3 de junho de 2015

JESUS E O DINHEIRO



JESUS E O DINHEIRO

Texto Áureo = “E, vendo Jesus que ele ficara muito triste, disse: Quão dificilmente entrarão no Reino de Deus os que têm riquezas!” (Lc 18.24)

Verdade Prática = As Escrituras não condenam a aquisição honesta de riquezas, e, sim, o amor a elas dispensado.

LEITURA BÍBLICA= Lucas 18:18-24

Até bem pouco tempo, ninguém poderia imaginar que o nome “Jesus”, o carpinteiro de Nazaré, pudesse se tornar uma mercadoria valiosa. Ninguém poderia imaginar também que ele fosse transformado em uma das marcas mais rentáveis do mundo. Jesus, que já era vendido em lojas de suvenires, foi transformado com grande sucesso em mercadoria literária, podendo ser encontrado praticamente em todas as livrarias.

O comércio da auto ajuda é o que mais tem crescido e que mais tem lucrado com esse comércio em torno de Jesus. Tenho em mãos alguns desses títulos: Jesus, o homem mais sábio que já existiu; Jesus, o maior fílósofo que já existiu; Jesus, o maior psicólogo que já existiu; Jesus, o maior líder que já existiu; Jesus, o mestre dos mestres; Jesus, o mestre da sensibilidade; Jesus, o mestre da vida; Jesus, o mestre do amor, Jesus, o mestre inesquecível e Jesus, o milionário de Nazaré.

Quem poderia imaginar, por exemplo, que aquEle que certa feita disse não ter onde pousar a cabeça fosse transformado em o “milionário de Nazaré”? Esta é exatamente a proposta da escritora Catherine Ponder, uma das autoras de auto ajuda mais lidas no mundo, quando escreveu o seu livro O Milionário de Nazaré,’As informações sobre Ponder dão de conta que ela é considerada a mais notável autora sobre prosperidade nos Estados Unidos.

E informado também que a mesma escreve sobre o assunto há quase vinte anos, e tem inúmeros livros publicados, incluindo o best-seller As Leis Dinâmicas da Prosperidade. Ela também escreveu a série Os Milionários do Géneses.

Como Ponder transformou um simples carpinteiro no milionário de Nazaré é explicado ainda na introdução do seu livro. Para ela os Evangelhos estão repletos de ouro! Jesus, portanto, não teria sido apenas uru homem que fez milagres e que tinha suas orações respondidas. Pelo contrário, ele também foi um mestre que, depois de compreender e assimilar as leis mentais e espirituais de prosperidade as usou e ensinou de uma forma nunca vista antes.

De acordo com Ponder, Jesus “parecia saber que parte de sua missão em se tornar o Salvador do mundo seria livrar a humanidade de suas crenças errôneas sobre a limitação financeira, sendo esta uma necessidade espiritual. O fato de ter ousado ensinar os princípios espirituais da verdadeira abundância foi parte de sua grandiosidade”. Ainda segundo ela esses princípios foram seguidos pelos primitivos cristãos a ponto de serem os primeiros crentes considerados prósperos. Se hoje essa não é mais a ideia que se tem sobre os cristãos, a culpa é da igreja medieval que impôs a mentalidade da pobreza nos cristãos. Na sua análise a “verdade próspera é que, como filho de Deus, ser pobre é um pecado. Enriquecer e prosperar são direitos espirituais de todos”.

Catherine Ponder está onvencida de que “Jesus certamente não era pobre. Na verdade, ele foi um dos homens mais abastados a pisar em nosso solo, pois sua riqueza estava em seu interior e exterior. Uma mente surpreendente capaz de transformar á agua em vinho do mais fino sabor, de multiplicar pães e peixes quando desejava para alimentar milhares de pessoas, de ressuscitar os mortos e de curar todos os tipos de males não pode ser considerada pobre — especialmente se tais serviços de valor incalculável fossem prestados nos dias atuais! Se um homem tivesse o dom de fazer surgir dinheiro da boca de peixes para pagar suas contas, ou de fazer surgir grandes cardumes nas redes de pescadores onde antes não havia nada, seria considerado um multimilionário no cenário econômico atual” .

As palavras de Jesus: “Eu vim para que tenham vida, e tenham plenamente” ( Jo 10,10) recebem novo sentido no entendimento de Ponder  significam que Jesus simbolizava a divindade em todos aqueles que não atingem a pobreza, pois todos os homens são também deuses e filhos do altíssimo (SI 82.6; Jo 10.34). Ponder argumenta que “o objetivo da natureza de Cristo em Jesus era ser bem-sucedido e descansar na generosidade divina. O objetivo da natureza cristã de toda a humanidade é servir de instrumento para o sucesso e a abundância”.

Na análise dessa autora, essa é a principal mensagem do Antigo Testamento e também repetida no Novo Testamento, pois a Bíblia é o livro mais importante que já foi escrito sobre prosperidade. Segundo essa autora “além da salvação, os assuntos mais frequentemente encontrados nas sagradas escrituras são dinheiro, oferendas, liderança e questões financeiras. Podemos ler o termo “ouro” mais de quatrocentas vezes nas suas páginas. Na sua análise, há entre trezentas e quatrocentas promessas na Bíblia, sendo muitas delas promessas literais de prosperidade. Possivelmente você considera Abraão, Isaque, Jacó, Moisés e Josué os maiores líderes espirituais de seu tempo, o que é verdade. Todos eles tornaram-se milionários, fato que descrevo em meus livros: 0s Milionários do Genesis, O Milionário Moises e O Milionário Josué.

