18 de abril de 2017

ISAQUE, UM CARÁTER PACÍFICO


ISAQUE, UM CARÁTER PACÍFICO

 

Texto Áureo = “E disse Deus: Na verdade, Sara, tuamulher, te dará um filho, e chamarás oseu nome Isa que; e com ele estabelecereio meu concerto, por concerto perpétuopara a sua semente depois dele.”(Gn 1.7.19)

 

Verdade Prática = Isa que, segundo filho de Abraão, deixou um exemplo de humildade e submissão a Deus e a seus pais.

 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE = Gênesis 26.12-25

 

INTRODUÇÃO

 

O nome Isaque significa “riso”. Ele era o único filho de Abraão com sua esposa, Sara. Assim, um elo vital na linhagem que levava a Cristo. (1Cr 1:28, 34; Mt 1:1, 2; Lu 3:34) Isaque foi desmamado com cerca de 5 anos; quase que foi oferecido como sacrifício, quando tinha talvez 25 anos; casou-se aos 40; tornou-se pai de gêmeos aos 60 e morreu com 180 anos. — Gên 21:2-8; 22:2; 25:20, 26; 35:28.

 

I – ISAQUE O FILHO DA PROMESSA

 

O nascimento de Isaque ocorreu sob circunstâncias bem incomuns. Tanto o pai como a mãe dele já eram bem idosos, já tendo há muito cessado a menstruação de sua mãe. (Gên18:11) Assim, quando Deus disse a Abraão que Sara daria à luz um filho, ele se riu dessa perspectiva, perguntando: “Nascerá um filho a um homem de cem anos de idade, e dará à luz Sara, sim, uma mulher de noventa anos de idade?” (Gên 17:17) Ao saber o que ocorreria, Sara também riu. Daí, “no tempo designado” do ano seguinte, nasceu o menino, provando que nada é ‘extraordinário demais para Yehowah’. (Gên 18:9-15) Sara então exclamou: “Deus me preparou riso”, acrescentando: “Todo aquele que ouvir isso há de se rir de mim.” E assim, exatamente como Deus dissera, o menino foi apropriadamente chamado de Isaque, que significa “Riso”. — Gên 21:1-7; 17:19.

 

Pertencendo à casa de Abraão, e sendo o herdeiro das promessas, Isaque foi devidamente circuncidado, no oitavo dia. — Gên 17:9-14, 19; 21:4; At 7:8; Gál4:28.

 

Sabemos da história de Abraão. Ele recebeu a promessa do próprio Deus; porém, não conseguiu esperar com paciência. O tempo foi passando e então, procurou fazer um filho por si mesmo. Seus próprios desejos, sua própria vontade, à parte de Deus. Então veio Ismael que, segundo o apóstolo Paulo, foi um filho da carne. Ismael não foi o filho da promessa. Este episódio está registrado em Gênesis 16. Havia passado dez anos desde que o Senhor havia dado a promessa de um herdeiro. Aos 85 anos Abraão, impacientemente proveu um filho da carne.

 

Houve um silêncio de Deus por 15 anos, até que o Deus da promessa reaparece e lhe reafirma a promessa. Em seguida, no tempo determinado de Deus a promessa se cumpre. Gênesis 21:1-3 – “Visitou o Senhor a Sara, como lhe dissera, e o Senhor cumpriu o que lhe havia prometido. Sara concebeu e deu à luz um filho a Abraão na sua velhice, no tempo determinado, de que Deus lhe falara. Ao filho que lhe nasceu, que Sara lhe dera à luz, pôs Abraão o nome de Isaque”. Este sim, foi filho da promessa.

 

Falando como pastor, muitas vezes dá vontade de encher a igreja com os filhos da carne para que todos vejam que temos um ministério bem sucedido. Passa-se anos e a igreja não cresce, a incredulidade bate à porta e a carne começa a querer agir por si, independente de Deus. Deus havia dado a promessa à Abraão: “aquele que será gerado de ti será o teu herdeiro” (Gn. 15:4). Como o número das estrelas, “será assim a tua posteridade” (Gn. 15:5). No entanto, Sara, a esposa de Abraão era estéril (Gn. 11:30). E “não lhe dava filhos” (Gn. 16:1).

 

Diante deste panorama, fica fácil querer agir na carne a fim de prover filhos da carne. Abraão, um homem de fé, devido às circunstâncias desalentadoras, falhou no esperar a promessa de Deus. Este é o ponto em que muitos falham também. Não conseguem esperar a promessa Daquele que é fiel. Uma irmã solteira diz: “já estou ficando velha e não vejo nenhum rapaz na igreja. Preciso dar um jeito senão acabo solteirona”. Abraão, por não ter paciência e não esperar em Deus, agiu por conta próprio e fez um filho da carne. Muitos jovens, impacientemente, entram na carne, na fornicação e acabam fazendo filhos da carne.

 

A história nos comprova que Ismael, o filho da carne de Abraão trouxe e ainda traz muitos problemas para os descendentes de Isaque, o filho da promessa. Muitos jovens da igreja olham as circunstâncias e se esquecem de olhar para o Alto, de esperar no Deus que cumpre Suas promessas.  Deus veio a este homem que já tinha um filho da carne e o surpreende dizendo que sua velha e estéril esposa teria um filho. (Gênesis 17:16 e 19). Deus não se esquece das suas promessas.

 

A esta altura, Sara está com 90 anos e Abraão com 100. Ambos estavam totalmente incapacitados para ter um filho. Tudo que possuíam era a promessa de Deus, nada mais. Para aqueles que creem, isto é tudo, Sua promessa é suficiente. A única esperança para que o filho da promessa venha é através de um milagre de Deus. Somente o poder de Deus pode fazer nascer um filho da promessa. Felizes aqueles que realmente confiam no Senhor e esperam Nele. Aqueles que agem na carne sofrerão, mas aqueles que, pela fé, esperaram o filho da promessa, serão abençoados.

 

Este testemunho da vida de Abraão é para que creiamos no milagre do novo nascimento. Quando tudo parece impossível aos nossos olhos, quando estivermos em total falência de nós mesmos, quando tudo parece perdido. Este é o momento do milagre de Deus, este é o momento de fazer nascer um filho da promessa. Novo nascimento é um milagre, só Deus pode realizar.

Ele o faz naquele que crê e espera. Abraão esperou 25 anos para poder ver o filho da promessa. Certamente ele queria ter visto bem antes. Mas as coisas de Deus seguem o tempo Dele, não o nosso. O filho da promessa não nasce da vontade da carne ou do sangue, mas de Deus. João 1:13 – “os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus”. Os filhos da promessa provêm da vontade de Deus, não do homem.

