O PROPÓSITO DOS DONS ESPIRITUAIS
Texto Áureo
Assim, também vós, como desejais dons espirituais, procurai sobejar
(abundar, crescer) neles, para a edificação da igreja.
1 Coríntios 14.12
Russel Norman Champlin observa que a “edificação” é um teste a ser aplicado, o apóstolo Paulo em sua sabedoria lhes forneceu um alvo controlador e disciplinador que provê a expressão mais completa e
satisfatória para um “dom” (não importa qual “dom” seja), os cristãos de Corinto deveriam se esforçar ao máximo para “edificar a Igreja”.
Jimmy Swaggart observa que, Paulo apresenta aqui o “verdadeiro
fundamento” de tudo o que está sendo ensinado aos cristãos de Corinto (A edificação da “Igreja”).
1 – Os Dons Não São Para Elitizar o Crente
1. A igreja coríntia.
Corinto (uma cidade antiga da Grécia) era em muitos aspectos, a metrópole grega de maior destaque nos dias de Paulo, era equivalente as cidades de Nova Iorque, Tóquio, São Paulo e Moscou dos dias de hoje. Os habitantes de Corinto eram intelectualmente arrogantes, materialmente prósperos e moralmente corruptos.
A “Igreja” de Corinto era composta de alguns judeus e uma maioria gentia (não judeus) convertidos do paganismo. Nos tempos de Paulo era uma
“Igreja” ainda jovem, com cerca de 2 anos de “fundação”.
Paulo declarou que a “Igreja” de Corinto não tinha falta de nenhum dom.
De maneira que nenhum dom vos falta, esperando a manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo,
1 Coríntios 1.7
É provável que o que Paulo quis dizer não é que a “Igreja” de Corinto possuía todos os “dons Espirituais” sem exceção, mas sim que aquela “Igreja” possuía todos os “dons Espirituais” que eram necessários ali, naquela localidade.
A observação de Champlin também é digna de nota, Champlin diz:
“Ao lermos como as manifestações do ESPÍRITO eram abusadas, não é impossível supor que muitos que pensavam exercer “dons espirituais” na realidade não o faziam por impulso do ESPÍRITO SANTO, mas sim, através do impulso de outros espíritos, de natureza demoníaca ou humana”.
2. Uma “Igreja” de muitos dons, mas carnal.
3. Dom não é sinal de superioridade espiritual.
Os cristãos de Corinto continuavam carnais:
1. E eu, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a meninos em Cristo.
2. Com leite vos criei e não com manjar, porque ainda não podíeis, nem tampouco ainda agora podeis;
3. porque ainda sois carnais, pois, havendo entre vós inveja, contendas e dissensões, não sois, porventura, carnais e não andais segundo os homens?
1 Coríntios 3.1-3
Não se separavam de uma vez dos incrédulos ao seu redor:
Pelo que saí do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor; e não toqueis nada imundo, e eu vos receberei;
2 Coríntios 6.17
Havia divisão:
10. Rogo-vos, porém, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que digais todos uma mesma coisa e que não haja entre vós dissensões; antes, sejais unidos, em um mesmo sentido e em um mesmo parecer.
11. Porque a respeito de vós, irmãos meus, me foi comunicado pelos da família de Cloe que há contendas entre vós.
12. Quero dizer, com isso, que cada um de vós diz: Eu sou de Paulo, e eu, de Apolo, e eu, de Cefas, e eu, de Cristo.
13. Está Cristo dividido? Foi Paulo crucificado por vós? Ou fostes vós batizados em nome de Paulo?
1 Coríntios 1.10-13
Havia imoralidade sexual em geral:
6. Mas o irmão vai a juízo com o irmão, e isso perante infiéis.
7. Na verdade, é já realmente uma falta entre vós terdes demandas uns contra os outros. Por que não sofreis, antes, a injustiça? Por que não sofreis, antes, o dano?
8. Mas vós mesmos fazeis a injustiça e fazeis o dano e isso aos irmãos.
9. Não sabeis que os injustos não hão de herdar o Reino de Deus?
10. Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o Reino de Deus.
11. E é o que alguns têm sido, mas haveis sido lavados, mas haveis sido santificados, mas haveis sido justificados em nome do Senhor Jesus e pelo Espírito do nosso Deus.
12. Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma.
13. Os manjares são para o ventre, e o ventre, para os manjares; Deus, porém, aniquilará tanto um como os outros. Mas o corpo não é para a prostituição, senão para o Senhor, e o Senhor para o corpo.
