3 de junho de 2025

A promessa do Espírito

 

A promessa do Espírito

TEXTO ÁUREO

 “E, havendo dito isso, assoprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo.” (Jo 20.22).

Entenda o Texto Áureo

Soprou sobre eles. Era costume os profetas usarem algum ato significativo para representar a natureza de sua mensagem. A palavra traduzida como “espírito” nas Escrituras significa vento, ar, respiração, assim como Espírito. Assim, a ação do Espírito Santo é comparada ao vento (Jo 3:8; Atos 2:2).

VERDADE PRÁTICA

A promessa do Pai não se restringe a um grupo particular ou a um período específico, mas inclui todos aqueles que se arrependem e creem no Evangelho.

Entenda a Verdade Prática

A promessa é para você. Sim, você mesmo. Não importa quem você é, de onde veio, ou o que fez. A promessa do Pai não é exclusiva. Não está limitada a um povo, a uma época ou a uma elite espiritual.

Ela é viva. Presente. Real. Deus não reservou Sua promessa apenas para os santos do passado.

Ele a estendeu a todo aquele que se arrepende e crê no Evangelho “A promessa é para vocês, para seus filhos e para todos os que estão longe, para todos quantos o Senhor, nosso Deus, chamar” (Atos 2:39).

LEITURA BÍBLICA  = João 14.16-18,26; 16.7,8,13; 20.21,22.

João 14:16-18,26

16. E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre,

Ele vos dará outro Consolador. Consolador é uma palavra usada somente por João em seu Evangelho com referência ao Espírito Santo; em sua Primeira Epístola (1João 2:1), com referência ao próprio Cristo.

Em seu sentido próprio é “advogado”, “auxiliar”, “ajudador”. Neste sentido trata-se claramente de Cristo (1João 2:1) e, nesse sentido, compreende todo o consolo, bem como a ajuda da obra do Espírito. O Espírito está aqui prometido como Aquele que suprirá o próprio lugar de Cristo na Sua ausência. para que fique sempre convosco. Nunca vá embora, como Jesus faria no corpo.

17. o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco e estará em vós.

A quem o mundo não pode receber (Veja 1Coríntios 2:14). porque habita convosco, e estará em vós. Embora a plenitude de ambos fosse ainda futura, nosso Senhor, usando tanto o presente como o futuro, parece claramente dizer que eles já tinham a semente dessa grande bênção.

18. Não vos deixarei órfãos; voltarei para vós.

Não vos deixarei órfãos. Em estado de luto e desolação. eu virei a vós. Isto é, pelo Espírito, porque foi a Sua presença que fez com que a partida pessoal de Cristo não fosse um sofrimento a eles.

26. Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito.

Esse vos ensinará tudo, e tudo quanto tenho dito vós, ele vos fará lembrar (ver em Jo 14:15,17). Como o Filho veio em nome do Pai, assim o Pai enviará o Espírito em meu nome, diz Jesus, isto é, com poder e autoridade divina para reproduzir em suas almas o que Cristo lhes ensinou, “trazendo à consciência viva o que eram sementes adormecidas em suas mentes” (Olshausen). Sobre isto repousa a credibilidade e a suprema autoridade divina da história do Evangelho. O todo do que aqui está dito do Espírito é decisivo de Sua personalidade divina.

João 16: 7,8,13

7. Todavia, digo-vos a verdade: que vos convém que eu vá, porque, se eu não for, o Consolador não virá a vós; mas, se eu for, enviar-vo-lo-ei.

Contudo… Mas, embora vocês estejam em silêncio, incapazes de enxergar além da separação imediata, eu, por minha parte, continuo cumprindo até o fim meu ministério de amor—eu digo a verdade: é melhor para vocês que eu vá embora. Os discípulos estavam enganados pelas aparências superficiais.

Para corrigir esse erro, Cristo lhes revela a verdade, mostrando a realidade oculta aos seus olhos ofuscados pela tristeza. É melhor para vocês – Compare com João 11:50, 18:14.

De perspectivas opostas (“é melhor para nós”, João 11:50; mas aqui “é melhor para vocês”), o julgamento divino e humano coincidem. Compare com João 7:39, nota. O pronome “eu” na primeira frase (“que eu vá”) é enfatizado. Isso chama a atenção para a pessoa do Senhor como eles a conheciam, preparando-os para a ideia de “outro Advogado” (João 14:16).

Pois se eu não for – Aqui, a ênfase muda para a necessidade da partida de Jesus. Para deixar essa ideia ainda mais clara, Ele primeiro fala de sua partida como uma separação (ἐὰν μὴ ἀπέλθω), depois como uma jornada que tem um propósito (ἐὰν πορευθῶ).

Em João 16:10, a ideia é a de um afastamento (ὑπάγω). Compare com João 7:33, nota. O Consolador (Advogado) não virá… mas eu o enviarei – A ausência do pronome antes do verbo (πέμψω, enviarei; compare com ἐγὼ πέμψω, João 15:26, eu o enviarei) destaca o envio do Espírito como um fato. Compare com Lucas 24:49 e Atos 1:4.

A partida de Cristo era uma condição necessária para a vinda do Espírito. Sua presença limitada em um corpo físico precisava ser retirada para que Sua presença universal fosse reconhecida. Compare com João 7:39.

Além disso, a presença de Cristo junto ao Pai, a plenitude de Sua união com Deus como Deus e Homem, era um pré-requisito para o envio do Espírito.

Ele enviou o Espírito em virtude de Sua ascensão como homem glorificado. Por fim, tanto o envio quanto a recepção do Espírito exigiam uma expiação completa entre Deus e a humanidade (Hebreus 9:26 em diante) e a glorificação da humanidade perfeita em Cristo.

8. E, quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça, e do juízo.

8 em diante. A promessa do Paráclito é seguida por uma descrição de Sua vitória. A sinagoga se tornou o mundo, e o mundo encontra seu conquistador. “E quando ele vier…” – E ele (ἐκεῖνος), quando vier… Toda a obra do Espírito na história da Igreja é resumida em três áreas.

As categorias de pecado, justiça e juízo abrangem tudo o que é essencial para determinar a condição espiritual do ser humano, e a obra do Paráclito se relaciona a esses aspectos.

Sua função é convencer (ἐλέγχειν, Vulg. arguere) o mundo—isto é, a humanidade separada de Deus, mas ainda com esperança—sobre (περί, “a respeito de”) o pecado, a justiça e o juízo. A ideia de “convicção” é complexa.

Ela envolve conceitos como exame autoritativo, prova incontestável, julgamento decisivo e poder punitivo. Seja qual for o resultado final, quem “convence” outra pessoa coloca a verdade do caso de forma clara diante dela, de modo que deve ser vista e reconhecida como verdade.

Aquele que rejeita a conclusão dessa exposição o faz conscientemente e por sua própria conta e risco. A verdade, quando reconhecida como tal, traz condenação para aqueles que se recusam a aceitá-la. Os diferentes aspectos dessa “convicção” são evidenciados no uso da palavra no Novo Testamento.

Primeiro, há a análise completa da verdadeira natureza dos fatos (João 3:20; Efésios 5:13); depois, a aplicação da verdade descoberta à pessoa envolvida (Tiago 2:9; Judas 15, (22); 1 Coríntios 14:24; 2 Timóteo 4:2; compare com Mateus 18:15; João 8:9).

Isso pode ocorrer por meio de disciplina (1 Timóteo 5:20; Tito 1:9, 2:15; compare com Efésios 5:11) ou com o propósito específico de restaurar quem está em erro (Apocalipse 3:19; Hebreus 12:5; Tito 1:13).

O efeito da convicção do mundo pelo Espírito permanece indefinido no que diz respeito ao próprio mundo; mas, para os apóstolos, a intercessão do Advogado foi uma defesa soberana de sua causa. No grande julgamento, eles foram demonstrados como aqueles que estavam com a verdade, independentemente de seu testemunho ser aceito ou rejeitado. A história registrada no livro de Atos ilustra essa ação decisiva e dupla do testemunho divino (2 Coríntios 2:16); pois a apresentação da verdade com poder sempre traz vida ou morte, podendo resultar em qualquer um dos dois.

Nesse sentido, a experiência dos apóstolos no Dia de Pentecostes (Atos 2:13, 2:41) tem sido a experiência da Igreja em todas as épocas. A repreensão divina não é apenas uma sentença final de condenação, mas também um chamado ao arrependimento, que pode ou não ser ouvido.

O próprio Evangelho de João, como já foi bem observado (Köstlin, Lehrbegriff, 205), é um testemunho da convicção do mundo pelo Espírito em relação ao pecado (João 3:19–21; 5:28–29, 38–47; 8:21 e seguintes, 34–47; 9:41; 14:27; 15:18–24); à justiça (João 5:30; 7:18, 24; 8:28, 46, 50, 54; 12:32; 14:31; 18:37); e ao juízo (João 12:31; 14:30; 17:15).

Pecado … justiça … juízo – Os três conceitos de pecado, justiça e juízo são apresentados primeiro de maneira abstrata e geral. Eles são elementos fundamentais na determinação da condição espiritual do homem, resumindo seu passado, presente e futuro.

Depois que a mente compreende essas divisões essenciais da análise espiritual, o fato central de cada um é declarado, a partir do qual ocorre o processo de exame, revelação e condenação.

Em cada caso, o mundo corria o risco de um erro fatal, e esse erro é exposto à luz do critério decisivo ao qual é submetido. Os três temas são apresentados em uma ordem natural e significativa.

Primeiro, a posição do homem é estabelecida: ele é mostrado como caído. Em seguida, a posição das duas forças espirituais que disputam domínio sobre ele é revelada: Cristo ascendeu ao trono da glória, e o príncipe deste mundo foi julgado. Esses temas também podem ser vistos de outra forma.

