14 de maio de 2022

NÃO RETRIBUA PELOS PADRÕES HUMANOS

 

NÃO RETRIBUA PELOS PADRÕES HUMANOS

TEXTO BIBLICO - Mateus 5.38-48

INTRODUÇÃO

Estaremos agora adentrando a quinta ilustração dita por Cristo Jesus, conforme leitura de Mateus 5.38-42. Nesta lição, nós analisaremos a razão dela constar na Lei mosaica e bem como, Jesus ter endossado.

Antes de qualquer outra coisa, necessário se diga, somente uma pessoa regenerada, aquele que nasceu de novo, é capaz de reproduzir o amor de Deus, ágape, como fruto do Espírito, logicamente só o produz quem tem o Espírito Santo habitando em si. O homem natural até pode imitar, mas a produção do fruto é para aqueles a quem foi dado o Espírito Santo de Deus!

Também é importante esclarecer que, o amor de Deus não como o amor humano. Ágape significa amor, mas um tipo específico de amor. O amor ágape é muito importante na Bíblia. Só no Novo Testamento aparece 158 vezes.

O amor ágape não trata apenas de sentir ou de fazer isso ou aquilo, é um ato de obediência, altruísta, com propósito de fazer o bem àquela determinada pessoa. Um amor que age e que pode ser evidenciado pela relação que Jesus tem com o Pai e conosco (Jo 3.16; 13.34-35).

 Ágape é um ato de vontade, uma atitude inteligente, proposital, de estima e devoção; uma atitude altruísta, proposital, que deseja fazer bem à outra pessoa.

Em outras palavras, ágape não apenas sente; ele age. Ágape é a palavra que Jesus usa para instruir seus discípulos sobre aqueles que os odeiam: “Amai, porém, os vossos inimigos, fazei o bem e emprestai, sem esperar nenhuma paga; será grande o vosso galardão, e sereis filhos do Altíssimo. Pois ele é benigno até para com os ingratos e maus” (Lc 6.35).

O Dr Stott comenta: “As duas antíteses finais levam-nos ao ponto mais alto do Sermão do Monte, pelo qual ele tem sido mais admirado e, ao mesmo tempo, objeto da maior indignação. Trata-se da atitude de amor total que Cristo manda que demonstremos ao perverso (v. 39) e aos nossos inimigos (v. 44).

Em nenhum outro ponto o Sermão é mais desafiador do que neste. Em nenhum outro ponto a nitidez da contracultura cristã é mais óbvia. Em lugar nenhum nossa necessidade do poder do Espírito Santo (cujo primeiro fruto é o amor) é mais constrangedora”.

Isto posto, é importante dizer que, como filhos de Deus, somos chamado a exercitar ágape para com todos, e isso exige de nós disposição em perdoar, fé para deixar a vingança com o Senhor (Rm 12.19).

Ágape é o modo como Deus nos ama e o modo como devemos amar uns aos outros. A vontade de Deus para nós é que sejamos santos como ele é santo; Aos judeus do tempo de Jesus, a ordem para que fossem santos era lida como um chamado à estrita obediência à letra da lei. Jesus, porém, corrigiu essa noção, ressaltando o princípio motivador por trás da lei: ágape, o amor altruísta!

I- A VINGANÇA NÃO É NATUREZA DO REINO

1. A Lei de Talião. A lei de talião, também dita pena de talião, consiste na rigorosa reciprocidade do crime e da pena — apropriadamente chamada retaliação. Na perspectiva da lei de talião, a pessoa que fere outra deve ser penalizada em grau semelhante, e a punição deve ser aplicada pela parte lesada. (Wikipédia)

A palavra talião é derivada do latim talio que significa “retribuição”. É interpretada pela fórmula “olho por olho, dente por dente”. A lei de talião é atribuída, originalmente, ao código babilônico de Hamurabi (datado de 1770-1750 a.C.).

Foi utilizada por outros povos, Moisés a inseriu no Êxodo, Levítico e Deuteronômio:

    “Quem ferir mortalmente um homem será condenado à morte. Quem ferir mortalmente um animal devolverá um semelhante: vida por vida”. (Lv 24.17-18);

    “Teus olhos não o pouparão: vida por vida, olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé”. (Dt 19.21).

No Sermão da Montanha, Jesus de Nazaré referiu-se à lei de talião e a contestou:

    “Ouviste o que foi dito: ‘Olho por olho, dente por dente’. Mas eu vos digo que não resistais ao malvado. A quem te bater na face direita, apresenta também a outra.

A quem quiser fazer demanda contigo para tomar a tua túnica, deixa levar também o manto. E se alguém te forçar a dar mil passos, anda com ele dois mil.” (Mt 5.38-41).

Essa lei se transformou em parte da ética do Antigo Testamento. Encontramo-la explicitamente pelo menos três vezes, ou seja: ” Mas, se houver dano grave, então, darás vida por vida, olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé, queimadura por queimadura, ferimento por ferimento, golpe por golpe” (Êxodo 21:23-25);

“Se alguém causar defeito em seu próximo, como ele fez, assim lhe será feito: fratura por fratura, olho por olho, dente por dente; como ele tiver desfigurado a algum homem, assim se lhe fará” (Levítico 24:19, 20);

“Não o olharás com piedade: vida por vida, olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé” (Deuteronômio 19:21).

Com freqüência se citam estas leis como as mais sangrentas, selvagens e impiedosas disposições do Antigo Testamento; mas antes de começarmos a criticar o Antigo Testamento devemos fazer algumas observações.

2. O cristão e a vingança. A Bíblia diz que a vingança pertence a Deus. Nós não devemos procurar nos vingar mas deixar isso nas mãos de Deus. Vingança nem sempre é sinônimo de justiça.

Vingança é dar retribuição pelas seus próprios meios, normalmente fora do sistema oficial de justiça.

Quem procura vingança muitas vezes não quer dar uma punição justa mas quer causar sofrimento, porque é motivado pelo ódio. Por exemplo, Sansão brigou com alguns homens no seu casamento e decidiu vingar-se, destruindo plantações e matando muita gente (Juízes 15:7-8).

Ele achou que estava fazendo justiça, mas na sua ira foi muito além. A vingança também pode ser dirigida contra a pessoa errada. Os filisteus, depois que Sansão causou confusão, vingaram-se na sua esposa e no seu sogro, que não tinham culpa (Juízes 15:6).

“A Bíblia tem muito a dizer sobre a vingança. Tanto as palavras hebraicas quanto as gregas traduzidas como "vingança" ou “vingar” têm sua raiz na ideia de punição. Isso é crucial para entender por que Deus reserva para Si o direito de vingança.

O versículo-chave a respeito dessa verdade é encontrado no Antigo Testamento e citado duas vezes no Novo Testamento. Deus disse: “A mim me pertence a vingança, a retribuição, a seu tempo, quando resvalar o seu pé; porque o dia da sua calamidade está próximo, e o seu destino se apressa em chegar” (Deuteronômio 32:35; Romanos 12:19; Hebreus 10:30).

Em Deuteronômio, Deus está falando dos israelitas idólatras, de pescoço duro, rebeldes e idólatras que O rejeitaram e provocaram Sua ira com a sua iniquidade. Ele prometeu vingar-Se em Seu próprio tempo e de acordo com Seus próprios motivos perfeitos e puros. As duas passagens do Novo Testamento dizem respeito ao comportamento do cristão, que não é usurpar a autoridade de Deus. Em vez disso, devemos permitir que Ele julgue corretamente e derrame a Sua retribuição divina contra Seus inimigos como achar melhor.

Ao contrário de nós, Deus nunca se vinga devido a motivos impuros. Sua vingança é com o propósito de punir aqueles que O ofenderam e rejeitaram. Podemos, no entanto, orar para que Deus Se vingue na perfeição e santidade contra Seus inimigos e vingue aqueles que são oprimidos pelo mal.

No Salmo 94:1, o salmista ora para que Deus vingue os justos, não por um sentimento de vingança descontrolada, mas por justa retribuição do Juiz eterno cujos julgamentos são perfeitos. Mesmo quando os inocentes sofrem e os maus parecem prosperar, cabe apenas a Deus punir. “O SENHOR é Deus zeloso e vingador, o SENHOR é vingador e cheio de ira; o SENHOR toma vingança contra os seus adversários e reserva indignação para os seus inimigos” (Naum 1:2).

Existem apenas duas vezes na Bíblia quando Deus dá permissão aos homens para vingar-se em Seu nome. Primeiro, depois que os midianitas praticaram atos hediondos e violentos contra os israelitas, a taça da ira de Deus contra eles estava cheia, e Ele ordenou a Moisés que liderasse o povo em uma guerra santa contra eles.

“Disse o SENHOR a Moisés: Vinga os filhos de Israel dos midianitas; depois, serás recolhido ao teu povo" (Números 31:1-2).

Aqui, novamente, Moisés não agiu por conta própria; ele era apenas um instrumento para realizar o plano perfeito de Deus sob Sua orientação e instrução. Segundo, os cristãos devem estar em submissão aos governantes que Deus colocou sobre nós porque eles são Seus instrumentos como “castigo dos malfeitores” (1 Pedro 2:13-14).

Como no caso de Moisés, esses governantes não devem agir por conta própria, mas devem cumprir a vontade de Deus para a punição dos ímpios.

É tentador tentar assumir o papel de Deus e procurar punir aqueles que achamos que merecem. Entretanto, porque somos criaturas pecaminosas, é impossível nos vingarmos com motivos puros. É por isso que a Lei mosaica contém o comando: “Não te vingarás, nem guardarás ira contra os filhos do teu povo; mas amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o SENHOR” (Levítico 19:18).

Até mesmo Davi, um “homem que agrada a Deus” (1 Samuel 13:14), recusou-se a se vingar de Saul, embora Davi fosse a parte inocente sendo injustiçada.

Davi se submeteu ao mandamento de Deus de renunciar à vingança e confiar nEle: “Julgue o SENHOR entre mim e ti e vingue-me o SENHOR a teu respeito; porém a minha mão não será contra ti” (1 Samuel 24:12).

Como cristãos, devemos seguir o mandamento do Senhor Jesus de “amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem” (Mateus 5:44), deixando a vingança para Deus.”

