3 de julho de 2019

O QUE É A MORDOMIA CRISTÃ


O QUE É A MORDOMIA CRISTÃ

TEXTO ÁUREO

“Do Seenhor é a terra e a sua plenitude: o mundo e aqueles que nele habitam’ (SI 24.1).

VERDADE PRÁTICA

A mordomia cristã ensina ao crente uma perspectiva global e administrativa da vida em todas as suas esferas.
TEXTO BÍBLICO BÁSICO = Salmos  66.1-9

INTRODUÇÃO

O estudo da Mordomia Cristã leva-nos à verdadeira filosofia de vida cristã. Os princípios básicos da vivência cotidiana do crente estão expostos na doutrina da mordomia. Esse estudo, sem divida, será capaz de oferecer uma atitude nova e positiva para com a vida em relação com o mundo em que vivemos, O modelo singular da mordomia Cristã. é o próprio Cristo. através do testemunho dos Evangelhos, nos seus atos e ensinos.

O conhecimento da mordomia cristã dá ao crente uma perspectiva mais global do significado da vida. Responde claramente à indagação: Por que estou no mundo? Como viver sabiamente num mundo corrompido?

Creio que este estudo acerca da Mordomia Cristã possa promover uma total revolução social e espiritual, e restaurar a consciência do dever de cada crente perante Deus e o mundo. Ao entendermos o significado dessa doutrina, estaremos aptos para fazer a “obra de Deus” em todas as suas dimensões.

A doutrina bíblica da mordomia centraliza seus princípios na soberania de Deus sobre todas as coisas. Nós somos apenas seus mordomos.

1. DEFINIÇÃO DA PALAVRA “MORDOMIA”

Há pelo menos cinco palavras no grego que dão uma idéia geral do significado da palavra “mordomia”. Essas cinco palavras são semelhantes e podem dar um entendimento mais global da citada palavra.

O verbo grego OIKÉO significa habitar. Dela brotam as palavras gregas OIKIA ou OIKOS as quais se referem á casa como lugar de habitação. A segunda palavra é 01- KEIOI que diz respeito á família, ou à casa como conjunto de pessoas. A terceira palavra é OIKODESPOTE ’ que se refere ao dono da casa, ao pai de família, ou como aparece em algumas versões da Bíblia, “o senhor da casa” (Mc 14.14). 

A quarta palavra é OJKETES que se refere ao “Servo do Senhor” cuja função é dentro da casa. A quinta palavra, que é a mais conhecida para explicar “mordomia”, é a palavra 0IKONOMOS que’ significa mordomo, administrador de uma casa.


II - A MORDOMIA DO AMOR CRISTÃO

A IMPORTÂNCIA DO AMOR CRISTÃO (I Co 12.21: 13.1).

1. A Sabedoria sem Amor só faz Barulho (I Co 13.1). Vivemos num mundo em que a ciência se tem multiplicado, e as mentes se têm deixado dominar pela frieza da sabedoria humana. Desse modo, o amor (me une os corações e os tornam acessíveis entre si, está quase acabado. A tendência do homem, sem amor, é caminhar para a autodestruição. Porém, a Igreja está na terra para manter acesa a chama do amor em todas as suas dimensões.

2. Religião sem Amor é Vazia (I Co 13.2). É preciso entender que o sentido de religião é o de estar ligado com Deus, isto é, reconciliado com Ele e crendo na sua misericórdia e soberania. Não se trata meramente de alguma organização religiosa, mas de uma religião que seja a expressão do amor recíproco entre Deus o homem. O amor é supremo na sua operação e se manifesta na vida da criatura que anda com Deus e a Ele obedece.

3. A Beneficência sem Amor não tem Proveito Algum (I Co 13.3) O amor verdadeiro é desinteressado, isto é, não age egoisticamente. Distribuir bens materiais aos pobres, agasalhar o desnudo, alimentar o faminto, fazer tudo isto sem o verdadeiro amor, não trará proveito algum. A caridade, sem amor espontâneo e verdadeiro, é oca e vazia em si mesma.

4. O Auto-sacrifício sem Amor, para Nada Adianta (I Co 13.3). Esse modo de falar do apóstolo representava, naquela época, o ato máximo de desprendimento que uma pessoa podia fazer. 

Porém, ele enfatiza a importância do amor como razão principal de qualquer gesto sacrificial que alguém possa fazer por outrem. Sem amor, qualquer sentimento que se possa demonstrar, torna-se, sem proveito. O sacrifício máximo de toda a história da humanidade foi feito por Jesus Cristo.

III. AS DIMENSÕES DO AMOR CRISTÃO

1. A Mordomia do Amor Cristão para com os Irmãos na Fé (Fp 1.9: Rm 15.1; Ef 4.2; 5.2). Jesus deu importância a esse amor. (Jo 13.35).

A Igreja primitiva exerceu a mordomia do amor fraternal. Os crentes tinham perfeita afeição entre si (At 1.32).

Um dos grandes sucessos espirituais para a Igreja é o amor fraternal. Na igreja de Jerusalém “todas as coisas lhes eram comuns”. Isto indica que aquela igreja era mais que um agrupamento de pessoas ou uma reunião em torno de uma idéia. Era uma comunidade em que todas as coisas interessavam a todos (Jo 15.12).

2. A Mordomia do Amor Cristão para com os Inimigos (Rm 13.10). A inimizade é fruto da carne, porque revela uma atitude que contraria a razão da vida humana em sociedade. Foi Deus quem concebeu a amizade, a convivência. 

O amor precisa ser derramado sobre os corações para curar os ressentimentos, ódios e rancores pessoais. Por causa do pecado, a inimizade surgiu como fruto do egoísmo e individualismo, lançada no coração do homem, como semente daninha (Ef 2.16).
Porém, nenhum inimigo resiste ao amor (Mt 5.44).

3. A Mordomia do Amor Cristão para com Deus (Mt 22.37). E aquele que parte de nós para com Deus. Jesus renovou o mandamento antigo do amor a Deus. Esse amor representa a disposição plena de cada pessoa de envolver todo o seu ser nas relações com Deus. O texto de Mateus 22.37 destaca três coisas que representam o ser humano no seu todo, conforme o pensamento judaico da época. Fala-se aqui em amar com o “coração”, com a “alma” e com o “entendimento”. 

A alma, para representar a sede dos pensamentos e sentimentos; o coração, para referir-se à vida física e ao “eu” pessoal de cada ser humano; o entendimento, para referir-se ao elemento racional que torna o ser humano ímpar no reino animal. Portanto, devemos amar com todo o nosso ser, pois o amor a Deus é o grande mandamento, e dele depende todos os demais sentimentos, bem como todas as ações do ser humano

4. Mordomia do Amor Cristão para com os Necessitados. Quando o amor divino nos domina, ele se torna poderoso em seus efeitos. Faz-nos preocupar com os necessitados e leva-nos a agir altruisticamente. Ele não vê barreiras, não faz fronteiras e vai além dos limites humanos.
E um fato incontestável, o de que o mundo está dominado pela ambição desenfreada, pela avareza, pela degenerescência física e moral do homem. Só o amor será capaz de soerguer essa sociedade do seu egoísmo e da sua avareza. Não fazemos as boas obras para sermos salvos, mas as fazemos porque somos alvos. Isto significa porque somos salvos. 

