14 de novembro de 2023

Missionários Fazedores de Tendas

 

Missionários Fazedores de Tendas

TEXTO ÁUREO

“Vós mesmos sabeis que, pare que me era necessário, a mim e aos que estão comigo, estas mães me servirem” (At 20.34)

Esmiuçando o Texto Áureo

estas mãos serviram para... necessário a mim. Paulo tinha o direito de receber o seu sustento do trabalho de anunciar o evangelho (1Co 9.3-14)

e algumas vezes aceitou ajuda (2Co 11.8-9; Fp 4.10-19).

No entanto, muitas vezes ele trabalhou para sustentar-se e assim podia anunciar "de graça, o evangelho" (1Co 9.18).

VERDADE PRÁTICA

É possível servir a Deus e aos outros por meio de sua profissão onde quer que você vá.

Esmiuçando a Verdade Prática

-“E, andando junto do mar da Galiléia, viu Simão, e André, seu irmão, que lançavam a rede ao mar, pois eram pescadores. E Jesus lhes disse: Vinde após mim, e eu farei que sejais pescadores de homens” (Mc 1.16,17)

De fato, há pessoas que são chamadas a deixarem tudo e servir a Deus. Mas a maioria é chamada a estar na sua realidade, em suas famílias, em suas profissões e servirem a Deus. O evangelismo era o propósito fundamental para o qual Jesus chamou os apóstolos, e continua sendo a missão central do seu povo (Mt 28.19-20; At 1.8).

LEITURA BÍBLICA = Atos 18.1-5; 1 Tessalonicenses 4.11,12

Esmiuçando a Leitura Bíblica em Classe

Atos 18.1-5:

18.1 - Corinto era o centro de liderança política e centro comercial na Grécia. Localizava-se num ponto estratégico no istmo de Corinto, que ligava a península do Peloponeso ao restante da Grécia. Virtualmente, todo trafego entre o norte e o sul da Grécia tinha que passar pela cidade.

Pelo fato de Corinto ser um centro comercial que recebia todo tipo de viajantes, contava com uma população flutuante que era extremamente libertina.

A cidade também acomodava um templo dedicado a Afrodite, a deusa do amor. Mil sacerdotisas do templo, que eram prostitutas rituais, iam todas as noites a cidade a fim de praticar o seu negócio.

18.2 - Aquila... Priscila. Essa equipe de marido e esposa se tomaria amigo íntimo de Paulo; eles inclusive arriscaram a própria vida em favor de Paulo (Rm 16.3-4).

O nome de Priscila (ou Prisca) e listado quatro vezes na Escritura antes do nome do marido, o que pode indicar que ela ocupava uma posição social mais elevada do que Aquila ou que ela era a pessoa mais proeminente dos dois na igreja.

Eles provavelmente já eram cristãos quando Paulo os encontrou, provenientes de Roma, onde já existia uma igreja (Rm 1.7-8).

Claudio, Imperador de Roma (41-54 d.C). decretado que todos os judeus se retirassem de Roma - Decreto que forçou Aquila e Priscila a deixarem Roma cerca de 49 d.C. O antissemitismo estava vivo já mesmo nesse tempo.

O imperador Cláudio emitiu uma ordem por volta dessa época para expelir os judeus de Roma (At 18.2).

Isso pode explicar por que prenderam apenas Paulo e Silas, pois Lucas era gentio e Timóteo meio-gentio.

18.3 - profissão... fazer tendas. A expressão também pode referir-se a pessoas que trabalhavam com couro.

18.4 - sinagoga. Paulo linha o costume de pregar primeiramente aos judeus toda vez que entrava numa nova cidade (cf. vs. 14,42; 14.1; 17.1,10,17; 18.4.19.26; 19.8)

Porque dispunha de uma porta aberta, como judeu que era, para falar e apresentar o evangelho. E também, se ele pregasse primeiramente aos gentios, os judeus nunca o escutariam. gregos. Gentios tementes a Deus na sinagoga (Termo técnico usado pelos judeus para se referirem aos gentios que tinham abandonado sua religião paga em favor da adoração de Deus YAWEH. Essa pessoa, conquanto seguisse a ética do AT, não havia se tornado um prosélito pleno do judaísmo por meio da circuncisão).

18.5 - Silas e Timóteo desceram da Macedônia. De acordo com o desejo de Paulo. Silas e Timóteo juntaram-se a ele em Atenas (17.5).

