6 de setembro de 2023

Cultivando a Convicção Cristã

 

Cultivando a Convicção Cristã

TEXTO ÁUREO

“Porque a nossa exortação não foi com engano, nem com imundícia, nem com fraudulência.” (1 Ts 2.3)

Esmiuçando o versículo-chave:

...engano, ...imundícia, ...fraudulência: Paulo usou essas três palavras distintas a fim de afirmar a veracidade do seu ministério, cada uma expressando um contraste com o que era característico dos falsos mestres. Primeiro, ele afirmou que a "sua mensagem" era verdadeira e não falsa. Seu "modo de vida" era puro, não pervertido sexualmente. Seu "método de ministério" era autêntico, não enganoso (2Co 4.2).

LEITURA BÍBLICA  = 1 Tessalonicenses 2.1-12

INTRODUÇÃO

Escrevendo em 2Co 4.1, Paulo afirma que cumpre o seu ministério com fidelidade, levando o evangelho da nova aliança de Jesus Cristo, e diz que não desfalecemos, usando um forte termo grego que se refere a uma pessoa entregar-se a uma rendição covarde. Não foi essa a maneira como Paulo respondeu aos contínuos ataques enfrentados por ele. A tarefa de ministrar a nova aliança era nobre demais para que ele pudesse desanimar (Gl 6.9; Ef 3.13). Urna vez que Deus o tinha chamado para proclamá-la, Paulo não podia abandonar o seu chamado. Ao contrário, ele confiou em Deus para fortalecê-lo (At 20.24; 1Co 9.16-17; Cl 1.23,25).

O Evangelho nos dá forças para enfrentar o sofrimento, é que é afirmado no texto <<não desfalecemos>>. A palavra grega egkakoumen significa perder a coragem, desfalecer, desanimar. Denota o covarde, o de coração mole. Esse verbo não tem que ver com fadiga física, mas com cansaço espiritual. O evangelho é a melhor notícia que já ecoou no mundo, mas também é a que enfrenta a maior resistência e oposição do diabo, do mundo e da carne. Paulo enfrentou toda sorte de sofrimento: perseguição, rejeição, oposição, abandono, apedrejamento, açoites, prisão, acusação, naufrágio e a própria morte. Mas esses sofrimentos todos, além da preocupação que tinha com todas as igrejas, não puderam demovê-lo nem desencorajá-lo, porque o chamado divino é sempre acompanhado da capacitação divina. Além disso, o Evangelho nos capacita a ser íntegros na pregação “Pelo contrário, rejeitamos as coisas que, por vergonhosas, se ocultam, não andando com astúcia, nem adulterando a palavra de Deus; antes, nos recomendamos à consciência de todo homem, na presença de Deus, pela manifestação da verdade” (2Co 4.2).

I – CONVICÇÃO ESPIRITUAL

1. Poder do Espírito. Paulo e sua equipe missionária entrou na Macedônia por orientação do Espírito Santo, porém, a escolha de Tessalônica, como capital da província da Macedônia, para plantar uma igreja foi estratégia do apóstolo. Na verdade, é Deus quem escolhe os obreiros e dirige a obra. É Deus quem abre portas para a pregação e os corações para a mensagem. Em apenas três semanas em Tessalônica, o apóstolo plantou uma igreja que floresceu e espalhou sua influência para outras províncias, apesar de amarga perseguição que enfrentou.

Esse sucesso ministerial não foi resposta ao esforço humano, senão o poder do Espírito Santo. A palavra utilizada por Paulo para “poder”, dynamis, é usada geralmente para denotar a energia divina. Pregar em poder, portanto, significa pregar na força e energia do próprio Deus. O evangelho não consiste de meras palavras. Palavras humanas seriam inúteis se a mensagem não fosse dada em poder. O evangelho é o poder de Deus que trabalha no coração do homem. Havia dinamite (dynamis) espiritual na mensagem, explosivo suficiente para demolir os ídolos (1Ts 1.9). Paulo estava convencido de que nenhum método era por si suficiente para alcançar os corações. Ele dependia totalmente do poder do Espírito Santo em sua pregação. Paulo não colocava o uso da razão como algo contrário à ação do Espírito. Ele usava os melhores métodos e se esmerava na preparação da mensagem, mas confiava totalmente no poder do Espírito para aplicar a mensagem. Se não houver poder do Espírito Santo certamente não haverá pregação com efeito. A verdadeira pregação, afinal de contas, consiste na atuação de Deus.

2. Confiança em Deus. Paulo acabara de enfrentar uma prisão ilegal em Filipos. Ele fora preso e torturado, mas em vez dessa situação o desencorajar, deu-lhe ainda mais disposição para viajar para Tessalônica e prosseguir no ministério de pregação do evangelho. Um verdadeiro ministro do evangelho busca conversões em vez de conforto e conveniência. Em vez de ganhar a vida pelo evangelho, ele estava pronto a dar a vida pelo evangelho. Paulo e Silas tinham sido espancados e ultrajados em Filipos e mesmo assim foram a Tessalônica e pregaram o evangelho. Muitos poderiam tirar férias ou dar um tempo no ministério depois de tão violenta perseguição, mas Paulo se dispôs a pregar a Palavra de Deus ousadamente em Tessalônica como os outros apóstolos de Jerusalém (At 4.13,29,31). O ministério de pregação em Tessalônica foi também em meio a uma luta agônica.