Quando a convicção do pecado se completa, restam ao homem duas alternativas: de um lado, há uma justiça que pode ser recebida de fora; do outro, um juízo a ser enfrentado. Assim, pode-se dizer que na ideia de pecado, o homem é o centro, pois ele é pecador; na ideia de justiça, Cristo é o centro, pois Ele é o único justo; e na ideia de juízo, o diabo é o centro, pois já foi julgado.

Além disso, as palavras pecado, justiça e juízo ganham um significado ainda mais profundo quando consideradas no contexto em que foram ditas. O mundo, por meio de seus representantes, havia acusado Cristo de ser “um pecador” (João 9:24).

Seus líderes confiavam que eram justos (Lucas 18:9) e estavam prestes a condenar o “Príncipe da Vida” (Atos 3:15) como um criminoso (João 18:30).

Nesse momento, o erro triplo (Atos 3:17), que o Espírito viria revelar e corrigir, havia finalmente produzido seu fruto fatal. do… do… do… – O Espírito convencerá o mundo “sobre o pecado, sobre a justiça e sobre o juízo” (περί). Ele não apenas demonstrará que o mundo é pecador, que lhe falta justiça e que está sob juízo, mas mostrará de forma incontestável que o mundo não compreende corretamente o que pecado, justiça e juízo realmente são, e, por isso, precisa de uma transformação completa (μετάνοια).

13. Mas, quando vier aquele Espírito da verdade, ele vos guiará em toda a verdade, porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará o que há de vir.

Porém quando vier aquele Espírito de verdade (assim chamado pois) ele vos guiará em toda verdade – A referência não é a “verdade em geral”, mas a “todo aquele círculo de verdade cujo peso é Cristo e Sua obra redentora”. Porque de si mesmo não falará – O significado não é: ‘Ele não falará sobre Si mesmo’, mas ‘Ele não falará de Si mesmo’, no sentido acrescentado na próxima sentença. mas falará tudo o que ouvir (ou receber para comunicar); e ele vos anunciará as coisas que virão – “as coisas vindouras”, referindo-se especialmente às revelações que, nas Epístolas parcialmente, mas mais plenamente no Apocalipse, abrem uma vista para o Futuro do Reino de Deus, cujo horizonte são as colinas eternas

João 20:21-22

21. Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós.

Como o Pai me enviou, assim eu vos envio. Como fui enviado para proclamar a verdade do Altíssimo, e para converter pecadores a Deus, eu envio vocês para o mesmo propósito, revestidos com a mesma autoridade e influenciados pelo mesmo Espírito.

22. E, havendo dito isso, assoprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo.

Soprou sobre eles. Era costume os profetas usarem algum ato significativo para representar a natureza de sua mensagem. A palavra traduzida como “espírito” nas Escrituras significa vento, ar, respiração, assim como Espírito. Assim, a ação do Espírito Santo é comparada ao vento (Jo 3:8; Atos 2:2).

INTRODUÇÃO

Prepare-se para mergulhar em uma das verdades mais profundas e transformadoras da fé cristã.

Nesta lição, vamos explorar dois momentos cruciais que revelam o coração do plano divino para nos alcançar e nos capacitar. Primeiro, contemplaremos as palavras poderosas de Jesus, quando Ele promete aos seus discípulos o dom precioso do Espírito Santo — o mesmo Espírito que age no íntimo do pecador, despertando-o para a realidade do pecado, revelando a justiça de Deus e anunciando o juízo que virá. É aqui que começa a jornada da verdadeira conversão.

Mas não paramos aí. Vamos além, conectando essa promessa regeneradora registrada por João com a manifestação gloriosa do Espírito em Atos dos Apóstolos. Ali, vemos não apenas um Espírito que transforma o coração, mas que também capacita, envia e reveste com poder aqueles que foram chamados para testemunhar.

Este é mais do que um estudo teológico. É um convite à experiência. Ao entender essa dupla dimensão — o Espírito que regenera e o Espírito que capacita — você será levado a uma nova compreensão do propósito de Deus para sua vida. Vamos juntos nessa jornada?

I. A PROMESSA DO PAI

1. Jesus enviará o Consolador. Você não está só. Há uma Presença viva, poderosa e transformadora prometida por Cristo para habitar em você. No Evangelho de João, Jesus nos entrega uma das promessas mais reconfortantes e revolucionárias já feitas: “E eu pedirei ao Pai, e ele lhes dará outro Conselheiro para estar com vocês para sempre” (João 14:16, NVI). Esse Conselheiro é o Espírito Santo — a própria presença de Deus enviada para viver em nós, guiar-nos e renovar tudo o que fomos. Jesus acrescenta: “Vocês o conhecem, pois ele vive com vocês e estará em vocês” (João 14:17, NVI). Aqui, não estamos falando de uma força impessoal, mas da Terceira Pessoa da Trindade — santa, pessoal, ativa — que entra na vida do crente para operar transformação genuína. E Ele não vem de forma passiva.

Em João 16:8, lemos: “Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo” (NVI). Essa não é apenas uma ação externa — é o toque profundo do Espírito no coração humano, quebrando resistências, iluminando o entendimento e conduzindo o pecador ao arrependimento e à fé viva. Jonathan Edwards afirmou: "A regeneração é obra exclusiva do Espírito de Deus no coração humano, e sem ela, ninguém pode ver o reino dos céus."

Já Martyn Lloyd-Jones declarou: "A maior necessidade do mundo é que os homens e mulheres sejam regenerados pelo Espírito Santo. Sem isso, todo esforço humano é vão." Essas vozes ecoam o que Jesus já nos revelou: o Espírito não apenas consola, mas convence, transforma e conduz ao novo nascimento. Agora, a pergunta inevitável: Você já experimentou essa atuação sobrenatural do Espírito Santo em sua vida? Não é suficiente apenas conhecer doutrinas ou frequentar cultos. Jesus nos convida a uma comunhão real com o Espírito que transforma corações, renova mentes e sela com poder os que pertencem a Deus.

2. O Consolador. Ele não apenas está ao seu lado — Ele foi enviado para estar em você. Quando Jesus anunciou a promessa do Espírito Santo, Ele usou palavras que carregam um peso eterno. Em João 14:16, lemos: "E eu pedirei ao Pai, e ele lhes dará outro Conselheiro para estar com vocês para sempre" (NVI). A palavra grega usada por Jesus para "Conselheiro" é paráklētos (παράκλητος). Trata-se de um termo rico e profundo, cuja tradução vai muito além de “consolador”. De acordo com o léxico grego do Novo Testamento, paráklētos refere-se àquele que é chamado para estar ao lado — um ajudador, defensor, conselheiro e intercessor. É como um advogado amoroso que se levanta em sua defesa, ou um amigo fiel que permanece firme ao seu lado nas horas mais difíceis.

Já o termo "outro", em grego, é állos (ἄλλος), que significa "outro da mesma espécie". Jesus não está dizendo que enviaria um substituto inferior. Pelo contrário: Ele promete enviar alguém igual a Ele, da mesma natureza divina — o Espírito Santo, a Terceira Pessoa da Trindade. O Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa define “consolador” como aquele que conforta, alivia a dor, dá suporte emocional e espiritual. Isso nos ajuda a entender por que Jesus escolheu essa palavra para descrever o Espírito. Ele não seria apenas um enviado. Ele seria presença constante, poder consolador e direção segura para a jornada.

O teólogo R.C. Sproul afirma: “O Espírito Santo não é uma influência impessoal, mas uma Pessoa que conhece, ama, guia e santifica. Sua missão é aplicar tudo o que Cristo conquistou por nós.” Martyn Lloyd-Jones, ao falar sobre essa promessa, disse: “A maior tragédia da igreja moderna é ter tentado viver sem o poder do Espírito Santo.” Ao dizer “ele estará com vocês para sempre”, Jesus estava garantindo que, mesmo em sua ausência física, a presença divina permaneceria permanente, pessoal e poderosa. Não se trata apenas de teologia. Trata-se de vida. Você tem vivido como alguém que carrega dentro de si a presença do Paráklētos? Talvez hoje seja o momento de parar e refletir: tenho caminhado sozinho, tentando resolver tudo pelas minhas forças? Ou tenho vivido na consciência viva de que o Espírito de Deus habita em mim, fala comigo, me guia, me consola e intercede por mim diante do Pai? Essa promessa não é simbólica. É real. O Espírito Santo quer conduzir você ao arrependimento, à santidade, à verdade e à intimidade com o Pai e o Filho.

3. “Não vos deixarei órfãos”. Você nunca foi deixado para trás. Nem está sozinho. Em um dos momentos mais íntimos e comoventes do ministério de Jesus, Ele olha para os seus discípulos e faz uma promessa que ecoa até hoje para todo aquele que crê: “Não os deixarei órfãos; voltarei para vocês” (João 14:18, NVI).

A palavra grega aqui usada para "órfãos" é ὀρφανός (orphanos), termo que, no contexto do grego koiné, significa sem pai, sem amparo, desprotegido, deixado à própria sorte. No mundo antigo, ser órfão não era apenas perder os pais — era perder a identidade, o sustento e a esperança. Era cair em abandono. Jesus sabia exatamente como seus discípulos se sentiriam após sua morte. Perdidos. Confusos. Feridos. Foi por isso que, com ternura, Ele os preparou com palavras carregadas de afeição e promessa. No capítulo anterior, Ele já havia se dirigido a eles com uma expressão profundamente familiar: “Meus filhinhos, ainda estarei com vocês por pouco tempo” (João 13:33, NVI).