Isto significa admitir que a salvação de nossas almas tem um objetivo (Mt 5.16). 

O apóstolo Tiago explicou esse assunto em sua epístola, (Tg 2.17). 

A fé precisa ser dinâmica; precisa expressar-se em obras que glorifiquem a Deus. E Tiago, outra vez, quem diz: “A religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas em suas tribulações, e guardar-se da corrupção do mundo” (Tg 1.27). 

A Igreja deve ser encarada, em sua realidade local, como comunidade de pessoas que têm problemas sociais e materiais, os quais precisam ser amenizados pela participação de todos os membros.

5. A Mordomia do Amor Cristão para com a Obra Missionária. Foi esse amor que impulsionou homens e mulheres a transpor as fronteiras de Jerusalém para alcançar- nos em terras de além-mar, O IDE imperativo de Jesus foi incisivo.
“Ide por todo o mundo” (Mc 16.15).

A Bíblia diz que “o amor de Deus nos constrange” (II Co 5.14). 

A força desse amor faz o crente sentir compaixão pelas almas, como Jesus sentiu                    (Mt 9.36-38); cria disposição no crente para fazer a vontade de Deus (II Co 8.5); cria o sentimento de obrigação ao serviço missionário (I Co 9.16).

IV. A BASE DOUTRINARIA DA MORDOMIA CRISTÃ

O princípio espiritual da mordomia está nas palavras inspiradas do salmista: “Do Senhor é a terra e a sua plenitude; o mundo e aqueles que nele habitam” (Sl 24.1). Por essa lei espiritual entendemos que o nosso papel como criaturas e filhos de Deus é o de reconhecer a soberania do Deus Criador sobre todas as coisas e zelar por elas.

A mordomia bíblica destaca a soberania de Deus em termos de “senhorio”. Ele administra a economia da criação como Rei e Senhor.

1. Deus, Senhor da Criação (Hb 11.3). A obra da criação não é a primeira na ordem do tempo dentro da eternidade, mas é o principio e a base de toda a revelação divina. A doutrina da criação exposta na Bíblia, tem por objetivo revelar a relação entre Deus e o homem.

A Bíblia põe em destaque o fato de que Deus é a fonte de toda a Criação e de que ela pertence ao Criador e a Ele está sujeita. A Biblia não apresenta uma solução filosófica acerca da criação do Universo, mas um fato crido e aceito pela fé.

2. Deus, Senhor do Reino Pessoal e Impessoal. Nesse ponto afirmamos que o reino animado pertence a Deus. Ele é o Criador, não só do homem, mas também das formas inferiores da vida. E Ele que providencia todas as condições necessárias para a continuidade da vida física, tanto do homem como dos animais (Pv 30.25; SI 145.15,16; Mt 5.45). Porém, no mundo animal, destaca-se o homem criado à imagem e semelhança do Criador, em termos de personalidade e espírito. Portanto, o homem pertence a Deus.

a. Em primeiro lugar, o homem pertence a Deus por direito de criação (Gn 1.27; Is 43.1: Is 45.12; Ez 18.4). Na criação do homem, Deus formou o corpo do pó da terra com as substâncias que o compõem. A palavra “formou” indica o fato de que a criação do homem resultou de materiais preexistentes. Com isso anulamos a teoria da evolução que sustenta a idéia de um desenvolvimento gradual e lento advindo do reino animal inferior, como o macaco. 

A realidade dessa criação distinta está na declaração de Gn 2.7 que diz: “e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente”. Aqui encontramos algo diferente de toda a criação material, que é a vida física e espiritual. O homem passou a ser pessoa, com consciência de si mesmo e com livre-arbítrio.

b. Em segundo lugar, o homem pertence a Deus por direito de preservação (At 14.17; At 17.28; Cl 1.17). Deus não criou o homem e,o abandonou ao léu. Ele o criou e o sustenta pela sua providência div.sna. Esta providência é fartamente conhecida pelo oxigênio que respiramos, pelo vestuário e pelo alimento nue a terra produz.

c. Em terceiro lugar, o homem pertence a Deus por direito de redenção (1 Co 6.20; Tt 2.14; Ap 5.9). Por causa da queda pelo pecado o homem perdeu o rumo e a comunhão com o seu Criador. A sua comunicação foi cortada. Mas Jesus, o Filho amado de Deus, fez-se carne, habitou entre nós e redimiu-nos para si mesmo. O preço da redenção foi paga com sangue inocente, o sangue expiatório de Cristo.
V. A IMPORTÂNCIA DA MORDOMIA

A doutrina da mordomia cristã deve desenvolver os conceitos bíblicos sobre as atividades pessoais do crente, isto é, suas relações com os seus semelhantes, com os seus familiares, com o seu trabalho, com a Igreja, com a cultura e, acima de tudo, com Deus.

Alguns afirmam que a mordomia significa a administração dos bens de outrem. Porém a mordomia cristã implica a responsabilidade de administrar os bens espirituais, morais e materiais, conforme o supremo ideal da vida, que é Cristo (Cl 3.4).

Toda a vida de Cristo e seus ensinos tornam-se a base principal da mordomia cristã.
Para destacar a importância da mordomia enfocaremos alguns conceitos que emergem do coração da Bíblia, para os que desejam viver sabiamente a sua vida sobre a terra.

1. A Vida Tem um Propósito. A Biblia não aceita a idéia do “acaso” para a razão da nossa existência. As indagações, tais como: “por que eu nasci?” Ou “por que eu estou na terra?”, são facilmente respondidas, pois a vida tem um propósito definido. Deus não criou o homem sem uma razão. Ele o criou como um agente moral, com livre-arbítrio e capaz de comunicar-se com o seu Criador. A relação entre Deus e o homem difere da sua relação com a criação material e a criação do animal inferior. Deus respeita a liberdade do homem, mas não o deixa a mercê da própria sorte. Ele é o governador máximo e soberano sobre todas as coisas criadas.
Há pelo menos quatro aspectos relacionados com o governo de Deus

a. A ação permissiva de Deus. Refere-se à capacidade divina de permitir algum evento, positivo ou negativo. Por exemplo: Deus permite ao homem a livre escolha, mas não aprova o pecado. O homem pode escolher pecar, mas Deus o previne e o julga pelo pecado que cometer. Deus é Santo, portanto o pecado será sempre abominável para Ele. 

