E
DEU DONS AOS HOMENS
Ev. JOSÉ COSTA JUNIOR
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Dentre as insondáveis riquezas espirituais que Deus colocou à
disposição da sua Igreja na terra, destacam-se
os dons sobrenaturais do Espírito Santo, apresentados pelo apóstolo
Paulo, em sua primeira epístola aos Coríntios, como agentes de poder e de
vitória desta mesma Igreja.
A Igreja é um organismo vivo, um
fenômeno sobrenatural cujas origens estão no Céu. Como tal,
ela possui uma responsabilidade igualmente sobrenatural, pelo que carece da
operação sobrenatural do Espírito do Deus vivo. Foi por isso que Jesus, após
sentar-se à direita do Pai, enviou o Espírito Santo como agente capacitador da
Igreja, para levá-la a cumprir a sua missão no mundo: At 2.33.
Devemos ter sempre em mente que o próprio Cristo não exerceu
o seu ministério na sua própria força, mas na força do Espírito Santo: Lc
4.18,19.

A igreja dos dias hodiernos jamais será uma igreja de visão
de alcance novitestamentário, senão por meios novitestamentários.
As grandes conquistas da igreja dos primeiros cem anos da era
atual, não foram alcançadas como o
resultado de métodos e recursos teológicos empregados pelos apóstolos. Foram, sim, o resultado concreto da
operação sobrenatural do Espírito Santo na vida dos convertidos. O Espírito
Santo foi o grande estrategista e comandante das conquistas realizadas. Onde
quer que um crente fosse, aí ia a Igreja do
Deus vivo, a caixa ressonante do Espírito.
Onde quer que o Espírito Santo fosse derramado, os doentes eram curados; revelações,
profecias, línguas e interpretação eram vistas e ouvidas. Os dons do
Espírito Santo eram a combustão que punha em ação a dinâmica máquina da Grande
Comissão.
A Igreja de Cristo da nossa geração possui uma
responsabilidade apostólica, e, para cumpri-la, necessita dos grandes recursos
espirituais, que são os dons do Espírito Santo.
O objetivo deste estudo é trazer
algumas informações, colhidas dentro da literatura evangélica, com a finalidade
de ampliar a visão sobre os dons
Espirituais e Ministeriais. Não há nenhuma pretensão de esgotar o assunto ou de
dogmatizá-lo, mas apenas trazer ao professor da EBD alguns elementos e
ferramentas que poderão enriquecer sua aula.
I.
OS DONS DE SERVIÇO, ESPIRITUAIS
E MINISTERIAIS
Paulo, em 1 Co 12.1, nos recomenda que procuremos com zelo os dons
espirituais. Às vezes, para o crente, não é claro, qual dom, o Espírito lhe
concedeu. Relembramos que os dons espirituais são capacitações concedidas pelo
Espírito Santo aos crentes para edificação da igreja (Ef 4.12). Assim, é
preciso que o crente crie em sua vida as condições necessárias para que o
Espírito lhe revele sua vontade. Ser crente é ter-se arrependido dos pecados e
confiar em Jesus como seu único e eterno Salvador. É a conversão. Esta é a
condição inicial sem a qual o Dom não inicia sua obra.
A participação ativa no corpo de Cristo, a igreja, é a
conseqüência natural. O crente que agir assim, estará interagindo com a igreja
e será conduzido pelo espírito para a sua vocação. Humildade, mansidão e
longanimidade, são os outros ingredientes indispensáveis na vida do cristão que
quer descobrir os seus dons (Ef 4.1-3).
Após a identificação de um ou mais dons na nossa vida, a nossa
tarefa não pára aí. Temos de permitir sua operação e procurar crescer neles (1
Co 14.1). Para exercermos bem os carismas que o Espírito nos concedeu, devemos
nos capacitar espiritual e materialmente. A capacitação espiritual deve ser
contínua, firme e constante (1Co 15.58). Para nos mantermos animados nesta tarefa
de nos capacitarmos, lembremos que o próprio Espírito nos disporá os meios.
Precisamos também estar vigilantes ao pecado contra o Espírito, para não
entristecê-lo (Ef 4.30-31), resisti-lo (At 7.51) e extingui-lo (1Ts 5.19). O
orgulho também estará sempre procurando nos levar ao pecado (Ef 4.2). Um bom
remédio para este mal é lembrarmos sempre que fomos escolhidos por Deus para
prestarmos serviço para outros e não para nós mesmos e que precisamos de nossos
irmãos.
