DEUS O PRIMEIRO EVANGELISTA
Texto
Áureo = "Ora, tendo a Escritura previsto que Deus
havia de justificar pela fé os gentios, anunciou primeiro o evangelho a
Abraão, dizendo: Todas as nações serão benditas em ti."(Gn13.8)
Verdade
Prática = Deus, que deu início ao trabalho de
evangelização, exige de cada um de nós uma atitude evangelística responsável e
amorosa.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE = Génesis 12.1-8
I – INTRODUÇÃO:
Evangelista
significa proclamador de boas-novas ou o que leva o Evangelho da Salvação. De acordo com o sentido etimológico do
termo, o mesmo tem aplicação especial ao Senhor Jesus. É o que vamos estudar
inicialmente.
II – JESUS, O EVANGELISTA:
Dos cinco
dons ministeriais mencionados em Efésios 4.11, o evangelista é o único que não
é atribuído de modo específico ao Senhor Jesus. No entanto, jamais se poderiam
encontrar em outra pessoa melhores características do verdadeiro ministério de
evangelista. Ele o desempenhou com atividade, intensidade, zelo e eficiência
muito além de qualquer homem na terra. Consideremos os seguintes tópicos:
(A) - Seu
Ministério Predito - Neste ministério, como nos demais, Ele foi, na
presciência de Deus, objeto de maravilhosas predições, não somente quanto ao
seu trabalho como Evangelista, mas também quanto ao caráter maravilhoso que o
distinguiria - Is 61.1-3 cf Lc 4.18,19 - Jesus, de fato, revelou-se este
Evangelista-pregador de boas-novas que consistiam na libertação da alma, pela
salvação, e do corpo, pela cura das enfermidades. Estas características correspondem
ao duplo aspecto da obra redentora, a ser realizada por Cristo, o que de fato
realizou. Foi disto que falou Isaías - Is 53.4-6; Mt 8.16,17.
São
numerosos os textos bíblicos que descrevem a pregação de Jesus aliada à cura
das enfermidades - Mt 4.23; 9.35; Mc 1.34-38.
(B) - O
Poder de Atração – Mt 15.30-31; Mc 6.56 - Sem divulgação, sem propaganda!
Era esta maravilhosa realidade que atraía "muitas multidões" a ouvir
a pregação de Jesus. Os seus ouvintes podiam ver neste caráter maravilhoso do seu
ministério evangelístico, inesquecível triunfo em um desafio dos poderes
infernais, pois é o que se pode deduzir de "um monte de enfermos" aos
pés de Jesus!
Mc 15.15b; Mt 4.24 - A despeito de suas advertências para que não o
expusessem à publicidade, convém observar que "toda a Síria", não
significa apenas o país que conhecemos com este nome, e, sim, a província
romana que abrangia vários países, inclusive a Palestina. Tal era a extensão
atingida pela "fama de Jesus"!
Se a esta
forma de ministério evangelístico de Jesus se deve denominar de
"evangelismo em massa", eis o tipo de evangelista que Ele foi... Eis
o ministério que Ele desempenhou! Eis como o realizou!...
Se
pensarmos no outro método de evangelização, tipo como dos mais eficientes em
nossos dias - evangelismo pessoal – também podemos encontrá-lo exemplificado da
melhor maneira, na pessoa do Senhor Jesus. Tão maravilhoso era o poder de
atração do ministério evangelístico de Jesus que lemos: "E todo o povo
madrugava para ir ter com ele no templo, a fim de ouvi-lo" (Lc 21.38).
(C) - Motivação
do seu Ministério - O amor e a compaixão o moviam a pregar às multidões que
vinham ter com Ele - Lc 8.1.
Ele
também se detinha para atender a um indivíduo, sem levar em conta a sua
condição social e espiritual. Com o mesmo interesse com que se demorou, à
noite, a falar do novo nascimento ao nobre Nicodemos, mestre em Israel,
deteve-se, ao meio-dia, a falar da água viva, à mulher samaritana, pobre, que
não tinha quem lhe fosse buscar água na fonte (Jo 3. l-15; 4.5-30). Que
maravilhoso exemplo de zelo e imparcialidade
III-
JESUS, O PERSONAGEM PRINCIPAL DO EVANGELISMO Jo
1.36,38,41,45.
Toda
e qualquer obra de evangelismo que Igreja deseje empreender terá que ser
fundamentada na pessoa de Jesus Cristo, Ele é o centro da Bíblia, o centro da
Redenção o centro da História. O primeiro capítulo do Evangelho de João relata
o incidentes da conversão de alguns dos primeiros discípulos de Jesus sendo que
a ênfase principal é concedida a Cristo. Se desejamos ganhar almas, devemos
sempre repetir: temos que ganhá-las para Jesus, nunca para nosso grupo ou
denominação Quem é mesmo este Jesus a quem tem de anunciar?
a. Ele é o Cordeiro de Deus, v. 36.
Evangelização sem sangue não produz resultados. João Batista apresentou Jesus
aos homens, com este título preciosismo - o Cordeiro de Deus, Jo 1.29. Ele é o
Cordeiro morto antes da fundação do mundo, o fundamento de nossa salvação e da
de todos os que nEle crêem.
b. Ele é o Rabi, v. 38.
Muitos homens se jactam de conhecimentos os mais- variados, mas todos precisam
conhecer a Jesus como o verdadeiro Rabi, o Mestre por excelência Ele é o
tesouro eterno no qual estão concentradas a sabedoria e a ciência, Cl 2.2, Seu
nome é Conselheiro, Is 9.6, e isto resulta de Sua divina sabedoria.
c. Ele é o Prometido Messias, v. 41,
Os judeus esperavam o Messias. Esta palavra é a .mesma palavra Cristo, de
origem grega. Quando Jesus chegou, Ele foi identificado como o Messias
prometido, o Cristo esperado, a solução divina para os homens, Mt 16.16.
d. Ele é o Anunciado por todos os
profetas. Todos os profetas falaram dAquele que haveria de
vir. - Quando Ele chegou, disse “Vinde a mim,.,”, Mt 11.28a. O verso 45 de
nossa lição O identifica como o Cristo de todas as profecias. Ele veio cumprir
a Palavra profética.
e, Ele é o Conquistador de almas,
v. 43. Aonde quer que fosse, Seu deseja era sempre o de
ganhar almas. Nesta lição O vemos procurando novos discípulos. Aprendemos com
Ele a trazer almas preciosas para o Reino de Deus.
IV-
CONSIDERAÇÕES GERAIS, Mt 4.14-17.
No
episódio da chamada dos primeiros discípulos, as primícias da Igreja, podemos
destacar algumas lições de significativo valor para nossas vidas. Todos os
instantes da vida de Jesus foram dedicados à realização da obra que o Pai Lhe
confiara, razão por que Ele sempre se absteve de qualquer atividade que não
significasse uma efetiva contribuição para o Reino de Deus.
Quão
diferente é, às vezes, hoje em dia, a atividade da Igreja! Como os programas
“sociais” tornam esquecidos os ‘espirituais”! A lição de hoje, extraída do
primeiro Evangelho, aborda um maravilhoso incidente ocorrido na fase pública do
ministério de Jesus. Quer na fase pública, quer na fase privada, Jesus concedeu
prioridade absoluta à salvação dos homens, pois para isso Ele veio a este mundo,
Lc 19.10.
V
- JESUS PROCUROU AS ALMAS, Mt 4.18.21.
Aprendemos
com Jesus que todos aqueles que estão de fato interessados em ganhar almas,
precisam sair á sua procura. Jesus viu os Seus contemporâneos como “ovelhas sem
pastor”, Mt 9.36.
Estavam
todos absolutamente necessitados de direção espiritual e de socorro. Mas, Jesus
não esperou que os pecadores O procurassem. Ovelhas são animais dóceis, mas não
possuem senso de direção, dependem sempre de alguém que as dirija. Tal é o
pobre pecador. Muitas vezes a Igreja tem desperdiçado magníficas oportunidades
de ganhar almas porque permanece nos templos presa entre quatro paredes, ao
invés de lançar-se ao “mar alto’, como foz e ordenou Jesus. Jesus dirigiu-se às
praias do Mar da Galiléia,porque ali estavam os pecadores, os futuros
discípulos, os apóstolos que lançariam, sob Sua inspiração, os fundamentos da
porvindoura Igreja Universal.
