A Glória das Duas Alianças
Texto Áureo: “ Porque, se o que era transitório foi para glória, muito mais é em glória o que permanece” (2 Co 3-11).
I – Saudação e Introdução à Lição.
Gostaria de congratular os amados leitores com a doce paz do Senhor Jesus. Desde já, desejo a todos um ano de intenso crescimento espiritual na presença de nosso Senhor, para que possamos caminhar sempre avante no conhecimento do evangelho. O presente trimestre possui uma excelente temática para o início deste ano de 2010, nos dando a direção inicial para um ótimo ano de estudo acerca da Palavra de Deus.
A presente lição, a quarta deste abençoado trimestre, alicerçada no capítulo 3 da segunda epístola do Apóstolo Paulo à Igreja de Corinto, nos traz um importante ensino acerca da Nova Aliança de Deus para com seus servos, fundamentada em Jesus Cristo, em contraposição à antiga aliança, baseada na “Lei” (Transcrita no Pentateuco – Lei do Senhor dada a Moisés).
Ademais, no princípio de 2 Coríntios, o Apóstolo Paulo aborda a questão acerca de sua recomendação perante a Igreja, dispensando a formalidade de cartas, e fazendo uma “autorrecomendação” (termo segundo o novo acordo gramatical brasileiro).
A presente lição se sobressai como de fundamental importância para nós, servos de Deus que vivemos sob a égide da nova aliança, para que possamos estudar acerca da infindável misericórdia de Deus para com seus servos, consubstanciada no sacrifício expiatório de Jesus Cristo no cruz do Calvário. Devemos entender que a expressão “Justificação” só adquiriu validade após a morte vicária de Jesus, nos estendendo a possibilidade de perdão mediante o arrependimento sincero e o abandono do pecado.
Ademais, quanto o Apóstolo dos Gentios faz sua “autorrecomendação”, nos deixa outra importante lição: A conduta e as obras de um servo de Deus vão à frente de qualquer recomendação escrita.
II – A Autorrecomendação do Apóstolo Paulo.
Cabe, inicialmente, transcrever 2 Co 3. 1-3: “1 Porventura, começamos outra vez a louvar-nos a nós mesmos? Ou necessitamos, como alguns, de cartas de recomendação para vós ou de recomendação de vós? 2 Vós sois a nossa carta, escrita em nossos corações, conhecida e lida por todos os homens, 3 porque já é manifesto que vós sois a carta de Cristo, ministrada por nós e escrita não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas nas tábuas de carne do coração.”
Nesta passagem o Apóstolo Paulo sintetiza aquela que demonstrou ser uma das grandes defesas do seu Apostolado: As suas boas obras, acompanhadas de uma irrepreensível conduta, que valiam mais do que qualquer carta formal de recomendação.
A utilização de cartas de recomendação tratava-se de uma prática Judaica para que, onde quer que fossem, não sendo conhecidos, poderiam obter, mediante a apresentação da carta recomendatória, hospedagem e alimentação enquanto precisassem. Observa-se, portanto, que a carta de recomendação era utilizada para tornar conhecido, digno de confiança, alguém que até então era desconhecido.
Quando entendemos a função da carta de recomendação naquela época, observamos então o motivo das palavras do Apóstolo Paulo. Ora, ele era fundador da Igreja em Corinto, pregador da Palavra de Deus em grande parte do mundo antigo (Idade Romana), servo de Deus de uma conduta irrepreensível e Apóstolo Investido por Jesus para levar a tantos quantos pudesse a Mensagem da Cruz. A exigência de carta recomendatória de outras igrejas em relação ao Apóstolo Paulo era atentatória à sua autoridade apostólica!
Desta forma, o Apóstolo reforça, com autoridade de Deus, que a sua carta de recomendação não era escrita com tinta em um pedaço de papel, mas com o Espírito Santo das Tábuas do Coração. Em síntese, Paulo esclareceu que a sua recomendação não era formal, escrita, mas advinha de cada pessoa e de cada igreja que haviam voltado-se para Cristo a partir da sua Pregação.
Assim, a recomendação do Apóstolo Paulo eram as suas obras, seguidas de uma conduta irrepreensível ante o Senhor, o que lhe dava a sustentação para apresentar-se a qualquer igreja de Jesus com a autoridade de um apóstolo divinamente investido para seu Ministério.
Não se confunda o presente tema com a moderna utilização de cartas de recomendação nas Igrejas. Estas são utilizadas para apresentação dos servos do senhor que se encontram em comunhão com a Igreja, e são muito úteis tendo em vista a grande extensão territorial do nosso país, os inúmeros irmãos por ele espalhados, e a necessidade de se manter imaculado o corpo de Cristo (Igreja).
De toda a forma, as palavras do apóstolo Paulo são perfeitamente aplicáveis à vida do atual servo de Deus. Nossas obras e nossa conduta caminham a frente de qualquer documento escrito como forma de recomendação ante aos demais irmãos. Podemos até sermos detentores de uma “carta de recomendação”, entretanto, sem obras e uma conduta que traduzam na realidade as palavras escritas na carta, esta não terá qualquer validade ante o Senhor e os irmãos em Cristo.
Trata-se, portanto, a autorrecomendação do apóstolo Paulo de uma verdadeira defesa do seu Ministério Apostólico ante os revoltosos da Igreja de Corinto.
III – As duas Alianças.
