O HOMEM
VESTIDO DE LINHO
TEXTO ÁUREO = “E levantei os meus olhos, e olhei, e vi um homem vestido de
linho, e os seus lombos, cingidos com ouro fino de Ufaz” (Dn 10.5).
VERDADE PRÁTICA = Deus revela o futuro, para que o seu povo
não fique amedrontado e confuso.
LEITURA
BIBLICA = Daniel 10.1-6, 9,10,14
INTRODUÇÃO
A maioria dos intérpretes concorda em que os últimos três
capítulos do livro de Daniel constituem uma unidade. Keil descreve os conteúdos
dessa seção como "A Revelação das Aflições do Povo de Deus Infligidas
pelos Governantes do Mundo até a Consumação do Reino de Deus". Essa seção
não está em forma de sonho ou visão. Ela é uma revelação, que vem diretamente a
Daniel por intermédio de um Ser celestial que age como o Mediador da verdade. A
expressão foi revelada uma palavra a Daniel (10.1) contém a palavra niglah, a
forma passiva do verbo que significa "desvendar, manifestar,
revelar". Essa manifestação culminante experimentada por Daniel veio a ele
na forma mais elevada de revelação, através do encontro direto com a deidade.
Keil descreve essa experiência como uma teofania, uma manifestação ou aparição
de Deus.
UMA VISÃO CELESTIAL
Daniel vê um certo homem
vestido de linho
10:1-3 - Daniel tem uma visão de uma grande guerra que forma uma
profecia contínua nestes três últimos capítulos. A visão foi revelada a Daniel
no terceiro ano de Ciro (536 a.C.), que também parece ser o primeiro ano de
Dario, o Medo (veja 11:2). Esta visão impressionou Daniel pela sua solenidade,
à qual ele reagiu jejuando e se lamentando durante três semanas.
A vigília de Daniel (10.1-3). Pelo menos quatro anos haviam se passado desde a experiência de
Daniel com Gabriel. Naquela época, Dario, o medo (veja comentários em 6.1-28),
estava servindo como rei interino na Babilônia. Agora Ciro, rei da Pérsia (1;
veja Quadro B) estava no seu terceiro ano. Daniel, que a essa altura devia
estar com mais de noventa anos, passou um longo período em oração. Novamente,
ele estava se dedicando à oração, mas também ao jejum. Eu, Daniel, estive
triste por três semanas completas (2). "Não comi nada saboroso, não provei
carne ou vinho, nem me ungi" (3, Moffatt). Esse tipo de persistência não
falharia em abrir os portaisdos lugares celestiais.
A VISÃO DO HOMEM VESTIDO DE
LINHO
10:4-6 - Quando estava junto ao rio Hidequel, o nome hebraico
para o rio Tigre, ali apareceu um homem cuja descrição é muito parecida com a
de Cristo em Apocalipse 1: 13-15. Contudo, pelo que se segue, é a descrição de
um mensageiro de julgamento, indica da pela aparência de relâmpago e fogo.
10:7-9 - Os que estavam com Daniel não viram a visão, mas
ficaram amedrontados e fugiram. Daniel foi deixado fraco pela visão e caiu num
sono profundo.
O efeito sobre Daniel e João foi idêntico. Não ficou força em
mim (8), Daniel confessou. "Caí a seus pés como morto" (Ap 1.17),
registra João. O limite da capacidade de absorver a revelação celestial excedeu
em ambos os casos. "Ao ouvir o som das suas palavras caí inconsciente com
o meu rosto em terra" (9, Berkeley). Embora o profeta desmaiasse com a voz
da mensagem, ele foi restabelecido à plena consciência quando a mensagem de
Deus foi transmitida a ele. E eis que uma mão me tocou (10), testemunha Daniel.
Além do toque fortalecedor, ele ouviu uma palavra confortadora: Daniel, homem
mui desejado ("muito amado", ARA). Que palavra mais encorajadora
poderia vir dos lábios divinos?
O mensageiro conforta Daniel,
10: 10-21
10: 1 0-11 - Uma mão tocou Daniel, ajudando-o a ficar sobre e as
mãos e os joelhos. Ele foi encorajado a se levantar, pois este homem tinha
vindo para ajudá-lo a entender a visão.