O ministério de Paulo entre os tessalonicenses foi tão frutífero que as pessoas não só foram salvas e uma igreja vibrante e renovada foi estabelecida, como também a igreja cresceu e frutificou mesmo depois da partida de Paulo. Eles sofreram fisicamente quando foram açoitados (At 16.22-23) e encarcerados (At 16.24). Eles foram, de modo arrogante, maltratados sob falsas acusações (At 16.20-21) e castigados de maneira ilegal embora fossem cidadãos romanos (At 16.37). A confiança em Jesus é um dom concedido por Deus a todos que, com corações submissos, aceitam o amor, fé e esperança dadas de graça (Ef 2.8). Assim, a fé não se trata de uma emoção ou experiência momentânea, mas é a confiança real e prática no Senhor Deus para toda a vida. É desenvolvida através de um relacionamento pessoal com Deus, baseado no amor, fidelidade e apreço à Bíblia Sagrada. Os que confiam em Deus não são meros cristãos nominais ou simpatizantes do cristianismo, mas pessoas que tiveram as suas vidas transformadas por Ele. Quem confia faz-se amigo de Deus. A amizade com Deus só é possível através da mediação de Jesus Cristo e da atuação do Espírito Santo no coração do crente (1Tm 2.5). O exemplo de Paulo nos encoraja a um relacionamento mais íntimo com o Senhor, só assim alcançaremos sucesso nos embates da vida!

3. Fidelidade na pregação. Paulo pregava o puro evangelho, a primeira coisa que Paulo faz é reafirmar a veracidade de sua mensagem, quando diz: “Pois a nossa exortação não procede de engano” (2.3a). A mensagem de Paulo não era criada por ele, mas recebida de Deus. Seis vezes nesta carta, ele menciona esse auspicioso fato de que havia recebido o evangelho de Deus e não de homens.

Paulo não enganava as pessoas. Ele não empregava métodos desonestos a fim de que as pessoas acreditassem na sua mensagem, ele não pegava as pessoas em armadilhas prometendo a salvação, como um vendedor astuto faz para as pessoas comprarem seus produtos. A salvação não se dá por uma argumentação engenhosa nem por uma apresentação refinada. Antes, é resultado da Palavra de Deus e do poder do Espírito Santo (1 Ts 1.5). Nos dias de Paulo a religião estava se transformando num meio de se conseguir dinheiro (1Ts 2.5), mas Paulo dá seu testemunho de integridade na área financeira (1Ts 2.9; 2Ts 3.8-10). Ele era um obreiro muito atento quanto à transparência na questão do dinheiro (1Co 9.1-18), e chegou a abrir mão do seu legítimo direito de sustento para não comprometer o progresso do evangelho. Uma igreja sadia necessita ter entre suas características uma compreensão bíblica da pregação do evangelho.

O cenário religioso atual não está muito diferente daquele dos dias de Paulo; há muita confusão teológica, muitos falsos mestres ensinando suas heresias e factoides, outros estão mercadejando  a Palavra, como aqueles falsos mestres em Corinto e aos muitos outros mestres e filósofos desses dias, que atuavam mediante a sabedoria humana (1Co 1.19-20). Não é à toa que o termo mercadejando, oriunda do verbo grego que significa "corromper", essa palavra passou a se referir aos vendedores ambulantes corruptos, ou aos homens trapaceiros que por sua inteligência e capacidade de enganar conseguem vender como genuíno um produto inferior que é apenas uma imitação barata. Os falsos mestres na igreja estavam chegando com uma retórica inteligente e enganosa para oferecer uma mensagem degradada e adulterada que misturava o paganismo o com a tradição judaica. Eles eram homens desonestos que buscavam lucro pessoal e prestígio à custa da verdade do evangelho e da alma das pessoas.

II – CONVICÇÃO MORAL

1. Retidão nas ações. Somente aqueles que temem a Deus podem manter a consciência limpa diante dos homens. Paulo andava de forma íntegra com Deus e com os homens. Ele temia a Deus, por isso, nada tinha a esconder dos homens. Seus motivos e suas ações estavam abertos diante de Deus. Não existia nenhum engano embutido em suas tentativas de persuadir os homens. O temor do Senhor, no sentido de temor demonstrado pelo pensamento de comparecer perante o tribunal de Cristo e ter toda a vida exposta e avaliada, é a força por trás dessa atitude. Cristo morreu para que vivêssemos a realidade da nova criação. Estar em Cristo é participar antecipadamente da nova criação de Deus; é ter um gosto antecipado da restauração de todas as coisas. É pertencer a uma nova ordem. Isso é santificação!

Em 2Ts 2.5, Paulo usou três ressalvas para afirmar a pureza de seus motivos para o ministério:

1) elo negou ser um pregador bajulador que tentava passar impressões favoráveis a fim de obter influência para benefício, próprio;

2) ele não fingia ser pobre e trabalhar dia e noite (v. 9) como um pretexto para ficar rico durante o ministério à custa deles; e

3) ele não usou sua posição de honra como apóstolo para buscar glória pessoal, somente a glória de Deus (1Co 10.31).

Logo, a conduta de retidão é uma virtude do crente regenerado (Cl 3.23; 1 Jo 3.18). Porque Cristo morreu por nós, agora devemos viver para ele. Isso é serviço. O Salvador não morreu por nós para vivermos uma vida egoísta e centrada em nós mesmos, mas morreu para vivermos para ele. Obviamente, não servimos a Cristo para sermos salvos, mas porque já fomos salvos. As nossas boas obras não são a causa da nossa salvação, mas sua consequência.