De lá, Paulo mandou Timóteo de volta para Tessalonica (1Ts 3.1-6).

Paulo evidentemente mandou Silas para algum lugar na Macedônia, possivelmente a Filipos (2Co 11.9; Fp 4.15), pois ele retornou dessa província a Corinto.

1 Tessalonicenses 4.11,12

4.11 - viver tranquilamente. Diz respeito àqueles que não apresentam problemas sociais (1Tm 2.2) nem provocam conflito entre as pessoas de seu convívio, e cuja alma descansa sossegada mesmo em meio às dificuldades (1Pe 3.4).

Mais tarde, Paulo lida com aqueles que não "tratam de sua própria vida" em Tessalônica (2Ts 3.6-15).

Trabalhar com as próprias mãos. A cultura helênica menosprezava o trabalho braçal, mas Paulo o exaltava (Ef 4.28).

4.12 - com os de fora. Os não cristãos estão sendo considerados aqui (1Co 5.2; Cl 4.5; 1Tm 3.7).

INTRODUÇÃO

“Um tempo atrás, aconselhando uma jovem garota num congresso de juventude, deparei-me com uma angústia em seu coração “Pena que estou fazendo veterinária, pois uma pessoa me disse que isso não tem nada a ver com missões… mas eu amo ser veterinária!” Ledo engano! Quem disse àquela moça que ela não pode ser uma missionária e veterinária ao mesmo tempo? Há “n” oportunidades em todo o mundo para se atuar nessa área” https://ultimato.com.br/sites/caminhosdamissao/2022/07/12/vocacao-profissao-e-missao/. Talvez tenhamos pensado que a obra missionária estivesse delegada apenas aos vocacionados e enviados, separados para um ministério específico – Missões.

É importante entendermos, e esta lição será vital para isso, que a partir do momento que passamos a seguir a Cristo, todos somos missionários. Esse é um assunto importante, já que muitas vezes temos um conceito de missões que nos trava e engessa. Deus operou milagres e usou a vida de Moisés utilizando suas mãos e um cajado.

Cremos que Ele continua agindo assim, pois temos visto homens e mulheres servirem com tudo o que são e têm na obra missionária. Além dos profissionais que atuam no mercado e são missionários em seus escritórios e em seu dia a dia, há também os que utilizam seus conhecimentos, dons e talentos em algum outro país ou longe de casa, seja à serviço de uma agência missionária ou de sua igreja.

Deus tem levantado uma geração de administradores, engenheiros, veterinários, agrônomos, jornalistas, fotógrafos, advogados, contadores e muitos outros para a Sua obra.

I. A VIDA PROFISSIONAL DE PAULO E SUA VOCAÇÃO MINISTERIAL

1. A profissão do apóstolo Paulo. Aparecem muitas citações nas cartas paulinas e escritos do Novo Testamento que falam do trabalho e profissão do apóstolo Paulo. As tendas eram originalmente feitas de peles; só mais tarde essas foram substituídas por pêlo de cabra. Portanto, o tendeiro era alguém que trabalhava com couro e o nome ficou (At 18.3). Sabemos de antemão que na época de Paulo, no mundo grego, não se concebia ser um missionário e viver com as ofertas dos seguidores. Os evangelhos que falam da realidade do tempo de Jesus, mostra que os apóstolos, comiam e bebiam daquilo que seus ouvintes doavam. Jesus mesmo falava “comei e bebei daquilo que vos derem”.

Mas este pensamento não era aceito no mundo grego. Paulo era um evangelizador e trabalhador. Sabemos que era fabricante de Tendas. Embora Paulo soubesse o direito que o missionário tinha de ser sustentado, Paulo para não dar o mau exemplo sempre trabalhou, com suas próprias mãos. Era um fabricante de tenda, ofício comum naquela época. Paulo mesmo afirma trabalhar dia e noite, para não ser peso para ninguém. O que sabemos que Paulo só aceitou auxílio dos Filipenses, que os considerava como amigos. Paulo estimula aos fiéis seguidores a trabalharem e buscarem seu sustento.