A aparência do Ser celestial
(10: 04-11). O que se segue é o desvendar
de um Ser glorioso a Daniel que nos faz lembrar o que o Apóstolo João viu na
ilha de Patmos (Ap 1.10-20). Ao lado do rio Hidéquel (4; Tigre), Daniel viu um
homem vestido de linho (5). Ali em Patmos, João viu alguém semelhante a um
Filho do Homem vestido até aos pés de uma veste comprida. Ambos estavam
cingidos com ouro. Ambos brilhavam da cabeça aos pés com uma luz sobrenatural.
Ambos tinham olhos como chamas que brilhavam e falavam como a voz de uma
multidão (6). A Pessoa que João viu identificou-se da seguinte forma: "Sou
Aquele que Vive. Estive morto mas agora estou vivo para todo o sempre" (Ap
1.18).
10:12-13 - O pedido de Daniel de entendimento tinha sido ouvido
desde o primeiro dia, ainda que vinte e um dias tivessem passado. A demora
tinha sido causada pelo príncipe (anjo) da Pérsia que tinha resistido ao homem,
que parece ser o anjo dos medos (11:1). Parece que estava acontecendo uma
guerra espiritual (d. Apocalipse 12: 7), mas finalmente Miguel, um dos
primeiros príncipes, veio em socorro (d. Daniel 12:1; Judas 9).
10: 14 - O homem tinha agora vindo ajudar Daniel a entender o
que aconteceria com Israel nos "últimos dias." A expressão
"últimos dias" indica que a visão dizia respeito aos eventos da vinda
do Messias e àquele período (d. Daniel 2:28; Atos 2: 16-17).
10: 15-17 - Daniel não pôde falar até que uma pessoa com
aparência de homem tocou seus lábios. Ele, então, explicou que seu silêncio era
devido a estar tão esmagado pela aflição.
10: 18-19 - Ele foi fortalecido novamente e lhe foi dito que não
tivesse medo, mas fosse forte.
10: 20-21 - Ao tempo em que esta profecia foi dada não havia
império grego; contudo, foi dito a Daniel sobre uma guerra a ser travada entre
o príncipe da Média (11: 1) e o príncipe da Pérsia e, então, contra o príncipe
da Grécia. A mente mortal só pode especular quanto ao que realmente está
envolvido aqui. Sabemos, de fato, que há forças e poderes angélicos (Efésios
1:20-21; Colossenses 1:16; 2:15). Talvez as forças angélicas estejam envolvidas
na ascensão e na queda das nações. Tinha que ser mostrado a Daniel o que estava
nos escritos da verdade (veja 8: 18-23), tudo o que apontava para a queda da
Pérsia nas mãos da Grécia.
Cada vez que temos comunhão com Deus, devemos sentir, de modo
apropriado, a distância infinita que existe entre nós e o Deus Santo. Como é
que nós, que somos pó e cinza, poderemos falar com o Senhor da glória? Nada é
mais provável e efetivo para fazer reviver o espírito desfalecido de cada
santo, do que receberem a certeza do amor de Deus por eles. Desde o primeiro
dia em que começamos a contemplar a Deus no caminho do dever, Ele está
preparado para encontrar-se conosco no caminho da misericórdia. Assim, pois,
Deus está pronto para ouvir as nossas orações.
Quando o anjo relatou ao profeta os fatos que estavam por
acontecer, teria que regressar e fazer oposição aos decretos dos reis persas
contra os judeus. Os anjos são empregados como ministra dores de Deus (Hb
1.14). Muito foi feito contra os judeus por parte dos reis da Pérsia, com
permissão de Deus; entretanto, teriam lhes feito muito pior se Deus não os
tivesse impedido. Agora mostrará plenamente quais eram os propósitos de Deus,
dos quais as profecias são um esboço.
E nos interessa estudar aquilo que consta nestas fiéis
Escrituras, porque estão relacionadas à nossa eterna paz. Enquanto Satanás e os
seus demônios, e os maus conselheiros, alvoroçam os príncipes para que façam o
mal contra a Igreja, podemos nos regozijar de que Cristo, o nosso Príncipe, e
todos os seus anjos poderosos agem contra os nossos inimigos.
Porém, não devemos esperar que muitos nos favoreçam neste mundo
mau. Todo o conselho de Deus será estabelecido; e que cada um de nós ore da
seguinte maneira: Senhor Jesus seja a nossa justiça no presente, e a nossa
confiança eterna, tanto na vida quanto na morte, dia do juízo e para todo o
sempre.
Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de
Jesus
Igreja Evangélica Assembléia de Deus
Ministério Belém Em Dourados – MS
BIBLIOGRAFIA
www.estudosdabiblia.net
Comentário
Bíblico Mathew Henry
Comentário
Bíblico Beacon Daniel
O HOMEM
VESTIDO DE LINHO
“E
levantei os meus olhos, e olhei, e vi um homem vestido de linho, e os seus
lombos, cingidos com ouro fino de Ufaz” (Dn 10.5)
Dn
10.1-21
O título desse capítulo desperta curiosidade
porque apresenta urna figura que revela alguém singular, diferente de todas as
figuras de linguagem que ilustra o próprio Deus e, que, de forma teof7nica,
indica a Pessoa de Jesus Cristo. Era, de fato, a revelação do Cristo pré-encarnado,
que corresponde com a visão de Ezequiel (Ez 1.26) e depois, no Novo Testamento,
com o Apocalipse de João (Ap 1.12-20). Em todo este capítulo, “o homem vestido
de linho” é o personagem central das revelações feitas a Daniel.
Temos que
considerar que os três últimos capítulos desse livro trazem a última visão e
revelação que Daniel teve da parte de Deus. O capítulo 10 se constitui, de
fato, numa preparação para a revelação que Deus queria dar a Daniel. O capítulo
li apresenta a visão escatológica que destaca o futuro imediato de Israel em
relação às nações. Nesta visão, Daniel lembra quando chegou como exilado
político na Babilônia ainda bem jovem. Os anos se passaram, e agora nos
capítulos 10,11 e 12, ele era um homem com mais de 85 anos de idade. Ele lembra
o nome estrangeiro Belsazar que havia recebido da parte de Nabucodonosor e que
tinha por objetivo apagar a memória do seu povo e do seu Deus. Mas Daniel, ao
citá-lo em Dn 10.1, queria lembrar, também, que nada mudou na sua mente e
coração em relação à sua fidelidade ao Deus de Israel. Ele provou que apesar do
desterro de sua terra, nada havia mudado em relação à sua fé.
Fazendo urna
digressão ao capítulo 9, Daniel sabia que o dedo de Deus dirige a história e o
futuro do seu povo e nada o deteria de cumprir os seus desígnios para com o seu
povo, mesmo que o mesmo tenha pecado contra o Senhor. Haviam passado os 70 anos
preditos na profecia de Jeremias e, então, Deus envia o anjo Gabriel (Dn 9.21)
para revelar esse futuro do seu povo. Foi urna revelação depois de muitas
lágrimas e orações do profeta pelo seu povo. Daniel era um homem de lágrimas e
Deus se agradava da sua humildade.
No capítulo
10, já era o terceiro ano do reinado de Ciro da Pérsia (534 a.C.), e Daniel,
mesmo estando idoso, permaneceu no palácio sob a égide dos reis que sucederam
Nabucodonosor.Assumiram o império Ciro, da Pérsia, e Dano, da Média.
Constituindo, portanto, o Império Medo-persa. Entre 538 e 536 a.C., Ciro, o
persa, concedeu um decreto que autorizava os judeus exilados na Babilônia a
retornarem a Palestina, especialmente, em Jerusalém, para reedificarem o templo
judeu.
Porém, esse
retorno aconteceu, de fato, a partir de 538 a.C. O edito real de Ciro emitido
está registrado em Esdras nos capítulos 1 ao 6. Segundo a história, urna grande
maioria de judeus havia aderido aos costumes estrangeiros e preferiu não voltar
à sua terra, ficando na Babilônia.
Porém, o
sonho de Daniel era concretizado mediante sua pesquisa no livro do profeta
Jeremias ao constatar que já haviam se passado os 70 anos profetizados de
cativeiro. Mesmo assim, Daniel não desistiu de orar pelo seu povo e por sua
cidade santa, Jerusalém. Daniel era um homem de oração. Neste capítulo algo
diferente de todas as visões que tivera anteriormente acontece. Há uma
manifestação teofânica quando o próprio Deus, prefigurativamente, na pessoa de
Jesus Cristo, se apresenta a Daniel de urna forma ímpar e gloriosa. Há, também,
no texto uma manifestação angelical em que anjos celestiais obedecem aos
desígnios de Deus em favor dos seus servos na terra.
