O Poder da Verdadeira Profecia
Texto Áureo: “À lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, nunca verão a alva” (Is. 8.20).
Comentários: Jimmy Bruno dos Santos Silva e Jonathan Bruno dos Santos Silva, membros da Igreja Assembléia de Deus, Ministério Belém, de Dourados-MS
I - Introdução
Tal estudo tem por objetivo aprofundar um pouco a temática abordada na lição em análise. Lição com um teor belíssimo, mas toda recoberta de um teor crítico para com os atuais “profetas”, que muitas vezes utilizam do nome de Deus em vão, de modo a escandalizar a palavra de Deus, muitas vezes ridicularizando-a.
II - O que é um Profeta
Do grego prophetes, que significa “aquele que fala em lugar de outrem”, profeta, de modo geral, segundo a Pequena Enciclopédia Bíblica de Orlando Boyer, pode ser visto como um porta-voz de Deus, aquele que fala no lugar de Deus as palavras que dEle provém. Em Ez. 33, 7 encontramos: “A ti, pois, ó filho do homem, te constitui por atalaia sobre a casa de Israel; tu, pois, ouvirás a palavra da minha boca e lha anunciarás da minha parte” (grifo nosso).
Duas são as palavras hebraicas utilizadas na Bíblia para referir-se ao profeta, quais sejam: Ro’eh, traduzido como “vidente", o que significa em português a capacidade especial de se ver na dimensão espiritual e prever eventos futuros; e Nabi’, a mais utilizada para fazer menção a profeta. Tal termo tem uma origem não muito clara, todavia, levando-se em consideração que o verbo hebraico “profetizar” significa emitir palavras abundantemente da parte de Deus, por meio do Espírito Santo, notamos que Nabi’ era o porta-voz que transmitia palavras advindas do Espírito de Deus.
1. Funções de um verdadeiro profeta
A mensagem profética pode ter diversas funções, dentre elas: 1)- função de admoestação (citada pela lição), pela qual o profeta tem a incumbência de falar qual a vontade de Deus aos homens, com o objetivo de fazer com que eles possam seguir a vontade de Deus; e 2)- função de predição, que é o fato de dizer antecipadamente o que vai acontecer no futuro, através de sonhos, visões e revelações. Muitos exemplos bíblicos nos mostram ambas as funções supracitadas, como é o caso do próprio Jeremias que teve grande função de admoestação, e também das várias profecias ligadas ao nascimento de Cristo, como as feitas pelo profeta Isaias.
2. Atributos de um verdadeiro profeta
Podemos identificar quatro principais: 1)- zelo pela pureza da igreja; 2)- ter sensibilidade diante do mal e discernimento para identificar a iniquidade; 3)- compreensão do perigo dos falsos ensinos; e 4)- validade de sua mensagem na Palavra de Deus. Tais atributos podem ser observados em todo verdadeiro profeta, assim como em sua mensagem e vida.
Muitas vezes, porém, mediante a existência clara de falsos profetas, ficamos confusos, sem saber ao certo se estamos lidando com um verdadeiro ou um falso profeta. Primeiramente, temos que sempre em nossas orações rogarmos a Deus por discernimento, para que saibamos identificar os verdadeiros e falsos profetas, assim como as verdadeiras ou falsas profecias e doutrinas. Em segunda análise, portanto, podemos analisar um profeta ou mestre (atualmente pregadores ou dirigentes de igreja) sob 5 aspectos, conforme se encontra na Bíblia de Estudo Pentecostal, no estudo sobre Falsos Mestres: 1)- discernir o caráter da pessoa, analisando dentre outras coisas se ele ama aos pecadores, detesta o mal e ama a justiça; 2)- discernir os motivos da pessoa, tais como conduzir a igreja à santificação, salvar os perdidos, honrar a Deus, além de proclamar e defender o evangelho; 3)- observar os frutos da vida e da mensagem da pessoa; e 4)- analisar até que ponto a pessoa se baseia na Bíblia. Observando-se tais aspectos e pedindo discernimento a Deus podemos sempre identificar aquilo que advém ou não de Deus.
