A VIDA SEGUNDO O ESPÍRITO
Pr. JOSÉ COSTA JUNIOR
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Paulo
já havia escrito que mesmo após a nossa salvação continuamos carregando uma
companhia desagradável, a velha natureza. Antes da nossa salvação, só tínhamos uma
natureza, corrompida, escravizada, entregue às paixões, desejando tudo o que
desagradava Deus e odiando tudo o que o agradava.
Após
a salvação, Deus nos deu uma nova vida, e com ela uma nova natureza. Agora
desejamos fazer tudo o que Deus gosta e odiamos tudo o que Ele odeia. Surgiu,
então, a crise interior declarada por Paulo no capítulo anterior. As duas
naturezas brigam entre si e muitas vezes a velha sai ganhando. Esse nosso
inimigo íntimo é o nosso maior adversário.
A
novidade de Romanos 8 é que não estamos sozinhos nessa luta. Deus enviou o seu
próprio Espírito para confirmar que somos de fato salvos e ainda nos ajudar a
viver a nova vida diariamente.
O
Espírito mora em nós. É uma companhia, mais do que uma possessão. Junto desta
presença maravilhosa, recebemos também algumas bênçãos. O Espírito Santo é uma
visita que trouxe presentes: força para enfrentar a velha natureza; certeza da
filiação; certeza da salvação; auxílio na comunicação com Deus através da
oração.
As
mudanças operadas pelo Espírito em nós começam na nossa mente. Como são os
nossos pensamentos que governam nosso comportamento, eles devem ser dominados
pela presença do Espírito para que não façamos mais as coisas que fazíamos
antes. Assim se explicam as mudanças milagrosas que se manifestam nos novos
cristãos.
Uma
das maiores bênçãos do Espírito é a confirmação do nosso novo status: somos
filhos de Deus. Filiação é a maior bênção que um cristão poderia receber. Não é
ser salvo do inferno, ou ser presenteado com a vida eterna – é ser adotado como
filho por Deus para sermos parecidos com Jesus, o Filho amado de Deus, o nosso
irmão mais velho.
Com
isso nos tornamos co-herdeiros de Cristo. Se Deus é rei, o dono do universo, e
Cristo é o seu herdeiro, nós somos filhos do Rei e irmãos de Cristo.
Paulo
menciona nossa herança em outros lugares: “Portanto,
ninguém se glorie nos homens; porque tudo é vosso: seja Paulo, seja Apolo, seja
Cefas, seja o mundo, seja a vida, seja a morte, seja o presente, seja o futuro,
tudo é vosso, e vós, de Cristo, e Cristo, de Deus”. (ICo 3;21-23). Observe
ainda Ef 1;3: “Bendito o Deus e Pai de
nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais
nos lugares celestiais em Cristo”.
O
Espírito ainda nos dá certeza da nossa salvação futura. Ele é a garantia que
iremos morar com Deus quando morrermos. No nosso novo lar teremos vida eterna,
paz completa, presença eterna de Deus, companhia agradável dos anjos, os irmãos
que nunca irão nos deixar. Não haverá mais dor, lágrima, fome, tristeza ou
luto.
O
capitulo oito termina com uma declaração de vitória e segurança. Nada ou
ninguém pode impedir-nos de alcançar as bênçãos prometidas por Deus. O medo
pode aparecer, mas quando ele surgir, lembramos da companhia que temos ao lado.
O objetivo deste estudo é trazer
algumas informações, colhidas dentro da literatura evangélica, com a finalidade
de ampliar a visão sobre a vida
segundo o Espírito. Não há nenhuma pretensão de esgotar o assunto ou de
dogmatizá-lo, mas apenas trazer ao professor da EBD alguns elementos e
ferramentas que poderão enriquecer sua aula.
I. A VIDA NO ESPÍRITO PRESSUPÕE OPOSIÇÃO A LEI DO PECADO
No Velho Testamento o termo
"carne" é colocado antagonicamente a "espírito" (hebraico ruach,
primariamente "vento" e então "vigor vital"). Is 31;3 é
passagem clássica: "Pois os egípcios são homens e não Deus; os seus cavalos
carne, e não espírito." Deus, por implicação, é Espírito (ver Jo 4;24). Não
só isso, mas o Espírito de Deus pode dar energia aos homens e comunicar-lhes força
física, aptidão mental, ou compreensão espiritual que doutro modo não
obteriam. No homem, o espírito é
seu alento, sua disposição, sua vitalidade.
