19 de março de 2019

VIVENDO EM CONSTANTE VIGILÂNCIA


VIVENDO EM CONSTANTE VIGILÂNCIA
INTRODUÇÃO
Nesta lição veremos a definição da palavra “vigilância”; pontuaremos algumas causas da necessidade da vigilância na batalha espiritual; elencaremos como devemos vigiar na batalha contra as hostes do maligno; e por fim, analisaremos a importância da vigilância espiritual para vencermos Satanás e seus anjos.
I – DEFINIÇÃO DA PALAVRA VIGILÂNCIA
Definição exegética. O verbo “vigiar” traduz pelo menos cinco palavras hebraicas no AT e outras cinco palavras gregas no NT.  O lexicógrafo Houaiss explica que o verbo “vigiar” quer dizer: “observar com atenção; estar atento a; velar; espiar, espreitar atentamente”. No hebraico o principal verbo é “shamar” que significa: “vigiar, guardar”. No grego o termo “gregoreo” significa literalmente “vigiar” e é encontrado em 22 lugares no NT. Já o verbo “agrypneo” significa: “manter-se acordado, vigiar, guardar, cuidar”. Pode-se ainda citar o verbo “eknepho” que só aparece uma vez no NT (1Co 15.34).
Na Bíblia a palavra “vigiar” é aplicada em diferentes contextos e, é usado acerca de:
(a) “manter-se acordado” (Mt 24.43; 26.38.40.41);
(b) “vigilância espiritual” (At 20.31; 1Co 16.13; Cl 4.2; 1Ts 5.6.10; 1Pd 5.8; Ap 3.2.3; 16.15).
II - Vigiar na Bíblia
Mt 24.42 - Vigiai, pois, porque não sabeis a que hora há de vir o vosso Senhor.
Mt 26.41 - Vigiem e orem para que não caiam em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é fraca.

1Pe 5.8,9 - Estejam alertas e vigiem. O Diabo, o inimigo de vocês, anda ao redor como leão, rugindo e procurando a quem possa devorar. Resistam-lhe, permanecendo firmes na fé, sabendo que os irmãos que vocês têm em todo o mundo estão passando pelos mesmos sofrimentos Mt 25.13 - Ap 16.15), ou ainda para evitar que alguém negue ou abandone a Cristo (Mt 26.41) ou caia em pecado (1 Ts 5.6; 1 Co 16.13; 1 Pe 5.8; Ap 3.2)”.

