8 de janeiro de 2010

O CONSOLO DE DEUS EM MEIO Á AFLIÇÃO

O CONSOLO DE DEUS EM MEIO Á AFLIÇÃO

TEXTO ÁUREO = “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. o Pai das misericórdias e o Deus de toda a consolação” (2 Co 1.3)

VERDADE PRÁTICA = No verdadeiro cristianismo, a consolação não pode ser um mero discurso: é um ministério que o genuíno discípulo de Cristo deve exercer.

LEITURA BÍBLICA == 2 CORÍNTIOS 1.3-11

INTRODUÇÃO

1 - O MINISTÉRIO DA CONSOLAÇÃO

Foi em Corinto que Paulo enfrentou um dos maiores desafios de seu apostolado. Teve de doutrinar e disciplinar uma igreja que, apesar de seus muitos e graves problemas, era embalada por um orgulho espiritual sem precedentes na história do Cristianismo Primitivo. Essa igreja chegou, inclusive, a colocar em dúvida, o apostolado de Paulo. Apesar da arrogância dos coríntios, encontramos o apóstolo, nesta lição, disposto a esquecer todas as ingratidões. E mais: apresenta-se ele agora pronto a exercer um grande e elevado ministério: a consolação. Sem esse ministério, jamais nos firmaremos como discípulos de Cristo.

1 - O QUE É A CONSOLAÇÃO

A palavra consolação vem do vocábulo latino consolatione, e significa alívio, conforto e lenitivo. Consolar é suavizar o sofrimento e a aflição de alguém.

As Escrituras Sagradas foram inspiradas por Deus a fim de proporcionar consolo e edificação através de seus vários livros. No Antigo Testamento, a consolação era dirigida prioritariamente a Israel. Mas, no Novo, a consolação é direcionada indistintamente a todos: judeus e gentios.

1. No Antigo Testamento. A essência da consolação no Antigo Testamento acha-se centrada no aparecimento do Messias. Quando de seu advento, haveria de, entre outras coisas, “apregoar o ano aceitável do Senhor e consolar todos os tristes’ (Is 61.2). A consolação, pois, não seria administrada apenas a Israel, mas a todos os povos.

2. No Novo Testamento. As expectativas proféticas do Antigo Testamento com respeito ao Messias cumpriram-se totalmente em Cristo. Inaugurando o seu ministério, o Senhor Jesus declarou que o caráter de sua missão era, justamente, ministrar as consolações divinas: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porquanto me ungiu para anunciar boas novas aos pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos, e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos” (Lc 4.18).

Vê-se, por conseguinte, que não pode haver cristianismo sem o ministério da consolação. Quem ama, consola, porque Deus é amor.

O CRISTIANISMO É A RELIGIÃO DA CONSOLAÇÃO

O Cristianismo é a única religião capaz de proporcionar o consolo de que a alma humana tanto necessita. Pois a sua essência acha-se no amor que Deus manifesta a toda a humanidade através de Cristo Jesus.

1. Crista, o exemplo máximo da consolação. Durante o seu ministério terreno, o Senhor Jesus pôs-se a consolar os cansados e oprimidos. Ele evangelizava os pobres, libertava os oprimidos de Satanás, curava os enfermos, ressuscitava os mortos (Mc1.21 - 34). Jesus exerceu o ministério da consolação de maneira plena; ninguém jamais havia dispensado tantas consolações (Jo 20.30).

2. Paulo, o apóstolo da consolação. Depois de sua conversão, Paulo dedicou-se não apenas a evangelizar como também a consolar as igrejas de Deus. Ou seja: exortar, edificar e reconfortar os fiéis. A este mister, ele dá o nome de ministério da consolação. Paulo dedicava-se de modo sacrificial e amoroso à consolação (2 Co 1.4). Por isso, teve completo êxito em seu ministério. Os pastores, hoje, precisam retomar este aspecto do serviço cristão.

Sem consolação, não pôde haver ministério bem sucedido.

3. Barnabé, o filho da consolação. Embora não pertencesse ao grupo dos doze (como Paulo também não o pertencia), Barnabé destacou- sena Igreja Primitiva por seu espírito conciliador e amoroso {At 4.36}, Ele sabia consolar, Para este apóstolo, a consolação não era um mero adorno do caráter cristão; era a sua essência. A consolação, para Barnabé, era um ministério. Que o senhor levante, em nossos dias, muitos Barnabé, pois a Igreja de Cristo nunca precisou de tanta consolação quanto hoje. Você pode ser classificado como filho da consolação?