III - O Profeta Hananias
A Bíblia não dá muitos detalhes sobre a vida de Hananias. Sabemos porém que era um profeta “profissional”, ou seja, era um dos profetas ligados ao rei. A sua passagem no capítulo 28 do livro de Jeremias é base da lição em análise dado o fato de ele ser um grande exemplo de um falso profeta e das consequências que sofre aqueles que assim agem.
Grande era a crise que havia em Judá, e já há muito o profeta Jeremias vinha falando a tal povo exortações que lhe eram passadas por Deus. Dado instante da história, Hananias fala a Jeremias, na Casa da Senhor, perante os olhos dos sacerdotes e de todo o povo: “2Assim fala o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel, dizendo: Eu quebrei o jugo do rei da Babilônia. 3Depois de passados dois anos completos, eu tornarei a trazer a este lugar todos os utensílios da casa do Senhor que deste lugar tomou Nabucodonosor, rei da Babilônia, levando-os para a Babilônia.” (Jr 28. 2 e 3). Jeremias, ouvindo tais palavras, exortou Hananias de que somente se fossem cumpridas suas palavras é que seria conhecido como aquele a quem Deus enviou. Em decorrência das palavras de Jeremias, Hananias quebrou o jugo do pescoço deste e reafirmou suas palavras perante o povo.
Por fim, como consequência das palavras de Hananias, o profeta Jeremias, como porta-voz de Deus falou a ele: “15(...) não te enviou o Senhor, mas tu fizeste que este povo confiasse em mentiras. 16 Pelo que assim diz o Senhor: Eis que te lançarei de sobre a face da terra; este ano, morrerás, porque falaste em rebeldia contra o Senhor” (Jr 28. 15 e 16). O que realmente, como profecia verdadeira que foi, ocorreu, morrendo Hananias no mesmo ano.
Diante de um breve relato da história que se passou, podemos ressaltar o fato de como é prejudicial à igreja e ao povo de Deus a presença de falsos profetas e mestres em nosso meio. Tantas e tantas vezes nos deparamos com pregadores ou dirigentes que, por pior que possa parecer, não tem o temor de Deus no coração, falando coisas que enfraquecem a igreja. Mensagens na maioria das vezes que são populares, porém que não edificam de modo algum. Analisaremos com mais afinco tais falsos profetas no próximo tópico.
IV – Cuidado com os Falsos Profetas
Tendo em vista tudo o que já foi estudado quanto aos verdadeiros profetas, tendo sido, inclusive, apontado alguns passos para que se possa colocá-los em prova, devemos, então, fazer um pequeno estudo quanto aos falsos profetas, incluindo, neste termo, os falsos mestres.
Vemos na Bíblia, em diversos livros do Novo Testamento , advertências quanto ao aparecimento de falsos profetas. No Evangelho de Jesus Cristo segundo escreveu Mateus, no capítulo 24, onde encontramos o sermão profético, no trecho que fala do princípio das dores, lê-se no versículo 11: “11E surgirão muitos falsos profetas e enganarão a muitos”.
Mais a frente, no mesmo capítulo, lemos no versículo 24: “24porque surgirão falsos cristos e falsos profetas e farão tão grandes sinais e prodígios, que, se possível fora, enganariam até os escolhidos”.
Dentro dessa perspectiva buscaremos, no presente estudo, explanar não somente sobre falsos profetas no sentido estrito, isto é, de pessoas que proferem profecias falsas, não oriundas de Deus, mas também de falsos profetas em sentido amplo, aquelas pessoas que pregam doutrinas falsas, ou que procuram satisfazer fins pessoais através de palavras persuasivas.
1. Falsos Profetas em Sentido Estrito
Dentro das diversas igrejas encontramos evangélicos com o dom de profecia ou com o dom ministerial de profecia. Entende-se por profecia aquelas mensagens entregues por Deus para admoestação ou predição. Infelizmente, encontramos também muitos pregadores que procuram enganar a muitos através de “profecias” não oriundas de Deus.
Eles fazem isso, na maioria das vezes, por dois motivos: para buscar vantagens pessoais ou para parecer para as pessoas que realmente é usado por Deus.