Semelhantemente, nos
escritos paulinos "carne" e "espírito" são termos opostos. Os crentes em
Cristo não estão mais "na carne", mas "no Espírito" (8;9); não mais
andam "segundo a carne, mas segundo o Espírito" (8;4); não produzem "as obras da
carne", mas o "fruto do Espírito" (Gl 5;19, 22).
Ficamos em dificuldade por
termos de escolher entre o "E" maiúsculo e o "e" minúsculo cada
vez que escrevemos a palavra. Paulo não tinha este problema quando pronunciava a palavra grega pneuma
ao ditar esta epístola,
nem Tércio ao redigi-la.
Em Paulo, podemos distinguir
os seguintes usos principais do termo "espirito"
O
primeiro uso da palavra espírito se refere a parte "espiritual ' da
constituição humana. "Deus, a quem
sirvo em meu
espírito", fala Paulo em 1;9. Com isto podemos comparar 7;6, onde os cristãos, não mais
sob a lei, mas sob a graça, servem "em novidade de espírito e não na
caducidade da letra" (que, contudo, vai além de 1;9 em suas implicações).
A circuncisão "no espírito, e não na letra" — i. e. a circuncisão ou
purificação interior do coração, de que falavam os profetas (Jr 4;4, Dt 10;16) — é
contrastada com a circuncisão literal da carne (2;29). Os cristãos são exortados a serem
"fervorosos de espírito" (12;11). O espírito dos crentes em Cristo move-se em harmonia
com o Espírito de Deus (8;16).
Os outros escritores do Novo
Testamento empregam o termo "espírito" mais ou menos como sinônimo
de "alma". Isto ocorre, por exemplo, nas palavras iniciais do Magnificat: "A
minha alma engrandece ao Senhor, e o meu
espírito se alegrou em Deus, meu Salvador" (Lc l;46s.). Ou podemos comparar as palavras
de nosso Senhor em João 12;27, "Agora está angustiada a minha alma", com a afirmação do
evangelista em João 13;21 de que
se angustiou "Jesus em espírito". O próprio Paulo emprega "espírito"
neste sentido mais geral quando indaga: "qual dos homens sabe as cousas do
homem, senão o seu próprio espírito que nele está?" (ICo 2;11). Mas na maior
parte dos casos, "espírito" e "alma" não somente se distinguem
entre si em Paulo, mas também se contrastam: o "homem natural" é o
homem "anímico" (psuchikos, depsuche, "alma"), em
contraste com o "homem espiritual" (pneumatikos, de pneuma, "espírito"). Em Paulo,
talvez se possa descrever o espírito humano como o elemento que, no homem, pode ter consciência
de Deus, elemento
adormecido ou morto até receber o impulso vivificante do Espírito de Deus. Ou pode ser
considerado como a "personalidade cristã" de "homens que, se se nos permite
dizê-lo assim, não são vivos apenas, mas são
cristãmente vivos".
O
segundo uso da palavra espírito se refere ao Espírito de Deus, ou Espírito
Santo. É chamado
"Espírito de santidade" em 1;4, em relação à ressurreição de Cristo.
Ver 8;11, onde é chamado
"Espírito daquele que ressuscitou a Jesus dentre os mortos". Sob Sua iluminação, a consciência
do homem dá testemunho verdadeiro (9:1). Na proclamação do Evangelho, Ele supre o poder
necessário para tornar a mensagem
eficiente nos ouvintes (15:19). Os que deste modo são trazidos à fé em Cristo
são santificados "pelo Espírito Santo" (15:16). No coração dos que crêem no
Evangelho, Ele derrama o amor de Deus (5:5; ver 15:30). E por Seu poder, ficam
cheios de paz, alegria e esperança (14:17,15:13).
Uma vez que Deus se revelou
em Cristo, o Espírito de Deus é o "Espírito de Cristo" (8:9). O Espírito comunica tão
completamente a vida e o poder do Cristo redivivo e exaltado que, na
prática, muitas vezes ambos parecem ser identificados (embora sejam distintos em
princípio). Por exemplo, as
expressões "se de fato o Espírito de Deus habita em vós" (8:9) e "se porém,
Cristo está em vós" (8:10) são praticamente sinônimas.
No capítulo oito de Romanos, afeto a essa lição, é que a
natureza e as implicações da morada e da operação do Espírito Santo no
cristão são expostas com maior clareza.