A autora está convencida de que os milionários de hoje estão longe de se aproximarem dos milionários da Bíblia com seus enormes rebanhos, gigantescas terras, numerosas famílias, além da infinita quantidade de serviçais. Esses fatos fazem-na acreditar que eles viviam uma vida agradável e repleta de lazer que qualquer pessoa hoje em dia acharia difícil manter com os atuais valores.

Ponder resume então o seu pensamento como Jesus passou de carpinteiro a senhor da plenitude, isto é, o milionário de Nazaré:

1. Jesus não era pobre. Foi um dos pensadores mais prósperos que já existiu! Era um mestre no ensino da prosperidade. Tornou-se o Senhor da Plenitude.
2. A natureza de Cristo presente em Jesus simbolizava a Divindade presente em cada um de nós, e que nunca será pobre para que também possamos nos tornar Senhores da Plenitude.

3. O interesse de Jesus pela prosperidade começou em seu nascimento, prosseguiu ao longo de sua vida e foi demonstrado mesmo após sua ressurreição.

4. O ministério de Jesus começou na cidade portuária de pesca de Cafarnaum. Sendo os peixes símbolo de leis de crescimento, Cafarnaum era considerado um local de prosperidade física e metafísica.

5. Na época de Jesus, os pobres eram desprezados. A pobreza era considerada maldição ao passo que a riqueza era tida como bênção espiritual.

6. Jesus aprova a riqueza obtida honestamente. Não hesitava em usar seus mais profundos poderes para promover a prosperidade na terra.

7. Através de seus diversos ensinamentos de prosperidade, Jesus ressaltava as boas novas sobre a plenitude: que ninguém precisava esperar o futuro para colher as bênçãos da vida; que todos poderiam obtê-las naquele momento.

8. Enfatizava-se bastante a prosperidade nas Igrejas Primitivas. Apenas séculos mais tarde, e por razões políticas, foi pregada às massas a falsa crença que ser pobre significa ser devoto.

9. Jesus nasceu em Nazaré, que representa a trivialidade da mente humana, na qual a Verdade próspera aparece. Jesus, como carpinteiro, simboliza alguém que converte ideias e pensamentos em algo visível conforme a necessidade. Ao conhecermos tais métodos, poderemos vivenciar uma maior abundância e felicidade — exatamente o que o termo “milionário” significa.

10. Eis um dos primeiros segredos do milionário de Nazaré: o nome “Jesus Cristo” tem o poder de moldar a rica substância do universo em bens definidos e visíveis. Ao ser mencionado, move as forças que podem trazer resultados prósperos a nossas vidas.

Qualquer leitor da autoa juda pode notar a grande semelhança existente entre os ensinamentos de Ponder e o que está escrito em O Poder do Subconsciente de Joseph Murphy e principalmente em O Poder do Pensamento Positivo de Norman Vicent Peale. De fato na biografia de Ponder, lemos que ela é ministra da Igreja não denominacional Unity desde 1956 e que também é tida como a versão feminina de Norman Vicent Peale. Peale é considerado urna espécie de guru da auto ajuda evangélica americana.

Dentre os inúmeros livros escritos por Peale, há também um dedicado a explicar os ensinamentos de Jesus: O Poder Positivo de Jesus. Tive contato com esse tipo de gênero literário ainda nos anos 80 quando um amigo me emprestou as obras de Joseph Murphy e Norman Vicent Peale.

As mensagens desses livros são de fato fascinantes, recheadas de ilustrações e exemplos de pessoas que deram certo ou que foram até mesmo curadas de doenças incuráveis graças ao poder da mente.

Algumas perguntas são inevitáveis: Jesus era de fato um milionário que Ponder insiste em afirmar que era? Jesus incentivou as pessoas a serem ricas e terem muito dinheiro? Qual de fato foi a relação de Jesus com o dinheiro? Ele era o milionário de Nazaré ou um simples carpinteiro que como os demais camponeses de seu tempo lutaram pela sobrevivência? Não há como não contrastar o “Jesus” da auto ajuda com o Jesus, o homem perfeito, apresentado nos evangelhos.

O “Jesus” rico, próspero, milionário capaz de transformar pedra em ouro não surgiu dos ensinos dos evangelhos mas dos ensinos de Phineas Parkhurst Quimby, um adepto do mesmerismo e um dos primeiros proponentes do Novo Pensamento.

De acordo com a Enciclopédia virtual Wikipedia, Quimhy era filósofo, hipnólogo e inventor que desenvolveu o ensino de que a doença se desenvolve na mente do homem por falsas crenças, e que a mente aberta para a sabedoria de Deus vence a doença. O princípio se baseava no ensino de que o corpo era uma casa para a mente do homem. Se havia um “inimigo” instalado no corpo, se dava por uma crença errada da mente, mesmo com o desconhecimento do portador, a mente é quem adoecia o homem, Quimby prometia entrar na casa e com o poder da mente, expulsar o intruso, corrigindo a “impressão errada” pelo restabelecimento da “verdade” na mente. Quimby exerceu grande influência sobre Mary Baker, fundadora da Ciência Cristã.


A partir dos ensinos de Quimhy, o Novo Pensamento se espalhou como uma febre pela América do Norte. Influenciou pensadores, filósofos, denominações religiosas e pastores como E. W. Kenyon. Foi através de Kenyon, um pastor da Igreja Batista Nova Aliança, que essa crença teve penetração no arraial protestante. Kenyon é considerado pelos apologistas como o pai da Teologia da Prosperidade e teve enorme influência sobre pastores como Dom Gosset e Kenneth Hagin. Por outro lado, foi através de Hagin que a teologia da prosperidade se propagou no meio pentecostal americano e brasileiro.