I- A
SENSIBILIDADE ESPIRITUAL DE DANIEL (10.1-3)
Indiscutivelmente,
Daniel é um dos modelos de vida devocional mais importante da Bíblia. Ele soube
conciliar sua atividade palaciana com a sua vida devocional. No exílio, mesmo
servindo a reis pagãos, Daniel não se descuidou de estar em oração, três vezes
por dia. Ele não estava em Jerusalém para adorar ao Senhor no Templo, mas fazia
do seu quarto de dormir o seu altar de adoração e serviço a Deus através da
oração. Foi desse modo que ele teve as grandes revelações dos desígnios de Deus
para o seu povo.
Daniel, um homem de revelações de Deus (10.1)
“foi revelada uma palavra a Daniel” (10.1). A palavra
revelação significa, essencialmente, trazer à luz alguma coisa nova.
A Daniel foi
revelado coisas extraordinárias acerca do seu povo e acerca de coisas futuras,
não apenas concernentes a Israel, mas abrangentes a todo o mundo, inclusive à
igreja. Porém, nos capítulos 10, li e 12, toda a revelação fala de fatos que
acontecerão “nos últimos dias”. Daniel era um homem sensível à voz de Deus,
comprometido com a verdade e que dizia apenas o que Deus ordenasse. Daniel não
enfeitava a profecia. As figuras de linguagem utilizadas por Deus para ilustrar
as revelações eram extremamente fiéis ao que Deus queria revelar.
(10.2) A tristeza de Daniel. “Estive triste por três semanas
completas”. A tristeza que afligiu o coração de Daniel o fez decidir por orar e
jejuar por 21 dias, abstendo-se de carnes e de vinho. As notícias negativas
acerca do que estava acontecendo com seu povo e com a reconstrução do templo em
Jerusalém o fez perceber que estava havendo confusão, oposição e má vontade da
parte de muitos judeus em relação ao retorno para a sua cidade, o lugar do
templo do Senhor em Jerusalém.
Os
samaritanos e palestinos que habitavam neste tempo em Jerusalém, começaram a
criar obstáculos, principalmente, para a reconstrução do Templo. Os judeus
haviam retornado para Jerusalém com o propósito de reconstruir o templo
enfrentaram muita oposição, e Esdras confirmou esse fato, quando disse: “Todavia
o povo da terra (samaritanos e palestinos,) debilitava as mãos do povo de Judá,
e inquietava-os no edificar” (Ed 4.4). Por causa dessa oposição ferrenha dos
inimigos de Israel, agindo com falsidades e mentiras, e procurando desanimar o
povo, tudo faziam para frustrar os propósitos da reconstrução do templo. Mais
uma vez Esdras registrou essa oposição e disse: “E alugaram contra eles
conselheiros, para frustrarem o seu plano, todos os dias de Giro, rei da
Pérsia” (Ed 4.5).
Além desses
opositores, Daniel percebeu, também, que havia desinteresse de muitos exilados
na Babilônia em voltar à sua terra, pois haviam se acomodado à vida exilada. A
ordem de reconstrução e da volta do seu povo à Palestina já havia sido
autorizada e, passados alguns anos, o povo não se animava de voltar à sua
terra. Daniel ficou triste e se pôs a lamentar e chorar. Porém, ele não
desistiu de interceder pela compaixão de Deus, o Deus de Israel. Ele percebeu
que o povo havia se esquecido do Senhor e pouco se interessava em servi—lo, preferindo
viver uma vida dissoluta e de acordo com os padrões da vida pagã. Ele sentia o
peso desse fardo espiritual e se pôs a orar e jejuar diante de Deus por Israel
(vv. 3,12).
Daniel, um homem de oração
Sem dúvida,
Daniel é um grande exemplo da prática da oração. Durante toda a sua vida e,
especialmente da juventude à velhice, o velho Daniel não deixou de orar. Era um
homem determinado e consciente de suas limitações. Por três semanas
consecutivas (21 dias) o velho Daniel não deixou de orar em favor do retorno do
seu povo à sua terra.
Ele nunca
desistiu de clamar e pedir por esse retorno, porque sabia que o tempo de Deus
não está preso às circunstâncias históricas. Ele não adianta nem atrasa. No
tempo devido, seus desígnios são concretizados.
Entretanto,
Daniel, havia entendido que o piano de Deus para o seu povo não havia findado.
