na família. Alguém já disse que somos a primeira geração de pais que obedecem a seus filhos! Há algum tempo atrás saiu uma reportagem na revista VEJA intitulada: “Eles é que mandam”. Essa reportagem trata do novo modelo de educação de filhos, em que os pais não têm mais controle sobre os filhos, principalmente os adolescentes. Por essa razão, eles estão cada vez mais cedo tendo contato com o alcoolismo, droga e iniciação da vida sexual. A reportagem aponta para o problema deste descontrole que reside na culpa dos pais, em não saber dizer o velho, bom e sonoro “não”. A psicanalista infantil Anna Lise Scapatticci afirma que os pais comumente viram refém do filho, a criança vira um pequeno ditador. Há uma inversão de papeis na família, consequência do despreparo dos pais em impor sua autoridade.

Aceitar os conselhos dos pais.

Todos os pais querem o melhor para os seus filhos. Dificilmente eles lhes dão maus conselhos. Às vezes, os filhos não compreendem seus pais porque vivem focados nos seus desejos e não enxergam os perigos que estão diante deles. Por mais que os filhos sejam inteligentes, a maturidade e a experiência dos pais muitas vezes falam mais alto. O filho pródigo, por exemplo, não ouvindo os conselhos de seu pai enfrentou muitas dificuldades e teve de voltar “com uma mão na frente e outra atrás” (Lc 15.20-21).

Nossos pais devem ser ouvidos em todas as situações de nossa vida (Pv 1.8). O livro de provérbios trata de um manancial de sabedoria, cujo os discursos iniciam orientando uma boa audição aos filhos (Pv 6.20-23; 10.1-2; 13.1; 15.20). Sansão mostrou ter grande força, e pouca audição, pois não ouviu os conselhos de seus pais (Jz 14.3, Pv 5.1).
Nossos pais são responsáveis diante de Deus por ajudarem-nos a nos conduzirmos ao longo de nossa existência.  A história de Jó não aponta apenas para sua fidelidade a Deus, mas sua preocupação com a vida espiritual dos filhos (Jó 1.5). Os pais sábios como Jô tem ciência da responsabilidade de cria-los para uma vida segundo a vontade de Deus. A salvação dos filhos deve ser o maior interesse dos pais e deve está acima de questões da vida secular, profissional, social e ministerial (Pv 22.6; At 16.31).

Aceitar a correção dos pais.

O tolo despreza a correção de seu pai (Pv 15.5). Os pais ficaram responsáveis em criar seus filhos na doutrina e admoestação do Senhor (Ef 6.4b). O filho sábio ouve a correção do pai (Pv 13.1). A disciplina gera sabedoria, mas o filho entregue a si mesmo envergonha sua mãe (Pv 29.15). É preciso, aliás, aprender com os pais que não podemos fazer somente o que queremos na vida, mas o que é agradável a Deus.

Os que vivem sem correção são bastardos e não filhos (Hb 12.8). Os pais do passado corrigiam os filhos e eles os respeitavam (Hb 12.9). O que retém a vara odeia seu filho, mas o que o ama, a seu tempo o disciplina (Pv 13.24). Se um filho recebe disciplina é para seu próprio bem, não fique magoado!
                                                                                                                          
No processo de construir o caráter do filho, os pais têm de se valer de autoridade que não se confunde com autoritarismo nem tampouco rigidez excessiva. Alguns pais, para impor autoridade, acabam provocando a ira dos filhos (Cl 3.21). Pior é quando alguns pais tentam orgulhosamente justificar tais atitudes dizendo que isso expressa personalidade, determinação, autonomia. Por influência dos meios de comunicação de massa, alguns pais acreditam que é antiquado dizer “não” aos filhos. São os ditos pais modernos que tudo permitem sem se darem conta de que estão alimentando suas próprias frustrações.

Mas a Bíblia nos orienta, dizendo: “A vara e a repreensão dão sabedoria, mas o rapaz entregue a si mesmo envergonha a sua mãe” (Pv 29.15). Disciplinar a criança não é primeira­mente castigá-la por algum moti­vo, mas ensinar-lhe algo metódica e gradualmente; inclusive a cuidar da sua formação e conservação de bons hábitos. Amar os filhos sem discipliná-los é sentimentalis­mo  Por outro lado, disciplinar os filhos sem amá-los de verdade é tirania, prepotência e ig­norância.

Aceitar os ensinos dos pais.

A Bíblia dá direito e responsabilidade aos pais quanto a ensinar e disciplinar os filhos. Diz o Senhor: “E estas palavras que hoje te ordeno estarão no teu coração; e as intimarás aos teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te” (Dt 6.6-7). Ensina o menino no caminho em que deve andar e, até quando envelhecer, não se desviará dele (Pv 22.6). O filho inteligente ouve o ensino dos pais, mas o tolo o despreza.


Os filhos não podem lembrar-se dos pais somente nos dias especiais de aniversários e datas comemorativas, pois somos filhos o ano inteiro. Muitos filhos só dão valor aos pais depois que eles partem desta vida. Quando não os mais têm no dia das mães; nem nos dias dos pais, então se recordam com tristeza pela consciência pesada por não terem feito mais por eles nem acatado seus ensinos amáveis e benfeitores.

Toda criança necessita de conheci­mento secular para desenvolver suas habilidades críticas, ter maior pos­sibilidade de se tornar bem-sucedida esse tornar  uma cidadã civilizada e consciente de seus direitos e de­veres. 