Quando vemos, por exemplo, um culto neopentecostal sobre prosperidade financeira e aquilo que ensina O Novo Pensamento, não há como não se perceber as semelhanças existentes. Quando um pregador neopentecostal, por exemplo, fala, a voz tem sotaque cristão, mas as palavras são na verdade da Ciência Cristã. Dizendo isso de uma outra forma, o “Jesus” pregado por esses ministros religiosos não é aquEle apresentado no Novo Testamento, mas o que teve origem nas filosofias humanistas. A propósito, o sociólogo Ricardo Mariano em seu livro Neo pentecostais — sociologia do novo pentecostalismo no Brasil, observa que: “A Teologia da Prosperidade, até pelo nome, parece ser o exemplo perfeito da afinidade entre pentecostalismo e sucesso econômico.

Mas nada está mais distante do puritanismo calvinista, exemplo-mor desta afinidade, do que a Teologia da Prosperidade. Nas seções ascéticas do protestantismo, a riqueza, quando adquirida no trabalho cotidiano, metódico e racional, constituía, segundo Weber (1991:356), um dos sintomas de comprovação do estado de graça do indivíduo, ou de sua eleição à vida eterna.

A riqueza obtida, porém, era consequência não intencional, não revista, da severa disciplina religiosa do eleito. Disciplina que se manifestava em sua extrema dedicação ao trabalho, que via como vocação divinamente inspirada, e em sua conduta diária, baseada na abstinência dos prazeres e das paixões deste mundo e no desinteresse pelas coisas materiais. Na ótica weberiana, a acumulação primitiva do capital resulta, entre outros fatores, justamente da ética puritana, que interditava ao fiel qualquer modalidade de consumo supérfluo.

No neopentecostalismo, o crente não procura a riqueza para comprovar seu estado de graça. Não se trata disso. Como todos os demais, crentes e incréus, ele quer enriquecer para consumir e usufruir de suas posses nesse mundo. Sua motivação consumista, notadamente mundana, foge totalmente ao espírito do protestantismo ascético, sobretudo de vertente calvinista.

Esse Jesus endinheirado não foi gerado, portanto, do Deus da Bíblia, mas da mente de homens divorciados de princípios cristãos.

Lucas apresenta Jesus, o carpinteiro de Nazaré, não como um milionário, mas como alguém que dependia de donativos de terceiros para poder exercer seu ministério público (Lc 8.1-3). O Jesus bíblico, longe de estimular a aquisição de bens materiais como fonte de satisfação, exortava a se desfazer deles. “Vendei vossos bens e daí esmola; fazei para vós outros bolsas que não desgastam” (Lc 12.3 3).

Uma Visão Cristã e Secular sobre Bens e Posses

O cristianismo por ser uma crença de natureza escatológica não estimulava a aquisição de posses materiais, Os primitivos cristãos, incluindo os apóstolos, mantinham a expectativa de que Jesus poderia voltar ainda na sua geração. Isso fazia com que a preocupação com a propagação da mensagem do reino se tornasse sua principal fonte de motivação e não o acúmulo de bens terrestres. 

Acusar as gerações posteriores de cristãos de terem implantado uma mentalidade de pobreza na igreja não condiz com os fatos históricos.

Essa sedução pela riqueza que acabou contaminando a teologia cristã provém de ensinos pagãos e até mesmo de técnicas xamãs e não dos ensinos do Novo Testamento. O apologista Davi Hunt denunciou o que denominou de tentação pelo poder: “O feiticeiro mascara sua rebelião postulando em lugar do Deus pessoal da Bíblia, diante de quem somos moralmente responsáveis e cuja vontade temos que obedecer, uma “Força” metafísica impessoal que pode ser “cientificamente” manipulada como se explora a energia do átomo.

Muitas vezes sem perceber, crentes sinceros aceitam a mesma ideia básica apresentada em terminologia psicológica e pseudocristã. A confissão positiva, bem como o pensamento positivo e o pensamento da possibilidade são exemplos adicionais, Em seu livro mais vendido, O Poder do Pensamento Positivo, que vendeu mais de 3 milhões de cópias, Norman Vícent Peale revela o fato de que todo o seu sistema é baseado nesse mesmo alicerce.

Ele declara, por exemplo: “O poder da oração é uma manifestação de energia. Assim como existem técnicas científicas para a liberação da energia atômica, existem também procedimentos científicos para a liberação de energia espiritual por meio do mecanismo da oração. Demonstrações espetaculares dessa força energizante são evidentes...

É importante perceber que você está lidando com o mais tremendo poder do mundo quando ora... Técnicas espirituais novas estão sendo constantemente descobertas.., faça experiências com o poder da oração...”.”



Hunt conclui:

“Muitos que alegam querer conhecer a Deus frequentemente não querem conhecer o Deus verdadeiro, mas um deus cujo poder possam usar para seus próprios fins. Os próprios títulos de livros como O Poder Criativo de Deus Trabalhará Por Você, de Charles Capps, e Como Conseguir o que Quiser com Deus, de Kenneth Hagin, parecem dar um tom que se ajusta à fraqueza do homem, não importa quanto material benéfico possa existir neles.