O Pastor Presbiteriano Hernandes Dias Lopes comentando Mateus, escreve: “Jesus, aqui no sermão do monte, elimina a antiga lei da vingança limitada, que permitia a retaliação, para introduzir a reação transcendental diante das injustiças sofridas.

Jesus destaca três coisas vitais da vida: honra, vontade e bens inalienáveis.

Mesmo que as pessoas nos desonrem, ferindo nosso rosto; mesmo que as pessoas nos constranjam a andar, ferindo nossa vontade; mesmo que as pessoas tomem de nós a roupa do corpo, bem inalienável, devemos reagir de maneira transcendente. O cristão não paga o mal com o mal, mas o mal com o bem. Não domina apenas suas ações, mas também suas reações.

Estou de acordo com as palavras de A. T. Robertson: “Jesus queria dizer que a vingança pessoal é tirada de nossas mãos. O Senhor também condena as guerras agressivas ou as ofensivas que as nações fazem entre si, mas não necessariamente a guerra defensiva ou a defesa contra o roubo e assassinato. O pacifismo profissional pode ser mera covardia”.

II- O AMOR É A EXPRESSÃO NATURAL DO REINO

Para falar da lei do amor desenvolvida por aqueles que fazem parte do seu Reino, Jesus fez uso de quatro ilustrações que estão presentes na vida cotidiana para mostrar como se deve resistir ao mal.

Vejamos:

1. Virar a outra face. O salvo em Cristo é consciente de que as pessoas do mundo têm atitudes totalmente diferentes das suas, pois vivem plenamente dominados pelo pecado, são cegos, de modo que o cristão não pode responder semelhantemente a eles. As pessoas do mundo sempre irão priorizar seus interesses; por esse motivo, são a favor da vingança, querem proteger seus interesses pessoais, pois são dominados pelo eu.

“Um dos atos mais ultrajantes que uma pessoa pode enfrentar é receber um tapa no rosto. Diante de tamanha audácia, torna-se quase impossível à vítima de tal insolência reagir a essa atrevida agressão de maneira pacífica e serena.

A face do indivíduo pode ser considerada como símbolo de sua honra. Ousar desferir um golpe contra ela representa um atentado inadmissível à sua autoimagem, respeito e dignidade. Como dizia um colega de "baba" (desses temperamentais): "No rosto que mamãe beijou, quem bater morre." Infelizmente, ele que foi embora cedo.

Não faz parte da nossa natureza aceitar a ofensa com passividade. Palavras como Amor, Perdão e Mansidão são tidas como sinônimos de fraqueza ou tolice e, é assim que tendemos a interpretá-las. Além disso, vivemos numa época em que predomina a cultura do "bateu-levou".

Não obstante, Jesus ensinou aos seus discípulos que, ao sermos feridos na face direita, deveríamos voltar a outra também. Mt 5: 38, 39.

Seriam tais palavras literais, ou apenas uma metáfora como um princípio de lição moral?

Esse ensinamento de Jesus, embora traga uma mensagem clara e direta não deve ser entendido como um princípio literal a ser aplicado em todas circunstâncias. Uma prova disso é que o mesmo Jesus que mandou "dar a outra face", quando estava diante do sumo sacerdote Anás e foi esbofeteado por um guarda `bajulador´, não ofereceu a outra face nem guardou silêncio, mas protestou contra o abuso oponente. Jo 18:23.

Por outro lado percebemos que, embora Jesus protestasse contra a tirania covarde e injusta, ele não foi violento, nem rancoroso ou hostil. Jesus é nosso Modelo em tudo e nos mostrou de maneira prática como reagir em várias situações da vida.

Diante das tiranias covardes, insultos e agressões verbais ou físicas, geralmente surge duas alternativas a escolhermos: a indignação ou resignação. Ambas devem ser adotadas em seu devido contexto e serem empregadas no momento certo e na medida correta. Jesus ensinou tanto a protestar pacificamente os abusos, quanto a silenciar a voz e suportar as opressões e afrontas alheias.

Nas relações pessoais e interpessoais, pessoas irão nos ofender, machucar, humilhar, mas isso não significa que devemos sorrir, agradecer e dizer: "Faz de novo que eu adorei!". Indignação e zanga equilibrada se farão necessárias muitas vezes para expressarmos a nossa dor e questionar a legitimidade da injustiça sofrida. Foi o que Jesus fez.

Algumas vezes teremos que "levar desaforo pra casa", caso contrário, poderemos nem voltar para casa - brigas de trânsito por exemplo . Em outros momentos, porém, resignar-se ante algozes envenenados.

Um exemplo de protesto saudável foi retratado na vida de Martin Luther King em sua luta pelos direitos civis dos negros americanos. Luther King dosava perfeitamente indignação com mansidão. Talvez por isso, Mano Brown (Racionais Mcs), revoltado, disse certa vez que ele (Luther King)era "bonzinho demais" ao contrário de Rosa Parks que, supostamente, seria mais "ousada" contra os "brancos".

 

Como cristãos precisamos aprender a oferecer a outra face como Jesus ensinou e, ao mesmo tempo, saber o momento de se indignar justamente da maneira correta, mas não necessariamente voltando o rosto de forma literal.

Em Mateus 5:38,39, Jesus ensina que não devemos pagar o mal com mal; que não devemos retribuir a ofensa na "mesma moeda"; que não devemos recorrer à vingança como resposta, nem jamais fazer "justiça com as próprias mãos".

Em contrapartida, aprendemos em João 18:19-24 que, quando alguém nos maltrata, embora não devamos retribuir-lhe o mal, somos seres humanos que sentimos os golpes ferinos oriundos do provocante que nos causam dor e, será natural, manifestarmos nossos sentimentos questionando a legitimidade de sua ação.

Como disse Aristóteles: "Qualquer um pode zangar-se - isso é facil. Mas zangar-se com a pessoa certa, na medida certa, na hora certa, pelo motivo certo e da maneira certa - não é facil. Sendo assim, lancemos fora o ódio, pois este, só traz danos emocionais, físicos e espirituais .

Liberar ou pedir perdão (com sinceridade) traz contentamento e paz. Pode parecer muita fraqueza, tolice ou idílio tolerar arrogâncias e afrontas.

Mas esse é o único caminho para vencer o mal ao invés de sermos por ele vencidos.” 

2. Arrastar para o tribunal. “Concorde com o seu adversário rapidamente – Isso ainda é uma ilustração do sexto mandamento. Estar hostil, ir à lei, ser litigioso é sempre uma violação, de um lado ou de outro, da lei que exige que amemos nosso próximo, e nosso Salvador a considera uma violação do sexto mandamento.

Enquanto você estiver no caminho, ele diz, ou seja, enquanto estiver indo ao tribunal, antes que o julgamento ocorra, é seu dever, se possível, chegar a um acordo. É errado levar a disputa a um tribunal de justiça. Ver 1 Coríntios 6: 6-7.

A consequência de não se reconciliar, ele expressa na linguagem dos tribunais. O adversário entregará ao juiz, e ele ao carrasco, e ele te jogará na prisão.

Ele não quis dizer que esse seria literalmente o caminho com Deus, mas que Seu trato com aqueles que nutriam esses sentimentos e não se reconciliavam com seus irmãos era representado pelo castigo infligido por tribunais humanos. Ou seja, ele seguraria todos os que violavam o sexto mandamento e os puniria de acordo.

Às vezes, não há propriedade no uso deste versículo, em representar Deus como o “adversário” do pecador, e pedindo que ele se reconcilie com Deus enquanto estiver no caminho do julgamento. Nem a frase “de maneira alguma sairá dali até que pague o máximo de centavo” refere-se à eternidade de punição futura. É uma linguagem tirada dos tribunais de justiça, para ilustrar a verdade de que Deus punirá as pessoas de acordo com a justiça por não se reconciliarem com ele. O castigo no mundo futuro será eterno, de fato, Mateus 25:46 , mas esta passagem não prova isso” Comentário de Albert Barnes,

3. Obrigar a fazer algo. A segunda lição que expressa um viver diferente e cheio de amor como ensinou Cristo Jesus vem no versículo 41 (ARA): “Se alguém te obrigar a andar uma milha, vai com ele duas”. Era costume no tempo de Jesus, ou seja, quando os romanos dominavam, que ao enviarem algum emissário de um lugar para o outro, quando alguém do local fosse ao seu encontro, carregasse suas bagagens até chegar ao local determinado. Diz-se que os habitantes daquele lugar teriam que disponibilizar seus animais e carruagens para o tal estranho.

A palavra obrigar se refere a coerção ou força. A imagem desse conceito no NT é o momento em que os soldados romanos "obrigaram" Simão de Cirene a carregar a cruz de Jesus (27.32).

Os mensageiros persas tinham autoridade real para pressionar cavalos, navios e até homens, para ajudá-los nos negócios em que estavam empregados. Estes angari são agora denominados chappars e servem para transportar despachos entre a corte e as províncias. Quando um chappar sai, o dono do cavalo o fornece com um único cavalo; e, quando está cansado, desmonta o primeiro homem que conhece e leva o cavalo. Não há perdão para um viajante que se recusa a deixar um chappar ter seu cavalo, nem para qualquer outro que deveria negar a ele o melhor cavalo em seu estábulo. Veja Sir J. Chardin e Hanway’s Travels. Para prensar cavalos de cavalos, etc., o termo persa é Sukhreh geriften . Não encontro nenhuma palavra persa exatamente do som e da significação de ???a??? ; mas o agharet árabe significa estimular um cavalo, atacar, saquear etc. A própria palavra grega é preservada entre os coelhos nos caracteres hebraicos, ?????? angaria , e tem precisamente o mesmo significado: viz. ser compelido pela violência a prestar qualquer serviço particular, especialmente do tipo público, pela autoridade do rei. Lightfoot apresenta vários exemplos disso em sua Horae Talmudicae.

Estamos aqui exortados à paciência e ao perdão:

    Primeiro, quando recebemos em nossas pessoas todo tipo de insultos e afronta, Mateus 5:39 .

Em segundo lugar, quando somos espoliados de nossos bens, Mateus 5:40 .

    Terceiro, quando nosso corpo é forçado a sofrer todo tipo de labuta, irritação e tormento, Mateus 5:41 .