14. Ora, Deus, que também ressuscitou o Senhor, nos ressuscitará a nós pelo seu poder.
15. Não sabeis vós que os vossos corpos são membros de Cristo? Tomarei, pois, os membros de Cristo e fá-los-ei membros de uma meretriz? Não, por certo.
16. Ou não sabeis que o que se ajunta com a meretriz faz-se um corpo com ela? Porque serão, disse, dois numa só carne.
17. Mas o que se ajunta com o Senhor é um mesmo espírito.
18. Fugi da prostituição. Todo pecado que o homem comete é fora do corpo; mas o que se prostitui peca contra o seu próprio corpo.
19. Ou não sabeis que o nosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?
20. Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus.
1 Coríntios 6.6-20
Dentre outras coisas.
Precisamos ter em mente que, o fato de uma pessoa ter um ou mais “dons Espirituais” não significa que a pessoa tenha uma conduta aprovada aos olhos de DEUS.
JESUS disse que reconheceríamos os falsos profetas (ou falsos mestres, falsos irmãos, falsos cristãos de maneira geral) pelos frutos (isto é, analisando atenciosamente a forma de agir e se comportar dos mesmos) e não pelos “dons” (ou dádivas espirituais, ou aparentemente espirituais).
15. Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores.
16. Por seus frutos os conhecereis. Porventura, colhem-se uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos?
17. Assim, toda árvore boa produz bons frutos, e toda árvore má produz frutos maus.
18. Não pode a árvore boa dar maus frutos, nem a árvore má dar frutos bons.
19. Toda árvore que não dá bom fruto corta-se e lança-se no fogo.
20. Portanto, pelos seus frutos os conhecereis.
21. Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no Reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.
22. Muitos me dirão naquele Dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E, em teu nome, não expulsamos demônios? E, em teu nome, não fizemos muitas maravilhas?
23. E, então, lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade.
Mateus 7.15-23
2 – Edificando a Si Mesmo e Aos Outros
1. Edificando a si mesmo.
O propósito principal de todos os dons espirituais é edificar a “Igreja” e, (de certa forma) o indivíduo (1 Coríntios 14.3,4,12,17,26):
3. Mas o que profetiza fala aos homens para edificação, exortação e consolação.
4. O que fala língua estranha edifica-se a si mesmo, mas o que profetiza edifica a igreja (Hernandes Dias Lopes dá uma explicação muito boa sobre este versículo, Dias Lopes diz; “O que fala em outra língua a si mesmo se edifica, mas o que profetiza edifica a “Igreja” (1 Coríntios 14.4). Esse dom é íntimo e particular. Ele não visa à edificação da “Igreja”, mas a sua intimidade com Deus. Seu propósito não é a edificação da
“Igreja”, mas a auto edificação. E por essa razão somente que esse dom é inferior aos demais dons. Todos os outros dons alistados na Bíblia são dons para a edificação da “Igreja”; esse é o único dado para auto edificação”.
Por esta razão (e também por outras, que abordaremos em momento oportuno) os crentes de Corinto enxergavam este “dom” com tanto vislumbre, e foi preciso que Paulo os orientasse (com um “puxão de orelha”) para que entendessem que os melhores “dons” são aqueles que edificam a “Igreja”, veja 1 Coríntios 12.31, e não simplesmente a si mesmos.
Não existe nenhum crente, na “Igreja”, completo em si mesmo. Não somos auto suficientes; dependemos uns dos outros. É assim que a “Igreja” de Cristo funciona!
O dom de variedade de línguas não deve ser proibido. “Portanto, meus irmãos, procurai com zelo o dom de profetizar e não proibais o falar em outras línguas” (1 Coríntios 14.39). É muito importante dizer isso. Há crentes que simplesmente rejeitam este “dom” agindo de forma equivocada por causa dos excessos e equívocos cometidos no uso desse “dom”, muitos negam sua importância e o rejeitam. Porém, foi o ESPÍRITO SANTO quem deu esse dom à “Igreja” e tudo que o ESPÍRITO SANTO dá é coisa boa. Portanto, não temos o direito de rejeitar nem de falar mal daquilo que é dádiva do ESPÍRITO SANTO. O fato de uma pessoa usar o “dom” de forma errada não deve nos levar para o outro extremo, o de proibi-lo.
Outro detalhe importante é que, nem todos tem o “dom” de línguas (1 Coríntios 12.11,30; 1 Coríntios 14.5).