No entanto, o ensino bíbli­co é fundamental para que ela possa construir sua vida sobre o alicerce sólido da Palavra de Deus, e tê-la como parâmetro de condu­ta para si. É um perigo enorme para a sociedade humana deixar os filhos sem instrução bíblica, pois satanás tenta corromper os corações de nossos filhos. A TV, com seus programas profanos, indecentes e imorais é outro meio utilizado por satanás para corromper nossos filhos. É por isso que a Bíblia diz: “Instrui ao menino no caminho em que deve andar, e até quando envelhecer não se desviará dele” (Pv 22.6).  No lar precisa também haver autoridade, amor a Deus, amor entre os cônjuges, e entre os pais e os filhos.  Se no lar existirem instrução da Palavra de Deus e autoridade dos pais, haverá poucas pessoas para perturbarem a sociedade e se perderem no inferno.

Os pais são os principais agentes educadores da criança, se forem negligen­tes, estarão comprometendo o fu­turo de sua descendência. Educar uma criança não é uma atividade fácil, todavia, extrema­mente recompensadora. É uma grande responsabilidade concedi­da por Deus aos pais, contudo, se Ele nos confiou isso, sabe que pos­suímos a capacidade de cumpri-la plenamente. Os pais têm a obri­gação de preparar os filhos para enfrentarem a vida sozinha, por isso, precisam aproveitar bem o tempo de convivência entre eles.

CONSCIÊNCIA DOS FILHOS.

É necessário aos filhos saberem o que os pais representam, assim eles não serão tratados de qualquer maneira nem ridicularizados pelos próprios filhos. É necessário também aos filhos saberem que os pais são responsáveis pela existência deles; desde cedo lhes ensinaram as primeiras letras, deram o leite e trocaram as fraldas; não os deixaram abandonados e, muitas vezes, deixaram de se alimentar para matar a fome deles; deixaram de comprar algo para si para investir neles; e, no frio, não só entregaram seu próprio cobertor para agasalhá-los como usaram de seu corpo para aquecê-los.

Os pais têm uma oportunidade única, seguidos da igreja, de ensinarem e educarem os filhos. O prévio requisito da parte de Deus para os pais é pôr as palavras dEle no coração dos fi­lhos (Dt 11.18-19). O versículo 19 confirma isso. Os pais cristãos pre­cisam não apenas conhecer a Pa­lavra de Deus, tendo-a na mente, mas também necessitam guardá-la no coração com amor.  
Portanto, o  ensino dos pais à criança deve ser de coração para coração, e não simplesmente de ca­beça para cabeça, como se a Pala­vra de Deus fosse uma matéria se­cular (português ou matemática) que aprendemos e depois esque­cemos.

O amor à criança precisa ser dosado com firmeza de atitudes para que haja equilíbrio na formação de uma personalidade cristã ideal. Psi­cólogos e pedagogos modernos e dis­tanciados da Palavra de Deus estão propagando que basta cuidar da cri­ança com amor e esquecer-se da correção e disciplina. Eles acham que sabem educar mais do que Deus e afirmam que a correção da crian­ça pelos pais prejudica o desenvol­vimento da sua personalidade. A Bí­blia ensina diferente (Pv 29.15,17). Amor sem disciplina é sentimenta­lismo aliado à igno­rância e não amor real, pois quem ama sinceramente não despreza a disciplina.

Os filhos não podem amaldiçoar os pais.

Os filhos são herança do Senhor (Sl 127.3). Como uma herança divina pode fazer maldade, castigar, maltratar ou amaldiçoar os pais? Há uma geração que amaldiçoa seus pais e que não bendiz suas mães (Pv 30.11). O que a seu pai ou a sua mãe amaldiçoa terá sua lâmpada apagada e ficará em densas trevas (Pv 20.20). Não murmure contra seus pais, não faça xingamentos nem diga palavras ofensivas; trate-os com carinho e amor como Deus ordena.

Infelizmente na cultura dos dias hodiernos, alguns princípios, valores e padrões têm sido esquecidos e desprezados. A casa do sacerdote Eli (1 Sm 2.27-36), por exemplo, faz parte do universo de famílias que se extinguiram em razão do desprezo dos seus filhos aos deveres que eles tinham que cumprir na relação com o pai. Sua história, embora triste, serve de advertência, chamando-nos a observar algumas orientações que não podem ser ignoradas, sob pena de colocarmos a nossa família em risco e vermos todo um projeto se desmoronar de repente.

Os filhos não podem erguer-se em ódio ou amaldiçoar aos seus pais sob circunstância alguma, porque o mandamento já declarou que fazendo isto, os filhos se tornam amaldiçoados e perdem a vida (suas lâmpadas ou energias são apagadas) como as dos ímpios. Quando temos um conflito entre seguir a Deus e seguir a nossos pais que não querem servir ao Senhor, temos que escolher o Senhor, nem que tenhamos que abandonar nossa família. Entretanto, esta delicada situação deve ser cuidadosamente analisada à luz da Bíblia, a fim de que não sejamos pegos em pecado contra nossos pais diante de Deus. Muitos imaginam que têm o direito de serem livres, de fazerem como querem e que são donos de seus “próprios narizes” depois que alcançam a maior idade, aliás, há muitos que nem mesmo chegam a “tirar as fraldas” e já se imaginam capazes de seguirem seus próprios caminhos sem a presença essencial dos de seus pais, mas este é um engano terrível!

Os filhos não podem zombar dos pais.

Chamar os pais de cafonas ou quadrados é falta de respeito, educação e inteligência, pois eles viveram suas juventudes em outra época e os costumes mudaram, o mundo evoluiu.
É necessário, portanto, respeitá-los como de outra geração, cultura diferente e realidade diversa. Evidentemente, os filhos de hoje são mais esclarecidos e podem compreender melhor esta situação cultural. Os olhos que zombam do pai ou desprezam a obediência à mãe serão punidos (Pv 30.17). Ouve teu pai que te gerou e não despreze tua mãe, quando esta envelhecer (Pv 23.22). Cuidado! A velhice chegará também para os jovens, quando, às vezes, só haverá chance para remorso e não mais para arrependimento e conserto!