Sua convicção era tão forte que não demorou muito para que Deus lhe desse outra
grande revelação.
Daniel havia
ficado triste por 21 dias por causa da profecia de Jeremias e havia nesta
profecia a promessa de restauração do seu povo. Por isso, ele sentiu motivado,
não apenas para lamentar, mas para orar suplicando que a promessa fosse
realizada. Ele levou a sério esta necessidade de orar e orava como hábito
cotidiano três vezes ao dia. Ele orava com seriedade, com reverência e com
contrição, pois confessava o pecado do povo e esperava a misericórdia de Deus (Dn 9.3-15). No capítulo 10, Daniel é
surpreendido pelo “homem vestido de linho” que lhe revela coisas maravilhosas.
II- A VISÃO
DO HOMEM VESTIDO DE LINHO (10.4,5)
O tempo da resposta à oração de Daniel
“e no dia
vinte e quatro do primeiro mês” (10.4). Esse era o mês de Nisan (março—abril) e
Daniel cita esse dia para declarar que era o final das três semanas que ele
esteve confinado em oração e jejum. Essa data envolvia os dias da celebração da
Páscoa em Israel, que era o dia em que Deus havia tirado Israel da escravidão
egípcia. Neste contexto de oração e jejum, Daniel se lembra da sua vida de
juventude a setenta anos atrás quando, em Jerusalém, podia celebrar com alegria
a Páscoa e, naquele momento que estava vivendo, estava fora da sua terra. Isso
tudo o levou a um profundo sentimento de recordações e de oração pela
restauração do seu povo.
O local da revelação divina a Daniel
“eu estava à
borda do grande rio Hidéquel” (10.4). Na verdade, o rio Hidekel é o mesmo rio
Tigre. É um rio que nasce nas montanhas da Armênia e atravessa a planície da
Mesopotâmia, por mais de 1.800 kilometros e, depois se junta ao rio Eufrates
desaguando no Golfo Pérsico. O rio Tigre (ou Hidekel), pela sua importância
geográfica foi o local onde, literalmente, Deus deu a grande visão dos
capítulos 10, 11 e 12 a Daniel. É interessante notar que Daniel não fora
arrebatado em espírito para ver a grande visão, mas ele estava, literalmente
naquele local “à horda do rio” acompanhado de alguns homens.
Estes homens
não viram a visão, apenas ficaram assustados com o ambiente e fugiram porque
notaram que estava acontecendo algo extraordinário (10.7). A Daniel foi dada a
visão e a mais ninguém. O texto do versículo 5 confirma, dizendo: “E levantei
os meus olhos, e olhei...”
A aparição
do homem vestido de linho
“e eis um homem vestido de linho” (10.5). Deus sempre
utilizou figuras de linguagem que pudessem aclarar suas revelações. O “homem
vestido de linho” que lhe aparecera era literal, ainda que de forma magnífica e
angelical. Segundo alguns estudiosos, esse “homem” pode ser uma aparição
teofnica do próprio Cristo, cuja descrição pode ser comparada a visão que João,
o apóstolo, teve na Ilha de Patmos (Ap 1.13-16). Ora, uma teofania significa
Deus manifestando-se, tomando formas distintas para falar com o homem. Na
Bíblia, temos teofanias (manifestações de Deus) e temos angelofanias
(manifestações angelicais). Geralmente, essas manifestações são com formas
humanas. No caso da experiência de Daniel, quem poderia ser: um anjo ou o
próprio Deus? Alguns exegetas não veem o “homem vestido de linho” como uma teofania,
mas insistem em que o personagem é o de um ser angelical. Porém, o contexto
bíblico fortalece a ideia de que seja, de fato, o próprio Deus manifestando-se
de modo pessoal e visível como “um homem” a Daniel.
O que é uma teofania?
A palavra
teofania deriva de duas outras palavras na língua grega: teos efanís que
significam respectivamente “Deus” e “aparecer” ou (manifestar). Entende-se,
portanto, teofania corno “uma forma visível da divindade”. Crê-se que a
aparição daquele ser angelical como “um homem vestido de linho” era uma
teofania. O texto fortalece a ideia de que era Jesus, a segunda Pessoa da
Trindade, pelas caraterísticas esplendorosas do personagem. A descrição desse
personagem espiritual lembra a visão que o apóstolo João teve de Jesus quando
estava na ilha de Patmos (Ap 1.13—16).
As caraterísticas do homem vestido de linho.