Aqui, Jesus usa o termo grego τεκνία (teknía) — uma forma diminutiva e carinhosa de “filhos” — revelando não apenas autoridade espiritual, mas também profunda afeição paternal. Na perspectiva da língua portuguesa, o Dicionário Aurélio define “órfão” como: “aquele que perdeu o pai ou a mãe, especialmente durante a infância; desamparado, sem proteção.” Jesus promete exatamente o oposto. Ele afirma que mesmo em sua ausência física, eles (e nós) jamais estariam desamparados. O Espírito Santo viria para continuar Sua presença de maneira íntima e constante. O teólogo e pastor Charles Haddon Spurgeon escreveu: “Cristo não apenas prometeu retornar; Ele o fez enviando o Espírito Santo, de forma que nunca mais estaríamos sozinhos.” (Spurgeon, Sermão nº 1081, Metropolitan Tabernacle Pulpit, 1873.)

D. A. Carson comenta: “Jesus não apenas fala de consolo sentimental, mas de uma realidade espiritual: a presença contínua d’Ele através do Espírito. A promessa é de comunhão duradoura, mesmo após sua partida visível.” (The Gospel According to John, D. A. Carson, Eerdmans, 1991.)

A promessa de Cristo aos discípulos é a mesma para nós hoje. Não fomos deixados órfãos. A presença do Espírito Santo é o sinal do cuidado contínuo do Pai. Mesmo quando tudo parece escuro, mesmo quando sentimos que as forças nos faltam, o Espírito nos consola, nos lembra das palavras de Cristo e nos fortalece no caminho.

Agora, a pergunta que nos confronta é simples, mas profunda: Você tem vivido como alguém amparado por Deus ou como um órfão espiritual? Hoje, Jesus o convida a descansar nessa verdade: Você é filho. Você é amado. Você não está só. Clame por esse Consolador. Receba a certeza de que a presença de Deus é real, acessível e eterna. Abra-se à promessa. Caminhe na certeza de que há um Pai que nunca abandona.

II. O ESPÍRITO HABITA OS DISCÍPULOS

1. João 20.22. Ele não apenas apareceu. Ele soprou vida eterna sobre os que estavam com medo. João 20:22 nos apresenta uma cena tão íntima quanto poderosa — e muitas vezes ignorada por sua profundidade. Após sua ressurreição, Jesus entra onde os discípulos estavam trancados por medo e os encontra em seu estado mais frágil. Então, faz algo extraordinário: “E, com isso, soprou sobre eles e disse: ‘Recebam o Espírito Santo’” (João 20:22, NVI).

Mas para entender o impacto dessa ação, precisamos voltar alguns versículos.

Em João 20:19-23, vemos o Cristo ressuscitado e glorificado aparecendo aos seus discípulos pela primeira vez após vencer a morte.

Um encontro carregado de temor, surpresa, lágrimas — e promessas eternas. A palavra usada para “soprou” no original grego é ἐνεφύσησεν (enephýsen) — um verbo raro no Novo Testamento, encontrado apenas aqui.

Curiosamente, é a mesma expressão usada na Septuaginta (tradução grega do Antigo Testamento) em Gênesis 2:7, quando Deus sopra o fôlego da vida em Adão.

Ou seja, Jesus está, simbolicamente e espiritualmente, iniciando uma nova criação — não apenas com um corpo glorificado, mas com discípulos regenerados pelo Espírito. O teólogo F. F. Bruce comenta: “Esse sopro de Jesus é uma antecipação do Pentecostes. Aqui, Ele comunica vida espiritual; em Atos 2, Ele comunica poder para a missão.”

A partir dessa ação, a promessa feita em João 14:17 começa a se cumprir de forma pessoal e real: “Vocês o conhecem, pois ele vive com vocês e estará em vocês.” O Dicionário Michaelis define “habitar” como: “Morar com estabilidade; estar presente de modo contínuo.” Portanto, quando Jesus sopra e diz “Recebam o Espírito Santo”, Ele está selando a presença do Deus vivo no interior de seus seguidores. Não é mais uma visita divina.

É o início de uma habitação permanente. John Owen, puritano e um dos maiores teólogos sobre o Espírito Santo, escreveu: “A habitação do Espírito é o privilégio mais elevado e o penhor mais seguro de nossa adoção como filhos de Deus.”

Esse ato não é apenas histórico. É pessoal. Jesus não apenas venceu a morte. Ele entrou no seu mundo fechado, nas suas portas trancadas, nos seus medos mais profundos — e soprou vida. Jesus não quer apenas ser lembrado. Ele quer habitar em você. Soprar sobre sua alma cansada. Encher seus pulmões espirituais com vida nova. Hoje é o dia de abrir o coração e receber mais do que consolo — receber o próprio Consolador.

2. O sentido de “assoprou sobre eles”. Quando Jesus soprou, Ele não apenas deu um sinal — Ele deu vida.

No Evangelho de João, capítulo 20, versículo 22, encontramos um gesto de Jesus que carrega um significado profundamente espiritual e, ao mesmo tempo, teologicamente discutido: “E, com isso, soprou sobre eles e disse: ‘Recebam o Espírito Santo’” (João 20:22, NVI).

Este versículo tem provocado reflexões intensas ao longo dos séculos.

Afinal, o que significa esse sopro? Teria sido uma antecipação do Pentecostes? Um símbolo? Uma transmissão real do Espírito?

A resposta nos leva a uma profundidade surpreendente.

A palavra grega utilizada aqui é ἐνεφύσησεν (enephýsen) — traduzida como “soprou”. Esta mesma palavra aparece na Septuaginta, a antiga tradução grega do Antigo Testamento, em momentos decisivos da história da revelação.

Em Gênesis 2:7, lemos: “Então o Senhor Deus formou o homem do pó da terra e soprou em suas narinas o fôlego de vida, e o homem se tornou um ser vivente” (NVI).

Neste contexto, Deus não apenas forma, Ele transmite vida.                                         Ao usar o mesmo verbo, João quer que entendamos: Jesus está recriando. Está soprando uma nova vida espiritual, regenerando seus discípulos com o Espírito Santo.

Também encontramos esse verbo em Ezequiel 37:9, quando o profeta vê o vale de ossos secos: “Venha dos quatro ventos, ó fôlego, e sopre dentro desses mortos, para que vivam” (NVI).

A Bíblia de Estudo Pentecostal observa que João 20:22 deve ser interpretado à luz dessas passagens. O ato de Jesus não foi apenas simbólico — foi regenerador.

O Espírito Santo foi soprado sobre os discípulos não como poder missionário (isso viria no Pentecostes), mas como vida espiritual nova, regeneração interna.

O Dicionário Houaiss define “sopro” como: “Emissão de ar produzida pelos pulmões; fôlego; também pode significar a origem ou princípio de algo.” Jesus, portanto, está realizando uma nova gênese. Está dando origem ao homem novo, restaurado, espiritual.

O teólogo Craig Keener, renomado estudioso do Novo Testamento, afirma: “O sopro de Jesus nos discípulos é uma clara alusão ao sopro de vida em Gênesis.  O evangelista está apresentando a nova criação que começa com a ressurreição e é aplicada através do Espírito.”

John Owen, teólogo puritano, complementa: “A regeneração é o ato soberano de Deus pelo qual o Espírito infunde nova vida na alma, capacitando-a a crer.”

A verdade é esta: antes que os discípulos fossem enviados ao mundo em poder (Atos 2), eles precisaram ser vivificados por dentro. Antes da missão, vem a regeneração.

3. Um episódio anterior ao Pentecostes. O Sopro que Transforma Antes do Fogo que Capacita. Em João 20:22, lemos um momento extraordinário e, para muitos, enigmático: “E, com isso, soprou sobre eles e disse: ‘Recebam o Espírito Santo.’” (João 20:22, NVI).

Este episódio ocorre antes do Pentecostes, e isso é crucial. Aqui, Jesus ressuscitado entra onde os discípulos estavam trancados, assustados, e realiza um gesto que ecoa os primórdios da criação.

O verbo grego usado para “soprou” é ἐνεφύσησεν (enephýsen) — o mesmo utilizado na Septuaginta em Gênesis 2:7, onde Deus sopra o fôlego da vida em Adão. Esse paralelismo é intencional: o Cristo ressurreto está dando início a uma nova criação. Não apenas consola seus seguidores; Ele os vivifica.

Eles não são mais os mesmos — são agora novos homens, regenerados pelo Espírito. O comando seguinte de Jesus — “Recebam o Espírito Santo” — não é mera promessa para o futuro. É um ato presente, transformador, regenerador. “João está descrevendo o início da nova vida espiritual dos discípulos. Eles se tornam, a partir dali, vasos vivos da habitação do Espírito.” Essa experiência marcante antecede Pentecostes (Atos 2) e possui um propósito distinto.

Em João 20:22, Jesus está comunicando vida espiritual.

Em Atos 1:8, Ele promete poder espiritual: “Vocês receberão poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês, e serão minhas testemunhas...” A distinção entre regeneração (João 20:22) e capacitação para o ministério (Atos 1:8) é confirmada por textos como: Romanos 8:9–14“...se alguém não tem o Espírito de Cristo, não pertence a Cristo...

Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus.” Gálatas 5:16–25 — “Vivam pelo Espírito, e de modo nenhum satisfarão os desejos da carne... Se vivemos pelo Espírito, andemos também pelo Espírito.” O Dicionário Michaelis define "habitar" como: "Estar de maneira constante ou permanente num lugar; residir." A partir de João 20:22, os discípulos não estavam apenas tocados por uma promessa, mas possuídos por uma presença. O Espírito Santo não apenas veio sobre eles — Ele passou a habitar neles. O puritano John Owen escreve: “A habitação do Espírito é a evidência segura da adoção, da regeneração e do viver cristão genuíno.”