Muitas vezes, o crente passa por provações que Deus permite. Não que Ele tenha prazer no sofrimento do seu servo, mas Ele permite essas provações para que o crente aprenda alguma lição espiritual que ainda não tenha aprendido (Cf 2 Cr 32.21; Sl 81.12,13; Os 4.17; At 14.16; Rm 1.24,28).

b. A ação preventiva de Deus. Diz respeito à ação de Deus para prevenir o homem de algum mal ou pecado (Gn 20.6; 31.24; Si 19.13). Quando o crente mantém plena comunhão com Ele, é prevenido muitas vezes dos perigos que podem ameaçar a sua vida em todas as esferas.

c. A ação diretiva de Deus. Isso não significa apenas que Deus nos dirija e nos oriente. A ação do governo diretivo implica a sábia capacidade divina de tirar proveito de certos atos maus do homem e fazer com que haja resultados positivos. A Bíblia destaca a vida de José, filho de Jacó. Seus irmãos, por causa da inveja e intriga, o venderam aos estrangeiros. No plano divino, esse pecado de seus irmãos foi transformado posteriormente em bênção. De escravo, José tornou-se governador do Egito. Note o que ele disse ao encontrar-se com seus irmãos:

“Vós, na verdade, intentastes o mal contra mim, porém Deus o tornou em bem, para fazer como vedes agora, que se conserve muita gente em vida (Gn 50.20). Outros textos elucidam esse ponto (Is 10.6; SI 76.10; Jo 13.27; At 4.27,28; Rm 9.17,18).

d. A ação controladora de Deus. Como ação controladora de Deus podemos entender, sem sombra de dúvida, a providência de Deus governando e controlando tudo. Todas as coisas estão nas suas mãos. Ele tem o controle de tudo, até mesmo sobre a expansão do pecado e da maldade. A Satanás Ele deu limite de sua ação contra a vida de Jó. Disse o Senhor a Satanás: “Eis que tudo quanto tem está na tua mão; somente contra ele não estendas a tua mão. E Satanás saiu da presença do Senhor” (,Jó 1.12): Mais adiante o Senhor disse outra vez a Satanás: “Eis que ele está na tua mão; poupa, porém, a sua vida” (Jó 2.6).

Portanto, não há dúvidas de que há um propósito divino para cada vida neste mundo. Paulo disse em Romanos:” E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados por seu decreto” (Rm 8.28).

2. A Mordomia Cristã não Separa, na Existência Cotidiana, o Espiritual e o Material. Nos dois primeiros séculos da era cristã, a Igreja enfrentou alguns problemas de ordem moral, os quais eram discutidos fortemente pelos crentes. Alguns cristãos advindos do paganismo e de várias correntes filosóficas. como o gnosticismo, viviam ainda influenciados pelos seus falsos conceitos acerca da verdade material e espiritual. Ensinavam que com a carne se serve á carne e com o espírito se serve a I)eus. Com isso admitiam os pecados da carne comu se fossem coisas normais, que em nada afetavam o espírito. Porém esse ensino é frontalmente refutado pela Bíblia.

3. A Mordomia Cristã Faz Aumentar o Senso de Responsabilidade. O apóstolo Paulo diz: “Não sejais vagarosos no cuidado” (Rm 12.11). Devemos ser cuidadosos com as nossas responsabilidades. Os desmazelos e a desorganização na vida material e espiritual são próprios de quem não conhece e nem pratica a mordomia cristã. A pontualidade é um dos requisitos essenciais para o sucesso em qualquer atividade humana. A pontualidade tem a ver com o cumprimento do dever. Vivemos numa sociedade corrompida em que os valores morais se tornaram obsoletos, Entretanto, a Palavra de Deus continua a mesma.

4. A Mordomia Cristã é Desenvolvida e Praticada Conforme a Vontade de Deus. O maior exempio para este ponto é o próprio Jesus, que disse: “A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou, e realizar a sua obra” (,Jo 4.34).

5. A Mordomia Cristã Exige Prestação de Contas. Na parábola do mordomo infiel, o seu senhor exigiu: “Dá contas da tua mordomia” (Lc 16.2). Essa parábola tem um sentido escatológico, pois todos os servos de Cristo hão de comparecer ante o tribunal de Cristo para prestar contas de seus atos. Será o dia do ajuste de contas. Todos os salvos hão de comparecer para que sejam julgadas as suas obras, como está escrito: “Porque todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo” (2 Co 5.10; Cf. Lc 12.48).

VI. A MORDOMIA CRISTÃ DOS BENS = Lucas 12.15-21

Trataremos por “bens” todas as coisas materiais que possuímos advindas de nosso trabalho, herança ou doações. Entretanto, tudo isso provêm de Deus, de quem recebemos todas as bênçãos. Só Deus tem o direito de propriedade, e o crente o direito de posse, isto é, o direito de usar os bens materiais. E preciso, portanto, reconhecer, que como mordomos deveram usar as “riquezas” que Deus nos confia para o bem dos nossos semelhantes e para a expansão do seu reino na terra.

VII. DEUS É O SENHOR DE TODA RIQUEZA

É explicada com clareza em toda a Bíblia, que toda a riqueza pertence a Deus              (Sl 24.1).
Enquanto nós somos simples mordomos delas (Mt 24.47). 

Tudo o que usufruímos vem do Senhor, que fez os céus e a terra (Gn 2.4).
 
Devemos, portanto compreender que, enquanto aqui estivermos, devemos viver de tal maneira que glorifiquemos o seu nome através de suas dádivas:  (Sl 103.2).

a) Ele os distribui aos seus filhos. O que pertence ao Senhor, por sua propriedade, Ele tem dado aos filhos dos homens: (Sl 115.16). 

Através do profeta Jeremias o Senhor reafirma seu propósito de dar a terra a quem, aos seus olhos, lhe agrada: (Jr 27.5). 

Ao nos dar seus bens, c Senhor espera a nossa mordomia, c nosso cuidado (Dt 1.8,21).

b) Ele os dá por sua bondade. Tudo o que recebemos do Senhor é tão somente por sua bondade (Ne 9.25), 

Inclusive as bênçãos que recebemos dele, são “bênçãos de bondade” (Sl 2 1.3). 

A sua bondade tem aberto o “seu bom tesouro” sobre seus filhos (Dt 28.12),

Porque o Senhor é “bom e abençoador” (Sl 119.68).
 
Jesus afirmou que Deus sempre quer o melhor para os seus filhos (Lc 11.13).
 
c) Ele os preserva por seu Espírito. O Espírito Santo tem o poder preservador: “... e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas” (Gn 1.2b). 

Enquanto Deus não agia, o Espírito Santo estava presente preservando a terra para4 um propósito divino, a Criação (Gn 1.3).

Certamente, o Espírito Santo esteve presente na Criação (Gn 1.26) 

E agora participa ativamente de sua preservação (Sl 104.30).

