23 de janeiro de 2019

Possessão Demoníaca e a Autoridade do Nome de Jesus


Possessão Demoníaca e a Autoridade do Nome de Jesus

TEXTO ÁUREO

 "E voltaram os setenta com alegria, dizendo: Senhor, pelo teu nome, até os demônios se nos sujeitam." (Lc 10.17)

VERDADE PRÁTICA

O relato do endemoninhado gadareno mostra a soberania absoluta de Jesus Cristo sobre o Diabo e seus demônios.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE = Marcos 5.2-13

INTRODUÇÃO

O Novo Testamento revela a existência de seres espirituais que se apossam de pessoas, assenhoreando-se delas. A cura do endemoninhado gadareno, narrada em Mateus 8.28-34, Marcos 5.1-20 e Lucas 8.26-39, demonstra a realidade da possessão maligna e o poder que Jesus tem não somente no céu e na terra, mas até nas profundezas do abismo. Essa passagem mostra a soberania absoluta de Jesus Cristo sobre o diabo e seus anjos.

UM HOMEM POSSESSO DE DEMÔNIOS

A possessão demoníaca é um fenômeno maligno revelado desde as sessões espíritas até o estado estarrecedor do gadareno. Os demônios aparecem como agentes causadores de males dando às suas vítimas características típicas, como força sobre-humana (Mt 8.28; 17.15; At 19.16), poder de adivinhar (At 16.16) e conhecimento sobrenatural (Lc 8.28). Eles atacam suas vítimas ao possui-Ias, dominando suas faculdades mentais, levando-as à demência (Mt 4.24; 17.15) e às vezes incapacitando-as de falar e de ver (Mt 9.32; 12.22). 

O endemoninhado gadareno vivia desnudo, nos sepulcros, e era tão violento que nem mesmo os grilhões e as cadeias podiam detê-lo. Corria pelos montes e desertos e se feria com pedras. O fato de procurar viver nos sepulcros já é uma demonstração de sua total insanidade mental. O sepulcro tem muita afinidade com o espírito imundo por causa de sua natureza mórbida e melancólica. O comportamento violento e sobrenatural do gadareno, para sua própria destruição e para a perturbação de seus vizinhos, revela a natureza destruidora de Satanás, que veio para “roubar, a matar, e a destruir” (Jo 10.10). Mas Jesus veio para destruir as obras do diabo (1 Jo 3.8).

O PODER DE JESUS SOBRE TODO O REINO DAS TREVAS

Atributos divinos são as perfeições de Deus reveladas nas Escrituras, perfeições próprias da essência de Deus. Os atributos incomunicáveis, também conhecidos como absolutos ou naturais, são os atributos exclusivos do Ser divino, como a eternidade, a onipotência, a onisciência e a onipresença, entre outros. Diferem dos atributos comunicáveis, em que há nos seres humanos alguma ressonância, como amor, justiça, verdade etc. A Bíblia, no entanto, revela esses atributos incomunicáveis em Jesus. 

As Escrituras mostram de maneira clara e inconfundível a eternidade de Cristo, a sua pré-existência eterna, O profeta Miqueias, ao anunciar o nascimento do Messias na cidade de Belém de Judá, concluiu a mensagem dizendo: “[. .1 e cujas saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade” (Mq 5.2).

 Isso revela que o Filho já existia antes da criação de todas as coisas. Em Isaias, Jesus é chamado de “Pai da Eternidade” (9.6); “Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e eternamente” (Hb 13.8). Em qualquer tempo da eternidade passada, “os tempos antes dos séculos” (Tt 1.2), no passado remotíssimo, que a mente humana não pode alcançar, Jesus “era o Verbo”, era o mesmo, o mesmo de hoje e de sempre, pois ele é imutável.

Além disso, lemos em João 1.3: “Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez”; ou “por intermédio dele” (ARA). O termo grego é diá, “através de, por meio de, por causa de”.

Essa mesma palavra é aplicada ao Deus-Pai em Romanos 11.36. O texto joanino é claro e objetivo ao mostrar que nada há nesse infinito universo que não seja criado pelo Senhor Jesus.

O termo “onipotência” significa “ter todo poder, ser todo-poderoso”. A Bíblia ensina que Deus é Onipotente e Todo-Poderoso. Um de seus nomes revela esse atributo: El Shadai. Os cristãos reconhecem que Deus pode todas as coisas: “Porque para Deus nada é impossível” (Lc 1.37). Deus é chamado nas Escrituras de “Onipotente”, como o Ser que tudo pode (51 9 1.1); “nada há que seja demasiado difícil para ti” (Jr 32.27, TB). 

A Palavra de Deus, no entanto, afirma ser o Filho, também, Onipotente, isto é, Todo-Poderoso. Jesus disse: “É-me dado todo o poder no céu e na terra” (Mt 28.18). Jesus tem todo o poder no céu e na terra; em outras palavras, não há nada no céu e na terra que Jesus não possa fazer; para ele não há impossível. A Bíblia ensina que Jesus já possuía esse atributo antes de vir ao mundo (Fp 2.6-8). Após a sua ressurreição, ele recuperou o mesmo poder e a mesma glória que tinha como Pai, antes que o mundo existisse (Jo 17.5). 

Jesus está “acima de todo o principado, e poder, e potestade, e domínio, e de todo o nome que se nomeia, não só neste século, mas também no vindouro” (Ef 1.21). Isso quer dizer que ele é o Todo-Poderoso. Em Apocalipse 1.8, ele é chamado de Pantokrator, “Todo-Poderoso”, equivalente a EI Shadai, no Antigo Testamento.

A palavra “onipresença” não aparece na Bíblia; vem do latim omni, “tudo”, e praesentia, “presença”. Como atributo divino, na teologia, a ideia indica precisamente a presença cheia de Deus em todas as criaturas: “Em um alto e santo lugar habito e também com o contrito e abatido de espírito” (Is 57.15). A onipresença é o poder de estar em todos os lugares ao mesmo tempo (SI 33.13, 14; Pv 15.3; Jr 23.23, 24). 

Jesus é ilimitado no tempo e no espaço. Ele disse: “Porque onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles” (Mt 18.20). E mais: “Eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém” (Mt 28.20). Essas duas passagens mostram que Jesus está presente em qualquer parte do globo terrestre, porque ele é onipresente.

O cumprimento das palavras de Jesus é encontrado na própria Bíblia: “E eles tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o Senhor, e confirmando a palavra com os sinais que se seguiram. Amém” (Mc 16.20), e também hoje nos cultos e em nossa própria vida: no trabalho, na escola, no lar.