Os dons espirituais estão listados em textos bíblicos diversos.
Romanos 12, 1Coríntios 12 e Efésios 4.11 são as principais listas. Em Rm 12.4,
1Co 12.12 e Ef 4.4-6 Paulo destaca que os vários dons são como membros, mas
todos de um só corpo. Isto nos chama a atenção para a necessidade dos dons
operarem em conjunto e em harmonia uns com os outros e não independentemente e
em divergência. Em Romanos 12.6-8, estão listados sete dons: profecia,
ministério, ensino, exortação, repartir, liderança e misericórdia. Este texto
mostra uma característica para cada dom. Em 1Coríntios 12.8-10, 28-30, temos os
dons: palavra de sabedoria, palavra de ciência, fé, cura, operação de milagres,
profecia, discernimento de espíritos, variedade de línguas, interpretação de
línguas, apóstolos, profetas, mestres, milagres, cura, socorros, governos, e
variedade de línguas.
Em Efésios 4.11 temos: apóstolos, profetas, evangelistas, pastores
e doutores. Podemos notar que em algumas listas não estão citados todos os dons
e que outros são repetidos. Há uma divergência na quantificação dos dons, mas
creio ser mais importante saber que o Espírito de Deus provê para sua igreja os
dons necessários. Podemos notar no estudo dos dons, alguns fundamentos que Deus
procura nos ensinar. Há diversidade dos dons cada um para uma finalidade
(1Co 12.4-6). Os dons são concedidos para ter utilidade (1Co 12.7). O
dom não é para satisfazer apenas o desejo de um crente. É o Espírito Santo quem
concede o dom a quem ele quer. Não é o crente que decide o dom que
deseja exercer. Para a igreja há dons considerados de maior importância
como apóstolos, profetas, doutores (1Co 12.28, 31) Não é o crente que deve se
achar mais importante porque exercita dons considerados de maior valor. Isto é
orgulho. A edificação da igreja precisa ser o objetivo de todos os dons
(1Co 14.26).
II. ADMINISTRAÇÃO DOS DONS
ESPIRITUAIS
Dons espirituais são capacitações que o Espírito Santo concede aos
crentes de acordo com a graça de Deus para serem usados na edificação da
Igreja, o corpo de Cristo (Rm 12.6;1Co 12.7, 11; Ef 4.11-13). Assim como no
corpo, cada membro tem função, o Espírito de Deus prepara cada um dos membros
do Corpo de Cristo para uma função diferente. As capacitações são
complementares e permitem uma sinergia espiritual na edificação da Igreja. Os
dons são concedidos aos crentes em Cristo pelo Espírito. Não é o crente quem
decide qual dom vai escolher para atuar no Reino de Deus. Isto às vezes
acontece, mas certamente, se não coincidir com a vontade do Espírito, não trará
alegria ao seu coração tentando usar um dom que Deus não lhe atribuiu. Deus
chama todos os crentes para a sua obra. Cada um tem alguma tarefa que pode
desenvolver no Reino. Não há o que justifique a inatividade. Ninguém terá
desculpa que justifique o não fazer nada. Teremos de prestar contas dos dons e
talentos que Deus nos atribui. Os dons espirituais nos são outorgados pela
graça de Deus, não temos de comprá-los.
Deus providencia nossa capacitação. Temos apenas de nos tornar
disponíveis para sua obra. Como vimos, os dons espirituais são habilidades,
capacitações, concedidas aos crentes, pelo Espírito Santo, de acordo com a
graça de Deus, para uso na edificação da igreja. Observe que é diferente de dom
do Espírito. O “dom” do Espírito Santo é a doação, pela graça de Deus, do seu
próprio Espírito para os homens, que pelo arrependimento dos seus pecados, e
colocação de sua fé em Jesus Cristo, assim se tornam uma nova criatura. O Dom
do Espírito ocorre no momento inicial em que um incrédulo se torna crente em
Jesus. O dom nos coloca como filhos de Deus, salvos e selados para sempre (Ef
4.30).
Os dons nos colocam numa posição funcional dentro do corpo de
Cristo para servi-lo (1Co 12.18-20).
Alguns crentes, por acharem que ainda não descobriram o seu dom,
tendem para uma posição de comodismo, falta de compromisso ou de desobediência.
Esta atitude não se justifica, pois Deus chamou a todos para a sua seara.