O ensino sobre a vigilância é constante no ministério de Jesus (Mt 26.41). No intuito de demonstrar de que forma devemos nos manter vigilantes, o Senhor Jesus narrou a parábola dos dois servos, primeiramente contrastando o perfil de ambos ao mostrar que um era bom e o outro mau. A ambos os servos o “senhor” da narrativa confiou a tarefa de cuidar de seus conservos. O bom os alimentava em quantidade e hora corretas.
O mau os espancava, desprezava-os, e como se ainda não fosse o bastante, comia e bebia com bêbados. O servo bom, além de fiel, era vigilante, administrando bem aquilo que recebeu do seu senhor. O destaque à vigilância, nesta parábola se manifesta como sendo o exercício correto da mordomia, ou seja, o homem vigilante pratica a administração responsável do que recebeu do seu senhor, sabendo que está lidando com o que não é seu e que brevemente terá de prestar contas.
O mesmo princípio é rememorado pelo apóstolo Paulo quando em 1 Coríntios 4.1,2, diz: “Que os homens nos considerem como ministros de Cristo e despenseiros dos mistérios de Deus. Além disso, requer-se nos despenseiros que cada um se ache fiel”. Jesus nos manda estar acordados, alertas, vigilantes, circunspectos (Mt 25.13; Mc 14.34,37,38), isto é, precisamos estar completamente alertas!
III – CAUSAS DA EXORTAÇÃO A VIGILÂNCIA NA BATALHA ESPIRITUAL
O apóstolo Paulo fala da importância da armadura de Deus, do poder de Deus, da oração e também da vigilância para vencermos as astutas ciladas do inimigo: “orando em todo tempo com toda oração e súplica no Espírito e vigiando nisso com toda perseverança e súplica [..]” (Ef 6.18). A vigilância é o ato de estarmos atentos em todos os aspectos da vida cristã. Vejamos o porque da importância da vigilância:
A fraqueza humana.
Sabendo da fragilidade humana, Jesus exortou os apóstolos a estarem vigilantes, para vencerem as tentações (Mt 26.41; Mc 14.38). Fomos perdoados e libertos dos nossos pecados (1Jo 2.12; Rm 6.22), todavia, ainda não estamos livres da presença do pecado na nossa natureza humana. Isto somente se dará quando nosso corpo for glorificado, por ocasião do arrebatamento da Igreja (1Co 15.51-54). Precisamos viver vigilantes, a fim de não sermos vencidos pelo pecado (Rm 6.11,12; 1Co 15.34).
A astúcia do Diabo.
Além da fragilidade humana, o crente precisa vigiar também porque “[...] o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar” (1Pd 5.8). Toda tentação é proveniente da própria natureza humana (1Co 10.13; Tg 1.13-15), todavia, o principal agente da tentação é Satanás (Mt 4.3; Lc 4.2; 1Ts 3.5; Tg 4.7).
Precisamos estar vigilantes e fortalecermo-nos no Senhor a fim de vencer as batalhas espirituais, que somos submetidos (Ef 6.10-18). Jesus exortou os crentes de Esmirna a serem fiéis até a morte, mesmo diante das tentações do diabo (Ap 2.10). Da mesma forma, falou aos crentes de Filadélfia, dizendo: “Eis que venho sem demora; guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa” (Ap 3.11).
A repentina vinda do Senhor.
A necessidade da vigilância espiritual se dá também pelo fato de ser o retorno de Cristo um evento repentino. Diversas vezes, Jesus exortou os seus discípulos sobre isso (Mt 24.36,42,44; 25.13; Mc 13.33; Lc 12.46). Infelizmente, não são poucos aqueles que têm a promessa do Senhor como tardia, ao ponto de desacreditarem dela (2Pe 3.4). Todavia, Jesus nos assegurou que viria “sem demora” (Ap 3.11; 22.12,20). A Bíblia nos exorta a estarmos vigilantes para não sermos pegos de surpresa e sermos achados dormindo naquele dia (Mc 13.36; Lc 21.34).
III – COMO DEVEMOS VIGIAR NA BATALHA ESPIRITUAL
Notemos quais atitudes devemos ter para vencermos as batalhas espirituais:
Vigiando em oração.
Jesus associou o verbo vigiar com o verbo orar: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca” (Mt 26.41), são duas atividades que se misturam e se completam. Não basta orar: é preciso vigiar cuidadosamente. A Bíblia nos exorta a aguardarmos o Senhor vigiando em oração (1Pd 4.7).
É por meio desta prática constante: “Orai sem cessar” (1Ts 5.17) que o cristão mantém contato com Deus (Jr 33.3; Tg 4.8). Ela expressa uma atitude de sujeição e inteira dependência da Sua graça, ou seja, quem ora reconhece que precisa da ajuda divina para vencer as batalhas espirituais e as dificuldades da vida (Is 38.1-5; 2Cr 20.3,4).
Faz-se necessário entender que, os últimos dias da Igreja de Cristo aqui na terra, serão dias de esfriamento espiritual na vida de alguns cristãos (Mt 24.12; Ap 3.15,16). Portanto, devemos ter cuidado para não sermos cristãos superficiais, mas de profunda comunhão com Deus.
Vigiando em santidade.
A ausência de vigilância é terreno propício para que a tentação encontre brechas e nos conduza à derrota espiritual (Hb 12.1,2). Jesus anunciou que antecipadamente que os dias que antecedem a sua vinda, serão de extrema corrupção moral, comparando com o período antediluviano e geração de Sodoma e Gomorra (Mt 24.37; Lc 17.28).
Os apóstolos também fizeram: a mesma afirmação (2Tm 3.1-5; 2Pd 3.3). Sabedores disto, nós cristãos, devemos no meio desta geração pervertida, vigiar em santidade, a fim de não contaminarmos com o pecado (Fp 2.15). A santidade é tipificada na Bíblia como vestes (Ap 19.8,14).