A palavra “onisciência” vem do latim omniscientia; omni significa “tudo”, e scientia, “conhecimento, ciência”. É o atributo divino para descrever o conhecimento perfeito e absoluto que Deus possui de todas as coisas, de todos os eventos e de todas circunstancias por toda a eternidade passada e futura (Is 46.9, 10). u conhecimento, a inteligência e a sabedoria em graus perfeito e infinito: “Não há esquadrinhação do seu entendimento” (Is 40.28). 

Esse conhecimento é simultâneo e não sucessivo. A onisciência dc Deus excede todo o entendimento humano, é um desafio a nossa compreensão, mas é uma realidade revelada: “tal ciência é para mim maravilhosíssima; tão alta, que não a posso atingir” (Sl 139.6, grifos nossos).

A onisciência é outro atributo que só Deus possui, e, no entanto, Jesus revelou essa onisciência durante o seu ministério terreno. Nós a vemos em João 1.47, 48, por exemplo, quando ele disse que viu Natanael debaixo da figueira. Jesus sabia que no mar havia um peixe com uma moeda, e que Pedro, ao lançar o anzol, a pescaria, e com o dinheiro pagaria o imposto, tanto por ele como por Cristo (Mt 17.27). 

Em João 2.24,25 está escrito que não havia necessidade de ninguém falar algo sobre o que há no interior do homem, porque Jesus já sabia de tudo. A Bíblia afirma que só Deus conhece o coração dos homens (1 Rs 8.39), então Jesus é não somente onisciente, mas também é Deus. Ele sabia que a mulher samaritana já havia possuído cinco maridos, e que o atual não era o seu marido (Jo 4.17, 18).
Encontramos em João 16.30; 21.17 que Jesus sabe tudo; e Colossenses 2.2, 3 nos diz que em Cristo “estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência”. O Senhor Jesus ouvia a oração de Saulo de Tarso enquanto falava com Ananias em Damasco (At 9.11). Não há nada no universo que Jesus não saiba, e tudo porque ele é onisciente e é Deus.

Dessa forma, a força de Satanás e a de seus correligionários se tornam cinzas diante da glória e do poder de Jesus Cristo. Os demónios reconhecem que Jesus é mais forte do que seu chefe e admitem que ele é o Filho do Deus Altíssimo (Mc 1.23-24; Lc 8.2 8). 

É de se lamentar que muitas pessoas, até mesmo religiosas, ainda não saibam que Jesus é o Filho de Deus. Os demônios têm medo de Jesus e estremecem diante dele (Tg 2.19); na verdade, ficaram completamente neutralizados diante de Jesus de Nazaré. Na ocasião, o espírito imundo disse: ‘Vieste aqui atormentar-nos antes do tempo?” (Mt 8.29). Isto mostra que a presença de Jesus é um tormento para o reino das trevas e também que esse encontro serviu como um prenúncio da condenação final do diabo e seus anjos (Mt 25.41). Os demônios sabem que há um tempo determinado para o juízo divino sobre as hostes infernais, e temem por isso. 

Alguns procuram estabelecer diálogo com os demônios porque Jesus perguntou ao espírito imundo qual era o seu nome. Isso se vê com frequência na midia neopentecostal. Tal prática não tem apoio bíblico. Jesus tem autoridade para isso porque ele é Deus. O Senhor Jesus manifestou seu poder sobre toda a natureza, sobre o vento, sobre o mar, sobre a morte, sobre as enfermidades, sobre o poder das trevas, Os demônios estremecem diante dele; eles são obrigados a obedecer-lhe. 

Na passagem do gadareno, vemos que aqueles demônios, ou pelo menos o porta-voz deles, suplicando, pediram três coisas: que não os mandasse para outra região (Mc 5.10), que não os mandasse para o abismo antes do tempo (Mt 8.29); e que permitisse entrar na manada de porcos que passava pelo local na ocasião (Lc 8.32). O poder de Satanás é muito limitado diante do poder de Jesus. O inimigo de nossa alma não pode fazer o que quer (Jo 1.12; 2.4-5). Os demônios fizeram este pedido porque não podiam resistir ao poder de Jesus.

O Senhor conferiu aos seus discípulos autoridade para expulsar demônios: “Expulsai os demônios” (Mt 10.8). Esta é a ordem que recebemos do Senhor. Jesus não entrevistou os demônios, apenas perguntou o seu nome. 

Isto porque o demônio era obrigado a confessar publicamente quem era o responsável pela miséria do gadareno. É claro que Jesus sabia perfeitamente com quem tratava, mas queria que o povo ouvisse isso do próprio espírito imundo. Nós devemos expulsá-los em nome de Jesus (Mt 10.8), e não manter diálogo com eles. O diabo é o pai da mentira (Jo 8.44). Ninguém deve acreditar nem ficar impressionado com as declarações dos demônios, porque eles são mentirosos.

Jesus perguntou como o espírito imundo se chamava, e ele respondeu: “Legião é o meu nome, porque somos muitos” (Mc 5.10). Uma legião romana era constituída de 6 mil soldados. Ainda que o número de demônios não seja exato, ou que Legião seja uma identidade, eles eram muitos. Eles são numerosos e poderosos, organizados e batalhando sob uma mesma bandeira, a de Satanás. Lutam contra Deus e sua glória, contra Cristo e seu evangelho, contra o cristão e sua santidade (Ef 6.10-12).
O homem por si só não tem força suficiente para enfrentá-los. Todos precisam de Jesus, da comunhão com ele, para dele receberem poder e assim poderem expulsá-los, pois já vimos que ele nos deu essa autoridade (Lc 10.19-20).

A LIBERTAÇÃO DO GADARENO E AS CONSEQUÊNCIAS

Deus proibiu os filhos de Israel o consumo de carne de porco (Lv 11.7; Dt 14.8). Essa proibição era um preceito dietético visando a saúde e o bem-estar do povo. Moisés a colocou como preceito religioso para que o povo considerasse o assunto e o levasse a sério. Esse preceito dietético, observado ainda hoje pelos judeus, é chamado de kashrut. Por ser de caráter dietético, o Novo Testamento não apresenta nenhuma restrição quanto ao consumo de carne suma (1 Tm 4.3-5).

A proibição mencionada na lei de Moisés transformou o porco numa repugnância nacional. A tradição judaica dizia que demônios e porcos são uma boa combinação. Os judeus consideravam os demônios e os porcos como pertencentes à mesma ordem; os porcos eram considerados como o lar dos espíritos imundos. Essa tradição parece ser confirmada quando os demônios pediram para entrar na manada de porcos.