2. Como o apóstolo Paulo conjugava vida profissional e ministerial? Priscila e Áquila eram amigos do apóstolo Paulo. Esse casal é mencionado na Bíblia especialmente no livro de Atos dos Apóstolos. Áquila era um judeu natural do Ponto que trabalhava fabricando tendas (At 18.2). Ele e sua esposa Priscila moravam em Roma quando o imperador Cláudio decretou que todos os judeus fossem expulsos da capital do Império Romano. Esse decreto foi expedido em aproximadamente 49 d.C. são um bom exemplo de um casal atuante na obra de Deus. A fim de fugirem da perseguição, Priscila e Áquila foram para Corinto, onde conheceram Paulo de Tarso. Paulo e o casal tinham a mesma profissão e passaram a trabalhar juntos na fabricação de tendas (At 18.3). Paulo passou a morar com o casal em Corinto – é provável que Priscila e Áquila tenham se convertido nesse período.

Depois que Paulo passou a se dedicar totalmente à pregação, o casal navegou com o apóstolo para Éfeso. Em seguida, estabeleceram-se na cidade, e o apóstolo continuou sua viagem missionária (At 18.18-21). Essa equipe de marido e esposa se tornaria amigos íntimos de Paulo; eles inclusive arriscaram a própria vida em favor de Paulo (Rm 16.3-4). O nome de Priscila (ou Prisca) é listado quatro vezes na Escritura antes do nome do marido, o que pode indicar que ela ocupava uma posição social mais elevada do que Aquila ou que ela era a pessoa mais proeminente dos dois na igreja. Eles provavelmente já eram cristãos quando Paulo os encontrou, provenientes de Roma, onde já existia uma igreja (Rm 1.7-8).

3. A ética financeira na atividade missionária de Paulo. Paulo não recebeu salário de algumas igrejas para proteger-se dos críticos de plantão que tentavam distorcer suas motivações e atacar seu apostolado. Por outro lado, algumas igrejas, como a igreja de Corinto, deixaram de pagar o que lhe era devido, precisando das igrejas da Macedônia, inclusive da igreja de Filipos, enviar-lhe sustento enquanto ele trabalhava em Corinto (2Co 8.8,9; 12.13). De forma particular a igreja de Filipos deu suporte financeiro a Paulo, mesmo quando estava ainda na região da Macedônia, no início do processo de evangelização da Europa (4.16).

A igreja de Filipos jamais teve falta de interesse de ajudar o apóstolo; teve sim, circunstâncias desfavoráveis para fazê-lo. Hoje, muitas igrejas têm oportunidade para ajudar os missionários, mas falta-lhes interesse. A sustentação financeira aos missionários precisa ser sistemática, pois as necessidades dos obreiros são diárias. Não é suficiente enviar ofertas esporádicas.

A contribuição precisa ser metódica, suficiente e contínua. Paulo não poderia levar a cabo tudo o que fez sem o apoio e a ajuda da igreja de Filipos. Essa igreja deu-lhe suporte financeiro e sustentação espiritual. Aqueles que estão na linha de frente precisam ser encorajados por aqueles que ficam na retaguarda. “… porque qual é a parte dos que desceram à peleja, tal será a parte dos que ficaram com a bagagem; receberão partes iguais” (1Sm 30.24). Deus chama uns para irem ao campo missionário e aos demais para sustentar aqueles que vão. A obra missionária é um trabalho que exige um esforço conjunto da igreja e dos missionários.

II. MISSIONÁRIOS FAZEDORES DE TENDAS

1. Fazedores de tendas. Não há profissão com a qual não se possa servir em missões! Professores, Farmacêuticos, Advogados, Físicos, Construtor, Técnico...

Se somos cristãos, novas criaturas que seguem rumo ao prêmio da soberana vocação, e cremos, inequivocamente, na soberania de Deus, devemos estar certos que foi Ele quem governou a nossa vida, dirigiu nossos passos e nos proporcionou a formação que tivemos.

Se isso foi antes da nossa conversão, ainda assim Ele foi soberano! Tudo que precisamos é nos dispor em suas santas mãos, em humildade, submissão e total dependência, e buscar n’Ele como podemos servi-Lo com a nossa profissão.

2. A força missionária no mundo. Deus, em sua imensa sabedoria, escolheu que os seus filhos participassem da missão de espalhar as boas novas do evangelho. Em outras palavras, Deus não precisa de nós, mas mesmo assim nos escolheu para sermos seus servos na Sua missão de redimir o mundo.