VIII. O EXÉRCICIO LEGÍTIMO DA MORDOMIA

O mordomo considera um privilégio poder administrar os bens que lhe foram confiados por seu senhor (Gn 39.4), 

E, através de sua fidelidade, a bênção de Deus recai sobre a “casa de seu senhor” (Gn 39.5).
Dominado pelo amor de Cristo, o mordomo procura fazer aos outros tudo aquilo que desejaria que os outros lhe fizessem:  (Mt 7.12).

a) Devemos preservar os bens materiais. Os bens materiais, ou temporais, fazem parte das bênçãos distribuídas por Deus para nossa sobrevivência nesta terra: (Dt 28.8). 

Por isso devemos ser sempre gratos, porque são advindos da bondade de Deus: (Dt 8.10).

b) Devemos preservar os bens espirituais. Os bens espirituais vêem diretamente do “Pai das luzes” (Tg 1.17) 

E são distribuídos aos seus filhos para sua edificação e crescimento espiritual (Rm 14.19; 15.2).
Eles são descritos na Bíblia como: as “fontes superiores” (Jz 1.15); 

As “coisas que são de cima” (Cl 3.1,2); 

Os “bens espirituais” (Rm 15.27);

E as “bênçãos espirituais”  (Ef 1.3).  

Devemos, portanto, zelar por estes bens (Ap 3.3,11).

c) Devemos ser fiéis em nossa mordomia. A fidelidade à mordomia dos bens é caracterizada na vida de José, um tipo de Cristo, que nos legou o seu grande exemplo:  (Gn 39.4). 

Por sua fidelidade, o Senhor o fez prosperar (Gn 39.5), 

Até mesmo quando esteve no cárcere (Gn 39. 2 1-23). 

Por sua boa mordomia sobre o “pouco”, o Senhor o colocou sobre o “muito”                                        (Gn 41.40,41). 

Isto nos ensina que devemos ser fiéis no trato com o que é de outrem, para recebermos as bênçãos de Deus:  (Lc 16.12).

IX. PRODUZINDO FRUTOS NA MORDOMIA DOS BENS

A vida cristã é uma vida de frutos: “... e vos nomeei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça...“ (Jo 15.16). 

A mordomia que nos foi confiada pelo Senhor precisa frutificar, isto é, produzir resultados visíveis, para que todos vejam e o nome do Senhor seja glorificado (Jo 15.8).

a) Os frutos de nossa responsabilidade. Frutificamos através de nossa responsabilidade, isto é, quando zelamos pelos bens que recebemos do Senhor                   (Lc 19.15). 


A melhor maneira de frutificar é distribuir com responsabilidade as dádivas divinas através da sua obra (Fp 4.17), 

Como fez a igreja de Filipos, investindo no ministério do apóstolo Paulo (Fp 4.15).

b) Os frutos de nossa honestidade. Na mordomia cristã uma coisa se faz absolutamente essencial, a honestidade:  (II Co 8.2 1). 

Honestidade é a nossa integridade nos negócios (Pv 11.1), 

Na palavra (Mt 5.37) e nos compromissos assumidos (Mt 21.28-30). 

A honestidade é a marca do verdadeiro cristão (Rm 13.13; I Ts 4.12).

c) Os frutos da nossa economia. O mordomo é uma pessoa que sabe praticar a economia na administração dos bens que Deus lhe deu, por insignificantes que eles sejam (Gn 41.47-49).
A palavra ”economia” vem da mesma raiz que a palavra “mordomia” no grego, por isso uma está ligada a outra, caracterizando sua importância tanto para o “possuir”, quanto para o “gastar” (Lc 14.28-30).

X. OS CUIDADOS NA MORDOMIA DOS BENS

Para exemplificar a importância da mordomia cristã no uso dos bens
(Lc 12.13,14),

Jesus nos ensinou acerca do “cuidado com a avareza”, pois a nossa vida não pode consistir apenas na abundância daquilo que possuímos (Lc 12.15). 

E preciso, portanto, sermos sensatos no uso dos bens temporais (Ec 9.18; Lc 16.1; 19.8; Gl 6.6).

a) O orgulho com a abundância. Na parábola proposta por Jesus, o “homem rico” estava orgulhoso de sua abundância (Lc 12.16) 

E preocupado como recolher os seus frutos (Lc 12.17).

A abundância lhe subiu ao coração, esquecendo-se do que diz a Bíblia: “... se as vossas riquezas aumentam, não ponhais nelas o vosso coração” (Sl 62.10). 

O que a Palavra nos ensina é que devemos confiar sempre no Senhor e não nos estribar na “abundância” dos bens materiais (Sl 52.7,8).

b) A necessidade de grandeza. Quando a avareza toma conta de nossos corações, nossos celeiros são pequenos para ajuntar a nossa riqueza (Lc 12.18). 

Em vez de distribuir com os necessitados, este homem diz: (Lc 12.19). 

O mordomo cristão deve saber distribuir suas riquezas na terra, a fim de alcançar um tesouro no céu (Mt 19.21).

c) O despreparo espiritual. O avarento só pensa nele (Sl 10.3) e nos bens que possui, impedindo-o de ouvir a voz de Deus: (Lc 12.20). 

Infelizmente, as riquezas têm impedido que muitas pessoas desprezem as “bênçãos espirituais” (Mt 13.22), 

Ajuntando apenas para si e não sendo rico para com Deus:
“Assim é o que entesoura para si mesmo e não é rico para com Deus”  (Lc 12.21).

CONCLUSÃO

Zelo, fidelidade e diligência devem caracterizar a mordomia cristã em todos os seus aspectos. O servo fiel será recompensado na mesma proporção de seu empenho em cumprir as determinações divinas. O Tribunal de Cristo será instituído para fins de apuração do cumprimento destas determinações executadas pelo crente na terra.  


A mordomia dos bens é uma questão necessária na vida de todo o cristão, pois temos em Jesus o nosso grande exemplo.  Ele soube administrar os bens temporais e espirituais a todos que se aproximavam dele. 

Nunca despediu vazios os famintos e sempre acolheu os pobres, pois sabia que o maior tesouro não se ajunta na terra, mas nos céus. Seguindo o seu exemplo e atentando para os conselhos da Palavra de Deus, alcançaremos o grande título de “servo bom e fiel”

Por:- Evangelista Isaias Silva de Jesus 

Igreja Evangélica Assembleia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS
Lições bíblicas CPAD 2 Trimestre 1987 – Comentarista Elienai Cabral
Lições Biblicas Betel 3 trimestre

27 de junho de 2019

O SACERDÓCIO CELESTIAL


O SACERDÓCIO CELESTIAL


Texto Base: Hebreus 9:11-15; Apocalipse 21:1-4

 “Porque nos convinha um sumo sacerdote como este, santo, inculpável, sem mácula, separado dos pecadores e exaltado acima dos céus” (Hb.7:26).

