11 de junho de 2021

O PRESBÍTERO BISPO OU ANCIÃO

 

O PRESBÍTERO BISPO OU ANCIÃO

(Amados irmãos, farei este estudo da lição 11 um pouco mais “reduzido” por conta do meu trabalho, orem por mim).

 

Texto Áureo:

Por esta causa te deixei em Creta, para que pusesses em boa ordem as coisas que ainda restam e, de cidade em cidade, estabelecesses presbíteros, como te mandei:

Tito 1.5

 

Os escritos de Paulo a Timóteo e Tito são chamados de “Cartas Pastorais” (ou Epístolas Pastorais) porque estes escritos tratam de

assuntos relacionados com a ordem e o ministério da “Igreja”. Mas, como bem observou William Hendriksen (profundo estudioso do Novo Testamento), o termo “cartas pastorais” usado para referir-se a essas cartas endereçadas a Timóteo e Tito data da primeira parte do século 18 (ou seja, não eram chamadas de “Cartas Pastorais” nos tempos da “Igreja

primitiva”), mas, são muito oportunas e atuais.

Entende ainda o erudito escritor que o termo “pastorais” não é adequado, uma vez que Timóteo e Tito não eram pastores de igrejas locais, mas encarregados do Apóstolo Paulo para missões especiais nas igrejas.

Essas cartas são absolutamente oportunas e contemporâneas.

1 A Escolha dos Presbíteros

1.     Significado da função.

2.     A liderança local.

3.     As qualificações.

Vamos pormenorizar bem o termo “Presbítero” para uma melhor compreensão do termo.

Segundo Russel Norman Champlin, “Bispo” não era a designação de um “cargo eclesiástico”, mas sim de uma “função” (embora com o tempo a

palavra “Bispo” passou a ser entendida como “cargo eclesiástico”, mas nas primeiras décadas da “Igreja” primitiva o “Bispado” era visto como função ou trabalho e não como “cargo”). Os “Bispos” (supervisores) nas chamadas “Cartas pastorais”, estão investidos de maior esfera de governo que os Presbíteros (ou anciãos), pois Timóteo é apresentado como um “Bispo

Consagrador” que tinha autoridade sobre um território ou distrito e não

meramente sobre alguma “Igreja local”, que era o caso dos Presbíteros (ou anciãos) que tinham autoridade sobre uma “Igreja” local (ou seja, Timóteo era alguém que foi minuciosamente instruído por Paulo acerca dos falsos profetas, acerca da oração, acerca da ordenança de Bispos, acerca das viúvas, líderes e escravos, acerca do “amor ao dinheiro”), Paulo, ao instruir Timóteo, lhe disse;

11.   Manda estas coisas e ensina-as.

12.   Ninguém despreze a tua mocidade; mas o exemplo dos fiéis, na palavra, no trato, na caridade, no espírito, na fé, na pureza.

13.   Persiste em ler, exortar e ensinar, até que eu vá.

1 Timóteo 4.11-13

Por isso William Hendriksen disse que, “Timóteo e Tito não eram pastores de “igrejas” locais, mas encarregados do Apóstolo Paulo para missões especiais nas Igrejas”.

“Presbítero” vem do grego “Presbyteros”, significa: Mais velho, ou seja, descreve alguém de idade mais avançada. “Presbyteros” também significa “Ancião”, mas nem sempre esta palavra denota alguém de idade mais avançada, as vezes detona

simplesmente alguém mais experiente na “Fé, mais Sábio

e Entendido” e como a experiência geralmente vem com a idade, liga- se facilmente a palavra “Presbytero” a alguém de idade avançada.

A princípio não havia distinção entre “Pastor e presbítero”, todo Presbítero era Pastor. Com o passar do tempo o Presbítero que pregava e ensinava (1 Timóteo 5.17) passou a ser comumente chamado de Pastor, e os demais que não se dedicavam a pregação e ao ensino em tempo integral ficaram

conhecidos apenas como “Presbíteros”.

Infelizmente na “Igreja” contemporânea (atual) muitos são “ungidos, separados ou consagrados” a Presbíteros, Evangelistas e Pastores sem rigor Bíblico. Infelizmente em muitas “Igrejas” segue-se uma escala onde o irmão começa como Diácono, depois Presbítero e por fim, a

“glória” é a carteirinha de Pastor. Isto é um absurdo.

Infelizmente grande parte da liderança religiosa evangélica não sabe a diferença entre “Dons Ministeriais e cargos eclesiásticos”.

Na “Igreja” primitiva a grande maioria dos chamados Presbíteros tinha o Dom Ministerial de Pastor. Com poucas exceções via-se Presbíteros sem este Dom Ministerial (o de Pastor), e aqueles que não tinham o Dom Ministerial de Pastor eram homens de oração, aptos para ensinar, profundos conhecedores das Sagradas Escrituras, preparados para aconselhar, de caráter irrepreensível. As palavras “Bispo”, “Presbítero” e “Pastor” são intercambiáveis (isto é, sinônimas), as qualificações exigidas para o bispado, presbitério e pastorado são as mesmas, haja visto que as funções são intercambiáveis.