(10.5,6) A
visão estrondosa e magnífica que Daniel teve do homem vestido de linho desafia
os estudiosos da Bíblia em definir essa aparição.A pergunta que todos fazem é:
Quem era aquele homem? Seria Gabriel, o embaixador de Deus em outras vezes para
com Daniel? Seria um anjo com poderes especiais para cumprir um desígnio de
Deus? Seria Miguel, o chefe das milicias de Deus que defende os interesses de
Deus para com Israel? Seria esse “homem vestido de linho” o Cristo
pré-encarnado, numa teofania especial? Percebe-se que essa aparição trazia um
homem com vestes de linho, com os ombros cingidos de ouro, com um corpo
semelhante a berilo, que tinha urna cor do tipo água marinha, ou verde mar, o
rosto como relâmpago e olhos como tochas de fogo, braços e pés como bronze
polido e sua voz era como o barulho de uma multidão (Dn 10.5,6).
Portanto,
essas caraterísticas o faziam um ser diferente e singular que o identificavam
com outras teofanias que aparecem na Bíblia. Entretanto, a visão de João, o
apóstolo, na Ilha de Patmos se ajusta perfeitamente com as caraterísticas desse
“homem” que apareceu a Daniel. Não devemos forçar urna interpretação, mas o
contexto contribui para que creiamos que esse “homem” especial não podia ser
outro senão Jesus Cristo, a segunda Pessoa da Trindade. Ele estava vestido de
“linho”(v. 5), um tecido utilizado especialmente na roupagem dos sacerdotes
segundo a liturgia hebraica e significa santidade, pureza e justiça. Em
Apocalipse 1.13,0 Senhor Jesus aparece em visão a João, na Ilha de Patmos,
vestido de glória e majestade, e diz que: “um semelhante ao Filho do homem,
vestido até aos pés de um roupa comprida”.
Daniel é confortado por um anjo (10.10-12)
A visão
provocou um efeito extraordinário em Daniel. Ele não teve forças fisicas para
se manter em pé e caiu adormecido pela glória do “homem vestido de linho”.A
mesma experiência que João teve na Ilha de Patmos com a visão do Cristo
glorificado (Ap 1.17,18) foi experimentada por Daniel junto ao rio Hidekel, ou
seja, o rio Tigre.
Daniel
reergueu-se de seu desmaio e foi confortado por um anjo da parte de Deus depois
da grande peleja que houve no céu entre os comandados de Satanás e os anjos de
Deus, naqueles 21 dias de oração do grande servo de Deus. O anjo falou-lhe que
era muito amado (10.12) por Deus.
III - A
REVELAÇAO DO CONFLITO ANGELICAL NO CÉU
Os anjos são uma realidade espiritual (10:5,6,1 3,20)
A realidade
dos anjos é indiscutível. Os anjos não são meras figuras de retórica, nem são
invencionices de teólogos. Não são coisas, mas são seres pessoais criados por
Deus. Anjos e homens são criações distintas de Deus. Ambos são seres pessoais,
diferenciados nas finalidades da criação. Os anjos são criados como espíritos
sem a capacidade procriativa, que Deus deu apenas aos homens (Lc
20.36; Hb
1.14; Sl 148.5).
Serviços prestados pelos anjos
Na criação
dos anjos o Criador os classificou em categorias especiais de serviços (Cl
1.16). Os anjos não são meras figuras de retórica. Eles são seres criados por
Deus para executarem a vontade divina. Eles existem para cumprirem os
interesses de Deus no universo.
O autor da
Carta aos Hebreus diz que os anjos são “espíritos ministradores, enviados para
servir a favor dos que hão de herdar a salvação” (Hb 1.13,14). Da mesma sorte,
os espíritos que se rebelaram e acompanharam a Lúcifer na sua rebelião contra
Deus, os quais denominamos como “anjos caídos” obedecem as ordens do seu chefe,
Satanás (Is 14.12-15;Ap 12.7-12;Mt 25.41). Eles são realidade invisíveis e
muito atuantes no mundo que se opõe contra toda a obra de Deus ( Ef2.2; 6.12;
Cl 1.13,16).