Por isso, quando o Pentecostes acontece, não é repetição — é expansão. Em Atos 2, o Espírito Santo enche os discípulos para a missão. Em João 20, Ele os vivifica para a vida.

III. A PROMESSA DO PAI NO DIA DE PENTECOSTES

1. “De repente”. Entre a gloriosa manhã da Ressurreição e o poderoso mover do Pentecostes, existe um tempo sagrado — um intervalo divinamente planejado, carregado de promessas, sinais e preparação espiritual. No Evangelho segundo João, capítulo 20, Jesus ressuscitado aparece aos seus discípulos.

A cena não é apenas um reencontro — é o início de um novo tempo: o Cristo glorificado se manifesta não mais como o Servo Sofredor, mas como o Vencedor da morte. Esse momento acontece entre a Páscoa e o Pentecostes, exatamente como o plano de Deus havia revelado nas festas judaicas. Na Páscoa, celebrava-se a libertação, marcada pelo sangue do cordeiro. João Batista declarou: “Vejam! É o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” (João 1:29, NVI).

Jesus foi esse Cordeiro. Seu sacrifício consumado na cruz tornou a Páscoa plena. Mas Deus ainda tinha mais a fazer. Pentecostes: da promessa ao poder Cinquenta dias após a Páscoa, celebrava-se a Festa das Semanas, também chamada de Pentecostes, ou Shavuot, conforme Levítico 23:15–21.

Era a Festa da Colheita, o momento em que os primeiros frutos da terra eram entregues a Deus. E foi nesse mesmo dia, no momento exato em que Jerusalém estava cheia de peregrinos, que Deus escolheu derramar os frutos do novo tempo: o Espírito Santo. “De repente veio do céu um som, como de um vento muito forte... e todos ficaram cheios do Espírito Santo” (Atos 2:2,4, NVI).

O termo grego traduzido como “de repente” é ἄφνω (aphnō), que transmite a ideia de algo inesperado, súbito, surpreendente. Não foi programado pelo homem — foi soberanamente planejado por Deus. João 20: A preparação interior para o derramamento exterior Mas antes do vento, antes das línguas de fogo, antes do falar em outras línguas... houve algo mais íntimo e invisível.

Em João 20:22, Jesus soprou sobre os discípulos e disse: “Recebam o Espírito Santo.” Esse gesto ecoa Gênesis 2:7 — o sopro que gera vida.

Jesus estava ali iniciando a nova criação. Foi uma obra de regeneração, não de capacitação.

Como disse Craig Keener: “João 20 mostra a comunicação da vida espiritual. Atos 2 mostra o poder para o testemunho.”

A missão começa com o Espírito, mas o Espírito não é dado apenas para falar — Ele é dado para transformar.

Um processo com propósito: da cruz à colheita. Esse período entre a cruz e o Pentecostes foi uma espécie de gestação espiritual. Os discípulos foram regenerados (Jo 20), depois ensinados e preparados por 40 dias (At 1:3), e então, no Pentecostes, capacitados para ir ao mundo (At 1:8).

É como se Deus estivesse dizendo: “Antes de usar suas bocas, preciso transformar seus corações. Antes de enviá-los aos confins da terra, quero soprar vida dentro de vocês.” O Dicionário Houaiss define “colheita” como: “Ato de recolher aquilo que foi cultivado e amadurecido.” Assim, o Pentecostes é a colheita do que Cristo semeou com Sua morte e ressuscitou com poder.

 

2. “E todos foram cheios do Espírito Santo”. Cheios do Espírito: da Regeneração ao Poder para o Testemunho: “Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito os capacitava.” (Atos 2:4, NVI).

Esse versículo não é apenas uma lembrança histórica; é um convite atual, urgente e necessário para todo aquele que crê. Em Atos 2, o Espírito Santo desceu como vento impetuoso e fogo sobre os discípulos.

Mas para entender o que realmente aconteceu ali, é essencial distinguirmos duas obras distintas do Espírito: a regeneração e o revestimento de poder.

1. A regeneração: o novo nascimento: - Antes de serem cheios de poder, os discípulos já haviam recebido o Espírito Santo de maneira pessoal e transformadora. Isso ocorreu quando Jesus soprou sobre eles e disse: “Recebam o Espírito Santo.” (João 20:22, NVI). Nesse ato, o termo grego usado para “assoprar” é ἐμφυσάω (emphusáō), o mesmo utilizado na Septuaginta em Gênesis 2:7, quando Deus soprou o fôlego da vida em Adão. Jesus estava inaugurando uma nova criação espiritual. Os discípulos, a partir daquele momento, tornaram-se nova criatura: “Portanto, se alguém está em Cristo, é nova criação. As coisas antigas já passaram; eis que surgiram coisas novas!” (2 Coríntios 5:17, NVI).

O Espírito, nesse momento, habita no crente regenerado (João 14:17), convence o mundo do pecado, da justiça e do juízo (João 16:8-10) e produz o novo nascimento, conforme ensinado por Jesus a Nicodemos (João 3:5-6).

2. A plenitude: o batismo no Espírito para testemunhar com poder. Entretanto, a jornada espiritual não para na regeneração. É necessário mais. É urgente mais. O próprio Jesus ordenou: “Fiquem na cidade até que sejam revestidos do poder do alto.” (Lucas 24:49, NVI).

Mas receberão poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês, e serão minhas testemunhas...” (Atos 1:8, NVI).

Esse revestimento é aquilo que muitos teólogos pentecostais identificam como o batismo no Espírito Santo.

Em Atos 2:4, lemos que “todos foram cheios do Espírito Santo”, expressão que, segundo o léxico grego, usa o verbo πληρόω (plēróō) — “encher por completo, saturar”. Não se trata apenas de ter o Espírito habitando, mas ser dominado por Ele, capacitado, inflamado e impulsionado a testemunhar com ousadia.

O Dicionário Houaiss define "revestir" como: “Cobrir-se ou ser coberto com alguma coisa que muda o aspecto ou reforça a natureza.” Assim, ser revestido do Espírito é ser envolvido por uma unção que muda nossa postura e nos capacita a cumprir o chamado de Cristo com autoridade e coragem.

3. Uma distinção necessária, uma busca inadiável. John Stott, em "Batismo e Plenitude do Espírito Santo", explica: “Todo crente tem o Espírito, mas nem todo crente está cheio do Espírito. O batismo no Espírito é a promessa de capacitação, não apenas de regeneração.”

“O batismo com o Espírito é uma necessidade absoluta para o serviço cristão efetivo.”

A história de Atos 2 não é uma experiência isolada, mas uma realidade acessível. O mesmo Espírito que regenerou os discípulos soprou vida neles e, posteriormente, os encheu de poder. E o resultado? “Eles saíram e pregaram por toda parte...” (Marcos 16:20) “E três mil pessoas creram naquele dia...” (Atos 2:41).

3. “E começaram a falar em outras línguas”. Línguas que Glorificam: A Evidência Visível do Poder Invisível: “Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito os capacitava.” (Atos 2:4, NVI).

O Batismo no Espírito Santo não foi uma experiência isolada no tempo, nem um fenômeno reservado aos apóstolos do primeiro século. Foi — e continua sendo — uma obra sobrenatural, regeneradora e capacitadora que marcou o nascimento da Igreja com poder, e marca, até hoje, todos aqueles que se entregam completamente ao domínio do Espírito de Deus.

1. Uma experiência para regenerados, não para incrédulos. No Pentecostes, os discípulos já eram nascidos de novo.

Jesus havia soprado sobre eles dizendo: “Recebam o Espírito Santo” (João 20:22, NVI).

Ali, a regeneração se efetivou. Mas cinquenta dias depois, em Atos 2, algo maior os envolveu: foram cheios do Espírito e capacitados para a missão (Atos 1:8). O Batismo no Espírito Santo foi, portanto, uma segunda obra, distinta da salvação, destinada ao empoderamento do testemunho.

2. “Começaram a falar em outras línguas” – O sinal visível da promessa. A expressão usada por Lucas — “e começaram a falar em outras línguas” — emprega o verbo grego λαλέω (laléō), que significa “falar, proclamar, expressar-se”, e o termo γλώσσαις ἑτέραις (glóssais heterais), que literalmente significa “línguas diferentes ou outras línguas”. Esse fenômeno era visível, audível e inegavelmente sobrenatural.

O Dicionário Michaelis define “língua” como: “Sistema de sons articulados, com valor próprio, que serve de instrumento de comunicação entre os indivíduos.” Contudo, no contexto do Pentecostes, essas línguas não se originavam do conhecimento humano, mas da inspiração divina.

O próprio texto bíblico revela: “Tanto judeus como convertidos ao judaísmo; cretenses e árabes, nós os ouvimos declarar as maravilhas de Deus em nossa própria língua!” (Atos 2:11, NVI). Aqui está o ponto central: as línguas não eram compreendidas por quem falava, mas pelos ouvintes. O Espírito estava traduzindo louvor, glória e adoração ao Deus Altíssimo por meio da boca dos que se entregaram sem reservas.

3. Um sinal que atravessa gerações. Muitos hoje questionam se essa manifestação ainda está disponível. Mas o apóstolo Pedro, cheio do Espírito, declara: “Arrependam-se, e cada um de vocês seja batizado em nome de Jesus Cristo para perdão dos seus pecados, e receberão o dom do Espírito Santo. Pois a promessa é para vocês, para os seus filhos e para todos os que estão longe, para todos quantos o Senhor, nosso Deus, chamar.” (Atos 2:38-39, NVI).

A promessa do Espírito não tem prazo de validade. Ela atravessa séculos, culturas e fronteiras.

Como ensina o teólogo pentecostal Stanley Horton: “O falar em línguas, no Novo Testamento, nunca foi apresentado como simples êxtase emocional, mas como um dom concedido por Deus com propósito específico: glorificá-lo e equipar seu povo.”