Por sua vez, a falta de santidade pode ser retratada como vestes sujas ou a nudez (Zc 3.3,4; Ap 3.18; 16.15).
A exortação bíblica é que devemos estar vestidos e com vestes limpas em todo tempo (Ec 9.8; Ap 3.4), e só assim, venceremos as batalhas espirituais.
Vigiando em todo tempo.
O ensino sobre a vigilância é constante no ministério de Jesus (Mt 26.41 ver Ef 6.18). Já vimos que a palavra “vigiar” significa: “estar atento”. O contrário da palavra “vigiar” é justamente “dormir” (Mc 14.37; Ef 5.14; Rm 13.11).
Do ponto de vista bíblico, o sono espiritual, tem conotação negativa, pois leva o homem a um estado de invigilância. Jesus falou disto quando disse: “Vigiai, pois, porque não sabeis quando virá o senhor da casa; se à tarde, se à meia-noite, se ao cantar do galo, se pela manhã, para que, vindo de improviso, não vos ache dormindo” (Mc 13.35,36).
Foi quando as dez virgens cochilaram que chegou o esposo “E, tardando o esposo, tosquenejaram todas, e adormeceram” (Mt 25.5). A “demora” da volta de Cristo se constitui num teste de resistência e fidelidade para aqueles que professam segui-lo. Por isso, somos exortados a perseverança (Mt 24.13; Lc 8.15; Rm 2.7; 1Tm 4.16; Ap 3.10-11). Devemos também exorta-nos uns aos outros (Hb 10.25).
IV – A IMPORTÂNCIA DA VIGILÂNCIA ESPIRITUAL
A vigilância é o ato ou efeito de vigiar, o estado de quem permanece alerta, de quem procede com precaução nas várias áreas da vida, principalmente na vida espiritual. A atitude de vigiar na vida espiritual implica em algumas atitudes. Notemos:
Vigiar implica ficar de atalaia.
O atalaia exercia um papel bastante importante na segurança da cidade e se aquele atalaia falhasse na sua função, colocaria a cidade em risco (2Cr 20.2-10). Para proteger o gado, a lavoura e os centros urbanos, os judeus construíam as chamadas torres de vigia nos pastos (Mq 4.8; Mt 21.33), nas vinhas (Is 5.2) e nas cidades (Sl 127.1).
A vigilância era de dia e de noite e os guardas ansiavam pelo romper da manhã (Sl 130.6). No NT Jesus também insiste muito na prática da vigilância e o imperativo vigiai aparece três vezes na parábola da figueira (Mc 13.33, 35, 37), uma vez na parábola das dez virgens (Mt 25.13) e duas vezes na cena do Getsêmani (Mc 14.34,38). 
O texto de Marcos 13.37 é muito enfático: “O que, porém vos digo, digo a todos: vigiai”. A ordem para vigiar não está apenas no ensino de Jesus. Encontra-se também em Paulo, tanto no discurso dirigido aos presbíteros de Éfeso (At 20.31) como nas cartas endereçadas aos Coríntios (1Co 16.13) e aos Tessalonicenses (1Ts 5.6).
Aos cristãos judeus expulsos de Jerusalém e espalhados pelo Ponto, pela Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia, Pedro escreve: “Sede sóbrios e vigilantes” (1Pe 5.8).
A igreja em Sardes recebe a mesma exortação (Ap 3.2). Depois de glorificado Jesus declarou que é: “bem-aventurado aquele que vigia [...]” (Ap 16.15). É exigido daquele que vigia atitude de alerta permanente (1Ts 5.6; Rm 13.11).
Vigiar implica ficar acordado.
A vigilância na fé cristã pode ser entendida o ato de permanecer acordado (Lc 12.3638; 1Ts 5.6). Estar alerta e acordado tem como objetivo evitar o comportamento negligente ou indolente que pode levar alguém a cair em alguma cilada ou ceder a alguma tentação que acaba enfraquecendo sua fé em Cristo (Mt 24.42; 25.13; 26.41; 1Co 16.13; 1Ts 5.6; 1Pd 5.8; Ap 3.2; 16.15).
Todos nós precisamos de vigilância espiritual, e são inúmeras as recomendações bíblicas acerca da importância da vigilância constante para o crente. Diariamente somos submetidos a diversas tentações, e diante disso o conselho Jesus é: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação” (Mt 26.41).
Vigiar implica ter consciência das realidades espirituais.
Ter consciência dos perigos espirituais contidos no reino oposto de Satanás, e resiste-lhes ativamente. Tal batalha trava-se no reino espiritual das nossas vidas, pois nós não lutamos contra carne e sangue, mas sim contra um poder espiritual hostil e seus malévolos princípios (Ef 6.12).
Quanto mais nos lembrarmos da realidade desse outro mundo invisível, mais vigilantes devemos estar. Acerca disso Paulo diz: “Porque não ignoramos os seus ardis” (2Co 2.11). Pedro também afirmou que: “o diabo […] anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar” (1Pd 5.8).
Quanto mais inclinados estivermos para o mundo secular, menos vamos considerar as realidades espirituais, desprezando assim ordenar as nossas vidas de harmonia com elas. Estar vigilante no sentido bíblico, requer que os nossos olhos estejam abertos a certas realidades e que tal conhecimento determine as nossas decisões e ações.  
CONCLUSÃO
Aprendemos que o ensino bíblico sobre a vigilância envolve precaução, cuidado, perseverança, fé e obediência, considerando esta verdade sigamos o ensino de Jesus: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca” (Mt 26.41).
Por. Pb. Mickel S. Porto