A maneira de melhorar a injustiça do homem para nossa própria vantagem é exercitar sob ela mansidão, gentileza e longanimidade, sem a qual disposição mental, nenhum homem pode ser feliz aqui ou no futuro; pois aquele que se vinga deve perder a mente de Cristo e, assim, sofrer uma lesão dez mil vezes maior do que jamais poderá receber do homem. A vingança, a tal custo, é realmente cara” Comentário de Adam Clarke,

4. Fazer alguma coisa por alguém. A terceira colocação vem do versículo 42 (ARA), que diz: “Dá a quem te pede e não voltes as costas ao que deseja que lhe emprestes”. Não é fácil dar, mas Jesus diz que seus servos deveriam atender àqueles que pedissem. É bom levar em consideração que aqui o princípio exposto por Cristo é geral, e quem age dessa forma não está resistindo aos perversos.

Mateus 5:42. Dá a ele que te pede. Embora as palavras de Cristo, que são relatadas por Mateus, pareçam nos ordenar a dar a todos sem discriminação, ainda assim reunimos um significado diferente de Lucas , que explica todo o assunto de maneira mais completa. Primeiro, é certo que foi o objetivo de Cristo tornar seus discípulos generosos, mas não pródigos, e seria uma prodigalidade tola espalhar aleatoriamente o que o Senhor nos deu. Novamente, vemos a regra que o Espírito estabelece em outra passagem pela liberalidade.

Portanto, sustentemos, primeiro, que Cristo exorta seus discípulos a serem liberais e generosos; e, a seguir, que a maneira de fazer isso é não pensar que cumpriram seu dever quando ajudaram algumas pessoas, mas estudar para ser gentil com todos, e não para se cansar de dar, desde que o significado. Além disso, para que nenhum homem possa se arrepender com as palavras de Mateus, vamos comparar o que Lucas diz. Cristo afirma que, quando emprestamos ou realizamos outros cargos, procuramos a recompensa mútua, não realizamos parte de nosso dever para com Deus. Assim, ele faz uma distinção entre caridade e amizade carnal. Os homens ímpios não têm afeição desinteressada um pelo outro, mas apenas uma consideração mercenária: e assim, como Platão observa judiciosamente, todo homem se apega àquela afeição que nutre pelos outros. Mas Cristo exige do seu povo beneficência desinteressada e pede que estudem para ajudar os pobres, dos quais nada pode ser esperado em troca. Agora vemos o que é ter uma mão aberta para os peticionários. Ele deve ser generosamente disposto a todos que precisam de assistência e que não podem retribuir o favor”.

Matthew Henry escreve: “Devemos ser caridosos e beneficentes (v. 42). Não devemos apenas não ferir o nosso próximo, mas devemos procurar lhe fazer todo o bem que pudermos.

(1) Devemos estar dispostos a dar: “Dá a quem te pedir”.

Em outras palavras, se você tem a capacidade, encare o pedido do pobre como uma oportunidade para cumprir o dever de dar esmolas. Quando alguém que realmente precisa de caridade se apresenta, devemos dar ao primeiro pedido: dar uma porção a sete, e também a oito; ainda assim, a questão da nossa caridade deve se r orientada com juízo (SI 112.5),

para que não demos aos ociosos e indignos o que deveria se r dado aos que têm necessidade e o merecem. O que Deus nos diz é que devemos estar prontos para dizer aos nossos irmãos pobres: “Pedi, e dar-se-vos-á”.

(2) Devemos e star prontos para emprestar. Às vezes, isto é uma caridade tão grande quanto dar; pois não apenas alivia a necessidade atual, mas obriga ao que toma emprestado à providência, ao empenho e à honestidade.

Portanto, “não te desvies daquele que quiser que lhe emprestes” algo para viver ou para negociar; não se afaste daqueles que você sabe que têm um pedido a lhe fazer, nem invente desculpas para livrar-se deles.

Seja acessível àqueles que vem tomar emprestado.

Embora alguém possa estar envergonhado e não ter a confiança necessária para tornar o seu caso conhecido e pedir o favor, se você conhecer a sua necessidade, como também o seu desejo, ofereça-lhe a gentileza.

Exorabor antequam rogor; honestis precibus occuram – Eu serei persuadido antes que me peçam; eu irei prever o pedido que se aproxima. Sêneca, De Vita Beata.

E conveniente que nos antecipemos nos atos de caridade, pois antes de pedirmos Deus nos ouve, e nos concede as bênçãos da sua bondade”.

III- BUSCANDO A PERFEIÇÃO DE CRISTO

1. Uma justiça mais elevada. Para entendermos o que é uma justiça mais elevada, conforme ensinou Jesus, simplesmente devemos atentar para Mateus 5.44 (ARA), que diz: “Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem”. Os que vivem a justiça de Cristo passam a ter um padrão de vida mais elevado, especialmente no relacionamento para com os outros. Nesse caso, o amor será a base de tudo, ele será o teste de caráter, o bem que se deseja para si mesmo, também se deseja para o outro.

Isso ensina claramente que o amor de Deus se estende até mesmo aos seus inimigos. Esse amor universal de Deus é manifesto em bênçãos que Deus concede a todos de maneira indiscriminada. Os teólogos chamam isso de graça comum. Deve ser diferenciada do amor eterno de Deus pelos seus eleitos (Jr 31.3),

mas trata-se, de qualquer maneira, de boa vontade sincera (cf. SI 145.9).

“Veja como isso é esclarecido pelo mandamento de Jesus, que nos ensina uma outra lição: “Eu, porém, vos digo”. Eu, que vim para ser o grande Pacificador, o general Reconciliador, que vos amou quando éreis estranhos e inimigos, E u digo: “Amai a vossos inimigos” (v. 44).

Ainda que os homens sejam sempre maus e se comportem sempre de modo desprezível para conosco, ainda assim isto não nos desobriga da grande dívida de amor que temos com os nossos semelhantes, amor por nossos parentes.

Não podemos evitar nos achar inclinados a desejar o mal, ou, de qualquer modo, ser muito indiferentes para desejar o bem àqueles que nos odeiam e são violentos conosco; mas o que está no fundo de todo procedimento odioso é uma raiz de amargura, que deve ser extirpada, e o vestígio da natureza corrupta que a graça deve derrotar.

O maior dever dos cristãos é amar a seus inimigos, não podemos te r complacência com aquele que é abertamente perverso e profano, nem ter confiança naquele que sabemos que é mentiroso, nem amar a todos da mesma maneira, mas devemos levar em consideração a natureza humana, e, até certo ponto, respeitar todos os homens. Devemos atentar, com alegria, naquilo que, nos nossos inimigos, é agradável e louvável: a sinceridade, o bom humor, o conhecimento, e a virtude moral, a bondade com os outros, a profissão da religião etc., e amar estas qualidades, embora sejam nossos inimigos.

Devemos te r compaixão e boa vontade com eles.

Aqui aprendemos:

Que devemos falar bem deles. “Bendizei os que vos maldizem”. Quando falamos com eles, devemos responder aos seus insultos com palavras amistosas e cordiais, e não retribuir os insultos com insultos.

Quando não estivermos na presença de tais pessoas, devemos elogiar o que nelas é elogiável e, quando já tivermos dito tudo que há de bom nelas, não devemos nos precipitar a dizer mais nada (veja 1 Pedro 3.9).

Aqueles cuja língua é a lei da bondade podem oferecer boas palavras para aqueles que lhes oferecem palavras ruins.

Que devemos fazer o bem a eles: “ Fazei bem aos que vos odeiam”, e isto será uma prova de amor melhor do que as boas palavras. Esteja disposto a dar a todos a verdadeira bondade que você pode dar, e alegre-se pela oportunidade de fazê-lo, a seus corpos, bens, nomes, famílias; e principalmente a suas almas.

Isto foi dito a respeito do arcebispo Cranmer, que a maneira de torná-lo um amigo era dar-lhe um tratamento cruel; ele serviu àqueles que o afrontaram.

Devemos orar por eles: “Orai pelos que vos maltratam e vos perseguem”.

Observe que:

(1) Não é nenhuma novidade que a maioria dos santos foi odiada, amaldiçoada e tratada com desrespeito pelas pessoas más; o próprio Cristo foi tratado assim.

(2) Que quando, a qualquer momento, nos encontramos em tal situação, temos a oportunidade de mostrar nossa concordância, não só como preceito, como também com o exemplo de Cristo, orando por aqueles que nos insultam. Se, de outra maneira, não podemos testemunhar o nosso amor por eles, desta maneira, porém, poderemos fazê-lo sem ostentação e de tal forma que certamente não nos arriscaríamos a fingir. Devemos pedir a Deus que os perdoe, para que nunca passem pelo pior, por qualquer coisa que tenham feito contra nós, e que Ele os faça ficar em paz conosco; e esta é uma forma de alcançarmos esta paz.

2. O amor mais perfeito. Pela leitura que se faz de Mateus 5.43, tem-se a última ilustração de Cristo. É bem provável que, ao fazer essa citação, o Mestre divino estivesse fazendo alusão ao texto de Levítico 19.18, que para os judeus o compreensivo era amar aqueles que eram seus iguais, a sua gente. O odiarás foi um acréscimo feito pelas autoridades religiosas de Israel.

A cada nova sentença, avançando desde o versículo 21, Jesus tem arrancado fora um pedaço cada vez maior do ego humano. Cada novo confronto entre as populares perversões farisaicas e a real exigência da justiça do reino serviu para elevar o desafio moral. O que o Senhor afinal ordena na sexta e última destas antíteses haveria de ter atordoado seus ouvintes. Ele tinha falado o inconcebível quando disse, "Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos" (5:44).

Para muitos dos seus ouvintes, tal conselho deveria de ter parecido não somente inconcebível, mas impossível! SE o contrário do próprio conceito de justiça.

Agora, pela primeira vez no Sermão, Jesus falou a palavra que melhor resume o princípio fundamental de toda a sua mensagem. Ele conduziu seus ouvintes por um plano ascendente desde aquilo que o amor proibe no trato com outrem (mesmo aqueles que nos maltratam) até aquilo que o amor positivamente exige de nós. E quem, no meio de seus ouvintes, naquela ocasião como agora, poderia ter previsto que a jornada não estaria terminada até que ele exigisse deles a coisa mais dura de todas, que é amar justamente aqueles que temos maior disposição para odiar: nossos inimigos. Finalmente, o Senhor não deixou nenhum espaço para o "eu".