II. A VIDA NO
ESPÍRITO PRESSUPÕE OPOSIÇÃO À NATUREZA ADÂMICA
O
sistema anterior de vida, mediante a obediência à lei, manifestamente nunca
logrou êxito. Agora prova-se bom pela encarnação de Jesus e a presença do
Espírito. A lei é incapaz de conferir benefícios, mas o que ela falhou em
fazer, a graça realizou mediante Cristo e o Espírito Santo. A vida triunfante
começa aqui e agora na ausência de qualquer sentença por desajustamento com
Deus. Unido a Cristo, o crente é absolvido e está livre para sempre da lei do
pecado e da morte. A justa exigência da lei, uma vida reta, é levada a cabo não
"por" nós, mas “em” nós; isto é “o
que fora impossível à lei”. A idéia é mais de inabilidade inerente da lei
em fazer algo no sentido de uma vida santa, do que meramente de sua impotência
por fazer o que Cristo realizou.
O
fracasso da lei é absoluto. A nova lei sob que estamos é “a lei do Espírito da vida em Cristo Jesus”, a qual emancipa “da lei do pecado e da morte”. O pecado é
estranho à vida humana. É um intruso. Enviando Seu Filho “em semelhança de carne pecaminosa”, Deus enfrentou o problema do
pecado. Paulo não quer dizer aí que Jesus assumiu carne pecaminosa, como se
toda carne fosse manchada ou corrompida pelo pecado. Os evangelistas são bem
claros acerca do advento de nosso Senhor no que diz respeito à Sua concepção. A
santidade do menino Jesus é acentuada tanto por se originar do Espírito Santo
quanto por ser Ele em si mesmo santo (Lc 1;35). A carne de nosso Senhor era a
da verdadeira humanidade, não degradada, da intenção divina. Seu corpo era
apenas "na aparência de carne pecaminosa", e não na própria carne
pecaminosa que herdamos de Adão. A idéia de Paulo aqui é que o Pai enviou Seu
Filho para enfrentar a questão do pecado nas mesmas circunstâncias e ambiente
em que a raça humana em Adão fora derrotada. Esse combate oferecido ao pecado
implica tudo que Jesus era, disse e fez para condená-lo em Seu próprio corpo no
madeiro (cfr. 3, "como oferta pelo
pecado"; Rm 3;25).
A
carne era a esfera ou domínio do pecado; mas, no caso dos crentes, Deus tornou
ilegítima essa esfera de influência, tendo a morte do Filho anulado o poder do
pecado sobre os santos, completa e permanentemente. O homem, em Cristo, está
livre para sempre da lei do pecado e da morte. A justa exigência da lei, uma
vida íntegra, é realizada não pela lei (porque esta falhou), mas pela graça.
O apóstolo prossegue a descrever a vida da graça, como sendo do
Espírito, contrastando-a com a vida da carne sob a lei. A vida velha tem seus
interesses e se deixa absorver por coisas da carne, mas a vida nova se entretém
de coisas espirituais. Se nossa vida se põe de acordo com a carne, nossa
mentalidade recebe a influência disso. Se prevalecer o elemento espiritual, os
resultados análogos se verão em nossa compostura espiritual. A suma de tudo
isto vem a ser que a mente carnal é morte; mas “a
mente do Espírito é vida e paz”. Por um lado, a morte é
o resultado da vida carnal: por outro, a vida flui da vida do Espírito. A razão
disso é clara. A vida carnal é hostil a Deus, pois frustra os ideais divinos
para a humanidade. Centraliza-se em si mesma e está em guerra contra Deus. Por
sua própria natureza, é incapaz de se submeter à lei de Deus. Considerando como
supremo o mundo de seu próprio eu e nele vivendo, não pode agradar a Deus. A
carne é, de fato, a sede da revolta contra Deus. Como sinônimo de carne, no
sentido em que Paulo aí emprega o termo, João apresenta "o mundo" (Jo
16;8-11; Jo 17;6-9). É a vida sem Deus: vida de
egoísmo, de indulgência própria e desobediência à luz da consciência.
