26 de fevereiro de 2013

ELIAS NO MONTE DA TRANSFIGURAÇÃO


ELIAS NO MONTE DA TRANSFIGURAÇÃO

TEXTO ÁUREO = “E [Jesus] transfigurou-se diante deles; e o seu rosto resplandeceu como o sol, e as suas vestes se tornaram brancas como a luz. Elias que lhes apareceram Moisés e Elias, falando com ele’ (Mt 1 7.2,3).

VERDADE PRÁTICA = O aparecimento de Moisés e Elias no Monte da Transfiguração é um testemunho de que a Lei e os Profetas cumprem-se em Cristo, o Messias prometido.
LEITURA BIBLICA = Mateus 17: 1-8

INTRODUÇÃO

Elias no Monte da Transfiguração

O relato sobre a transfiguração, conforme narrado nos evangelhos sinóticos é um dos mais emblemáticos do Novo Testamento (Mt 17.1-13; Mc 9.2-8; Lc 9.28-36). Além do nome de Moisés, o texto põe em evidência também o nome de Elias.Todavia diferentemente dos outros textos até aqui estudados, Elias não aparece como a figura central, mas como uma figura secundária! O centro é deslocado do profeta de Tisbe para o Profeta de Nazaré. Jesus, e não mais Elias, é o centro da revelação bíblica. Moisés, Elias, Pedro, Tiago e João, também nominados nesse texto aparecem como figurantes numa cena onde
Cristo, o Messias prometido, é a figura principal.

Antes de uma análise puramente exegética e teológica da passagem de
Marcos 9.2-29, quero compartilhar o seu lado devocional que muito tem me edificado. Resolvi estender a leitura do capítulo 9 do Evangelho de Marcos até o versículo 29, incluindo o episódio da libertação de um jovem possesso, porque uma leitura paralela do Evangelho de Lucas (Lc 9.28-43) revela que a libertação dele aconteceu “no dia seguinte, quando eles desceram do monte” (Lc 9.37). Em outras palavras, os eventos da transfiguração e da libertação do jovem lunático, ocorreram dentro da mesma sequência dos fatos ali narrados.

Pois bem, a pergunta chave que aparece logo após ter ocorrido a libertação do jovem lunático e, portanto, após o evento da Transfiguração é: “Porque nós não pudemos expulsá-lo?” (Mc 9.28).

Acredito que essa é uma das perguntas mais pertinentes para o atual momento em que vive a igreja evangélica brasileira. Essa pergunta poderia ser feita de uma outra forma e ainda assim o seu sentido seria o mesmo:


“Qual a causa de nossa ineficiência?” Por que estamos crescendo numericamente, mas ainda assim padecemos de um cristianismo fraco e que pouco tem salgado a sociedade? Qual a razão de nosso caos teológico? São perguntas que demandam uma resposta.

Se olharmos com cuidado para o que revela o texto de Marcos 9.2- 29, observaremos algumas características do cristianismo transfigurado, isto é, que brilha. Quais, pois, seriam essas características desse cristianismo que brilha? Aqui vão algumas delas:

1. Ele escala montes “dias depois, tomou Jesus consigo a Pedro, Tiago e João e levou-os sós, à parte, a um alto monte” (Mc 9.2). E interessante observarmos que os outros discípulos, nove deles, haviam ficado embaixo, pois, o Senhor Jesus levou consigo somente a Pedro, Tiago e João (v.2). Os outros haviam ficado embaixo, não subiram o monte. Quem não sobe o Monte não terá vitória nas lutas espirituais. Escrevi sobre isso quando tratei sobre a vida do patriarca Abraão: “Vai-te a terra de Moriá” (Gn 22.1). Deus mandou Abraão subir o monte Moriá! Ninguém será abençoado sem escalar o monte! É necessário subir o Moriá de Deus e encontrar a bênção no seu cimo.

Hoje está na moda subir o “monte” como um lugar místico em busca da bênção! Mas a Escritura mostra que como princípio, subir o monte está associado à necessidade de se buscar ou subir até a presença de Deus e não a geografia de um lugar (Jo 4.20-24). O monte pode ser o nosso quarto ou o templo da igreja ou ainda qualquer outro lugar (Mt 6.6; At 16.13,16). Quem ora hoje no monte Sinai, monte Moriá ou mesmo em Jerusalém não leva nenhuma vantagem sobre quem, por exemplo, ora numa pequena cidade do sertão nordestino ou na grande São Paulo. A geografia não é mais importante e sim a esfera e a atitude na qual a oração acontece, isto é, no Espírito (Ef 6.18; 1 Tm 4.7).

2. Ele é metamorfoseado — “Foi transfigurado diante deles” (v.2). A palavra traduzida em português como “transfigurado” corresponde ao vocábulo grego metemorphôté, que é o aoristo passivo de metamorphóô? Esse mesmo vocábulo é usado pelo apóstolo Paulo em Romanos 12.1,2: “Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”.