Nossa ambição egoísta nos cega para o fato de que Deus não é um “gênio da garrafa”, que existe para cumprir nossos desejos sempre que o convocarmos, mas é o Criador de todas as coisas, Ele nos chama para deixarmos de lado nossa insensatez e nos submetermos à sua vontade,

Ricos e Pobres

No livro de minha autoria A Prosperidade à Luz da Bíblia, procurei mostrar como era formado o conceito de prosperidade no antigo Israel. Esses conceitos estavam em vigor nos dias de Jesus. Eram duas as idéias mais comuns, porém equivocadas, sobre a natureza das riquezas. A primeira delas associava a riqueza como uma dádiva de Deus a alguém merecedor, e a pobreza como uma marca do julgamento divino. Uma segunda associava a riqueza com a maldade e a pobreza com a piedade. Essa forma de pensar está presente também no mundo do Novo Testamento. Todavia as causas para a pobreza não podem ser vistas de forma tão simples assim.

O historiador William L. Coleman (1991, p. 165) mostra que um estudo criterioso sobre a pobreza no mundo bíblico deve levar em conta alguns fatores determinantes. Com acerto, ele diz: “Eram vários os principais fatores que contribuíam para a existência de um grande número de pobres em israel. E claro que havia muitas variáveis. Mas para entendermos bem o quadro geral, precisamos considerar alguns dos obstáculos com que eles se defrontavam.

1. Impostos. O sistema de impostos constituía um grande peso para muitas famílias, para os pequenos agricultores e negociantes. Durante toda a história da nação, os governos impuseram pesadas taxas ao povo em geral, com o objetivo de realizar seus projetos de construção ou cobrir os custos de suas operações militares. E foi justamente o excesso de impostos baixados pelo rei Salomão que ocasionou a divisão do reino.

2. Desemprego. Nas áreas rurais, a presença de escravos não afetava muito a economia, mas nas cidades sim, pois gerava forte desequilíbrio nos mercados de empregos.
Como o preço dos escravos era muito baixo, os ricos chegavam a ter um servo simplesmente para conduzir o seu cavalo. Por isso o homem livre tinha que aprender um ofício, se quisesse conseguir um bom salário.

3. A morte do chefe da família. A perda do chefe da casa, que podia ser causada por enfermidade, acidente ou guerra, geralmente deixava a família na pobreza, principalmente se os filhos fossem pequenos.

4. Seca e fome. Às vezes a própria natureza destruía rapidamente toda a colheita de uma temporada. A seca, o excesso de pragas, ou chuva em demasia fora de época, bem como outras calamidades naturais acabavam com todo o sustento de uma família de uma hora para outra (Sl 32.4).

5. Agiotagem. Pela lei, era proibido cobrar juros de empréstimos feitos a pobres (Êx 22.25). Mas apesar dessa recomendação divina, muitos credores tinham atitudes impiedosas, cobrando juros exorbitantes e empregando métodos cruéis para receber o pagamento da divida, Isso sempre foi um problema grave para os Israelitas durante toda a sua história, e vários escritores bíblicos denunciaram esses excessos.

Com tantos limites não era de admirar que os pobres se tornas- sem presas fáceis dos mais ricos. Para se justificarem, os mais abastados costumavam fazer doações, algumas delas bastantes generosas, mas o objetivo não era de fato amenizar a situação do pobre, mas barganhar com Deus. A religião, em vez de cultivar os valores da alma, fomentava apenas um legalismo exterior.

Jesus denunciou essa religiosidade farisaica. Em seu livro Jesus e o Dinheiro, o escritor José Antonio Pagola comenta sobe esse fato. Embora o seu livro reflita traços de um evangelho social, de esquerda, todavia seus comentários são pertinentes:

“Temos que recuperar no cristianismo um dado de suma importância. O primeiro olhar de Jesus não se dirige ao pecado do ser humano, mas ao seu sofrimento. O contraste entre Jesus e o Profeta João, o Batista, é esclarecedor. Toda atividade do Batista gira em torno do pecado: ele denuncia os pecados do povo, chama os pecadores à penitência e oferece aos que acorrem ao Jordão um batismo de conversão de perdão.

O Batista não se aproxima dos enfermos, nem toca a pele dos leprosos, não abraça as crianças da rua, não se senta para comer com pecadores, excluidos e pessoas indesejáveis, O Batista não se aproxima do sofrimento das pessoas, não se dedica a fazer a vida mais humana.
Não sai de sua missão estritamente religiosa. Para Jesus, ao contrário, a primeira preocupação é o sofrimento das pessoas enfermas e desnutridas da Galileia, a defesa dos camponeses explorados pelos poderosos latifundiários, ou a acolhida a pecadores e prostitutas, excluídos pela religião. Para Jesus, o grande pecado contra o projeto de Deus consiste sobretudo em resistirmos a tomar parte no sofrimento dos outros encerrando-nos em nosso próprio bem-estar”.


Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus
Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS
Lucas – O Evangelho de Jesus, O Homem Perfeito, Pr José Gonçalves- CPAD


27 de maio de 2015

AS LIMITAÇÕES DOS DISCÍPULOS



AS LIMITAÇÕES DOS DISCÍPULOS

Texto Áureo  = “E roguei aos teus discípulos que o expulsassem, e não puderam.” (Lc 9.40)

Verdade Prática = Ao longo de seu ministério, Jesus foi seguido por homens simples, imperfeitos e limitados, mas jamais os descartou por isso.

LEITURA BIBLICA = Lucas 9.38-42,46-50

AS LIMITAÇÕES DOS DISCÍPULOS

Tropa de Elite

Por ocasião da morte de Osama Bin Laden em 2011, o mais temido terrorista do mundo islâmico, a revista Época trouxe urna extensa matéria sobre o assunto. Foi dado amplo destaque ao comando militar norte-americano denominado de SEALs como sendo o responsável por essa proeza. De acordo com o jornal inglês The Telegraph, a eliminação do terrorista número “foi uma intervenção cirúrgica, levada a cabo por um pequeno grupo treinado para evitar efeitos colaterais”.