4. Por que falar em línguas é importante hoje? Confirmação pessoal de que você foi revestido de poder (Atos 10:46).

Evidência visível para outros crentes de que o Espírito está agindo (Atos 19:6).

Instrumento de edificação espiritual, pois “quem fala em língua a si mesmo edifica” (1 Coríntios 14:4, NVI).

Expressão de oração e adoração profundas, além da limitação do vocabulário humano (Romanos 8:26).

5. Conclusão: Uma promessa viva que chama pelo seu nome.

Você foi salvo? Glória a Deus! Mas já foi cheio do Espírito, ao ponto de fluir como os rios de água viva que Jesus prometeu? “Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva.”

“Ele estava se referindo ao Espírito...” (João 7:38-39, NVI).

Se sim, então há mais. Se não, então o momento é agora. Busque. Clame. Renda-se. Abra sua boca — e deixe o Espírito falar por você!

CONCLUSÃO

Desde as páginas do Antigo Testamento até a consumação final em Cristo, há uma promessa que pulsa com poder e esperança: a Promessa do Pai. Não se trata apenas de um conceito teológico ou de uma doutrina distante. Trata-se de uma experiência real, viva, regeneradora e capacitadora, disponível para cada coração que se rende ao Senhor. Quando Jesus disse aos seus discípulos: "Eu lhes envio a promessa de meu Pai; mas fiquem na cidade até serem revestidos do poder do alto" (Lucas 24:49, NVI), ele não falava de uma metáfora espiritual, mas de uma realidade gloriosa, previamente anunciada pelos profetas e agora acessível pela fé em Cristo.

A palavra grega usada por Lucas para "promessa" é ἐπαγγελία (epangelía), que significa “declaração solene de bênção garantida”. É algo que Deus jurou cumprir, e que se manifesta em dois grandes atos na vida humana: Para o pecador, como regeneração — obra do Espírito que convence do pecado, da justiça e do juízo (João 16:8).

Para o salvo, como capacitação sobrenatural para testemunhar com ousadia (Atos 1:8). Essa promessa alcançou sua manifestação inicial no Pentecostes (Atos 2), quando os discípulos, já regenerados, foram cheios do Espírito Santo. E ela continua em vigor: “Arrependam-se, e cada um de vocês seja batizado... e receberão o dom do Espírito Santo. Pois a promessa é para vocês, para os seus filhos e para todos os que estão longe, para todos quantos o Senhor, nosso Deus, chamar.” (Atos 2:38-39, NVI).

A palavra “todos” aqui não deixa espaço para dúvidas: você está incluído. Segundo Martyn Lloyd-Jones, renomado pregador reformado: "O batismo com o Espírito Santo é um clamor que todo crente deveria ter. É a diferença entre alguém que sabe o caminho e alguém que caminha nele com fogo" .

E o teólogo pentecostal Gordon D. Fee reforça: "O Espírito é o sinal distintivo da nova era. O crente vive no Espírito, anda no Espírito e ministra no Espírito — tudo nasce dessa promessa."

A promessa é sua. Receba em nome de Jesus essa promessa na sua vida agora.

26 de maio de 2025

O caminho a verdade e a vida

 

O caminho a verdade e a vida

TEXTO ÁUREO

 

“Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim.” (Jo 14.6)

 

Entenda o Texto Áureo

 Cristo é o caminho para o Pai – ninguém vem ao Pai senão por mim; Ele é a verdade de tudo o que encontramos no Pai quando chegamos a Ele: “Pois nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade” (Colossenses 2:9), e Ele é toda a vida que sempre flui para nós e nos abençoa a partir da Divindade aproximada e manifestada Nele – “Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna” (1João 5:20). 

VERDADE PRÁTICA

 

A imagem de Jesus Cristo como o caminho, a verdade e a vida reforça a nossa fé e consolida a nossa comunhão com Deus.

Entenda a Verdade Prática

 A afirmação "Jesus Cristo como o caminho, a verdade e a vida" reforça nossa fé ao nos lembrar que Ele é a única ponte segura entre a humanidade e Deus. Ao reconhecermos Jesus como nosso guia e fundamento, fortalecemos nossa comunhão com o Pai e encontramos direção, sentido e esperança em nossa jornada espiritual.

LEITURA BÍBLICA – João 14:1-15

João 14.1-15

 

1. Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim.

 A advertência a Pedro de que ele logo negaria seu Mestre deve tê-lo chocado, pois o silenciou. Ele não está entre os discípulos que fazem perguntas sobre o significado das palavras de Jesus no capítulo 14, nem é mencionado novamente até o capítulo 18. Mas os outros discípulos também devem ter ficado surpresos e tristes com o pensamento de que o principal entre eles falhariam na hora da prova. Se assim fosse, quem entre eles poderia estar confiante em si mesmo?

Na verdade, eles já haviam sido avisados de que sua fé não seria forte o suficiente para mantê-los ao lado de Jesus quando chegasse a hora sombria de Sua prisão (João 16:31-32).

Mas essa sugestão renovada da instabilidade de sua lealdade, acrescentada aos anúncios que Jesus havia feito de Sua partida iminente deles (Joao 16:5-7, João 13:33, 36) e das perseguições que estavam reservadas para eles (Joao 15:18-21, João 16:33), os encheram de profunda tristeza.

Então Ele procurou tranquilizá-los com uma nova mensagem de consolo, que os ensinou a olhar além desta vida terrena para a vida após a morte.

Não se perturbe vosso coração [μὴ ταρασσέσθω ὑμῶν ἡ καρδία]. A experiência humana de um espírito “perturbado” havia sido Sua, mais de uma vez, durante as últimas semanas (compare com João 11:33, João 12:27, João 13:21), e Ele sabia o quanto era doloroso.

Credes em Deus, crede também em mim [πιστεύετε εἰς τὸν θεόν, καὶ εἰς ἐμὲ πιστεύετε]. Estes são provavelmente ambos imperativos: “creia em Deus (compare com Marcos 11:22); também creia em mim”.

A crença em Deus deveria, por si só, voltar seus pensamentos para a segurança da vida futura; e então, se eles acreditassem em Jesus, eles se lembrariam das promessas que Ele havia feito sobre isso (veja o versículo 3, com suas duas sentenças).

Gramaticalmente, πιστεύετε pode ser presente indicativo em qualquer lugar ou em ambos, e o familiar “Você acredita em Deus; acredite também em mim”, também faz sentido. Mas parece mais natural tomar πιστεύετε da mesma maneira na primeira sentença e na segunda. A verdadeira fonte de consolo para um espírito perturbado é a fé em Deus (compare com Salmo 27:13, Salmo 141:8 etc.) e em Jesus a quem Deus enviou (compare com Marcos 5:36). Os discípulos já haviam professado (João 16:30) sua fé em Jesus, mas Ele os advertiu que esta fé não era invencível (João 16:31). Para a construção εἰς τινὰ πιστεύειν, nunca utilizado por João da fé no homem, ver em João 1:12.

 

2. Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito, pois vou preparar-vos lugar.

 - Na casa de meu Pai há muitas moradas – e assim há espaço para todos, e um lugar para cada um. senão, eu vos diria – isto é, eu diria a vocês imediatamente; eu não os enganaria. vou para vos preparar lugar – para obter um direito de estarem lá e possuírem o “lugar” de vocês.

 

3. E, se eu for e vos preparar lugar, virei outra vez e vos levarei para mim mesmo, para que, onde eu estiver, estejais vós também.

 Outra vez virei, e vos tomarei comigo – estritamente, em Sua Aparição Pessoal; mas em um sentido secundário e reconfortante, para cada um individualmente. Marque novamente a afirmação feita: – vir para receber Seu povo para Si mesmo, para que onde Ele estiver, eles também possam estar. Ele considera que deve ser suficiente ter a garantia de que eles estarão onde Ele está e sob Seu cuidado.

 

4. Mesmo vós sabeis para onde vou e conheceis o caminho.

 E já sabeis para onde vou. Ele tinha-lhes dito tantas vezes que devia morrer, e ressuscitar, e subir ao céu, que não podiam deixar de compreendê-lo (Mateus 16:21; Lucas 9:22; 18:31-32).

E sabeis o caminho. Isto é, o caminho que conduz à morada para onde ele estava indo. O caminho que deviam seguir era obedecer aos seus ensinamentos, imitar o seu exemplo e segui-lo (Jo 14:6).

 

5. Disse-lhe Tomé: Senhor, nós não sabemos para onde vais e como podemos saber o caminho?

 (5–11) A revelação que o Senhor deu sobre o propósito de Sua separação iminente desperta questionamentos entre os discípulos. Como eles podem compreender verdadeiramente o “caminho” de que Ele falou?

Como podem conhecer verdadeiramente o Pai? A primeira pergunta é feita por Tomé (5–7) e a segunda por Filipe (8–11). Disse-lhe Tomé (veja nota em João 11:16).

Como podemos saber o caminho? A pergunta de Tomé expressa uma dificuldade natural em relação à declaração do Senhor. Normalmente, entendemos o caminho a partir do conhecimento do destino. Mas, nas coisas espirituais, a fé segue passo a passo. Há bem-aventurança em “não ver” (João 20:29). O “caminho” é, em si mesmo, a revelação – e para o homem, a única revelação possível – do destino.

6. Disse-lhe Jesus:?Eu sou o caminho, a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim.

 Essa é a sexta declaração "Eu sou" de Jesus em João (veja 6.35; 8.12; 10.7-9; 10.11,14; 11.25; 15.1,5). Em resposta à pergunta de Tomé (v. 5), Jesus declarou que ele é o caminho para Deus porque ele é a verdade de Deus (1.14) e a vida de Deus (1.4; .3.15; 11.25).