"Inimigo" estava longe de ser uma palavra estranha aos judeus do primeiro século. Ao tempo de Jesus havia uma inimizade palpável que se havia ligado à parede da separação que era a lei (Efésios 2:14-15).

O povo de Israel tinha sofrido muito de um mundo hostil e muitas vezes olhou com desdém sobre o paganismo ignorante e a egrégia imoralidade dos gentios. Estes não demoraram a retribuir o favor. Os fariseus, com o seu fervor separatista, não eram ignorantes da exigência da lei, que os filhos da aliança tinham que amar seus próximos como a si mesmos (Levítico 19:18), mas eles entendiam que essa obrigação terminava nas fronteiras de Israel. Havia muitas pessoas para odiar, do lado de fora dos seus limites e muitos da nação sustentavam que não era só seu privilégio, mas também sua obrigação fazer assim. O fato que os fariseus estavam cientes do mandamento para amar, mas tropeçaram na definição de "próximo", é evidenciado pela conversa com um certo advogado (Lucas 10:25-29).

O advogado conhecia a fórmula, mas estava ainda por fazer uma aplicação adequada.

Mas como e por que os mestres de Israel chegaram a concluir que a lei ordenava o ódio ao inimigo? Poderia ter sido as "guerras santas" de extermínio que Deus ordenou que Israel fizesse contra os cananeus (Deuteronômio 20:16-18), ou os salmos imprecativos ("Não aborreço eu, Senhor, os que te aborrecem? . . . Aborreço-os com ódio consumado: para mim são inimigos de fato" Salmo 139:21-22. Note especialmente o Salmo 109).

Entretanto, ainda que difícil e desconcertante seja o problema que estes fatos apresentam, a lei não distinguia, em matéria de amor ao próximo, entre o israelita e o estrangeiro (Levítico 19:18 com 19:33-34) e não aconselhava a vingança e o ódio ao inimigo (Êxodo 23:4-5).

Mesmo Jó, cujo tempo provavelmente antecede a lei, entendeu o pecado de se regozijar com a calamidade sobre um inimigo (Jó 31:29-30).

Sempre me impressionou que, quando Paulo procurou instruir seus irmãos no tratamento dos inimigos, não sentiu nenhuma necessidade de alguma nova revelação, mas tirou facilmente do livro de Provérbios: "Se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber" (Romanos 12:20; Provérbios 25:21).

Não há parcela do Velho Testamento que mais diretamente aborde o problema da atitude de Israel para com os inimigos do que o livro de Jonas. Os assírios eram um povo brutal, inimigos de Deus e dos homens, mas Jeová os amava e pretendia que seu servo Jonas fizesse o mesmo (4:9-11).

Ainda, se depois disto tudo, achamos difícil acreditar que a lei não aconselhou inimizade para com os inimigos, resta-nos confiar no Filho de Deus, que reprova esta idéia como uma concepção errônea da lei, e totalmente inconsistente com a natureza e o propósito de Deus. Foi justo um ensinamento como este que fez a nação tão despreparada para a vinda do reino pacífico.

Tivesse Jesus dito aos seus seguidores para amarem seu "próximo", eles bem poderiam ter continuado nos mesmos velhos e estreitos caminhos, errando completamente a natureza única deste amor. Mas, quando ele lhes ensina a amar seus inimigos, eles podem ficar surpresos, mas ficarão, com certeza, instruídos. Como Kierkegaard observou, o evangelho tornou impossível, para sempre, que alguém se engane a respeito da identidade de seu próximo. Se temos que amar nossos inimigos, então não haverá nenhum membro da raça humana, ainda que diferente, ainda que distante, ainda que desprezível, a quem não deveremos o melhor que lhe pudermos dar.

3. Perfeitos como o Pai. Cristo estabelece um padrão inatingível. Resume-se ao que a própria lei exigia (Tg 2.10).

Embora fosse impossível alcançar esse padrão, Deus não poderia diminuí-lo sem com [1]prometer a sua própria perfeição. Aquele que é perfeito não pode estabelecer um padrão imperfeito de justiça. A maravilhosa verdade do evangelho é que Cristo alcançou esse padrão em nosso favor (2Co 5.21).

“Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai, que está nos céus”. O que pode ser interpretado:

1. De maneira geral, incluindo todas as coisas nas quais devemos ser seguidores de Deus como filhos amados. Observe que é dever dos cristãos desejar, aspirar e perseverar em direção da perfeição na graça e na santidade (Fp 3.12-14).

E devemos estudar este assunto para que possamos estar de acordo com o exemplo de nosso Pai Celestial (1 Pe 1.15-16). Ou:

2. Neste caso p articular, mencionado anteriormente, “ fazei o bem aos que vos odeiam” (veja Lc 6.36).

A perfeição de Deus é mostrada à medida que Ele perdoa as ofensas, recebe os estranhos, e faz o bem aos iníquos e ingratos. A nossa responsabilidade consiste em procurarmos ser perfeitos, assim como E le é perfeito. Nós, que devemos tanto, que devemos tudo o que somos à generosidade divina, devemos imitá-la tão bem quanto pudermos

 “A cada ato de criação, Deus fazia uma pausa e observava o que havia feito. A expressão “E Deus viu que ficou bom” aparece seis vezes no relato a criação. O Gênesis registra que, depois de tudo pronto, “Deus viu tudo o que havia feito e tudo havia ficado ‘muito’ bom” (1.31).

Porque Deus é perfeito, a criação e a criatura, originalmente parecidas com ele, deveriam ser perfeitas. Jesus ordena: “Sejam perfeitos como perfeito é o Pai celestial de vocês” (Mt 5.48).

Deus é gracioso e misericordioso, mas é também exigente. O Decálogo e o Sermão do Monte comprovam isso. Os animais sacrificados como oferta pelo pecado deveriam ser sem defeito (Lv 22.17-25), assim como o sacerdote (Lv 21.17-24).

A expressão “sem defeito” aparece dezenas de vezes em Levítico, Números e Ezequiel.

Temos um Sumo Sacerdote sem defeito. Ele é santo, puro e separado dos pecadores. Ao contrário de todos os outros, “ele não tem necessidade de oferecer sacrifícios dia após dia, primeiro por seus próprios pecados e, depois, pelos pecados do povo” (Hb 7.26-27).

A perfeição de Deus deixa o homem admirado e envergonhado. Esse constrangimento pode levá-lo a Cristo, que amou a igreja e entregou-se por ela para “apresentá-la a si mesmo como igreja gloriosa, sem mancha nem ruga ou coisa semelhante, mas santa e inculpável” (Ef 5.25-27).

Embora não alcancem neste corpo e neste mundo a plenitude da perfeição, os crentes devem tê-la como alvo a ser perseguido.” Texto publicado em Devocionais Para Todas as Estações. Editora Ultimato.

 CONCLUSÃO

A lei de fato estabeleceu o padrão da lei de Talião como um princípio para limitar a retribuição ao que era justo (Êx 21.24; Lv 24.20; Dt 19.21).

Seu propósito era assegurar que a punição em casos civis fosse proporcional ao crime. Nunca teve o propósito de sancionar atos de retaliação pessoal. Desse modo, mais uma vez Jesus não fez nenhuma alteração do verdadeiro significado da lei. Ele estava apenas explicando e declarando o verdadeiro sentido da lei. Isso trata apenas de questões de retaliação pessoal, não de agressões criminosas ou atos de ataque militar. Jesus aplicou esse princípio de não retaliação a afrontas contra a dignidade de uma pessoa (v. 39), processos legais para obter bens pessoais, violação de liberdade pessoal (v. 41) e violações de direitos de propriedade (v. 42). Ele requeria total renúncia aos direitos pessoais. Sobretudo, esse estilo de vida proposto por Jesus, deve caracterizar o cristão, aliás, se de fato merecemos o epíteto ‘cristão’, cujo significado da palavra  é “seguidor de Cristo”, isto é, de Jesus (Fonte: Dicionário bíblico de Strong). O termo também é classificado como significando “pequenos cristos”. Ao que dizem, essa palavra foi usada para se referir aos discípulos de Jesus pela primeira vez alguns anos após a Sua ressurreição, em Antioquia da Síria (atual Antáquia, na Turquia). (At 11.26).

O Evangelho nos convida a olhar para novas direções. Abre a possibilidade de rompimentos e novas perspectivas. Aquelas pessoas que ouviram Jesus estavam sendo chamadas a agirem como Deus age.

Chamadas a desenvolverem a bondade, amor e misericórdia que caracteriza Deus. Na medida em que imitassem Deus estariam tornando-se, revelando-se, filhos de Deus: “Mas eu lhes digo: Amem os seus inimigos e orem por aqueles que os perseguem, para que vocês venham a ser filhos de seu Pai que está nos céus.” (Mt 5.44-45). Pois, disse Jesus, Deus, o dono do sol e da chuva, agracia a todos com ambos. Chuva e sol para justos e injustos (v.45b). A mensagem de Jesus é um convite para que imitemos Deus e nos tornemos como Ele, dando o melhor de nós a outros, por causa de quem somos agora n’Ele!

A similaridade com Deus não significa e nem é inspiração para o exclusivismo, para a separação. Porque Deus não se isola, ao contrário, se dá amorosamente. A similaridade não é uma negação de nós, mas uma afirmação dele e de Sua presença em nós. Trata-se de uma chamado para que possamos acreditar que é possível ser melhor, por causa dele. Acreditar que podemos ir além e protagonizar o divino em pequenas ações. É um incentivo à virtude. Uma convocação para que sejamos amorosos e bondosos como nosso Pai celeste é! Para ambicionarmos ser como Ele, superando o que seriamos ou temos sido, o que aprendemos e o que experienciamos. Porque Deus nos ama, por causa do que Cristo fez, há novas e incríveis possibilidades. Jesus está nos chamando a crer nisso. Podemos ser melhores, muito melhores do que temos sido. Pode acreditar. E isso tem a ver com amor. O amor muda tudo!