O grupo, denominado de SEAL TEAM 6 da Marinha americana, é formado a partir de uma rigorosa seleção e é considerado como o mais bem treinado do mundo. Os seus componentes buscam a perfeição em seus treinamentos a fim de evitar cometerem erros quando são enviados em alguma missão.
De acordo com a revista Epoca:

Os SEALs são super-soldados, treinados por dois anos além do normal para fuzileiros navais e mantidos pelo governo com um orçamento de US$ 1 bilhão por ano. No treinamento, disparam 3 mil tiros por semana, mais do que os colegas de Forças Armadas disparam em um ano inteiro. O nome é uma corruptela dos atributos especiais da tropa: São capazes de realizar operações no mar (“sea”, em inglês), no ar (“air”) e na terra (“land”). Estima-se que existam hoje 2,5 mil soldados SEAL em atividade.

O SEAL Team 6 é um grupo dentro dos SEALs escolhido pela Marinha para realizar as missões mais difíceis, normalmente em parceria com a CIA, a agência de inteligência do governo americano. Oficialmente, o grupo sequer existe, Um dos antigos membros do Team 6, o atirador de elite Howard Wasdin, escreveu um livro sobre seus tempos de combatente, a ser lançado na semana que vem.

A primeira frase do livro explica em poucas palavras a importância da tropa: “Quando a Marinha americana precisa de seus melhores homens, envia os SEALs. Quando os SEALs precisam de seus melhores homens, enviam o SEAL Team 6”, escreveu Wasdin.

HELL WEEKnos últimos cinco dias de treinamento, conhecidos como “Semana Infernal”, os postulantes a SEAL passam por uma simulação de guerra, com exercícios físicos extenuantes, tiros e explosões. O treinamento dessa equipe é semelhante à formação das principais tropas de elite no mundo. O exemplo brasileiro mais próximo é o do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar do Rio, o Bope, consagrado no filme Tropa de Elite.

A diferença é que o regime imposto aos soldados SEAL é muito mais longo e extenuante, Segundo o site da revista americana Newsweek, os últimos cinco dias de treinamento são conhecidos como “Hell Week” (“Semana Infernal”, em tradução livre), com simulação de um ambiente de guerra.

Os soldados são submetidos a rigorosos testes físicos em meio a tiros e explosões. Assim como acontece no treinamento do Bope, no Rio, quem não resiste à provação pode tocar uma sineta e desistir. Ainda segundo a Newsweek, dois em cada três soldados “pedem para sair”.

Quando o presidente Barak Obama anunciou a morte de Bin Laden, a mídia imediatamente posicionou suas lentes rumo a esse super comando. Seus soldados foram ovacionados como heróis nacionais, tornaram-se motivo de orgulho da nação e admiração no mundo inteiro. Que exército não gostaria de ter em suas fileiras homens desse nível?

A Lógica do Reino de Deus

É bastante conhecida a filosofia que afirma que somente os mais aptos sobrevivem; que o mercado é seletivo, escolhendo os melhores e excluindo os piores. Essa é a lógica! Como seres racionais estamos habituados com os princípios governados pela lógica formal. Todavia, no reino de Deus as coisas nem sempre são assim.

Muitas vezes essa “lógica” do reino se apresenta totalmente invertida. Por exemplo, quem não está disposto a perder também não ganha (Fp 3.7-8); quem não dá também não recebe (At 20.35); quem não perdoa também não é perdoado (Mt 6.13); quem não se humilha também não é exaltado (Lc 14.1); quem busca primeiramente as coisas secundárias não receberá as primárias (Mt 6.33); quem quiser ser o maior então deverá se tornar pequeno (Lc 22.26).

Isso pode ser visto com toda clareza no processo de “seleção” feito por Deus. Quem Ele escolhe?

“Porque os judeus pedem sinal, e os gregos buscam sabedoria; mas nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus e loucura para os gregos. Mas, para os que são chamados, tanto judeus como gregos, lhes pregamos a Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus. Porque a loucura de Deus é mais sábia do que os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens. Porque vede, irmãos, a vossa vocação, que não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos os poderosos, nem muitos os nobres que são chamados. Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes.

E Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são para aniquilar as que são; para que nenhuma carne se glorie perante ele. Mas vós sois dele, em Jesus Cristo, o qual para nós foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção; para que, como está escrito: Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor (1 Co 1.22-31).

Aqui aparece uma lógica que parece não ter lógica alguma! Paulo fala que Deus escolheu não os melhores, mas escolheu as coisas loucas, fracas, humildes, desprezíveis e que não são! Deus foi até ao lixão da humanidade e dali escolheu as suas escórias. (Por outro lado, a sabedoria de Deus transforma em tolo aquele que parecia sábio (vv.19-22); transforma em fraco quem achava que era forte (vv. 22-25) e deu realeza a quem não possuía nenhuma vv. 26-29).

O expositor bíblico William Barclay destacou esse fato. Tanto os gregos, conhecidos pela sua cultura, como os judeus piedosos, tinham em conta os cristãos como néscios. Paulo faz uma citação livre do Profeta Isaias (Is 29.14 e 33.18) para mostrar que a sabedoria humana havia fracassado. isso porque o mundo com toda a sua sabedoria não havia chegado ao conhecimento de Deus e continua buscando e tentando a1 cancã-la. Essa busca, sem sucesso, foi permitida por Deus para mostrar sua própria incapacidade e preparar o caminho para Jesus, a verdadeira sabedoria.