2. Reputação ilibada. Paulo pregava para agradar a Deus e não a homens. Ele não pregava o que o povo queria ouvir, mas o que o povo precisava ouvir. Ele não pregava para entreter os bodes, mas para alimentar as ovelhas. A pregação da verdade não é popular, mas é vital para a salvação. O bajulador é aquele que fala uma coisa e sente outra. A palavra usada por Paulo para “bajulação” é kolakeia, que descreve sempre a adulação que pretende ganhar algo, a lisonja por motivos de lucros. Essa palavra grega contém a ideia de enganar com fins egoístas. Não é apenas uma palavra fiada para dar prazer a outras pessoas, mas a fim de ter lucro. É o engano mediante a eloquência, para ganhar os corações das pessoas a fim de explorá-las. Paulo não pregava para arrancar o dinheiro das pessoas, mas para arrancar-lhes do peito o coração de pedra, a fim de receberem um coração de carne. Paulo não buscava lucro, mas salvação. Sua recompensa não era dinheiro, mas vidas salvas. Os motivos de Paulo em fazer a obra de Deus eram puros. Ele não fazia do ministério uma plataforma para se enriquecer. Ele não estava atrás do dinheiro das pessoas, mas ansiava pela salvação delas. O mundo perdido admira o berço de ouro, o status social, o sucesso financeiro, o poder político, o reconhecimento social. Mas nenhuma dessas coisas pode nos recomendar Deus ou nos garantir a vida eterna. O que é que as pessoas do mundo dão valor? Elas dão valor ao berço ilustre, ao nome da família, ao lugar onde a pessoa mora, a faculdade que ela cursou, a posição que a pessoa ocupa na sociedade. São essas coisas que o mundo ama e valoriza! E Paulo diz que Deus não dá valor a nada disso. Pois Deus escolhe as coisas que não são, para envergonhar as que são. Deus não permite que ninguém se vanglorie na Sua presença.

3. Vida irrepreensível. A graça salvadora torna os cristãos santos por meio da ação da Palavra de Deus (Tt 2.1-9; 3.5); desse modo, eles podem ser a noiva pura. Quando Paulo escreve em 1Ts 2.10 Vós... sois testemunhas, está relembrando que a lei do Antigo Testamento exigia duas ou mais testemunhas para autenticarem a verdade (Nm 35.30; Dt 17.6; 19.15; 2Co 13.1). Aqui, Paulo invocou tanto os tessalonicenses quanto Deus corno testemunhas para que testificassem de sua conduta no ministério (2Co 1.12). É lamentável que haja hoje tantas igrejas que parecem mais uma empresa financeira do que uma agência do Reino de Deus; que haja tantos pastores com motivações duvidosas no ministério; que haja tantas pessoas enganadas, abastecendo a ganância insaciável de líderes avarentos e inescrupulosos. É triste ver que as indulgências da Idade Média estejam ressurgindo com roupagens novas dentro de algumas igrejas chamadas evangélicas. A salvação está sendo vendida e comercializada. A religião está sendo usada como um instrumento de exploração dos incautos e para o enriquecimento dos inescrupulosos.

III – CONVICÇÃO SOCIAL

 1. Bem-estar comum. A fé é uma doutrina chave no cristianismo. O pecador é salvo pela fé (Ef 2.8,9), o justo vive pela fé (Rm 1.17). Sem fé é impossível agradar a Deus (Hb 11.6). Tudo o que é feito sem fé é pecado (Rm 14.23). Uma fé que não produz frutos dignos de arrependimento é uma fé ineficiente, inoperante e não produz nenhum resultado. Ela tem sentimento, mas não ação. Como crentes, devemos ajudar a todos e, principalmente, aos que professam a mesma fé (Gl 6.10). Seremos julgados por esse critério (Mt 25.40). Deixar de ajudar o necessitado é fechar o coração ao amor de Deus (1Jo 3.17,18). O sacerdote e o levita podiam pregar sobre sua fé, mas não demonstraram a sua fé (Lc 10.31,32). Como uma mãe, Paulo cuidou dos seus filhos espirituais com sacrifício cabal (1Ts 2.8). Paulo estava pronto a dar a própria vida pelos crentes de Tessalônica. O pastor verdadeiro, aquele que imita o supremo pastor, dá a vida pelas suas ovelhas (Jo 10.11). Ele não vive para explorá-las, mas para servi-las. Seu ministério é de doação e não de exploração. Seu sacrifício é cabal, igual a uma mãe que está pronta a dar sua própria vida para proteger o filho. Seu amor é sacrificial. Foi esse fato que permitiu ao rei Salomão descobrir qual mulher era a mãe verdadeira da criança sobrevivente (1Rs 3.16-28). A mãe que amamenta oferece parte da própria vida ao filho. A mãe que amamenta não pode entregar seu filho aos cuidados de outra pessoa. O bebê deve ficar em seus braços, próximo a seu coração. A mãe que amamenta ingere os alimentos e os transforma em leite para o filho. O cristão maduro alimenta-se da Palavra de Deus e compartilha esse alimento com os cristãos mais novos, para que possam crescer (1Pe 2.1-3). O cristão que está nutrindo outros deve ter cuidado para que ele próprio não se alimente de coisas erradas. Paulo se sacrificou para oferecer aos crentes o evangelho de Deus. Ele não pregou em Tessalônica vãs filosofias, mas expôs as Escrituras. Ele pregou não estribado em sabedoria humana, mas no poder do Espírito Santo. Sua pregação não era uma lisonja para fazer cócegas nos ouvidos nem um instrumento para massagear o ego dos líderes da sinagoga. Ele pregou o evangelho de Deus. Ele ofereceu ao povo o pão nutritivo da verdade. Os púlpitos estão pobres da Palavra. A igreja está faminta da Palavra. A igreja precisa desesperadamente voltar-se para a pregação fiel da Palavra. Se os pastores não derem pão ao seu rebanho, as ovelhas ficarão fracas e vulneráveis às falsas doutrinas que invadem o aprisco da fé.