O expositor bíblico William Barclay em seu comentário da Epístola aos Romanos, observa que: “Não devemos adotar as formas do mundo; sem transformar-nos, quer dizer, adquirir uma nova maneira de viver.
Para expressar esta verdade Paulo usa duas palavras gregas quase intraduzíveis, que requerem uma frase para transmitir seu sentido. A palavra que usa para amoldar-nos ao mundo é syschematizesthai, da raiz schema—de onde vem a palavra portuguesa e quase internacional schema —, que quer dizer forma exterior que muda de ano em ano e quase de dia a dia. O schema de uma pessoa não é o mesmo quando tem 17 anos e quando tem 70; nem quando sai do trabalho e quando está numa festa. Está mudando constantemente. E como se Paulo dissesse: Não cuideis de estar sempre em dia com todos os modismos deste mundo; não sejais ‘camaleões’, tomando sempre a cor do ambiente”.

Por outro lado, continua Barclay em sua análise: “A palavra que (Paulo) usa para transformai-vos de uma maneira distinta da palavra do mundo é metamorphusthai, da raiz morfê, que quer dizer a natureza essencial e inalterável de algo. Uma pessoa não tem o mesmo schema aos 17 e aos 70 anos, todavia possui a mesma morphè (essência); o macacão não tem o mesmo schema do vestido de uma cerimônia, mas possui a mesma morphè, muda seu aspecto exterior; pelo que segue sendo a mesma pessoa.

Assim, disse Paulo, para dar culto e servir a Deus temos que experimentar uma mudança, não de aspecto, senão de personalidade. Em que consiste essa mudança? Paulo diria que, por nós mesmos, vivíamos kata sarka (segundo a carne), dominados pela natureza humana em seu nível mais baixo; em Cristo vivemos kata Christon (segundo Cristo) ou kata Pneuma fsegundo o Espírito), sob o controle de Cristo e do Espírito. O cristão é uma pessoa que mudou em sua essência: agora vive, não uma vida egocêntrica, senão cristo cêntrica.

Isto deve ocorrer, diz Paulo, pela renovação da mentalidade. A palavra que ele emprega para renovação é anakainosis. No grego há duas palavras para novo: neós e kainós. Neós se refere ao tempo, e kainós ao caráter e a natureza. Um lápis recém fabricado é neós; mas uma pessoa que era antes pecadora e agora e está chegando a ser santa é kainós.

Quando Cristo entra na vida de um homem, este é um novo homem; tem uma mentalidade diferente, porque tem a mente de Cristo.”

3. Ele é fundamentado na Palavra de Deus — ‘E apareceu-lhes Elias com Moisés” (v.4). Todos os intérpretes entendem que os nomes “Elias” e “Moisés” representam figuradamente a Palavra de Deus. Elias representa os profetas enquanto Moisés, a Lei. O cristianismo deixa de ser autêntico quando se distancia da palavra de Deus. Em outro livro de minha autoria, escrevi: Uma igreja modelo possui como fundamento a Palavra e o Espírito. Somente o Espírito sem a Palavra de Deus incorre-se em fanatismo; todavia a Palavra sem o Espírito não passa de ortodoxia morta.
O correto é termos o equilíbrio entre a Palavra e o Espírito. O principal mal do pentecostalismo contemporâneo é essa falta de equilíbrio entre a Palavra e o Espírito. Como vimos um carismatismo sem fundamento bíblico transforma-se em desvios, modismos, inovações, desvios doutrinários evoluindo para doutrinas heréticas.

4. Ele promove espanto — ‘Pois não sabiam o que dizia, porque estavam assombrados (v.6). Uma das tragédias do cristianismo hodierno é que ele não promove mais espanto! Um grande número de cristãos parece ter se acostumado com uma vida religiosa onde nada mais é novo. Não há espanto algum! Mas experimentar espanto diante do sagrado é um fenômeno presente nas religiões.

Mircea Elliade (2008, pp.16,17) destaca que o homem “descobre o sentimento de pavor diante do sagrado, diante desse mysterium tremendum, dessa majestas que exala uma superioridade esmagadora de poder; encontra o temor religioso diante do mysterium fascinans, em que se expande a perfeita plenitude do ser.”

Esse espanto diante do sagrado, do totalmente outro, nós encontramos no relato da Pesca Maravilhosa (Lc 5.1-11. Quando Pedro viu o que ocorrera, prostrou-se aos pés do Senhor e exclamou: “Retira-te de mim, porque sou pecador” (v.8). E o texto ainda diz que a admiração apoderou-se de seus companheiros! (v.9). Esse é um cristianismo que promove espanto! Que causa admiração!

5. Ele possui imanência ‘Saiu da nuvem uma voz que dizia: Este é o meu filho amado; a ele ouvi”(v.7). O cristianismo bíblico é transcendente, isto é, Deus é totalmente outro e não pode ser confundido com suas criaturas. Todavia ele possui também imanência. Não está solto em um universo metafísico onde a realidade espiritual é algo inatingível. Não, o nosso Deus se faz presente no nosso dia a dia (SI 46.1). Ele possui voz, portanto, possui a faculdade da fala. Não é mudo! É bom sabermos que quando oramos não estamos presos em um monólogo, mas estamos nos relacionando com um Deus que também fala.