Os filhos precisam encontrar em seus pais um exemplo de vida, que os levem a crescer (Pv 22.6). Os pais devem “crescer” juntamente com seus filhos. Isto significa compreensão e orientação adequada a cada fase do crescimento e desenvolvimento. Mas, infelizmente, o que se verifica hoje, em todo o mundo, e em todos os setores da vida atual é uma revolta geral contra tudo o que é certo, contra os pais e tudo o que é tradicional.

Estão revoltados contra a lei e a ordem, e culpa as autoridades por todas as frustrações que sente. Rapazes e moças pegam os valentes de carros e fazem das vias públicas pistas de corridas, muitas vezes sob a influência de bebidas alcoólicas ou de drogas. Os pais pouco podem fazer, pois os pais também são símbolos de autoridade e eles não querem saber de obedecer a ninguém! Tudo isso é a desobediência aos pais prevista por Paulo como sinal da próxima vinda de Cristo (2 Tm 3.1).

Os filhos não podem envergonhar os pais.

Quantos filhos têm causado vergonha para os pais por praticarem rebeldia! Às vezes, se entregam às aventuras desta vida, entram por caminhos de perdição e praticam tudo que os pais não ensinaram. Muitos caem nas bebidas, cigarros, drogas, prostituições, adultérios, assassinatos, furtos, roubos, assaltos e outras práticas violentas e criminosas. O filho deve honrar o pai e a mãe tendo uma conduta que lhes proporcione alegria (Pv 19.26). O sábio alegra seu pai, mas o insensato é tristeza para sua mãe (Pv 10.1; 17.25). Grande miséria é para um pai ter um filho insensato (Pv 19.13a).

Muitos filhos são incapazes de reconhecer o esforço dos pais para criá-los e, por isso, não agradecem o que fizeram ou fazem até hoje por eles. Alguns acham que é obrigação e esquecem-se de que um dia eles também serão pais. A maioria só começa a dar valor aos pais quando também se tornam pais, quando chegam os seus filhos. Fica a lição de Pv 31.28 onde se lê que os filhos da mulher virtuosa a chamam “bem-aventurada”.

Há no mundo um espírito de rebeldia e desobediência deliberada, isto acontece por causa do desprezo a Deus e à sua Palavra (Rm 1.28,30). Ela se manifesta através da oposição, teimosia e resistência aos estabelecidos por Deus (Gn 2.17; 3.6,7), levando o homem a caminhos tortuosos.  Em virtude desse estado de espírito em que vivemos, a juventude torna-se cada vez mais inquieta (Is 57.20). A maior parte dos crimes é praticada por jovens com menos de 20 anos e o índice de criminalidade está subindo assustadoramente em toda parte do mundo. 
A família, de modo geral, está sendo afetada por esse espírito que atua nos filhos da desobediência (Ef 2.2) e por isso está enfrentando grandes reveses. E as consequências não só levam à perdição da alma, como também desgosto e vergonha para a família que fica lamentando, como Davi que ficou lamentando a morte de seu filho Absalão. Precisamos usar as armas espirituais e levar toda desobediência que existe no lar aos pés de Cristo (2 Co 10.4-5).

Conclusão

Cada filho não deve querer chegar à condição em que chegou o filho pródigo, o qual só deu valor aos pais depois de perder tudo e sofrer desprezo, nostalgia e fome. Foi cuidar dos porcos, a maior vergonha para os judeus, pois não somente o serviço era desagradável, mas para um judeu ortodoxo era um serviço impuro. Os filhos precisam entender que os seus pais são dádivas do Senhor. Então, que cada filho valorize intensamente e incondicionalmente a seus pais.

O quinto mandamento requer honra, reverência e obediência a serem dadas pelo inferiores aos superiores como por exemplo: filhos aos pais, alunos aos professores, servos aos senhores e civis aos magistrados. Proíbe todo desrespeito, desprezo, irreverência e desobediência aos superiores.

O quinto mandamento: “Honra a teu pai e a tua mãe”, pode ser considerado como um elo de ligação entre os primeiros quatro, que definem os deveres do homem para com Deus, e os mandamentos restantes, que especificam as obrigações do homem para com suas concriaturas. Uma vez que os pais servem quais representantes de Deus, por obedecer ao quinto mandamento, a pessoa está honrando e obedecendo tanto ao Criador como às criaturas a quem Deus conferiu autoridade. Este mandamento era o único, dentre os dez, que vinha acompanhado duma promessa: “A fim de que os teus dias se prolonguem sobre o solo que Yehowah, teu Deus, te dá.” — Êx 20:12; De 5:16; Ef 6:2, 3.

A conclusão que chego é de que todos os pais e filhos devem buscar o perdão para os desencontros que já houve em suas vidas e seguirem por um novo caminho: o caminho da graça, da misericórdia e da bondade de Deus. 

Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus
Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS


Referências Bibliográficas:

Lições Biblicas 1º. Trimestre 2014

LIÇÕES BÍBLICAS - EDITORA BETEL. 2º Trimestre de 2013, ano 23 nº 87, lição 06 – Jovens e Adultos – Pontos salientes da nossa fé.

LIÇÕES BÍBLICAS - EDITORA BETEL. 1º Trimestre de 1999, ano 09 nº 30 – Jovens e Adultos – Livro de 2º Samuel. Deus anuncia um reino que não terá fim.

LIÇÕES BÍBLICAS - EDITORA BETEL. 3º Trimestre de 2010, ano 20 nº 76 – Jovens e Adultos – Relacionamento Cristão.