Tiago 4.17 nos exorta a não negligenciarmos fazer o bem, sob pena de se estar pecando. A implicação é que eles também faziam o que não deveriam fazer. Os pecados de omissão levam diretamente aos pecados de comissão. Conhecimento implica em responsabilidade. As pessoas conhecem a vontade de Deus, mas deliberadamente a desobedecem. Nosso pecado torna-se mais grave, mais hipócrita e mais danoso do que o pecado de um incrédulo ou ateu. Mais grave porque pecamos contra um maior conhecimento. Mais hipócrita porque declaramos que cremos, mas desobedecemos. Mais danoso porque os nossos pecados são mestres do pecado dos outros. O apóstolo Pedro diz: “Porque melhor lhes fora não terem conhecido o caminho da justiça, do que, conhecendo-o, desviarem-se do santo mandamento que lhes fora dado” (2Pe 2.21).

2. Dedicação altruísta. Um verdadeiro pai não é apenas o que gera filhos, mas também o que cuida deles. Apesar de a igreja de Filipos enviar dinheiro para ajudá-lo em Tessalônica duas vezes (Fp 4.15,16), embora, fosse seu direito exigir sustento da igreja (2.7), Paulo decidiu trabalhar para se sustentar (2Ts 3.6- 12). O pai trabalha para sustentar a família. Ninguém podia acusá-lo responsavelmente de ganância financeira (At 20.31; 2Co 12.14). Mesmo tendo o direito legítimo de exigir seu sustento, não dependia dele para fazer a obra de Deus. Paulo não estava no ministério por causa do salário. Sua motivação nunca foi o dinheiro, mas a glória de Deus, a salvação dos perdidos e a edificação da igreja. O propósito de Paulo ao ensinar os seus filhos na fé era que eles vivessem de modo digno de Deus. O termo “digno” utilizado por Paulo traz a ideia de uma balança, onde nossa vida deve equilibrar-se com a vida de Cristo. O alvo de Paulo era levar os crentes à maturidade espiritual. Os tessalonicenses deveriam atingir a plenitude da estatura de Cristo.

Durante o ministério do apóstolo Paulo, muitas igrejas que ele havia plantado se tornaram presas de falsos apóstolos (2Co 11.13 e Fp 3.2 e 18-19), outras se inclinaram ao legalismo (Gálatas) ou à licenciosidade (1Co 5) e umas poucas revelaram divisões pessoais a ponto de comprometer toda a igreja local (1Co 1-3 e Fp 4.2-3). Paulo amou aquelas igrejas, intercedeu por elas e tomou tempo para ministrar a elas por meio de cartas e exortações ao arrependimento. A condição espiritual dos membros daquelas igrejas causava preocupação (ansiedade) no apóstolo a ponto de ele dizer: “quem enfraquece, que também eu não enfraqueça? Quem se escandaliza, que eu não me inflame?” (2Co 11.29). A condição espiritual do crente é sempre objeto do cuidado de um pastor amoroso”

CONCLUSÃO

Paulo foi submetido a uma série de provações durante o seu ministério (1 Ts 2.2). Não obstante, ele nos deixou exemplo de intensa convicção de nossa eleição em Cristo (1 Co 11.1). Destacam-se sua convicção espiritual resultante do poder do Espírito (1 Ts 2.4); sua convicção moral como reflexo do temor a Deus (1 Ts 2.5); e sua convicção social demonstrada pela abnegação em servir (1 Ts 2.9). Ratifica-se que, em nossos dias, carecemos dessa firme convicção em defesa dos interesses do Reino de Deus na Terra.

Paulo foi um grande missionário e impactou a vida de muitos. Foram muitas as pessoas que tiveram contato com o Apóstolo. Algumas se encontraram com Jesus pela sua pregação, outras se tornaram líderes, outras o acompanharam até o final de sua vida. Paulo é um exemplo para nós de como ser um bom amigo e construir relacionamentos sólidos com os irmãos em Cristo. Paulo destaca-se como um homem que foi completamente transformado por Deus e obediente ao seu chamado. Ele amava o Senhor acima de todas as coisas e se dispôs completamente ao serviço em amor à causa do Evangelho. Por isso, o apóstolo Paulo é um modelo de fé, serviço e resiliência para todos os cristãos atualmente. Sua mensagem traz esperança a todos que a ouvem.

Em Romanos 16 aparece uma longa lista de nomes, o que isso significa? De acordo com Richards, “A resposta pode ser simplesmente que, nesses nomes, sentimos mais claramente o que significa praticar a justiça pela fé na comunidade cristã. Paulo não versa sobre teoria, mas partilha de algo que ele mesmo praticou. A prova disso é que ele conhece muito bem e ama esse grupo tão diferente de pessoas. Há mulheres e homens. Ambos os grupos são vistos como cooperadores em Cristo. Há nomes gregos e judeus. Há gente simples e autoridades municipais, um provavelmente pobre e alguém, sem dúvida, muito rico. Todos esses, juntos, estão unidos com Paulo em seu coração e mente. Todos são irmãos e irmãs, unidos ao Apóstolo pelos laços do amor inspirados por Deus.

 “Fiz-me fraco para com os fracos, com o fim de ganhar os fracos. Fiz-me tudo para com todos, com o fim de, por todos os modos, salvar alguns” (1Co 9.22).