A população de Decápolis era mista, de judeus e gentios, mas a criação de porcos não era permitida aos judeus. Decápolis era um agrupamento de dez cidades a leste do rio Jordão no nordeste da Galileia (Mt 4.25; Mc 7.31). Suas cidades são: Citópolis, a Bete-Seã do Antigo Testamento (1 Sm 31.10-12), Hippos, Dion, Rafana, Canata, Gadara, Gerasa, Pela, Filadélfia, atual Amã, na Jordânia, e Damasco. A estrutura dos centros urbanos era típica das cidades greco-romana, com uma população majoritária de gentios. É provável que o porqueiro fosse gentio. O prejuízo foi grande; afinal, eram dois mil porcos (Mc 5.13). Os porcos não resistiram à opressão e se precipitaram por um despenhadeiro, afogando-se no lago (Lc 8.33).

A extraordinária libertação do gadareno logo chamou a atenção do povo. Muita gente se reuniu para ver o que havia acontecido, pois a cura repentina do endemoninhado era algo espantoso. Encontraram o homem em perfeito juízo, vestido e junto com Jesus (Lc 8.34-36). Glorificamos a Deus quando vemos pessoas oprimidas pelo maligno sendo libertas pelo poder de Jesus. Ele nos delegou essa tarefa (Mt 10.8; Lc 10.19-20). 

Mas Jesus foi logo convidado a se retirar da terra dos gadarenos por causa do prejuízo dos porqueiros (Lc 8.34, 37). Os porcos valiam mais que a vida humana, na concepção daquela gente. Essa estranha recepção causa-nos tristeza e espanto. Como o herói é convidado a se retirar?! Será que o endemoninhado, com toda a sua ferocidade e violência sobre-humana, não representava um perigo e uma ameaça para aquela comunidade? Ou o perigo para aquela sociedade era Jesus? Mas ainda hoje há aqueles que vendem a sua primogenitura por um prato de lentilhas. Os porcos são mais valiosos que as dádivas de Deus, para certas pessoas. Jesus simplesmente voltou para Galileia. Jesus só entra numa vida quando alguém abre a porta (Ap 3.20); ele não viola os direitos humanos.

UMA EXPLICAÇÃO SOBRE A REGIÃO DE DECÁPOLIS

Uma avaliação no conjunto das três narrativas nos evangelhos sinóticos nos chama atenção para o fato de Mateus mencionar dois endemoninhados (Mt 8.28), enquanto Marcos e Lucas citam apenas um (Mc 5.2; Lc 8.27). Na verdade, eram dois; é que Marcos e Lucas registraram apenas o mais violento e o mais feroz deles. Fato semelhante encontramos na cura dos cegos de Jericó (Mt 20.29-34; Mc 10.46-52; Lc 18.35-43). O outro detalhe é que Mateus apresentou apenas um resumo do episódio; não registrou o gadareno libertado, vestido e em perfeito juízo. Mas as três narrativas se completam entre si.

Somos informados que o fato aconteceu na “província dos gadarenos” (Mt 8.28). Gadara era uma das cidades de Decápolis (Mc 5.20), situada a oito quilômetros do mar da Galileia; no entanto, Marcos e Lucas falam da província ou terra “dos gerasenos” (Mc 5.1; Lc 8.26, NAA), ou seja, em Gerasa, localizada a 56 quilômetros do mar da Galileia no lado oriental, que pertencia ao distrito de Gadara.
A região de Decápolis era muito vasta, e os limites dos territórios dessas cidades são pouco conhecidos. Devemos nos contentar com as informações que temos. A. T. Robertson, com base na descoberta de William M. Thomson, afirma que Gerasa “está no distrito da cidade de Gadara, poucos quilômetros para o sudoeste, de forma que pode ser chamada por Gerasa ou Gadara” (ROBERTSON, 2011, p. 103). Segundo o historiador Josefo, o território de Gadara se estendia até o lago da Galileia. Moedas daquele tempo trazem o nome de Gadara com o desenho de um barco impresso.

Há também nomes alternativos entre gadarenos e gerasenos, e alguns manuscritos gregos mais recentes trazem gergesenos. Como o termo “gergesenos” aparece no relato do endemoninhado gadareno? Orígenes (185 254) visitou a região e, segundo ele, a topografia de Gadara e de Gerasa não combina com a descrição dos evangelhos. Orígenes dizia que os escritores bíblicos não se preocupavam em identificar com precisão alguns locais. 

Assim, Orígenes via em Gergesa, conhecida hoje como Kersa ou Gersa na Jordânia, que era na época de Jesus uma pequena cidade no território de Gadara, o local preciso do milagre. A leitura substituta “gergeseno”, em alguns manuscritos, surge a partir de Orígenes. Gersa apresenta todas as características topográficas descritas na narrativa. De modo que Gersa, Gerasa e Gadara estão na mesma região onde ocorreu o milagre.

A REFLEXÃO SOBRE A BATALHA ESPIRITUAL COM BASE NA PASSAGEM DO GADARENO

A passagem do endemoninhado gadareno revela a atuação e a possessão maligna entre os seres humanos e também demonstra o poder absoluto de Jesus Cristo sobre os demônios. Dessa forma, aqueles que servem a Deus não precisam ter medo; pelo contrário, devem confiar ainda mais que o Senhor os protege, porque as hostes do mal já foram derrotadas por Cristo na cruz.

A batalha espiritual, como já explicado, consiste na oposição dos cristãos às forças malignas pela pregação do evangelho, pela oração e pelo poder da Palavra de Deus. Assim, um detalhe ao qual devemos nos atentar é quanto à reação que temos diante das transformações causadas quando o Senhor Jesus expulsa os demônios, trazendo libertação e interferindo na história. Nossas ações continuam gerando bênçãos ou impedem que elas perdurem porque sentimos que estamos sendo prejudicados pelas transformações produzidas? Que possamos ter os olhos abertos para enxergar além do mundo terreno e derrotar as ações malignas.

Evangelista Isaias Silva de Jesus 

Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério - Em Dourados – MS

Livro Batalha Espiritual – 1ª. Edição CPAD 2018 – Ezequias Soares e Daniele Soares.


17 de janeiro de 2019

A Natureza dos Demônios Agentes da Maldade no Mundo Espiritual

A Natureza dos Demônios Agentes da Maldade no Mundo Espiritual

TEXTO ÁUREO

E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, chamada o Diabo, e Satanás, que engana todo o mundo; ele foi precipitado na terra, e os seus anjos foram lançados com ele (Ap 12.9).  
             
VERDADE PRÁTICA

Os Demônios são os anjos que se rebelaram contra Deus  seguindo o seu maioral, Satanás.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE = Apocalipse 12.7-10

INTRODUÇÃO

Quanto aos anjos, Deus os criou em número incontável, milhões de milhões e milhares de milhares (Ap 5.11). Tanto quanto é insondável o Universo, assim é o número dos anjos criados pelo Todo-Poderoso. Hostes angelicais em classes especiais de serviços ao Criador foram espalhadas pelo Universo. A terra, um dos pequenos mundos da Criação divina, foi alvo do interesse de Deus. Para ela, anjos foram designados, a partir da criatura mais bela e perfeita de toda a Criação, o anjo Lúcifer, o querubim ungido (Ez 28.14,16). 