5 de fevereiro de 2015

SANTIFICARÁS O SÁBADO



SANTIFICARÁS O SÁBADO

TEXTO ÁUREO = "E disse-lhes: O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem, por causa do sábado." (Mc 2.27)

VERDADE PRÁTICA = O quarto mandamento envolve os aspectos espiritual e social, diz respeito ao relacionamento do homem com Deus e ao mesmo tempo com o próximo.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE = Êxodo 20.8-11; 31.12-17

INTRODUÇÃO

O quarto mandamento é uma ponte que liga os mandamentos teológicos com os mandamentos éticos. Os três primeiros preceitos do Decálogo dizem respeito à responsabilidade do homem com o Criador; os demais falam sobre o compromisso do homem com o seu próximo. A guarda do sábado fica entre esse dois grupos, pois a lei é clara em mostrar seu caráter social e humanitário e também sua função religiosa.

As controvérsias em torno deste mandamento se referem à sua interpretação, O que acontece é que existe o sábado institucional e o sábado legal, e quem não consegue separar estas duas instituições terminam radicalizando indo aos extremos. Esse é o principal problema dos sabatistas da atualidade, como os adventistas do sétimo dia. Todos os mandamentos do Decálogo dependem de definições e de como aplicá-los na vida diária, e essas instruções são dadas no próprio sistema mosaico. Mas as definições nem sempre são conclusivas. Por exemplo, o que a Bíblia define como trabalho? o mandamento de santificar o sábado é mais bem compreendido quando se analisa o propósito pelo qual ele foi dado.

O SÁBADO

O substantivo hebraico shabbar, “sábado”, ou sábbaton, em grego, “sábado, semana”, indica no calendário de Israel o sétimo dia da semana marcado pelo descanso do trabalho para cerimônias religiosas especiais, além de significar um período de sete dias, uma semana (BAIJER 2000, p. 909). O termo shabbãtôn67 significa “sabatismo, guarda ou observância do sábado”, pois a desinência —ôn é característica de substantivo abstrato.

Ele aparece no relato da criação: “E, havendo Deus acabado no dia sétimo a sua obra, que tinha feito, descansou no sétimo dia de toda a sua obra, que tinha feito. E abençoou Deus o dia sétimo e o santificou; porque nele descansou de toda a sua obra, que Deus criara e fizera” (Gn 2.2, 3).
Deus celebrou o sétimo dia após a criação e abençoou este dia e o santificou. Gênesis é o livro das origens de todas as coisas: dos céus e da terra, do homem e do pecado, do sacrifício e da promessa de redenção, do casamento, da família, das nações, das línguas, da nação de Israel, do sábado e da semana, O sábado e a semana tiveram a sua origem em Deus. A divisão hebdomadária do tempo aparece desde os dias pré-diluvianos e no período patriarcal (Gn 7.4, 10; 8.10, 12; 29.27, 28). Mas a semana na Mesopotâmia seguia as fases da lua, por isso nem sempre o sábado coincidia com o sétimo dia. A semana dos egípcios era de dez dias.

Aqui está a base do sábado institucional e do sábado legal. Deus completou a sua obra da criação no sétimo dia, Duas vezes o texto sagrado declara que Deus “descansou” ou seja, cessou; esse é o significado do verbo hebraico usado aqui, shã bar,68 “cessar, desistir, descansar” (Gn 8.22; Jó 32.1; Ez 16.41). Descansar é sinônimo de cessar de criar. Esse repouso indica a obra concluída e não ociosidade, poís Deus não para nem se cansa (Is 40.28; Jo 5.17). Ele continua sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder (Hb 1.3).

O Senhor Jesus também assentou-se à destra de Deus depois de concluir a obra da redenção (Hb 8.1; 10.12).  A expressão “acabado no sétimo dia” parece indicar que houve mais alguma atividade de Deus na criação nesse dia, É o que pensam muitos expositores da atualidade. Deus terminou a sua obra no dia sexto: segundo a Septuaginta, en tê hêméra lê hektê, “no dia sexto”, e também no Pentateuco Samaritano, bayyôm hashishí,  “no dia sexto”. A Peshita segue também essa linha, mas tudo indica que se trata de alguma emenda deliberada. Segundo Umberto Cassuto, um estudo cuidadoso desse versículo mostra que “sétimo dia” é a forma correta (1998, p. 61).

O substantivo hebraico shabbat, ‘o dia de sábado”, não aparece aqui; sua primeira  ocorrência acontece no relato do maná (Éx 16.23). Mas este termo vem da raiz do verbo “descansar” shãbat. Há quem afirme que essa omissão foi intencional porque o shãbat é o término da semana e há fortes evidências da identificação filológica do termo aqui com o acádico shabaru [mJ ou shapattu, que aparece nas inscrições babilônicas como o dia da lua cheia. Trata-se do 15° dia de um mês lunar, dedicado à adoração do deus lua, Sin-Nanar e a outros deuses.

Este dia se chamava também um núch libbi, “dia de descanso do coração” (ORR, vol. lv, 1996, p. 2630). Outros afirmam que se trata mais de um dia de expiação ou pacificação, e não necessariamente de um dia de descanso. No entanto, foram descobertos tabletes em que revelam o shabatu como os dias 7°, 14°, 21º e 28°, que segundo o registro dessas inscrições ocupavam espaço destacado no calendário mesopotâmio. Neles havia restrições a diversos tipos de trabalho, já que o dia era dedicado aos deuses (TENNEY, vol. 5, 2008, p. 267). O sábado dos israelitas era o dia de descanso reservado a cada seis dias de trabalho para todo o povo; entretanto, o shabatu era computado com base nas quatro fases da lua.
Há muitas discussões sobre a relação do shabatum com o sábado dos israelitas, e Umberto Cassuto explica o que está por trás de tudo isso. Os críticos liberais insistem em afirmar que os israelitas copiaram o sábado dos mesopotâmios e com isso querem associar o sábado de Israel com as quatro fases da lua. Cassuto questiona a existência da proibição de trabalho nos dias 7°, 14º, 21º e 28º do mês do luna na Babilônia e na Assíria.