“Jesus Cristo é o Sumo Sacerdote perfeito, porque, sendo Ele a Oferta e o Ofertante, garantiu-nos, no Calvário, uma salvação eficaz e eterna”.

TEXTO BIBLICO = Hebreus 9:11-15 – APOC. 21: 1-4

INTRODUÇÃO

Pela graça de Deus, chegamos ao final de mais um trimestre letivo. Tivemos o privilégio de caminhar dentro do Tabernáculo e entender o processo de nossa salvação. De tudo o que estudamos até a presente Aula, podemos dizer que o Tabernáculo levítico é um tipo do “Tabernáculo Celestial”, e Jesus Cristo é o Sumo Sacerdote desse Tabernáculo Celestial, em que a Sua Igreja é constituída de sacerdotes. O antigo santuário terreno, com seu complexo sistema de ritos, dera lugar a um novo santuário, o celestial, onde o próprio Jesus oficia como Sumo Sacerdote. Mas Ele não é apenas um Sumo Sacerdote, Ele é o Sumo Sacerdote-Rei, que está assentado à destra do Pai para interceder pelo seu povo (Rm.8:34). 

I. O SACERDÓCIO CELESTIAL TEM UM ÚNICO SUMO SACERDOTE

No livro do Êxodo constam as instruções dadas por Deus a Moisés para a construção do Santuário (Êx.25:1-9). As recomendações dadas a Moisés, conforme expõe o registro sagrado, eram destinadas à construção de um santuário, onde Deus habitaria com eles (Êx.25:8). Essa era, portanto, a finalidade terrena do Tabernáculo móvel e era nesse Tabernáculo que tanto os sacerdotes como o sumo sacerdote exerciam seus ministérios. Todavia, foi no Santuário Celestial que Cristo entrou para oficiar, como Sumo Sacerdote, em nosso favor. Para o escritor aos Hebreus, esse Tabernáculo é o próprio Céu, que é chamado de "verdadeiro Tabernáculo" por pertencer a dimensão celestial.

1. Cristo: o Sumo Sacerdote da Nova Aliança

Os sacerdotes de Israel eram apenas sombras do nosso grande Sumo Sacerdote, o Senhor Jesus Cristo. Algumas referências bíblicas nos dão uma compreensão da perfeição encontrada no caráter sacerdotal de Cristo:

a) Como Sacerdote, Cristo foi designado e escolhido por Deus Pai (Hb.5:5). Cristo foi constituído Sumo Sacerdote pelo Pai desde a eternidade. Realizou seu ministério de acordo com um propósito eterno. Todo sumo sacerdote procedia da tribo de Levi e da família de Arão; esse ministério era hereditário e sucessivo. Cristo, porém, não foi sacerdote da mesma ordem. Ele era da tribo de Judá. Por isso, não pertencia à classe sacerdotal levítica. Foi constituído sacerdote de uma ordem eterna, a ordem de Melquisedeque.
"Assim também Cristo não se glorificou a si mesmo, para se fazer sumo sacerdote, mas aquele que lhe disse: Tu és meu Filho, Hoje te gerei".

b) Como Sacerdote, Cristo foi consagrado com um juramento (Hb.7:20-21). O sacerdócio araônico foi instituído por lei divina; o sacerdócio de Cristo, por juramento divino. Uma lei pode ser anulada, um juramento dura para sempre. O sacerdócio de Cristo não vem de uma linhagem humana, mas do juramento divino. Os sacerdotes precisavam provar que pertenciam à tribo de Levi (Ne.7:63-65) e preencher os requisitos físicos e cerimoniais (Lv.21:16-24). O sacerdócio de Cristo, porém, foi estabelecido com base em sua obra vicária na cruz, em seu caráter impoluto e no juramento de Deus (Sl.110:4).

"E visto como não é sem prestar juramento (porque certamente aqueles, sem juramento, foram feitos sacerdotes, mas este com juramento por aquele que lhe disse: Jurou o Senhor, e não se arrependerá; tu és sacerdote eternamente, segundo a ordem de Melquisedeque)".

c) O sacerdócio de Cristo está fundamentado numa Aliança superior (Hb.7:22) - “de tanto melhor concerto Jesus foi feito fiador” (Hb.7:22).

Cristo é o fiador de uma Nova Aliança - a Aliança firmada em seu sangue. O termo “fiador” significa aquele que garante que os termos de um acordo serão cumpridos. Judá se dispôs a servir de fiador para Benjamim, a fim de garantir ao pai que o menino voltaria para casa em segurança (Gn.43:1-4). Paulo se dispôs a servir de fiador para o escravo Onésimo (Fm.18:19). 

Jesus é o fiador da Nova Aliança no sentido de que Ele mesmo é a Garantia. Por meio de sua morte, sepultamento e ressurreição, Ele proveu uma base de justiça sobre a qual Deus pode cumprir os termos da Aliança. Seu eterno sacerdócio também está vitalmente ligado ao infalível cumprimento dos termos da Aliança. Como nosso representante diante de Deus, Ele cumpre perfeitamente os termos da lei em nosso nome. Jamais seríamos capazes, por conta própria, de cumprir esses termos; mas, uma vez que cremos nele, ele nos salvou e garantiu que nos guardará.

d) O sacerdócio de Cristo é demonstrado pela sua atividade permanente (Hb.7:23-25). Os sacerdotes da ordem levítica não eram apenas imperfeitos, mas também tinham seu ministério interrompido pela morte. 

Nenhum sacerdote em Israel viveu para sempre. Uma geração de sacerdotes dava lugar à próxima geração. Enquanto novos sacerdotes entravam, os mais antigos estavam se aposentando ou morrendo. Permanecia o sacerdócio, mas não havia um sacerdote específico de quem se pudesse depender o tempo todo. 

O ministério de Cristo, porém, é perfeito e dura para sempre, pois ele morreu pelos nossos pecados, venceu a morte, ressuscitou para a nossa justificação, voltou ao Céu e está à destra do Pai intercedendo por nós. Ele vive para sempre (Ap.1:18); isso quer dizer que, quando nos aproximamos de Deus por meio dele, ele está sempre presente, sempre à disposição e jamais se ausenta. Sua presença no Céu como representante do pecador é garantia de que ninguém que nele confia será rejeitado. É sempre bem-sucedida e permanente a sua intercessão em favor dos fracos e falhos pecadores. Sua morte vicária foi consumada na cruz, mas seu ministério sacerdotal continua no Céu. Ele é o Advogado, o Justo (1João 2:1).

Nenhuma condenação prospera contra aquele que está em Cristo, pois ele morreu, ressuscitou e está à destra de Deus, de onde intercede por nós (Rm.8:1,34,35). Ele é o único Mediador - "Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem" (1Tm.2:5).