Veja o que diz Tito 1.6-9 a respeito do Presbítero (Bispo e Pastor):

6.   Alguém que seja irrepreensível (isto é, alguém de alto padrão de caráter), marido de uma só mulher (Na “Igreja” primitiva, para ser Bispo, Pastor ou Presbítero era necessário ser fiel a esposa, e alguém que estivesse no segundo casamento só era aceito para ocupar estas funções caso a primeira esposa tivesse falecido ou o tivesse traído, se o candidato, sendo crente conhecedor da Palavra, fosse considerado o culpado pelo término de seu casamento, ele não poderia ocupar a posição de Bispo, Pastor ou Presbítero), tendo filhos crentes que não sejam acusados de dissolução, nem sejam desobedientes (não era obrigatório, mas o ideal era que o Presbítero, Pastor e Bispo tivessem filhos crentes).

7.   Pois é necessário que o Bispo (e também o Presbítero e Pastor) seja irrepreensível, como despenseiro (mordomo) de Deus, nem soberbo (isto é, não arrogante, não orgulhoso) , nem irascível (não se irrita com facilidade), nem dado ao vinho (Aqueles que ocupam tais posições não devem ingerir bebidas alcoólicas), nem espancador (Não deve ser briguento), nem cobiçoso (não deve ter cobiça para possuir o que não pode) de torpe ganância (não pode ferir os bons costumes em busca de satisfação pessoal),

8.  Mas hospitaleiro, amigo do bem, sóbrio, justo, piedoso, temperante

(moderado);

9.   Retendo firme a palavra fiel, que é conforme a doutrina, para que seja poderoso, tanto para exortar (confortar, animar) na sã doutrina como para convencer os contradizentes (os que se opõem).

Tito 1.6-9

Compare também com 1 Timóteo 3.1-7.

2- A importância do Presbitério

 

1.     Significado do termo.

Presbitério vem do grego “Presbytereion” inicialmente esta palavra era a designação genérica do sacerdócio, para a “Igreja” romana e tinha o sentido de “Ministério” (ou seja, atividade, cargo, função, conselho de obreiros)

para as “Igrejas cristãs.

2.     A atuação do presbitério.

 

2. Tendo tido Paulo e Barnabé não pequena discussão e contenda contra eles, resolveu-se que Paulo, Barnabé e alguns dentre eles subissem a Jerusalém aos apóstolos e aos anciãos (ou Presbíteros) sobre aquela questão. (A discussão relatada neste versículo ocorreu por causa da circuncisão, alguns ensinavam aos irmãos que, se eles não fossem circuncidados não poderiam se salvar, então levantou-se uma forte discussão, de um lado, Paulo e Barnabé, e do outro, aqueles que tentavam tornar o cristianismo uma extensão do judaísmo).

 

 

6. Congregaram-se, pois, os apóstolos e os anciãos (ou Presbíteros) para considerar este assunto.(Percebemos que, os Anciãos ou Presbíteros participavam ativamente das

importantes questões da “Igreja primitiva” , ou seja, a liderança da “Igreja” não estava apenas nas mãos dos Apóstolos, os Anciãos ou Presbíteros estavam presentes para observar se os Apóstolos estavam na direção de Deus e para ajuda-los na administração da “Igreja”. É certo que estes Anciãos ou Presbíteros eram homens de boa reputação, vida de oração e profundo conhecimento nas Sagradas Escrituras).

 

9.   e não fez diferença alguma entre eles e nós, purificando o seu coração pela fé. (Os judeus pensavam que, nenhum gentio, isto é,

“não judeu” poderia ser “puro de coração” se não fosse circuncidado e não observasse as leis e cerimônias mosaicas, ou seja, a grande maioria dos judeus levava em conta apenas aparência religiosa,

apenas o exterior e não o interior do “ser humano”).

10.   Agora, pois, por que tentais a Deus, pondo sobre a cerviz dos discípulos um jugo que nem nossos pais nem nós podemos suportar? (Estas palavras de Pedro refletem o que ele já havia aprendido, que a nenhum homem deveria chamar comum ou impuro (Atos 10.28), e que o importante era o interior e não o exterior, ou seja, é no homem interior que deveria ser realizada a “obra de purificação”).

 

11.   Mas cremos que seremos salvos pela graça do Senhor Jesus Cristo, como eles também (Este versículo é um “reforço” das palavras de Pedro no versículo 10).