OS MEIOS DA CONSOLAÇÃO

Como exercer o ministério da consolação? Para que sejamos bem sucedidos neste mister, é necessário que utilizemos os meios da graça. Sem estes recursos, não há consolação.

1-A Palavra de Deus. É nas Sagradas Escrituras que encontramos o meio mais eficaz de se ministrar as consolações. Na Palavra de Deus, Davi buscava a consolação em temos de angústia (SI 119.76). E, por acaso, não sé acha esta Palavra, hoje, ao nosso alcance? Deleite-se em Romanos 10.1-10. Era com a Palavra de Deus que Paulo consolava as igrejas de Cristo (2 Co 5.19)

Se quisermos igrejas fortes e sadias, ternos de nos voltar ao ensino sistemático da Palavra de Deus. Infelizmente, em muitas igrejas, a pregação da Palavra de há muito já está relegada a um plano bem terciário.

E hora de se retomar o ensino da Palavra de Deus. Ela é a fonte de todas as consolações. A Bíblia não pode ser substituída.

2. A oração. Era na oração que os salmistas buscavam consolação em tempos de tribulação e angústia (SI 120.1,2). Em sua epístola, Tiago deixou bem explícito que a oração é um dos meios mais eficientes para se realçar o ministério da consolação: “Está aflito alguém entre vós? Ore’ (Tg 5.13). De igual modo, precisamos aplicar o princípio das orações, súplicas e clamores, não somente para a nossa própria consolação. mas principalmente para a consolação dos aflitos e necessitados. Somente assim, estaremos cumprindo de forma integral esse ministério tão precioso conforme preconizado pelo apóstolo Paulo.

3. A oração pelos enfermos. A oração pelos enfermos também é parte essencial do ministério da consolação. Eis o que recomenda Tiago: “Está doente algum de vós? Chame os anciãos da igreja, e estes orem sobre ele, ungido-o com óleo em nome do Senhor; e a oração da fé salvará o doente, co Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados. Confessai, portanto, os vossos pecados uns aos outros, e orai uns pelos outros, para serdes curados. A súplica de um justo pode muito na sua atuação” (Tiago 5: 14-16).

Mesmo que não esteja nos planos de Deus curar determinado enfermo, devemos estar junto a este e orar por ele, Pois assim, estaremos demonstrando-lhe nosso amor e afeição. O amor é um bálsamo que consola e alivia as dores mais atrozes.

4. Evangelização. A evangelização também é um dos meios mais eficientes de se ministrar a consolação. Durante a sua estada na terra, o Senhor Jesus exerceu de maneira plena o ministério da consolação. Ele anunciou as boas novas aos pobres, proclamou libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, e pôs em liberdade os oprimidos (Lc 4.18). Quando se evangeliza, não somente se proclama as verdades referentes ao Reino de Deus, mas também se leva a cura divina, a libertação dos possessos etc. Quanto mais se evangeliza, mais se realça o ministério da consolação.

5. Louvor. Quando Paulo e Silas encontravam-se presos em Filipos, foram eles buscar consolação no louvor: “Pela meia-noite Paulo e Silas oravam e cantavam hinos a Deus, enquanto os presos os escutavam. De repente houve um tão grande terremoto que foram abalados os alicerces do cárcere, e logo se abriram todas as portas e foram soltos os grilhões de todos” (At 16.25,26).

O louvor é um dos meios mais eficazes não somente para a nossa consolação, como também para a consolação daqueles que nos acercam. A Igreja, através do louvor, vem se firmando como a comunidade adoradora por excelência. Nenhuma religião canta como o Cristianismo. Mesmo nos momentos mais difíceis e calamitosos, os cristãos consolam-se com os salmos e hinos.

2 - O Ministério de Consolação

Não seria interessante sabermos o que aconteceu quando Timóteo e os irmãos que o acompanhavam chegaram a Corinto com a carta de Paulo para a igreja? Qual foi a reação dos crentes coríntios? Foi frutífero o ministério de Timóteo entre eles? Solucionou-se o problema de partidarismo na igreja? Os membros se humilharam numa atitude de submissão aos seus líderes? Passaram a praticar a autodisciplina, respeitando-se uns aos outros devidamente no corpo de Cristo? Francamente, não sabemos.