Nesse versículo, a exclusividade de Jesus como o único caminho para o Pai é enfática. Existe somente um caminho, não muitos caminhos, para Deus, ou seja, Jesus Cristo (10.7-9; cf. Mt 7.13-14; Lc 13.24; At 4.12).

 

7. Se vós me conhecêsseis a mim, também conhecereis o meu Pai; e já desde agora o conheceis e o tendes visto.

 Se vós conhecêsseis a mim, também conheceríeis a meu Pai; e desde agora – ‘de agora em diante’ que eu vos expliquei, já o conheceis, e o tendes visto – Aqui também nosso Senhor, com o que Ele diz, pretende antes ganhar seus ouvidos para mais explicações, do que dizer-lhes o quanto eles já sabiam.

 

8. Disse-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai, o que nos basta.

Senhor, mostra-nos ao Pai – Filipe aqui se referiu a alguma manifestação exterior e visível de Deus. Deus havia se manifestado de várias maneiras aos profetas e santos da antiguidade, e Filipe afirmou que, se alguma manifestação deveria ser feita a eles, eles ficariam satisfeitos. Era certo desejar evidências de que Jesus era o Messias, mas tal evidência “tinha sido” abundantemente concedida nos milagres e ensinamentos de Jesus, e que “deveria” ter bastado deles.

 

9. Disse-lhe Jesus:? Estou há tanto tempo convosco, e não me tendes conhecido, Filipe? Quem me vê a mim vê o Pai; e como dizes tu: Mostra-nos o Pai?

Quem a mim tem visto, já tem visto ao Pai – Pelas razões acima mencionadas, que o Pai reside na plenitude dos Seus atributos de poder, sabedoria e bondade, concentrados na pessoa humana, e tornados tão plenamente visíveis para o homem quanto o sentido do homem pode captar.

10. Não crês tu que eu estou no Pai e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo, não? as? digo de mim mesmo, mas o Pai, que está em mim, é quem faz as obras.

Não crês…? Era uma questão de fé, pois o Senhor já havia declarado essa verdade claramente antes (João 10:38).

Eu estou no Pai, e que o Pai em mim está. Em João 10:38, a ordem é diferente, pois ali o foco estava no poder divino como ponto de partida. O ensinamento de Cristo mostrava Sua íntima comunhão com o Pai; Suas obras demonstravam a ação do Pai n’Ele.

As palavras – as declarações específicas (τὰ ῥήματα), as partes da grande mensagem (João 15:7; 17:8).

Compare com João 3:34; 5:47; 6:63, 6:68; 8:30, 8:47; 10:21; 12:47ss.

Falo…falo. O primeiro verbo indica o conteúdo da mensagem (λέγω), o segundo, a forma do ensino (λαλῶ).

Veja João 12:49ss; 16:18; Mateus 13:3; 14:27; 23:1; 28:18; Marcos 5:36; 6:50; Lucas 24:6; Romanos 3:19.

Por mim mesmo – Compare com nota em João 5:19. mas o Pai… Meu ensino não é auto-originado, pelo contrário, toda a minha Vida é a manifestação da vontade do Pai.

O Pai que está em mim, ele é o que faz as obras. De acordo com o texto correto, o Pai, que permanece em mim, faz Suas obras, realiza ativamente Seu propósito de muitas maneiras, e meu ensino é parte desse propósito.

As “obras” eram elementos da “obra” (João 4:34; 17:4; 5:36; 9:4) e são atribuídas tanto ao Filho (João 10:37) quanto ao Pai. Compare com João 5:19ss. As palavras e as obras de Cristo são apontadas como duas provas de Sua união com o Pai: as palavras apelam à consciência espiritual, as obras ao intelecto. As palavras revelam o caráter, enquanto as obras demonstram o poder; e naturalmente as palavras têm prioridade. Veja João 15:24.

 

11. Crede-me que estou no Pai, e o Pai, em mim; crede-me, ao menos, por causa das mesmas obras.

 “Por toda a vossa fé em Mim, crede na Minha palavra simples: mas se uma afirmação tão elevada é mais do que a vossa fraca fé ainda pode alcançar, que as obras que fiz contem a sua própria história, e ela não precisará de mais”. Pode alguma coisa mostrar mais claramente que Cristo reivindicou para Seus milagres um caráter mais elevado do que os dos profetas ou apóstolos? E, contudo, esse caráter superior não estava nas obras em si, mas na Sua maneira de fazê-los.

 

12. Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim também fará as obras que eu faço e as fará maiores do que estas, porque eu vou para meu Pai.

 (12–14) A partida de Cristo permite que os discípulos realizem, por meio de Sua intercessão, obras ainda maiores do que Ele fez, para que o Pai seja glorificado no Filho.

Em verdade, em verdade… Cristo havia apontado Suas obras como uma evidência secundária da fé. Agora, Ele mostra que o verdadeiro crente também fará as mesmas obras. Essas obras fluem do Filho e daqueles que estão em comunhão com Ele, mas a fonte e a essência estão mais profundas.

Crê em mim – como resultado de crer em mim (João 14:11).

Também ele as fará… O pronome enfático destaca a pessoa que já foi caracterizada. Compare com João 6:57; 14:21, 26; 12:48; 9:37; 5:39; 1:18, 33.

Fará maiores do que estas (as que realizei em meu ministério terreno) – “maiores” no sentido dos efeitos espirituais mais amplos da pregação dos discípulos após o Pentecostes (Atos 2:41).

Como Agostinho observou: “Quando os discípulos pregaram, até mesmo os gentios creram; estas são, sem dúvida, obras maiores.” Isso não se refere a milagres mais extraordinários (como em Atos 19:12), nem significa simplesmente “mais” obras. Essas “obras maiores” também são obras de Cristo, pois são feitas por aqueles que creem n’Ele.

Porque… A exaltação de Cristo em Sua humanidade à direita de Deus é a garantia das obras prometidas. A ideia não é que os discípulos trabalharão porque Cristo estará ausente, mas que Sua ida aumentará o poder deles (João 16:7; compare com Efésios 4:8ss; Filipenses 4:13).

O pronome enfático “Eu” não contrasta com “vós”, mas destaca a plenitude da personalidade de Cristo. meu Pai – O texto correto traz “o Pai”, enfatizando a base da comunhão.

 

13. E tudo quanto pedirdes em meu nome, eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho.

 E tudo quanto… Esta cláusula pode ser uma continuação da anterior, dependendo de “porque”, ou uma nova sentença independente que leva o pensamento um passo adiante. A segunda opção parece melhor. A união de Cristo, o homem perfeito, com o Pai garante as “obras maiores”; e mais do que isso, Cristo, para a glória do Pai, atenderá às orações dos discípulos.

Pedirdes em meu nome – Aqui é a primeira vez que essa expressão aparece. Compare com “em nome de meu Pai” (João 5:43; 10:25; 12:13; 17:6, 11, 12, 26) e as palavras do Evangelista (João 1:12; 2:23; 3:18; 20:21).

Agora, finalmente, o Senhor revelou Sua Pessoa aos discípulos, permitindo que eles compreendam Sua relação com eles e com o Pai. Assim, a expressão aparece repetidamente nesta parte do Evangelho: João 14:26: “O Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome”; João 15:16: “para que tudo o que pedirdes (αἰτῆτε, αἰτήσητε) ao Pai em meu nome, Ele vos conceda”; João 16:23: “se pedirdes (αἰτήσητε) algo ao Pai, Ele vo-lo concederá em meu nome”; João 16:24: “até agora nada pedistes (ᾐτήσατε) em meu nome”; João 16:26: “naquele dia pedireis (αἰτήσεσθε) em meu nome.” Compare com João 15:21.

A expressão “em meu nome” significa “como sendo um comigo, assim como me foi revelado a vocês”. Seus correlatos são “em mim” (João 6:56; 14:20; 15:4ss; 16:33; 1 João 5:20) e o conceito paulino “em Cristo”.

No restante do Novo Testamento, aparece em Marcos 9:38; 16:17; Lucas 10:17; Atos 2:38; 3:6; 4:10. A expressão “em nome” (ἐν τῷ ὀνόματι) deve ser diferenciada das expressões relacionadas “para o nome”, “sobre o nome” (εἰς τὸ ὄνομα, ἐπὶ τῷ ὀνόματι) e “pelo nome” (τῷ ὀνόματι), que também aparecem. Agostinho observa que orar em nome de Cristo significa que a oração deve estar em conformidade com Seu caráter, e que Ele a atenderá na medida em que contribuir para a salvação.

Eu o farei – Há plena concordância entre a oração dos discípulos e a vontade de Cristo. Ele promete não apenas que eles receberão o que pedirem, mas que Ele mesmo fará isso.

Para que o Pai… para que Deus seja revelado em majestade como Pai no Filho. Quem obtém resposta à sua oração por meio de Cristo, que age em nome do Pai (João 5:43), naturalmente desenvolve uma percepção mais profunda do poder e do amor do Pai. A condição — a promoção da glória do Pai — estabelece o verdadeiro limite da oração. Compare com João 13:31 (“o Filho do Homem… e Deus…”).