A
igreja que tem aprendido com Cristo lança-se em campo. Vai às praças, promove
cultos ao ar-livre, organiza grandes e pequenas campanhas de evangelização,
envia seus jovens para evangelizar a domicílio, envia o povo de dois em dois,
visita os presídios, alcança os hospitais, mantém programas de rádio,
evangeliza através dos periódicos seculares, distribui farta Literatura, enfim,
quem aprendeu com Jesus, vai ao encontro do pecador, onde ele está. Temos de
aproveitar todas as oportunidades, porque “a noite vem”, Jo 9.4.
VI
- JESUS PREPAROU-SE PARA GANHAR ALMAS. Lc 4.18.
Jesus
esteve no deserto, resistindo e vencendo aquele que aprisiona as almas, Mt
4.10,11. Jesus esteve continuamente no monte, em solidão, afastado dos homens e
aproximado do Pai, aquele que dá as almas, Jo 6.37a. Suas vigílias foram
constantes. a dependência do Pai Amado era total, Jo 7,16-18; Lc 4,42. Ele viveu
clamando e derramando lágrimas, Hb 5.7.
O
Espírito do Senhor pousou sobre Ele no batismo e O ungiu para a grande obra de
ganhar almas, Mt 3.16,17; Lc 4.18; At 10,38. A chave com que abriu as portas do
sucesso de Seu ministério foi esta: “O Espírito do Senhor está sobre mim.,,”
Era a Sua preparação. Os que aprendem com Ele também devem estar preparados.
VII
- JESUS PREGOU O ARREPENDIMENTO.
Jesus
veio buscar os perdidos, Lc 19.10. Ele reconhecia a necessidade de cada homem
arrepender-se de seus pecados. Então, começou Seu ministério pregando o
arrependimento.
a. O arrependimento é uma
necessidade, Se todos pecaram, todos necessitam
arrepender-se. O pecado fez o homem cair; o arrependimento fá-lo levantar-se.
Homens arrependidos estão sempre alcançando o favor divino, como Davi, SI 51. O
arrependimento é nossa parte no caminho de volta para Deus. At 3. 19a,
b. O arrependimento é um decreto
divino, Deus mesmo determina que os homens em todo o lugar
se arrependam, At 17,31. Deus sabe o que é certo, o que é melhor para nós.
Jesus disse que os que não se arrependerem perecerão, Lc 13.5. O arrependimento
foi a primeira mensagem de Jesus, tendo sido a primeira mensagem de João
Batista,
c, o arrependimento resulta em
bênçãos. Deus ouve as pessoas que O buscam, arrependidas.
Deus apaga e esquece nossos pecados, quando nos arrependemos, At 3.19. o
arrependimento é uma mudança de opinião quanto ás coisas de Deus, Ninguém é
obrigado a arrepender-se, mas todos são exortados a fazê-lo, para seu próprio,
bem. O pecado ocasionou maldição. Arrependimento gera bênçãos.
IX
- A MENSAGEM DE JESUS É UM MODELO, Mt 4.19.
“Tão
repetidas têm sido estas palavras: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de
homens”, mesmo assim têm sempre algo especial para nossas vidas. Aprendemos
algumas verdades fundamentais, se queremos, como Jesus, ganhar almas:
a. Foi uma mensagem simples.
Os ouvintes de Jesus eram pescadores rudes. Jesus lhes falou palavras
verdadeiras, sérias, porém simpl4s. Há pregadores que se dão a demonstrações de
erudição e ciência, mas isto não é o que aprendemos com Jesus.
b. Foi uma mensagem direta.
Jesus não perdeu tempo em introduções ou circunlóquios. Ele disse aos
pecadores: “Vinde”, Muitas vezes falamos muitas coisas aos pecadores, mas
esquecemos de lhes dizer: “Vinde”!
c’. Foi uma mensagem bíblica.
O sentido das palavras de Jesus confere com o ensinamento geral das Escrituras.
Os profetas falaram de Jesus, dizendo: “Ide”, Quando Ele falou, disse: “Vinde”.
Qualquer mensagem que não ponha a Jesus como centro e objetivo, não é bíblica,
nem produz fruto. -
d. Foi uma mensagem de objetivos
definidos. Quantos pregadores não sabem o que desejam Jesus
sabia. Ele disse: “Eu vos farei pescadores de almas”, Se queremos adeptos,
temos que explicar-lhes o que desejamos deles e para eles. Esta é uma lição que
a Igreja não pode desprezar. Há muitas igrejas hoje, todavia, que nem fazem
apelos. Então, que objetivo têm as nossas mensagens?
X
- O MINISTERIO TRIPLICE DE JESUS, Mt 4.23,
Jesus
ganhava almas pregando, ensinando e curando. A Igreja deve atentar para o
modelo bíblico, apresentado pelo Sumo Pastor. Precisamos ter uma mensagem
evangelística para os pecadores, necessitamos ensinar aos homens as verdades do
Evangelho, e precisamos operar sinais em nome de Jesus para que todos
reconheçam que Ele continua vivo. A tarefa dos discípulos, no início da Igreja
era provar que Jesus continuava vivo, após haver ressuscitado. Não mudou o
plano de Deus a nosso respeito. Somente temos que nos convencer de que é
preciso pregar ao povo, ensinar o povo e curar o povo, Estamos realizando isto?
Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que
sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para a vossa alma.
Mateus 11.29
Billy Graham
é chamado, com justiça, de "o maior evangelista do século XX".
Outros, como D.L. Moody e C.H. Spurgeon — o príncipe dos pregadores —, foram
considerados, em seu tempo, grandes propagadores do evangelho de Cristo. E no
presente século? Quem tem sido o grande evangelista de nosso tempo? Aquele que
sopra sobre as pessoas ou as golpeia com seu paletó "mágico", a fim
de derrubá-las? Não, não.
Quem, então, pode ser chamado hoje de "o maior evangelista deste
século"? Aqueles famosos telebispo e telemissionário brasileiros, que
viajam o mundo todo, promovendo campanhas que reúnem milhares de pessoas? Não,
não. Eles não pregam o evangelho de Cristo. O negócio deles é confissão
positiva e teologia da prosperidade, pois isso lhes traz um bom retorno financeiro...
Procuram-se evangelistas — evangelistas, mesmo! — que preguem o
evangelho de Cristo. Oremos, para que, não apenas um, mas vários homens e
mulheres propaguem as boas novas de salvação, não imitando os super-pregadores,
que, abandonando ao modelo bíblico, esqueceram-se da cruz de Cristo.
UM RECADO AOS
"EVANGELISTAS" DESTE SÉCULO
Em nossos dias, a modéstia passa longe de líderes e pregadores
inescrupulosos, cujo objetivo maior é enriquecer valendo-se de estratégias que
nada têm que ver com a evangelização. Não obstante, pelo fato de viajarem pelo
mundo à custa da oferta dos fiéis ou de altos cachês, eles se autodenominam
"os maiores evangelistas deste século".
Parem com isso, por favor! Vocês sequer falam de Jesus! Aprendam com o
Pregador-modelo, o Mestre Jesus Cristo, que dizia: "A minha doutrina não é
minha, mas de meu Pai que me enviou" (Jo 7.16). Mas, o que têm feito
vocês, "pregadores cotonetes" (2 Tm 4.3), propagadores de
"agradáveis" mensagens que "coçam" os ouvidos? Tomem uma
posição enquanto há tempo, pois as suas desculpas naquele Dia não os livrarão
do fogo do Inferno (Mt 7.21-23).