AMEM

5 de maio de 2022

EXPRESSANDO PALAVRAS HONESTAS

 

EXPRESSANDO PALAVRAS HONESTAS

 

 

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TEXTO ÁUREO

Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; não, não, porque o que passa disso é de procedência maligna”. (Mt 5.37)

VERDADE PRÁTICA

Fazer um juramento ou uma promessa é algo muito sério. Por isso, o cristão deve cuidar para não prometer ou votar aquilo que não vai ter condições de cumprir.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

Mateus 5.33-37

INTRODUÇÃO

Os juramentos sempre estiveram presentes na sociedade. Eles são o compromisso que a pessoa assume publicamente de que cumprirá realmente aquilo que prometeu. Nas Escrituras, os juramentos são de dois tipos: aqueles feitos por Deus e aqueles feitos pelos homens. Quando Jesus ensina que o nosso falar seja “Sim, sim; não, não, porque o que passa disso é de procedência maligna” (Mt 5.37), Ele condena o uso indiscriminado, leviano ou evasivo do juramento que prevalecia entre os judeus. Por isso, nesta lição, veremos como o Mestre ensinou que os homens deveriam ser transparentes e honestos em seu falar, para que os juramentos entre eles se tornassem desnecessários. Em seu Reino, a honestidade de seus membros elimina o uso dos juramentos (Tg 5.12).

COMENTÁRIO

A seção que vamos estudar trata dos juramentos, assim como, do cuidado no falar, no comprometer-se. Um juramento é uma declaração juramentada referente à veracidade do que se disse, ou de que a pessoa fará ou não fará certa coisa; frequentemente envolve um apelo a alguém superior, especialmente Deus. Note-se a recomendação enfática no versículo 34: de modo algum jureis, ensino replicado por Tiago, irmão do Senhor; “Acima de tudo, porém, meus irmãos, não jureis nem pelo céu, nem pela terra, nem” (Tg 5.12), enfatizando que as palavras de uma pessoa fornecem o vislumbre mais revelador de sua condição espiritual (Tg 1.26; 2.12; .3.2-11: 4.11). Como Jesus fez antes dele (Mt 5.33-36; 23.16-22), Tiago condenou a prática contemporânea dos judeus de fazer juramentos falsos, evasivos e enganosos por qualquer coisa que não fosse o nome do Senhor (que era o único considerado obrigatório). Em Tiago, ecoa o ensino de Jesus para que o crente faça uso sempre de palavras diretas, honestas e claras. Falar de outro modo é o mesmo que pedir o juízo de Deus.

Quando Jesus enfatiza esse assunto, ele não faz uma condenação universal dos juramentos em todas as circunstâncias. O próprio Deus confirmou uma promessa com um juramento (Hb 6.13-18; At 2.30). Cristo falou sob juramento (26.63-64). A lei prescrevia juramentos em determinadas circunstâncias (Nm 5.19,21; 30.2-3). O que Cristo está proibindo aqui é o uso leviano, profano ou despreocupado de juramentos no linguajar diário. Nessa cultura, tais juramentos eram frequentemente empregados para propósitos enganosos. Para fazer com que a vítima acreditasse que estavam dizendo a verdade, os judeus juravam por coisas como "céu", "terra", "Jerusalém" ou pela sua própria "cabeça" (veja os vs. 34-36), não por Deus, na esperança de evitar o castigo divino por sua mentira. Mas tudo fazia parte da criação de Deus, de modo que ele estava envolvido, o que produzia culpa diante do Senhor, exatamente como se o juramento tivesse sido feito em seu nome. Jesus sugeriu que todo nosso falar deveria ser como se estivéssemos sob um juramento de dizer a verdade (veja o v. 37).

Paulo assevera esse ensino do Senhor em Cl 4.6: “A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para saberdes como deveis responder a cada um” -  agradável é falar o que é espiritual, proveitoso, conveniente, delicado, resoluto, cortês, benévolo, confiável, amável e ponderado; temperada com sal, assim como o sal não só dá sabor, mas evita a deterioração, o discurso do cristão deve se constituir não apenas numa bênção para os outros, mas numa influência purificadora em meio à sociedade corrupta do mundo.

O Dr Sproul escreve: “Em muitas traduções do texto bíblico, os tradutores nos ajudaram dividindo as porções da Escritura em várias seções e colocando um subtítulo em cada uma delas. É importante ter em mente que esses cabeçalhos não fazem parte do texto original. O sub- título fornecido para esta passagem na tradução New King James é: “Jesus proíbe juramentos”. No entanto, esta é uma interpretação errada do que Cristo ensinou”. Sproul., RC. Estudos bíblicos expositivos em Mateus. 1° Ed 2017 Editora Cultura Cristã. pag. 98.

Vamos em frente!

 

I- NÃO DEVEMOS JURAR NEM PELOS CÉUS NEM PELA TERRA

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1. A Lei do Juramento. De acordo com o Dicionário Bíblico Wycliffe, a lei mosaica enfatizou a natureza obrigatória dos juramentos (Nm 30.2) e decretou o castigo para o perjurado, aquele que faz um juramento falso (Dt 19.16-19; 1Tm 1.10). O falso juramento de uma testemunha ou uma falsa afirmação com relação a uma promessa ou a alguma coisa encontrada, exigia uma oferta pelo pecado (Lv 5.1-6; 6.2-6). A lei enfatizou a seriedade dos juramentos (Êx 20.7; Lv 19.2; Zc 8.16,17) e proibiu o juramento por deuses falsos (Js 23.7; Jr 12.16; Am 8.14).

COMENTÁRIO

O povo judeu possuía uma formação muito rigorosa com respeito ao juramento. Isto vinha dos tempos de Moisés, quando instituía a Lei para os judeus citando por diversas vezes as restrições com respeito ao jurar usando o nome de Deus. É interessante verificar que esses cuidados eram de tal ordem que, em cada um dos livros do Pentateuco, exceto o Gênesis, onde ele funcionou apenas como escriba, isto é, em Êxodo 20.7, em Levítico 19.12, em Números 30.2 e em Deuteronômio, duas vezes, 5.11 e 23.23, ele faz menção ao juramento como algo que podia ser feito em nome de Deus, desde que fosse depois cumprido na íntegra.

Davi dá outro realce ao cuidado com o juramento quando em um de seus salmos, aquele que alude ao "verdadeiro cidadão dos céus", chega a mencionar que o perfil desse cidadão é de alguém que, "mesmo que jure com dano seu, não muda" (Sl 15.4b).

O Dr Sproul trata assim: “Em todo o Novo Testamento, vemos que os líderes espirituais faziam juramentos. O apóstolo Paulo, por exemplo, quando escreve aos romanos e de- clara o desejo ardente que seu coração tinha de ver a redenção de Israel, faz um juramento para se certificar de que as pessoas entendiam a sinceridade de sua afirmação. O próprio Senhor Jesus, quando foi julgado no final da vida, testemunhou perante as autoridades sob juramento. Assim, independentemente do modo como entendemos este texto, devemos fazê-lo à luz não somente do contexto imediato, mas também de todo o contexto da Escritura Sagrada. Não podemos tomar uma simples declaração de Jesus e chegar a uma conclusão sem considerar tudo o que ele ensina sobre o assunto”. Sproul., RC. Estudos bíblicos expositivos em Mateus. 1° Ed 2017. Editora Cultura Cristã. pag. 99.

Nas Escrituras Hebraicas empregam-se duas palavras para denotar o que chamamos de juramento. Shevu‛áh significa “juramento ou declaração juramentada”. (Gênesis 24:8; Le 5:4) O aparentado verbo hebraico shavá‛, que significa “jurar”, deriva da mesma raiz que a palavra hebraica para “sete”. De modo que “jurar” originalmente significava “vir a estar sob a influência de 7 coisas”. (Theological Dictionary of the New Testament [Dicionário Teológico do Novo Testamento], editado por G. Friedrich; tradutor e editor: G. Bromiley, 1970, Vol. V, p. 459) Abraão e Abimeleque juraram sobre sete cordeiras ao fazerem o pacto junto ao poço de Berseba, que significa “Poço do Juramento; ou: Poço de Sete”. (Gên 21:27-32; veja também Gên 26:28-33.) Shevu‛áh refere-se a uma declaração juramentada por parte de alguém no sentido de que fará ou não fará certa coisa. A palavra em si não tem a conotação duma maldição a sobrevir àquele que jura, caso deixe de cumprir o juramento. Esta é a palavra usada para o juramento ou declaração juramentada feita a Abraão por Yehowah, que nunca deixa de cumprir sua palavra e sobre quem nunca poderia vir uma maldição. — Gên 26:3.

A outra palavra hebraica usada é ’aláh, que significa “juramento, maldição”. (Gên 24:41 n) Pode também ser traduzida por “juramento de obrigação”. (Gên 26:28) Um léxico hebraico e aramaico de Koehler e Baumgartner (p. 49) define o termo como “maldição (ameaça de calamidade em caso duma má ação), lançada sobre uma p[essoa] por ela mesma ou por outros”. Nos antigos tempos hebraicos, era considerado um assunto bem sério fazer um juramento. O juramento devia ser cumprido, mesmo em prejuízo de quem jurou. (Sal 15:4; Mt 5:33) A pessoa era considerada culpada perante Yehowah se fizesse irrefletidamente uma declaração juramentada. (Le 5:4) A violação dum juramento podia ter por consequência a mais severa punição da parte de Deus”. https://bibliotecabiblica.blogspot.com/2009/07/estudo-biblico-juramento.html

 

2. O propósito da Lei do Juramento. O propósito do juramento antes era benéfico, tinha o objetivo de descobrir a verdade. Tratava-se de um apelo solene que o adorador fazia a Deus, tendo consciência de que Ele era o grande juiz onisciente e onipotente, dono de tudo, que esquadrinhava os corações de todos os homens (1Cr 28.9; Jr 17.10) e que revelava o íntimo de cada um, a verdade e a sinceridade presentes no espírito do homem. Os juramentos nas Escrituras são de dois tipos, aqueles feitos por Deus e aqueles feitos pelos homens.

COMENTÁRIO

Os mandamentos demandam que as pessoas cumpram seus votos.  Se você disser que algo é verdadeiro, então é melhor que seja, e se você disser que fará algo, então deve fazê-lo. Mas os fariseus e os escribas pensavam que se a lei diz, “Não jurem falsamente pelo meu nome”, então isso significa que eles podiam jurar falsamente conquanto não jurassem pelo nome de Deus! Assim, eles designavam um sistema elaborado indicando se um juramento era obrigatório ou não, dependendo da fórmula usada – especificamente, com base em quão próximo o voto estava associado com Deus ou o seu nome. Em outras palavras, eles tinham inventado tradições e regulamentos humanos nunca ensinados pela lei, mas antes impostos sobre ela, para evitar dizer a verdade e manter os seus votos.