Paulo volta então diretamente a seus leitores como à cristãos em
quem o Espírito habita. A força propulsora da vida espiritual é o Espírito
Santo morando no íntimo. Daí a vitória da graça sobre a lei; porque pela graça,
mediante a fé, o Espírito neles está, e eles no Espírito; o
Espírito comunica vida. Sua "lei" é a "lei da vida". Andar "segundo o Espírito" e
assim cogitar "das cousas do Espírito" é viver (8;4, 5, 6,10), pois Ele capacita
os crentes em Cristo a tratar "os feitos do corpo" — as práticas da velha existência
não-regenerada — como coisas mortas, com mais nenhum poder em sua vida. Não pode haver
verdadeira vida sem
Ele: "se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele" (8;9). Estar "no Espírito"
{en pneumatí) é o oposto de estar "na carne" (en sarki). E
todos os crentes em Cristo são considerados como estando "no Espírito"
(8;9). Então, na prática, estar "no Espírito" é estar "em Cristo" (ou
"em Cristo Jesus"); assim, estar "no Espírito" não é questão
individualista. Pois estar "em Cristo" é estar incorporado em Cristo, é ser membro de Cristo, e é
ser co-membro de todos os outros que estão igualmente incorporados em Cristo
(12:5). Esta nova solidariedade que os cristãos têm "em Cristo Jesus"
(8;1) é, por conseguinte, a mesma coisa que Paulo em outras partes descreve como a "comunhão do Espírito" (Fp 2;1; ver IICo 13;14)
ou como "a unidade do Espírito" (Ef 4;3).
Seja qual for a
perspectiva em que se veja a escravidão
espiritual dos homens — escravidão do pecado, escravidão da lei, escravidão da morte — é
o Espírito que os liberta. É Ele que transmite aos que crêem o poder do Cristo ressurreto,
pelo qual são "libertados do
pecado" (6;18, 22). É Ele que os tira do cativeiro da lei, de modo que
agora servem "em novidade de espírito e não na caducidade da letra"
(7;6). É Ele que lhes dá o novo princípio "da vida em Cristo Jesus" que os liberta "da lei
do pecado e da morte" (8;2). Em todos estes casos, temos ilustrações do
princípio concisamente firmado em IICoríntios 3;17: "onde está o Espírito do
Senhor aí há liberdade".
O Espírito supre as vidas
dos "filhos de Deus" de poder diretivo (8;14). Ele é o
"Espírito que nos torna filhos" (8;15), por cujo impulso os crentes em Cristo se
aproximam de Deus como Seus filhos e Lhe chamam pelo mesmo nome familiar de "Pai" que Jesus
usava ao Lhe falar. Qualidade de filho significa estado de
adoção, uma posição conferida a alguém, para o qual essa posição não é natural.
É por um ato de graça de Cristo que os crentes estão nessa relação. Os judeus
não tinham o costume de adotar filhos, que era comum entre romanos e gregos.
Paulo não faz digressão para negar qualquer doutrina de
paternidade universal, mas ensina definidamente a necessidade da filiação
cristã, da relação com Deus como Pai em Jesus Cristo mediante o Espírito Santo.
Esta filiação não é simples reconhecimento oficial de um laço filial, um título
apenas. É um fato real. Somos filhos com o direito de dizer “Aba, Pai”, como a partilhar da
filiação do Filho eterno. Esse brado erguido ao céu é uma combinação do
aramaico e do grego, duas línguas faladas na época. A mesma interjeição dupla
encontra-se em Mc 14;36 e Gl 4;6. É provável que nosso
Senhor usasse esta fórmula, tendo os apóstolos seguido Seu costume. Esse brado
sob emoção intelectual ou espiritual revela a alma desnuda do crente e se
acompanha espontaneamente do testemunho corroborante do Espírito Santo sobre
essa filiação real.
III.
A VIDA NO ESPÍRITO PRESSUPÕE OPOSIÇÃO ENTRE A NOVA ORDEM E A ANTIGA
No seu êxtase, em face da vitória da graça Paulo alçou o vôo muito
além das mais ricas possibilidades da lei. Transportou-se para uma esfera jamais
conhecida por ela. A Idéia de sofrimento não o abate. Não tem dúvidas sobre
quanto é duro seguir a Cristo (cfr. seus sofrimentos em At
19;23-41- At 20;18-35- IICo 1;3-11- IICo 6;4-10-IICo 11;23-33). Tão pouco duvida que a glória por vir excederá de muito
os sofrimentos presentes. Essa glória futura ou a manifestação final de Deus em
Cristo não será simples visão objetiva, mas uma transformação subjetiva do
caráter do crente (IICo 3.18; IJo 3.2).