REFERÊNCIAS
ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. RJ: CPAD, 2006.
HOWARD, R.E, et al. Comentário Bíblico Beacon. RJ: CPAD 2010.
HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. RJ: OBJETIVA, 2001.
STAMPS, Donald C (Trad. Gordon Chown). Bíblia de Estudo Pentecostal. RJ: CPAD, 1995.
VINE, W.E, et al (Trad. Luís Aron). Dicionário Vine. RJ: CPAD, 2002.
IEADPE -Superintendência de Escola Dominical

12 de março de 2019

Discernimento de Espíritos – Um Dom Imprescindível


Discernimento de Espíritos – Um Dom Imprescindível
INTRODUÇÃO
Nesta lição introduziremos o assunto definindo o verbo “discernir”; destacaremos as três fontes das manifestações sobrenaturais; falaremos sobre a importância do dom de discernir os espíritos a fim de detectarmos a fonte das operações miraculosas; pontuaremos ainda quais as ferramentas que Deus outorgou a igreja a fim de que ela pudesse discernir as coisas espirituais; e, concluiremos destacando três exortações paulinas úteis a vida cristã.
I – DISCERNIR E DISCERNIMENTO
No seu uso geral, discernimento é, na vida cotidiana, a capacidade de compreender e avaliar as coisas com bom senso e clareza, de separar o certo do errado com sensatez. O termo aparece nessa acepção na Bíblia (2 Sm 19.35; Jn 4.11). Mas, no contexto teológico, o seu uso é muito mais amplo, como veremos a seguir.
·      O verbo “discernir”.
O Novo Testamento grego apresenta dois verbos traduzidos em nossas versões bíblicas por “discernir”, anakrino e diakrino. O significado do primeiro é amplo, como “perguntar, interrogar, investigar, examinar” (Lc 23.14; At 17.11), e aparece também com o sentido de “discernimento” (1 Co 2.14,15). O segundo verbo apresenta grande variedade semântica e uma das variações é a de discernir (1 Co 11.29).
·      O substantivo “discernimento”.
O termo grego é diákrisis, que só aparece três vezes no Novo Testamento e, em cada uma delas, o significado é diferente: uma vez com o sentido de “briga” ou “julgamento” (Rm 14.1); outra, como “distinção” em que se julgam pelas evidências se os espíritos são malignos ou se provém de Deus (1 Co 12.10); e, finalmente, para discernir entre o bem e o mal (Hb 5.14).