A todos os pregadores, iniciantes e experientes, a submeterem o seu
ministério ao crivo da Palavra de Deus. E, para fazer isso, nada melhor do que
olhar para a vida de Cristo. Afinal, está escrito: "Todo aquele que diz
que está nele também deve andar como ele andou" (1 Jo 2.6). Você deseja
andar como o Mestre andou? Ou prefere, a cada dia, inventar novas maneiras de
conquistar o público? Com quem é o seu compromisso, com o povo, com o seu
sentimento, com a sua conta bancária, ou com o Senhor Jesus Cristo?
JESUS, O MAIOR EVANGELISTA E
PREGADOR DE TODOS OS TEMPOS
Quem é o maior referencial para os pregadores de hoje? Não são os
grandes homens de Deus dos tempos do Antigo Testamento, como Moisés, Samuel,
Davi e Elias, apesar de suas notáveis biografias (Hb 1.1,8,9; 11.1 a 12.2). Não
é João Batista, o precursor de Cristo, cheio do Espírito desde o ventre materno
e considerado o maior profeta entre os nascidos de mulher (Lc 1.15; Mt 11.11).
Também não é Paulo — principal apóstolo e doutor dos gentios, arrebatado
ao Paraíso, no terceiro céu, onde ouviu coisas inefáveis, e autor de treze
epístolas (2 Co 12.12; 2 Tm 1.11; 2 Co 12.1-4) — o maior pregador de todos os
tempos. Não são, ainda, os apóstolos Pedro e João, apesar de seus bem-sucedidos
ministérios (At 3.1; 8.14). Um foi o primeiro grande pregador pentecostal e
autor de duas epístolas, e o outro, autor do Evangelho que apresenta Jesus como
Deus, de três epístolas e do Apocalipse.
Os maiores referenciais para os pregadores de hoje também não são o
mártir Estêvão ou o diácono-evangelista Filipe, homens de boa reputação, cheios
do Espírito e de sabedoria (At 6-8).
Não são,
ainda, os valorosos obreiros que deixaram as suas marcas nas páginas da
História da Igreja, como Crisóstomo — a "boca de ouro" —, Agostinho,
Lutero, Moody, Spurgeon, Finney, Gunnar Vingren, N.L. Olson, Eurico Bergstén,
Samuel Nystrõm, Valdir Nunes Bícego, etc.
Nas páginas da Bíblia Sagrada e da História Eclesiástica há muitos
obreiros cujas vidas devem ser imitadas. O autor de Hebreus até disse,
apropriadamente: "Lembrai-vos dos vossos pastores, que vos falaram a
palavra de Deus, a fé dos quais imitai, atentando para a sua maneira de viver"
(13.7). No entanto, de acordo com a Palavra do Senhor, o nosso maior exemplo é
o Senhor Jesus Cristo, em tudo (Jo 13.15; Mt 11.29; At 1.1).
JESUS, O EVANGELISTA E
PREGADOR-MODELO
O nome de Jesus, na atualidade, tem sido alvo de exploração
mercadológica. A cada dia, novos autores tentam alçar vôo com títulos do tipo
"Jesus-o-maior-isso-e-aquilo-que-já-existiu". Não pense que este
texto acompanha essa "onda". Não!
O Senhor Jesus, de fato, foi o mais importante pregador que já existiu,
o principal expoente que já andou na terra, o maior evangelista de todos os
tempos.
Jesus é o maior exemplo para todos nós; e os principais obreiros do Novo
Testamento reconheceram isso. João Batista não se achou digno de desatar as
correias de suas sandálias (Mt 3.11; Jo 3.30). Paulo reconheceu que imitava o
Senhor e incentiva-nos a termos o mesmo sentimento que houve nEle (1 Co 11.1;
Fp 2.5-11). Pedro o chamou de Sumo Pastor e afirmou que todos devem seguir às
suas pisadas (1 Pe 5.4; 2 Pe 2.20,21). E o que dizer do evangelista João? Ele
afirmou que todos devemos andar como o Mestre andou (1 Jo 2.6).
Sim, Jesus é o maior exemplo a ser seguido, tanto pelos experientes
pregadores, que se consideram paradigmas desta geração, quanto pelos
iniciantes, que desesperadamente buscam referenciais. Alguns destes,
infelizmente — por não encontrarem nenhum pregador-modelo que de fato mereça a
honra de ser imitado —, decepcionaram-se com o ministério da Palavra. Mas não
desanimemos! Jesus Cristo, o Pregador-modelo deixou-nos o exemplo, e é para Ele
que devemos olhar!
JESUS COMO SERVO DE DEUS
O Senhor Jesus é-nos o paradigma em todos os dons ministeriais. Ele é o
Apóstolo da nossa confissão (Hb 3.1), o maior Profeta (Hb 1.1; Mt 13.57; 23.37;
Lc 13.33), o Evangelista (Lc 4.18), o Sumo Pastor (Jo 10.11; Hb 13.20; 1 Pe
2.25) e o Doutor (Jo 3.2; 13.13; Mt 23.10). E, sendo o maior em tudo, tornou-se
Servo. Por quê? Para dar-nos o exemplo (Jo 13.1-15). Ele veio ao mundo como
Servo (Is 42.1; Jo 1.1-5,14; Fp 2.5-11; Mc 10.43-45).
Isso que é exemplo! E é Ele a quem devemos imitar, se de fato desejamos
ser pregadores do evangelho, honrando à chamada que dEle recebemos. Para sermos
bem-sucedidos, temos de nos revestir do Senhor Jesus Cristo (Rm 13.11).
O que é isso? É recebê-lo e considerá-lo como Senhor, Jesus (Salvador) e
Cristo. Muitos o têm apenas como Salvador. Que cada pregador não se considere
apenas amigo do Mestre (Jo 15.14,15; 12.26), mas servo, obedecendo àquEle que o
chamou (Mt 10.24,25).
Nenhum de nós será julgado ou receberá galardão por títulos que temos
neste mundo, como "conferencista internacional" ou "maior
evangelista do século". Não, não. Seremos julgados como servos, no
Tribunal de Cristo (Mt 25.14-30; 2 Co 5.10). E que tipo de servo tem sido você?
Bom ou mau? Útil ou inútil? Fiel ou infiel?
O apóstolo Paulo aconselhou o jovem pregador Timóteo a viver e pregar a
Palavra à luz do julgamento iminente: "Conjuro-te, pois, diante de Deus e
do Senhor Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos, na sua vinda e
no seu Reino, que pregues a palavra..." (2 Tm 4.1,2). Ou seja, Timóteo
precisava se lembrar de que era, antes de tudo, um servo de Deus, que devia se
preocupar com o que o Senhor, o Justo Juiz, pensava a respeito de seu
ministério, e não com os homens.
JESUS O EVANGELISTA E A SUA
HUMILDADE
Você sabia que o Senhor Jesus era famoso? Em Mateus 4.24, está escrito:
"E a sua fama correu por toda a Síria; e traziam-lhe todos os que padeciam
acometidos de várias enfermidades e tormentos, os endemoninhados, os lunáticos
e os paralíticos, e ele os curava". Sim, a fama do Mestre era grande, mas
não porque Ele a buscava (Lc 4.37; Mt 8.4; 9.31; Mc 6.14). Ele fazia a vontade
do Pai e sempre o glorificava (Mt 11.25; Jo 11.41,42; 17.4,5).
A falta de humildade prejudica a comunhão com Deus, pois Ele não divide
a sua glória com ninguém (Is 41.24; Pv 22.4; 25.27; 27.2; Fp 2.3). Repudie,
pregador, a soberba (1 Tm 3.6; Tt 1.7; Pv 16.18). Vença-a, em nome de Jesus (Lc
9.23; Is 14.12-15; Gl 2.20; Jo 3.30; Dn 4.30; At 12.21-23). Lembre-se do
galardão da humildade (Pv 22.4; Mt 5.19).
Por mais extraordinárias que sejam as obras dos super-pregadores, eles
estão longe do Senhor (Sl 138.6; Mt 7.23). Jesus jamais fez propaganda de
milagres. Enquanto muitos afirmam: "Eu fui chamado para pregar
milagres", o Mestre e os apóstolos pregavam o evangelho, e os sinais os
seguiam (Mc 16.15-20). Além disso, toda a glória era dada a Deus (At 4.5-12;
14.9-18).