O Espírito é o instrumento de santificação agindo na vida dos
cristãos. "Espírito"
e "carne" estão em imorredoura oposição e travam perpétuo combate um contra
o outro. Mas o Espírito é divinamente poderoso, e pode progressivamente pôr a "carne"
fora de ação naquelas vidas já submissas
ao Seu domínio e à Sua graça capacitadora. Não é uma doutrina de vida tranqüila que Paulo propõe: sabia que a sua própria vida espiritual era uma luta
que haveria de prosseguir enquanto ele permanecesse no corpo mortal — luta, porém, em que a
vitória e a glória final estavam
asseguradas pelo Espírito. E na vida daqueles que Ele está preparando para a glória
final, Sua obra correlata, realizada aqui e agora, é reproduzir em medida crescente a semelhança
de Cristo.
O
Espírito é o penhor do futuro. Segundo a profecia do Velho Testamento, o derramamento do Espírito
de Deus seria um sinal da proximidade
do dia do Senhor (Jl 2;28-32). Esta profecia foi citada por Pedro quando o
Espírito desceu sobre os discípulos de Jesus no dia de Pentecoste: "o que
ocorre", disse ele, "é o que foi dito por intermédio do profeta" (At 2;16). O
atual intervalo "entre os tempos" é num sentido peculiar a era do Espírito.
Nesta era Ele não somente torna efetivo nos cristãos aquilo que Cristo realizou por eles, nem somente
lhes transmite o poder do Senhor
redivivo e exaltado, mas os capacita a viverem no presente usufruto da glória
que ainda está para ser revelada.
O Espírito não somente supre
vida aqui e agora apenas; Sua presença garante a ressurreição para a vida num dia que ainda virá
a raiar. Assim a vida da era por
vir, "a vida eterna", é transmitida aos cristãos como o atual "dom gratuito
de Deus (...) em Cristo Jesus nosso
Senhor" (6;23) — como um adiantamento, por assim dizer, da vindoura ressurreição para a vida que se seguirá à redenção
do corpo (8;23).
O Espírito não somente
capacita os cristãos aqui e agora a concretizarem sua prerrogativa como
"filhos de Deus emancipados, em caminho da santidade", é também um adiantamento daquela
"liberdade da glória dos
filhos de Deus" que, de acordo com 8;21,
é ansiosamente esperada,
não só por eles mas também por toda a criação. A libertação do cativeiro — libertação
que já começaram a desfrutar no Espírito — será então consumada. A
"adoção" (8;23) que se realizará plenamente com a ressurreição é já antecipada com o auxílio
do "Espírito de adoção"
(8;15).
E a glória da completa
conformidade com a imagem do
Filho de Deus, para o que eles foram predestinados (8;29), será o pleno florescimento daquela
obra santificadora na qual o Espírito está empenhado até agora na vida deles. A habitação do Espírito é
assim apresentada em
termos de "escatologia proléptica".
Ele é "as primícias" da salvação final (8;23), o imediato
"pagamento à vista" daquela
herança inconcebivelmente rica preparada por Deus para aqueles que O amam.
Com um hino triunfante de louvor, Paulo encerra a análise do curso
da vida cristã, que se desenvolve em âmbito fora do alcance e poder da lei. Se
Deus dirige o nosso destino, nada mais importa. A nós, que somos da família da
fé, Ele deu Seu próprio Filho, e com o dom maior certamente virá o menor. “Não poupou a seu próprio Filho”, isto lembra o sacrifício de Abraão (Gn
22;16). Desta promessa que abrange tudo, promessa de
bênção ilimitada, o apóstolo continua, volvendo à primeira declaração do vers.
1, "Agora, pois, nenhuma condenação há". O pensamento do hino
subordina-se a duas principais interrogações: primeira, “Quem intentara acusação contra os eleitos de
Deus?”, e segunda, “Quem nos separará do amor de Cristo?”. Se
Deus os justifica, ousará alguém acusar os eleitos de Deus? E ainda, se o
próprio Cristo morreu pelos fiéis, ressurgiu por eles, e agora, à direita de
Deus, é o seu constante Advogado, haverá força que possa partir os laços de
amor que prendem o Salvador aos salvos? Não pode haver acusação contra eles,
nem pode haver dissolução dos laços redentores.
CONCLUSÃO
Na confecção deste pequeno estudo, buscamos
consultar literatura que mais se aproxima com o pensamento de nossa
denominação, tentando não perder a coerência teológica. Evitamos expressar
conceitos e opiniões pessoais sem o devido embasamento na Palavra, pois a
finalidade é agregar conhecimentos, enriquecer a aula da Escola Dominical e
proporcionar ao professor domínio sobre a matéria em tela. Caso alcance tais
finalidades, agradeço ao meu DEUS por esta grandiosa oportunidade.
Pr. JOSÉ COSTA JUNIOR
Nenhum comentário:
Postar um comentário