Esse, entretanto, no exercício do seu livre-arbítrio e pelo orgulho de sua alta posição nas hostes angelicais, decidiu presunçosa- mente tomar o lugar do Criador para ser adorado e glorificado (Is 14.13,14). Sendo impossível alcançar o seu intento, Lúcifer perverteu um grande número de anjos sublevando-os contra o Criador (Jd 6; Ap 12.3,4). Satanás e esses anjos rebelados foram precipitados da presença de Deus e de sua habitação original (Jd 6).

1. ANJOS CAÍDOS

Na rebelião promovida por Lúcifer, ele arrastou consigo uma grande multidão de seres angelicais (Mt 25.41; Ap 12.4), e depois organizou sua própria corte de anjos caídos, distinguindo-os em “principados, potestades e príncipes das trevas e hostes espirituais” (Ef 6.12). 

Esses são os que estão sob a liderança de seu chefe principal, Satanás, o único que recebe menção específica na Bíblia. A ele são atribuídos a liderança e os títulos que o identificam como “Belzebu”, príncipe dos demônios “(Mt 12.24)”, diabo e seus anjos (Mt 25.41), “o dragão e seus anjos” (Ap 12.7).

Esses anjos são “espíritos malignos” em relativa liberdade que estão sujeitos ao domínio de Satanás (Mt 12.26). Eles são tão numerosos e atuantes que chegam a dar idéia de onipresença.
Por serem espirituais, esses seres possuem um poder de locomoção ultra rápido e dão a entender, com isto, que estão em todo lugar ao mesmo tempo. Entretanto, é apenas o número deles que é incontável. -‘

II. QUEM SÃO ESSES ANJOS CAÍDOS

Os anjos caídos receberam um nome que se tornou popular, tanto na linguagem bíblica como na secular, que é a palavra “demônio”. Para compreendermos de fato, quem são e o que fazem os demônios, devemos conhecer o caráter desses espíritos maus, pelo testemunho das Escrituras, deixando de lado toda a superstição e imaginações.

I: A natureza espiritual dos demônios. Indiscutivelmente, o melhor testemunho acerca da natureza dos demônios está nos Evangelhos. O ministério terrestre de Jesus exposto nas páginas dos Evangelhos é a maior demonstração da presença e realidade dos demônios (Mt 8.16; Lc 10.17). Esses demônios são identificados como sendo “espíritos imundos” (Mc 9.25). Lucas relata que algumas mulheres foram curadas de “espíritos maus” (Lc 8.2).

Portanto, os demônios são espíritos (Lc 10.17,20), como os anjos de Deus, também, são espíritos (Hb 1.13,14).

2. A natureza intelectual dos demônios. Existe a crença de que os demônios não possuem intelecto e por isso não pensam, nem raciocinam, e, sendo assim, eles agem como os animais irracionais que obedecem aos seus instintos. Entretanto, esse conceito é desprovido de base e inconcebível, pois todos os anjos criados por Deus foram dotados de inteligência sobre-humana. Até Platão, filósofo grego, considerou a etimologia da palavra DAIMON como advinda de um adjetivo que significa “conhecedor” ou “inteligente”. 

Ora, não seria necessário buscar argumento comprovador fora das Escrituras, pois elas enfatizam a inteligência dos demônios quando afirmam que os mesmos conhecem a Jesus (Mc 1.24), se inclinam perante Ele e falam dele como o “Filho do Deus Altíssimo” (Mc 5.6,7), negam o conhecimento da morte vicária de Cristo (1 J° 4.1-3), distinguem entre os selados de Deus e os não selados (Ap 9.4) e estão conscientes de sua inevitável condenação futura (Mt 8.29). A Bíblia afirma que os demônios crêem e estremecem (Tg 2.19).

3. A natureza moral dos demônios. Haverá algum princípio de moral nos demônios? Há um fato que devemos analisar. Os demônios, em seu estado original, antes da queda, foram criados santos e para o serviço de Deus. Eles não foram criados propensos ao pecado, nem foram criados para o mal. Porém, por seu livre-arbítrio, rejeitaram a luz e, conscientemente, preferiram seguir a Satanás. Conseqüentemente tornaram-se inimigos de Deus e da Sua obra.
Como anjos decaídos, a Bíblia atesta a total depravação e baixeza moral deles pelas suas obras más produzidas no mundo dos homens. Sua decadência moral pode ser identificada na Bíblia pelo constante emprego do epíteto “espíritos imundos” que se aplica a eles (Mt 10.1; Mc 1.27; 3.11; Lc 4.36; AI. 8.7; Ap 16.13).

III. O QUE FAZEM OS DEMÓNIOS

Eis algumas das obras dos demônios em relação a Deus e aos homens

1. Os demônios se opõem a Deus. Satanás e seus demônios odeiam a humanidade e por isso querem destruí-la ou jogá-la contra o Criador. Portanto, Satanás é o oponente, em primeiro lugar, de Deus e, em segundo lugar, do homem (Zc 3.1; 1 Pe 5.8). O termo “diabo” significa “acusador”, por isso diz a Bíblia que ele procura incessantemente acusar os homens diante de Deus (Já 1.9,11; 2.4,5; Ap 12.10), e acusar a Deus diante dos homens (Gn 3.1-5). A apostasia original surgiu da oposição contra a vontade Divina (Is 14.13,14) -s—

2. Os demônios oprimem as pessoas. O Diabo Oprime também a mente através de imaginações fantasiosas de pecado, ou de doenças emocionais e físicas. Na Bíblia temos o exemplo de Já, ferido com tumores malignos. Isto não significa que Jó tenha ficado endemoninhado (Jó 2.7).

3. Os demônios podem tomar posse de pessoas. No grego a expressão DAIMONIZOMAI implica em estar sob o controle de um espírito mau. A possessão demoníaca é aquela em que a personalidade de uma pessoa é invadida, o corpo é habitado e o demônio tem o controle total da pessoa, seu espírito, alma e corpo. Até mesmo a aparência física da pessoa possessa pode ser afetada. Atitudes irracionais são assumidas de modo assustador. 

Temos um exemplo do pai aflito que trouxe seu filho que tinha um espírito mudo (Mc 9.17-27), e esse espírito quando se manifestava no rapaz o fazia espumar pela boca, ranger os dentes, e agitar se com violência. Mas Jesus o repreendeu e ordenou-lhe que saísse e não mais voltasse. Normalmente, a pessoa possuída por demônios não tem controle de sua própria mente, daí ser impossível falar com ela.