6. Ele não faz publicidade “E, descendo eles do monte, ordenou-lhes que a ninguém contassem o que tinham visto” (v.9). Isso me chama a atenção, pois quem não gostaria de noticiar um feito desses? O cristianismo midiático de hoje faz isso o dia todo. Gosta de ser visto, admirado e paparicado. È exibicionista! Todavia o cristianismo bíblico não faz propaganda, mas é visto. E visto porque é uma obra do Espírito Santo e não do homem. O cristianismo da mídia gosta de números, de multidões e de muito dinheiro. Mas é um cristianismo pobre!

7. Ele tem ressurreição, mas também tem morte — “E eles retiveram o caso entre si, perguntando uns aos outros que seria aquilo, ressuscitar dos mortos (...) E, respondendo ele, disse-lhes: Em verdade Elias virá primeiro, e todas as coisas restaurará; e como está escrito do filho do homem, que ele deva padecer muito e ser aviltado” (v.10,12).

O cristianismo bíblico possui ressurreição, mas também possui morte! O texto de Lucas 9.31, que é paralelo a esse e diz: “os quais apareceram com glória, e falavam da sua morte, a qual havia de cumprir-se em Jerusalém.’’Hoje se fala muito cm “vitória”, mas nada de morte. O cristianismo contemporâneo tem pavor da morte! Não quer morrer, mas não tem vida! Só há ressurreição se houver morte! Precisamos morrer para que possamos viver.

8. Ele tem consciência escatológica — ‘E interrogaram-no, dizendo: por que dizem os escribas que é necessário que Elias venha primeiro?” (v. 11). O cristianismo bíblico possui um forte apelo escatológico, pois não é imediatista e preso a esta era.

Ele tem seu olhar no futuro! Crer na parousia do Senhor. Ele sabe que tudo aqui é efêmero, como a neblina que se dispersa! Em meu livro: Rastros de Fogo, escrevi: “É falso qualquer suposto movimento espiritual que alega ser herdeiro do avivamento bíblico, mas que possui uma visão escatológica deformada ou mutilada. Os autênticos movimentos de avivamento ao longo da história da igreja foram logo reconhecidos como tal porque possuíam um entendimento correto da escatologia bíblica. No atual pentecostalismo observa-se um distanciamento cada vez mais crescente da escatologia bíblica. E a pregação do imediatismo, do ineditismo e mercantilismo que tem reinado nesses últimos anos no carismatismo contemporâneo”.7

9. Não pode ser resumido a um simples debate teológico “E, quando se aproximou dos discípulos, viu ao redor deles grande multidão, e alguns escribas disputavam com eles”. Quando a fé cristã se resume a uma simples controvérsia teológica, então ela perdeu sua essência. O cristianismo bíblico não pode ser resumido a um mero debate de ideias. Há muita “teologia” sendo debatida por ai, mas são debates estéreis que não promovem a verdadeira edificação. Ela se resume na sua maioria a um confronto ideológico entre confissões religiosas. 

Cristianismo é vida, é Espírito, é a Palavra de Deus. O texto mostra que os discípulos que ficaram no vale se limitaram a debater com os escribas, e pelo visto estavam em desvantagem. Os escribas eram bons de debates teológicos, mas ineficientes em promover uma fé viva no povo. A teologia não deve servir apenas como alimento do intelecto, mas também da alma. O Senhor Jesus afirmou que “Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus” (Mt 4.4).

10. Ele não se resume a um produto cultural “Ó geração incrédula!
Até quando estarei convosco? Até quando vos sofrerei ainda? (v. 19).
Entendo que o termo “geração” aqui pode ser traduzido como cultura.
Por que as pessoas daquela cultura eram tão incrédulas? Não foi aquela geração a escolhida por Deus para ver a manifestação do Messias (G1 4.4)? Parece que os discípulos estavam também influenciados por aquela cultura incrédula e por isso apresentaram dificuldade em se render diante do sobrenatural de Deus. Precisavam viver à sombra do Senhor, quando o Senhor cobrou deles a responsabilidade por aquele momento. Eram eles que deveriam ter expelido aquele demônio e não ficarem ineficientes diante da ação do mal. Será que a cultura contemporânea também não tem moldado a fé e o comportamento de muitos cristãos?

11. Ele não pode ser resumido a fórmulas — ‘Por que não pudemos nós expulsá-lo?” (v.28). Eles estavam atônitos diante do fracasso! Essa pergunta ganha o sentido: “Por que a nossa fórmula não funcionou?” Não é que eles não tivessem tentado, porque o texto deixa claro que os discípulos tentaram expelir esse espírito, mas não conseguiram. “Roguei aos teus discípulos que o expelissem, e eles não puderam” (v. 18). Não tenho dúvidas que eles se valeram dos métodos e fórmulas aprendidas, mas nada aconteceu! O próprio Senhor dissera que os demônios são expulsos não pelo uso de uma técnica ou fórmula, mas pelo poder do Espírito Santo (Mt 12.28). Um cristianismo preso a formulas ou métodos fracassará!