Boa aula

 

 

29 de agosto de 2023

A renovação Cotidiana do Homem Interior

 

A renovação Cotidiana do Homem Interior

TEXTO ÁUREO

Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia.” (2 Co 4.16)

Esmiuçando o versículo-chave

- não desfalecemos Paulo usa um forte termo grego que se refere a urna pessoa entregar-se a uma rendição covarde. Não foi essa a maneira como Paulo respondeu aos contínuos ataques enfrentados por ele. A tarefa de ministrar a nova aliança era nobre demais para que ele pudesse desanimar (Gl 6.9; Ef 3.13).

Urna vez que Deus o tinha chamado para proclamá-la, Paulo não podia abandonar o seu chamado. Ao contrário, ele confiou em Deus para fortalecê-lo (At 20.24; 1Co 9.16-17; Cl 1.23,25).

- nosso homem exterior se corrompa Nosso corpo físico está em processo de decomposição e, por fim, morrerá. Superficialmente, Paulo estava se referindo ao processo normal de envelhecimento, mas com a ênfase de que o seu estilo de vida acelerava esse processo. Conquanto não fosse idoso, Paulo desgastou-se no ministério, tanto pelo esforço e ritmo que mantinha quanto pela quantidade de açoites e agressões que havia recebido de seus inimigos (2Co 6.4-10; 11.23-27).

- homem interior A alma de cada cristão, ou seja, a nova criatura — a parte eterna do cristão (Ef 4.24 ; Cl 3.10).

- se renova O processo de crescimento e amadurecimento do cristão está ocorrendo constantemente. Enquanto o corpo físico está se decompondo, o ser interior do cristão continua a crescer e a amadurecer à semelhança a Cristo (Ef 3.16-20). 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE = 2 Coríntios 4.11-18

INTRODUÇÃO

- A prova da glória final do cristão é que ele sofre — seja por zombaria, injúrias ou perseguição - por causa do Senhor (Mt 5.1012; Jo 15.18-21; 2Co 4.17; 2Tm3.12).

Nas Escrituras, o contexto das adversidades é sempre em oposição à luz, não às vicissitudes da vida, estas vêm sobre todos. Paulo tinha um desejo ardente de livrar-se de seu corpo terreno e de todos os pecados, frustrações e fraquezas inexoráveis que o acompanhavam, os quais eram tão implacáveis (Rm 7.24),

Ele ansiava por ser revestido de nossa habitação celestial - as perfeições da imortalidade. Paulo esclarece o fato de a esperança do cristão para a vida futura não ser uma vida espiritual desencarnada, mas um corpo verdadeiro, eterno e ressurreto. Diferente dos pagãos que viam a matéria como má e o espírito como bom, Paulo sabia que a morte do cristão não significaria ser confinado a uma infinidade nebulosa e espiritual.

Ao contrário, significava o recebimento de um corpo glorificado, espiritual, imortal, perfeito, diferente em qualidade e, contudo, verdadeiro, assim como Jesus recebeu (1Co 15.35-44; Fp 3.20-21; 1Jo 3.2).

Paulo reiterou que mal podia esperar para obter o seu corpo glorificado (Fp 1.21-23),

Ele queria a plenitude de tudo o que Deus havia planejado para ele na vida eterna, quando tudo o que é terrestre e humano deixará de existir.

I – O SOFRIMENTO EXTERIOR

 

1. A experiência de Paulo. - As adversidades externas relatadas pelo apóstolo são resultado de sua dedicação à causa do Evangelho. Paulo nos relata em 2Co 1.8 que também, tribulação que nos sobreveio na Ásia, isso era algo que havia acontecido há pouco tempo, talvez depois da escrita de 1Coríntios, que ocorreu em Éfeso ou ao redor dessa cidade. Os detalhes dessa situação são desconhecidos, mas levou o apóstolo a desesperarmos até da própria vida! Paulo enfrentou algo que ia além da sobrevivência humana e era extremamente desanimador porque acreditava que isso ameaçaria pôr um fim prematuro ao seu ministério. A palavra grega para "desesperar-se” significa, literalmente, "sem passagem'', a total inexistência de uma saída (2Tm 4.6). Os coríntios estavam cientes do que havia acontecido a Paulo, mas não perceberam a absoluta seriedade disso, ou o que Deus estava fazendo por meio dessas circunstâncias. A palavra para "sentença" é um termo técnico que indica a aprovação de uma resolução oficial, nesse caso a sentença de morte. Paulo estava tão certo de que morreria pelo evangelho que tinha decretado a sentença para si mesmo. O propósito último de Deus para a situação terrível de Paulo e também para nós, hoje, quando enfrentamos os mesmos ataques por causa da cruz, é para que não confiemos em nós, e sim no Deus todo Poderoso.

Deus o havia levado ao ponto e que ele não poderia recorrer a nenhum recurso intelectual; físico ou emocional (2Co 12.9-10), nesse ponto, começa a agir a mão de Deus.

2. O exemplo do Apóstolo. Perseverança é não desistir. A Bíblia não promete uma vida de sucessos instantâneos. Muitas vezes, o caminho para alcançar a vitória é longo e difícil, mas Jesus nos ajuda a continuar fielmente. E temos esta promessa: quem persevera receberá a recompensa que Deus tem preparado. Paulo teve muito sucesso enquanto missionário, mas também passou por muito sofrimento. Em todo lugar onde pregava, Paulo fazia inimigos. Ele foi corrido para fora de muitas cidades, atacado, preso, acusado de ser falso e até sofreu tentativas de assassinato! Além disso, suas viagens eram perigosas e ele naufragou três vezes (2Co 11.24-27). Muitas pessoas acham que a pregação do evangelho não vale tanto sofrimento. Mas Paulo amava Jesus e amava seu próximo tanto que não desanimava diante dos problemas. Seu amor o ajudava a perseverar. O resultado de todo o sofrimento do apóstolo se mostra nas muitas igrejas entre vários povos, fundadas por ele e na escrita da metade dos livros do Novo Testamento. Ainda hoje a perseverança de Paulo abençoa muitas pessoas. Assim, as palavras de Tiago são encorajadoras: “Meus irmãos, considerem motivo de grande alegria o fato de passarem por diversas provações, pois vocês sabem que a prova da sua fé produz perseverança” (Tg 1.2,3).