A fala deve ser dirigida ao espírito imundo que a possui e que está em pleno controle da mente e da voz da pessoa possessa. Há casos em que em uma só pessoa habitam e dominam muitos espíritos imundos. Certa feita Jesus encontrou-se com um homem endemoninhado na terra dos gadarenos. Este homem era violentamente possuído por uma legião de demônios, que o agitavam e o faziam andar entre os sepulcros, não tendo casa para morar. 

Quando Jesus aproximou-se do endemoninhado, os demônios mais uma vez se agitaram e um deles falou pelos outros espíritos (Lc 8.27-34), mas Jesus ordenou-lhes que saíssem e deixassem em paz aquela vida.

IV. A AUTORIDADE SOBRE OS DEMÓNIOS

A fonte da autoridade espiritual sobre todo o mal é revelada na Bíblia Sagrada, O crer e o viver em Crista dão ao crente o poder necessário, pelo Espírito Santo, para ter vitória sobre o mal. A manifestação do mal procede do Diabo e seus anjos, e, portanto, não temos que temer o seu ataque. Devemos, sim, tomar posse da autoridade outorgada por Cristo para resistir o mal, repreender e expelir os demônios. O poder de Jesus Cristo é maior do que o poder do Diabo e seus anjos.

1. Que fazer para ter autoridade sobre os demônios? Creia que Jesus é Salvador e Vencedor sobre o sistema satânico. Veja o que diz o texto de Marcos 16.17: “Estes sinais, seguirão aos que crerem: Em meu nome expulsarão os demônios”.

2. Tome posse da autoridade sobre os poderes do mal. Em Lucas 9.1, Jesus convocou os 12 discípulos e lhes deu poder e autoridade sobre os demônios. Posteriormente Jesus repetiu a mesma ação sobre os 70 discípulos, os quais saíram e voltaram regozijando-se, porque os demônios se lhes submetiam no nome de Jesus (Lc 10.1,17). 

Há um caso negativo exemplificado nos Atos dos Apóstolos, acerca de alguns jovens que, curiosamente, vendo os sinais e as libertações feitas pelo ministério de Paulo, resolveram expelir demônios de um certo homem. Como não haviam crido, nem recebido poder e autoridade para tal, o endemoninhado saltou para cima deles e os deixou feridos, nus e envergonhados (At 19.11-17). Essa autoridade e poder Jesus outorgam aos que lhe ser vem.

3. É preciso usar as armas corretas para a expulsão de demônios. A principal delas é o “nome de Jesus”, as demais podem ser vistas em Ef 6.10-18. Disse o próprio Jesus: “Em meu nome expulsarão os demônios” (Mc 16.17). Portanto, “a autoridade do nome de Jesus sobre os demônios” revela a sua superioridade acima de todos os nomes. No seu nome está o “Deus Forte” que Ele é (Is 9.6). 

Nos Atos dos Apóstolos há o caso de uma jovem que tinha o “espírito de adivinhação” e, por algum tempo, perturbava as pregações de Paulo na cidade de Filipos. Chegou ao ponto de Paulo sentir-se incomodado e repreender o espírito perturbador, dizendo: “Em nome de Jesus Crista eu te mando que saias dela”• (At 16.17,18). Ora, os demônios sabem e conhecem a autoridade superior do nome de Jesus Crista, por isso, o temem e estremecem ao ouvi-lo.

Eles são impotentes para resistir ao impacto do poder do nome de Jesus quando é pronunciado. Não é o som do nome de Jesus que os demônios temem, mas a autoridade desse nome. Também, de nada servirá pronunciar o nome de Jesus por quem não crê em Jesus. Ora, o poder do nome de Jesus é manifesto por aquele que crê nesse nome, pois a Palavra diz: “Estes sinais seguirão aos que crerem” (Mc 16.17).

Por:- Evangelista Isaias Silva de Jesus 

Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS

Lição Bíblicas 4º. Trimestre 1988  - CPAD



8 de janeiro de 2019

A Natureza dos Anjos - A Beleza do Mundo Espiritual


A Natureza dos Anjos - A Beleza do Mundo Espiritual

TEXTO ÁUREO

"Bendizei ao SENHOR, anjos seus, magníficos em poder, que cumpris as suas ordens, obedecendo à voz da sua palavra." (Sl 103.20)

VERDADE PRÁTICA

Os anjos são seres reais, espirituais e celestiais a serviço de Deus e enviados para ajudar os que vão herdar a salvação.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE = Lucas 1.26-35

INTRODUÇÃO

Indiscutivelmente, a Bíblia é a única fonte digna de confiança acerca da existência, da história e das atividades dos anjos no Universo. Na carta aos Hebreus temos a declaração de que os anjos são “espíritos ministradores, enviados para servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação” (Hb 1.14). Entendemos, então, que os anjos são criaturas reais.

1. OBJEÇOES A DOUTRINA DOS ANJOS

Existem várias objeções à doutrina dos anjos levantadas através dos séculos, as quais são destituídas de argumentos e evidências capazes de as sustentar. Dentre essas, se destacam as seguintes:

1. A doutrina dos saduceus. Os saduceus, segundo a tradição, derivavam de um grupo que formava urna hierarquia sacerdotal, desde o tempo do cativeiro. Eles tinham poder político e constituíam o grupo dominante da vida civil do judaísmo, sob o domínio de Herodes. Quanto ao aspecto religioso descriam da doutrina da existência dos anjos, dos espíritos e da ressurreição dos mortos (At 23.8). Os saduceus eram essencialmente materialistas.

2. A doutrina do espaço infinito. Essa doutrina nega a existência dos anjos, calcando sua posição na idéia do “espaço infinito”, isto é, um espaço povoado de mundos, o qual não comporta a existência dos anjos. Teoria completamente vazia de argumentos e de fatos.

3. A doutrina racionalista. Essa doutrina não admite a existência dos anjos por não poder explicá-la pela razão. Argumentam que a existência dos anjos é impossível e que a crença na sua realidade tem vestígios de um politeísmo primitivo.

4. A doutrina materialista. Não admite por hipótese alguma a existência dos anjos, porque crê apenas na existência da matéria, não admitindo a realidade de seres espirituais.

5. A doutrina simbolista. Essa doutrina não nega a existência dos anjos, mas também não acredita na sua realidade. Ela vê os anjos, apenas, como meras figuras de retórica, ou símbolos espirituais. Entretanto, é impossível negar a realidade da existência dos anjos, ainda que eles não sejam criaturas materiais.

6. A doutrina espírita. O espiritismo ensina que os anjos são as almas dos homens chegados ao grau máximo de perfeição que a criatura comporta. Nega, portanto, a existência distinta dos anjos como criaturas de Deus, bem como, a existência e a realidade dos demônios, afirmando que estes são as almas desencarnadas dos homens maus.