12. Ele é relacional ‘Esta casta não pode sair senão por meio de oração [e jejum] (v.29). Já dissemos que o cristianismo bíblico não se prende a fórmulas, por quê? Porque ele é relacional, isto é, se fundamenta em relacionamentos. A fé cristã é construída pela comunhão com Deus! De nada adianta fórmulas, técnicas, recursos de marketing, se não houver relacionamentos! Deus quer que seus filhos se relacionem com ele e então a vida vitoriosa tão almejada chegará.

Vejamos agora uma análise mais exegética dessa passagem para descobrirmos a relação que Elias, o profeta de Tisbe, possui com Jesus de Nazaré, o Messias de Deus.

Elias, o Messias e a transfiguração

Metamorfose = O texto sagrado relata que tão logo subiram ao Monte, Jesus foi “transfigurado diante deles; o seu rosto resplandecia como o sol, e as suas vestes tornaram-se brancas como a luz”. (Mt 17.2). Como já disse, a palavra transfigurar, traduz o termo grego metamorfose. Mantém o sentido de mudança de aparência ou forma, mas não mudança de essência. A transfiguração não transformou Jesus em Deus, mas mostrou aos discípulos aquilo que ele fora o tempo todo: o verbo encarnado (Jo 1.1; 17.1-5).
Os discípulos observaram que o seu rosto brilhou como o sol (Mt 17.2).

O texto revela também que suas vestes resplandeceram (Mt 17.2). Esses fatos põem em evidência a identidade do Messias, o filho de Deus.

Shekiná = Mateus detalha que durante a transfiguração “uma nuvem luminosa os envolveu” (Mt 17.5). E relevante o fato de que Mateus, que escreveu o seu evangelho para judeus, quer por em evidência o fato de que Jesus é o Messias anunciado e isso pode ser visto na manifestação da nuvem luminosa. No Antigo Testamento essa nuvem recebe o nome de shekiná, e relacionada com a manifestação da presença de Deus (Ex 14.19,20; 24.15-17; 1 Rs 8.10, 11; Ez 1.4; 10.4). Tanto Moisés como Elias, quando estiveram no Sinai, presenciaram a manifestação dessa glória. Todavia não como agora os discípulos estavam vivenciando (Ex 19; 24; 1 Rs 19). Donald Carson, em seu comentário ao Evangelho de Mateus, destaca que: “A “nuvem” é associada, no Antigo Testamento e no judaísmo interbíblico, com a escatologia (SI 97.2; Is 4.5; Ez 30.3; Dn 7.13; Sf 1.15; cf. 2 Baruc 53.1-12; 4 Ed 1.3; 2 Mac 2.8; b Sanhedrin 98a; cf Lc 21.27; 1 Ts 4.17) e com o Êxodo (Êx 13.21,22; 16.10; 19.16; 24.15-18; 40.34-38). Dos sinóticos, só Mateus diz que a nuvem era “resplandecente”, detalhe que lembra a glória shekiná *

Elias, o Messias e a restauração

Tipologia = No evento da transfiguração observamos que o texto destaca os nomes de Moisés e Elias (Mt 17.3). Há um entendimento na igreja cristã que Moisés prefigura a Lei enquanto Elias, os profetas. E perceptível nessa passagem que Moisés aparece como uma figura tipológica. De fato, Mateus procura mostrar isso quando põe em evidência o próprio Deus falando aqui: “A Ele ouvi” (Mt 17.5). Moisés pronunciou exatamente estas palavras citadas nesse texto quando se referia ao Profeta que viria depois dele: “O S e n h o r , teu Deus, te suscitará um profeta do meio de ti, de teus irmãos, semelhante a mim; a ele ouvirás” (Dt 18.15).

A transfiguração revela que Moisés tem seu tipo revelado em Jesus de Nazaré e que toda a lei apontava para Ele.

Escatologia = Enquanto Moisés ocupa um papel tipológico no evento da transfiguração, Elias aparece em um contexto escatológico. O texto de Malaquias 4.5,6 apresenta Elias como o precursor do Messias vindouro. O Novo Testamento aplica a João, o Batista, o cumprimento dessa Escritura: “E irá adiante do Senhor no espírito e poder de Elias, para converter o coração dos pais aos filhos, converter os desobedientes à prudência dos justos e habilitar para o Senhor um povo preparado” (Lc 1.17; Mt 11.14). Assim como Elias, João foi um profeta de confronto (Mt 3.7); um profeta ousado (Lc 3. 1-14) e um profeta rejeitado (Mt 11.18). A presença do Batista, o Elias que havia de vir, era uma clara demonstração da messiandade de Jesus.
Elias, o Messias e a rejeição

O Messias esperado = Tanto os rabinos como o povo comum sabiam que antes do advento do Messias, Elias apareceria (Ml 4.5,6; Mt 17.10; 16.14). O relato de Mateus sugere que os escribas não reconheceram a Jesus como o Messias porque faltava um sinal que para eles era determinante — o aparecimento de Elias antes da manifestação do Messias (Mt 17.10). Como Jesus poderia ser o Messias se Elias ainda não viera? Jesus revela então que nenhum evento no programa profético deixara de ter o seu cumprimento. Elias já viera e os fatos demonstravam isso. Elias havia sido um profeta do deserto, João também o foi; Elias pregou em um período de transição, João prega na transição entre as duas Alianças; Elias confrontou reis (1 Rs 17.1,2; 2 Rs 1.1-4), João da mesma forma (Mt 14.1-4). Mais uma vez ficara claro:
João era o Elias que havia de vir e Jesus era o Messias.