Toda a fé cristã está enraizada e fundamentada no princípio bíblico da aliança, e as alianças não poderiam ser realizadas sem um elemento essencial: o juramento. Meredith Kline, um falecido estudioso do Antigo Testamento, juntamente com George Mendenhall, da Universidade de Michigan, analisaram a estrutura de alianças antigas de várias nações e descobriram que, em todas elas, havia juramentos. Eles eram feitos não apenas pelas partes subordinadas da aliança, mas também pelas partes superiores. Nossa fé repousa no fato de que 0 Senhor Deus onipotente, ao iniciar uma aliança com seu povo, fez um juramento para selá-la. Conforme o autor de Hebreus nos diz, “visto que não tinha ninguém superior por quem jurar, jurou por si mesmo” (Hb 6.13). Ele colocou sua própria pessoa em jogo para enfatizar a credibilidade das promessas que fez ao povo”. Sproul., RC. Estudos bíblicos expositivos em Mateus. 1° Ed 2017. Editora Cultura Cristã. pag. 98-99.

 

3. Não jureis nem pelo Céu nem pela Terra. O estratagema dos escribas e fariseus quanto ao juramento pode ser notado quando eles diziam que qualquer voto que o adorador fiz esse usando o nome de Deus estaria vinculado àquele juramento, mas um voto feito sem que fosse pronunciado o nome de Deus era de menor valor, e nesse caso não precisava ser cumprido. Foi contra esse procedimento dissimulado e hipócrita que Jesus os confrontou (Mt 23.16-18). Essa tenuidade de classificações feitas pelos escribas e fariseus, entre os votos obrigatórios e não obrigatórios, não tinha qualquer base. Para Jesus, quem jurasse pelo céu teria de cumprir seu juramento, pois eles foram feitos por Deus (Gn 1.1), e a terra era o estrado dos seus pés (Is 66.1), e Jerusalém era a cidade do grande Deus (SI 48.3).

A conclusão é que qualquer juramento feito, usando alguns desses elementos, teria de ser cumprido, pois neles o nome de Deus estava envolvido. Um cristão verdadeiro e sincero, que tem o coração transformado pelo Evangelho, não precisa invocar qualquer elemento como céu e terra para afirmar que o que está dizendo é a verdade, posto que na essência a verdade está no íntimo do seu coração, no qual não há mentira, engodo ou engano (Sl 15.2; 24.4; Pv 8.7; Ml 2.6; Mq 6.8).

COMENTÁRIO

Jesus está se referindo a como os fariseus e os escribas faziam finas distinções entre como alguém faz um juramento, de forma que se um juramento fosse feito de certo modo, eles até mesmo diriam que “isto nada significa”. Mas se um juramento é um juramento, pode-se perguntar como ele alguma vez poderia significar nada. De qualquer modo, Jesus aponta que, devido a todas as suas finas distinções, o raciocínio teológico deles era pobre e não fazia nenhum sentido; isto é, mesmo as tradições pelas quais eles subvertiam a lei de Deus não eram inteligentes. Como os teólogos liberais de hoje, não é que os fariseus eram muito intelectuais a ponto de estabelecer o que era bom para eles, mas sim que suas mentes eram débeis demais para sequer dar uma escusa meio-decente para sua desobediência.

Contrário ao que muitas pessoas pensam, a Escritura nunca se opõe à precisão com minúcia quando diz respeito a entender a lei de Deus a fim de obedecê-la. Eles pensam que Jesus critica os fariseus por serem tão meticulosos sobre obedecer a lei que negligenciavam mostrar qualquer misericórdia, mas o exato oposto é a verdade – ele acusa os fariseus de serem muito meticulosos em desobedecer a lei. É a lei de Deus que nos ordena mostrar misericórdia em primeiro lugar. Como Miquéias diz: “Ele mostrou a você, ó homem, o que é bom e o que o Senhor exige: pratique a justiça, ame a fidelidade e ande humildemente com o seu Deus” (Mq 6.8).

O pastor John Stott escreve: “Ele começa argumentando que a pergunta sobre a fórmula usada para se fazer votos é totalmente irrelevante e, particularmente, que a diferença feita pelos fariseus entre a fórmula que menciona Deus e aquelas que não o mencionam é inteiramente artificial. Contudo, por mais que vocês tentem, disse Jesus, não podem evitar alguma referência a Deus, pois o mundo todo é mundo de Deus e vocês não O podem eliminar, de modo algum. Se vocês jurarem pelo “céu”, é o trono de Deus; se pela “terra”, é o estrado dos seus pés; se por “Jerusalém”, é a sua cidade, cidade do grande Rei. Se vocês jurarem por sua cabeça, na verdade é sua no sentido de não pertencer a qualquer outra pessoa, mas ainda assim é criação de Deus e está sob o seu controle. Você não pode sequer mudar a cor natural de um simples fio de cabelo, preto na juventude e branco na velhice. Portanto, sendo irrelevante o enunciado preciso de uma fórmula para fazer votos, então a preocupação com as fórmulas não é ponto importante da lei. Na verdade, considerando que todo aquele que faz um voto deve cumpri-lo (seja qual for a fórmula usada para sua confirmação), falando estritamente todas as fórmulas são supérfluas, pois a fórmula nada acrescenta à solenidade do voto. Um voto é obrigatório, independentemente da fórmula utilizada. Sendo assim, a verdadeira implicação da lei é que devemos cumprir as nossas promessas e ser pessoas de palavra. Então os votos se tornam desnecessários. De modo algum jureis (v. 34), seja, porém, a tua palavra: Sim, sim; não, não (v. 37). Como diria mais tarde o apóstolo Tiago: “Seja o vosso sim, sim, e o vosso não, não.” E o que disto passar, Jesus acrescentou, vem do maligno, tanto da maldade dos nossos corações com o seu grande engano, como do maligno, que Jesus descreveu como “mentiroso e pai da mentira”. Assim como o divórcio é devido à dureza do coração humano, os juramentos se devem à falsidade humana. Ambos foram permitidos por lei; nenhum foi ordenado; nem seriam necessários”. STOTT, John. Contracultura cristã. A mensagem do Sermão do Monte. Editora: ABU, 1981, pag. 47.

 

II- NOSSAS PALAVRAS DEVEM SER “SIM” E “NÃO”

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1. Como deve ser o nosso falar. Tomar cuidado com o que se fala é valioso demais. Esta atitude declara que tipo de pessoa nós somos. Um cristão verdadeiro sempre procura falar com verdade e sabedoria. Com muita propriedade, o sábio rei Salomão falou que a morte e a vida estão no poder da língua (Pv 18.21). Jesus foi bem categórico quando afirma que pelas palavras alguém pode ser justificado ou condenado (Mt 12.37), o que nos impele a ter cuidado no nosso falar. Um cristão cheio das verdades divinas terá um falar verdadeiro e reagirá contra todo tipo de falsidade e mentira. Jesus exige honestidade o tempo todo, seja um homem sob juramento ou não. Não há padrão duplo para o cristão.

COMENTÁRIO

Devemos observar a ênfase principal da passagem, de forma que não apliquemos erroneamente o que Jesus está dizendo. Ele está denunciando primariamente aqueles que se permitem fazer juramentos vazios redefinindo e distorcendo a lei de Deus. Sua preocupação é que as pessoas digam a verdade e queiram dizer o que dizem (v. 37), de forma que o seu “Sim” signifique “Sim”, e o seu “Não” signifique “Não”. E se essa é a sua prática, então não deveria existir necessidade alguma de você jurar; outras pessoas seriam capazes de confiar no que você diz, mesmo quando não jura explicitamente em nome de Deus ou apela a ele como sua testemunha. Assim, sua ênfase é mais parecida com “Não jurem”, do que com “Vocês devem recusar jurar” ou “Eu proíbo que vocês jurem”.

O judeu passou a banalizar o juramento. Jurava por qualquer coisa, especialmente pelas mínimas, o que não lhe exigiria sacrifício algum em cumpri-las, fazendo-o apenas para mostrar-se como um cidadão respeitável e temente a Deus. Vem o Senhor Jesus e diz: Nada disto!

Nenhum compromisso terreno é digno de ser garantido pelos valores espirituais e eternos. O cristão tenha sua palavra garantida e dignificada por seu caráter e integridade. Ele não precisa de artifícios outros para demonstrar que, em seu viver, o seu falar é "sim, sim; não, não", sem a necessidade de juramentos, pois aquilo que ele fala ele cumpre!

Por fim, Jesus disse algo muito estranho: porque, pelas tuas palavras, serás justificado e, pelas tuas palavras, serás condenado (v. 37). Eu en- sino e prego incessantemente a doutrina bíblica da justificação somente pela fé. Isso significa que ninguém é justificado por aquilo que venha a fazer ou dizer. Mas aqui Jesus disse que nós seremos justificados ou condenados por nossas palavras. O que ele quis dizer?

Seria possível que ele estivesse falando sobre nossa profissão de fé nele? Paulo escreve: “Se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. Porque com 0 coração se crê para justiça e com a boca se confessa a respeito da salvação (Rm 10.9-10). É verdade que nós devemos professar nossa fé, mas ninguém jamais é justificado por uma profissão de fé. Qual- quer um pode dizer: “Eu creio em Jesus. ” Como vimos quando estudamos o sermão do monte, Jesus disse: “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus” (Mt 7.21a). Ele deixou claro que é possível proferir palavras sem acreditar nelas.

Jesus não estava falando sobre a doutrina da justificação. Ele estava falando sobre a manifestação daquilo que está no coração. Quando estivermos diante de Deus no juízo final, ele reproduzirá gravações daquilo que saiu de nossa boca. Se, nesse registro, houver um fluxo contínuo de palavras vãs, elas nos condenarão. Por outro lado, se as palavras que saíram do tesouro de nosso coração revelarem nossa afeição por Cristo e nosso amor pelas coisas de Deus, nós seremos abençoados naquele dia”. Sproul., RC. Estudos bíblicos expositivos em Mateus. 1° Ed 2017. Editora Cultura Cristã. pag. 345.