 

Os únicos filhos da promessa são aqueles que foram gerados em Cristo Jesus, nasceram do espírito. São os regenerados, os nascidos de novo. Efésios 2:10 – “Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas”. Outrora, como filhos da carne, vivíamos desagradando a Deus, vivíamos na carne. Lutávamos, esforçávamos e procurávamos prosperar com as nossas próprias forças. Mas agora, pela cruz, ao nascermos de novo, tornamo-nos filhos da promessa. Ismael, o filho da carne, precisou sair da casa do pai; porém, Isaque, o filho da promessa, permaneceu com o Pai e foi grandemente abençoado.

 

Hoje, como filhos da promessa, também somos abençoados como Isaque. Gálatas 3:8-9 – “Ora, tendo a Escritura previsto que Deus justificaria pela fé os gentios, preanunciou o evangelho a Abraão: Em ti, serão abençoados todos os povos. De modo que os da fé são abençoados com o crente Abraão”. Como é bom ser um nascido de novo, ser um filho da promessa. Tudo isso tornou-se possível porque nosso Amado se entregou por nós na cruz.

 

Ninguém pode se tornar um filho da promessa sem passar pela cruz de Cristo. Por causa do Cristo crucificado, tornamo-nos filhos da promessa e a bênção agora nos alcança. Gálatas 3:13-14 – “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar (porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro), para que a bênção de Abraão chegasse aos gentios em Jesus Cristo, a fim de que recebêssemos, pela fé, o Espírito prometido”. Muitos nasceram debaixo da maldição como consequência dos pecados dos pais que, por sua vez, eram filhos da carne.

 

Mas Deus, por meio de Jesus Cristo, nos resgatou da maldição da velha vida da carne e nos fez filhos da promessa. Isto é novo nascimento, isto é passar pela cruz. A cruz foi a porta pela qual nossa vida de escravidão e maldição ficou para trás. Há duas classes de pessoas: os filhos da carne e os filhos da promessa. Gálatas 4:22-23 – “Pois está escrito que Abraão teve dois filhos, um da mulher escrava e outro da livre. Mas o da escrava nasceu segundo a carne; o da livre, mediante a promessa”. Em qual delas você está hoje? Somente pela cruz de Cristo podemos passar da escravidão para a liberdade; da maldição para a bênção, da carne para a promessa. Jesus Cristo, nenhum outro mais, pode realizar este milagre. Ele já fez isso em mim, aleluia! Desejo ardentemente que você também seja um filho da promessa ao nascer Dele.

 

Gálatas 4:28 – “Vós, porém, irmãos, sois filhos da promessa, como Isaque”.

II - O HOMEM DE DEUS NÃO É ISENTO DE DEFEITOS = VS. 7-11

 

"6 Assim habitou Isaque em Gerar. 7 Então os homens do lugar perguntaram-lhe acerca de sua mulher, e ele respondeu: É minha irmã; porque temia dizer: É minha mulher; para que porventura, dizia ele, não me matassem os homens daquele lugar por amor de Rebeca; porque era ela formosa à vista. 8 Ora, depois que ele se demorara ali muito tempo, Abimeleque, rei dos filisteus, olhou por uma janela, e viu, e eis que Isaque estava brincando com Rebeca, sua mulher. 9 Então chamou Abimeleque a Isaque, e disse: Eis que na verdade é tua mulher; como pois disseste: E minha irmã? Respondeu-lhe Isaque: Porque eu dizia: Para que eu porventura não morra por sua causa. 10 Replicou Abimeleque: Que é isso que nos fizeste? Facilmente se teria deitado alguém deste povo com tua mulher, e tu terias trazido culpa sobre nós. 11 E Abimeleque ordenou a todo o povo, dizendo: Qualquer que tocar neste homem ou em sua mulher, certamente morrerá".

 

1. Isaque, como todo servo de Deus, teve falhas em sua vida. Habitando no meio dos filisteus, mentiu acerca de Rebeca sua mulher, dizendo que ela era sua irmã, temeroso por sua própria vida, pois acreditava que se falasse a verdade, aqueles homens o matariam para ficar com sua mulher. Porém sua trama foi descoberta por Abimeleque, rei dos filisteus, que o repreendeu e ao mesmo tempo deu uma ordem ao seu povo para que não tocassem em Rebeca.

 

2. Este episódio em sua vida foi semelhante ao episódio ocorrido com Abraão e Sara, seus pais, quando estiveram no Egito,Gn 12.11-13, "11 Quando ele estava prestes a entrar no Egito, disse a Sarai, sua mulher: Ora, bem sei que és mulher formosa à vista; 12 e acontecerá que, quando os egípcios te virem, dirão: Esta é mulher dele. E me matarão a mim, mas a ti te guardarão em vida. 13 Dize, peço-te, que és minha irmã, para que me vá bem por tua causa, e que viva a minha alma em atenção a ti".

 

3. Mesmo que Isaque, ou Abraão tenham mentido para salvar a própria "pele", Deus não compactuaria com eles. Sabemos que a mentira não deve fazer parte da vida de um filho de Deus! A Bíblia em Jo 8.44, afirma que quem mente é filho do Diabo, que é o pai da mentira: "Vós tendes por pai o Diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai; ele é homicida desde o princípio, e nunca se firmou na verdade, porque nele não há verdade; quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio; porque é mentiroso, e pai da mentira". Certamente Deus não se agradou de Isaque em sua mentira! Porém, precisamos entender que um filho de Deus, pode ter falhas, cometer pecados. Queremos percorrer alguns textos da Palavra de Deus que nos advertem sobre o fato de que não somos impecáveis, sem erro:

 

Rm 7.17-24, - O presente texto da Palavra de Deus nos mostra o apóstolo Paulo diante de um grande dilema: conviver com sua natureza pecaminosa, carnal, e ao mesmo tempo levar uma vida santificada para Deus.

Ele nos mostra sua luta interna em querer fazer o bem, mas uma força contrária, a natureza de Adão enraizada nele, o arrastando para o mal. Seu pior inimigo, era ele próprio, sua carne! Enquanto estamos neste mundo, precisamos travar uma tremenda luta contra nossas tendências pecaminosas, porque como Paulo, o mal nos perseguirá. Em outro texto, o grande apóstolo nos fala desta horrenda batalha entre a carne e o espírito do homem, Gl 5.17, "Porque a carne luta contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes se opõem um ao outro, para que não façais o que quereis".

 

- Sabendo que carne é inimiga de Deus, pois Deus é Espírito, precisamos "andar no Espírito", afastando continuamente estas inclinações de nossa vida, para vivermos uma vida em Deus, Rm 8.13, "porque se viverdes segundo a carne, haveis de morrer; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis". A vida em Deus, deve ser "em Espírito" e não "na carne"! Porém, não devemos nos surpreender se em alguma ocasião nossa carne ressurgir e assumir o comando, nos causando estragos irreparáveis. Precisamos caminhar a vida cristã com muito cuidado, procurando estabelecer o domínio do espírito contra a carne!