E mais: não há registro de extração de sapos, cobras, ossos, pedras,
etc. do corpo das pessoas. Isso é uma das muitas manifestações estranhas desse
período que antecede o Arrebatamento da Igreja (Mt 24.24), as quais se
intensificarão na Grande Tribulação (Ap 13).
Sigamos ao exemplo do Pregador-modelo; reconheçamos que toda a glória
pertence ao Senhor, haja o que houver (Mt 23.8-12; At 4.1-10; 14.8-18; 1 Co
1.26-28; Mt 21.26). Lembremo-nos de que Deus só usa, de fato, os humildes (1 Pe
5.5,6; Sl 138.6; Mt 20.25-28; Ef 4.2; Cl 3.12; Mt 18.4; Tg 4.6,7; Sl 147.6; 2
Cr 7.14). Não se iluda com os espalhafatosos super-pregadores, que pensam estar
sendo usados pelo Senhor. Naquele Dia, caso não se arrependam, grande será a
sua decepção!
A UNÇÃO DA HUMILDADE
É curioso como esses super-pregadores se valem de supostas operações
divinas para se vangloriarem. Fazem questão de terem todos holofotes voltados
para si. E os anúncios de suas reuniões são mais ou menos assim: "Grande
noite de milagres com o pastor Fulano de Tal. A cidade será abalada pela unção
desse homem de Deus". Uma unção que, se existisse, deveria ser derramada
com abundância sobre todos os pregadores e cantores é a da humildade! Ah, se
ela existisse! Mas, mesmo que ela não seja mencionada no texto sagrado, os
verdadeiros ungidos devem se humilhar debaixo da potente mão do Senhor (1 Pe
5.6).
Não há sinal, prodígio ou maravilha que encubram a soberba — um dos mais
repulsivos pecados contra Deus. Por isso, a Palavra do Senhor nos alerta, a fim
de que não caiamos no mesmo erro de Satanás: "não seja neófito, para não
suceder que se ensoberbeça e incorra na condenação do diabo" (1 Tm 3.6,
ARA).
Há muitas novidades nessa última hora, porém Jesus disse:
"Acautelai-vos..." (Mt 7.15). Se você acha que estou exagerando, leia
o contexto dessa passagem e observe que o Senhor mencionou
"profetas", "homens com autoridade sobre demônios" e
"operadores de muitas maravilhas" que não entrarão no Reino dos Céus
(v.22)!
Não devemos ser incrédulos, porém cautelosos (Gl 1.8; 2 Co 11.3,4). Deus
prevê em sua Palavra que os falsos profetas milagreiros agiriam no meio do seu
povo (Dt 13.1). No contexto desta passagem, o Senhor diz que não devemos dar
ouvidos aos enganadores — mesmo que eles façam sinais e prodígios —, como prova
de que o amamos (vv. 2-4). Quem ama ao Senhor de verdade guarda a sua Palavra,
haja o que houver (Jo 14.23).
Aprendamos a fugir dos extremos. Não sejamos incrédulos quanto às
operações divinas. Deus cura e faz milagres em nossos dias, sim! Creiamos nisso
de todo o nosso coração. Entretanto, é tolice revoltar-se contra os homens de
Deus que Ele tem levantado para combater os modismos, tachando-os de incrédulos
ou "caçadores de heresias".
O Espírito Santo é dado àqueles que obedecem a Deus (At 5.32), e não
àqueles que agem por conta própria, desrespeitando a decência e a ordem,
características marcantes de um culto genuinamente pentecostal (1 Co 14.40).
Sinais e prodígios acontecem, mas para a glória de Deus, de acordo com a sua
Palavra e em decorrência da pregação do evangelho (Mc 16.20; At 14.3).
João Batista é um exemplo para todos nós como pregador do evangelho.
Manteve-se humilde em todo o tempo em que desempenhou o seu ministério (Jo
3.30). Jesus, inclusive, o considerou o maior profeta entre os nascidos de
mulher (Mt 11.11).
No entanto, quantos sinais ele realizou? Eis a resposta: "Na verdade,
João não fez sinal algum, mas tudo quanto João disse deste era verdade"
(Jo 10.41).
JESUS E A SUA COMUNHÃO COM O PAI
Por favor, pregadores, olhem para Jesus! Ele é o Pregador-modelo! Sim, é
Cristo quem pode salvar o seu ministério. Parem de assistir a esses DVDs de
animadores de auditório! Abandonem essa prática reprovável de decorar os
chavões usados por esses super-pregadores, que não querem proclamar o evangelho
de Cristo, preferindo discorrer sobre assuntos que balançam o corpo, mas não atingem
ao coração!
Você quer ser um pregador de verdade? Siga ao exemplo de Jesus. Ele
falava secretamente com o Pai (Lc 21.37;22.39; Mt 14.13,23). Temos feito isso?
Colocamo-nos na presença dEle? Consultamos ao Senhor, a fim de saber se a nossa
pregação o agrada? Ou ministramos tão-somente visando a resultados como: fama,
dinheiro, elogios, etc? Lembremo-nos, ainda, de que Ele priorizava a vontade do
Pai (Jo 4.31-35; Mt 12.46-50). Queremos nós fazer isso?
O Senhor, quando andou na terra, era obediente ao Pai em tudo (Rm 5.19;
Hb 5.8,9). E Ele nos ensina, em sua Palavra, que a comunhão com Deus exige
exclusividade (Mt 4.10; 6.24; Lc 10.27). Se quisermos seguir ao seu exemplo,
não podemos continuar a nos relacionar com os inimigos de Deus: a carne (Rm 8.7,8),
o mundo (Tg 4.4; 2 Tm 4.10) e o Diabo (Ef 4.27; Tg 4.7).
Você é um seguidor do Mestre? Então, viva em oração e priorize a vontade
dEle, sendo-lhe obediente em tudo (Ef 6.18; Rm 12.2; 1 Tm 4.16). Lembre-se de
que o Senhor Jesus respeitava e honrava os seus pais, mas priorizava os
"negócios do Pai" (Lc 2.49-52; Jo 2.4). Quais têm sido as suas
prioridades como pregador do evangelho?
JESUS, AS PROVAÇÕES E AS
TENTAÇÕES
Charles Haddon Spurgeon afirmou: "Haveria Jesus de ascender ao
trono por meio da cruz, enquanto nós esperamos ser conduzidos para lá nos
ombros das multidões, em meio a aplausos? Não seja tão fútil em sua imaginação.
Avalie o preço; e, se você não estiver disposto a carregar a cruz de Cristo,
volte à sua fazenda ou ao seu negócio e tire deles o máximo que puder, mas
permita-me sussurrar em seus ouvidos: 'Que aproveita ao homem ganhar o mundo
inteiro e perder a sua alma?'" (The Metropolitan Tabernacle Pulpit, vol.
34).
Pensem nisso, super-pregadores. Vocês dizem que antes tinham um
fusquinha velho, mas agora os carros sequer cabem em suas garagens! E pregam:
"Muitos são contrários à teologia da prosperidade, porém eu não prego
prosperidade. Eu vivo a prosperidade!" Oh, como isso parece triunfal! Mas
não se esqueçam de que o triunfo de Cristo foi na cruz (Cl 2.14; Hb 2.14). Se o
ministério de vocês excluiu a cruz, essa festejada prosperidade não os ajudará
em nada naquele grande Dia!
Ao olharmos para a vida do Pregador-modelo, vemos que, quanto mais
próximos do Senhor, tanto mais seremos atribulados e tentados. Não estou
dizendo que a nossa vida será de dor continuamente. Porém, temos de nos
conscientizar de que o Senhor Jesus foi provado como Homem e suportou (Mc
14.33,34; Hb 2.14,15; 12.1,2). Ademais, Ele foi tentado em tudo e venceu pela
Palavra de Deus (Hb 4.15; Mt 4.1-11). Temos nós vencido?