Existem
opiniões de que o ser espiritual do versículo 5 é o mesmo que fala com Daniel
nos versículos 10-12. Outros entendem que são dois seres angelicais. O primeiro
ser angelical do v. 5 é uma teofania, ou seja, unia aparição especial de Deus a
Daniel. O segundo ser angelical dos vv. 10—12 é visto como um anjo com poderes
delegados por Deus para consolar o coração de Daniel e lhe revelar acerca do
conflito angelical nos céus por causa da oração de Daniel.
Duas categorias de seres angelicais
Neste
capítulo nos deparamos com duas categorias de seres angelicais. Os anjos da
parte de Deus e os anjos da parte de Satanás. Os anjos da parte de Satanás são
identificados na Bíblia como “espíritos maus”, “demônios” e que, na realidade,
são considerados os anjos caídos da presença de Deus e que seguiram a Lúcifer.
Eles obedecem ao comando de seu chefe que é o Diabo.
Neste capítulo,
eles aparecem com funções de liderança opositora aos interesses de Deus contra
Israel (vv.13,20). Eles podem tomar formas diferentes do mundo físico sem
ficarem retidos a essas formas porque são seres espirituais apenas. Deus não os
criou como demônios ou maus.
Todas as
milícias angelicais foram criadas para a glória de Deus (Jó 38.6,7). Foram
criados seres morais e livres. Porém, a Bíblia fala de anjos que pecaram e não
guardaram a sua dignidade, tornando-se maus (2 Pe 2.4;Jd 6; Jó 38.18-21). Pelo
fato de serem espíritos sem corpos materiais, eles podem tomar formas materiais
representando figurativamente coisas ou pessoas, como é o caso dos anjos que
representam “o príncipe do reino da Pérsia” e “o príncipe do reino da Grécia”
(Dn 10.13, 20).
Dois príncipes humanos representados na figura de dois anjos
“o príncipe
do reino da Pérsia” e “o príncipe do reino da Grécia”. (10.13,20). Subtende-se
que Satanás designou dois dos seus anjos para influenciarem os reis da Pérsia e
da Grécia e colocá-los contra o povo de Deus, Israel. No contexto do conflito
no céu do capítulo 10, essas figuras procuraram impedir e resistir ao anjo
Gabriel, mensageiro de Deus que tinha a resposta à oração de Daniel.
Deus enviou
o arcanjo Miguel, defensor dos interesses divinos para com Israel, a fim de
possibilitar o cumprimento da missão do anjo Gabriel. Satanás tem sua própria
organização angelical e esse texto indica que ele estabelece categorias de
comandos. No caso do texto de Dn 10.13,20, Satanás incumbe anjos perversos com
poder delegado para agir contra as nações do mundo. São espíritos que assumem
territórios, e alguns teólogos, interpretam esta ação demoníaca como ação de
“espíritos territoriais”, que exploram culturas e crendices para aprisionar
mentes e corações contra a possibilidade de conhecerem o Deus Verdadeiro.
Segundo Paulo, esses espíritos atuam nas regiões celestiais para resistirem e
criarem obstáculos à obra de Deus e à realização da sua vontade.
O conflito
entre as milícias do Arcanjo Miguel e as milícias satânicas
“Mas o
príncipe do reino da Pérsia se pôs defronte de mim vinte e um dias” (10.13).
Esses dois príncipes não os reis da Pérsia e da Grécia, mas são figuras
metafóricas de dois seres angelicais demoníacos designados pelo Diabo para
atuarem sobre os remos da Pérsia e da Grécia. O anjo Gabriel declarou que a
resistência de Satanás viria também da parte do “príncipe da Grécia” na sua
volta à presença de Deus. Esses dois príncipes terrenos representavam neste
conflito dois espíritos da parte do Diabo que atuavam sobre aquelas nações. São
espíritos territoriais, Alguns dos nossos teólogos rejeitam a expressão
“espíritos territoriais”, mas não podem negar a existência de demônios
designados pelo Diabo para interferirem e regerem sobre aquelas nações.
É
interessante notar que “o homem vestido de linho” que falava com Daniel
declarou que Miguel, o anjo de Deus, era o “príncipe” de Israel, para defender
e proteger os interesses de Deus na vida desse povo (Dn 12.1). O anjo Gabriel
que trouxe a resposta de Deus, disse a Daniel que havia sido retido no céu por
21 dias com a resposta de Deus às suas petições.