 

III. O HOMEM DE DEUS DEVE SER PRUDENTE = VS. 12-14

 

"12 Isaque semeou naquela terra, e no mesmo ano colheu o cêntuplo; e o Senhor o abençoou. 13 E engrandeceu-se o homem; e foi-se enriquecendo até que se tornou mui poderoso; 14 e tinha possessões de rebanhos e de gado, e muita gente de serviço; de modo que os filisteus o invejavam".

 

1. Quando Isaque se estabeleceu naquela terra, nos diz o texto que "...semeou ... e no mesmo ano colheu o cêntuplo". Observe que Isaque poderia ter comido as sementes que estavam em suas mãos, como muitos fazem. Mas não fez isso. Antes, lançou a semente à terra e pôde colher em abundância. Temos aqui uma lição de inteligência e ao mesmo tempo de prudência. O prudente é aquele que se prepara para o amanhã e não aquele que vive apenas o hoje, Pv 6.6-8, "6 Vai ter com a formiga, ó preguiçoso, considera os seus caminhos, e sê sábio; 7 a qual, não tendo chefe, nem superintendente, nem governador, 8 no verão faz a provisão do seu mantimento, e ajunta o seu alimento no tempo da ceifa".

 

2. Este princípio se aplica também ao terreno espiritual: "... pois tudo o que o homem semear, isso também ceifará", Gl 6.7. Na verdade, a abundância de nossa colheita será proporcional à quantidade de sementes lançadas. Se na lavoura, a multiplicação da semente pode chegar ao cêntuplo, o mesmo também se aplica às verdades espirituais. Deus nos abençoará na medida em que semearmos.

 

 

 

 

 

IV. O HOMEM DE DEUS DEVE SER PACIFICADOR = VS. 14-22

 

"14 e tinha possessões de rebanhos e de gado, e muita gente de serviço; de modo que os filisteus o invejavam. 15 Ora, todos os poços, que os servos de seu pai tinham cavado nos dias de seu pai Abraão, os filisteus entulharam e encheram de terra. 16 E Abimeleque disse a Isaque: Aparta-te de nós; porque muito mais poderoso te tens feito do que nós. 17 Então Isaque partiu dali e, acampando no vale de Gerar, lá habitou. 18 E Isaque tornou a cavar os poços que se haviam cavado nos dias de Abraão seu pai, pois os filisteus os haviam entulhado depois da morte de Abraão; e deu-lhes os nomes que seu pai lhes dera. 19 Cavaram, pois, os servos de Isaque naquele vale, e acharam ali um poço de águas vivas. 20 E os pastores de Gerar contenderam com os pastores de Isaque, dizendo: Esta água é nossa. E ele chamou ao poço Eseque, porque contenderam com ele. 21 Então cavaram outro poço, pelo qual também contenderam; por isso chamou-lhe Sitna. 22 E partiu dali, e cavou ainda outro poço; por este não contenderam; pelo que chamou-lhe Reobote, dizendo: Pois agora o Senhor nos deu largueza, e havemos de crescer na terra".

 

1. Ao fixar-se naquela terra e por ser um homem abençoado por Deus, agraciado com muitos animais e com muita gente de serviço, Isaque despertou grande inveja nos filisteus, que se voltariam contra ele em forma de retaliação. Seus inimigos começaram a entulhar os poços de água, anteriormente construídos pelo seu pai Abraão. Diante daquela situação conflituosa, o Rei dos filisteus, Abimeleque, pediu que Isaque saísse do meio deles, pois achava que o centro da contenda fosse Isaque e sua gente.

 

2. Saindo dali, Isaque foi para o vale de Gerar, para lá habitar. Novos poços foram cavados, dos quais surgiram "águas vivas", (v. 19), que poderia ser uma referência à águas de excelente qualidade potável. Novamente, ressurge nova contenda! Agora eram os pastores de Gerar contendendo com os pastores de Isaque, que disputavam as águas encontradas. Sempre que um poço era cavado, vinham seus inimigos e ficavam com a posse dele. Isaque se mudava para outro lugar, novamente vinham seus inimigos e começava tudo de novo!

 

3. O que podemos deduzir desta particularidade na vida de Isaque é o fato de que ele não era contencioso, briguento. Pelo contrário, fugia das brigas e das contendas! Em outras palavras, "levava o desaforo para casa"! Como ele era diferente de muitos de nós! Há crentes que vivem em eternas disputas dentro da igreja. Ora disputam por um cargo de liderança, ora por defenderem "suas opiniões". Tais irmãos acabam sempre sendo o palco de eternas divisões, discórdias e dissensões no meio do povo de Deus. A Palavra de Deus nos adverte que precisamos ser pacificadores e não "discordantes", "conscienciosos" e não contenciosos. Vejamos:

 

a) Mt 5.9 "Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus". Estamos diante de uma qualidade imprescindível para aquele que quer fazer parte do reino. O integrante do reino deve ser um "pacificador".

Esta palavra vem do grego "eirhnopoiov" – eirenopoios (lembre-se que esta palavra é uma derivação de "eirhnh" (eirene) – "paz") e tem como significado "promotor da paz". Não significa somente fugir de discórdias e contendas, mas também detectar o foco delas e jogar "água benta", pacificando irmãos em disputas, criando um clima de amizade e união no meio do povo de Deus.

 

b) Rm 12.18, "Se for possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens". É verdade que há situações onde a pacificação não depende somente de nós. Podemos ser "agraciados" com um inimigo gratuito, que nos odeia sem causa! Porém, o apóstolo Paulo é claro: "... se depender de vós, tende paz...". Em quase todas as ocasiões de conflito, se houvesse a aplicação do princípio aqui colocado, a paz reinaria rapidamente. O que acontece é justamente o contrário: muitos gostam de lançar "lenha ao fogo", e a contenda se intensifica. Observe que Paulo não fala somente da paz entre os irmãos, mas também da paz com "todos os homens", ou seja, estão envolvidos também aqui, aqueles que não são convertidos, no meio dos quais precisamos ser promotores da paz.

 

c) Hb 12.14, "Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor". Temos aqui uma exortação do escritor da Carta aos Hebreus, no sentido de que a paz deve ser "perseguida" a qualquer custo. O verbo "seguir" é o termo grego "diwkw" – dioko, que quer dizer "correr rapidamente para pegar uma pessoa ou coisa", "buscar avidamente". Devemos buscar a paz a qualquer custo! Procurar avidamente por ela! Note que a palavra paz é colocada junto com a palavra santificação, onde o autor nos diz que "... sem a santificação ninguém verá o Senhor". Não é isso sugestivo a nós?

 

4. Sejamos pacificadores, promotores de paz não somente na igreja, mas também no meio em que vivemos!

 

V. O HOMEM DE DEUS DEVE POSSUIR UMA VIDA CONTAGIANTE              VS. 26-31

 

"26 Então Abimeleque veio a ele de Gerar, com Auzate, seu amigo, e Ficol, o chefe do seu exército. 27 E perguntou-lhes Isaque: Por que viestes ter comigo, visto que me odiais, e me repelistes de vós? 28 Responderam eles: Temos visto claramente que o Senhor é contigo, pelo que dissemos: Haja agora juramento entre nós, entre nós e ti; e façamos um pacto contigo, 29 que não nos farás mal, assim como nós não te havemos tocado, e te fizemos somente o bem, e te deixamos ir em paz. Agora tu és o bendito do Senhor. 30 Então Isaque lhes deu um banquete, e comeram e beberam. 31 E levantaram-se de manhã cedo e juraram de parte a parte; depois Isaque os despediu, e eles se despediram dele em paz".