II – CONHECENDO A FONTE DAS MANIFESTAÇÕES ESPIRITUAIS
As manifestações sobrenaturais podem ter basicamente três origens.


·Divina.
·A Bíblia não somente afirma a existência de Deus (Gn 1.1; Dn 2.28), como também fala de suas intervenções miraculosas na terra (1 Sm 2.6-8). Ele opera sinais e maravilhas (Êx 10.1; Nm 14.22; Dn 6.27).
·Humana.
·A Bíblia fala de pessoas que profetizam “falsamente” (Jr 14.14); do “próprio coração” (Jr 23.16); falam “sonhos mentirosos” (Jr 23.32). Na época do profeta Isaías e Jeremias havia aqueles que afirmavam predizer o futuro (Is 8.19; 44.25; Jr 27.9; 29.8). Há casos no Novo Testamento de mágicos que iludiam as pessoas com truques, fazendo seus seguidores crer que eles possuíam algum poder para fazer milagres (At 8.8-11; 13.6).
·Diabólica.
Quando os demônios agem na vida das pessoas podem fazê-las “operar sinais” (Êx 7.10,11; 2 Ts 2.9); “profetizar” (1 Rs 22.22); adquirir “grande força” (Mc 5.3,4); ter “conhecimento da vida íntima das pessoas” (At 16.16). A Bíblia diz que: (a) Satanás usa as Escrituras e as interpreta para o mal (Mt 4.6; Lc 4.10,11); (b) ele opera grandes sinais e prodígios (Mt 24.24; 2 Ts 2.9; Ap 16.14; 19.20); e, (c) ele tem a capacidade de transformar-se em anjo de luz (2 Co 11.14).
III - O Dom de Discernimento
O Dom de discernimento de espírito trata-se de uma dotação especial dada pelo Espírito, para o portador do dom discernir e julgar corretamente as profecias e distinguir se uma mensagem provém do Espírito Santo ou não: “E falem dois ou três profetas, e os outros julguem”.
Os espírito malignos conseguem agir na congregação através de falsos mestres e falsos profetas aí presentes. O profetizar, o falar em línguas estranhas ou a possessão dalgum dom sobrenatural não é garantia de que alguém é genuíno profeta ou crente, pois os dons espirituais podem serem falsificados por Satanás.
·Mt 24.24 - Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas, e farão tão grandes sinais e prodígios que, se possível fora, enganariam até os escolhidos.

·2 Ts 2.9-12 - A esse cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás, com todo o poder, e sinais e prodígios de mentira,E com todo o engano da injustiça para os que perecem, porque não receberam o amor da verdade para se salvarem. E por isso Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam a mentira;Para que sejam julgados todos os que não creram a verdade, antes tiveram prazer na iniqüidade.
IV – A NECESSIDADE DE DISCERNIR OS ESPÍRITOS

Em um universo de muita pluralidade religiosa como esta em que vivemos, onde existem muitas ações malignas, imitações e até supostas ações sobrenaturais faz-se necessário a manifestação deste dom. É bom dizer que pelo entendimento e pela lógica humana, nem sempre é possível avaliar a origem das manifestações espirituais, porque às vezes são muito semelhantes. Abaixo destacaremos alguns casos, que constam no registro bíblico, e que são muito semelhantes entre si a fim de entendermos a importância do dom de discernir para sabermos a fonte das operações sobrenaturais a fim de não sermos enganados pelo diabo.