Quanto ao Diabo, seguindo ao exemplo do Pregador-modelo, não devemos
adotar uma postura de provocação (Tg 4.7,8; 1 Pe 5.8,9). Não cabe a nós, como
já vimos nesta obra, chamá-lo para a briga (Ez 28.14; Jo 16.8-11; Rm 16.20; Jd
v.9; 1 Sm 17.45; 24.6; Ef 4.27). Para ter vitória contra as astutas ciladas do
Inimigo, não devemos subestimar ou superestimar a força dele. Antes,
revistamo-nos de toda armadura de Deus (2 Co 2.11; Lc 10.19; 10.4,5; Ef
6.8-10).
O que o pregador que segue ao exemplo de Jesus deve saber sobre
provações e tentações? Primeiro, que essas duas coisas ocorrem com frequência
na vida de quem está agradando a Deus. Se não acontecerem, algo está errado (At
20.19; 9.15,16; 1 Pe 5.8,9; 2 Tm 2.3-5). Todos os verdadeiros seguidores de
Cristo passam por momentos de angústia, mas o Senhor está com eles (Sl 18.6;
20.1; 46.1; 91.15; 1 Pe 2.20,21; Is 41.10; 43.2). Não me refiro ao sofrimento
culposo, e sim ao probatório (1 Pe 2.18-21). Lembre-se de que, ao contrário do
que se prega, a tribulação nem sempre deve ser considerada sinônimo de derrota
ou resultante de um pecado (Jo 16.33; At 14.22; Rm 5.1-5; 8.18; 2 Co 4.16,17;
8.1,2; 2 Tm 3.12). Por isso, diante das provações, o obreiro deve ter fé em Jesus
e convicção de que a sua chamada provém dEle (Hb 11; Jo 15.16), não sendo
negativista, covarde ou desanimado (2 Co 6.10; Rm 8.35-39; Pv 24.10; Hb 13.5,6;
Sl 27.14; 1 Rs 19). Não deixe de ler e meditar em cada uma dessas referências.
JESUS COMO EVANGELISTA PREGADOR E
ENSINADOR
A mensagem que o Senhor Jesus pregava era recebida do Pai. E Ele apenas
expunha a Palavra de Deus (Jo 17.3-8; Mt 5.1-12), falando com autoridade (Mt
7.29). O Senhor priorizava a verdade, e não o que agradava os ouvintes (Mt
7.3-5,13,14; Jo 6.60-69; Mt 23). Ele também pregava com poder (Jo 1.14; Lc
4.18), pois era cheio do Espírito Santo (Lc 4.1; Mt 4.1), e tinha discernimento
(Mt 16.21-23) e sabedoria do alto (Mt 22.15-22; 21.23-27). Não leia este
parágrafo de maneira desatenta ou desapercebida, por favor.
Confira as passagens bíblicas. Ou você não deseja aprender com o
Pregador-modelo?
Se desejarmos agradar a Deus como pregadores, não temos outra
alternativa, a não ser imitar ao Senhor Jesus, como Paulo recomendou, em 1
Coríntios 11.1. E fazer isso implica: Pregar sempre a mensagem recebida de
Deus. E não a que achamos mais conveniente (1 Co 11.23). O que você tem
pregado?
Se tiver compromisso com Cristo, abandone essas mensagens de auto ajuda!
Falar com autoridade. Você sabe o que é autoridade? Não, não é gritar
nem apontar o dedo, tampouco bater na mesa. Isso é autoritarismo. Confira nas
seguintes referências o que é autoridade (Tt 2.15; 1 Tm 3.7; Rm 2.21,22; At
4.31; 1 Rs 17.1; 22.28).
Priorizar
a verdade. Mesmo que esta não agrade os ouvintes (Dt 18.20; Tt 2.1; Ez 2; 33.8). O
expoente que segue ao Pregador-modelo não tem para onde correr. Fale a verdade,
gostem ou não gostem de ouvi-la (2 Tm 4.1-5; Êx 32.19-24; Jo 3.1-5). Pregue-a,
contudo, à semelhança do Mestre e dos apóstolos, com poder (At 4.33; Mc
3.13-15; 1 Co 2.1,2).
Ser cheio
do Espírito Santo. O que é ser cheio do Espírito Santo? É ser
possuído (Ef 5.18), além de controlado, guiado (At 8.26-40; 16.5-9) e
impulsionado por Ele (Jz 6.34; 15.14; Lc 1.41,42; At 6.5-8).
Ter
discernimento pela Palavra. O que será de um pregador que não possui
discernimento? Mas, para isso, temos de ser espirituais (1 Co 2.14-16) e
amantes da Palavra de Deus (Hb 5.12-14).
Agir com
sabedoria vinda de Deus. Os pregadores que seguem ao Senhor Jesus não podem
abrir mão da sabedoria do alto, pois são muitas as circunstâncias em que dela
necessitarão.
Busquemo-la, pois, em oração e meditação na Palavra (Tg 1.5,6; Jr 8.9).
JESUS COMO PASTOR E EVANGELISTA
Todo pregador deve seguir ao exemplo de Jesus como Pastor e Evangelista,
a fim de encontrar o ponto de equilíbrio no exercício de seu dom ministerial.
Isso faz com que o expoente não seja um mero proclamador de verdades, e sim um
amante de almas, que prega com paixão, desejoso de ver pecadores salvos e
crentes edificados.
O Pregador-modelo ama tanto as suas ovelhas, que deu a sua vida por elas
(Jo 10.11,17,18; 15.12; Rm 5.8; 1 Pe 1.18,19). Isso nos ensina que, na obra de
Deus, é o pastor quem deve "dar a vida" pelo rebanho, e não o inverso
(Ez 34.1-6; 2 Co 12.15).
Ah, se os super-pregadores — que fazem questão de serem chamados de
pastores — atentassem para isso! O que eles querem, no entanto, é explorar,
tirar das pobres ovelhinhas tudo o que elas podem lhes oferecer...
Jesus, como o Bom Pastor, conhece as suas ovelhas e é conhecido por elas
(Jo 10.14; Ez 34.15,16). O pregador ou pastor que o segue deve conhecer o
estado de suas ovelhas e ser uma "carta aberta" perante o rebanho (Pv
27.23; 2 Co 3.2,3). E esse ideal está muito distante do padrão vigente em
nossos dias. Mas não há outro caminho, caro pregador. Seja você um pastor ou
não, o segredo do sucesso, que garantirá inclusive a sua salvação, é andar como
Ele andou, tendo cuidado de si mesmo e da doutrina (1 Jo 2.6; 1 Tm 4.16).
O Pregador-modelo como Pastor protege as suas ovelhas (Jo 10.27,28).
Temos protegido o rebanho que Deus nos confiou dos lobos e dos cães, como lemos
em Atos 20.27-30 e Filipenses 3.1,2?
Alguém poderá dizer: "Eu não sou pastor. O meu negócio é
pregar". Mas é exatamente sobre isso que estou falando. Enquanto pregador,
ainda que não seja um pastor, de fato, você tem considerado os seus ouvintes
como ovelhas que necessitam de uma boa alimentação para permanecerem seguindo
ao Sumo Pastor?
Outra característica do Pregador-modelo como Pastor é que Ele vai
adiante de suas ovelhas (Jo 10.4; Sl 85.13; Lc 9.23). Ele também as alimenta Jo
10.9,16). Os pastores que seguem ao Bom Pastor, pois, são responsáveis pelo
rebanho e devem guiá-lo segundo a Palavra de Deus (Hb 13.7,17).
Têm os super-pregadores feito isso com as milhares de pessoas que os
seguem? Preocupam-se eles com o destino delas? Ou guiam-nas à perdição, posto
que não pregam o evangelho de Cristo? Não se esqueçam de que vocês estão na
frente delas e chegarão primeiro ao Inferno!
Além de falar a verdade com autoridade, o Pregador-modelo era um
Evangelista e tinha as suas palavras confirmadas por curas, libertações de
demônios e outros milagres, embora não fizesse deles a prioridade de seu
ministério (Mt 4.23; 9.35; At 2.22; 10.38; Lc 5.17-26; Jo 6; 20.27-31).