Segundo esse autor, o pensamento da Torá é justamente o oposto ao sistema babilônico e desvincula completamente o sábado da adoração aos astros: “O dia de sábado de Israel não será como o sábado das nações pagãs; não será o dia da lua cheia, ou outro dia conectado com as fases da lua, nem ligado, em consequência, com a adoração da lua, mas será o sétimo dia” (1998, p. 68).

É um sábado completamente desassociado de sinais nos céus, das hostes celestiais e de qualquer conceito astrológico, “mas o sétimo dia é o sábado do SENHOR teu Deus” (Êx 20.10). Assim, o propósito da omissão do termo hebraico shabbat, “sábado”, no relato da criação é evitar sua identificação com o shabatu dos mesopotâmios. o sétimo dia da criação não era mandamento, mas revela a necessidade natural do descanso de toda natureza, homem, animal, máquina, agricultura.

O repouso noturno de cada dia não é suficiente para isso. Deus abençoou e santificou esse dia não somente para comemorar a obra da criação, mas para que nesse dia todos cessem o trabalho tendo em vista o descanso fisico e mental e também o culto de adoração a Deus. É importante que todos os seres humanos possam refletir que o universo foi criado por um Deus pessoal, Todo-Poderoso, sábio e transcendente, que planejou todas as coisas que foram criadas. Parece que esse dia foi logo esquecido pelo gênero humano, mas há resquício dele em muitos povos da antiguidade.

Deus abençoou e santificou o sétimo dia como um repouso contínuo, a dispensação da inocência, interrompido por causa do pecado. Agostinho de Hipona lembra que não houve tarde no dia sétimo, pois Deus o santificou para que ele permanecesse para sempre: “Ora o sétimo dia não tem crepúsculo. Não possui ocaso porque Vós o santificastes para permanecer eternamente” (Confissões, Livro XIIl.36).

Adão e Eva viveram esse repouso durante a inocência até a Queda: “Foi o princípio e o tipo de repouso ao que a criação, depois que caiu da comunhão com Deus pelo pecado do homem, recebeu a promessa de que uma vez mais seria restaurada pela redenção, em sua consumação final” (KEIL & DELITZSCH, tomo 1,2008, p. 41). O sábado da criação aponta para o descanso de Deus para o mundo inteiro no fim dos tempos: “Portanto, resta ainda um repouso para o povo de Deus” (Hb 4.9).

O sábado legal não foi instituído aqui. Isso só aconteceu com a promulgação da lei. O sétimo dia é o fundamento da guarda do sábado dada aos israelitas, visto que este dia foi santificado desde o princípio do mundo. O sábado institucional é para toda a humanidade e por isso Deus o santificou antes de estabelecê-lo como mandamento para Israel.

“A santificação do sábado institui uma ordem para a humanidade segundo a qual o tempo é dividido em tempo e tempo sagrado... Por santificar o sétimo dia, Deus instituiu uma polaridade entre o dia a dia e o solene, entre dias de trabalho e dias de descanso, a qual deveria ser determinante para a existência humana” (WESTERMANN, 1994, p. 171). O sábado institucional não é necessariamente o sétimo dia da semana, mas um a cada seis dias.

O QUARTO MANDAMENTO

A instituição do sábado legal no Decálogo tinha o propósito duplo, social e espiritual, de cessar os trabalhos a cada seis dias de labor para dar descanso aos seres humanos e aos animais e dedicar um dia inteiro para adoração a Deus:

8 Lembra-te do dia do sábado, para o santificar. 9 Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra, 10 mas o sétimo dia é o sábado do SENHOR, teu Deus; não farás nenhuma obra, nem tu, nem o teu filho, nem a tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o teu estrangeiro que está dentro das tuas portas. 11 Porque em seis dias fez o SENHOR os céus e a terra, o mar e tudo que neles há e ao sétimo dia descansou; portanto, abençoou o SENHOR o dia do sábado e o santificou (Êx 20.8-11).

O quarto mandamento é o mais longo do Decálogo e difere dos três primeiros, cuja formulação é negativa. O versículo 8 introduz o mandamento positivo que impõe a obrigação de santificar o sábado, e o versículo 9 fala sobre a obrigação de trabalhar seis dias. Isso se repete no sistema mosaico (Êx 23.12; 31.13-17; 34.21; Lv23.3), mas aqui aparece também a formulação negativa. Quando Moisés no seu discurso em Deuteronômio repete o Decálogo substitui o verbo hebraico usado para “lembrar” zãchor,’“recordar, lembrar”, por outro, “guardar”, shãmôr, “guardar, cuidar, vigiar”, quando diz: “Guarda o dia de sábado” (Dt 5.12).

Os dois verbos estão no infinitivo absoluto, que tem função de um forte imperativo, bastante comum em leis e mais próximo de um futuro cominatório, ameaçador. O propósito do uso deste verbo “lembrar” aqui em Êxodo é manter o sábado como dia santo. Isso mostra que o povo já conhecia esse dia, mas parece que a sua observância não era levada a sério antes da revelação do Sinai.
As palavras “como te ordenou o SENHOR, teu Deus” (Dt 5.12b) não aparecem em Êxodo e são uma referência ao Sinai, quando a lei foi promulgada, visto que Moisés está relatando um fato acontecido no passado.