 

14. Se pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei.

Observe aqui, que enquanto eles deveriam perguntar o que querem, não Dele, mas do Pai em Seu nome, Jesus diz que é Ele mesmo que vai “fazer isso” por eles. Que reivindicação é essa de não apenas ser perfeitamente conhecedor de tudo o que é derramado no ouvido do Pai por Seus discípulos amorosos na terra, e de todos os conselhos e planos do Pai quanto às respostas a serem dadas a eles, a natureza precisa e medida da graça a ser dada a eles, e o tempo apropriado para isso – mas ser o Distribuidor autorizado de tudo o que essas orações atraem, e, nesse sentido, o Ouvinte da oração! Que alguém tente conceber esta afirmação sem ser a igualdade essencial de Cristo com o Pai, e a considerará impossível. A repetição enfática disto, que se eles pedirem algo em Seu nome, Ele o fará, falará tanto da prevalência ilimitada de Seu nome com o Pai, como de Sua autoridade ilimitada para dispensar a resposta. Mas veja mais adiante em João 15:7. Esta parte do discurso é notável, pois contém o primeiro anúncio do Espírito, para suprir ausência da presença pessoal do Salvador. 

 

15. Se me amardes, guardareis os meus mandamentos.

 Guardai meus mandamentos – ou seja, “obedeçam-me” (VIVA).

INTRODUÇÃO

Aqui está a sétima e última expressão de Jesus: Eu sou. Já havia dito: Eu sou 0pão da vida. Eu sou a luz do mundo. Eu sou a porta. Eu sou o bom pastor. Eu sou a ressurreição e a vida. Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Eu sou a videira verdadeira. Jesus havia dito aos discípulos que iria partir e que eles não poderiam ir com ele (13.36).

Agora, assegura que eles sabem o caminho para onde ele vai (14.4). Isso provoca uma pergunta imediata de Tomé: Senhor, não sabemos para onde vais. Como podemos saber 0 caminho?. A resposta de Jesus é uma das mais importantes declarações registradas nos Evangelhos: Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim (14.6).

A expressão "Eu sou o caminho, a verdade e a vida", dita por Jesus em João 14:6, tem um profundo significado para os cristãos. "Caminho" revela que Jesus é a única via de acesso ao Pai — Ele não apenas mostra o caminho, mas é o próprio caminho. Isso significa que seguir a Cristo é trilhar uma jornada de fé, obediência e comunhão com Deus. "Verdade" aponta para Jesus como a revelação plena de Deus, o fundamento da realidade espiritual. Em um mundo de incertezas e enganos, Ele é a verdade absoluta e confiável que liberta e orienta. "Vida" destaca que, em Cristo, encontramos a vida plena — não apenas a existência física, mas a vida espiritual e eterna. Ele é a fonte da vida abundante aqui e da vida eterna com Deus. Para os cristãos, essa declaração é central: ela afirma que a salvação e a comunhão com Deus só são possíveis por meio de Jesus Cristo.

I. CONSOLO E PROMESSA DO SENHOR JESUS

 

1. O Caminho, a Verdade e a Vida. Jesus conforta seus discípulos dizendo-lhes que a separação é momentânea, mas a comunhão em glória será eterna, pois ele partirá, mas voltará. Jesus havia dito aos discípulos que iria partir e que eles não poderiam ir com ele (13.36). Agora, assegura que eles sabem o caminho para onde ele vai (14.4). Jesus é a verdade que alimenta a nossa mente, a vida que satisfaz a nossa alma e o único caminho seguro para Deus. Nessa mesma linha de pensamento, Jesus é o caminho para Deus, precisamente porque ele é a verdade de Deus (1.14) e a vida de Deus (1.4; 3.15; 11.25). Jesus é a verdade porque incorpora a suprema revelação de Deus. Ele próprio é a exegese de Deus (1.18) e é corretamente chamado de Deus (1.1,18; 20.28).

 

Jesus é avida (1.4), aquele que tem vida em si mesmo (5.26), a ressurreição e a vida (11.25), o verdadeiro Deus e a vida eterna (l Jo 5.20). Somente pelo fato de Jesus ser a verdade e a vida, é que ele pode ser o caminho para Deus. Jesus é o caminho para o céu. Ele não é apenas o guia, o mestre e o legislador como Moisés. Ele é pessoalmente a porta, a escada e a estrada através de quem nos aproximamos de Deus.

Ele nos abriu o caminho da árvore da vida, que foi fechada quando Adão e Eva caíram. Pelo seu sangue, temos plena confiança para entrar na presença de Deus. Jesus é a verdade, toda a substância da verdadeira religião. Sem ele, o ser humano mais sábio está mergulhado em trevas. Jesus é toda a verdade, a única verdade que satisfaz os anseios da alma humana. Jesus é a vida. Nele estava a vida. Ele veio para trazer vida, e vida em abundância.

 

2. Consolo num cenário de angústia. Em vez de os discípulos darem apoio a Jesus nas horas que antecederam à cruz, ele teve que apoiá-los tanto espiritual como emocionalmente. Isso revela o amor sacrifical que havia no coração de Jesus (Mt 20.26-28).

 

A fé em Jesus pode acalmar o coração agitado. Como o caminho, Jesus é o caminho de Deus para o ser humano - todas as bênçãos divinas descem do Pai por meio do Filho — e o caminho do ser humano para Deus. Como a verdade, ele é a realidade última em contraste com as sombras que o precederam, além de ser aquele que se opõe à mentira, a fonte fidedigna da revelação redentora, a verdade que liberta e santifica. Como a vida, Jesus é aquele que tem vida em si mesmo, é a fonte e o doador da vida, aquele que veio para que tenhamos vida em abundância. Sem Cristo, não pode haver nenhuma verdade redentora, nenhuma vida eterna; portanto, nenhum caminho para o Pai.

 

3. Uma promessa gloriosa. A partida de Jesus é para o bem dos discípulos. João 14.2, moradas, literalmente lugares de moradia, cômodos ou mesmo apartamentos (em termos atuais). Estes se encontram na grande "casa de meu Pai". A partida de Jesus seria em benefício dos discípulos, pois ele estava indo preparar-lhes um lar celeste, e retornará para levá-los consigo para que fiquem com ele. Essa é uma das passagens que apontam para o arrebatamento dos santos no fim dos tempos, quando Cristo retornará. As características dessa descrição não retratam Cristo vindo à terra com os santos para estabelecer o seu reino (Ap 19.11 -15), mas levando os crentes da terra para viverem no céu. Desde que aqui não é descrito o castigo dos não crentes, esse não é o acontecimento do seu retorno em glória e poder para destruir os ímpios (cf. Mt 13.36-43,47-50). Pelo contrário, descreve a sua vinda para reunir os seus que estão vivos e res suscitar os corpos dos mortos a fim de levar todos para o céu. Esse arrebatamento também é descrito em 1Co 15.51-34; 1Ts 4.13-18.

Depois de ser arrebatada, a igreja celebrará a ceia das bodas (Ap 19.7-10), será recompensada (1 Co 3.10-15; 4.5; 2Co 5.9-10) e, mais tarde, retomará à terra com Cristo, quando ele virá novamente para estabelecer o seu reino (Ap 19.11—20.6).

 

Quando Jesus fala de ir preparar lugar, não se trata de ele entrar em cena e, depois, começar a preparar o terreno; ao contrário, no contexto da teologia joanina, é o próprio ato de ir, via cruz e ressurreição, que prepara o lugar para os discípulos. O céu é onde se encontra o trono de Deus. Lá estão as hostes de anjos e a incontável assembleia dos santos glorificados. O céu é a nossa pátria. Lá está o nosso tesouro, o nosso galardão, a nossa herança incorruptível. No céu, Deus enxugará as nossas lágrimas. No céu, entoaremos um novo cântico ao Cordeiro pelos séculos dos séculos. Os filhos de Deus estarão lá. Se o céu é a casa do Pai, significa que o céu é o nosso lar.

II. DÚVIDAS, INCERTEZAS E ENGANOS NO CAMINHO COM CRISTO

 

1. A dúvida de Tomé. Em João 14:5, Tomé pergunta: “Senhor, não sabemos para onde vais; como então podemos saber o caminho?”. Essa pergunta revela a sinceridade de um coração que, embora ame profundamente a Jesus, ainda luta para compreender plenamente os caminhos de Deus. Esse momento é precioso porque nos mostra que até mesmo discípulos fiéis e corajosos, como Tomé — que mais tarde arriscaria a vida para anunciar o Evangelho — podem ter dúvidas em sua caminhada com Cristo. Ter dúvidas não significa falta de fé, mas sim um desejo honesto de entender melhor e caminhar mais perto de Jesus. A fé cristã não é feita de certezas automáticas, mas de uma confiança que cresce mesmo em meio às incertezas. O amor verdadeiro por Cristo inclui momentos de questionamento, pois eles nos impulsionam a buscar respostas mais profundas e nos aproximam ainda mais d'Ele. Jesus, em resposta à dúvida de Tomé, não o repreende, mas se revela como o “caminho, a verdade e a vida”, mostrando que a resposta às nossas dúvidas está sempre n’Ele.

 

2. As incertezas de Pedro e Filipe. No momento cm que se sentiam perplexos por causa da partida de Jesus, este os consolou com o meio que lhes proporcionaria os recursos necessários para realizarem a obra, sem a presença imediata dele da qual se haviam tornado dependentes. Pedir "em nome" de Jesus não significa anexar uma expressão no final da oração como simples fórmula. Significa que:

            1) a oração do crente deve servir aos propósitos e ao reino de Cristo, não a interesses egoístas;

            2) a oração do crente deve ser feita com base nos méritos de Cristo, não nos méritos ou dignidade pessoais; e

            3) a oração do crente deve visar somente à glória de Cristo.

As incertezas de Pedro e Filipe, dentro do contexto bíblico, referem-se a momentos em que estes discípulos de Jesus demonstraram dúvidas, hesitações ou falta de compreensão sobre certos aspectos da missão e natureza de Jesus. Embora Pedro tenha um momento de clareza e confissão de fé (a "Confissão de Pedro"), também demonstra incertezas em outros episódios. Filipe, por sua vez, também tem momentos de incerteza, como quando questiona a possibilidade de Jesus alimentar uma multidão com poucos pães e peixes. Em Mateus 16, Pedro confessa que Jesus é o Cristo, o Filho do Deus vivo, demonstrando um momento de grande fé e compreensão. No entanto, Pedro também demonstra incertezas.