O Messias rejeitado = O texto de Mateus 17.1-8, narrando o episódio da transfiguração inicia-se com a sentença: “Seis dias depois” (Mt 17.1). O texto coloca a transfiguração num contexto onde uma sequência de fatos devem ser observados. Os eruditos observam que “seis dias” é uma outra forma de dizer: “uma semana depois”. De fato o texto paralelo de Lucas fala de “oito dias”, isto é, uma semana depois (Lc 9.28). O contexto, portanto, põe o evento no contexto da confissão de Pedro (Mt 16.13-20) e no discurso de Jesus sobre a necessidade de se tomar a cruz (Mt 16.24-28). O Messias revelado, portanto, em nada se assemelhava ao herói da crença popular. Pelo contrário, a sua mensagem, assim como a do Batista, não agradaria a muita gente e provocaria rejeição.

Elias, o Messias e a exaltação

Humilhação = Os intérpretes observam que havia uma preocupação dos discípulos sobre a relação do aparecimento de Elias e a manifestação do Messias. Esse fato é demonstrado na pergunta que eles fazem logo após descer o monte da transfiguração (Mt 17.10). Como D. A. Carson observa, o fato é que a profecia referente a Elias falava de “restaurar todas as coisas” (Mt 17.11) e os discípulos não entendiam como o Messias tanto esperado pudesse morrer em um contexto de restauração. Cristo corrige esse equívoco mostrando que a cruz faz parte do plano divino para restaurar todas as coisas (Mt 17.12; Lc 9.31; F1 2.1-11).9

Exaltação = Muito tempo depois desses acontecimentos da transfiguração, o apóstolo Pedro ainda lembra dos fatos ocorridos e os cita em relação à exaltação e glorificação de Jesus e também como prova da veracidade da mensagem da cruz:
“Porque não vos demos a conhecer o poder e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo seguindo fábulas engenhosamente inventadas, mas nós mesmos fomos testemunhas oculares da sua majestade, pois ele recebeu, da parte de
Deus Pai, honra e glória, quando pela Glória Excelsa lhe foi enviada a seguinte voz: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo (2 Pe 1.16,17).

Vimos, pois, que os eventos ocorridos durante a Transfiguração aconteceram para demonstrar que Jesus era de fato o Messias esperado e que tanto a Lei, tipificada aqui em Moisés, como os Profetas, representado no texto pela figura de Elias, apontavam para a revelação máxima de Deus o Cristo, Jesus. Esses personagens tão importantes no contexto bíblico não possuem glória própria, mas irradiam a glória proveniente do Filho de Deus. Ele, sim é o centro das Escrituras, do Universo e de todas as coisas (Cl 1.18,19; Hb 1.3; F12.10,11).



Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus 

BIBLIOGRAFIA

1 - GONÇALVES, José. A Prosperidade à Luz da Bíblia. Rio de Janeiro:
CPAD, 2012.

2 - K1TTEL, Gherard. Theological Dictionary of the New Testament . 10 volumes, Editor Eerdmans, USA.

3 - BARCLAY, William. Comentário Al Nuevo Testamento. 17 tomos em 1.Editorial CLIE, Barcelona, Espana.

4 - BARCLAY, William. Idem.

5 - GONÇALVES, José. Rastros de Fogo - o que diferencia o pentecostes bíblico do neopentecostalismo atual. Rio de janeiro: CPAD, 2012.

6 - ELIADE, Mircea. O Sagrado e o Profano. Editora Martins Fontes, 2008.

7 - GONÇALVES, José. Rastros de Fogo. Op.cit.

8 - CARSON, D. A. O Comentário de Mateus. São Paulo: Shedd Publicações, 2010.

9 - CARSON, D. A. O Comentário de Mateus. Idem.

10 - Livro Porção Dobrada - Casa Publicadora das Assembleias de Deus - José Gonçalves – 2012

21 de fevereiro de 2013

O LEGADO DE ELIAS


O LEGADO DE ELIAS – Ev. José Costa Junior


CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O assunto desta lição diz respeito ao legado deixado por Elias. A vida de­les estava repleta de adversidade, Jezabel constantemente tentava matá-lo. No entanto, cons­tatamos que, ao invés de detê-los, a adversidade o tornou mais forte. Ele foi instruí­do para se esconder no córrego Querite. Lá ele podia beber do riacho, e Deus ordenaria aos corvos para lhe trazerem comida. Noite após de noite, quando ele se deitava, po­dia ouvir a água que corre no riacho. Deve ter sido um som tranqüilizador ouvir a água. Porém, notou que cada noite que se deitava o som se tornava menor. Finalmen­te lemos que o riacho secou. Onde estava Elias? Continuava esperando em Deus. Deus não lhe dera ordens para partir. Se estivéssemos nos sapatos ou nas san­dálias de Elias, a maioria de nós provavelmente estaria cavando seu próprio poço. Não Elias. Ele depositou sua esperança em Deus.