Fica evidente que houve um sábado antes da promulgação da lei. Muitos acreditam que o verbo “lembrar” se refere ao relato do maná no deserto (Êx 16.22-30). Isto fica claro pelo fato de que “a maneira incidental em que a matéria é introduzida e a repreensão do Senhor pela desobediência do povo sugerem que o sábado já era previamente conhecido (TENNEY, vol. 5, 2008, p. 267).

No entanto, segundo o rabino Benno Jacob, “lembrar” aqui não tem conotação de “não esquecer”, como aconteceu com o evento do maná, mas de um “memorial do passado para estabelecer um relacionamento especial para o futuro” (1992, p. 563).

O livro de Gênesis não menciona os patriarcas Abraão, Isaque e Jacó observando o sábado. Segundo Justino, o Mártir, Abraão e seus descendentes até o Sinai agradaram a Deus sem o sábado (Diálogo com Trifão 19.5). Irineu de Lião diz que Abraão, “sem circuncisão e sem observância do sábado, acreditou em Deus e lhe foi imputado a justiça e foi chamado amigo de Deus” (Contra as Heresias, Livro IV, 16.2). O sábado institucional não era mandamento nem havia imposição sobre a sua observância; talvez, seja essa a razão de aos poucos ter caído no esquecimento. A linguagem do quarto mandamento “Lembra-te do dia de sábado” (Êx 20.8) reforça a ideia de que não se trata de uma instituição nova, mas existente desde a criação.

O mandamento consiste em parar de trabalhar a cada seis dias e é extensivo a todos os israelitas, seus familiares e também servos, animais de carga, convidados, imigrantes estrangeiros e qualquer um que esteja dentro de seus portões (v. 10). Mas aqui se omite uma informação que aparece em Deuteronômio e revela o aspecto humanitário do mandamento: “para que o teu servo e a tua serva descansem como tu” (Dt 5.14b). Em Êxodo, é revelado o caráter espiritual, pois se mostra que a lei do sábado deriva da criação e se refere ao sétimo dia em que Deus descansou (v. 11). O sábado do Decálogo é semanal e uma amostra do descanso eterno de Deus (SI 95.11; Hb 4.3-6).

O sábado legal é exclusividade dos israelitas e nenhum povo da terra recebeu tal responsabilidade, nem mesmo a Igreja (Êx 31.13- 17). A adoração no tabernáculo acontecia semanalmente e isso justifica a instrução da lei do sábado na presente seção que aborda a ordem do culto e demais serviços no tabernáculo. O tema do sábado havia sido tratado por ocasião do maná (Êx 16.23-30) e no quarto mandamento (Êx 20.8-1 1); no entanto, Javé retoma o assunto aqui para que o presente preceito seja observado de maneira apropriada.
A observância do sábado legal é perpétua, sob pena de morte para quem violar (vv. 14-6) e isso por se tratar de um sinal entre Javé e Israel (Êx 31.13, 17). Não é mandamento para todos os povos nem para a Igreja. É o segundo sinal para os israelitas, que já tinham a circuncisão como primeiro sinal desse concerto (Gn 17.10-14). Ao longo dos séculos, os judeus trataram esses dois preceitos com a mesma atenção. O Decálogo registrado em Deuteronômio apresenta o sábado como memorial da saída dos israelitas do Egito: “Porque te lembrarás que foste servo na terra do Egito e que o SENHOR, teu Deus, te tirou dali com mão forte e braço estendido; pelo que o SENHOR, teu Deus, te ordenou que guardasses o dia de sábado” (Dt 5.15). O sábado legal é mandamento exclusivo para o povo de Israel.

O SÁBADO NO NOVO TESTAMENTO

A observância do sábado nos dias do ministério terreno de Jesus havia se tornado externa e formal. As autoridades religiosas de Israel haviam criado muitas restrições e estabeleceram regras meticulosas. A Mishnah, antiga literatura religiosa dos judeus, nos tratados Shabbat e Erub, registra minúcias de como o sábado deve ser observado. A tradição dos anciãos criou 39 proibições concernentes ao sábado. Por essa razão, o Senhor Jesus entrou diversas vezes em conflito com os escribas e fariseus. Uma delas aconteceu quando ele defende os seus discípulos por colherem espigas no sábado (Mt 12.1-5).

1 Naquele tempo, passou Jesus pelas searas, em um sábado; e os seus discípulos, tendo fome, começaram a colher espigas e a comer. 2 E os fariseus, vendo isso, disseram-lhe: Eis que os teus discípulos fazem o que não é lícito fazer num sábado. 3 Ele, porém, lhes disse: Não tendes lido o que fez Davi, quando teve fome, ele e os que com ele estavam? 4 Como entrou na Casa de Deus e comeu os pães da proposição, que não lhe era lícito comer, nem aos que com ele estavam, mas só aos sacerdotes? (Mt 12.1-4).

A passagem paralela aparece em Marcos 2.23-26 e Lucas 6.1-4. Em todas elas, o Senhor Jesus mencionou um trecho do Antigo Testamento em que Davi comeu o pão da proposição na casa do sacerdote Abiatar, quando estava sob a perseguição de Saul (1 Sm 21.6). Assim, ele colocou a guarda do sábado na mesma categoria do preceito cerimonial. A lei proibia que estranhos comessem do pão sagrado da proposição, o qual era restrito aos sacerdotes (Êx 29.33; Lv 22.10).

Jesus foi além e disse que os sacerdotes no templo podiam violar o sábado e ficar sem culpa (Mt 12.5). Um mandamento moral é obrigatório por sua própria natureza. Não existe concessão para preceitos morais; aqui, a vida está acima do sábado.