Em Mateus 14, quando Jesus anda sobre as águas, Pedro tenta fazer o mesmo, mas cai no mar por causa da sua dúvida e medo. Outro exemplo de incerteza de Pedro é a sua negociação de Jesus em diversas ocasiões. A Pergunta sobre os Pães e Peixes: Em João 6, quando Jesus pergunta aos discípulos como alimentar uma grande multidão, Filipe demonstra incerteza e sugere comprar pão para todos, demonstrando uma falta de fé na provisão divina.

Em João 14, Filipe pede a Jesus para mostrar o Pai, demonstrando uma falta de compreensão sobre a natureza de Deus e a relação de Jesus com Ele. As incertezas de Pedro e Filipe, apesar de serem momentos de dúvida e hesitação, também são oportunidades para que Jesus revele verdades profundas sobre sua missão e sua natureza. Através dessas incertezas, Jesus ensina aos seus discípulos sobre a importância da fé, da confiança e da busca por um conhecimento mais profundo.

 

3. O engano de Judas Iscariotes. A traição de Judas Iscariotes a Jesus é um dos episódios mais marcantes e trágicos dos Evangelhos, e seus motivos têm sido amplamente discutidos ao longo da história cristã. A Bíblia sugere alguns fatores que podem ter contribuído para essa decisão. Um dos motivos aparentes é a **cobiça**.

Em João 12:6, é dito que Judas, responsável pela bolsa do grupo, era ladrão e costumava tirar o que nela se colocava. Sua decisão de entregar Jesus por trinta moedas de prata (Mateus 26:14-16) pode refletir um coração apegado ao dinheiro, mais do que à missão do Mestre. Outro possível motivo é a **desilusão pessoal**. Judas pode ter esperado um Messias político, que libertaria Israel do domínio romano. Ao perceber que Jesus não seguia essa expectativa — pregando um Reino espiritual e não uma revolução —, Judas talvez tenha se sentido frustrado e traído em suas próprias ambições. Além disso, o texto de João 13:27 menciona que “Satanás entrou em Judas”, o que indica uma dimensão espiritual mais profunda: sua escolha abriu espaço para a influência maligna, mostrando que a negligência espiritual e o endurecimento do coração podem levar a consequências devastadoras. Em suma, Judas não traiu Jesus por um único motivo isolado, mas por uma combinação de ambição, frustração, fragilidade espiritual e falta de arrependimento verdadeiro. Sua história serve como um alerta para todos nós: mesmo estando próximos de Jesus externamente, é essencial manter um coração sincero, vigilante e verdadeiramente comprometido com Ele.

III. CAMINHO, VERDADE E VIDA

 

1. “Eu Sou o Caminho.” O nome que Deus dá a Moisés – “EU SOU O QUE SOU” – é uma revelação da total e completa suficiência de Deus em si mesmo. É uma revelação da asseidade de Deus. Somente ele é dele mesmo (a se). Deus, e somente Deus, não depende de nada. E isso significa, para Moisés e para Israel, que Deus não é dependente da cooperação de Faraó para realizar o que ele prometeu. Esse nome de Deus – “Eu Sou” – é a forma raiz do nome Yahweh. Esse nome nos é dado no Antigo Testamento para que nossas mentes possam ser repletas de admiração conforme a essência incompreensível de Deus é mencionada. Tal “essência incompreensível”, dada no nome Yahweh, é mencionada mais de 5 mil vezes no Antigo Testamento.

 

Em Êxodo 3, portanto, Deus identifica a si mesmo de duas maneiras. Ele diz a Moisés que é o Deus da aliança, que está com o povo dele, e que ele é o Deus que existe em si mesmo, o qual não precisa de nada a fim de ser quem é e de fazer o que ele planeja fazer. Jesus, em resposta à pergunta dos fariseus "Quem você pensa que é?" disse: "‘Abraão, pai de vocês, regozijou-se porque veria o meu dia; ele o viu e alegrou-se'. Os judeus perguntaram: 'Você ainda não tem cinquenta anos, e viu Abraão?'

Jesus respondeu: ‘Eu lhes afirmo que antes de Abraão nascer, Eu Sou!’" A reação violenta dos judeus à afirmação "EU SOU" de Jesus indica que compreenderam claramente o que Jesus estava declarando -- Ele estava igualando-se a Deus ao usar o mesmo título “EU SOU” que Deus dera a Si mesmo em Êxodo 3:14. Se Jesus tivesse querendo dizer apenas que já existia antes do tempo de Abraão, Ele teria dito: "Antes de Abraão, eu era." As palavras gregas traduzidas como "nascer" no caso de Abraão e "sou" no caso de Jesus são bastante diferentes. As palavras escolhidas pelo Espírito deixam claro que Abraão foi "trazido à existência", mas que Jesus existia eternamente (João 1:1).

 

Não há dúvida de que os judeus entenderam o que Ele estava dizendo porque pegaram pedras para matá-lo por clamar-se igual a Deus (João 5:18). Tal declaração, se não fosse verdade, era uma blasfêmia e a punição prescrita pela lei mosaica era a morte (Levítico 24:11-14).

 

No entanto, Jesus não cometeu blasfêmia; Ele era e é Deus, a segunda Pessoa da Trindade, igual ao Pai em todos os sentidos. Jesus usou o mesmo termo "EU SOU" em sete declarações sobre Si mesmo. Em todas as sete, Ele combina EU SOU com metáforas que expressam a Sua imensa relação de salvação com o mundo.

 

Todas aparecem no livro de João: EU SOU o Pão da vida (João 6:35, 1, 48, 51); EU SOU a Luz do mundo (João 8:12); EU SOU a porta das ovelhas (João 10:7,9); EU SOU o Bom Pastor (João 10:11, 14); EU SOU a Ressurreição e a Vida (João 11:25); EU SOU o Caminho, a Verdade e a Vida (João 14:6) e EU SOU a videira verdadeira (João 15: 1,5).

 

2. “Eu Sou a Verdade.” A fala de Jesus “Eu sou [...] a verdade” (João 14:6) e a pergunta de Pilatos “O que é a verdade?” (João 18:38) formam um contraste profundo e revelador dentro do Evangelho de João, que enfatiza a revelação de Deus em Cristo. Quando Jesus afirma “Eu sou a verdade”, Ele não está apenas dizendo que fala a verdade ou que ensina a verdade — mas que Ele é a própria personificação da verdade divina. No contexto bíblico, “verdade” (do grego alētheia) tem o sentido de realidade última, fidelidade e revelação do que é eterno e absoluto. Jesus se apresenta como a plena revelação de Deus ao mundo (cf. João 1:14), sendo o critério pelo qual toda verdade deve ser medida. Por outro lado, a pergunta de Pilatos — “O que é a verdade?” — carrega um tom cético e talvez até indiferente.

Diante da Verdade encarnada, Pilatos não reconhece quem está diante dele. Sua pergunta ecoa a busca filosófica do mundo antigo (e contemporâneo), que tenta definir a verdade em termos abstratos, relativos ou políticos, muitas vezes sem disposição para se submeter a ela. O contraste é claro: enquanto Pilatos busca (ou finge buscar) uma definição, Jesus oferece uma pessoa. A verdade que os seres humanos necessitam conhecer não é uma ideia, um sistema ou uma doutrina isolada, mas uma relação com Cristo. Ele é a verdade que revela o caráter de Deus, a condição do ser humano e o caminho para a vida eterna. Assim, o texto nos convida a sair da especulação fria de Pilatos e a entrar no relacionamento transformador com Aquele que é “o caminho, a verdade e a vida”. Conhecer a verdade, nesse sentido, é conhecer Jesus — e ser libertado por Ele (João 8:32).

 

3. “Eu Sou a Vida.” O Eu sou (ego eimi) é aqui usado como uma metáfora, simultaneamente identificando Jesus com a divindade' e como a satisfação para as necessidades básicas do homem. Sem o Caminho, não há como ir; sem a Verdade, não há o que saber; sem a Vida, não há o que viver. Eu sou o Caminho que deveis seguir; a Verdade que deveis crer; a Vida pela qual deveis ter esperança. Eu sou o Caminho inviolável, a Verdade infalível, a Vida sem fim. Eu sou o Caminho que é o mais reto, a Verdade que é a mais elevada, a Vida que é verdadeira, a Vida abençoada, a Vida não criada. Se permanecerdes no meu Caminho, conhecereis a Verdade, e a Verdade vos libertará, e tomareis posse da vida eterna. Desde a eternidade, o Filho tem o direito de dar vida (Jo 1.4). A distinção envolve a divindade de Jesus versus sua encarnação. Ao tornar-se humano, Jesus voluntariamente pôs de lado o exercício independente dos atributos e das suas prerrogativas divinas (Fp 2.6-11}. Aqui Jesus afirma que, mesmo em sua humanidade, o Pai lhe concedeu "ter vida em si mesmo", ou seja, o poder da ressurreição.

CONCLUSÃO

Jesus expôs em uma linguagem simples que as obras são secundárias, e que a fé nele por quem Ele é, e não apenas pelo que Ele faz, vem em primeiro lugar. coração turbado é a coisa mais comum no mundo. Esse problema atinge pessoas de todos os estratos sociais, de todos os credos religiosos e de todas as faixas etárias. Nenhuma tranca consegue manter fora de nossa vida essa dor. Um coração pode ficar turbado pelas pressões que vêm de fora ou pelos temores que vêm de dentro.

Até mesmo os cristãos mais consagrados precisam beber muitos cálices amargos entre a graça e a glória.