 

1. Depois de várias fugas de conflitos, Isaque foi procurado por Abimeleque, Auzate seu amigo e Ficol, chefe de seu exército, o que causou certa estranheza por parte de Isaque, que fez a Abimeleque uma pergunta obvia:

"Porque vieste ter comigo, visto que me odiais...?". A resposta do rei dos filisteus foi: "Temos visto que o Senhor é contigo...". Abimeleque propõe agora um acordo com Isaque: Dali para a frente eles seriam "amigos".

 

2. O que motivou Abimeleque a procurar Isaque? Foi pelo fato dele ter observado que Isaque não era uma pessoa comum, mas que estava debaixo da proteção e da guarda do Altíssimo. Quando vivemos a vida cristã verdadeiramente, seremos notados por outras pessoas! Teremos uma fé contagiante, a ponto destas pessoas quererem levar a vida que levamos. É o que podemos chamar de testemunho vivo e ativo. Como filhos de Deus precisamos ser bênção para outros!

 

3. Porém muitos crentes ao invés de possuir uma vida contagiante acabam por ter uma vida repulsiva. Ao invés de atraírem pessoas para junto de si, empolgadas em querer desfrutar da vida que levam, tornam-se pedras de tropeço! As Escrituras nos mostram que como filhos de Deus devemos influenciar para o bem, nunca para o mal.

 

VI. O HOMEM DE DEUS DEVE DESFRUTAR DE COMUNHÃO COM O SENHORVS. 2-5; 24-25

 

"2 E apareceu-lhe o Senhor e disse: Não desças ao Egito; habita na terra que eu te disser; 3 peregrina nesta terra, e serei contigo e te abençoarei; porque a ti, e aos que descenderem de ti, darei todas estas terras, e confirmarei o juramento que fiz a Abraão teu pai; 4 e multiplicarei a tua descendência como as estrelas do céu, e lhe darei todas estas terras; e por meio dela serão benditas todas as nações da terra; 5 porquanto Abraão obedeceu à minha voz, e guardou o meu mandado, os meus preceitos, os meus estatutos e as minhas leis. 24 E apareceu-lhe o Senhor na mesma noite e disse: Eu sou o Deus de Abraão, teu pai; não temas, porque eu sou contigo, e te abençoarei e multiplicarei a tua descendência por amor do meu servo Abraão. 25 Isaque, pois, edificou ali um altar e invocou o nome do Senhor; então armou ali a sua tenda, e os seus servos cavaram um poço".

 

1. Pelos versículos citados, podemos ver que Isaque desfrutava de uma intimidade com o Senhor. Tanto no versículo 2, como também no versículo 24, nos diz a Palavra de Deus que "o Senhor lhe apareceu". Isto nos fala de relacionamento, intimidade! No Velho Testamento, Deus somente se manifestava à pessoas que mantinham uma vida digna diante dEle.

 

O mesmo ocorre hoje. Deus não terá comunhão com alguém que não lhe seja obediente e submisso! Outro fator também é que Deus jamais entrará em contato com o homem, sem que este deseje recebê-lo. É por esta razão que o Espírito Santo somente pode habitar num coração convertido e nunca em alguém ainda não provou a graça e a salvação de Deus.

 

2. Em virtude do corre-corre do mundo de hoje, muitos filhos de Deus estão perdendo a bênção de uma intimidade com o Senhor. Para desfrutarmos de uma perfeita comunhão com Deus, precisamos dar tempo a Ele. Muitas vezes há necessidade de ficarmos horas e horas na presença de Deus, para que possamos conhecê-LO mais profundamente! É verdade que O podemos conhecer pela sua Palavra, onde sua vontade é revelada de forma clara! Porém é através da oração, da comunhão, da experiência, que podemos conhecê-LO intimamente.

 

Devemos sempre lembrar que o conhecimento de Deus não é estático, mas dinâmico. Já dizia o profeta: "Conheçamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor; a sua saída, como a alva, é certa; e ele a nós virá como a chuva, como a chuva serôdia que rega a terra", Os 6.3. Ou seja nosso conhecimento de Deus jamais terá limites! É preciso conhecê-LO, e prosseguir nesta busca de conhecimento. Porém, sabemos que o conhecimento pleno de Deus se dará apenas na eternidade, 1Jo 3.2, "Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifesto o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é, o veremos".

 

3. Como podemos conhecer ao Senhor de forma mais eficiente? Vejamos algumas maneiras de conhecer a Deus nas Escrituras:

 

a) Dando-LHE tempo, pela amizade, Jo 15.14, "Vós sois meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando". Devemos observar que a única maneira de nos tornarmos "amigos de Deus", é através da obediência à sua Palavra. Caso contrário, Deus não poderá compactuar-SE conosco. Lembrando de Abraão, não podemos nos esquecer que ele foi chamado "o amigo de Deus", Tg 2.23, "...e foi chamado amigo de Deus". Por quê Deus escolheu Abraão para ser seu amigo? Qual foi a razão desta intimidade? Certamente foi em virtude de sua obediência irrestrita ao Senhor e também pela sua disposição em estar em SUA presença.

 

b) Através da oração e busca, Jr 29.13, "Buscar-me-eis, e me achareis, quando me buscardes de todo o vosso coração". Em nossa busca a Deus, deve haver um envolvimento espiritual. O "coração" para os hebreus era a "parte mais interior do ser", "as entranhas", "o centro das emoções", etc. É por esta razão que Jesus manda que amemos a Deus de "...todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de todas as tuas forças", Mc 12.30. Em nossa busca a Deus devemos concentrar todo o nosso sentimento. Davi dizia: "Como o cervo anseia pelas correntes das águas, assim a minha alma anseia por ti, ó Deus!", Sl 42.1. Davi sabia como tocar o coração de Deus!

 

c) Andando continuamente com Ele, Gn 5.24, "Enoque andou com Deus; e não apareceu mais, porquanto Deus o tomou". Que exemplo brilhante temos na vida de Enoque, que por desfrutar de uma grande intimidade com o Senhor, não precisou passar pela morte física. Deus o tomou para si em uma de suas caminhadas com Ele! "Andar com Deus", deve ser para o filho de Deus uma prioridade!

Devemos deixar tudo para ficar a sós com Deus! Muitas vezes ocorre o inverso: Deixamos Deus para ficar com o "tudo", e ainda depois queremos o "tudo" de Deus! Não precisamos dizer que nada teremos!