Esses dois
príncipes das milícias satânicas:”o príncipe do reino da Pérsia”(v. 13) e o
“príncipe da Grécia”(v. 20) que tentaram impedir que Gabriel trouxesse a
resposta eram, na verdade, figuras desses príncipes satânicos que operam pelo
poder do Diabo, de forma organizada, sobre as nações do mundo. Sem dúvida,
Satanás tem sua hierarquia e dispõe de autoridades no mundo inteiro. Assim como
Deus delegou ao Arcanjo Miguel para ser o “guardião de Israel” (Dn 10.13), o
diabo estabelece os seus guardiões nas nações. São os opositores de Deus. Se o
Príncipe da Pérsia representa um príncipe satânico com a finalidade de criar
obstáculos ao projeto divino para que não alcance o seu objetivo, também, da
parte de Deus, o Príncipe de Israel é o Arcanjo Miguel, e foi ele que veio em
ajuda do anjo Gabriel para abrir espaço nos céus com a resposta divina para
Daniel.
Alguns
teólogos rejeitam a ideia de que esses príncipes, da Pérsia e da Grécia, sejam
anjos caídos. Defendem a ideia de que eram apenas reis desses impérios
terrenos.
Há grande hostilidade espiritual contra o povo de Deus.
Deus tem
urna aliança com Israel e a cumprirá, porque Ele é imutável e cumpre suas
promessas. Quanto à igreja de Cristo, os mesmos espíritos do mal operam e
hostilizam a igreja e aos crentes em particular. Há resistência espiritual às
nossas orações. Quando oramos entramos em batalha contra as potestades do mal
(Ef 6.12). Israel tem o seu ajudador especial da parte de Deus. A igreja,
também, é guardada pelos anjos dos ataques satânicos.
IV - DANIEL
RECUPERA SEU ÂNIMO ATRAVÉS DO ANJO
Daniel foi tocado pelo anjo
“me tocou os lábios” (10.16). Daniel tinha caído por terra por
não ter tido condições fisicas e emocionais de suportar toda aquela revelação.
Ficou sem fala, mas ao ser tocado nos lábios, abriu a boca e começou a falar, à
semelhança do que aconteceu com o profeta Isaías (Is 6.7). Quando somos tocados
pelo Senhor, a sua santidade produz em nós um sentimento de indignidade e
impureza perante os seus olhos. Ao ser tocado nos lábios, Daniel, antes
emudecido diante da visão, começou a falar.
“Como pois
pode o servo deste meu Senhor falar com aquele meu Senhor”? (10.17). Dois
personagens se destacam nesta experiência, o anjo que falava com ele e o Ser
superior a quem Ele entendeu que não tinha condições de estar de pé diante
dEle. Quem era aquele “Senhor”? O contexto da escritura indica Alguém que era
mais que um ser angelical. Não poderia ser o Senhor Jesus Cristo? Não podemos
especular sobre isso, mas não há dificuldade alguma para entender a
possibilidade de ser o Senhor Jesus, pré—encarnado, numa aparição especial. Na
transfiguração de Jesus diante de seus três discípulos, Moisés e Elias viram a
glória de Deus na pessoa de Jesus Cristo, seu Filho amado (Ex 33.19; Lc
9.28-31).
(10.18,19)
Daniel foi confortado pelo anjo. Daniel descobriu que os opositores da obra em
Jerusalém, não eram apenas os samaritanos e palestinos que se opunham contra
tudo, mas tinha por trás de toda essa oposição, a ação de demônios. Mas Daniel
é confortado pelo anjo quando lhe diz que “era muito amado” por Deus.
(10.20) O
anjo revela a Daniel que “o príncipe da Grécia” na figura de um dos espíritos
satânicos também se levantaria para se opor ao povo de Deus num tempo bem
próximo daquele que ele,
Daniel,
estava vivendo. A revelação foi feita ainda dentro do período do Império
Medo-persa, mas logo passaria, e outro império haveria de surgir, suplantando o
medo-persa, que era o Império Grego. Aquele anjo embaixador de Deus anunciou a
Daniel que ele enfrentaria as milícias espirituais com o apoio de Miguel, príncipe
de Deus a favor de Israel.
A grande
lição que aprendemos com este capítulo é que no mundo temos urna guerra
espiritual sobre as nossas cabeças.Trata-se de uma guerra invisível, mas ternos
a promessa da vitória porque Deus cumpre a sua Palavra.
Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de
Jesus Igreja
Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS Livro Integridade
Moral e Espiritual = CPAD = Elienai Cabral
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