Tanto o missionário tradicional quanto o missionário dito “fazedor de tendas” estão empenhados nessa mesma tarefa, sendo a única diferença entre os dois o fato de que o fazedor de tendas irá se empenhar em algum trabalho/profissão ao mesmo tempo que proclama as boas novas. A profissão do fazedor de tendas é, no final das contas, apenas uma plataforma para a sua presença no campo missionário. A função desta plataforma será permitir que ele tenha oportunidades de entregar a mensagem que lhe foi confiada.

3. O preparo dos fazedores de tendas. Enviar um “fazedor de tendas”, profissional cristão, para desenvolver uma missão transcultural sem nenhum treinamento, é uma receita para o fracasso – talvez até mesmo uma receita para uma tragédia. Neste caso, talvez anos de treinamento serão necessários para equipar um profissional a ser um missionário.

Da mesma forma, anos de formação profissional podem ser necessários para equipar um missionário a estar apto para um campo fechado no qual a figura do teólogo tradicional é proibida. Vale dizer que é triste ver missionários se sentirem mentirosos no campo dizendo que são técnicos em uma determinada área, mas na verdade não têm experiência nenhuma, e só fizeram um cursinho pela internet antes de partirem para a missão.

Cogitar que a formação profissional do missionário é apenas um detalhe para estar em um país pode ser perigoso e um péssimo testemunho cristão se a pessoa não souber desempenhar a função para qual ela conseguiu o visto de trabalho. O campo missionário precisa de bons “fazedores de tenda” e não de fazedores de fiasco.

III. VOCAÇÃO, PROFISSÃO E MISSÕES

1. Deus é quem chama. “não tenho de que me gloriar” (1Co 9.16), isso é para dizer que a sua glória não era pessoal. Ele não estava orgulhoso como se fosse seu evangelho, tampouco se orgulhava da maneira como o pregava, como se fosse habilidade dele. Paulo não pregava por orgulho próprio, mas por obrigação divina. Ele não tinha outra escolha, porque Deus, de modo soberano, o havia separado para a obra (At 9.3-6,15; 26.13-19; Gl 1.15; Cl 1.25). Não é à toa que ele “grita” “Ai”, o castigo mais severo de Deus está reservado para os ministros infiéis (Hb 13.17; Tg 3.1).

2. Exercendo a vocação. Paulo permanecia fiel às suas convicções, não importava o custo. Não era um pragmático que modificaria a sua mensagem para ajustá-la aos seus ouvintes. Ele estava convencido do poder de Deus de agir por meio da mensagem que ele pregava.

“Quando lemos em 1 Coríntios 7: “Foi alguém chamado sendo solteiro? Permaneça solteiro. Se é casado, não se separe, mantenha-se casado. Foi alguém chamado sendo incircunciso? Não se faça circuncidar”, e assim por diante. Por três vezes Paulo diz: “Cada um permaneça na vocação a que foi chamado” (v. 17, 20, 24). O que o apóstolo entende por vocação é aquilo que nós somos chamados a fazer em Cristo Jesus: sermos filhos e filhas de Deus, povo de Deus, discípulos de Jesus, servos uns dos outros.

Esse é o nosso chamado! E nós servimos a Deus a partir desse chamado onde quer que estejamos. Hoje, eu sirvo a Deus como pastor, mas poderia fazê-lo com a mesma dignidade sendo faxineiro. Não me torno uma pessoa mais vocacionada do que alguém que exerce uma atividade lá embaixo na nossa pirâmide social. Este é um conceito pagão, não bíblico! O conceito paulino de vocação tem a ver com aquilo que nós somos em Cristo e com a nossa resposta ao mundo em que vivemos, a partir dessa identidade. Todos nós somos chamados para essa mesma realidade e, quando entendemos o nosso chamado, procuramos encontrar a melhor maneira de servir a Deus no mundo.

Não importa se nós gostamos ou se não gostamos. É necessário? Precisa ser feito? Então iremos fazer! Não se trata de prazer, de satisfação, trata-se de ser povo de Deus atuando no mundo em serviço, promovendo o bem, a paz, a salvação, a reconciliação, levando homens e mulheres ao arrependimento, abençoando todas as famílias da Terra. Logo, o chamado é um convite, uma eleição, uma convocação. Para quê? Para sermos povo de Deus. E quando respondemos a uma vocação passamos a viver como pessoas convidadas, convocadas, eleitas.