Em outra ocasião, o Senhor Jesus torna a considerar o sábado um preceito cerimonial com base na própria lei de Moisés. Ele nem precisou reivindicar a sua autoridade de Filho de Deus e Messias, ao lembrar às autoridades religiosas que a circuncisão de uma criança pode ser feita num dia de sábado. A lei prescreve que o menino deve ser circuncidado no oitavo dia de seu nascimento (Lv 12.3). Jesus disse que a circuncisão pode ser feita mesmo quando o oitavo dia coincide com sábado (lo 7.22, 23).

Jesus declarou: “O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem, por causa do sábado” (Mc 2.2 7). Muitos comparam essas palavras a uma frase do Talmude creditada ao rabi Simeon ben Menasya, cerca de 180 dc.: “O sábado foi dado a vocês, não vocês entregues a ele”. A interpretação judaica diz respeito à permissão da quebra do sábado em casos especiais, como a vida em perigo.

Mas o que Jesus disse significa que os seres humanos não foram criados para observar o sábado, mas que o sábado foi criado para o benefício humano. Ele não disse que o sábado foi feito por causa dos judeus ou de Israel, mas por causa de todos os seres humanos. O sábado legal, do Decálogo, foi dado a Israel como sinal entre Javé e os israelitas (Êx 31.13, 17; Dt 5.15; Ez 20.12). Aqui, o Senhor Jesus se refere ao sábado institucional que Deus estabeleceu para o bem-estar e gozo de todos os seres humanos, e isto está acima de observância meticulosa do sábado.

A frase “Assim, o Filho do Homem até do sábado é senhor” (Mc 2.28) e as passagens paralelas (Mt 12.8; Lc 6.5) são disputadas pelos expositores do Novo Testamento.

Há duas linhas principais de interpretação:

a) a autoridade sobre o sábado foi conferida aos seres humanos, e

b) trata-se do próprio Senhor Jesus.

A primeira nos parece menos aceitável porque Deus nunca delegou autoridade sem limites aos humanos e, também, porque a expressão grega ho huios tou anthrõpos,  “o Filho do Homem”, no singular, é título messiânico e não relativo a humanos. Está claro que Jesus se referia a si mesmo. Esta é a melhor interpretação. Ele revelou seu poder e sua autoridade sobre as enfermidades, sobre a natureza, sobre todos os poderes das trevas, sobre a morte e o inferno; assim, nada mais natural ser mesmo o Senhor do sábado. O sábado veio de Javé e somente ele tem autoridade sobre a instituição. Então, não há outro no universo investido de tamanha autoridade, senão o Filho de Deus.

Mais uma vez, o Senhor Jesus Cristo apresenta o profeta Oseias como autoridade para fundamentar seu ensino (Mt 12.7; Os 6.6). Ele acrescentou ainda que é “lícito fazer bem nos sábados” (Mt 12.12). Isso o próprio Jesus o fez (Mc 3.1-5; Lc 13.10- 13; 14.1-6; Jo 5.8-18; 9.6, 7, 16), e nós também devemos fazer o bem, não importa qual seja o dia da semana. Como o sábado do relato da criação, não é regra legal opressiva; é chamado de sábado institucional que se transferiu para o domingo por causa da ressurreição de Jesus, mas não como mandamento.

Assim, como nada há no Novo Testamento que indique a sua observância, isso por si só mostra que o quarto mandamento não é um preceito moral. Esta interpretação é corroborada pelo fato de nem Jesus nem os apóstolos ensinarem a guarda do sábado. O sábado não foi mencionado quando Jesus citou os mandamentos para o moço rico (Mt 19.17-19). Toda a lei se resume no amor a Deus e ao próximo (Mt 7.12; 22.40; Mc 12.31; Rm 13.10).

O apóstolo Paulo omitiu o quarto mandamento (Rm 13.9). Ele considerava retrocesso espiritual guardar dias, meses e anos (Gi 4.10, 11). Os primeiros cristãos eram judeus de origem e era natural para eles observar os serviços da sinagoga; ainda hoje, muitos judeus que são convertidos à fé cristã preferem não abrir mão de sua identidade judaica, principalmente aqueles que residem em Israel. É mais uma questão cultural. Paulo via o sábado e os preceitos dietéticos, o kashrut, como mera opção pessoal. E, mesmo não havendo prova de que o apóstolo distinguisse preceitos morais e cerimoniais, aqui ele coloca o sábado e o kashrut na mesma categoria (Rm 14.1-6). Segundo Paulo, o antigo concerto foi abolido (2 Co 3.7-14) , incluindo o sábado (Os 2.11). De fato, isso já era anunciado desde o Antigo Testamento (Jr 31.31-34).

Paulo disse que Jesus riscou na cruz “a cédula que era contra nós nas suas ordenanças” (Cl 2.14). O substantivo grego para

“cédula” é cheirgraphon, um hapax legomenon, literalmente, “escrito à mão”. É um documento escrito à mão usado aqui metaforicamente. O termo aparece na literatura grega extra bíblica com vários significados: “lei mosaica, obrigação escrita, contrato” (ROBINSON, 2012, p. 984); “registro de uma conta financeira, conta, registro de dívida” (LOUW & NIDA, 2013, pp. 352, 353). É um certificado de dívida, uma nota promissória. A ordenança, ou dogma76, significa “decreto, ordenança, edito”, um termo usado também em referencia à lei de Moisés (Ef 2.15).

É esse o sentido aqui, pois Jesus disse que a lei nos acusa Go 5.45). O pensamento paulino revela o aspecto condenatório da lei mosaica (Dt 2 7.26; 1 Co 15.56; Gi 3.10) e também o padrão divino para a vida humana (Rm7.13, 14).