·O ESPÍRITO SANTO OPERANDO

Moisés tornou o cajado em serpente (Êx 7.10)
Elias fez cair fogo do céu (2 Re 1.10)
A mulher sunamita elogiou Eliseu (2 Re 4.9)
Saul profetizou (1 Sm 10.11)
Sansão tinha uma grande força (Jz 16.22)

·O ESPÍRITO MAL OPERANDO

Os magos tornaram o cajado em serpente (Êx 7.10,11)
O anticristo fará cair fogo do céu (Ap 13.13)
A mulher pitonisa elogiou Paulo (At 16.17)
Saul profetizou (1 Sm 18.10)
O gadareno tinha uma grande força (Mc 5.4)

V – O QUE NOS AUXILIA NOS DISCERNIMENTO DAS COISAS ESPIRITUAIS

Ser um homem espiritual.

A expressão ‘homem espiritual’ no grego ‘pneumatikos anthrõpos’, é o homem que, nascido de novo, procura andar segundo a natureza divina recebida por ocasião do novo nascimento (Jo 3.3,7; 2 Co 5.17; Gl 6.15; Jo 1.12.13; Ef 2.1,5; Cl 2.13; Tt 3.5; Tg 1.18; 1 Pe 1.23). Ao contrário do homem natural, quanto as coisas espirituais, o homem espiritual “[…] discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido” (1 Co 2.15-b). Por possuírem o Espírito Santo, os crentes entendem estas coisas. Eles são capazes de fazer julgamentos corretos sobre os assuntos espirituais, tais como: a salvação ou as bênçãos futuras de Deus. Todo cristão nascido de novo deve ter, em certo grau, a capacidade de “provar os espíritos” (1 Jo 4.1).

A Palavra de Deus.

Para que pudéssemos discernir as manifestações espirituais Deus nos concedeu a Sua Palavra. Qualquer manifestação espiritual que não esteja de acordo com as Escrituras, deve ser descartada. Jesus nos advertiu sobre os falsos profetas, dizendo que eles fariam até prodígios (Mt 7.15; 24.11,24; Mc 13.22). Os apóstolos Paulo, Pedro e João também nos advertiram quanto a isso (1 Ts 5.21; 2 Pd 2.1; 1 Jo 4.1).

O dom de discernir.

Quando da ocasião da vinda do Espírito Santo no Dia de Pentecostes (At 2), dons espirituais foram concedidos a igreja a fim de equipá-la para sua tríplice função: “adoração, edificação e evangelização” (1 Co 12.810). O dom espiritual é uma: “dotação ou concessão especial e sobrenatural pelo Espírito Santo, de capacidade divina sobre o crente, para serviço especial na execução dos propósitos divinos para e através da Igreja”. O dom de discernir os espíritos (1 Co 12.10) é “uma ação sobrenatural do Espírito Santo na vida do crente, capacitando-o a discernir as manifestações sobrenaturais”. Pelo dom de discernimento, o crente pode saber, por exemplo, se uma determinada profecia vem de Deus, do homem ou dos demônios. Ou seja, esse dom capacita a “enxergar” todas as aparências exteriores e conhecer a verdadeira natureza de uma inspiração (At 13.6-12; 16.16-18).

VI – O QUE A BÍBLIA NOS ORDENA A JULGAR

A palavra “julgar” segundo o dicionário significa: “emitir parecer, opinião sobre (alguém ou alguma coisa); formar conceito ou opinião”. A Bíblia nos exorta a submetermos ao julgamento as seguintes coisas.

·Julgar as profecias.