A segunda carta de Paulo aos Coríntios (que passamos a estudar agora), nos dá, contudo, uma idéia parcial do que sucedeu à recepção da primeira epístola. Timóteo parece haver visitado Corinto (veja 1 Co 16.10,11) para entregar a carta destinada àquela congregação e ajudar a igreja pela operação do seu próprio ministério. Após isso, Timóteo voltou a Efeso, onde estava Paulo com seu relatório sobre as condições na igreja coríntia. Embora Paulo planejasse uma viagem a Corinto mais tarde, resolveu ir imediatamente por causa dos problemas relatados por Timóteo. Foi uma situação difícil, que ameaçou inclusive destruir o ministério de Paulo entre os coríntios. Profundamente desgostoso, o apóstolo voltou a Éfeso muito necessitado do consolo de que escreve posteriormente em 2 Coríntios.

Neste capítulo, estudaremos mais alguns eventos que fizeram com que o apóstolo Paulo escrevesse como nessa segunda carta. Nela, vemos mais claramente do que na primeira epístola o sofrimento do grande pregador, a sua humanidade e a força emocional com que defende o seu ministério e apostolado. Através disso tudo, aprendeu a consolar os outros como foi consolado. Que os nossos sofrimentos possam dar o mesmo fruto!

Às vezes, enfocamos tão especificamente determinado trecho bíblico que esquecemos o seu contexto e não conseguimos apreciar plenamente o livro inteiro onde se encontra. Para bem apreciarmos uma carta, devemos lê-la do início ao fim, antes de examinarmos detalhadamente cada parágrafo dela numa cuidadosa releitura. Assim, gostaria que você lesse de uma vez, desde já, a 2 epístola aos Coríntios. Faça de conta que é um dos novos convertidos de Paulo em Corinto e sente uma grande lealdade para com o apóstolo. Talvez sinta-se até chamado para o ministério e deseje seguir o exemplo de Paulo. Repare bem nos seus sentimentos ao ler a carta e tente compreender o que Paulo está sentindo ao escrevê-la.

2. Ocasião e propósito

Paulo escreveu 2 Coríntios por volta do ano 56 d.C. (um ano depois da composição de 1 Coríntios). Não sabemos exatamente o que ocorreu nesse intervalo, mas a seguinte seqüência de eventos parece provável:

1. Paulo mandou Timóteo a Corinto, conforme o plano já traçado (1 Co 16.10,11).

2. Timóteo voltou, contando sobre uma situação bem séria.

3. Paulo resolve apressar a sua própria viagem a Corinto (1 Co 16.5-7), e foi sem avisar aos irmãos da sua chegada.

4. Paulo sentiu em Corinto tanta oposição ao seu ministério, que deixou a cidade, prometendo voltar logo, rumo a Macedônia (2 Co 1.15,16).

5. Paulo achou melhor não voltar tão cedo a Corinto. Para poupar os crentes, escreveu-lhes “no meio de muitos sofrimentos e angústias de coração” (2 Co 2.1-4,9).

6. Paulo mandou essa carta aos coríntios através de Tito, e ficou esperando notícias (2.12).

7. A igreja em Corinto aceitou os conselhos dados na carta de Paulo, arrependeu-se e castigou o membro que tinha chefiado a resistência ao apóstolo (7.5-16; 2.5-8).

8. Paulo deixou Éfeso rumo a Macedônia, detendo-se em Troas para pregar, na expectativa de se encontrar lá com Tito (At 20.1-3; 2 Co 2.12).

9. Paulo entristeceu-se porque Tito não estava em Troas, então dirigiu-se a Macedônia e lá se encontraram.

10. Paulo se alegrou sobremaneira com o relatório trazido por Tito. Escreveu logo 2 Coríntios para animar os crentes, esclarecer qualquer mal-entendido nas suas relações e preparar o terreno para sua terceira visita (12.14;13.l).