De preferência, devemos viver de modo digno de quem nos chamou, para sermos aquilo pelo qual ele se deu por nós. A vocação nos dá uma identidade, nos oferece um destino. Deus nos chama e nossa resposta – quando damos o “sim” – nos coloca dentro de uma nova realidade, o mundo do povo de Deus, onde Jesus Cristo é o Senhor. Nós começamos a viver de um modo adequado a essa nova realidade. O chamado, portanto, não apenas nos dá uma identidade, mas define o que iremos fazer.”

3. Minha profissão, meu campo missionário. Normalmente as pessoas separam as coisas da sua vida, denominando que estas pertencem a Deus e estas outras não. Muitos são os que crêem que algumas coisas podem ser vistas e ouvidas por Deus e outras não. A vontade de Deus é que você sirva a ele e abençoe as famílias da Terra! A vontade de Deus não é que você seja engenheiro, ou advogado, ou professor, ou isto, ou aquilo. Não! A vontade de Deus é que você tome a decisão correta a partir daquilo que você foi chamado para ser. Você acredita que ser um advogado, ou uma dona de casa, ou uma secretária é a forma de você servir a Deus? Ou você tem de escolher uma dessas ocupações por outras contingências e encontra uma maneira de servir a Deus a partir daquela realidade, vivendo como povo de Deus ali naquele lugar, como secretária, como telefonista, como doutor, como professor, ou o que for? Seja povo de Deus onde você estiver e isso vai ajudá-lo a definir como você vai andar, viver, se comportar. O chamado molda nosso comportamento, define nossa ética, explica quem nós somos nos nossos relacionamentos. Nossa vocação nos dá condições de viver uma vida coerente, integral e íntegra quando vivemos a partir da consciência de quem somos.

CONCLUSÃO

Desde os tempos do apóstolo Paulo que a relação entre fé cristã e cultura tem sido motivo de dificuldades e debates, especialmente quando o assunto é missões transculturais. Em suas viagens missionárias, e mesmo em suas cartas, Paulo lidou com esta questão. Na Epístola a Tito, por exemplo, o apóstolo chamou a atenção para aspectos singulares da cultura cretense, na qual Tito trabalhava e estava inserido, reconhecendo que existiam nela elementos que não deveriam ser compartilhados pela igreja cristã local; ao contrário, os cristãos precisariam confrontá-los e buscar a sua transformação. Em sua vocação missionária, a Igreja não deveria, portanto, simplesmente absorver ou submeter-se a uma cultura assim como esta se apresenta, postando-se passivamente diante dela.

Daí, a importância do trabalho da igreja local na descoberta de vocações e no preparo ministerial do vocacionado! Identificar, envolver, treinar, são requisitos básicos do envio. No entanto, independente de ser identificado e ou enviado por uma igreja/entidade evangelística, o profissional cristão deve ter sempre em mente que ele é um vocacionado para missões, e deve compartilhar a sua fé.

FRANCISCO DE ASSIS BARBOSA

Pastor da Igreja de Cristo no Brasil em Campina Grande/PB

7 de novembro de 2023

A Responsabilidade da Igreja com os Missionários

 

A Responsabilidade da Igreja com os Missionários

TEXTO ÁUREO

“Por isso, enquanto tivermos oportunidade, façamos o bem a todos, mas 'principalmente aos da família da fé” (Gl 6.10)

Esmiuçando o Texto Áureo

- oportunidade - essa palavra grega se refere a um período de tempo separado e fixado, em lugar de momentos ocasionais. O que Paulo está dizendo é que toda a vida do cristão fornece o privilégio único por meio do qual ele pode servir a outros em nome de Cristo.

Principalmente aos da família da fé. Nosso amor pelos companheiros cristãos é a prova principal de nosso amor por Deus (Jo 13.34-35; Rm 12.10-13; 1Jo 4.21).

VERDADE PRÁTICA

É papel da Igreja responsabilizar- se integralmente com o cuidado de seus missionários

Esmiuçando a Verdade Prática

- A importância de planejar financeiramente o projeto missionário é visto aqui nessa Verdade Prática. Aquele que se entrega a esse chamado deve ter a garantia da igreja que o enviou e tudo o que foi previamente acordado deve ser cumprido.

“A COISA MAIS DIFÍCIL: O DINHEIRO Sei que os tempos são difíceis, e muitos estão lutando. Mesmo assim, em bons e maus tempos, o ensino de Jesus permanece o mesmo: ‘Onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração’ (Mt 6.21).