12. Assim, também vós, como desejais dons espirituais, procurai sobejar neles, para a edificação da igreja.
17. Porque realmente tu dás bem as graças, mas o outro não é edificado.
26. Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação.
1 Coríntios 14.3,4,12,17,26
2. Edificando os outros.
Assim, também vós, como desejais dons espirituais, procurai sobejar neles, para a edificação da “Igreja”. 1 Coríntios 14.12
(Para mais detalhes sobre este versículo, veja a explicação do texto Áureo).
Como disse Matthew Henry: “Todo verdadeiro seguidor de Cristo desejará mais fazer bem ao próximo, do que adquirir fama por saber ou por falar bem”.
A edificação deve ser efetuada na base do amor, que é o equilíbrio dos “dons” concedidos por Deus aos crentes (1 Coríntios 8.1; 10.23; Efésios 4.16).
É perfeitamente possível o possuidor dos “dons” abusar dos “dons”, isto é, usar os “dons” de forma abusiva, pois todos temos o “livre arbítrio”, por isso é importantíssimo saber usar os “dons” de maneira correta, pois se os “dons” não forem usados de maneira correta, o amor não será a base, nem da vida do possuidor dos “dons” e nem da vida da “Igreja” local.
3. Edificando até o não crente.
9. Assim, também vós, se, com a língua, não pronunciardes palavras bem inteligíveis, como se entenderá o que se diz? Porque estareis como que falando ao ar.
23. Se, pois, toda a igreja se congregar num lugar, e todos falarem línguas estranhas, e entrarem indoutos ou infiéis (ou não crentes), não dirão, porventura, que estais loucos?
1 Coríntios 14.9,23
A preocupação de Paulo era que, não apenas os crentes fossem
“edificados”, mas também os “não crentes”, esta deve ser também a preocupação da “Igreja contemporânea” (atual).
William Barclay observa duas coisas necessárias para a edificação do crente e do não crente:
1- A adoração nunca deve ser egoísta. Tudo o que se faça durante o culto deve realizar-se para o bem de todos. Ninguém durante o culto, seja quem o dirija ou o compartilhe, tem direito a fazê-lo de acordo com suas próprias preferências e predileções pessoais. Deve buscar o bem de toda a comunidade de adoradores. A grande prova de qualquer parte do culto é a seguinte: "Ajudará a todos?” Não é: "Exporá meus dons especiais?", mas sim: "Fará isto com que todos os presentes se sintam mais perto uns de outros e mais perto de Deus?"
2- A adoração deve ser inteligível (ser bem compreendida, fácil de entender, ouvir nitidamente). As grandes coisas são essencialmente as coisas simples, a linguagem mais nobre é em essência a mais simples. Em última instância só o que satisfaz minha mente pode confortar meu coração, e só o que minha mente pode captar pode outorgar força a minha vida.
3 – Edificar Todo o Corpo de Cristo
1. Os dons na “Igreja”.
Como vimos na lição 1, a preocupação de Paulo era que os irmãos não ficassem sem compreender (corretamente e com detalhes) a atuação e os dons do ESPÍRITO SANTO.
Paulo procurou fazer com que a “Igreja” entendesse com e em detalhes sobre os dons e a atuação do ESPÍRITO SANTO. E este deve ser o nosso objetivo, ensinar com detalhes e em detalhes sobre a Palavra de DEUS.
Hoje há muitos irmãos que tem “dons” e não compreendem bem o “dom” que tem, é preciso que todos os crentes saibam ao
menos identificar o que é um “dom espiritual” e o que não é. O amor é essencial para os dons espirituais alcançarem seu propósito". Se não houver amor, certamente não haverá edificação (1 Coríntios 13). Sem o amor de DEUS nos tornamos egoístas e acabamos por colocar nossos interesses em primeiro lugar. O propósito dos “dons”, que é edificar o Corpo de Cristo, só pode ser cumprido se tivermos o amor de DEUS em nossa vida, vida de oração e um conhecimento aprofundado nas Sagradas Escrituras.
2. Os sábios arquitetos do corpo de Cristo.
Deus levanta homens para “edificarem” espiritual, moral e doutrinariamente a “Igreja” local. “Edificar” do grego “Oikodomeo” tem o sentido de “fortalecer e promover” a vida espiritual, a maturidade e o caráter santo dos crentes. Essa edificação é uma obra do ESPÍRITO SANTO através dos “dons espirituais”.