 "E, na verdade, aqueles foram feitos sacerdotes em grande número, porque, pela morte, foram impedidos de permanecer; mas este, porque permanece eternamente, tem um sacerdócio perpétuo. Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles".

e) O Seu oferecimento é perfeito e definitivo (Hb.7:26-28). Os sacerdotes levitas precisavam oferecer sacrifícios primeiro por si mesmos, pois eram pecadores. Mas Jesus é o sacerdote perfeito, santo, inculpável, separado dos pecadores. Ele é o sacerdote perfeito que não precisou oferecer oferta por si mesmo. Ele é a oferta perfeita e o ofertante perfeito. Nele, não havia pecado; ao contrário, ele é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.

“Porque nos convinha tal sumo sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores e feito mais sublime do que os céus, que não necessitasse, como os sumos sacerdotes, de oferecer cada dia sacrifícios, primeiramente, por seus próprios pecados e, depois, pelos do povo; porque isso fez ele, uma vez, oferecendo-se a si mesmo. Porque a lei constitui sumos sacerdotes a homens fracos, mas a palavra do juramento, que veio depois da lei, constitui ao Filho, perfeito para sempre”.

2. Jesus Cristo, o Sumo Sacerdote no Céu

Atente para o seguinte texto sagrado: 

“Ora, a suma do que temos dito é que temos um sumo sacerdote tal, que está assentado nos céus à destra do trono da Majestade, ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo, o qual o Senhor fundou, e não o homem” (Hb.8:1,2).

Veja neste texto algumas preciosas características da superioridade do sumo sacerdócio de Cristo.

a) A dignidade superior da Pessoa de Cristo – “Ora, a suma do que temos dito é que temos um tal sumo sacerdote...”.
A expressão “sumo sacerdote tal” faz referência à dignidade de Cristo e a glória de Sua pessoa. Ele é santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores e mais sublime que os céus (Hb.7:26). Os sacerdotes da ordem levítica eram homens imperfeitos, realizando sacrifícios imperfeitos, em favor de homens imperfeitos. Mas Jesus, nosso Sumo Sacerdote, é perfeito, ofereceu um sacrifício perfeito, a fim de aperfeiçoar para sempre homens imperfeitos.

b) A dignidade superior da Posição de Cristo – “...que está assentado nos céus à destra do trono da 
 Majestade...”.  Na ordem levítica, um sacerdote não podia exercer a realeza nem o rei podia assumir o papel de sacerdote. Altar e trono estavam separados. 

Mas, Jesus, segundo a ordem de Melquisedeque, é tanto rei como sacerdote. Como Sacerdote, ele ofereceu a si mesmo na cruz, como o sacrifício perfeito; e, como Rei, ele foi exaltado, entronizado e está à destra da Majestade nos céus. 

"Sentar-se" era frequentemente uma característica de honra ou autoridade no mundo antigo: um rei se sentava para receber seus súditos; uma corte se sentava, para julgar; e um professor sentava-se, para ensinar. O livro de Apocalipse, em particular, descreve Deus assentado no trono (Ap.4:2,10; 5:1,7,13; 6:16; 7:10,15; 19:4; 21:5), e Jesus como compartilhando esse trono (Ap.1:4,5; 3:21; 7:15-17; 12:5). O trono de Deus e o santuário (o verdadeiro tabernáculo) colocam o Rei e o Sumo Sacerdote juntos no mesmo lugar.

Portanto, Jesus não ministra no tabernáculo ou no templo, que são sombras terrenas da realidade celeste. Ele ministra na própria realidade celestial, na habitação do próprio Deus. Ele voltou aos Céu (Hb.4:14), foi feito mais alto do que os céus (Hb.7:26) e assentou-se à destra do trono da Majestade nos céus (Hb.8:1). Glórias sejam dadas a Ele!

c) A dignidade superior do Ministério de Cristo – “...ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo, o qual o Senhor fundou, e não o homem”. 

Os sacerdotes da tribo de Levi ministravam numa tenda feita pelo homem, um tabernáculo terreno, sombra do verdadeiro tabernáculo celestial, erigido por Deus, e não pelo homem (Hb.9:24). Deus deu a Moisés uma cópia do tabernáculo verdadeiro (Êx.25:9,40; 26:30). A cópia estava na terra; mas o verdadeiro tabernáculo está no Céu. O tabernáculo e o trono estão interligados.

O profeta Isaías diz que viu o Senhor assentado sobre um alto e sublime trono, e as abas de suas vestes enchiam o templo (Is.6:1). Nenhum sacerdote jamais foi exaltado à destra de Deus nem se assentou no trono à mão direita de Deus Pai. Embora Jesus tenha consumado sua obra de redenção na cruz, continua como nosso Advogado junto ao Pai (1João 2:1). Do tabernáculo de Deus, no Céu, fluem bênçãos que ultrapassam quaisquer bênçãos do sistema sacrificial levítico.

3. O sacerdócio coletivo dos cristãos

Jesus é o Sumo Sacerdote da Nova Aliança, e os cristãos são seus sacerdotes (1Pd.2:9; Ap.1:6; 5:10).
“Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real...” (1Pd.2:9).

“Aquele que nos ama, e em seu sangue nos lavou dos nossos pecados, e nos fez reis e sacerdotes para Deus e seu Pai, a ele, poder e glória para todo o sempre. Amém” (Ap.1:5,6).

O Sacerdote Celestial está conosco; nEle somos o sacerdócio real, o Corpo de Cristo chamado para servir. No Sacerdócio Celestial de Cristo é que está fundamentado o sacerdócio universal dos crentes.
Note que todos os crentes são sacerdotes, e não uma só pessoa de uma tribo especifica. Na Nova Aliança não existe mais a figura do sacerdote, que, na Antiga Aliança, era o mediador entre o povo e Deus. O pastor não é sacerdote, ele é despenseiro; despenseiro é aquele que cuida da despensa. E dentro dessa despensa existem ovelhas (filhos de Deus – a igreja), e essas ovelhas tem dono, seu nome é Jesus Cristo, o nosso Sumo Pastor (1Pd.5:4). 

Portanto, hoje, a mediação entre Deus e o ser humano não se aplica a nenhum indivíduo, senão ao próprio Cristo, que se constituiu Sumo Sacerdote do povo redimido. Na Nova Aliança, Cristo é o único mediador entre nós e o Pai Celeste (1Tm.2:5).

II. O SACERDÓCIO UNIVERSAL DA IGREJA

Sacerdote é o que se coloca diante de Deus no lugar do homem, levando suas necessidades à presença dAquele que pode intervir miraculosamente na vida da raça humana. 

A Igreja é o corpo de Cristo (1Co.12:27; Ef.4:12), e esta figura bíblica nos fala de que cabe à Igreja, na atual dispensação, iniciada com a subida de Cristo aos céus e a vinda do Espírito Santo para não deixar a Igreja órfã (Jo.14:18), continuar e ampliar as obras feitas por Jesus em Seu ministério terreno (Jo.14:12), de modo que a Igreja tem o dever de exercer os três ofícios que eram exercidos pelo Senhor Jesus. Assim, a Igreja é a portadora legítima e exclusiva dos ministérios profético, sacerdotal e real.