 

CONCLUSÃO:

 

1. Através da experiência de Isaque, vimos nesta noite como deve-se comportar um verdadeiro filho de Deus diante de certas situações que nos vêm através de nosso relacionamento com pessoas no mundo.

 

a) Diante de Abimeleque, Isaque mentiu acerca de sua esposa Rebeca. Isto nos mostra que somos falhos. Porém precisamos aprender a lidar com nossas falhas e pecados diante de Deus!

 

b) Quando teve oportunidade de plantar naquela terra, Isaque não titubeou, lançou imediatamente a semente. Embora ele pudesse ter comido a semente que tinha em suas mãos, sua prudência fez com que ele semeasse, e colhesse naquele anos o cêntuplo. Devemos aprender os princípios espirituais da semeadura e da colheita para sermos abençoados no reino de Deus!

 

c) Diante da contenda surgida entre os homens de Isaque e os homens de Abimeleque, vimos como Isaque se mostrou pacificador. Devemos não apenas procurar a paz, mas também sermos promotores da paz entre vidas!

 

d) Vimos como Isaque foi observado por Abimeleque. Sua vida foi uma inspiração para aquele rei idólatra. Isto levou Abimeleque a querer fazer uma aliança com Isaque. Como tem sido nosso testemunho como cristãos? Aqueles que não são crentes gostam de estar perto de nós, ou somos intransigentes, repulsivos?

 

e) Finalmente, vimos que Isaque mantinha uma comunhão irrestrita com o Senhor, que lhe aparecia, conversava, etc. Temos nós audiência constante na presença de Deus?

 

2. Que a vida de Isaque seja para nós um estímulo que nos leve a viver como filhos de Deus, falhos sim, mas vitoriosos!

 


Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Setor I - Em Dourados – MS

 

Bibliografia

 



11 de abril de 2017

MELQUISEDEQUE, O REI DE JUSTIÇA


MELQUISEDEQUE, O REI DE JUSTIÇA

TEXTO ÁREO = “Porque dele assim se testifica: Tu és sacerdote eternamente, segundo a ordem de Melquisedeque.” Hb7:17

VERDADE PRÁTICA = O sacerdócio de Cristo é superior a todos os sacerdócios, pois Ele é o Sumo Sacerdote perfeito e eterno.

Leitura Bíblica = Genesis 14:18-19; Hebreus 7: 1-7,17

INTRODUÇÃO

Melquisedeque Rei da antiga Salém e “sacerdote do Deus Altíssimo”, Yehowah. (Gên14:18, 22) Ele é o primeiro sacerdote mencionado nas Escrituras; ocupava esta posição algum tempo antes de 1933 AEC. Sendo o rei de Salém, que significa “Paz”, Melquisedeque é identificado pelo apóstolo Paulo como “Rei da Paz”, e, à base do seu nome, como “Rei da Justiça”. (He 7:1, 2) Entende-se que a antiga Salém tenha sido o núcleo da posterior cidade de Jerusalém, e seu nome foi incorporado no de Jerusalém, que às vezes é chamada de “Salém”. — Sal 76:2.

Depois de Abrão (Abraão) derrotar Quedorlaomer e seus reis confederados, o patriarca veio à Baixada de Savé, ou “à Baixada do rei”. Ali, Melquisedeque “trouxe para fora pão e vinho”, e abençoou Abraão, dizendo: “Bendito seja Abrão do Deus Altíssimo, Produtor do céu e da terra; e bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus opressores na tua mão!” Abraão entregou então ao rei-sacerdote “um décimo de tudo”, isto é, “dos principais despojos” que conseguira na sua guerra bem-sucedida contra os reis aliados. — Gên14:17-20; He 7:4.

I – QUEMERA MELQUISEDEQUE

Já vimos que Jesus Cristo é o Mediador entre Deus e a humanidade. O Seu sacrifício consentido pelas nossas faltas qualificou-O de modo único para essa crucial função. Mas o Verbo também exerceu esse ofício sagrado durante o tempo do patriarca Abraão.

E Ele o fez na pessoa de Melquisedeque, sacerdote do Altíssimo. O livro de Gênesis menciona apenas brevemente esse misterioso personagem. Mas o Rei Davi, e muito especialmente a Epístola aos Hebreus no Novo Testamento, não deixam passar o Seu profundo significado.

Para entendermos a identidade de Melquisedeque, devemos deixar a Bíblia interpretar a Bíblia. A nossa capacidade de entendimento é enormemente aumentada quando juntamos esses três registos e os consideramos como um todo.

Primeiro vamos dar uma olhada no registo em Gênesis. Abraão encontrou-se com Melquisedeque depois de resgatar o seu sobrinho Ló do cativeiro onde estava. “E Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; e este era sacerdote do Deus Altíssimo.

E abençoou-o e disse: Bendito seja Abrão do Deus Altíssimo, o Possuidor dos céus e da terra; e bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos nas tuas mãos. E deu-lhe o dízimo de tudo” (Gênesis 14:18-20).

É interessante notar que Melquisedeque recebeu Abraão com pão e vinho, coisas que mais tarde seriam símbolos do sacrifício da Páscoa de Cristo em representação do Seu corpo e do Seu sangue. Melquisedeque também se dirige a Deus e O trata como “o Possuidor dos céus e da terra”. Depois, passados uns dois mil anos, Jesus Cristo também se dirigiria ao Pai chamando-Lhe “Senhor dos céus e da terra”.

O Salmo 110, um dos Salmos de Davi, tem grande significado teológico. Como já referido anteriormente, ele apresenta o Pai e o Verbo no versículo de abertura: “Disse o Senhor ao meu Senhor [de Davi]: Assenta-te à minha mão direita . . . ” É Cristo quem agora está à mão direita do Pai (Hebreus 8:1; 10:12; 12:2).

Conservando em mente o contexto do Salmo 110:1, observemos o versículo 4: “Jurou o Senhor e não se arrependerá: ‘Tu és um sacerdote eterno, segundo a ordem de Melquisedeque’” (Salmos 110:4). Este é o mesmo Senhor que falou com o Senhor de Davi (o Verbo preexistente), no versículo 1, ainda falando do mesmo Ser. Certamente que isto ajuda a identificar esse misterioso personagem do Antigo Testamento. Contudo, é o livro de Hebreus que nos dá a evidência mais forte.

ONDE ELE APARECE NA BÍBLIA

Um estudo cuidadoso deste personagem bíblico nos esclarecerá que nada existe de misterioso a seu respeito, a despeito da interpretação de alguns quanto a Hebreus 7:3.

A palavra em hebraico Malkicedeq, significa rei de justiça, ou ainda de acordo com Heb. 7:2 rei de Salém, isto é, rei de paz. Para melhor compreensão deste tema duas coisas são necessárias:

1º) Estudo do contexto das passagens onde seu nome aparece.

2º) Alguns conceitos sobre o sacerdócio levítico e o de Cristo.