Depois que o riacho secou, Deus lhe disse que fos­se até uma mulher viúva em Sarepta. Sarepta ficava na terra de onde viera Jezabel. Deus o estava enviando ao quintal de Jezabel. A mulher estava procurando esse ho­mem no mundo inteiro, e Deus o envia ao quintal dela. Que teste! Mas Elias vai. Era um homem de compromisso.

            Pessoas determinadas são pessoas de mente sin­gela. Pessoas com determinação são como o apóstolo Paulo, que disse: "Uma coisa eu faço." São gente com um objetivo, e esse alvo é a "glória de Deus": "É claro, irmãs e irmãos, que eu não penso que já consegui isso. Porém uma coisa eu faço: Esqueço aquilo que fica para trás e avanço para o que está na minha frente. Corro di­reto para a linha de chegada, a fim de conseguir o prê­mio da vitória. Esse prêmio é a nova vida para a qual Deus me chamou por meio de Cristo Jesus, Todos nós que somos espiritualmente maduros devemos ter essa maneira de pensar. Porém, se alguns de vocês pensam de maneira diferente, Deus vai tornar as coisas claras para vocês. Portanto, vamos em frente, na mesma dire­ção que temos seguido até agora" (Fp 3.13-16).

O objetivo deste estudo é trazer algumas informações, colhidas dentro da literatura evangélica, com a finalidade de ampliar a visão sobre o legado deixado por Elias. Não há nenhuma pretensão de esgotar o assunto ou de dogmatizá-lo, mas apenas trazer ao professor da EBD alguns elementos e ferramentas que poderão enriquecer sua aula.

O LONGO PERCURSO DE ELIAS

Mesmo um Elias, capaz de declarar tão fortemente que era um homem que permanecia diante do Senhor, estava em um dado momento tão desanimado e desencorajado, tão chocado pelos estranhos tratamentos de Deus com ele, que foi encontrado prostrado sob o zimbro.
Elias foi despertado abruptamente e avisado de que Jezabel estava a postos para tirar-lhe a vida. A esta altura seu cansaço, fome e tristeza se transformaram em temor. Apesar da vigorosa fé que o havia sustido nas horas anteriores do dia, Elias agora deu lugar a cego pânico e se dispôs a salvar-se a si mesmo. Fugiu para o deserto, abandonando seu posto do dever, tentando escapar das ameaças de Jezabel. Estava tão desanimado que acabou pedindo a morte, pensando ser o único que havia ficado em Israel fiel a Deus.

 Ele que tinha permanecido tão firme por tanto tempo, agora tinha caído. E por quê? Principalmente porque ele olhou ao seu redor para o resto do povo que estava todo caído em incredulidade e medo. Ninguém havia que se juntasse a ele em seu auxílio. Ele parece ter dado vez à autopiedade, pois reclamou ao Senhor: “Eu, tão somente eu, fui deixado” (IRe 19:10). Isto não era de fato verdade. Raramente é verdade que os servos de Deus estão tão sozinhos como lhes parece. Mas mesmo que tivesse sido verdade, esta não era razão para que Elias caísse com o resto deles. E não há razão pela qual devamos permitir que nossas dificuldades e aparente falta de apoio dos outros nos levem a cair. Sua casa é feita daqueles que sabem como permanecer em pé – se necessário, permanecer só.

Que contraste entre o temeroso e fugitivo Elias e o Elias do cume do monte Carmelo que bradou às multidões: "Até quando coxeareis entre dois pensamentos? Se o Senhor é Deus, segui-O." I Reis 18:21. “...era homem sujeito às mesmas paixões que nós. (Tg 5.17.)

Graças a Deus por isso! Ele deitou-se em baixo de um zimbro, como você e eu já fizemos tantas vezes; queixou-se e murmurou, como nós também fazemos tantas vezes; foi incrédulo, como tantas vezes temos sido. Mas, quando realmente tocou a Deus, não foi isso que aconteceu. Embora "homem sujeito às mesmas paixões que nós", "ele orou em oração". É interessante observar que o original não diz "fervorosamente", mas "ele orou em oração". Ele continuou orando. Qual a lição aqui? Precisamos continuar orando. Você sabe como orar dessa maneira, como orar em oração? Traga a vista as desanimadoras notícias que trouxer, não lhes dê atenção. O Deus vivo ainda está nos céus, e mesmo a demora é parte da Sua bondade. Descobrimos nesta passagem bíblica que Deus usa a adversidade para construir em nós o cará­ter que ele quer.
Deus ordenou a Elias que escolhesse Eliseu como seu ajudante e para que levasse a termo o ministério depois que partisse. Eliseu não foi encontrado na escola de profetas, estudando e meditando, mas trabalhando na lavoura (1 Rs 19.15, 16, 19).
           