Assim escreve o Apóstolo Paulo em 2 Co 3. 6-8: “6 o qual nos fez também capazes de ser ministros dum Novo Testamento, não da letra, mas do Espírito; porque a letra mata, e o Espírito Vivifica. 7 E, se o ministério da morte, gravados com letras em pedras, veio em glória, de maneira que os filhos de Israel não podiam fitar os olhos na face de Moisés, por causa da Glória do seu rosto, a qual era transitória, 8 como não será de maior glória o ministério do Espírito?”.
Veja-se que no trecho bíblico acima transcrito, O apóstolo dos Gentios tece uma clara divisão entre o “Novo Testamento” (Nova Aliança) e a Antiga aliança, baseada na Lei.
A superação da antiga aliança pela nova se dá, de acordo com a Bíblia de Estudo Dake, (P. 1855 – 3.10ª) porque “(...) a última [Velha Aliança] era somente por um tempo (v.7; Gl 3.19-25; 4.30; Hb 9.9-10), para um lugar – a Palestina (Dt. 5.16; 11.9; 28.8; 31.13) e para um povo – os Judeus (Dt 5.3; Rm 2.12-16). A nova aliança é para o tempo todo, para todas as nações e para todas as pessoas (Mt 26.28; Mc 16.15,16; Lc 24.47; Jo 3.16; At. 1.8; Rm 10.9-14; 1 Co 12.13.” (Grifo nosso)
Nova Aliança é como denomina-se o novo tratamento dispensado por Deus aos homens, fundamentado no sacrifício de Jesus Cristo, e baseado no arrependimento e Justificação dos Pecados. Não trata-se de uma aliança que prioriza menos a Santidade do que a antiga aliança, mas que oportuniza ao pecador sinceramente arrependido, de qualquer nação, lugar ou época, a confessar os seus pecados e aceitar a Jesus Cristo como único e suficiente Salvador de sua vida. A Justificação dos Pecados só realizou-se plenamente através do sacrifício Vicário de nosso Senhor Jesus, o sacrifício perfeito, que tirou o pecado que pesava sobre nós e oportunizou aos homens, pecadores, achegarem-se a Deus, mediante a aceitação do Sacrifício de Jesus, o arrependimento sincero e o abandono do pecado.
Interessante observarmos algumas das principais diferenças entre as duas alianças (Dake, p. 1866 – 85):
Antiga Aliança Nova Aliança
Antigo Testamento (2 Co 3.14) | Novo Testamento (2 Co 3.6) |
Veio Por Moisés (Jo 1.17) | Veio Por Jesus Cristo (Hb 8.6; 9.15) |
Lei do Pecado (Rm 7.23; 8.2) | Lei da Justiça (Rm 9.31) |
Não da Fé (Gl. 3.12) | Lei da Fé (Rm 3.27) |
Concluída Por Cristo (Rm 10.4) | Iniciada por Cristo (Hb 8.6; 10.9) |
Levava à morte (2 Co 3.7) | Leva à vida (Rm 8.2; Gl 3) |
Torna culpado (2 Co 3.9) | Torna Livre (Gl 5.1; Jo 8) |
Glorioso (2 Co 3.7) | Mais Glorioso (2 Co 3.8-10) |
Sacerdote Temporário (Hb 7.23) | Sacerdote Eterno (Hb 7.17) |
Sacrifício de animais (Hb 9.12) | Sacrifício Perfeito (Hb 9.14-28) |
Circuncisão (Êx 12.48) | Sem circuncisão (Rm 4.9-25) |
Sem Salvação aos gentios (Hb 10.2-4) | Salvação Eterna aos servos de Cristo (Hb 5.9;1.10) |
A antiga aliança, voltada ao povo Judeu, não era extensiva aos gentios (não Judeus). Entretanto, a Nova Aliança, fundamentada em Jesus Cristo, veio para dar Salvação a todos que derem crédito à mensagem da cruz, e seguirem os passos de Jesus.
Trata-se de uma aliança para a vida, e não para a morte. Como disse o apóstolo Paulo em Romanos 8.2: “Porque a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da Lei do pecado e da morte”. A Lei do espírito (Nova aliança) tirou de nós o peso da Lei do Pecado, oportunizando-nos a Justificação de nossas obras.
A antiga aliança fora transitória, baseada em um momento histórico do povo Judeu. A nova aliança é permanente, calcada em Jesus Cristo, o Eterno Sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque (Hb 7.17).
Observe-se que, na antiga aliança, o pecado era severamente punido, muitas vezes em caráter físico e até mesmo com a morte (Lv. 20). Entretanto, na nova aliança, sobre a égide do espírito e do Sacrifício de Jesus, oportuniza-se ao pecador sinceramente arrependido o perdão de seu pecado, mediante confissão e renúncia. Por isso, se diz que a nova Lei é para a vida, e vida eterna em Jesus.
Jesus Cristo, por intermédio de seu vicário sacrifício, oportunizou a nós, gentios, sermos escolhidos como filhos de Deus, mediante o arrependimento dos pecados e aceitação da mensagem da cruz. Glórias a Deus!
IV- Conclusão
Devemos honrar através de nossas obras e de nossa conduta, a cada dia, o sacrifício de Jesus, que deu a vida por nós, gentios pecadores.
Que este ano possa ser um ano de bênçãos a você caro e estimado leitor, na presença de Deus e segundo a vontade de Jesus.
A paz do Senhor!
Comentários: Joseph Bruno dos Santos Silva, professor da Escola Dominical na Assembléia de Deus – Ministério do Belém – em Dourados/MS.
Bibliografia de Apoio: Bíblia de Estudo Pentecostal e Bíblia de Estudo Dake.
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