1º) O nome Melquisedeque aparece dez vezes na Bíblia, sendo duas no Velho Testamento (Gên. 14:18; Sal. 110:4); e oito no livro de Hebreus (5:6, 10; 6:20; 7:1, 10, 11, 15, 17). Especialmente o capítulo sete de Hebreus precisa ser bem estudado.

2º) Após a entrada do pecado o indivíduo tornou-se sacerdote de si mesmo. Depois este encargo coube ao primogênito. Posteriormente a tribo de Levi foi escolhida para este mister. Quem não fosse da Tribo de Levi era indigno para este mister como vemos em Esdras 2:62. O relato desta passagem deve ser lembrado para melhor compreensão deste assunto.

O sacerdote devia ser tirado dentre os homens, com suas fraquezas, para que pudesse entender as fraquezas dos homens (Heb. 4:14-16).

Sacerdote é a pessoa que atua como mediador ou intermediário entre duas partes. Aquele que está encarregado de uma missão respeitável, o intercessor perante Deus a favor dos homens.

O Novo Comentário da Bíblia, editado em português por Russell P. Shedd, vol. III, pág. 1357 afirma o seguinte:

“Sumo sacerdote é aquele que é nomeado para agir em prol dos homens naquilo que diz referência a Deus, especialmente para apresentar ofertas a Deus. O sumo sacerdote deve ser escolhido dentre os homens e ser capaz de, na qualidade de verdadeiro homem, simpatizar com as fraquezas humanas. Além disso, ele não deve presumir em tomar sobre si mesmo tal ofício; deve ter sido chamado para tal tarefa por nomeação de Deus. Tudo isso (em ordem reversa) é declarado como cumprido na pessoa de Cristo; conforme o escritor sagrado considera Sua nomeação divina, Sua perfeita humanidade e conseqüente habilidade de simpatizar conosco, e Seus ofício e obra. Pois foi Deus quem ao ressuscitá-Lo de entre os mortos reconheceu-o como Seu Filho, declarando abertamente a Sua nomeação para um sacerdócio eterno, segundo uma classificação diferente daquela de Arão, a ordem de Melquisedeque”.

Do exposto, esta declaração deve ser guardada: o sacerdote deve ser escolhido dentre os homens para poder simpatizar com as fraquezas humanas. Está é a razão pela qual Cristo só passou a exercer a função sacerdotal após ter tomado a natureza humana.

As Escrituras nos informam que há dois tipos de sacerdócio:

1º) Levítico – hereditário e extinto com a morte de Cristo.

2º)Melquisediano – prefigurando o sacerdócio de Cristo, caracterizado por sua superioridade e eternidade.

Cristo apresenta um contraste com os sumos sacerdotes segundo a ordem levítica, que eram instalados no ofício para posteriormente serem removidos por motivo de falecimento. Por isso é que Ele se tornou sumo sacerdote para sempre. É justamente essa qualidade eterna que distingue a ordem sacerdotal de Melquisedeque da ordem levítica de Arão.

CARACTERISTICAS DE MELQUIDESEDEQUE

Um sacerdócio imperfeito. (Hebreus 7:3)… "Sem pai, sem mãe, sem descendência, não tendo nem começo nem fim de dias...o qual recebeu o ofício do sacerdócio"

(Hebreus 7:11-12)… "se a perfeição fosse pelo sacerdócio levítico (pois debaixo dele o povo recebeu a lei), que necessidade haveria que outro sacerdote se levantasse segundo a ordem de Melquisedeque e não ser chamado segundo a ordem de Aarão? Pois o sacerdócio sendo mudado, também é necessária a mudança da lei".

 

Esses textos deixam claro que Melquisedeque foi o sumo-sacerdote de um sacerdócio imperfeito, o que no caso se aplica ao Velho Concerto, baseado na lei do Velho Testamento. O Novo Concerto estabelecido através de Jesus Cristo refere-se ao sacerdócio perfeito, que veio suprir as incapacidades e limitações do Velho Concerto.

Similaridades entre Melquisedeque e Jeová. Há uma grande similaridade entre as características de Melquisedeque e de Jeová, o que prova que eles têem muito em comum. A seguir, estão relacionadas algumas das coisas que Jeová e Melquisedeque parecem se identificar:

O padrão usado por Jeová é o da justiça, prevalecendo inclusive sobre a misericórdia (Êxodo 21:12-25; Levítico 24:20; Deuteronômio 19:21).  Por sua vez, o nome Melquisedeque significa "rei de justiça" (Hebreus 7:2).

Melquisedeque era rei de Salém (Hebreus 7:2), a qual para muitos estudiosos corresponde à atual cidade de Jerusalém. Por sua vez, Jeová é chamado "deus de Israel", cuja capital é a Jerusalém atual, terrena, que não tem nada a ver com a Jerusalém celestial, também chamada de "Jerusalém do alto" (1 Crônicas 17:24; Êxodo 3:16; Gálatas 4:26).

Melquisedeque tomou dízimos do despojo tomado por Abraão e o abençoou (Hebreus 7:1-6).  Similarmente, Jeová recebeu o dízimo dos descendentes de Abraão e abençoou o povo (2 Crônicas 31:10).

Melquisedeque não tem começo nem fim de dias, ou em outras palavras - é eterno. Ele também não tem genealogia (Hebreus 7:3).  Jeová também é eterno e não tem pai, nem mãe, nem genealogia (Neemias.9:5).  Esse fato caracteriza ambos como seres divinos e sobrenaturais, como os anjos.

Melquisedeque é o sumo-sacerdote vitalício do Velho Testamento (Gênesis 14:18; Hebreus  12:22).  Por sua vez, Jeová foi também o mentor da base sacerdotal do Velho Testamento, o qual orientou pessoalmente todos os serviços religiosos no templo, através de regras e exigências ritualísticas criteriosas.

Um detalhe curioso nessa descrição do modelo sacerdotal do Velho Testamento é que as pedras que adornavam o éfode (peitoral) do sacerdote (Êxodo28:6 a 21) são do mesmo tipo das pedras que adornavam o anjo que era o modelo de perfeição no Éden, o qual veio posteriormente a se ensoberbecer e rebelou-se contra o Deus Altíssimo (Ezequiel 28:13).

É difícil interpretar o papel e o caráter do personagem Melquisedeque, como lemos em Hebreus 5:11, e da mesma forma é difícil compreender o caráter e os reais intentos de Jeová, o qual ora abençoava e ora castigava sem qualquer compaixão.

Melquisedeque assumiu forma humana quando apareceu a Abraão (Gênesis 14:18-20). Por sua vez, Jeová também tomou forma humana quando apareceu a Abraão (Gênesis 18:1-7) e anunciou que Sara teria um filho.

Alguns teólogos entendem que Melquisedeque era o próprio Cristo no Velho Testamento e chamam esse tipo de ocorrência "Parousia" ou "Cristofania". Contudo, o fato do texto deixar claro que Melquisedeque era uma figura (tipo) de Cristo prova que ele não era o próprio Cristo.