ELIAS NA CASA DE ELISEU

            Elias, ao aproximar-se de Eliseu, não suplicou que este o acompanhasse, nem usou de sua autoridade profética forçando-o a entrar no ministério. Toda pessoa precisa calcular o preço e entrar no treinamento do discipulado voluntariamente. Percebe-se, pelo diálogo entre eles, que Elias não ligava se Eliseu quisesse continuar a arar a terra. Já que seria seu colaborador, Eliseu deveria aprender de forma voluntária (1 Rs 19.19-21).
Eliseu pagou um alto preço para seguir a Elias. Com a perversa rainha Jezabel aterrorizando o reino de Israel, não era uma época favorável para alguém se dispor a ser profeta de Deus ou associar-se a um deles. Se fosse consultar carne e sangue, Eliseu seria aconselhado a permanecer atrás do arado, cuidando da lavoura, o que afinal era mais seguro e lucrativo.

Eliseu, entretanto, estava ciente da tremenda riqueza espiritual a seu dispor, se gastasse tempo com o profeta de Deus. Assim, depois de quebrar o arado e matar os bois, seu ganha-pão — numa demonstração de entrega total —, seguiu a Elias (1 Rs 19.21). Para fazer o que? Servi-lo. Os que lideram, primeiro devem aprender a servir. Também é verdade que quando treinamos indivíduos temos de nos conscientizar de que devemos gastar horas com eles, conversando e associando-nos às atividades normais de seu dia-a-dia.

Ao estudarmos a forma associativa desses dois homens, descobrimos que Elias numa exigiu que Eliseu continuasse ao seu lado, Ao contrário, em três ocasiões, pediu que Eliseu reavaliasse seu relacionamento com ele e o deixasse, se assim o desejasse. Eliseu soube escolher. Tanto em Gilgal quanto em Betel e Jericó, Eliseu teve a oportunidade de desistir, mas decidiu permanecer ao lado de Elias (2 Rs 2.1-6).

Permanecer ao lado de Elias foi uma decisão irreversível. Ele calculara o preço e decidira que aquele era seu ministério. Portanto, ao escolher alguns homens e associar-se a eles no ministério, você deve deixá-los livres para que ouçam a Deus em várias questões; deve saber dimensionar o envolvimento que terá com eles e conscientizar-se de que os encontros entre vocês não deverão servir para seu benefício pessoal, mas sim para o deles.

ELIAS E O DISCIPULADO DE ELISEU
           
Elias defrontou-se de novo com Acabe, condenando-o e a Jezabel por assassinarem seu vizinho Nabote a fim de lhe tomarem a vinha. O rei enviou duas companhias de soldados para capturar o profeta, mas Elias invocou fogo do céu a fim de destruí-los. Uma vez mais ele declarou o destino do rei.

Logo depois disso, Elias e Eliseu saíram para um passeio, analisando os problemas que a nação enfrentava. Chegados ao Jordão, Elias dividiu as águas ferindo-as com o seu manto. Atravessaram com toda a calma, como se fora um prática cotidiana! Enquanto conversavam à margem do rio, um carro de fogo desceu do céu e arrebatou a Elias num redemoinho, e seu manto caiu sobre Eliseu.

Nada de errado existe em depender de Elias enquanto for Deus a deixá-lo consigo, mas lembre-se de que chegará a hora quando ele terá que partir, para deixar de ser seu guia e líder, porque Deus não quer mais que seja assim. Você dirá: "Não posso prosseguir sem Elias". E Deus lhe dirá que terá que fazê-lo mesmo assim.

Sozinho e abandonado nas margens do seu Jordão, v.14. O Jordão é símbolo de uma separação na qual não há comunhão com mais ninguém e onde não há mais ninguém que possa assumir essa responsabilidade por nós. 

Agora você tem que pôr à prova aquilo que aprendeu quando ainda estava com o seu Elias. Você já esteve junto do Jordão muitas vezes, mas com Elias; só que agora está ali sozinho. Não adianta dizer que não pode prosseguir; a hora da experiência chegou e você tem que seguir adiante. Se quiser uma prova de que Deus é o Deus que você crê que seja, então atravesse esse seu Jordão a sós desta vez.

Sozinho na sua Jericó v.15. Jericó é o lugar onde você viu o seu Elias fazer grandes coisas anteriormente. Mas assim que chega a Jericó, sente uma forte aversão em tomar a iniciativa por si próprio para confiar em Deus; quer que alguém o faça consigo. Se permanecer fiel ao que aprendeu com Elias, receberá o sinal de que Deus está deveras consigo também.

Sozinho na sua Betel v.23. Na sua Betel você vai descobrir que sua sabedoria chegou ao seu fim e irá achar ali a sabedoria de Deus. Quando você se vir sem saber o que fazer e estiver em vias de sucumbir e se entregar ao pânico, controle-se; permaneça fiel a Deus e ele manifestará a sua verdade de forma a tornar a sua própria vida uma bênção também. Ponha em prática o que aprendeu com o seu Elias, tome o manto dele e ore ardentemente. Decida-se a confiar em Deus e não mais porque Elias o fez.