A segunda visita de Paulo foi difícil e de pouco êxito por causa de alguns “falsos apóstolos, obreiros fraudulentos” (11.13) que tinham visitado Corinto. Esses tinham atacado a credibilidade de Paulo, bem como seu ministério e apostolado. Os falsos apóstolos tinham chamado Paulo de covarde (10.10), observando que ele não portava cartas de recomendação das igrejas (3.1) e que se comportava conforme critérios mundanos (10.1).

Esses obreiros fraudulentos também quiseram insinuar que o apóstolo Paulo procedeu desonestamente com relação à distribuição dos bens aos crentes na Judéia (8.20-23). Esse grupo consistia em crentes judaicos que, como os pregadores judaizantes da Galácia, quiseram pregar um “evangelho diferente” (11.3,4; Gl 1.6-9). Esses falsos apóstolos não tentaram obrigar os gentios crentes a se circuncidarem, mas quiseram dominá-los, usando de uma autoridade mais severa que a do próprio apóstolo Paulo.

Mas Paulo não ia abandonar a causa divina; estava disposto a defender o bem-estar espiritual dos seus filhos na fé. Apesar da rejeição que esses lhe mostraram por ocasião da sua visita, ele ainda podia escrever-lhes uma carta (2.4). Naquela época, as cartas eram mandadas pelos amigos, pois não havia serviço de correio como em nossos dias. Paulo enviou essa carta por Tito, um obreiro treinado por ele, e Deus o usou para produzir o efeito desejado.

Paulo, muito animado pelos resultados, escreveu mais uma vez aos coríntios, a fim de prepará-los para sua terceira visita. Ele usou de várias técnicas de aproximação: consolo, animação e a sua autodefesa às acusações dos falsos apóstolos. Essa defesa “violenta” e emocionante se encontra essencialmente nos capítulos 10, 11 e 12 dessa epístola.

3. Tema e conteúdo

O tema principal de 2 Coríntios é o ministério cristão. Encontramos também nessa carta outros assuntos importantes, como por exemplo, a vida após a morte, consolo, reconciliação, contribuições e outras referências aos problemas em Corinto. E, possivelmente, a mais íntima das epístolas de Paulo.

Relata bastante as suas experiências; mesmo contendo importantes doutrinas, é mais pessoal que doutrinária. O apóstolo nos desvenda o seu ministério cristão através dos gentios, deixando transbordar os seus mais íntimos sentimentos ao defender sua autoridade espiritual, apelando para os crentes em Corinto.

NATUREZA E ORIGEM DA CONSOLAÇÃO = (1.1-7)

Consolo — (do latim — “fortalecer grandemente”) apoio que fortalece; alegar em momentos de luto e tribulação.

As palavras consolo, consolação, consolar e suas formas relacionadas aparecem nove vezes em 2 Coríntios 1.3-7; por isso precisamos entender claramente o seu significado. Paulo usa a palavra grega parakaleo, que é muito expressiva; é composta dos elementos para “ao lado de”, “ao pé de”, e kaleo “chamar”. Assim, significa literalmente “chamar ao pé de si”. Leva também o significado da função da pessoa chamada, ou seja, “consolar”. O substantivo paraklesis significa “consolação”, “exortação”, e a pessoa chamada ou invocada nesse contexto é o parakletos ou “consolador”, “advogado”, “conselheiro”. Foi essa palavra empregada por Jesus referente ao Espírito Santo.

Ele é nosso parakletos celestial, que nos socorre quando o invocamos e habita em nós para nos fortalecer, aconselhar e animar no caminho do bem. Ele nos consola na tristeza, dá alegria e infunde coragem. Já que vive em nós, quer também agir por nosso meio, proporcionando a outros o mesmo consolo que temos recebido dEle (Jo 14.16,17,26; 2 Co 1.3-5). Um lindo exemplo disso é a ocasião em que Paulo animava aos passageiros e marinheiros durante a tempestade, consolando-os com o conforto que tinha recebido do anjo do Senhor (At 27 .21-26).

Parakaleo — “chamar ao pé de si”

Parakalesis — “conforto, consolação, exortação”

Parakletos — “advogado, consolador”

Consolar, pois, é mais que dar os pêsames a uma pessoa enlutada; implica também em fortalecer e apoiar os outros com palavras ao mesmo tempo lógicas e simpatizantes, estando ao lado deles nos momentos de provação. Podemos identificar a fonte da nossa consolação de misericórdia: “o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias e o Deus de toda consolação” (1 Co 1.3). Ele está sempre ao nosso lado para nos fortalecer.