O dinheiro é o melhor indicador de seus desejos e prioridades do coração e, talvez, o melhor lugar para começar. […] Quais são os recursos que Deus lhe deu que poderiam ser usados para causar tal impacto eterno, global e glorioso? Mesmo que você seja apenas um jovem professor com um salário modesto, você pode causar significativo impacto global e eterno. Imagine o que Deus poderia fazer, se você investir apenas parte do que Ele lhe tem dado para os propósitos, o reino e a glória dEle […] Este mundo será transformado, se Deus der a você toda a graça e coragem para fazer isso”

LEITURA BÍBLICA  = 1 Coríntios 9.9-14

Esmiuçando a Leitura Bíblica em Classe

- 9.9 lei. A Escritura, conforme citado em Dt 25.4;

- 9.10 por nós. Como na agricultura, as pessoas devem ganhar a vida por meio do seu trabalho;

- 9.11 bens materiais. Ajuda financeira (1Tm 5.17. 2Co 8.1-5;

- 9.12 Se outros participam. Aparentemente, a igreja havia ajudado financeiramente outros ministros;

- suportamos. Os falsos mestres buscavam dinheiro. Paulo queria se certificar de não ser classificado como eles, de modo que suportou não aceitar ajuda para não ofender (At 20.34; 2Ts 3.8).

- 9.13 do altar tira o seu sustento. Os sacerdotes do Antigo Testamento eram sustentados pelos dízimos das colheitas e dos animais, bem como pelas ofertas financeiras (Nm 18.8-24; Gn 14.18-21).

- 9.14 vivam do evangelho. Diz respeito a ganhar a vida pregando as boas-novas.

INTRODUÇÃO

Os missionários e os obreiros em geral são sustentados financeiramente pela igreja. A fonte ou origem desses recursos é a própria igreja.

Não dependemos de verbas governamentais ou de ONGs. Foi Deus quem estabeleceu que o crente contribuísse para que o seu povo tenha os recursos suficientes para a expansão do evangelho e manutenção da obra do Senhor.

São os crentes que apoiam os missionários com suas contribuições, através da secretaria ou departamento de missões da igreja.

A igreja ora, intercedendo por eles, e acompanha o seu trabalho através de relatórios escritos e também por meio de testemunhos de outros que visitam o missionário no campo. Esses responsáveis pelo sustento e pelo apoio espiritual devem entender também que fora do seu convívio a situação é muito diferente. Se não houver essa confiança, corre o risco de o trabalho no campo ficar travado.

É sobre isso que vamos estudar hoje.

I- A IGREJA E O SISTEMA DE APOIO AOS MISSIONÁRIOS

1. A responsabilidade da igreja. Missões vai muito além do simples enviar ou de apenas orar por ele algumas vezes por mês ou de simplesmente mandar uma oferta missionária. O missionário precisa de uma equipe de pessoas que participem com ele da obra enquanto ele estiver no campo fazendo a sua parte. Precisamos de pessoas comprometidas com Deus e com a sua obra no campo transcultural, quer orando ou dando a sua contribuição financeira.

A missão não é de um indivíduo, a missão é da igreja do Senhor da qual você e eu fazemos parte. O texto de Atos 1.6-8 nos expõe o princípio da prioridade. O texto mostra que a prioridade de Jesus não era escatológica, mas missiológica. Jesus criou uma igreja funcional e não apenas contemplativa. Criada para espalhar a sua Palavra a todos os povos, em todas as gerações, até a sua volta.

E em Atos 13.1-3 nós vemos como se dá o processo de envio do missionário. O texto não nos esclarece como o Espírito Santo se manifestou e falou à igreja, mas toda a ação deixa bem claro que a igreja prontamente ouviu. O conteúdo do que o Espírito Santo falara foi “separai-me”, do verbo aphorizo, o qual é um verbo exclusivista. Não se trata de uma separação de relacionamento, mas de uma separação para uma função (permanecendo ligados à igreja são agora designados para uma função além da igreja local).

Portanto Paulo e Barnabé seriam separados porque primeiramente haviam sido chamados e não o contrário. O ponto principal deste comando, não é a obra, mas quem chamou para esta obra, Deus. Isso demonstra flexibilidade ministerial indicando que a obra pode mudar, mas o chamado permanece, pois se baseia naquele que nos chamou. E mostra também que Ele vai sustentar a sua obra e seu missionário no campo.