A sua missão principal foi morrer na cruz para salvar os pecadores,
porém não abriu mão da evangelização, pois via as pessoas como ovelhas sem
pastor e movia-se de íntima compaixão por elas (1 Co 15.3; 1 Tm 1.15; Mt 9.36;
14.14; Mc 6.34).
Conquanto o pregador tenha uma chamada ministerial específica de
proclamar o evangelho, não deve se esquecer do seu chamamento universal para a
evangelização (Mc 16.15,16; At 1.8; 1 Co 9.16; Jd v.23). E, se ele compreender
plenamente essas duas chamadas, o seu ministério como expoente da Palavra terá
muito mais sentido. Imagine a diferença entre um pregador que prega apenas para
atingir o objetivo de expor a Palavra que recebeu de Deus e um que, além de
fazer isso, está com o coração cheio de paixão pelas almas!
O PREGADOR-MODELO E OS
SUPER-PREGADORES
Olhemos, pois, para o Pregador-modelo! Como Ele pregaria em nossos dias?
Seria Ele um pregador cheio de trejeitos, espalhafatoso? Faria Ele gracejos
para o povo? Gritaria a ponto de esgoelar? Pediria ao Pai, para impressionar o
público, querubins ao seu lado e ordenaria que os demônios ficassem distantes
dEle centenas de quilômetros?
CONCLUSÃO
Não existe argumento convincente para não se crer em Jesus. Ele continua vivo em glória e majestade e tem todo o poder no céu e na terra. A grandeza do nome de Jesus pode ser vista na Bíblia, na história, nas artes, no nosso dia-a-dia e, principalmente, no testemunho pessoal de seus seguidores. Mesmo sob perseguições, o seu nome atravessou os séculos e, com a arma do amor, fundou o maior império da história – o único que não será destruído: o Reino de Deus, prometido pelo Senhor a Davi, e cumprido plenamente em Cristo Jesus Nosso Senhor.
Não existe argumento convincente para não se crer em Jesus. Ele continua vivo em glória e majestade e tem todo o poder no céu e na terra. A grandeza do nome de Jesus pode ser vista na Bíblia, na história, nas artes, no nosso dia-a-dia e, principalmente, no testemunho pessoal de seus seguidores. Mesmo sob perseguições, o seu nome atravessou os séculos e, com a arma do amor, fundou o maior império da história – o único que não será destruído: o Reino de Deus, prometido pelo Senhor a Davi, e cumprido plenamente em Cristo Jesus Nosso Senhor.
Evangelista
Isaias Silva de Jesus
Igreja
Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS
Bibliografia
Ciro Sanches Zibordi
Lição
Bíblicas 4º. Trimestre 1974 - CPAD
DEUS O
PRIMEIRO EVANGELISTA
Texto Áureo = "Ora, tendo a Escritura previsto que Deus havia
de justificar pela fé os gentios, anunciou primeiro o evangelho a Abraão,
dizendo: Todas as nações serão benditas em ti."(Gn13.8)
Verdade Prática = Deus, que deu início ao trabalho de evangelização,
exige de cada um de nós uma atitude evangelística responsável e amorosa.
LEITURA
BÍBLICA EM CLASSE = Génesis 12.1-8
Introdução
Sendo
Deus o primeiro evangelista da História Sagrada, toda a sua palavra é
amorosamente evangelizadora. E por isso que a Bíblia, ao contrário de outros
livros tidos como sagrados, é lida e relida, sem jamais deixar de ser
apaixonante. Embora concluída há mais de dois mil anos, ela é repleta de
manchetes que, todas as manhãs, surpreendem-nos por sua graça, misericórdia e
alvíssaras.
Do
Gênesis ao Apocalipse, temos uma proclamação evangelística que, tendo início na
criação, vai até a consumação de todas as coisas, inaugurando o Novo Céu e a
Nova Terra.
Deus
se compraz em comunicar o evangelho. Quer pessoalmente, quer por intermédio de
seus arautos, Ele conclama-nos à salvação. Até mesmo em seus juízos, entrevemos
o inexplicável amor, que o constrangeu a entregar o Unigênito a morrer em nosso
lugar. Que ninguém o acuse de injustiça, pois a sua natureza leva-o a proclamar
a todos, em todo o tempo e lugar, as Boas-Novas de seu Reino. O Pai anseia por
incluir-nos em seus domínios eternos.
Neste
capítulo, refletiremos acerca da ação evangelística pessoal do próprio Deus.
Surpresos, constataremos que Ele evangeliza até mesmo quando está em silêncio.
1. As Primeiras Notas Evangélicas
de Deus
Se
lermos atentamente a Bíblia Sagrada, constataremos que, quando o universo ainda
não existia, o Plano da Salvação já estava esboçado no espírito de Deus.
1. O Cordeiro Morto na eternidade.
Em Apocalipse, o Espírito Santo revela a João que o Senhor Jesus, para
redimir-nos, não morreu apenas no tempo. Na presciência divina, o Cordeiro de
Deus já estava morto antes mesmo dos eventos registrados em Gênesis (Ap 13.8).
Nossa redenção, por esse motivo, transcende o tempo e os eventos da criação; é
eterna (Hb 9.12). Portanto, quando ainda não havia pecado, ou pecadores, o
amoroso Deus já tinha estabelecido as bases da nossa salvação.
A
morte do Cordeiro, na presciência de Deus, foi a primeira nota evangélica da
História Sagrada. Se Cristo morreu na eternidade, na eternidade também fomos
eleitos (1 Pe 1.2). Eis porque, conforme veremos mais adiante, quando Adão
pecou, Ele não se mostrou surpreso. Na sentença sobre o pecado, anuncia a
redenção do pecador (Gn 3.15). Antecipadamente, prega o evangelho do Unigênito
à humanidade, representada, ali, no primeiro ser humano. Antes mesmo que houvesse
tempo, proclamou a salvação eterna. Era como se Deus, num tabernáculo vazio,
chamasse os pecadores, que ainda não existiam, ao arrependimento. Parece
loucura? A pregação do evangelho tem peculiaridades que só o amor divino é
capaz de operar (1 Co 1.2 1).
2. Deus evangeliza trabalhando.
Na criação dos céus e da terra, quando Deus montava o cenário para o drama de
nossa redenção, seus anjos, antegozando o triunfo do Calvário, louvam-no
exaltadamente (Jó 3 8.7). Eles sabiam que o nosso planeta não seria mais uma
esfera entre outras esferas, mas o círculo que, na plenitude do tempo, haveria
de se fechar com a morte de Cristo. Por isso, os santos anjos ensaiavam,
naquele instante da obra divina, para celebrar o nascimento do Filho de Deus em
Belém (Lc 2.13.14).
A
proclamação do evangelho evoca cânticos de júbilos. Ao descrever o regozijo dos
exércitos celestes na conversão de um pecador, declarou Jesus:
Digo-vos
que assim haverá alegria no céu por um pecador que se arrepende, mais do que
por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento. Ou qual a
mulher que, tendo dez dracmas, se perder uma dracma, não acende a candeia, e
varre a casa, e busca com diligência até a achar? E, achando-a, convoca as
amigas e vizinhas, dizendo: Alegrai-vos comigo, porque já achei a dracma
perdida. Assim vos digo que há alegria diante dos anjos de Deus por um pecador
que se arrepende. (Lc 15.7-10).
3. Deus evangeliza proclamando.
Deus evangeliza tanto trabalhando quanto proclamando. Ninguém melhor do que Ele
sabe usar as palavras, pois a nossa linguagem nEle nasceu e nEle se desenvolve.
Ele cria o mudo e o eloquente (Ex 4.11). Por intermédio de seu Espírito Santo,
inspirou o Livro dos livros (2 Tm 3.16). E, pela boca de seus servos, narra as
histórias mais belas, declama as poesias mais sublimes, anuncia as promessas
mais escondidas e consola-nos, diariamente, com o cajado do Bom Pastor.
A
Bíblia não se limita a conter a Palavra de Deus. Ela é a Palavra de Deus que
evangeliza e redime o pecador, guiando-o às regiões mais celestes (Ef 2.6).
Todas as vezes que a Sagrada Escritura é lida, ouve-se o próprio Deus
evangelizando. Por isso, quem rejeita o Filho, rejeita o Pai.