1. A Igreja, que é formada de sacerdotes, tem como Sumo Sacerdote o Senhor Jesus
Jesus é descrito nas Escrituras como o bom Pastor, o Pastor Supremo (João 10:11; 1Pd.5:4), Rei (Ap.19:16; Atos 2:29-36), Profeta (Dt.18:17-19; Atos 3:22-23; Lc.13:33), Mediador (Hb.8:6; 1Tm.2:5), Salvador (Ef.5:23). Cada uma destas descrições salienta alguma função que Jesus desempenha no plano da salvação. Contudo, a mais completa descrição de Jesus com respeito a sua obra redentora seja a de Sumo Sacerdote (Hb.5:10).

“Sendo por Deus chamado sumo sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque”.

O Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo, foi imolado. Agora, uma nova ordem perpétua foi inaugurada. Cristo é sacerdote para sempre segundo a ordem de Melquisedeque. Ele morreu pelos nossos pecados segundo as Escrituras. Foi sepultado e ressuscitou segundo as Escrituras (1Co.15:3). Sua morte não foi um acidente nem sua ressurreição foi uma surpresa. Ele está no Céu intercedendo por nós, por isso pode salvar-nos totalmente (Hb.7:25).

Como Sumo Sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque, Ele é maior que o sacerdócio do Antigo Testamento (Hb.4:14,15), porque está ligado a uma Nova Aliança (Hb.8:6-13) e ao culto do templo celestial (Hb.9:1-28).

Portanto, o sacerdócio de Cristo, segundo a ordem de Melquisedeque, é a consumação do sacerdócio levítico. Aquele era temporário e transitório, este é permanente e eterno; aquele era sombra, este é a realidade.

2. A Igreja foi chamada a exercer o sacerdócio

Pedro denominou a Igreja como sendo “o sacerdócio real” que tem como finalidade “anunciar as virtudes daquele que chamou a Igreja das trevas para a maravilhosa luz de Jesus” (1Pd.2:9), sendo corroborado por João que nos diz, no Apocalipse, que Jesus nos fez “reis e sacerdotes para Deus e Seu Pai” (Ap.1:6); reis e sacerdotes que, a exemplo do próprio João, testificam da Palavra de Deus e do testemunho de Jesus Cristo e de tudo o que têm visto (Ap.1:2). A Igreja deve exercer, na qualidade de corpo de Cristo, os ofícios sacerdotal, real e profético.  

Ocupar a função sacerdotal implica necessariamente em ministrar a Deus a favor dos homens. É verdade que todos têm acesso a Deus, através de Cristo Jesus, porém, é também verdade que a Bíblia nos exorta a orar uns pelos outros e fazer súplicas e intercessões por todos os homens. É um imperativo, um chamado, um dever, um privilégio.

Todavia, é válido ressaltar que o papel da Igreja não é o perdão dos pecados, muito menos a mediação entre Deus e os homens, como, equivocadamente, defendem alguns segmentos religiosos, como o catolicismo romano ou o mormonismo. O sacerdócio da Igreja não é o sumo sacerdócio, que é exclusivo de Cristo. Por isso, é falso o ensino a respeito do chamado “sacerdotalismo”, ou seja, a ideia de que, entre os fiéis, existem dois tipos de pessoas: os “sacerdotes”, estabelecidos para fazer a mediação entre Deus e os homens e os “leigos”, meros integrantes da Igreja.

3. Como sacerdotes, a Igreja deve exercer a Adoração, a Intercessão, a Santificação e o ensino da Palavra de Deus.

a) O exercício da Adoração. Cabe aos sacerdotes a responsabilidade pela oferta de sacrifícios, não mais sacrifícios pelo pecado, vez que Jesus removeu, com seu único sacrifício o pecado, mas de sacrifícios pacíficos ou “ofertas pacíficas”, que é o nosso “culto racional” (Rm.12:1), como também o nosso louvor (Os.14:2; Hb.13:15).

É importante que tenhamos uma liturgia apropriada e adequada em nossas reuniões, como também devemos ter uma vida de sincera, genuína e verdadeira adoração ao Senhor, para que não venhamos a ser reprovados como foram os filhos de Arão, que, por apresentarem fogo estranho perante o Senhor, foram mortos (Lv.10:1-3), algo que continua a ocorrer nos nossos dias (1Co.11:29,30), visto que, como a Igreja é um povo espiritual, a morte dos sacerdotes também é espiritual e não física, como se deu no caso de Nadabe e Abiú.

b) O exercício da Intercessão. “Interceder” significa “intervir a favor de alguém, pedir, rogar, suplicar”, palavra que vem do latim “intercedo”, cujo significado é “interpor-se, mediar”.  É tarefa da Igreja pôr-se entre cada membro seu e o Senhor, entre cada ser humano e o Senhor, pedindo o favor do Senhor para aquela pessoa em favor de quem se intercede, seja esta pessoa salva, ou não. 

A Igreja é convocada para orar por si mesma (26:41; Lc.22:40), uns pelos outros (Tg.5:16), pela paz em Jerusalém (Sl.122:6), pelos inimigos da Igreja (Mt.5:44; Lc.6:28), pelos ministros do Evangelho e pela obra do Senhor (Ef.6:19; 1Ts.5:25; Hb.13:18), como também pelas autoridades constituídas (1Tm.2:2), como por todos os homens (1Tm.2:1). 

Portanto, a intercessão é uma tarefa que incumbe à Igreja que se encontra nesta dimensão terrena. Aqueles que partiram para a eternidade não podem interceder por pessoa alguma que está sobre a face da Terra (Ec.9:10), pois não há comunicação entre mortos e vivos, como Jesus deixou bem claro ao nos contar a história do rico e de Lázaro (Lc.16:19-31). É falso, portanto, o ensino de que os crentes promovidos à glória possam interceder a favor dos salvos, como ensina, por exemplo, o catolicismo romano.

c) O exercício da Santificação. Os sacerdotes precisam ser santos (Lv.21:7). A Igreja é uma nação santa (1Pd.2:9) e, por isso, tudo quanto é levado até o altar tem de ser santo (Ag.2:12-15).
A Igreja precisa continuamente se santificar (Ap.22:11), devendo, para tanto, meditar de dia e de noite na Palavra de Deus, que a santifica (João 17:17), como, também, continuamente se deixar à disposição do Espírito Santo (2Ts.2:13; 1Pd.1:2), além de manter uma vida de oração (1Tm.4:5).

d) O exercício do ensino da Palavra. Cabe aos sacerdotes a instrução do povo de Deus (2Cr.17:7-9; Ed.7:6,10; Ne.8:7,8). Assim, toda a Igreja deve se dedicar ao ensino da Palavra (Cl.3:16), mas, especialmente, os pais em relação aos filhos (Dt.6:6-9) e os pastores e mestres nas igrejas locais (At.6:2,4; Ef.4:11; 1Tm.3:2). 