 3. A esperança do crente. Todos nós passamos por momentos difíceis, isso é inevitável porque estamos sendo aperfeiçoados em Cristo. Assim como nós, o apóstolo Paulo também passou momentos terríveis por causa de sua decisão de negar-se, tomar a sua cruz e seguir a Jesus. Não há como negar que o sofrimento é tema importante dos escritos paulinos. Inúmeras vezes ele trata do assunto. Paulo fala mais de sessenta vezes de angústias e do sofrimento em si.

Ao fazer isso, Paulo reveza o uso dos grupos de palavras para ‘sofrimento’ (pathema, pascho, etc.) e ‘angústia’ (thlipsis, thlibo) (2Co 1.4-8 e Cl 1.24), juntamente com a categoria geral de ‘fraqueza’ (astheneia).

Com certeza este tema é recorrente em suas cartas, porque ele mesmo sofria dores e angústias. Qualquer estudo sobre a vida de Paulo requer uma análise cuidadosa sobre seu sofrimento. Aqui, Paulo apresentou quatro metáforas contrastantes para mostrar que a sua fraqueza não o havia incapacitado: na verdade, ela o havia fortalecido (2Co 6.4-10; 12.7-10). Paulo enfrentou todo tipo de sofrimento possível: fome, sede, solidão, perseguição enfermidade.

 

- A tudo isso o apóstolo denomina de “coisas exteriores” (2Co 11.28). Paulo é tão enfático nessa questão que ele mesmo encarou todas aquelas tribulações como uma verdadeira “sentença de morte”, e brinda seu livramento delas como se fosse a sua própria ressurreição dentre os mortos, operada pelo Deus ressuscitador (2Co 1.9, 10). Paulo reconheceu a sua total incapacidade para superar toda aquela situação, e nada lhe restou senão a certeza de que iria sucumbir se Deus não lhe estendesse a mão. Ele chega à conclusão de que o propósito de tudo isso era para que ele não confiasse em si mesmo, e sim, em Deus (2Co 2.9), porque é na nossa fraqueza que o poder de Cristo é aperfeiçoado (2Co 12.9).

II – A RENOVAÇÃO INTERIOR

1. O fortalecimento diário. A Bíblia diz que o Espírito Santo é o "paracleto", que significa "advogado" ou "consolador". Ele é um presente de Deus para os cristãos, e Ele está disponível para nos ajudar em todas as áreas de nossas vidas, incluindo a adversidade. O Espírito Santo nos dá força, coragem e esperança quando estamos passando por dificuldades. Ele nos lembra do amor de Deus e nos ajuda a perseverar. Ele também nos guia e nos ajuda a tomar as decisões certas "E da mesma maneira o Espírito nos ajuda em nossa fraqueza; porque não sabemos orar como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis" (Rm 8.26).

- Assim como a criação e os cristãos gemem pela restauração final, o Espírito também o faz com gemidos inexprimíveis - as expressões divinas dentre a Trindade que não podem ser expressas em palavras, mas que carregam apelos profundos pelo bem-estar de cada cristão (1Co 2.11). Essa obra do Espírito Santo compara-se à obra de intercessão sumo sacerdotal do Senhor Jesus Cristo em favor dos cristãos (Hb 2.17-18; 4.14-16; 7.24-26).

- As disciplinas espirituais práticas são atividades que os cristãos podem realizar para crescer em sua fé e relacionamento com Deus. Essas disciplinas nos ajudam a nos preparar para receber de Deus; incluem coisas como a oração, a leitura da Bíblia e o jejum. Também compartilhando o que recebemos do Senhor com os outros, em diaconia (serviço), evangelismo e a partilha de nosso testemunho.

         Oração: A oração é uma conversa com Deus. É uma forma de nos conectarmos com Ele e compartilharmos nossos pensamentos, sentimentos e necessidades.

         Leitura da Bíblia: A Bíblia é a Palavra de Deus. É uma fonte de sabedoria, orientação e conforto. Ao ler a Bíblia, aprendemos mais sobre Deus e Seu plano para nossas vidas.

         Jejum: O jejum é uma forma de nos abster de comida ou outras coisas que gostamos como um meio de nos concentrar em Deus e buscar Sua vontade para nossas vidas.

         Serviço: O serviço é uma forma de mostrar nosso amor a Deus e aos outros. Quando servimos, estamos compartilhando as bênçãos que recebemos de Deus com aqueles que precisam.

         Evangelismo: O evangelismo é uma forma de compartilhar o evangelho com outras pessoas. Quando evangelizamos, estamos convidando outras pessoas a conhecer Jesus Cristo e a experimentar o amor de Deus.

         Partilha de nosso testemunho: Nosso testemunho é nossa história pessoal de como conhecemos Jesus Cristo. Quando compartilhamos nosso testemunho, estamos inspirando outras pessoas a seguirem Jesus também.

As disciplinas espirituais práticas são uma parte importante da vida cristã. Ao praticar essas disciplinas, podemos crescer em nossa fé e relacionamento com Deus, e podemos compartilhar o amor de Deus com os outros.