1. Consolação necessária e outorgada

Como é maravilhoso o ministério da consolação — fortalecer e animar àqueles que estão sofrendo! Como é necessário esse ministério! Mas ele só pode nascer do nosso próprio sofrimento e da nossa recepção pessoal da consolação de Deus. Vemos Paulo bem no meio desse processo, mostrando nas suas reações, toda a sua humanidade. Mas ali encontra a graça e a paz dessa bênção para outros sofredores (1 .3).

2. No sofrimento e perigo

Paulo não especifica a natureza das tribulações por ele sofridas. Talvez incluíssem doenças, ataques à sua vida e o motim de Efeso. Veja também 2 Co 11.23-29. Deus tinha feito maravilhas por toda aquela província pelo ministério de Paulo. Todos tinham ouvido o Evangelho e presenciado o milagroso poder das Boas Novas (At 19.8-12). Mas sempre que Deus usa grandemente uma pessoa, Satanás ataca o seu trabalho e ministério. As grandes oportunidades e a oposição vão sempre de mão dadas (1 Co 16.9).

O sofrimento de Paulo ultrapassou as dificuldades físicas (naufrágios, prisões, açoites, apedrejamento etc.), suportadas com tanta coragem. Ele parece sobrecarregado de preocupações pelo bem-estar e segurança das igrejas, e confessa:

“Em tudo fomos atribulados, lutas por fora, temores por dentro” (2 Co 7.5). Ele e seus companheiros sentiam intimamente “a sentença de morte” (1.9). O diabo estava tentando destruir as igrejas por meio da perseguição e das falsas doutrinas. Seria em vão o labor do grande apóstolo? Valeu o sofrimento passado?

Você alguma vez se sentiu assim? O sofrimento físico, o aborrecimento constante e o perigo iminente nos afetam no espírito e nas emoções. Algumas pessoas ficam amarguradas e ressentidas em relação a Deus. Outras aproximam-se mais e mais dEle, como conseqüência das aflições. Como devemos agir quando pressionados “acima das nossas forças” (1.8)? O que fazer quando falta todo apoio humano? Leia a resposta no Salmo 42. Onde o Salmista diz: “A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando entrarei e me apresentarei ante a face de Deus? (v. 2). Ele manda à sua alma: “Espera em Deus” (v. 5).

E Paulo fez assim. Sentiu o apoio das orações dos outros irmãos em seu favor e depositou toda a sua confiança “em Deus que ressuscitou dos mortos” (2 Co 1.9-11).

Geralmente, Deus nos ajuda a solucionar nossos problemas, vencer as tentações por meio da coragem, dos conselhos, do bom senso, apoio e das orações dos nossos irmãos em Cristo. As vezes, entretanto, tudo e todos parecem falhar. Nesses momentos, precisamos confiar exclusivamente em Deus.

Por que estás abatida, ó minha alma? Por que te perturbas dentro em mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei, Meu Salvador e Deus meu (Sl 42.5).

3. Nas acusações e mal-entendidos

Uma das piores ações humanas é conferir, por motivos errados, às pessoas e ao seu procedimento, nossa atribulação. E fácil fazermos assim quando não gostamos de um determinado indivíduo. Se mantivermos uma atitude crítica, tudo que aquela pessoa faz parece mal feito ou feio por motivos errados. Ou nós mesmos podemos ser assim acusados, como aconteceu no caso de Paulo. Os seus inimigos criticavam toda a ação dele, ao tentarem usurpar a sua função e posição entre as igrejas.

Alguns dos crentes coríntios já criticaram a pregação direta e simples do apóstolo Paulo. Eles adoravam a filosofia e a eloqüência. Paulo preferia pregar ao nível de entendimento do povo, para que a fé dos crentes fosse fundamentada no poder de Deus e não na sabedoria de Paulo (1 Co 2.1-5). Ele salienta agora que não agiu conforme a sabedoria mundana, mas de acordo com a graça de Deus. Mesmo assim, os coríntios parecem não entender o que ele diz. Ele continua, pois, tentando esclarecer o assunto. O fato de Paulo mudar os planos da sua viagem, parece haver motivado novas acusações: “Vocês não podem depender dele porque ele não cumpre as promessas. Não é sincero. E covarde e tem medo de voltar. E não se comporta devidamente”, teriam dito alguns.