7. A criação espiritual (Ne 9.5,6; Sl 33.6-9; 148.4-7; C1. 16). Segundo a revelação bíblica a criação espiritual ocorreu antes da material. Deus criou os seres espirituais para cumprir os seus propósitos segundo a sua soberana vontade. Esses seres espirituais são chamados anjos. Portanto, os anjos são criaturas racionais inteiramente espirituais, sem poder de procriação, mas dotados de poderes para o exercício de múltiplas funções, nos céus e na terra (Hb 1.14).

8. Onde habitam esses seres espirituais? A Bíblia não aponta nenhum lugar no mundo material, absolutamente nenhum, como possível habitação dos anjos. A ficção comercial tem imaginado mundos estranhos nas galáxias onde dizem existir seres extraterrestres. Isso são fantasias e vãs imaginações do espírito humano. Nesse particular devemos atentar para a palavra “céu” na Bíblia. Ela coloca a palavra no plural: “céus”, porque distingue, pelo menos, três céus. O primeiro céu é o das nuvens o qual se pode ver a olho nu (Tg 5.18). O segundo céu é o cósmico que está além das nuvens, do sol, da lua e dos planetas, do espaço sideral. O terceiro céu é chamado “céu dos céus”, e designa “a morada do Altíssimo” (At 7.49). É um lugar espiritual totalmente inacessível à matéria. Aí habitam os santos anjos (Mc 13.3 2; Gl 1.8; Mt 18.10).

9. Existem anjos bons e maus. Quando Deus os criou os fez perfeitos e santos. Entretanto, dotados de personalidade e livre- arbítrio, esses seres angelicais podiam optar, escolher o caminho a seguir.

Eles foram criados no mesmo nível de justiça, bondade e santidade. Foram criados em condição de igualdade (2 Pe 2.4; Jd v.6).

Foi na condição de livre-arbítrio que Lúcifer, um querubim ungido para o serviço do Trono da Divindade, rebelou-se contra o Criador e fomentou sua rebelião induzindo milhões de outros anjos a seguirem sua funesta revolta (Is 14.12-16; Ez 28.12-19).

A Bíblia fala dos anjos que pecaram contra a autoridade do Criador e não guardaram a sua dignidade (2 Pe 2.4; Jd v.6; Jó 4.18- 21). Mas, também menciona os anjos bons, aqueles que se mantiveram fiéis ao Criador e às funções designadas para eles. Estes são ministradores a favor dos que hão de herdar a salvação (Hb 1.14).

10. Os anjos são inumeráveis. Várias expressões indicam a quantidade incontável de anjos criados por Deus, tais como “milhares de milhares e milhões de milhões”(Ap 5.11; Dn 7.10; Dt 33.2); “muitos milhares de anjos” (Hb 12.22); “exércitos dos céus” (Ne 9.6; Si 33.6); “multidão dos exércitos celestiais”(Lc 2.13). Não se pode determinar o número de anjos criados porque é incontável (Si 148.2-5). Tantos quantos foram criados por Deus na eternidade, são quantos existem e existirão para sempre. Deus não os dotou da capacidade de procriação.

II. QUEM SÃO OS ANJOS

Após estudar alguns dos conceitos falsos quanto à origem e a existência dos anjos, convém estudar o que a Bíblia diz acerca deles.

1. Os anjos são seres espirituais. O salmista convida a toda a criação de Deus a louvá-Lo. No seu cântico, ele convida aos anjos dizendo: “Louvai-o, todos os seus anjos; louvai-o, todos os seus exércitos” (Sl 148.2).

2. Os anjos são seres poderosos. Entendemos pelas Escrituras que os anjos são superiores aos homens como criaturas de Deus (Sl 8; Hb 2.6,7). Eles são maiores em força e poder (2 Pe 2.11). O poder dos anjos deriva de Deus e eles só fazem qualquer coisa em restrita obediência ao Criador. Por serem “espíritos puros”, o fogo, a água e o calor não podem destruí-los. Eles não correm qualquer risco de contaminação ou destruição, e, portanto, são imunes à forças da natureza no Universo. O salmista os descreveu como “valorosos em poder”, que executam as ordens de Deus e Lhe obedecem à voz (Sl 103.20).

3. Os anjos são seres pessoais. Normalmente, no mundo dos homens, atribui-se personalidade a um corpo material. Entretanto, a personalidade de um homem não é o corpo, mas sim o que está dentro do corpo, expresso pela alma e pelo espírito. Os anjos são espíritos e possuem personalidade, isto é, são dotados de inteligência, vontade e atividades. A Bíblia dá a entender que os anjos possuem uma inteligência superior à dos homens, mas não igual nem superior à de Deus (2 Sm 14.20; 1 Pe 1.12).

III. A ORGANIZAÇÃO DOS ANJOS

A Bíblia dá a entender que os anjos de Deus se acham organizados formando uma hierarquia. Essa hierarquia angelical dá uma idéia abrangente das atividades dos anjos em todo o Universo e na presença de Deus.

1. Arcanjo. O termo “arcanjo” representa a maia elevada posição angelical, O prefixo arc, do grego arch, sugere, tratar-sede um chefe, um superior ou príncipe. A Bíblia apresenta  Miguel como um anjo acima de todo. 

Os anjos. O seu nome enaltece a Deus, pois significa ‘Quem é como Deus?”. Sua missão está Identificada com o povo de Israel (Dn 10.13,21; 12.1). Ele é uma espécie de administrador da parte de Deus para fazer valer os interesses divinos a favor de Israel e para exercer juízo sobre os inimigos do Seu povo (Jd v.9; Dn 12.1).

2. Querubins. No original hebraico o vocábulo querub é um verbo com sentido de “guardar, cobrir”. Porém, o vocábulo tem sua raiz no termo hebraico karabu  que significa “orar e abençoar”. Esse termo era usado no mundo pagão para referir-se a deuses menores. Na Bíblia, a palavra querubim nada tem a ver com deuses pagãos menores, visto que temos “um só Deus e Pai de todos” (Ef 4.6), e os querubins são uma casta especial de anjos, os quais não são adorados nem recebem orações, mas que adoram e servem ao único Deus, Todo- poderoso. O vocábulo Querubim designa uma alta posição na corte celestial diretamente ligada ao trono de Deus. A Bíblia declara que Deus habita entre os querubins (1 Sm 4.4; 2 Ra 19.15; Sl 80.1; 99.1; Is 37.16).