2. O eterno peso de glória. A palavra grega para "leve" significa "uma ninharia sem importância" e "tribulação" refere-se a uma intensa pressão. De uma perspectiva humana, o próprio testemunho de Paulo lista, aparentemente, uma insuportável litania de sofrimentos e perseguições padecidos por ele ao longo de sua vida (2Co 11.23-33), embora ele os visse com o leves e que duravam apenas por um breve momento. A palavra grega para "peso" diz respeito a uma matéria pesada. Para Paulo, a glória vindoura que ele experimentaria com o Senhor sobrepujava em muito qualquer sofrimento experimentado por ele neste mundo (Rm 8.17-18; 1Pe 1.6-7). Paulo entendia que, quanto maior o seu sofrimento, maior seria a sua glória eterna (1Pe 4.13).

- 2 Coríntios 4.17 é uma passagem da Bíblia que fala sobre o sofrimento e a esperança. O versículo diz: "Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente." Esta passagem é muitas vezes usada para confortar as pessoas que estão passando por dificuldades. Ela lembra-nos de que o nosso sofrimento é temporário, mas a glória que vem depois é eterna. O sofrimento pode ser difícil de suportar, mas é importante lembrar de que ele não é o fim. Deus está trabalhando em todas as coisas para o nosso bem, mesmo quando não podemos ver isso. Quando passamos por dificuldades, podemos confiar em Deus para nos dar a força e a coragem que precisamos para perseverar. Podemos também confiar nEle para nos dar esperança para o futuro.

A glória que vem depois do sofrimento é muito maior do que o sofrimento em si. É uma glória eterna, que nunca vai acabar. Então, se você está passando por dificuldades, lembre-se de que você não está sozinho. Deus está com você, e Ele vai te ajudar a perseverar. E lembre-se também de que a glória que vem depois é eterna, e ela vai valer a pena.

3. A visão da eternidade. A perseverança baseia-se na capacidade de uma pessoa de enxergar além do físico, o espiritual; além do presente, o futuro, e além rio visível, o invisível. Os cristãos devem olhar além do que é temporário — o que está perecendo (ou seja, as coisas do mundo), e as que se não veem são eternas. A busca por Deus, por Cristo, pelo Espírito Santo e pela alma das pessoas deve consumir o cristão. Por essa razão, somos exortados a "dispormos a nossa mente" ou "termos essa disposição interior" de pensar nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra. Assim como o ponteiro de uma bússola aponta para o Norte, toda a disposição do cristão deve apontar na direção das coisas do céu. Os pensamentos celestiais podem vir somente pelo entendimento das realidades celestiais que se encontram na Escritura (Rm 8.5; 12.2; Fp 1.23; 4.8; 1Jo 2.15-17; Mt 6.33).

III – OS DESAFIOS DE HOJE

 

1. Cultura secularista. Secularismo é uma ideologia que promove a ausência de qualquer obrigação relacionada à autoridade ou crença em Deus. É uma forma de ver o mundo onde se reconhece apenas o aqui e o agora, e se o mundo espiritual existe, isso não é uma preocupação para o secularismo, assim, podemos viver como se esse mundo espiritual não existisse. Outra questão é que, em contraste com o forte ateísmo de certas ideologias, como o novo ateísmo ou o comunismo, o secularismo é uma forma mais sutil de ateísmo, nem sempre exigindo que declaremos “não há Deus”.

 

Isso implica em que, simplesmente, Deus não é relevante para a discussão – nunca. Em suas linhas ainda mais perniciosas, o secularismo implica em que Deus seria, na realidade, destrutivo para a sociedade. O secularismo tem surgido, ainda, de várias outras formas em nossa cultura. A aceitação dominante da expressão sexual extravagante, dos movimentos de “direito à morte” e da animosidade geral “em praça pública” em relação às visões cristãs ortodoxas, indica que o secularismo está em toda parte à nossa volta.

- Na verdade, Paulo nos esclarece que esse não é um movimento novo, mas, como está em 2Ts 2.7, “Com efeito, o mistério da iniquidade já opera e aguarda somente que seja afastado aquele que agora o detém”.

Esse é o espírito da injustiça já predominante na sociedade (1Jo 3.4; 5.1 7), mas ainda um mistério não revelado por completo, pois o será naquele que tão abertamente se opõe a Deus a ponto de assumir, com blasfêmia, o lugar de Deus na terra, o qual o Pai reservou para Jesus Cristo, o espírito desse homem já está atuando (1Jo 2.18; 4.3).

2. Relativismo doutrinário. Nossa sociedade está sendo embalada pelos ventos do relativismo. O relativismo filosófico ou doutrinário, deságua no relativismo moral. Diante deste quadro, precisamos ensinar e viver os absolutos da Palavra de Deus. O cristão não negocia com a verdade de Deus. Ele é o arauto de Deus que proclama as boas novas de salvação.