O fato de Melquisedeque ter oferecido pão e vinho a Abraão não significam tampouco que Melquisedeque e o Filho de Deus sejam a mesma pessoa, da mesma forma como Adão não era Cristo, embora Cristo fosse chamado o "último Adão" (1 Coríntios 15:45).

Além disso, em outra parte é relacionado o fato de que através de uma única ofensa (de Adão), entrou o pecado no mundo e atingiu toda a humanidade. De forma análoga, através de um único ato de justiça (de Cristo), a graça de Deus veio a ser derramada sobre todos os homens (Romanos 5:16-18).

Portanto, quando lemos que Cristo é sumo-sacerdote conforme a ordem de Melquisedeque, devemos entender essa relação como uma antítese, em que o reprovável e falível veio a ser substituído pelo aprovado e irrepreensível.

Melquisedeque é o sumo-sacerdote do Velho Testamento (ou do Velho Concerto), o qual se tornou obsoleto por causa de sua fraqueza e inutilidade, como diz Hebreus 7:18 e foi definitivamente abolido por Cristo (2 Corintios 3:16).

Melquisedeque, rei de justiça. A relação entre a justiça (a qual é associada com o nome de Melquisedeque) e a condenação está baseada no fato de que a lei aplica tanto a justiça como a condenação. A justiça implacável, porem, não leva em consideração a misericórdia nem a compaixão, que são atributos peculiares do verdadeiro Deus e Pai.

Por todas as evidências já relacionadas, poderíamos supor que Jeová e Melquisedeque são a mesma pessoa, embora isso não esteja totalmente claro nas Escrituras. Porém, ainda que não houvessem subsídios suficientes para associarmos Jeová com Melquisedeque, uma coisa é certa - ambos parecem estar intimamente relacionados, a começar pelo nome de Melquisedeque, que significa "rei de justiça".

Em Gênesis 18:25, Jeová é reconhecido pela sua justiça, porém não é a justiça que leva em consideração a misericórdia e a compaixão, a qual é um atributo peculiar e distintivo do verdadeiro Deus e Pai.

Uma coisa é certa - a índole violenta que Jeová revela em várias ocasiões no Velho Testamento ao destruir implacavelmente exércitos e cidades, combina perfeitamente com a personalidade de Melquisedeque, o qual veio ao encontro de Abraão para abençoá-lo logo após a matança dos reis inimigos (Hebreus 7:1; Gênesis 14:17-18)… "Pois esse Melquisedeque, rei de Salém, sacerdote do Deus Altíssimo, o qual encontrou Abraão retornando da matança dos reis, e o abençoou".

Portanto, aquela justiça que é atribuida ao nome de Melqueisedeque parece estar associada à justiça implacável, que não hesita em aplicar a condenação de forma radical e fulminante.

Se Jesus fosse Melquisedeque, como dizem alguns teólogos, Ele jamais iria abençoar Abraão logo após a matança dos reis, quando Abraão saiu vitorioso, porque o Filho de Deus não recompensa assassinos nem homicidas, nem iria estimular qualquer atitude dessa natureza.

Pelo contrário, quando Jesus foi preso, seu discípulo Pedro cortou a orelha de um daqueles que o vinham prender, mas Jesus restaurou-a milagrosamente (João 18:10), para provar que Ele jamais foi à favor da violência, sob qualquer pretexto.

Da mesma forma, se Jesus fosse Melquisedeque, Ele jamais receberia dízimo de um despojo que teve o preço de sangue daqueles reis. No entanto, Melquisedeque não teve qualquer escrúpulo para tomar parte do fruto do saque (Hebreus 7:4), o que confirma que são sacerdócios completamente diferentes.

O perfeito e eterno sacerdócio de Cristo. Quanto ao aspecto sacerdotal, lemos em Hebreus 7:11-12 o seguinte: "Se a perfeição fosse pelo sacerdócio levítico (pois debaixo dele o povo recebeu a lei), que necessidade haveria que outro sacerdote se levantasse segundo a ordem de Melquisedeque e não ser chamado segundo a ordem de Aarão? Pois o sacerdócio sendo mudado, também é necessária a mudança da lei".

Esse texto deixa claro que Melquisedeque foi o sumo-sacerdote de um sacerdócio imperfeito, que teve de ser mudado juntamente com a mudança da lei que o regia, e isso se aplica ao Velho Concerto. A imperfeição está no fato de que houve necessidade de ser estabelecido um novo sacerdócio perfeito e eficaz.

Isto significa que o sacerdócio do Velho Concerto foi mudado por um outro, cujo sumo-sacerdote é Jesus Cristo, o Filho de Deus, e por isso que o texto de Hebreus 7:12 diz que houve MUDANÇA de sacerdócio. Embora tendo sido executado de uma só vez, o sacerdócio de Cristo tem um alcance universal e eterno.

Melquisedeque estava incapacitado de prover salvação e redenção para quem quer que fosse, pois seu ministério era imperfeito e semelhante aos dos sacerdotes do Velho Testamento, que tinham que estar continuamente oferecendo sacrifícios por si mesmos e pelo povo.

O sacerdócio levítico, assim como o sacerdócio de Melquisedeque, tinha caráter temporário e era exercido através de ministrações contínuas, com o sacrifício de animais e oferendas da alimentos (Hebreus 7:28), enquanto que o sacerdócio de Cristo é perfeito, eterno e único, realizado às custas de seu próprio sangue, como diz Hebreus 9:24 e 25.

O ofício sacerdotal iniciado por Melquisedeque não teve êxito porque era fundamentado apenas em oferendas religiosas e no sacrifício ritualístico de animais. Por causa disso, ele teve de ser substituído pelo sacerdócio de Jesus (Hebreus 7:11), o que significa que o sacerdócio do Velho Testamento deu lugar definitivamente ao sacerdócio do Novo Testamento.

Por extensão, o Velho Concerto se tornou repreensível e porisso foi rejeitado, havendo sido ABOLIDO por Cristo, como diz 2Corintios 3:14-16. E assim, o ministério de Melquisedeque representa o ministério do Velho Testamento, o qual foi invalidado por Cristo por causa de sua FRAQUEZA e INUTILIDADE (Hebreus 7:18).

Por outro lado, o Novo Concerto foi aprovado, exaltado e glorificado, e por isso é chamado em Hebreus 7:22 de “um MELHOR concerto”. Após a ressurreição, Jesus foi constituído "autor de uma eterna salvação", como diz Hebreus 5:7-9… "Ainda que era Filho, aprendeu a obediência, por aquilo que padeceu, e sendo consumado veio a ser a causa da ETERNA SALVAÇÃO para todos os que lhe obedecem".