Há funções no reino que são atribuídas a todos, e ao menos a
essas, todos nós estamos obrigados. Testemunhar é uma delas. “E ser
minhas testemunhas...” (At 1.8), é a ordem de Jesus para todos os crentes. Não
há desculpa possível. Pode-se não ter o dom de apóstolo, profeta, evangelista,
pastor, mas de testemunha é inseparável do crente. Contribuir financeiramente
para o sustento da causa é outra função a que todos os crentes estão convocados
mesmo que não tenham o dom da liberalidade (Rm 12.8). A fé como
confiança extraordinária no poder de Deus para realizar maravilhas na sua obra
pode não ocorrer para todos os crentes, mas a fé que nos concede a salvação e
que nos faz aceitar as verdades e maravilhas operadas por Deus e registradas na
sua palavra como está em Hebreus 11.1-3, esta é uma concessão do Espírito Santo
e é concedida a todos os crentes porque “Sem fé é impossível agradar a Deus.”
(Hb 11.6).
Para exemplificarmos o bom uso dos dons espirituais poderíamos ler
todo o capítulo 11 do livro de Hebreus. Ali se encontra uma síntese dos
principais personagens bíblicos que exercitaram o dom da fé como Abraão,
Enoque, Noé, Moisés e outros. Como exemplo do dom de presidir (Rm 12.8),
escolhemos Neemias, que assumiu a tarefa de reorientar o povo de Deus, num
momento de grande aflição e opróbrio, tendo reconstruído os muros de Jerusalém
e levado o povo ao reavivamento espiritual (Nm 1.2-3; 8.1- 18). O apóstolo João
é o exemplo do dom de misericórdia (Rm 12.8). João é conhecido como o
apóstolo do amor por se distinguir pela sua linguagem amorosa nos seus
escritos. Junto com Pedro fez parte do círculo íntimo de Jesus. Sua mensagem é
um constante convite ao amor recíproco (1Jo 3.11). Lucas, embora não tivesse
participado diretamente dos ensinos de Jesus, é o escolhido para ilustrar o dom
do ensino (Rm 12.7) pela sua preocupação de só transmitir a verdade (Lc
1.3-4). No evangelho que escreveu, se preocupa em indicar sua fundamentação nas
profecias existentes no Velho Testamento. Manteve-se na obra auxiliando os
apóstolos e no livro de Atos registrou os mais importantes acontecimentos no
início da propagação do evangelho. Paulo exercia vários dons como apóstolo,
profeta, evangelista, pastor e mestre. Mas é usando o dom de exortar que
muito impulsionou a causa. Chegou a citar-se como exemplo (Cl 1.28), comparou
os coríntios a bebês espirituais (1 Co 3.1), mas tudo isso com o nobre objetivo
de levar as pessoas a se salvarem (1Co 9.22). A Timóteo, seu discípulo amado,
procurou animá-lo para enfrentar as várias provações (1Tm 6.11-16).
Qual o caminho a seguir para se chegar aos dons e exercê-los? A
palavra de Deus nos dá todos os esclarecimentos necessários. Precisamos nos
dispor a ouvi-la e obedecer à vontade de Deus. Coloque-se diante de Deus em
oração e esteja receptivo ao que Deus lhe propuser. Tente praticar. É
experimentando que você poderá sentir se Deus está abençoando a sua obra e se a
alegria acontece como conseqüência. Procure se instruir melhor a respeito do
dom que você está sendo levado a exercer. Há necessidade de preparação para que
a tua obra seja feita da melhor forma.
Repita a experiência e avalie os resultados. Aproveite as boas
avaliações dos irmãos como sendo um sinal de aprovação divino. Não se desanime
com as palavras que não edificam. Lembre-se que há muitos para criticar, mas
poucos para ajudar. Se o seu propósito é sincero certamente o Espírito Santo
vai revelar a você o seu dom.
Há uma relação grande de dons, mas o maior deles é o dom do
amor. O capítulo 13 de Romanos comprova isto. O amor de Deus é a prova
disto. “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho
unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida
eterna.” (Jo 3.16).
CONCLUSÃO
Na confecção
deste pequeno estudo, buscamos consultar literatura que mais se aproxima com o
pensamento de nossa denominação, tentando não perder a coerência teológica.
Evitamos expressar conceitos e opiniões pessoais sem o devido embasamento na
Palavra, pois a finalidade é agregar conhecimentos, enriquecer a aula da escola
dominical e proporcionar ao professor domínio sobre a matéria em tela. Caso
alcance tais finalidades, agradeço ao meu DEUS por esta grandiosa oportunidade.
Ev. JOSÉ COSTA JUNIOR