2. O sistema de apoio e a “obra de fé”. Os que vão e os que ficam são uma só equipe, são uma unidade e são igualmente importantes. Bíblia nos ensina que aqueles que com sinceridade se dedicam à proclamação da Palavra de Deus devem ser sustentados pelo que, desse trabalho, recebem bênçãos espirituais: “O que é instruído na palavra reparta de todos os seus bens com aquele que o instrui” (Gl 6.6).

Em Romanos 15.24 e 28, quando o apóstolo diz que esperava “…que para lá seja por vós encaminhado…” ou “…passando por vós, irei à Espanha”, estava falando sobre uma ajuda financeira da igreja em Roma para que ele pudesse viajar até a Espanha. Paulo precisava do sustento material para a obra que realizava. Algumas vezes ele trabalhou para isso, mas na maior parte do tempo contava com o dinheiro dos irmãos.

A obra missionária não pode ser realizada se não houver ajuda financeira aos obreiros. É verdade que a maioria das igrejas ajudam seus missionários e que também há muitos missionários que administram mal o que recebem, mas isso não deve ser motivo para esquecerem ou ignorarem esse assunto.

Não podemos permitir que aqueles que entregaram sua vida à Missão passem dificuldades no campo, nem sua família desamparada, enquanto nós mesmos, mordomos que somos, não queremos o mesmo para nós. Que o Espírito Santo nos comova com essa lição e nos encha do Seu amor e do Seu cuidado, para O imitarmos com estes comissionados e enviados!

3. O objetivo de Missões. “Porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele em quem não ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados? Como está escrito: Quão formosos os pés dos que anunciam o evangelho de paz; dos que trazem alegres novas de boas coisas” (Rm 10.13-15).

Neste texto Paulo citando o profeta Joel: “Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo”, e em seguida ele faz uma pergunta lógica: “Como, porém invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem nada ouviram?” Temos aproximadamente um terço da humanidade que jamais ouviu falar de Cristo e Paulo já há muito tempo atrás nos adverte da necessidade que o mundo tem de ouvir para crer. Mas então como ouvirão se não há quem pregue? – Precisamos sim de pregadores, ou missionários! Há uma necessidade enorme de pessoas que se disponham a ir às nações e levar a cruz de Cristo aos corações famintos.

II- O CUIDADO INTEGRAL DOS MISSIONÁRIOS

1. O cuidado integral. O cuidado é a expressão do cumprimento do mandamento de Jesus de amar uns aos outros.

O cuidado integral é o apoio ao missionário e sua família no campo e na sede, em todo o período de seu ministério e em todas as dimensões de sua vida.

Os missionários executam uma tarefa de alto estresse, devido às mudanças, adaptações culturais e circunstâncias adversas (violência, pobreza social, guerra, catástrofes naturais, conflitos conjugais e da família dos conjugues que não aceitam e/ou não entendem o chamado, etc.). É importante, então, dizer que esse cuidado é uma responsabilidade compartilhada pela Igreja, por Agências Missionárias, pelos O membro do Corpo de Cristo e pelo próprio missionário, que também deve cuidar-se.

2. Uma agenda quanto à volta do missionário. “Um casal missionário norte-americano retornava para o país de origem após 50 anos na África. Durante a viagem de navio, eles imaginavam como seriam acolhidos e as homenagens que receberiam dos familiares, amigos e irmãos da igreja. Ao se aproximarem do porto, viram muitas bandeiras, banda, fanfarra e uma festa preparada. “Que maravilha! Eles estão prontos para nos receber de volta”, pensaram eles. Porém, quando saíram do navio, depois de um bom tempo, não havia mais ninguém esperando. Diante daquele silêncio, comentaram: “A festa deve ter sido para aqueles homens de terno no navio”.

Então foram para casa, cansados e frustrados, pois não havia ninguém para recebê-los e nenhuma homenagem a ser prestada. O esposo ficou revoltado e questionou a esposa se era isso que Deus tinha para eles após 50 anos de ministério. Ele andou, andou e indagou a esposa novamente: “Falou com o seu Deus se é isso que ele tem para nos dar, depois de renunciarmos 50 anos da nossa vida ao ministério?” Ao que a mulher respondeu: “Deus disse que nós ainda não chegamos em casa””.