Atos 15.2,6,9-11

 

3. E, quando iam passando pelas cidades, lhes entregavam, para serem observados, os decretos que haviam sido estabelecidos pelos apóstolos e anciãos em Jerusalém (isto é, os decretos realizados em Jerusalém eram entregues e explicados aos irmãos. Estes decretos eram as posições tomadas pelos Apóstolos no que diz respeito ao Evangelho diante do judaísmo e outras questões que deixavam os irmãos recém convertidos em dúvida sobre como se comportar de forma correta frente a importantes questões referentes ao judaísmo, em especial a questão da circuncisão e outras importantes questões da época. Percebemos com isso que a liderança da “Igreja primitiva” não se omitia diante que questões da sociedade da época que poderiam atrapalhar a “Fé” dos irmãos. Estes decretos dos Apóstolos eram claramente

considerados pelos recém convertidos como a “base” pela qual poderiam tomar decisões firmes frente aos líderes judaicos que faziam oposição a doutrina de Cristo),

Atos 16.4

Como bem observou Augustus Nicodemus, a atuação dos Presbíteros ou Anciãos sempre foi muito importante na história da “Igreja”, pois a medida que os Apóstolos foram morrendo, não foram colocados “substitutos” para os Apóstolos, mas os Presbíteros ou Anciãos é que ficaram para zelar (tomar conta da Igreja, por assim dizer).

 

3. A valorização do Presbítero.

 

O Novo Testamento mostra que, apesar de haver um pastor titular, o governo de uma igreja não era exercido por um único líder, mas pelo conselho de obreiros (Atos 20.17-37; Efésios 4.11,1 Pedro 5.1).

Os Presbíteros eram na época da “Igreja” primitiva vistos como homens espiritualmente capacitados por Deus para ajudar os Apóstolos e os irmãos de modo geral. Hoje em dia há muitos ministérios que não levantam Presbíteros segundo os requisitos da Palavra de Deus e/ou não dão aos Presbíteros a devida honra no sentido de que, para muitos ministérios da atualidade, Presbíteros, Evangelistas e Missionários são apenas uma “nomenclatura” (isto é, uma lista de nomes e nada além disso). A Bíblia é clara ao dizer;

Os presbíteros que governam bem ( ou seja, aqueles que são homens de oração, conhecedores da Palavra, aptos para aconselhar, exemplos a serem seguidos como homens de Deus, que ajudam ao máximo suas congregações) sejam estimados por dignos de duplicada honra, principalmente os que trabalham na palavra e na doutrina (ou seja, principalmente os que pastoreiam “Igrejas”).

1 Timóteo 5.17

3 Os Deveres do Presbítero

 

1.     Apascentar a Igreja.

2.     Liderar a Igreja local.

3.     Ungir os enfermos.

Já aprendemos que as palavras “Presbítero”, “Pastor” e “Bispo” podem ser intercambiáveis, sinônimas dependendo do contexto. Nos tempos da “Igreja” primitiva os “Presbíteros” na grande maioria vezes eram “Pastores” de “Igrejas” locais.

Nos tempos da “Igreja” primitiva os líderes de “Igrejas” locais eram comumente chamados de “Presbíteros”, raramente eram chamados de Pastores, a não ser em um sentido geral (Efésios 4.11; Judas 1.12), com o passar dos anos o termo “Pastor” tornou-se mais aceito pelas “Igrejas” contemporâneas, mas no princípio da “Igreja” o termo mais usado para designar o líder da “Igreja” era “Presbítero”.

Pastor era o termo (nos tempos da “Igreja” primitiva”) mais usado para se referir a Cristo ou a um “Dom Ministerial”, ou ainda aos líderes da “Igreja” de modo geral.

O Bispo era o “supervisor”, geralmente Bispo era alguém que estava hierarquicamente acima de um grupo de líderes regionais, mas as vezes “Bispo” era a designação dada ao líder da “igreja local”, a forma como o líder da “igreja” local era chamado podia variar entre “Presbítero ou “Ancião”, “Bispo”, Apóstolo (não no sentido estrito, mas no sentido de “enviado”), “Anjo” ou “Pastor”.

 

Dependendo da região a função do “Presbítero” podia ser “Liderar” a “Igreja”, “fazer parte do “corpo de obreiros” para ajudar o “Líder”, “Ungir enfermos” cuidar da parte das coletas, ou simplesmente aconselhar os irmãos.

Conclusão

Vimos que os termos presbítero, bispo e pastor podem ser sinônimos. E, que, nem sempre as “Igrejas” da atualidade levantam presbíteros na direção de Deus. É preciso que a liderança e a “Igreja” de modo geral conheça bem cada Dom Ministerial para evitar colocar pessoas em funções para a qual não foram chamadas, pois quando isso acontece, causa prejuízos terríveis na “Igreja” do Senhor.

 

Fontes:

Bíblia de Estudo Pentecostal,

Enciclopédia Bíblica Russel Norman Champlin,

Revista Cristão Alerta 2° trimestre de 2021,

Comentários Expositivos Hagnos,

Livro de Apoio 2° trimestre de 2021,

Comentário do Novo Testamento – Willian Barclay,

Série Cultura Bíblica J. N. D. Kelly,

Apontamentos teológicos professor José Junior.