As promessas a presença de Deus constituem nosso sustento e consolo principal em momentos de aflição. Deus disse: “De maneira alguma te deixarei, nunca, jamais te abandonarei” (Hb 13.5). Será que conseguimos apreciar plenamente o significado do “Emanuel” — Deus conosco? E provável que não, pelo menos até chegarmos à Cidade Santa, à Nova Jerusalém (Ap 21.2). Mas Deus está conosco agora. Não somente existe, mas também se revela a nós como o Deus de toda consolação, aquEle que nos fortalece e sustenta.

Deus estava presente, revelando-se a Abraão, Moisés, Elias, Isaías e muitos outros santos do Antigo Testamento. O verbo ressurreto e exaltado à destra de Deus Pai, mandou o Consolador (Paracleto), “a fim de que esteja para sempre” conosco (Jo 14.16).

Estava com Paulo quando esse sofria as falsas acusações dos supostos apóstolos em Corinto e está conosco agora. Deus está agindo em nossos dias! Ele atua conforme seu próprio plano eterno (Ef 3.11) e em resposta à nossa necessidade, à sinceridade e à fé com que o invocamos. Ele é o Deus que cumpre as suas promessas por meio de Jesus Cristo (2 Co 1.20). Um dos grandes milagres do Cristianismo é que Deus responde ao rogo da humanidade e nos infunde força e coragem quando estamos sobremaneira atribulados. A presença do nosso Deus transforma e liberta.

4. Nas relações difíceis

O capítulo 2 relata dois casos de relações difíceis em que era necessário uma infusão de consolo. Os versículos 1-4 falam da mágoa do apóstolo Paulo após a sua visita penosa aos coríntios (2.1). Ele não queria prolongar aquele tipo de relacionamento, e fala da tristeza da igreja inteira e do irmão que pecara e estava sendo castigado pela congregação.

Veja nos versículos 1-4 as palavras de reconciliação que Paulo oferece aos crentes coríntios. Ele se refere a uma carta dura que lhes mandou em mãos de Tito. Teria sido bem mais fácil para Paulo abandonar os coríntios à sua própria sorte e dedicar a sua atenção a outras igrejas. Mas ele os amou, e não podia deixá-los abandonados ao erro. Ele os colocou frente a frente com o seu problema e pecado, mas não agiu de forma vingativa, e sim com amor e com lágrimas. Essa sua expressão de amor e confiança, junto à exortação dada, incentivou os coríntios a confessarem, contritos, a sua falta.

Os versículos 5-11 são de interesse e desafio. Não sabemos bem quem pecou e agora recebia perdão e consolo. Uns poucos estudiosos acham que foi aquele incestuoso de 1 Coríntios 5.1-5, mas a maioria acha que foi outro indivíduo. Qual teria sido o pecado desse?

2 Coríntios 2.5 parece indicar que o pecado foi cometido contra Paulo e contra a igreja. Seria o pecador um dos falsos apóstolos de 2 Coríntios 11.13? Talvez fosse um forasteiro metido na congregação que insultava Paulo e desafiava a autoridade dele, ganhando para si uns seguidores. Fosse como fosse, ele acabou castigado pela igreja, fato que lhe magoou grandemente. Embora saibamos muito pouco sobre o pecador e seu pecado, percebemos ao menos o seguinte:

Ele havia caído num pecado bem grave. Tinha ofendido a igreja e fora castigado. A disciplina surtira efeito, e agora, chegara o momento de restauração e reconciliação. E Paulo quem chama a igreja para perdoar e consolar o irmão caído.

No seu gesto de perdoar o pecador e convidar a igreja a perdoá-lo da mesma forma, Paulo aplicava o princípio que ele mesmo tinha ensinado em 1 Coríntios 13.

5. De Deus —> para você—> aos outros

Amor Amor

Perdão Perdão

Consolo Consolo

O amor, o perdão e o consolo devem ter caráter vertical (de Deus para nós) e horizontal (de nós para os outros).

“Amados, amemo-nos uns aos outros, porque a caridade é de Deus” (1 Jo 4.7; leia também 4.19-21). Não podemos compartir aquilo que não possuímos. “Amamos porque Ele nos amou primeiro”. Ninguém pode ensinar o que não aprendeu. Paulo diz:

“Recebi do Senhor o que também vos ensinei” (1 Co 11.23).