São inúmeras as vantagens que podem ser buscadas através de falsas profecias, desde dinheiro até um casamento. O segundo motivo acaba se relacionando com o primeiro, isso porque muitos pregadores procuram fazer com que as pessoas vejam neles pessoas verdadeiramente usadas por Deus, a fim de que, desta forma, consigam fama e status.
Nós devemos estar sempre atentos para não sermos enganados por profecias que não provém de Deus. Para tanto, devemos estar sempre atentos aos métodos já mencionados para provarmos os profetas e mestres.
Na Bíblia encontramos ao menos três passagens que trazem formas de identificarmos falsos profetas, considerando aquelas que não falam de falsos profetas que buscam fazer com que nos desviemos dos caminhos de Deus. Além da passagem que vem transcrito no texto áureo da lição em comento, encontramos, no Antigo Testamento, no livro de Deuteronômios, capítulo 18, versículos 21 e 22:
“21E se disserem no teu coração: Como conheceremos a palavra que o Senhor não falou? 22Quando o tal profeta falar em nome do Senhor, e tal palavra se não cumprir, nem suceder assim, esta é a palavra que o Senhor não falou; com soberba a falou o tal profeta; não tenhas temor dele”.
Esta passagem tomo como pressuposto algo que todo crente que realmente possui fé deve saber: quando Deus usa alguém para profetizar, a profecia se cumpre. Assim vemos claramente na vida de todos os profetas que Deus usou na Bíblia. Um exemplo bem claro encontramos no capítulo do livro de Jeremias que deu base à lição ora estudada, qual seja, o capítulo 28. Neste capítulo vemos, como já mencionado, o “profeta” Hananias proferindo supostas profecias que não foram dados por Deus. Ao final do capítulo, quando após todas as palavras de Hananias, Jeremias ia “tomando o seu caminho”, veio a palavra de Deus a este, entregando-lhe uma verdadeira profecia direcionada ao profeta Hananias, e logo ela se cumpriu:
“16Eis que te lançarei de sobre a face da terra; este ano, morrerás, porque falaste em rebeldia contra o Senhor. 17E morreu Hananias, o profeta, no mesmo ano, no sétimo mês”.
Em suma, para identificarmos um falso profeta devemos saber as profecias que ele já proferiu e se elas se cumpriram.
Outra forma que encontramos na Bíblia para identificarmos um falso profeta está em Matheus 7. 15-20, passagem que encontra-se sob a epígrafe “Os falsos profetas” e vale ser integralmente transcrita:
“15Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestido como ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores. 16Por seus frutos os conhecereis. Porventura, colhem-se uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos? 17Assim, toda árvore boa produz bons frutos, e toda árvore má produz frutos maus. 18Não pode a Árvore boa dar maus frutos, nem a árvore má dar frutos bons. 19Toda árvore que não dá bom fruto corta-se e lança-se no fogo. 20Portanto, pelos seus frutos os conhecereis”.
Aqui, leva-se em consideração o pressuposto de que aqueles que são verdadeiramente usados por Deus produzem bons frutos. Vemos, então, que devem ser observados os frutos dos profetas, para que saibamos se ele é falso ou não. Devemos observar não somente as profecias que ele profere, mas também a vida dele de uma forma geral, seu testemunho cristão, para vermos se é condizente com a Palavra de Deus.
2. Falsos Profetas em Sentido Amplo
Aqui levamos em consideração todas as pessoas que pregam doutrinas erradas, que distorcem a Palavra de Deus a fim de enganar aos outros, que guiam o povo de Deus para o caminho errado, que se passam por pessoas usadas por Deus para arrebanhar inúmeros seguidores. Nesse grupo temos muitos pastores, pregadores, pessoas que se autodenominam profetas, entre outros.
Essas pessoas podem ser divididas entre pessoas que realmente possuem má intenção e outras que, mesmo com boa intenção, pregam doutrinas erradas à luz da palavra de Deus.
Muitos buscam pregar doutrinas que não aparecem na palavra de Deus a fim de arrecadar dinheiro. Essas pessoas, através de palavras que tocam somente a parte emocional da carne, conseguem arrebanhar diversos seguidores, que acabam locupletando àqueles. Vemos nos dias de hoje uma grande onda de criação de igrejas, como diria o brocardo popular, “para todos os gostos”.