A mensagem pregada pelos primitivos cristãos (At 2.14-39; 3.12-26; 4.8-12 e 10.36-43), que provocou escândalo entre os judeus e tornou-se loucura para os gregos, pode ser resumida como segue:

1. Consistia no anúncio da chegada do reino de Deus;
2. Era fundamentada no anúncio da morte e ressurreição de Jesus;
3. Demonstrava que o que eles pregavam era cumprimento das profecias;
4. Era de natureza escatológica, isto é, mostra que Jesus voltará outra vez;
5. Chamava as pessoas ao arrependimento, mostrando que dessa forma era recebido o dom do Espírito Santo.

Barclay observa que os judeus se escandalizaram com essa mensagem por várias razões, Primeiramente os judeus não podiam aceitar que alguém que fora morto em uma cruz, instrumento de maldição para eles (Dt 21.23), fosse escolhido por Deus para ser o Messias. Ao contrário de tudo isso, os judeus estavam na expectativa de um Messias político, guerreiro que enfrentaria o Império Romano com a força das armas.

Os gregos, por outro lado, não viam qualquer sentido na mensagem dos apóstolos por outras razões, Os gregos achavam uma falta de bom senso a ideia de um Deus que se fez homem, tornando-se vulnerável como os mortais, sentindo fome e dores. Deus, na concepção deles, era incapaz de possuir os sentimentos tão comuns aos mortais. Era o que eles denominavam de aphateia. Para um dos seus principais filósofos, Plutarco, era um insulto a Deus envolvê-lo em assuntos humanos, Portanto, a ideia de Deus se fazendo homem, conhecida na teologia cristã como encarnação, era totalmente repulsiva para os gregos. Não é de admirar que quando o apóstolo Paulo pregou Jesus e a ressurreição em Atenas, os gregos o ridiculizaram, Eles achavam que a “ressurreição”, que em grego é uma palavra feminina, seria a esposa de Jesus (At 17.32),

Homens, não Deuses!

Na cultura contemporânea traços dessa mentalidade judaica e grega ainda persistem e contaminaram setores do cristianismo institucional. Mas não são esses os princípios que apreendemos do cristianismo primitivo. Na escolha dos discípulos de Jesus não vemos o mérito sendo usado como critério de seleção. Pelo contrário, vemos a graça de Deus lidando com as imperfeições. Esses homens até mesmo falharam quando esperávamos que acertassem.

Por serem discípulos de Jesus, começamos a imaginar que esses homens eram os melhores em suas áreas. Gostaríamos que os discípulos de Jesus fossem uma espécie de SEAL TEAM 6. E mais, por terem aprendido aos pés do maior Mestre da história da humanidade, pensamos que os mesmos chegaram à perfeição.

Mas não é isso que descobrimos quando lemos os Evangelhos. As narrativas bíblicas em vez de apresentarem heróis, mostram homens rodeados de imperfeições e limitações. Aprenderam sim com o Mestre e nunca mais foram as mesmas pessoas, mas não deixaram de ser humanos.

Às vezes se tem a ideia de que a fé cristã para ser genuinamente bíblica deve anular todas as fragilidades humanas, eliminar todos as suas limitações. Mas não é assim que a coisa acontece, nem tampouco é isso o que ensinam os Evangelhos. Deus trabalha sim com homens, mas homens imperfeitos, limitados e que constantemente estão dependendo dEle. Esse princípio é valido para todas as áreas da vida cristã. Estão presente na vida do leigo e também do clérigo. São esses princípios que nos tornam humanos ou que revelam a nossa humanidade e consequentemente a nossa carência de Deus.

Decepcionados ao Pé do Monte

Deus é soberano, age, intervém, mas atua respeitando nossas limitações. E o mesmo princípio que encontramos na vida dos discípulos de Jesus.

“E aconteceu, no dia seguinte, que, descendo eles do monte, lhes saiu ao encontro uma grande multidão. E eis que um homem da multidão clamou, dizendo, Mestre, peço-te que olhes para meu filho, porque é o único que eu tenho. Eis que um espírito o toma, e de repente clama, e o despedaça até espumar; e só o larga depois de o ter quebrantado. E roguei aos teus discípulos que o expulsassem, e não puderam. E Jesus, respondendo, disse: O geração incrédula e perversa! Até quando estarei ainda convosco e vos sofrerei? Traze-me cá o teu filho. E, quando vinha chegando, o demônio o derribou e convulsionou; porém Jesus repreendeu o espírito imundo, e curou o menino, e o entregou a seu pai” (Lc 9.37-43).

A meu ver esse é um dos textos mais contundentes sobre as limitações dos discípulos de Jesus. É um texto que mostra claramente que os discípulos não eram homens perfeitos nem ilimitados. Eles foram derrotados diante de um possesso de demônio. Um desesperado pai exclama: “Roguei a teus discípulos que o expulsassem, e não puderam!” Não é que eles não tentaram! Tentaram, mas não puderam. E por que não puderam? As razões podem ser muitas. Jesus os censurou denominando-os de “geração incrédula” (Lc 9.41).

Eles não apenas faziam parte de uma cultura incrédula, como também assimilaram seus valores. Foram contaminados pela cultura ao seu redor! Essa “contaminação cultural” sempre foi um perigo iminente para o povo de Deus.