- Embora a salvação daqueles a quem Judas havia escrito não estivesse em perigo, os falsos mestres que pregavam e viviam na prática de um evangelho falso estavam desviando os que precisavam ouvir o verdadeiro evangelho. Judas escreveu esse chamado imperativo para que os cristãos travassem uma guerra contra o erro em todas as suas formas e lutassem vigorosamente pela verdade, como um soldado a quem foi confiada uma tarefa sagrada de proteger um tesouro santo (1Tm 6.1 2; 2Tm 4.7), que é a nossa fé, todo o corpo da verdade revelada acerca da salvação contida nas Escrituras (Gl 1.23; Ef 4.5,13; Cl 1.27; 1Tm 4.1). Aqui está um chamado para conhecer a sã doutrina (Ef 4.14; Cl 3.16; 1Pe 2.2; 1Jo 2.12-14), discernir a verdade do erro (1Ts 5.20-22) e dispor-se a confrontar e atacar o erro (2Co 10.3-5; Fp 1.7,27; 1Tm ,1. 18; 6.72; 2Tm 1.13; 4.7-8; Tt 1.3). A revelação de Deus foi entregue uma única vez como uma unidade, na conclusão da Escritura, e não deve ser editada com supressões nem adendos (Dt 4.2; 12.32; Pv 30.6; Ap 22.18-19). A Bíblia é completa, suficiente e está concluída; portanto, ela está fixada para sempre. Nada deve ser acrescentado ao corpo da Palavra inspirada (2Tm 3.16-17; 2Pe 1.19-27), porque nada mais é necessário. Os cristãos agora têm a responsabilidade de estudar a Palavra (2Tm 2.15), pregar a Palavra (2Tm 4.1) e lutar para que ela seja preservada.

3. Batalha espiritual. A expressão “batalha espiritual” nunca aparece na Bíblia. É um termo teológico prático para descrever o conflito da vida cristã. A batalha espiritual que estamos enfrentando é uma luta épica contra Satanás e seus anjos, contra os principados e as potestades. Ela está sendo travada diariamente onde nós vivemos – em nossos lares, nossos escritórios, nossos casamentos, nossa igreja e no íntimo do nosso coração. Quando somos convertidos, temos paz com Deus (Rm 5.1) e desfrutamos da paz de Deus (Jo 14.27). A vida cristã, porém, é uma guerra, um grande combate, uma vida de lutas e tribulações (Jo 16.33). A causa desta guerra é que vivemos numa sociedade que está em rebelião contra Deus, num mundo que jaz no maligno (Jo 16.11; 1Jo 2.15-17).

O causador desta guerra é Satanás. Ele lidera ataques espirituais contra o cristão e persegue a igreja de maneira implacável (Ap 12.13-18). Paulo ensina que a guerra do cristão não é contra pessoas, mas contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes. Estes inimigos são poderosos (Jo 12.31), malignos (os agentes secretos do mal) e astutos ou inteligentes para enganar (2Co 11.14).

A principal cilada que o diabo utiliza é fazer com que as pessoas não acreditem na sua existência. John MacArthur define batalha espiritual como “uma guerra de proporções universais contrapondo Deus e sua verdade contra Satanás e suas mentiras. É uma batalha de vontades entre Deus e Satanás. É um conflito cósmico que envolve Deus e a mais alta criatura que ele fez, e o conflito atinge cada ser humano. Satanás e seu exército de demônios estão lutando contra Cristo, seus santos anjos, a nação de Israel e os crentes. As linhas de batalha estão claramente desenhadas

- Estejamos atentos, por que há possibilidade de sermos derrubados nesta guerra. O diabo e suas forças espirituais do mal intentam derrubar o cristão, prejudicar o relacionamento do crente com Deus, e ele não o faria se não houvesse, de fato, a possibilidade de sucesso. Para isso, ele arma ciladas e lança dardos inflamados para destruir o crente. As principais ciladas são: lançar dúvidas sobre o caráter e a Palavra de De

us (Gn 3); lançar dúvidas sobre a nossa filiação espiritual (Mt 4.1-11); levantar perseguição contra os crentes, principalmente, os líderes (At 12.1-8; Ap 2.10).

E aqui entendemos a razão pela qual o Senhor Jesus nos advertiu: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca” (Mt 26.41). A carne ou a nossa natureza humana não tem poder suficiente para resistir ao pecado. Também Paulo exorta: “Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia” (1Co 10.12).

Mas estamos num Exército vitorioso e muito bem equipado! Podemos vencer esta guerra, utilizando as armas que Deus nos proporciona: “Quanto ao mais, sede fortalecidos no Senhor e na força do seu poder. Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderdes ficar firmes contra as ciladas do diabo”. Observe que Paulo fala de duas armas: o poder do Senhor e a armadura de Deus. Não devemos enfrentar as forças demoníacas utilizando a nossa habilidade humana, mas o poder de Deus. Este poder foi o mesmo que ressuscitou a Cristo e o exaltou (Ef 1.19). Este poder está a nossa disposição. Também devemos utilizar a roupa adequada de um guerreiro, a armadura de Deus.

CONCLUSÃO

- O exemplo de Paulo é encorajador para o povo de Deus de todas as épocas. O mesmo Deus que assistiu o apóstolo nas suas fraquezas ainda é o mesmo, “ontem, hoje e eternamente” (cf. Hb 13.8). Infelizmente, às vezes encaramos os relatos bíblicos como abismos intransponíveis, com mais de dois mil anos de diâmetro, como se Deus não mais socorresse aqueles que lhe pertencem. “Temores por fora e lutas por dentro” é a causa do desânimo de muitos pastores hoje em dia, desembocando por vezes até em desistência do ministério. Isso é agravado ainda mais quando os “oportunistas da fé”, muitos dos quais se autodenominam “apóstolos” e “profetas” hoje em dia, angariam sucesso, glória pessoal e prosperidade à custa de suas ovelhas, fazendo com que os números dos templos cheios (mesmo que para isso os bolsos das ovelhas se esvaziem) apontem o fracasso daqueles que teimam em permanecer fieis à Palavra e resistentes à sedução das estratégias de marketing como meio de alavancar seus ministérios. Para Paulo, tais pessoas não passam de “falsos apóstolos, obreiros fraudulentos”, que se transformam em ministros de Cristo, mas que não passam de verdadeiros emissários de Satanás (2Co 11.13–15).

 

Boa aula