E muitas dessas surgem através de líderes que possuem o interesse exclusivo de enriquecer à custa dos “fiéis”. Para tanto, são pregadas doutrinas que mostram um caminho largo para se buscar a salvação. Mas a Palavra de Deus é clara em Mt 7.13 e 14:
“13Entrai pela porta estreita, porque larga é aporta, e espaçoso, o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela; 14E porque estreita é a porta, e apertado, o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem”.
Vemos, também, muitos que acabam “alargando a porta da igreja” a fim de atrair mais membros, mas com a boa intenção de fazer com muitas pessoas, principalmente jovens, entrem na igreja para conhecer a Palavra de Deus e para viver uma vida mais santa. Porém, por causa desse abrandamento feito, muitos são os que acabam ficando em uma igreja simplesmente para ter um estilo de vida mais saudável, sem buscar uma real comunhão com Deus.
Inúmeros são os motivos que levam as pessoas a tomar essas atitudes mencionadas, e muitas são as práticas que são feitas a fim de ludibriar aos evangélicos, de tal forma que seria necessário um estudo mais amplo para tentar abranger todas as possibilidades. Porém foram expostas as práticas mais comuns de forma exemplificativa.
O que se deve ter em mente é que o verdadeiro crente deve conhecer a Palavra de Deus, buscar a sabedoria, a fim de saber quando alguém é ou não um falso profeta, tanto em sentido amplo quanto em sentido estrito, e ter condições de provar se a mensagem vem de Deus ou não. O Apóstolo João já falava da necessidade de provarmos o espírito que guia determinadas pessoas, em I Jo 4.1: “Amados, não creiais em todo espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo”.
Aqui, faz-se de grande valia transcrever o belo comentário acerca do versículo supracitado que se encontra na Bíblia de Estudo Pentecostal, edição de 1995, p. 1961:
“[...] O cristão deve testar todos que, sendo cristãos professos, são mestres, escritores, pregadores e profetas, e mesmo todo indivíduo que afirma que sua obra ou mensagem provém do Espírito Santo. O crente nunca deve crer que certo ministério ou experiência espiritual é de Deus, somente porque alguém afirma isto. Além disso, nenhum ensinamento, nem doutrina, devem ser aceitos como verdadeiro somente por causa de sucesso, milagres, ou unção aparente da pessoa (Mt 7.22; 1 Co 14.29; 2 Ts 2.8-10; 2 Jo 7; Ap 13.4; 16.14; 19.20).
(1) Qualquer ensino deve ser testado, comparando-o com a revelação da verdade de Deus, nas Escrituras [...].
(2) É o conteúdo do ensino que precisa ser testado. O ensino tem o mesmo tipo de conteúdo e sentido do ensino apostólico segundo o NT? Deve ser recusado qualquer ensino que alguém afirma ter recebido do Espírito Santo ou de anjo, mas que não pode ser confirmado pela sã exegese bíblica.
(3) A vida do Mestre deve ser averiguada quanto ao seu relacionamento com o mundo ímpio [...], e quanto ao senhorio de Cristo na vida da pessoa [...]”.
V – Conclusão
Devemos estar sempre atentos aos falsos profetas, tanto para não seguirmos caminhos que não agradam a Deus, quanto para não sermos enganados por profecias mentirosas. Para tanto, devemos estar atentos para provarmos os profetas e as profecias, os pregadores e as mensagens, os pastores e os ensinos e doutrinas.
É importante, porém, que não percamos a fé de forma a não acreditarmos mais em profecias. Existem a verdadeiras profecias entregues por Deus, os verdadeiros ensinamentos e doutrinas, à luz da Palavra de Deus. As profecias são realmente maravilhosas, essenciais para a igreja, não se pode perder a fé nelas. Pois quando ouvirmos uma verdadeira profecia, ela se cumprirá em nossas vidas. Amém.
Elaboração:- Jonathan S.Silva
Referências Bibliográficas
- Pequena Enciclopédia Bíblica, de Orlando Boyer. Editora: CPAD
- Bíblia de Estudo Pentecostal. Editora: CPAD
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