III. O MAIOR E MAIS PERFEITO TABERNÁCULO
O Céu é o maior e o mais perfeito Tabernáculo. Cristo serviu e serve neste Tabernáculo. Ele é o Sumo Sacerdote eterno e perfeito.

“Porque Cristo não entrou num santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, porém no mesmo céu, para agora comparecer, por nós, perante a face de Deus” (Hb.9:24).

O Tabernáculo e o Templo terrenos eram sombras imperfeitas do verdadeiro e perfeito lugar de adoração: o Santuário Celestial (Hb.8:5). Os caminhos “antigos” do sacerdócio judeu não mais existem, eles foram substituídos por Jesus, que é o Caminho, a Verdade, e a Vida (João 14:6). Antes da vinda de Cristo, o sumo sacerdote só podia entrar em um lugar especial, o Santo dos Santos, para estar na presença de Deus. Hoje, através da oração, nós podemos entrar na sala do trono, no Céu, e um Dia nós viveremos eternamente na presença do Senhor. 

1. O Santuário terrestre

O Santuário terrestre era transitório; foi feito por mãos humanas.
Os sacerdotes do santuário terrestre ministravam apenas as sombras ou imagens das coisas celestiais; Cristo ministrou a própria substância que lançava aquelas sombras - a vida e a luz eterna.
Os sacerdotes do santuário terrestre ofereciam o sangue de animais; Cristo ofereceu o próprio sangue.
Os sacerdotes do santuário terrestre entravam no santuário muitas vezes porque ofereciam o sangue de animais pelos pecados do povo; Cristo entrou de uma vez por todas porque ofereceu o seu próprio sangue. 

O ministério dos sacerdotes do santuário terrestre era contínuo e insuficiente; o de Cristo foi único e obteve redenção eterna para nós.

Os sacrifícios do santuário terrestre eram isentos de mácula apenas física; Cristo entregou-se a si mesmo sem mancha a Deus, isento de toda mácula moral e espiritual. Ele não conheceu pecado. As bênçãos advindas por meio do santuário terrestre eram temporais; as que Cristo oferece são espirituais e eternas.

2. O Santuário Celestial

Este Santuário não foi feito por mãos humanas (Hb.8:2; 9:11). Neste santuário, Deus habitará para sempre com os seus filhos (Ap.21:3). 

“Mas, vindo Cristo, o sumo sacerdote dos bens futuros, por um maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, isto é, não desta criação” (Hb.9:11).

Os sacerdotes da ordem de Levi entravam no santuário feito por Moisés, obra das mãos de homens, mas Cristo, o Sumo Sacerdote da ordem de Melquisedeque, entrou no Santuário Celestial, não feito por mãos humanas. 

“Ora, a suma do que temos dito é que temos um sumo sacerdote tal, que está assentado nos céus à destra do trono da Majestade, ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo, o qual o Senhor fundou, e não o homem” (Hb.8:1,2).

Por isso, o Santuário Celestial é infinitamente muito superior ao terreno, porque o Cristo exaltado é o Sumo Sacerdote desse santuário. Ele serve assumindo o seu lugar de direito como nosso Salvador e Mediador. Aliás, Ele é o único mediador entre Deus e o ser humano (1Tm.2:5). Nesse Santuário celeste, habita a plenitude da divindade.

3. O sacrifício perfeito de Cristo

Jesus claramente exerceu o papel de Sumo Sacerdote da Nova Aliança sobre a terra, quando ofereceu a si mesmo como o perfeito sacrifício por nossos pecados; mas, foi trazido à vida novamente para exercer a função de Sumo Sacerdote para sempre, servindo no Santuário Celeste, à mão direita de Deus Pai (Hb.8:1,2).

Os sacerdotes da ordem levítica eram homens imperfeitos, realizando sacrifícios imperfeitos, em favor de homens imperfeitos. Mas Jesus, nosso Sumo Sacerdote, é perfeito, ofereceu um sacrifício perfeito, a fim de aperfeiçoar para sempre homens imperfeitos.

Portanto, Jesus não é apenas o sacerdote perfeito, mas ofereceu o sacrifício perfeito e eterno. Ele é a própria oferta. Ele é o próprio sacrifício. Ele entregou a si mesmo, como oferta pelo nosso pecado. Sua oferta foi perfeita, completa e eficaz. 

Resta afirmar, portanto, que, sendo Jesus Cristo o nosso Sumo Sacerdote, nunca haverá um tempo em que, ao nos aproximarmos de Deus, seremos rejeitados. Consequentemente, desviar-se de Cristo é uma consumada tolice, e a apostasia, a mais incontroversa loucura.

“porque é impossível que o sangue dos touros e dos bodes tire pecados. mas este, havendo oferecido um único sacrifício pelos pecados, está assentado para sempre à destra de Deus” (Hb.10:4,12).

CONCLUSÃO

O Tabernáculo mosaico findou-se. Agora temos um Santuário superior e irremovível, um sacrifício perfeito e uma salvação definitiva e perenal. Na Antiga Aliança, somente o sumo sacerdote podia entrar uma vez por ano no Santo dos Santos, mas nós, por causa do sangue de Cristo, podemos ter intrepidez para entrar livremente no Santo dos Santos, ou seja, na presença de Deus. A santidade de Deus não nos mantém do lado de fora. Podemos entrar porque a penalidade que merecíamos foi carregada por Cristo na cruz quando ele padeceu e morreu por nós. Existe acesso irrestrito a todo aquele que foi lavado no sangue de Cristo. Com a morte de Cristo, o Véu foi rasgado de alto a baixo, e o caminho para Deus foi aberto (Hb.10:20). Esse caminho é um novo e vivo caminho. Esse caminho não é um ritual, uma cerimônia ou uma liturgia, mas uma Pessoa. Esse caminho é Jesus (João 14:6). Glórias a Deus!

Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo Testamento) - William Macdonald.

Revista Ensinador Cristão – nº 78. CPAD. 

Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.

Paul Hoff – O Pentateuco. Ed. Vida.

Leo G. Cox - O Livro de Êxodo - Comentário Bíblico Beacon. CPAD.

Victor P. Hamilton - Manual do Pentateuco. CPAD.

Elienai Cabral. O Tabernáculo – Símbolos da Obra redentora de Cristo. CPAD.

Alvin Sprecher. Estudo Devocional do Tabernáculo no Deserto. CPAD.

Abraão de Almeida. O Tabernáculo e a Igreja. CPAD.

Rev. Hernandes Dias Lopes. Hebreus – a superioridade de Cristo.