O fato do sacerdócio de Jesus Cristo ter sido “segundo a ordem de Melquisedeque”, como diz Hebreus 5:6, 7:17 e 7:21, não significa que os dois ministérios estavam relacionados entre si, como se um fosse uma continuidade do outro, visto que as diferenças entre eles são muito grandes, a saber:

O sacerdócio de Melquisedeque foi temporal enquanto que o de Cristo foi eterno (Hebreus 7:25); no sacerdócio de Melquisedeque e de todos os sacerdotes do Velho Testamento, o sangue usado para expiação era de animais (bodes, bezerros, touros e novilhas), enquanto que o sacerdócio de Cristo foi exercido com o derramamento de seu próprio sangue (Hebreus 9:12-14);

Cristo é ministro do santuário do VERDADEIRO tabernáculo estabelecido por Deus (Hebreus 8:2), e não do VIRTUAL, que foi exercido por Melquisedeque e por todos os sacerdotes do Velho Testamento; com a mudança do sacerdócio houve também a mudança da lei (Hebreus 7:12) e assim, todo aquele arcabouço ritualístico de religiosidade aparente, que regia o ministério do Velho Testamento, deu lugar ao ministério eficaz e autêntico de Jesus no Novo Testamento (Hebreus 8:6; 8:13; 2 Corintios 3:6).

II – LIÇÕES DO CARÁTER DE MELQUISEDEQUE

Melquisedeque (Gn 14.18), o honorável sacerdote-rei de Salém (Jerusalém), deu comida e bebida aos vencedores e pronunciou uma bênção a Abrão (Gn 14.19). O nome Deus Altíssimo (Gn 14.18) era, naqueles dias, designação comum da divindade no país da Palestina. Em atenção aos atos do sacerdote-rei, Abrão deu o dízimo de tudo (Gn 14.20) a Melquisedeque. O rei de Sodoma (Gn 14.21) tinha menos inclinação religiosa. Pediu seu povo de volta, contudo foi bastante generoso em oferecer a Abrão todo saque procedente do combate. Abrão tinha pouco respeito por este homem e respondeu que fizera o voto de não ficar com nenhum bem que pertencesse ao rei de Sodoma, para que, depois, isso não fosse usado contra ele por aquele indivíduo repulsivo. Abrão também deixou claro que o seu Deus tinha o título de SENHOR (Gn 14.22) e não era apenas outra deidade cananéia. A única coisa que Abrão pediu foi que os soldados fossem recompensados pelos serviços prestados e que seus aliados, Aner, Escol e Manre (Gn 14.24), tivessem participação no saque.

O caráter robusto de Melquisedeque e seu status como respeitado sacerdote-rei tornaram-se significativo em posteriores pronunciamentos sobre o esperado Messias. O Salmo 110.4 relaciona o Messias na "ordem de Melquisedeque" e o escritor da Epístola aos Hebreus cita esta porção dos Salmos para mostrar que Cristo é este tipo de ordem sacerdotal no lugar da ordem arônica (Hb 5.6,10; 6.20; 7.1-21).

O escritor de Hebreus enfatiza o significado do nome e status de Melquisedeque para sinalar que ele e Cristo eram homens de justiça e paz (Hb 7.1,2). A próxima correlação é um destaque na força e valor pessoal e não na linhagem. Seu ofício não passou automaticamente a outro. Cristo é o Sumo Sacerdote e não somente sacerdote, e em vez de dar somente uma bênção, Cristo salva "perfeitamente" (Hb 7.25,26).

Pontos fortes e êxitos:

(a) Primeiro sacerdote/rei das Escrituras - um líder com o coração voltado para Deus; (b) Hábil para encorajar as pessoas a servir a Deus de todo o coração; (c) Um homem cujo caráter refletia seu amor por Deus; e (d) Uma pessoa no Antigo Testamento que nos lembra Jesus, e a qual alguns realmente acreditam que era Jesus.

III – SEGUNDO A ORDEM DE MELQUISEDEQUE

Davi profetizou, mil anos antes do nascimento de Jesus, que o Messias seria “sacerdote para sempre segundo a ordem de Melquisedeque” (Salmo 110:4). O autor de Hebreus cita esta profecia várias vezes, e explica o seu significado em relação à superioridade total de Jesus.

A “ordem de Melquisedeque” não se refere a algum tipo de sociedade secreta ou mística como a Rosa Cruz, os Maçons ou os Templários. Não é alguma organização preservada desde a antiguidade, nem uma classe de sacerdotes na igreja do Senhor. A expressão “segundo a ordem de Melquisedeque” significa que o sacerdócio de Jesus é do mesmo tipo, ou parecido com, o sacerdócio de Melquisedeque.

Melquisedeque aparece na história bíblica, e some logo em seguida. Ele era rei de Salém e sacerdote de Deus (Gênesis 14:18). Abençoou Abraão e recebeu o dízimo dele depois da vitória do patriarca contra Quedorlaomer.

As Escrituras não relatam nada sobre antepassados nem descendentes de Melquisedeque (o ponto de Hebreus 7:3). Ele servia como sacerdote antes do nascimento de Isaque, então não era descendente da tribo de Levi (um dos netos de Isaque). Era sacerdote aprovado por Deus, independente de linhagem.

Deus fez algumas coisas no Velho Testamento pensando na vinda de Jesus, e assim ajudando o povo a entender a missão de Cristo. Os comentários em Gênesis e Salmos sobre Melquisedeque mostraram a possibilidade de ter um sacerdote que não era sujeito à Lei dada aos israelitas no Monte Sinai. É exatamente isso que o autor de Hebreus nos mostra, usando Melquisedeque como tipo de Cristo.

Jesus não podia ser sacerdote no sistema dado no Monte Sinai (Hebreus 8:4). O fato de Deus ter declarado Jesus sacerdote eterno serve de prova de mudança de lei: “Pois, quando se muda o sacerdócio, necessariamente há também mudança de lei” (Hebreus 7:14). “Agora, com efeito, obteve Jesus ministério tanto mais excelente, quanto é ele também Mediador de superior aliança instituída com base em superiores promessas” (Hebreus 8:6).

Salmo 110, como o autor de Hebreus bem explica, aponta para o perfeito Rei e eterno Sacerdote, Jesus Cristo. Qualquer ensinamento que procura preservar algum sacerdócio humano segundo a ordem de Melquisedeque (como fazem, por exemplo, os mórmons), age por autoridade humana, e não divina (cf. Gálatas 1:10; 2 João 9), e diminui a importância de Jesus Cristo como o eterno e suficiente Sumo Sacerdote.

CONCLUSÃO

Se a função do personagem Melquisedeque era ilustrar ou apontar para Cristo, então seu papel foi realizado com êxito. Mas se a passagem ou aparição de Melquisedeque era a própria pessoa de Cristo, nada impediria que o Verbo Vivo fizesse isso, visto que sempre existiu como Senhor de tudo (João 1.1). O importante é saber que Jesus é o Rei dos reis que traz o Reino de Deus para nossas vidas (Mateus 6.10), também é o nosso sacerdote que intercede por nós (II Timóteo 2.5) e o verdadeiro Profeta que sabe tudo a nosso respeito.

 


Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Setor I - Em Dourados – MS

Bibliografia