II. O Proto-Evangelho de Deus
Na
queda de Adão, temos a mentira que aprisiona, a verdade que liberta e a
promessa da semente que, lançada no Eden, germinaria no Calvário, trazendo a
salvação a todos os homens.
1. A mentira que aprisiona.
O discurso com que Satanás enredou a queda de Adão era lógico e filosofante.
Nem mesmo Aristóteles seria capaz de armar silogismos como aqueles. O Inimigo
mentiu, fazendo-se amigo; distorceu a verdade, levando-a a parecer mentira.
Desevangelizando Adão e Eva, induziu toda a humanidade à rebelião contra Deus.
E, assim, aprisionou nossos pais.
A
queda de nossos primeiros genitores chocou os seres angelicais. Até ali, homens
e anjos formavam uma mesma grei, apesar de estarem separados por uma barreira
dimensional. Mas, agora, com o pecado, éramos tão inimigos de Deus quanto
Satanás. O Senhor dos céus e da terra, contudo, não tardaria a proclamar o proto-evangelho
que, no Calvário, desfaria a inimizade que separa a criatura do Criador.
2. A verdade que liberta.
O que parecia a desgraça da raça humana acabaria por revelar a maravilhosa
graça do Pai Celeste. Ao ver a queda de seu filho, Adão, tão precocemente
pródigo, mas também tão precocemente arrependido e choroso, Deus não o deixou
prostrado. Antes, providenciou-lhe um inesperado acolhimento, que só os pais
são capazes de proporcionar aos filhos mais ingratos e rebeldes. Ainda no
Jardim do Éden, o Senhor recebe-os com amor e misericórdia. Substituindo os
andrajos de figueira, dá-lhes a pele de um animal vicário como roupa. Não
bastasse tanto cuidado e afeição, juntamente com o juízo, anuncia-lhes o
proto-evangelho. Deus em nada diferia do pai daquele pródigo descrito por
Jesus.
3. O proto-evangelho.
No Éden, Deus age como o Juiz da raça humana. Mas, como a sua misericórdia
sempre triunfa no juízo, não tarda em predizer a redenção da espécie adâmica. O
Juiz faz-se Evangelista, e proclama, ali mesmo, Q proto-evangelho: “E porei
inimizade entre ti e a mulher e entre a tua semente e a sua semente; esta te
ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gn 3.15).
O
juízo sobre a raça tem, como exórdio, uma nota lindamente evangélica. Antes
mesmo de o Juiz sentenciar-nos os pais, evangeliza- os. Eles, de fato, seriam
duramente punidos. Se, por um lado, eram expulsos do Eden terrestre, por outro,
haveriam dc ser introduzidos, por meio da semente da mulher, no Paraíso
celeste. A partir de um evangelho tão sucinto e tão econômico nas palavras, a
redenção da humanidade começa a ganhar feições. Com menos de trinta vocábulos,
o Senhor, eloquentemente, anuncia a chegada de Jesus Cristo, nosso amado
Salvador.
III. O Evangelho de Cristo a Abraão
De
Adão, o primeiro homem, a Abraão, o primeiro patriarca dos hebreus, temos um
interregno de aproximadamente dois mil anos. Nesse período, o Reino de Deus
parecia engolido pelo império de Satanás. Todavia, o Evangelista Eterno estava
apenas preparando o caminho de seu Filho que, decorridos mais dois milênios,
haveria de nascer em Belém de Judá.
1. Abraão, o gentio.
Ao ser chamado por Deus a peregrinar numa terra desconhecida e mui distante,
Abraão não passava de um gentio como eu e você. Era um caldeu entre os caldeus.
O idioma que falava não era o hebraico, mas a língua aramaica que, nascida em
Damasco, estendia-se até as fronteiras com a India. Mas aprouve a Deus
evangelizá-lo, separando-o dentre as gentes, para, por meio dele, levar o mundo
a uma surpreendente realidade espiritual.
De
tal forma converte-se Abraão ao Deus Único e Verdadeiro que, ante o seu
chamamento, deixa uma cidade segura e confortável para andejar um chão ermo e
cheio de sobressaltos. Suas experiências com o Senhor são profundas; faz-se
amigo de Deus (Is 41.8).
Não
demora para que o seu nome seja mudado, indicando uma nova dimensão em sua vida
espiritual. Dantes, era Abrão: grande pai. Mas, agora, é Abraão, que em
hebraico significa pai de uma multidão não somente étnica, mas destacadamente
espiritual (Gn 17.5). Logo, o patriarca hebreu torna-se o nosso pai na fé (Tg
2.21). O cristianismo e o judaísmo são religiões abraãmicas. Semelhante
designação é reivindicada também pelo islamismo. Todavia, ao ler o Corão, não
pude encontrar, em nenhuma de suas suratas, algo que me levasse a identificar a
fé islâmica com a crença do patriarca hebreu.
2. O evangelho de Deus a Abraão.
Em sua belíssima teologia da justificação pela fé, Paulo, depois de condenar
energicamente o falso evangelho anunciado nas regiões da Galácia, escreve: Éo
caso de Abraão, que creu em Deus, e isso lhe foi imputado como justiça. Sabei,
pois, que os que são da fé são filhos de Abraão. Ora, tendo a Escritura
previsto que Deus havia de justificar pela fé os gentios, anunciou primeiro o
evangelho a Abraão, dizendo: Todas as nações serão benditas em ti. De sorte que
os que são da fé são benditos com o crente Abraão. (GI 3.6-9).
Aos
israelitas, que ainda não haviam recebido o Cristo de Deus, a chamada de Abraão
era mais étnica do que espiritual. O apóstolo, porém, iluminado pelo Espírito
Santo, viu, atrás daquela narrativa, uma das mais profundas teologias do Novo
Testamento. Em Gênesis, escondia a essência do Evangelho: Ora, o Senhor disse a
Abrão: Sai-te da tua terra, e da tua parentela, e da casa de teu pai, para a
terra que eu te mostrarei. E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei, e
engrandecerei o teu nome, e tu serás uma bênção. E abençoarei os que te
abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas
as famílias da terra. (Gn 12.1-3).
Se
nos detivermos a analisar a vocação do patriarca hebreu, encontraremos a mais
bela síntese da mensagem cristã. Em primeiro lugar, Deus individualiza a
chamada de Abraão, a fim de universalizar a convocação de todas as nações a
crer em Jesus Cristo.
a) Uma chamada que transcende a
nacionalidade. Deus, em primeiro lugar, intima Abraão
a deixar a sua nacionalidade: “Sai-te da tua terra”. A fé no Deus Único e
Verdadeiro não pode circunscrever-se a uma nacionalidade. Seu caráter reivindica
seja ela proclamada a todos, em todo o tempo e lugar, por todos os meios. Por
esse motivo, não sou favorável a uma igreja oficial, como a anglicana, pois
sempre estará a serviço do Estado. A Igreja, por ser Igreja, não pode ser
trancada na burocracia estatal, pois a sua natureza leva-a a forçar todas as
portas, inclusive as do inferno.
Israel
jamais poderia ter restringido a sua fé a um território, a uma cidade, a um
santuário e a um objeto sagrado. Infelizmente, foi o que aconteceu. Embora fundassem
uma terra santa, não foram suficientemente zelosos para santificar os povos
além de suas fronteiras.
Ao
elegerem Jerusalém como a cidade santa por excelência, não saíram, a partir
dela, a proclamar a Palavra de Deus até aos confins da terra como fez o profeta
Jonas. Quanto ao Santo Templo, achavam que Deus estava restrito àquela casa e
que, de lá, jamais sairia. E, para completar o seu exclusivismo religioso,
fizeram da arca sagrada um totem. Supunham que, tendo-a por perto, nenhum mal
viria a alcançá-los. O Senhor mostrou-lhes, porém, que aquele objeto tão belo e
tão cobiçado viria a perder-se um dia (Jr 3.16).