3. Serafins. O vocábulo serafim deriva do hebraico saraph cujo significado é “ardente”, “refulgente’1 ou “brilhante”. Os serafins são uma classe de anjos especificamente designados para o serviço de adoração ao Deus Todo-Poderoso. O único texto bíblico que fala dos serafins encontra-se em Isaías 6.1-3. No serviço de adoração, esta classe de anjos não somente louva a Deusa mas, também, promove a Sua santidade, proclamando-a e mantendo-a. Na visão do profeta Isaías, os serafins aparecem em forma humana, com seis asas cada um. Com duas asas cobriam os rostos e com duas cobriam os pés e com duas outras voavam (Is 6.2,3).

IV. OS ANJOS NO NOVO TESTAMENTO

Em Colossenses 1.16, o apóstolo Paulo apresenta quatro classes de seres espirituais, das quais, podemos perceber, fazem parte os querubins e os serafins.

1. Tronos. No grego thronoi refere-se a uma classe de anjos sobre a qual Deus se assenta como Rei e Senhor. A figura utilizada é para mostrar uma relação mais elevada com Deus.
Esses “tronos” celestiais podem ser identificados com os querubins, entre os quais Deus está assentado e reinando (1 Sm 4.4; 2 Rs 19.14,15; Sl 80.1; 99.1).

2. Dominações. No grego o termo é kuriotes, com o sentido de soberanias ou domínios (Cl 1.16; Ef 1.21). As “dominações” referem-se a uma classe de anjos com funções executivas e que reinam sob a autoridade de Cristo. Toda a criação visível e invisível está sob a autoridade suprema de Cristo, e nos versículos acima mencionados subentende-se que certas classes de anjos reinam e governam sobre determinadas esferas espirituais.

3. Principados. No grego é archai e refere-se a uma classe de anjos que têm a dignidade de príncipes de um reino. Pode referir-se também, a territórios que estão sob a liderança de príncipes angelicais.
Voltemos nossa mente para a história de Lúcifer, que foi estabelecido como “querubim ungido para proteger” e estava no monte, santo de Deus, antes de sua queda de diante de Deus. Supõe-se que ele governava a terra como um “principado”, e só perdeu por seu pecado de rebelião contra o Criador e Senhor (Is 14.13; Ez 28.16; Ap 12.9). 

É interessante analisar que Miguel é chamado “um dos primeiros príncipes” de Deus (Dn 1O.13), o que o coloca entre outros príncipes.

4. Potestades. Refere-se a poderes angelicais delegados para exercerem atividades especiais. Não se trata de anjos com poderes isolados para fazer o que quiserem, mas são chamados “potestades” porque foram investidos de uma autoridade especial. A Bíblia apresenta vários exemplos da manifestação dessa classe de anjos. Um destes anjos foi enviado por Deus para destruir a cidade de Jerusalém e só parou quando Deus ordenou-lhe que guardasse a sua espada (1 Cr 21.15-27). O salmista Davi diz que esses anjos são “magníficos em poder” (Sl 103.20). A magnitude do poder dessa classe de anjos não os torna capazes de fazer aquelas coisas que só a Divindade é capaz.

V. O MINISTÉRIO DOS ANJOS NO ANTIGO TESTAMENTO

No Antigo Testamento, vemos os anjos ajudando, orientando, provando e protegendo os servos de Deus. Podemos constatar esse fato em vários textos conforme expomos a seguir:

a) O anjo que apareceu a Hagar, a escrava egípcia, quando esta peregrinava com seu filho em pleno deserto, facilitou a vida e proveu água para ambos (Gn 16.7-12);

b) Os anjos, na forma de viajantes, que apareceram na tenda de Abraão e sua mulher, anunciaram que Sara teria um filho (Gn 18.1-33).

c) Os anjos que salvaram Ló e suas filhas da destruição de Sodoma e Gomorra (Gn 19);

d) O anjo enviado para proteger Moisés na sua volta ao Egito para libertar seu povo da escravidão (Ex 33.2);

e) O anjo que guiou Israel no deserto (Ex 14.19; 23.20);

f) O anjo que falou a Josué quando estava diante da muralha de Jericó (Js 5.13-15);

g) O anjo que comissionou Gideão a libertar o povo de Deus das mãos dos midianitas (Jz 6.11);

h) O anjo que cuidou de Elias, o profeta, quando fugia da presença e ódio de Jezabel (1 Es 19.5-8); e

i) O anjo que ajudou a Zacanas, o profeta, na redação do seu livro (Zc 1.9; 2.3; 4.5).

VI. O MINISTÉRIO DOS ANJOS NO NOVO TESTAMENTO

1. No ministério de Jesus. No Novo Testamento podemos começar pelo ministério pessoal dos anjos atuando no ministério terrestre de Jesus:

a) no seu nascimento (Lc 2.13);

b) em sua tentação no deserto (Mt 4.11);

c) em sua agonia no Getsêmane (Lc 22.43);

d) em sua ressurreição (Lc 24.4-6);

e) em sua ascensão aos céus (At 1.10,11);

f) em seu estado de glória no céu (Ap 4.6- 9);

g) no arrebatamento da Igreja em sua vinda (1 Ts 4.16); e

h) na sua volta pessoal à terra (2 Ts 1.7,8).

2. No ministério dos apóstolos. A ação dos anjos evidencia-se de forma maravilhosa:

a) na ascensão de Cristo, dois anjos anunciaram a Sua volta (At 1.10,11);

b) um anjo abriu as portas da prisão para João e Pedro (At 5.19);

c) um anjo transladou Filipe até o Eunuco etíope para explicar- lhe a escritura de Isaías (At 8.26- 28);

d) um anjo soltou as cadeias e abriu as portas da prisão para Pedro em Jerusalém (At 12.7-9);

e) um anjo ordenou a Cornélio que convidasse Pedro a vir à sua casa (At 10.3); e f) um anjo esteve com Paulo na viagem para Roma (At 27.23).

VII. O MINISTÉRIO DOS ANJOS A FAVOR DOS SANTOS

A Bíblia chama os anjos de “espíritos ministradores”, e isto indica que eles se interessam pelo bem-estar daqueles que servem a Deus. De muitos modos e em várias circunstâncias os anjos de Deus, em toda a Bíblia, aparecem protegendo, conduzindo e facilitando a vida dos servos de Deus. A experiência cristã está cheia de evidências da intervenção de anjos, ministrando a nosso favor.

1. Os anjos protegem o povo de Deus. Na Bíblia temos muitas evidências da proteção dos anjos aos servos de Deus. Dentre esses, destacamos Elias (1 Es 19.5-7), Eliseu (2 Es 6.14-17), Daniel (Dn 6.22) e Paulo (At 27.23-25).