 

2. O sim e o não na vida de Paulo. Há situações em que empregamos nossa palavra e, por algum motivo, não conseguimos nos realizar o que dissemos ou planejamos. Em 2 Coríntios 1.12-24, há o relato de um episódio que ocorreu com o apóstolo Paulo. Ele fez planos de visitar os irmãos da Igreja de Corinto, porém, por diversas vezes, foi impedido e as coisas não saíram como havia planejado (2Co 1.6; Rm 1.10; 15.22; 1Ts 2.18). Por isso, seus acusadores se valeram da situação para fazer graves e sérias acusações contra Paulo, dizendo que ele não era confiável. Paulo refuta seus opositores dizendo que não era o tipo de pessoa que diria “sim” quando na realidade queria dizer “não”.

O apóstolo toma Deus como sua fiel testemunha e explica o motivo pelo qual não tinha ido logo fazer essa visita, que era para poupar os irmãos (2 Co 1.23). Deus, que conhecia o seu coração, disse o apóstolo, sabia do seu verdadeiro sentimento e da grande vontade de ir visitá-los, e declarou a todos que sua vida era de simplicidade e sinceridade, tanto diante da Igreja como do mundo (2 Co 1.12). Da mesma maneira que os coríntios podiam confiar que Deus manteria suas promessas, também podia confiar que Paulo, como representante de Deus, manteria as suas. Ele ainda os visitaria, mas em uma ocasião melhor.

COMENTÁRIO

Quando lemos 2 Coríntios 1.12-24, vemos Paulo enfrentando as muitas acusações de seus críticos contra o seu caráter e integridade (eles o tinham acusado de ser orgulhoso, egoísta, não confiável e inconsistente, desequilibrado mentalmente, incompetente, não sofisticado e um pregador incompetente) apelando à suprema corte humana — sua consciência. Paulo usava essa palavra com frequência, e ela pode ser traduzida também como "confiança arrogante". Usada do modo negativo, refere-se a uma ostentação injustificada de um a pessoa a respeito dos seus próprios méritos e realizações; porém , Paulo a usou de modo positivo para indicar confiança legítima no que Deus havia feito em sua vida (Jr 9.23-24; Rm 15.18; I C o 1.31; 15.9-10; 1Tm 1.12-17). O sistema de advertência da alma, o qual permite aos seres humanos contemplar seus motivos e ações e fazer avaliações morais a respeito do certo e do errado (Rm 2.14-15). Para funcionar conforme Deus a designou, a consciência deve ser informada com o m ais alto nível moral e espiritual, bem como com o melhor padrão, o que significa submetê-la ao Espírito Santo por meio da Palavra de Deus (Rm 12.1-2; 1Tm 1.19; 2Tm 2.15 ; Hb 9.14; 10.22). A consciência totalmente esclarecida de Paulo o eximia por completo (At 23.1; 24.16; 1Tm 1.5; 3.9; 2Tm 1.3). No entanto, em última análise, somente Deus pode julgar com precisão os motivos do ser humano (1Co 4.1-5). Matthew Henry comenta: “O apóstolo se defende da acusação de leviandade e inconstância por não ir a Corinto. Os homens bons devem ter o cuidado de manter a sua reputação de sinceridade e constância; eles não devem resolver, senão baseados na reflexão cuidadosa. E eles não mudarão, a menos que haja razões que o justifiquem.

Nada pode tornar as promessas de Deus mais certas; o fato de serem dadas por meio de Cristo nos assegura que são suas promessas. Assim como as maravilhas que Deus realizou na vida, na ressurreição e na ascensão de seu Filho confirmam a fé. O Espírito Santo firma os cristãos na fé do Evangelho. O despertar do Espírito é o começo da vida eterna; os consolos do Espírito são primícias do gozo eterno.

O apóstolo desejava poupar-se da culpa que temia ser inevitável, se tivesse ido a Corinto antes de saber que efeito a sua carta anterior havia produzido. Nossa força e habilidade se devem à fé; e o nosso consolo e gozo devem fluir da fé. Os temperamentos santos e os frutos da graça que ajudam a fé, asseguram contra o engano em um assunto tão importante”. HENRY. Matthew. Comentário Bíblico Matthehw Henry. II Coríntios.  Editora CPAD. 4 Ed. 2004. pag. 2-3.

 

3. O que passar disso é uma procedência maligna. Como o caso que aconteceu em Corinto, em que Paulo conhece a importância da honestidade e da sinceridade nas palavras e ações, Deus quer que sejamos verdadeiros e transparentes em todos os nossos relacionamentos. Se não for assim, poderemos nos rebaixar, passando a divulgar rumores, fofocas e a ter segundas intenções, ou seja, daremos lugar a situações de procedência maligna.

COMENTÁRIO

O pastor Geremias Couto comentando as lições do 2º trimestre de 2001, escreve na lição 6: “III. A PALAVRA DO CRISTÃO

1. Quando é possível dizer sim. Com isto em mente, chegamos ao âmago do ensino de Cristo sobre a palavra do cristão (v.37). Aqui está implícita a ideia de firmeza em nossa comunicação pessoal, de maneira que a nossa palavra em si baste, sem qualquer juramento, para firmar os nossos compromissos.

Sem nos esquecermos, por outro lado, de ponderar as circunstâncias, as nossas limitações e a soberania de Deus sobre todas as coisas (ver Tg 4.13-15). Tal discernimento nos dará condições não só de saber a hora de dizer sim, mas a forma de (e quando) fazê-lo, para que sejamos capazes de cumprir com as nossas obrigações.

2. Quando é indispensável dizer não. Ter essa firmeza de decisão, por conseguinte, levar-nos-á a dizer não, com amor, sempre que for indispensável, mesmo que, para alguns, não seja uma atitude fácil. Por faltar ao sacerdote Eli a capacidade de dizer não aos pecados dos filhos, Israel sofreu um de seus mais retumbantes fracassos e perdeu a glória de Deus (cf. 1Sm 3.10-14; 4.1-22).

3. A procedência maligna da duplicidade. Mas, na verdade, a ideia que o v.37 deixa transparecer é que em nenhuma circunstância jamais devemos mentir, nem usarmos de duplicidade em nossas posições, mas assumir a responsabilidade de nossa palavra no tocante a todas as áreas de nossa vida.

A chamada posição de neutralidade — nem contra, nem a favor — sempre foi condenada pelas Escrituras (“é de procedência maligna”), pois revela muitas vezes ausência de caráter, falta de compromisso e mero oportunismo (cf. Ap 3.16). Temos de assumir nossos erros e acertos e encará-los de frente com a responsabilidade de quem tem, sobretudo, compromisso com a verdade diante de Deus. Em questões de fé, por exemplo, não há meio-termo: ou estamos do lado da verdade ou contra ela.LIÇÕES BÍBLICAS CPAD JOVENS E ADULTOS. 2º Trimestre de 2001. Título: Sermão do Monte — A transparência da vida cristã. Comentarista: Geremias do Couto. Lição 6: A palavra do cristão, Data: 6 de maio de 2001.

Matthew HENRY escreve: “Que, portanto, em todas as nossas comunicações, devemos nos contentar com “sim, sim, não, não” (v. 37). Nas conversas normais, se afirmamos alguma coisa, devemos somente dizer: “Sim”, é assim; e, se for necessário, para evidenciar a nossa certeza de alguma coisa, podemos nos manifestar dizendo: “Sim, sim”, realmente é assim. “Na verdade, na verdade” era o “sim, sim” do nosso Salvador. D a mesma forma, para negar uma coisa, é suficiente dizer: “Não”, ou, se for necessário, repetir a negação e dizer: “Não, não”; e se a nossa fidelidade for conhecida, que isto seja suficiente para termos crédito; e se ela for questionada, reforçar o que dizemos com juramentos não será nada além de torná-lo mais duvidoso. Aquele que é capaz de engolir um juramento profano, não conseguirá discernir uma mentira. E uma pena que isto que Cristo coloca na boca de todos os seus discípulos precise se r fortalecido, segundo alguns, por outras maneiras, quando (como diz o Dr. Hammond) qualquer coisa além de sim e não nos é proibido, e não somos orientados a fazer uso de outras palavras”. HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento MATEUS A JOÃO Edição completa. Editora CPAD. pag. 57.

 

III- HONESTIDADE COM NOSSAS PALAVRAS

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1. A palavra honestidade. Honestidade é uma virtude de alguém que é correto, sincero. Do hebraico, tem os o adjetivo yashar, “reto, honesto, correto, direito, plano, certo, justo”. Jó foi descrito como um homem honesto (Jó 1.8). Em Atos, temos a descrição de Cornélio como um homem reto, honesto (At 10.22). Aquele que tem um viver reto, honesto, jamais permitirá que saiam de sua boca palavras falsas, mentirosas, enganadoras.

COMENTÁRIO

Jesus criticou aqueles que juram irresponsavelmente. Ele disse: “Seja o vosso falar ‘sim, sim; não, não’. O que passar disso é de procedência maligna” (Mt 5.37). Mentir passou a ser uma prática tão costumeiramente usada, que pouca gente ainda se indigna com o uso de informações falsas. Líderes mentem, para explorar seus liderados. Pais mentem, porque não sabem educar corretamente seus filhos. Esposos mentes, porque temem expressar sentimentos reais. Pastores mentem, porque não mais acreditam nos princípios da Bíblia. Tudo isso, diz Jesus, é de procedência maligna. A verdade é Jesus Cristo. Somos cristãos, porque nos encontramos com a verdade e nos entregamos para uma vida de testemunho daquilo que Ele faz pelos que O aceitam. Dar bom testemunho é viver uma vida coerente. Aquilo que falamos deve ser coerente com aquilo que vivemos. E isto somente conseguimos quando nos submetemos ao Espírito do Senhor, eu habita em nós. O mundo odeia a verdade, mas Cristo odeia a mentira. Ainda que tentemos, nunca poderemos servir a dois senhores – porque ambos os senhores exigem submissão total. Paulo, sabendo disso, fez sua escolha – por isso, ele se apresenta como “Paulo, servo de Jesus Cristo”. ‘Sim, sim; não, não’ – isto é de procedência benigna.

O Dicionário Bíblico Wycliffe  (CPAD) define a palavra HONESTIDADE com três termos gregos: “Gr. kalos, aquilo que é excelente e, neste sentido, bom. Devemos nos esforçar para fazer o bem, agindo honestamente à vista dos homens (Rm 12.17), e de Deus e dos homens (2Co 8.21), cuidando para que a nossa conduta (ou modo de falar) seja excelente diante dos não-salvos (1Pe 2.12).