Enfim,
os israelitas, ao contrário de Abraão, não conseguiram transcender a própria
nacionalidade na divulgação da verdadeira fé. Logo, o Deus de Israel é também o
Deus de todos os povos, porque sua é a terra e a sua plenitude. Até mesmo os
apóstolos demoraram a entender o alcance universal do evangelho de Cristo.
Fez-se necessária a convocação de um concílio, para que, iluminados pelo Espírito
Santo, autorizassem Paulo e Barnabé a prosseguirem o seu ministério junto aos
gentios.
b) Uma chamada que transcende a
etnia. Deus ordenou também a Abraão que deixasse a sua
parentela, pois o chamava a ser o pai de todos os que creem. Então, como haveria
ele de confinar-se à etnia hebreia, se o mais ilustre de seus descendentes
haveria de morrer por todos os povos? Os israelitas, porém, ignorando a
natureza de sua chamada universal, isolam-se nacionalmente.
A
fim de arrancar os apóstolos a esse exclusivismo, o Senhor concede a Pedro a
visão global do evangelho. No lençol descido do céu, o galileu contempla toda
sorte de animais imundos e repulsivos. Em seguida, ouve do próprio Jesus: “Não
faças tu comum ao que Deus purificou” (At 10.15).
A
partir daquele momento, a Igreja de Cristo, ainda majoritariamente judaica,
internacionaliza-se até alcançar os povos mais inalcançáveis. A grandeza de
Israel, portanto, não está em sua nacionalidade, nem em sua etnia; reside em
sua herança espiritual.
c) Uma chamada que transcende a
família. Abraão foi chamado ainda a deixar a casa de seu
pai, pois a família que dele sairia não se fundaria em laços de sangue, mas
numa aliança espiritual. E claro que, aos olhos de Deus, a família é muito
importante. Precedendo o Estado e até mesmo a Igreja, ela é a base tanto
daquele quanto desta. Mas, pela fé em Jesus Cristo, filho de Abraão, surge um
povo mais forte que a própria família.
Certa
vez, perguntou o Senhor Jesus: “Quem é minha mãe? E quem são meus irmãos?”. Ato
contínuo, destacando seus discípulos, responde: “Eis aqui minha mãe e meus
irmãos; porque qualquer que fizer a vontade de meu Pai, que está nos céus, este
é meu irmão, e irmã, e mãe” (Mt 12.49,50).
A
família, para Abraão, teria um fundamento mais forte que o sanguíneo. A fé no
Deus Único e Verdadeiro seria capaz de unir, num mesmo corpo, em Jesus Cristo,
todos os povos da Terra.
Todos
os que o aceitam, portanto, são chamados para fora de sua nacionalidade, etnia
e família, a fim de formar um só organismo espiritual. Assim é descrita a
Igreja de Cristo pelo apóstolo Paulo: “Porque todos sois filhos de Deus pela fé
em Cristo Jesus; porque todos quantos fostes batizados em Cristo já vos
revestistes de Cristo. Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não
há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus (Gl 3.26-28).
d) Uma terra que transcende os
olhos. No evangelho que Deus pregou a Abraão, havia uma
terra estratégica, larga e espaçosa. Disse-lhe o Senhor: “para a terra que eu
te mostrarei”. Portanto, Abraão é chamado para fora de sua nacionalidade, de
sua etnia e de sua família, com o objetivo de possuir uma terra que ele ainda
não via. Assim, movido por uma fé justificadora, começa o patriarca a ver o
invisível. Naquele exato momento, deixando para trás o sedentarismo
confortável, faz-se nômade. E, de oásis em oásis, peregrina até chegar a uma
terra que, profeticamente, já era sua, mas, historicamente, ainda estava em
poder de gentios aguerridos, profanos e inimigos de Deus.
Por
que Canaã, e não Ur dos caldeus? Por que a terra do amorreu e do jebuseu, e não
Padã-Arã? Ambas as cidades eram mais importantes que o território cananeu.
Todavia, não eram estrategicamente localizadas para a difusão do conhecimento
divino a toda a Terra. Somente Israel serviria como a localização exata para o
Senhor Jesus iniciar a expansão do Reino de Deus. Os evangelistas, partindo de
Jerusalém, alcançariam toda a Judeia, a região de Samaria e, finalmente, os
confins do globo.
A
igreja católica, sob o comando de Urbano II, reuniu-se em cruzada, para retomar
a Jerusalém. Mas a Igreja Primitiva, impulsionada pelo Espírito Santo, partiu
de Jerusalém para conquistar o mundo para Cristo. Temos aí o verdadeiro
significado de Urb et Orbi. Ou seja: à cidade e ao mundo com um só alvo:
proclamar a Palavra de Deus. Quanto àquela terra, não há dúvida. Pertence a
Israel.
e) Uma nação paradoxal.
Na promessa que o Senhor lavra ao seu amigo, há uma nota paradoxal: “E
far-te-ei uma grande nação”. Se Abraão fosse o pai da China, ou dos Estados
Unidos, não haveria, aí, contradição alguma. De seus lombos, porém, saiu uma
das menores nações do mundo. Por mais que se multiplique, a demografia de
Israel jamais chegará ao nível da chinesa ou da americana. Não obstante, não há
povo tão influente, espiritual e moralmente, do que o hebreu.
Nenhuma
outra escritura é tão lida quanto a Bíblia. Nenhum profeta é citado como
Moisés. Quanto a Jesus Cristo, nosso Senhor, nenhum ser humano é tão evocado
quanto Ele.
Verdadeiro
Homem e Deus Verdadeiro, o Nazareno reúne, em tomo de seu nome, povos de todas
as nacionalidades que, vinculados pela fé, tratam-se como irmãos. Essa é a
grandeza de Israel.
f) Abraão, fonte de bênçãos e
maldições. No evangelho que Deus pregou a Abraão, há dois
mandamentos específicos. Se o primeiro
representou dificuldades geográficas e logísticas, o segundo representará um
grande desafio espiritual e teológico. Na segunda ordenança, diz-lhe o Senhor:
“e tu serás uma bênção”. Se na versão corrigida de Almeida o mandamento parece
profecia, já na tradução atualizada, a promessa soa como um mandamento bastante
claro: “Sê tu uma bênção” (Gn 12.2).
Abraão
teria de ser uma bênção à sua família e a todas as nações da Terra. Ele
abençoou-nos com os profetas, com as Escrituras Sagradas e com o Cristo. Jamais
poderemos retribuir-lhe as bênçãos que, de seus descendentes, recebemos. Por
isso, cabe-nos abençoá-lo. Hoje, abençoamos Israel não somente mantendo
vínculos amistosos com o Estado judeu, mas curvando-nos ao evangelho que nos
veio por intermédio da família hebreia.
Conclusão
Do
proto-evangelho, no Éden, ao evangelho de Cristo, no Calvário, todas as nações
foram abençoadas no patriarca Abraão. O interessante é que, em ambos os
eventos, Deus fez-se presente para atestar o seu amor pela humanidade caída.
Ele criou o mundo em seis dias. No sétimo, veio a descansar de seu trabalho.
Todavia, quando da queda de nossos pais, o Senhor recomeçou o seu labor não
apenas preservando a sua criação, mas também evangelizando seus filhos rebeldes
e apostatas.
Jesus
afirmou, certa vez, que o Pai trabalha até agora. Por essa razão, o Filho
continuava o seu labor. Mas qual o trabalho do Pai? Não é criar, porque tudo
quanto havia de ser criado, já o foi. Todavia, a evangelização sempre haverá de
ser um trabalho incompleto, por mais que nos esforcemos.
Neste
momento, Deus não mais anuncia pessoalmente o evangelho, como fez no Eden e ao
patriarca Abraão. Entretanto, não cessa de abrir portas, abençoar missões e
missionários. Por intermédio de mim e de você, Ele estende as fronteiras de seu
Reino. Paulo dizia-se imitador de Deus, porque se sentia na obrigação de
proclamar-lhe a Palavra a tempo e fora de tempo.
Evangelista
Isaias Silva de Jesus
Igreja
Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS
Bibliografia
Livro
O Desafio da Evangelização = Claudionor de Andrade = 1º. Edição
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