O LEGADO DE ELIAS
           
            Venha ao cume do Carmelo e veja aquela admirável lição de fé e vista. O necessário agora não era a descida de fogo, mas de água; e o homem que pode ordenar a vinda de um, pode ordenar a vinda de outro, pelos mesmos meios e métodos. Lemos que ele se prostrou com o rosto entre os joelhos; isto é, fechou-se de tudo o que entrasse pela vista ou pelos ouvidos. Colocou-se numa posição em que, sob seu manto, não podia ver nem ouvir o que se passava em volta.
            E disse ao servo: "Sobe, e olha." O servo foi, voltou e disse: "Não há nada."
            Dizemos: "É exatamente como eu pensei!" e desistimos de orar. Foi o que Elias fez? Não, ele disse: "Volta." O servo voltou e veio outra vez, dizendo: "Nada!" "Volta." "Nada!"

            Mas uma vez ele voltou, dizendo: "Eis aqui uma pequena nuvem, como a mão de um homem". A mão de um homem estivera erguida numa súplica, e em breve caiu a chuva; e Acabe não teve tempo de voltar até à porta de Samaria com todos os seus rápidos cavalos. Eis uma lição de fé e vista — a fé, fechando-se a sós com Deus; a vista, observando e nada vendo, a fé, prosseguindo, e "orando em oração", ainda com as desesperançosas notícias da vista.

            Logo após isso nós vemos Elias em Querite, as margens de um pequeno rio. As semanas iam-se passando, e Elias com espírito alevantado e firme, ia observando aquela torrente diminuir; muitas vezes, por certo, foi tentado a vacilar por incredulidade, mas recusou-se a deixar que as circunstâncias se interpusessem entre ele e Deus. De fato, a incredulidade vê Deus através das circunstâncias, como nós às vezes vemos o sol despido de seus raios, através do ar esfumaçado; mas a fé põe Deus no meio, entre si e as circunstâncias, e olha para estas através dEle.

            Então, a torrente diminuiu até se tornar em um fio prateado; e o fio, em pequenas poças de água acumulada junto às pedras maiores. Depois, as poças também diminuíram. Os pássaros sumiram; os animais selvagens do campo e da floresta não vinham mais beber ali: a torrente estava seca. Só então foi que, ao seu espírito paciente e firme, "veio a palavra do Senhor, dizendo: Dispõe-te, e vai a Sarepta".

            Muitos de nós teríamos ficado preocupados e nos cansaríamos de fazer planos, já bem antes de o fato consumar-se. Teríamos parado de cantar, assim que diminuísse a música da torrente no seu leito; e dependurando a harpa no salgueiro, passaríamos a andar pensativos, de um lado para outro, sobre a relva seca. E provavelmente, muito antes de a torrente estar seca, já teríamos elaborado um plano de salvamento, pedido a bênção de Deus sobre ele, e partido para outro lugar.

            Às vezes, Deus tem que nos desembaraçar de certas situações; e Ele o faz, porque a Sua misericórdia dura para sempre; mas se tivéssemos esperado para ver o desenrolar dos Seus planos, não nos teríamos encontrado no meio de tão emaranhado labirinto; e não precisaríamos ter que voltar atrás com lágrimas de vergonha. Espere, espere pacientemente!
           
CONCLUSÃO

Também o preparo da nossa fé será incompleto se não entendermos que há uma providência na perda, um ministério na falha e enfraqueci­mento das coisas, uma dádiva no vazio. As inseguranças materiais da vida contribuem para a sua firmeza espiritual. A tênue corrente­za junto à qual Elias estava assentado e meditando, é uma figura da vida de cada um de nós. "E sucedeu que... o ribeiro se secou" — eis a história do nosso ontem e a profecia dos nossos amanhãs.
            De uma forma ou de outra, teremos que aprender a diferença entre confiar no dom e confiar no Doador. O dom pode ser bom por um tempo, mas o Doador é o Amor Eterno.

            Querite representava um sério problema para Elias, até que chegou a Sarepta. Então tudo ficou claro como o dia. As palavras duras de Deus nunca são Suas últimas palavras. Os ais, as perdas e as lágrimas da vida fazem parte do interlúdio, não do fim.

Se Elias tivesse sido levado diretamente a Sarepta, teria perdido uma experiência que ajudou a fazer dele um profeta mais sábio e um homem melhor. Junto a Querite ele viveu pela fé. E quando em nossa vida se secar algum ribeiro de recursos terrenos, aprendamos que a nossa esperança e socorro estão no Deus que fez o céu e a terra.

Concluindo, espero em DEUS ter contribuído para despertar o seu desejo de aprofundar-se em tão maravilhoso tema e ter lhe proporcionado oportunidade de agregar algum conhecimento sobre estes assuntos. Conseguindo, que a honra e glória seja dada ao SENHOR JESUS. 

EV.  JOSÉ COSTA JUNIOR