Desde o AT que Deus ensinou o seu povo a julgar as profecias (Dt 18.20-22). No NT, há o mesmo direcionamento. Na igreja de Corinto, por exemplo, onde os dons espirituais eram abundantes (1 Co 1.7); e, faziam parte regularmente dos cultos (1 Co 14.26). Quanto ao dom de profecia, o apóstolo orientou aos que profetizavam que falassem um após o outro e que a igreja julgasse o conteúdo das profecias (1 Co 14.29). A palavra “julgar” usada por Paulo aqui neste texto é a expressão grega “diakrinetosan” que significa “discernir”. Mas, que aspectos devemos julgar? Notemos alguns:

(a) a mensagem glorifica a Deus? (1 Co 10.31)
(b) a mensagem está de acordo com as Escrituras? (1 Pd 4.11);
(c) a mensagem edifica a igreja? (1 Co 14.3,4,5,12,17,26);
(d) a pessoa que profetiza se submete ao julgamento dos outros? (1 Co 14.29); a pessoa que profetiza está no controle de si mesmo? (1 Co 14.32); a pessoa que profetiza é submissa a Palavra de Deus e a autoridade pastoral? (1 Co 14.37).

·Julgar a mensagem pregada.

Satanás também cria doutrinas heréticas com a finalidade de destruir a pureza doutrinária da igreja, levando-a a apostasia. Sabedor disto, Paulo exortou aos presbíteros de Éfeso (At 20.28), e previu, pelo Espírito Santo, que isto ocorreria em maior abundância nos últimos dias (1 Tm 4.1-3). Paulo elogiou a igreja de Bereia, que examinava as Escrituras para ver se o que ele estava falando era de fato a verdade (At 17.11). A igreja de Éfeso foi grandemente elogiada por Jesus, pelo fato de ter rejeitado a mensagem dos falsos apóstolos (Ap 2.2-b). Exortando as igrejas da Galácia, que estavam sendo seduzidas por heresias, o apóstolo Paulo disse: “Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema” (Gl 1.8).

·As manifestações espirituais.

Não podemos ignorar que o homem (At 8.8-11; 13.6) ou mesmo Satanás e os demônios (Mt 24.24; 2 Ts 2.9; Ap 16.14; 19.20) podem realizar coisas que se assemelham as operações miraculosas, com o intuito de enganar as pessoas e induzi-las ao erro. Diante disto, necessitamos “provar os espíritos” (1 Jo 4.1). À semelhança do metalúrgico que testa a integridade do metal por meio do fogo, testar a mensagem com a verdade apostólica, para saber qual o espírito que está por trás dela.

VII - TRÊS RECOMENDAÇÕES ÚTEIS A VIDA CRISTÃ

Não extinguir o Espírito.
O Espírito Santo foi concedido a igreja para nela e por meio dela manifestar a glória do Senhor, realizando proezas sinais e maravilhas (At 2.1-4; Hb 2.4). Logo, não devemos jamais extinguir o Espírito (1 Ts 5.19); nem atribuir uma obra do Espírito Santo ao diabo, pois isto é um pecado que não tem perdão (Mc 3.22-30).

Não desprezar as profecias.
Segundo Paulo não devemos desprezar ou desacreditar do dom de profecia (1 Ts 5.20). O verbo “desprezeis” no grego é, literalmente, “contar como nada”. O dom de profecia é de extrema importância para a igreja, pois foi concedido para “edificação, exortação e consolação” (1 Co 14.3). 

Examinar tudo e reter o bem.

Paulo orientou a igreja de Tessalônica a submeter as manifestações espirituais a um exame minucioso para reter somente o que é bom (1 Ts 5.21). Esta última exortação na passagem equilibra as primeiras duas. O julgamento cristão, o bom senso, o exame criterioso são ações imprescindíveis na vida da igreja.

CONCLUSÃO

Satanás tenta de todas as formas atacar o povo de Deus até mesmo imitando as manifestações sobrenaturais com a finalidade de ludibriar os salvos. Usemos a Palavra de Deus e busquemos o dom de discernimento de espíritos, a fim de não cairmos no erro.

Por. Pb. Mickel S. Porto

REFERÊNCIAS

BÍBLIA DE APLICAÇÃO PESSOAL. CPAD.
GILBERTO, Antônio (Org.); et al. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD.
HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.
RENOVATO, Elinaldo. Dons espirituais e ministeriais. CPAD.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
VINE, W.E, et al. Dicionário Vine. CPAD.
Superintendência de Escola Dominical - IEADPE