Gr. semnos, ‘Venerável ou provado pelo tempo”, “reverente”. Paulo exorta o cristão a ter a mente repleta com tudo que é puro e que tem “a reverência da idade (ou com o que é “honesto”, Fp 4.8), e viver uma vida pacifica com “toda piedade e honestidade [ou respeito]’’ (1Tm 2.2).

Gr. euschemonos, “decente”, “decoroso”. O cristão deve sempre agir de modo decoroso, assim como faria à luz do dia (Rm 13.13), e o que ele fizer deve ser decente e decoroso à vista dos não-salvos (1Ts 4.12)”. PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 936.

 

2. É possível ser honesto com nossas palavras neste mundo? Na vida daquele que o Evangelho já entrou, houve transformação plena, pois o mesmo busca não apenas curar os sintomas da doença do pecado, mas também prevenir. Não há como negar, que nesse mundo, muitos já adotaram a mentira como um hábito. É normal para aquele que não vive as bem-aventuranças de Cristo dizer uma mentira, com a desculpa de mentir para apoiar uma causa nobre. Quem sustenta isso está comprometendo o caráter humano e um valor importante, que é o respeito pela verdade. O verdadeiro discípulo de Cristo, que faz parte do seu Reino, é honesto em suas palavras, íntegro no seu caráter, e jamais usa de meias-verdades, através das quais grandes mentiras têm sido ditas, sendo influenciados pelo pai da mentira, o Diabo. Jesus é a verdade em essência (Jo 14.6), e os que vivem nEle são honestos em tudo, e seu falar é sim, sim; não, não.

COMENTÁRIO

Já é mau o suficiente quando uma pessoa deve jurar para que se creia nela; é ainda pior quando uma pessoa jura para enganar, ou jura usando um método ou uma fórmula que pensa tornar o juramento não obrigatório. Essa pessoa é uma mentirosa, quer jure ou não, mas Jesus ensina que devemos falar a verdade e cumprir as nossas promessas, quer juremos ou não. A Escritura diz que para “todos os mentirosos — o lugar deles será no lago de fogo que arde com enxofre” (Apocalipse 21:8). Tiago escreve: “Seja o sim de vocês, sim, e o não, não, para que não caiam em condenação” (Tiago 5:12). Deus toma a verdade muito mais seriamente que a maioria das pessoas pensam. O ensino de Jesus nesta passagem é igualmente verdadeiro e aplicável hoje, e os líderes de igreja deveriam ensiná-lo com maior frequência e convicção. Mesmo ateístas dizem loquazmente: “Juro por Deus”. Isso é abusar do nome de Deus, e se Deus não salvá-los soberanamente, eles serão lançados no inferno por causa disso. Mas até mesmo cristãos professos frequentemente abusam do nome de Deus – eles usam-no em piadas, para amaldiçoar e para mentir. Sem dúvida, muitos desses são falsos conversos, visto que os cristãos verdadeiros ficam aterrorizados com tamanho abuso do nome de Deus. Os ministros deveriam advertir, repreender, e se necessário, excomungar aqueles que cometem esse pecado extremamente sério. O Salmista no Sl 15.2-5 enfatiza as qualidades de vida e de lábios. Um adorador vive (anda) com integridade. De acordo com a teologia hebraica, o andar do homem santo era obedecer à lei de Moisés. Ver sobre o estatuto eterno em Êx 29.42; 31.16; Lv 3.17; 16.29.

 

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3. Dando testemunho. Uma pessoa honesta revela dignidade de caráter, é honrada, digna, e procede rigorosamente dentro da regra. Salomão disse que tortuoso é o caminho do homem cheio de culpa, mas reto o proceder do homem honesto (Pv 21.8). O verdadeiro cristão procura ser honesto no que fala, mantendo-se longe da falsidade e da mentira, conservando a verdade no coração e na conduta, pois esse é o seu objetivo maior (3Jo 4). Você é conhecido por ser uma pessoa de palavra? Se dissermos a verdade durante todo o tempo, vamos nos sentir menos pressionados a apoiar nossa palavra em juramentos ou promessas.

COMENTÁRIO

O comentarista da lição, Pr Osiel Gomes, discorre assim em seu livro de apoio: “No momento em que o cristão aceita a Cristo, é chamado não apenas para ter a verdade na mente e no coração, mas também para praticá-la (Jo 3.21), no demais, ele não pode mais mentir, pois seu pai não é o Diabo, o qual é o pai da mentira (Jo 8.44). Devemos, portanto, ser honestos em nossas palavras em todos os sentidos, pois como comunidade de Cristo não podemos ser obstáculos para a vida de ninguém. Lembre-se de que pela Bíblia a maledicência é nivelada aos pecados de adultério e roubo, quem a pratica estará fora do seu Reino (1Co 6.10; Cl 3.8). Os que vivem na presença de Deus sabem que precisam andar em santidade, verdade, que dos seus lábios não podem sair palavras destruidoras, porque dessa forma estariam entristecendo o Espírito Santo de Deus (Ef 4.30). Podemos ser exemplos neste mundo onde a honestidade já está quase em extinção. Para tal precisamos proceder como nosso modelo de vida maior, isto é, Cristo, do qual Pedro diz que em sua boca nunca se achou engano (1Pe 2.22)”. Gomes. Osiel,. Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. pag. 121.

O pastor presbiteriano Hernandes Dias Lopes, escreve em seu comentário de 1º, 2º e 3º João: ““Não tenho maior alegria do que está, a de ouvir que meus filhos andam na verdade.” A maior alegria de João não era financeira, mas espiritual. Sua recompensa não era monetária. Ele não andava atrás do dinheiro dos crentes, mas se alegrava em vê-los andando na verdade. Os crentes não eram fontes potenciais de lucro, mas filhos espirituais a quem devotava a sua vida. A maior alegria de João não era ver seus filhos sendo ricos, mas vê-los andando na verdade. Como diz John Stott: “João não considerava as questões teológicas como trivialidades sem importância”. Prosperidade sem fidelidade à verdade é motivo de tristeza, e não de alegria. Simon Kistemaker está correto quando diz que João fala de “filhos” não no sentido físico de descendência, mas no sentido de nascimento espiritual. De maneira semelhante, Paulo escreve aos crentes de Corinto e diz: “Pois eu, pelo evangelho, vos gerei em Cristo Jesus” (ICo 4.15)”. LOPES. Hernandes Dias. 1, 2, 3 JOÃO Como ter garantia da salvação. Editora Hagnos. pag. 254.

 

CONCLUSÃO

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Devemos viver neste mundo como verdadeiros seguidores de Cristo, sendo honestos em tudo, em especial em nossas palavras, sem recorrermos a juramentos hipócritas, profanos e desnecessários, que buscam fundamentar as conversas do dia a dia. Antes, procuremos ser simples e objetivos dizendo sim, sim; não, não.

COMENTÁRIO

Nesta parte do Sermão do Monte, Jesus não está condenando a nossa obrigação de manter a palavra dada. O que Ele condena explicitamente é a forma abusiva com que os judeus utilizavam os juramentos para dar valor às suas palavras. Jesus não ensina “coisas novas”, mas parte de princípios que os judeus conheciam muito bem. Não era novidade o problema que Ele levantou. Observe: Números 30.2 diz: “Quando um homem fizer voto ao Senhor ou fizer juramento, ligando a sua alma com a obrigação, não violará a sua palavra. Segundo tudo o que saiu da sua boca, fará”. Não era uma regra, e sim uma exceção permitida por Deus como uma forma de proteção contra a desonestidade oriunda da natureza pecaminosa do homem. O homem deveria empenhar-se ao máximo para fazer valer a sua palavra e cumpri-la. Deus abomina o falso juramento em seu nome (Lv 19.12). Qualquer pessoa que jura, jura por uma terceira pessoa (“pelo céu, pela terra”), e nunca por si próprio. Apenas Deus jurou por si próprio, mas deixou claro que fez isso por ser soberano e não haver outro maior que Ele. Outro ato que Deus condenava era o tomar o nome dEle em vão. Isso poderia ser feito em juramentos rotineiros, e o Senhor deixou bem claro que quem pratica tal coisa não será tido por inocente (Ex 20.7). É evidente que a boca pode pronunciar o que, na verdade, não pretende cumprir. Deus adverte, em Jesus, que Ele se agrada de compromissos assumidos e cumpridos. Os cidadãos do Reino de Deus não podem ter meias palavras. A finalidade desse mandamento é demonstrar que a palavra do cristão deve ser a mesma em qualquer lugar e circunstância. Basta ao que segue a Cristo uma afirmação ou uma negação, e não juramentos.

Assim, contrariando os fariseus, o Senhor Jesus expôs a correta interpretação da lei mosaica quanto aos juramentos para demonstrar que a essência da vida cristã não está nas formalidades de alianças que nem sempre refletem a verdade do coração. Para o Mestre, conta a inteireza de alma que, sem dúvida, resulta em considerar a palavra sincera do cristão uma arma poderosa para o testemunho da fé.

 

Espero ter ajudado...

Em Cristo,

Francisco Barbosa

 

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REVISANDO O CONTEÚDO

1- Quais são os dois tipos de juramentos citados na lição?

® Os juramentos nas Escrituras são de dois tipos, aqueles feitos por Deus e aqueles feitos pelos homens.

2- No Reino de Cristo, o que elimina a necessidade de juramentos?

® Um cristão verdadeiro e sincero que tem o coração transformado pelo Evangelho não precisa invocar qualquer elemento como céu e terra para afirmar que o que está dizendo é a verdade, posto que na essência a verdade está no íntimo do seu coração, no qual não há mentira, engodo ou engano.

3- De acordo com Provérbios 18.21, o que está no poder da língua?

® Com muita propriedade, o sábio rei Salomão falou que a morte e a vida estão no poder da língua (Pv 18.21).

4- O que é honestidade?

® Honestidade fala de alguém que é correto, que tem seriedade, do hebraico temos o adjetivo yashar, “reto, honesto, correto, direito, plano, certo, justo”.

5- Como devemos viver neste mundo?

® Devemos viver neste mundo como verdadeiros seguidores de Cristo, sendo honestos em tudo, em especial em nossas palavras, sem recorrermos a juramentos hipócritas, profanos e desnecessários, que buscam condimentar as