2. Os anjos vigiam os interesses de Deus na nossa vida. O escritor C. Leslie Milier diz em seu livro, Tudo Sobre Anjos, que o texto de Hebreus 1.14 significa “um serviço especial de entregas do céu”, como uma das atividades mais comuns dos anjos de Deus. O fato de não os vermos fisicamente, a não ser que eles queiram se tomar perceptiveis, não anula a evidência e a realidade do trabalho dos anjos a nosso favor. O autor da Carta aos Hebreus chega a aconselhar: “Não vos esqueçais da hospitalidade, porque por ela  alguns, não o sabendo, hospedaram anjos” (I-Ib 13.2). Ora, esse texto mostra que os anjos de Deus estão interessados em nós e vigiam nossos passos com especial cuidado, pois somos filhos de Deus. 

VIII. OS ANJOS, EXECUTORES DE JUÍZOS DIVINOS

A execução dos juízos divinos aplicados pelos anjos de Deus é feita conforme a vontade e a justiça de Deus. Existem princípios estabelecidos pelo próprio Deus, os quais estão livres de erro e de injustiça. A soberana vontade de Deus é basea. da no conhecimento prévio e perfeito que Deus tem acerca de todas as coisas. Para a execução desses juízos, a Bíblia diz que Deus, “de seus anjos faz ventos, e de seus ministros labareda de fogo” (Hb 1.7). Percebe-se na linguagem figurada usada para “labareda de fogo” e “ventos” i extensão do juízo operado através dos anjos.

1. No Antigo Testamento. As escrituras registram a atividade Jos anjos na aplicação dos juízos divinos sobre várias nações, sistemas de governos e civilizações. Eis alguns exemplos:

a) o castigo anunciado pelos anjos a Abraão e Ló, e aplicado sobre Sodoma e Gomorra (Gn 18.17-22; 19.1,24,25);

b) o anjo que aplicou o juízo de Deus sobre o exército da 5íria e sobre seu rei que pretendeu afrontar o Senhor, humilhar o rei Ezequias e invadir Jerusalém (2 Rs 19);

c) por causa do pecado de Davi, um anjo de Deus recebeu a ordem para executar juízo contra Jerusalém, Davi viu o anjo de Deus que estava entre o céu e a terra, com uma espada desembainhada estendida contra Jerusalém. O rei orou e fez uva sacrifício ao Senhor e o seu sacrifício foi aceito. Por isso, Deus ordenou ao anjo da destruição que retirasse a sua mão de juízo de sobre o povo, mas já haviam sido mortas 70 mil pessoas (2 Sm 24.15,16; 1 Cr 2L14-27).

2. No Novo Testamento. Notamos aqui os anjos aplicando, com diligência, os juízes de Deus. Exemplos:

a) vemos a ação de um anjo contra o rei Herodes Agripa 1, que não deu glória a Deus, mas teve a presunção de imaginar-se um deus. A sua autolatria e blasfêmia receberam o imediato juízo divino, porque Deus não se deixa zombar, O anjo de Deus o feriu e Herodes Agripa 1 expirou comido de vermes (At 12.22,23);

b) os anjos terão grande participação na aplicação dos juízos divinos na consumação dos séculos, mui especialmente no período da Grande Tribulação, quando a Igreja de Cristo não mais estiver na terra.
O livro do Apocalipse é o livro profético que trata dos juízos de Deus relativos ao povo de Israel, o mundo e o sistema satânico liderado pelo Anticristo (Ap 7.1-8; 8.11; 12.7-9; 14.6,7,9-11; 20.1-3).

IX. QUEM É MIGUEL

Vejamos algumas particularidades acerca deste magnífico príncipe celeste.
Nas Sagradas Escrituras, é tratado com especial deferência e honra. É o principal entre os anjos.

1. O significado de seu nome. Em hebraico, Miguel significa: Quem é como o Senhor? Que contraste entre o arcanjo e o ungido querubim. Enquanto este lutava por ser como o Altíssimo, aquele exalta o Altíssimo até mesmo em seu nome (Is 14.14).
Em seu nome, santificava Miguel o nome de Deus. Tem você exaltado o nome do Todo-Poderoso?

2. O grande príncipe. Este é o título nobiliárquico de Miguel em hebraico: ha sar ha gadol (Dn 12.1).
Sar significa, entre outras coisas, nobre, chefe, comandante, representante do rei, etc.
E gadol denota aquele que é grande em poder e riqueza.Na existência de Miguel, cumpriu-se o que disse o Senhor Jesus: o que se humilha será exaltado. O arcanjo portou-se humildemente ao não acompanhar o ungido querubim em sua rebelião no céu, por isso foi exaltado como o mais excelente dos anjos.

3. Arcanjo. Proveniente do grego, este termo significa o principal dentre os anjos. Logo, temos na Bíblia apenas um arcanjo: Miguel (Jd v.9). 

E isto se acha em perfeita consonância com o significado etimológico da palavra arcanjo. Se for o principal dentre os anjos, o vocábulo tem de estar, necessariamente, no singular.

X. O PODEROSO NOME DE JESUS

O arcanjo Miguel não se perdeu em irreverências. Poderia ter se aproveitado de sua força e posição junto aos exércitos celestiais para cobrir de opróbrios ao Diabo. 

No entanto, preferiu usar da arma infalível: “Mas o arcanjo Miguel, quando contendia com o Diabo e disputava a respeito do corpo de Moisés, não ousou pronunciar juízo de maldição contra ele; mas disse: O Senhor te repreenda” (Jd v.9).

Se um poderoso anjo viu-se na contingência de usar do nome de Deus numa peleja, quanto mais nós. Em nome de Jesus, expulsemos os demônios.

CONCLUSÃO

Os anjos são seres criados e, como tais, não devem ser adorados, pois a adoração é uma prerrogativa exclusiva das pessoas da Trindade, a saber: Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo (Is 6.3; Rm 11.33-36; Ap 4). Não encontramos na Bíblia nenhuma passagem que abone a ideia de adoração ou culto aos anjos. Jesus quando da tentação no deserto, deixou bem claro a quem devemos adorar e prestar culto, quando disse: “Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a Ele darás culto”. Visto que um anjo não é Deus, mas apenas uma criatura de Deus, não pode nem deve ser adorado ou cultuado. O apóstolo João, quando estava recebendo a revelação das coisas futuras por intermédio de um anjo escreveu: 

“... prostrei-me aos pés do anjo que me mostrava para o adorar. E disse-me: Olha, não faças tal; porque eu sou conservo teu e de teus irmãos, dos profetas, e dos que guardam as palavras deste livro. Adora a Deus” (Ap 22.8-9). Portanto, reiteremos que somente o Deus revelado nas Escrituras deve ser adorado, porque Ele disse: “... a minha glória, pois não a darei a outrem, nem a minha honra, às imagens de escultura” (Is 42.8).

Por:-  Evangelista Isaias Silva de Jesus 

Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS

Bibliografia

Lições bíblicas CPAD 2002
Lições bíblicas CPAD 2011
Lição Bíblicas 4º. Trimestre 1988  - CPAD