Os cristãos devem ser edificados para serem templos do ESPÍRITO SANTO (1 Coríntios 6.19,20). E os dons são indispensáveis nessa edificação espiritual.
3. Despenseiros dos dons.
10. Cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons
despenseiros da multiforme graça de Deus.
11. Se alguém falar, fale segundo as palavras de Deus; se alguém administrar, administre segundo o poder que Deus dá, para que em tudo Deus seja glorificado por Jesus Cristo, a quem pertence a glória e o poder para todo o sempre. Amém!
1 Pedro 4.10-11
O apóstolo Pedro usou nestes versículos a figura do despenseiro que, antigamente, era o homem que administrava a despensa e tinha total confiança do patrão.
O despenseiro era um funcionário que tinha a total confiança do patrão pelo seu zelo, dedicação e eficiência (por assim dizer). Assim devemos ser na
“Igreja” de Cristo, desta forma, os despenseiros da obra do SENHOR devem alimentar a "família de DEUS" (1 Coríntios 4.1; Efésios 2.19). Eles precisam ter o cuidado no uso dos dons concedidos pelo SENHOR para prover a alimentação espiritual, objetivando a edificação do Corpo de Cristo.
Ainda sobre os “Dons Espirituais”, Robert L. Brandit faz uma observação digna de nota, pois existem crentes que se sentem mal ou tem inveja de outros crentes por considerarem que o “dom” ou “dons” de outros é
“melhor” (por assim dizer), Brandit diz:
“Deus fez-nos diferentes uns dos outros, tal como fez os membros dos nossos corpos serem diferentes uns dos outros. Acha que Deus gostaria de o ver queixar-se porque o seu dedo não está no lugar do nariz? Não! Sabemos que Deus fez cada membro do nosso corpo e o colocou no seu lugar devido. Quando nos comparamos com outros membros do corpo de Cristo e nos queixamos por não sermos como eles, desagradamos ao Senhor. Cada um de nós deve aprender que Ele nos fez como somos e nos colocou onde estamos para o bem de todo o corpo e para a Sua própria glória. Cada um de nós tem o seu próprio dom ou dons. Estarmos tristes porque o nosso dom ou dons não são os mesmos que os de outra pessoa, torna-nos juízes de Deus. É como se disséssemos: “Deus, porque não me deste a mim esse dom?” Que diria se, a três dos seus amigos, desses presentes que lhes fossem úteis na vida e um deles se queixasse por não ter recebido o mesmo dom que um dos outros dois? Ficaria muito triste.
Quando comparamos os nossos dons com os de qualquer outra pessoa, duas coisas podem acontecer.
1. Podemos ficar tristes porque os nossos dons não são como os de outras pessoas. Eles podem não parecer tão importantes como os dos outros.
2. Podemos ficar orgulhosos por pensarmos que os nossos dons são os melhores. Então, podemos entristecê-lo”.
Se cada um de nós aprender que Deus nos dá os dons que se nos adequam, isso ajudar-nos-á.
Porque não ousamos classificar-nos ou comparar-nos com alguns que se louvam a si mesmos; mas esses que se medem a si mesmos e se comparam consigo mesmos estão sem entendimento.
2 Coríntios 10.12
Conclusão
Os dons espirituais são um "arsenal" à disposição do corpo de Cristo para o cumprimento eficaz de sua missão na terra. Como já foi dito, o propósito dos dons é edificar toda a igreja, todo Corpo de Cristo para ser abençoado, exortado e consolado. Por isso, nunca devemos usar os santos dons de DEUS em benefício particular, como se fosse algo exclusivo de certas pessoas. Somos chamados a servir à Igreja do SENHOR, e não a utilizar os dons de DEUS para nós mesmos.
Fontes:
Enciclopédia Bíblica Russel Norman Champlin,
Bíblia de Estudo Pentecostal,
Bíblia de Estudo do Expositor,
Livro de Apoio do 2º Trimestre de 2021 – Dons Espirituais e Ministeriais,
Revista Cristão Alerta 2º Trimestre de 2021 – Dons Espirituais e Ministeriais,
Dons Espirituais – Robert L. Brandit,
Comentário Bíblico Matthew Henry,
Enciclopédia Bíblica Broadman,
A mensagem de 1 Coríntios – David Prior,
Comentário Expositivo Hagnos – Hernandes Dias Lopes,
Apontamentos teológicos professor José Junior.