A acusação da lei contra nós foi cancelada na cruz do Calvário, e aí o apóstolo inclui o sábado. O apóstolo emprega os dois termos “cédula” e “ordenança” metaforicamente para dizer que fomos perdoados e estamos livres de legalismo: “Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados, que são sombras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo” (Cl 2.16, 17). Com exceção do sangue (At 15.20, 28), as restrições dietéticas de Levítico foram removidas, pois Deus purificou os animais cerimonialmente imundos (At 10.12-15).

Nenhum alimento é imundo por si mesmo (Rm 14.14, 20; 1 Tm 4.3, 4). O que contamina o ser humano é o que sai dele, não o que entra (Mt 15.11-20).
O sábado cerimonial é um termo para designar os festivais de Israel que englobam as festas anuais, mensais e semanais (1 Cr 23.31; 2 Cr 2.4; 8.13; 31.3; Ez 45.17). O sábado cerimonial já está incluído na expressão “dias de festa”. Assim, a “lua nova”, refere-se à festa mensal e a expressão “dos sábados” diz respeito aos sábados semanais. O novo concerto nos isenta de todas essas coisas. Paulo parece empregar uma linguagem platônica no tocante ao mundo real e ao mundo das ideias no v. 17. A sombra é temporária e identifica com imperfeição o objeto que a projetou, sendo portanto inferior a ele, O apóstolo afirma nesta metáfora que a lei é uma projeção, uma sombra da realidade, que é o corpo de Cristo.

O SÁBADO CRISTÃO

O sábado legal do Decálogo foi estabelecido para Israel se lembrar da escravidão no Egito (Dt 5.15). Há certa analogia com o sábado cristão, o domingo, que, sem precisar de imposição legal, passou a ser o dia de adoração cristã coletiva em memória à ressurreição de Cristo que ocorreu num domingo (Mc 16.1-6; Lc 24.1-6). É o sábado institucional.

Isso está claro em três passagens do Novo Testamento: “No primeiro dia da semana, ajuntando os discípulos para o partir do pão” (At 20.7). Era um domingo, “talvez 24 de abril de 57 dc.”, segundo F. F. Bruce (apud STOTT, 1994, p. 360). O “partir do pão” é um termo usado para a Ceia do Senhor (At2.42; 1 Co 10.16; 11.20-26). Segundo o autor citado, essa passagem “é a evidência inequívoca mais primitiva que temos da prática cristã de reunir-se para a adoração nesse dia”. Isso se confirma mais adiante no Novo Testamento: “No primeiro dia da semana, cada um de vós ponha de parte o que puder ajuntar, conforme a sua prosperidade, para que se não façam as coletas quando eu chegar” (1 Co 16.2). Temos aqui outra prova de que o primeiro dia da semana era o dia de culto regular. O apóstolo recomendou que nessas reuniões se levantasse uma coleta para socorrer os irmãos pobres de Jerusalém.

O apóstolo João foi arrebatado no dia do Senhor: “Eu fui arrebatado em espírito, no dia do Senhor, e ouvi detrás de mim uma grande voz, como de trombeta” (Ap 1.10). A expressão “dia do Senhor” não é escatológica, pois a construção grega aqui, en të kyriakë hemera, se refere ao domingo. Versões católicas como Figueiredo, Matos Soares e a Biblia do Peregrino empregam “num dia de domingo” para traduzir a referida frase. Esta tradução é aceitável porque está de acordo com o contexto bíblico e histórico.

A palavra kyriakë significa “domingo” ainda hoje na Grécia. O termo “domingo”, literalmente quer dizer, “dia do senhor”, do latim, dominus, “senhor”, e dies, “dia”. Inácio de Antioquia usa a mesma frase grega do apóstolo João em Apocalipse, para indicar o primeiro dia da semana: “Aqueles que viviam na antiga ordem de coisas chegaram à nova esperança, e não observam mais o sábado, mas o dia do Senhor, em que a nossa vida se levantou por meio dele e da sua morte” (Magnésios 9.1, Coleção Patrística 1, Fadres Apostólicos). Inácio foi o terceiro bispo de Antioquia e conheceu os apóstolos Paulo e João. Preso em 110 no reinado de Trajano, foi levado a Roma e atirado às feras. Trata-se de alguém da segunda geração dos apóstolos.

Outra razão que confirma essa interpretação é o fato de a Septuaginta usar uma forma diferente para o “dia do Senhor” escatológico, hëmera tou kyriou ou hëmera kyriou. E o mesmo acontece nas cinco vezes que a frase aparece no Novo Testamento grego (At2.20; 1 CoS.5,2Co 1.14; lTs5.2;2Pe3.10).

Os primeiros pais da Igreja mostram que nos três primeiros séculos da história da Igreja o domingo continuava sendo o dia de reunião dos cristãos. Além de Inácio de Antioquia, isso pode ser ainda visto na Epístola de Barnabé (que não era o Barnabé
citado do Novo Testamento). Trata-se de um documento da primeira metade do século 2, que declara: “Eis por que celebramos como festa alegre o oitavo dia, no qual Jesus ressuscitou dos mortos e, depois de se manifestar, subiu aos céus” (Epístola de Barnabé, 15.9).

Herdamos dos dias apostólicos essa prática que foi perpetuada pelo tempo. Os preceitos cerimoniais não desobrigam os seres humanos de cultuarem a Deus, mas estes não precisam de rituais e nem lhes é exigido irem a Jerusalém. Da mesma forma, o sábado não precisa ser o sétimo dia da semana. Os adventistas do sétimo estão equivocados quando afirmam que o imperador Constantino substituiu o sábado pelo domingo, e sua doutrina não tem sustentação bíblica. É um erro teológico e histórico.



Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus
Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS
BIBLIOGRAFIA
Livro Os Dez Mandamentos = CPAD = Esequias Soares