 Essa historieta circula pela internet, mas bem que poderia ser a história de um missionário nosso. O fato é que, agências e igrejas que enviam missionários não cuidam adequadamente deles.

Paulo recomenda em Gálatas 6.10 a fazermos o bem a todos, especialmente aos da família da fé, sempre que tivermos oportunidades. Diante disso, precisamos pensar e trabalhar para receber melhor os missionários que retornam para casa. Leia algumas dicas clicando no link acima.

III- MANEIRAS PRÁTICAS DE SE COMPROMETER COM OS MISSIONÁRIOS

1. Comunicar as necessidades. Em Romanos 12.13, o termo compartilhai, da palavra grega koinonountes, que significa comunidade, parceria ou divisão mútua, a qual é, frequentemente, traduzida por "comunhão" e "tudo em comum" (At 2.42,44; 4.32; 1Tm 6.17-1 8).

Nos primórdios da igreja, os cristãos tinham tudo em comum (At 2.44)

E sentiam-se obrigados a atender a todas as necessidades de seus irmãos.

Um dos efeitos mais impressionantes do cristianismo foi afrouxar o domínio sobre a propriedade e dispô-los a dar liberalmente àqueles que precisavam. Eles se tornaram liberais, repartiram suas coisas boas com aqueles que eram necessitados (Gl 6.6; Rm 15.27; Fl 4.15; 1Tm 6.18).

John Wesley comenta esse versículo assim: “Distribuir para a necessidade dos santos; dado à hospitalidade. Comunique-se com as necessidades dos santos – Alivie todos os cristãos que estão em falta.

É notável que o apóstolo, tratando expressamente dos deveres decorrentes da comunhão dos santos, ainda nunca diga uma palavra sobre os mortos. Prosseguir a hospitalidade – não apenas abraçando aqueles que oferecem, mas buscando oportunidades para exercê-lo”.

2. Doar para suprir necessidades. Temos a ideia de que missionários só precisam de dinheiro. O sustento financeiro é importante, mas não é tudo. Muitos precisam de palavras de encorajamento, cartas, bons livros, bons louvores e, com certeza, de oração. Podemos fazer muita diferença na vida de missionários e respectivas famílias.

Uma coisa é certa, o que a Bíblia diz em 2 Coríntios 9.6-8: “E digo isto: Que o que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia em abundância, em abundância ceifará. Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria. E Deus é poderoso para fazer abundar em vós toda a graça, a fim de que tendo sempre, em tudo, toda a suficiência, abundeis em toda a boa obra”; e Colossenses 3.23,24: “Tudo o que fizerem, façam de todo o coração, como para o Senhor, e não para os homens, sabendo que receberão do Senhor a recompensa da herança. É a Cristo, o Senhor, que vocês estão servindo”.

3. Orar e jejuar pela causa. Como as demais atividades da igreja, o trabalho de missões é movido a oração. Não podemos esquecer que, ao orar, Deus pode mostrar as necessidades de um campo ou de um missionário e, guiados por Deus, suprirmos. Por meio de oração, podemos ver as janelas dos céus abertas e as bênçãos de Deus caindo sobre o seu povo. A oração move o coração de Deus.

Não há problema ou dificuldade que resista a uma oração persistente. Deus responde à oração, e o trabalho de missões pode ser sustentado só com muita oração. O jejum e a oração devem fazer parte da natureza do cristão, pois a bíblia é bem clara no tocante a estas duas práticas. Nas Escrituras, homens, mulheres, e até mesmo nações inteiras, alcançaram respostas favoráveis da parte de Deus, por terem praticado o jejum e a oração.

Não é de se admirar que até o próprio Cristo praticou a combinação do jejum com a oração em seu ministério terreno. Certamente Jesus deve ser o nosso maior exemplo bíblico de prática cristã. Se Ele sentiu a necessidade de tais práticas, quem somos nós para não acatá-las.

CONCLUSÃO

Deus procura corações obedientes e dispostos a ficar em Suas mãos. Os grandes movimentos missionários começaram com poucas pessoas, pequenos grupos reunidos em oração, que tinham em comum o desejo de cumprir a vontade do Pai.

Faça o que está ao seu alcance. Comece em sua casa. Mantenha o coração disponível ao Senhor. Dê passos, busque envolver-se. Você verá as maravilhas do Senhor! Não há privilégio maior!

AMEM