Já vimos que o verbo parakaleo “consolar”, significava “estar ao lado de alguém, apoiando e às vezes animando”, isso inclui o perdão. O pecador, em Corinto, precisava de consolação, perdão e amor. Estava realmente magoado e arrependido. E esse o propósito da verdadeira disciplina, seja no lar ou na igreja conduzir ao arrependimento.

Alcançando o arrependimento do culpado em Corinto, competia a igreja perdoá-lo, tanto por causa da congregação como por causa do pecador.

Ao perdão, segue-se a restauração. Satanás é esperto e gosta de explorar algo bom como a disciplina ou o arrependimento, tornando-o em coisa ruim. Quando não se pratica o perdão e a restauração, Satanás pode desanimar o pecador arrependido, levando-o ao desalento e ao ressentimento. Isso tornaria nulo o propósito da disciplina e inútil o arrependimento.

RESOLUÇÃO DOS PROBLEMAS COM AMOR

1. Encarar o problema 2. Comunicação com amor 3. Disciplina, se preciso 4. Arrependimento expressado 5. Perdão expressado 6. Consolação — o amor assegurado 7. Restauração completa

Resultados: alegria, mais amor, triunfo de Cristo e em Cristo 2 Co 2.1-11, 14.

Na igreja, no lar e onde quer que estejamos “Antes sede uns para com os outros benignos, misericordiosos, perdoando- vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo” (Ef 4.32). As vezes é difícil perdoar, mas devemos nos lembrar de que é pecado recusarmos o perdão quando o ofensor está genuinamente arrependido.

1. Nas preocupações e contratempos

O versículo 12 prossegue com a apresentação da necessidade do próprio apóstolo Paulo. Ele tinha ido de Efeso a Troas (uns duzentos quilômetros) pregar, enquanto viajava para a Macedônia. Paulo esperava encontrar-se com Tito em Troas, mas ficou desapontado porque ele não estava lá. Mesmo com uma boa “porta aberta” em Troas, Paulo não estava tranqüilo. O que podemos fazer em momentos assim?

Em primeiro lugar, não devemos perder a esperança. A ação também pode nos ajudar. Paulo fez o que pode para resolver o seu problema. Continuou viagem a Macedônia em busca de Tito e para visitar as igrejas conforme seu plano original. Deu graças a Deus por sua fidelidade e vitória.

Finalmente, vem a consolação ao nos submetermos integralmente à vontade de Deus, seja na vida ou na morte, confiantes em que Cristo está nos guiando e a sua divina causa prevalecerá. Em 2.14-16, Paulo compara isso a procissão triunfal de um general romano. Veja 1 Coríntios 4.9 e os comentários sobre esse trecho no seu livro, onde é relatado que alguns presos sobreviveriam para serem escravos e outros morreriam na arena. O incenso da procissão simbolizava vida para uns e morte para outros.

Paulo se considerava cativo (escravo) de Cristo, que é o vencedor Todo- Poderoso. Mas agora servia com alegria no exército do Mestre. A pregação do Evangelho trazia a muitos o perfume da vida, mas àqueles que o rejeitavam, era o cheiro do julgamento e da morte. A batalha é sempre árdua (2.16), mas o nosso Deus concede a vitória. Vamos agir como “enviados de Deus” e prosseguir à vitória!

A consolação de Paulo foi completa, quando encontrou Tito e recebeu as boas notícias acerca do amor dos coríntios. Leia 7.14- 16 e sublinhe as palavras que expressam a sua alegria. O “Deus de toda consolação” transformou os temores internos de Paulo numa alegria bem maior!

CONCLUSÃO

Nestes dias tão difíceis, urge que retomemos o ministério da consolação. O brado do profeta continua a ecoar: “Consolai, Consolai o meu povo! Diz o vosso Deus” (Is 40.1). É através da consolação que conseguimos demonstrar o amor que o Espírito Santo derramou em nossos corações. A consolação é um ministério a ser exercitado por todo o povo de Deus. Você está nesse ministério?

Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus (auxiliar)

Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS

Lições bíblicas CPAD 1987

Comentário Bíblico 1 e 2 Coríntios Thomas Reginald Hoover

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