Na passagem paralela do Evangelho de Marcos encontramos o texto: “Quando eles se aproximaram dos discípulos, viram numerosa multidão ao redor e que os escribas discutiam com eles” (Mc 9,14). Em vez de expelir o demônio, entraram em divagações teológicas com os escribas. Perderam o foco! Quando se perde o foco, os debates teológicos se tornam mais importantes do que a missão de libertar vidas.
Por outro lado, os discípulos aprenderam a viver à sombra do seu Mestre. Acostumaram apenas a assistir Jesus expulsar os demônios e agora que tinha chegado o momento deles mesmos fazerem isso, não fizeram. Jesus também os alertou sobre a necessidade da oração em casos como esse (Mc 9. 29).

Em outras palavras, não basta recorrer ao uso de técnicas e fórmulas na solução de coisas espirituais. Antes, é preciso cultivar um relacionamento com Deus, Os discípulos parecem ter esquecido que o ministério de libertação dependia do Espírito Santo, O Evangelho de Mateus associa o Espírito Santo com a expulsão de demônios durante o ministério público de Jesus: “Se, porém, eu expulso demônios pelo Espírito de Deus, certamente é chegado o reino de Deu sobre vós” (Mt 12.28). Esse mesmo texto na teologia carismática de Lucas recebe a seguinte redação: “Se, porém, eu expulso os demônios pelo dedo de Deus, certamente, é chegado o reino de Deus sobre vós” (Lc 11.20).

Não creio que os discípulos tivessem que passar por esse vexame. Como vimos em outro lugar desse livro, o Senhor deu-lhes autoridade sobre as forças do mal (Lc 10.17-19; Cl 2.14,15; Ef 1.20; 2.6).

Essa autoridade, portanto, não acontece fora do senhorio de Jesus nem tampouco vem de forma automática. É fruto de um relacionamento com Deus e do poder do Espírito Santo. Se os princípios do evangelho do reino são seguidos, então não tem como dar errado.

Lembro que no final dos anos 80 e início dos anos 90 eu e mais dois companheiros estávamos fazendo um trabalho evangelístico em um dos bairros da nossa cidade. Quando chegamos à determinada residência, vimos um aglomerado de pessoas naquela casa. Após pedirmos permissão, adentramos no recinto e encontramos uma jovem deitada sobre uma cama, aparentemente sem nenhum sinal de vida.

Foi nos informado pelo dono da casa que ela era a rainha de um culto afro-brasileiro e que havia tomado dezessete comprimidos de uma vez na intenção de cometer suicídio. Após recebermos autorização para fazermos uma oração por aquela jovem, desloquei-me em sua direção e impondo minhas mãos sobre ela percebi que forças malignas eram responsáveis por aquela situação.

Ao confrontar as forças do mal no poderoso nome de Jesus, vi aquela moça levantar-se com grande fúria e ficar frente a frente comigo. Falando em voz cavernosa e masculina disse que ia matá-la. Eu retruquei que isso não iria acontecer mais porque eles iriam ter que sair no nome de Jesus. Dito isso a jovem caiu no chão para logo em seguida se levantar, Confessou o Senhor Jesus como Senhor e Salvador e continua servindo a Ele com a sua família até hoje.
Primazia e Exclusivismo

“Levantou-se entre eles uma discussão sobre qual deles seria o maior. Mas Jesus, sabendo o que se lhes passava no coração, tomou uma criança, colocou-a junto a si e lhes disse: Quem receber esta criança em meu nome a mim me recebe; e quem receber a mim recebe aquele que me enviou; porque aquele que entre vós for o menor de todos, esse é que é grande” (Lc 9.46-48).

Bispo de Alexandria

O escritor egípcio Michael Youssef ilustrou como esse desejo por primazia se torna uma poderosa ferramenta nas mãos do Diabo. Youssef conta que no século V, um famoso homem santo costumava passar muito tempo orando no deserto, tal como fez Jesus, Assim como Cristo, esse homem santo sofria tentações.
Tão santo era ele, que o Diabo enviou um pelotão inteiro de demônios com o intuito específico de fazê-lo tropeçar e pecar — em suma, fazer o que fosse necessário para que o homem de Deus caísse. Eles utilizaram todos os métodos usuais. Pensamentos lascivos para arrastar seu espírito para baixo. Fadiga, para impedi-lo de orar. Fome, para fazê-lo abandonar seus jejuns. Mas não importava o que eles tentassem, ou quão arduamente trabalhassem, seus esforços sempre eram inúteis, No fim, Satanás estava tão irritado com a incompetência de seus lacaios, que os afastou do projeto e assumiu ele mesmo a operação.

“O motivo do fracasso”, ensinava ele a seus seguidores, “é que vocês usaram métodos muitos toscos com aquele homem. Ele não sucumbirá a um ataque direto. Vocês precisam ser sutis e atacá-lo de surpresa. Agora, observem o mestre em ação!”

O Diabo, então, aproximou-se do homem santo de Deus e, muito suavemente, sussurrou estas palavras em seus ouvidos: “Seu irmão foi ordenado Bispo de Alexandria”,

Imediatamente, o maxilar do homem de Deus se enrijeceu. Seus olhos se apertaram. Suas narinas se dilataram, O Bispo de Alexandria! Seu irmão! Que ultraje!

Continuando, diz Yosseff, “Bem, isso é urna lenda, não urna história. Mas ela mostra um ponto importante. Observe que os demônios que tentaram o homem santo não chegaram a lugar nenhum usando os grandes pecados morais. Ele podia vê-los chegando a um quilômetro de distância, e conseguia defender-se, Então, o que fez Satanás? Usou um pecado socialmente aceitável.

Ele até mesmo o adequou à fraqueza particular daquele homem. Ele sabia que o homem estava vigilante contra a tentação da carne, e que era inútil tentar emboscá-lo daquela maneira. Assim, entrou de forma sutil usando a inveja e orgulho espiritual, e o fez pensar: ‘Ei, eu sou o santo da família. Por que o meu irmão está sendo ordenado Bispo de Alexandria e não eu?”

Querer ser o primeiro, o maior, o chefe ainda continua sendo cima poderosa tentação para muitos cristãos. Quando acontece no meio da liderança então, os seus efeitos são muito mais catastróficos. Hoje estamos vivenciando uma verdadeira fragmentação da igreja evangélica no Brasil e a causa principal é a disputa pela liderança. Ninguém quer mais ser índio, todos querem virar cacique.

Um Alerta contra o Consumismo

“A seguir, dirigiu-se Jesus a seus discípulos, dizendo: Por isso, eu vos advirto: não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer, nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir. Porque a vida é mais do que o alimento, e o corpo, mais do que as vestes” (Lc 12.22,23).

Na passagem paralela de Mateus os discípulos são advertidos pelo Senhor a não assumirem o comportamento dos gentios. Os gentios aqui representam uma mentalidade mundana e consumista.

“Por isso, vos digo: não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo, mais do que a vestimenta? Olhai para as aves do céu, que não semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta.

Não tendes vós muito mais valor do que elas? E qual de vós poderá, com todos os seus cuidados, acrescentar um côvado à sua estatura? E, quanto ao vestuário, porque andais solícitos? Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham, nem fiam. E eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles. Pois, se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno, não vos vestirá muito mais a vós, homens de pequena fé? Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos ou que beberemos ou com que nos vestiremos? (Porque todas essas coisas os gentios procuram.) Decerto, vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas essas coisas; Mas buscai primeiro o Reino de Deus, e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas, Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal” (Mt 6.25.34).

A preocupação demasiada com as coisas desta vida demonstrou a imaturidade dos discípulos que ainda não tinham conseguido adquirir uma mentalidade diferente daquela da cultura à sua volta. Jesus deixou bem claro que os “gentios procuram todas essas coisas” (Mt 6,32). Que coisas?

1. Os gentios valorizavam mais o corpo do que a alma, mais a estética do que a ética (Mt 6.25). Os gentios, especialmente os gregos, não apenas cuidavam do corpo mas o cultuavam. Havia um verdadeiro culto somático na Grécia antiga. Evidentemente que esse cuidado tinha reflexos na escala de valores onde o estético se sobrepunha ao ético. Não é errado cuidar do corpo nem tampouco zelar pela sua aparência, mas isso não constitui essência da existência humana. Hoje há uma preocupação demasiada com a imagem, com o que é visto e tocado. Todavia não há esse mesmo interesse naquilo que parece abstrato, como os valores da alma.

2. Os gentios entesouravam na terra, mas não possuíam reservas no céu (Mt 6.26). Jesus incentivou o investimento em valores espirituais e não a simples aquisição de coisas materiais. Mais importante do que construir grandes impérios terrenos é a aquisição de tesouros eternos.

3. Os gentios buscavam as coisas grandes esquecendo-se das pequenas (Mt 6.28-30). A busca pelas coisas grandes acaba por ofuscar a forma como se vê as pequenas. Qual o valor de um passarinho ou uma plantinha? Que lições elas podem nos ensinar? Deus está preocupado com coisas tão pequenas? A ideia que se tem é que Deus tem coisas mais importante para fazer. Todavia, nos ensinos de Cristo, as pequenas coisas são revestidas de um grande valor diante de Deus. Ele se preocupa com elas. Nós, como criaturas feitas pela sua própria mão, somos muito mais importantes.

4. Os gentios priorizavam a obrigação, mas esqueciam a devoção (Mt 6.33).
A lógica prioriza a obrigação, o trabalho, a empresa, os negócios. Não há nada errado em se trabalhar, cumprir horários e buscar o resultado na produção. Isso faz parte da vida. Todavia, na vida cristã, a obrigação e a devoção são como os dois lados da mesma moeda. Na verdade, à luz do Novo Testamento, não existe um dualismo que separa o trabalho da adoração. O nosso culto deve ser racional e, portanto, envolve todas as dimensões do nosso ser. Todavia, quando o reino é sacrificado por conta de uma inversão de valores, colocando-se Deus em segundo plano, então alguma coisa está errada, O reino deve vir em primeiro lugar.

5. Os gentios preocupavam-se muito com o futuro, mas esqueciam o presente (Mt 6.35). Como será o dia de amanhã? Ninguém sabe, senão Deus! Então porque se preocupar tanto com o amanhã? Os gentios não apenas se preocupam com o dia de amanhã ou fazem projetos para isso, mas querem controlá-lo. Somente Deus conhece o futuro e tem o poder de controlá-lo.
Tudo o que escrevi tem a ver com uma cultura de consumo. O consumismo parece ser uma prática humana bem antiga, pois Jesus já advertia seus discípulos para não andarem preocupados com o dia de amanhã. O cuidado com a aparência e o estômago tem sido uma das principais preocupações da sociedade pós-moderna. Zygmunt Bauman observou acertadamente que “em uma sociedade de consumidores é muito difícil ser sujeito (gente) sem primeiro virar mercadoria”. E verdade! O desejo pelo bem-estar e a busca desenfreada pelo prazer é uma das principais marcas dessa geração.



Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus
Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS

BIBLIOGRAFIA

Lucas – O Evangelho de Jesus, O Homem Perfeito, Pr José Gonçalves- CPAD