PRIMEIRAS VERSÕES DO TESTAMENTO
TEXTO ÁUREO = E leram o livro, na Lei de Deus, e declarando e explicando o sentido, faziam que, lendo, se entendesse” (Ne 8.8).
VERDADE PRÁTICA = O caráter universal do cristianismo em si mesmo requer a tradução das Escrituras para muitas línguas e isso começou desde o Antigo Testamento.
LEITURA BÍBLICA = NEEMIAS 8.1-9
INTRODUÇÃO
Na primeira lição, vimos que o Antigo Testamento é a base do Novo. Ambos andam juntos e completam-se mutuamente de modo admirável.
A Bíblia já foi traduzida, parcial ou totalmente, para mais de 2.500 línguas e dialetos. A mensagem do evangelho é supracultural. Os apóstolos não judaizaram o mundo quando evangelizaram as nações, mas anunciaram a Palavra de Deus na língua e na cultura de cada povo (At 17.23-26).
1. A MENSAGEM AO ALCANCE DE TODOS OS POVOS
Um povo não tem de mudar a sua cultura para receber a Palavra de Deus. A mensagem da salvação precisa estar disponível em todas as línguas.
1. Deus fala com o homem na sua língua materna. A Bíblia foi originalmente escrita em hebraico, aramaico e grego. Não existe na Bíblia o conceito de língua sagrada encontrado nas falsas religiões, como o sânscrito é sagrado para os hindus e o árabe, para os islâmicos. Desde os tempos do Antigo Testamento até a atualidade, Deus se manifestou, e se manifesta, a cada um de seus servos na sua própria língua. Deus se revelou a Paulo em sua língua materna, o hebraico, apesar de ele falar outros idiomas (At 26.14).
2. Tradução para outras línguas. Tradução é colocar em uma outra língua a mesma mensagem. O estilo, ou nível de linguagem, não é de suma importância. O fundamental é a mensagem, que não pode ser mudada nem corrompida. Deus quer que o homem conheça a sua vontade, não importa qual seja o nível de linguagem.
O apóstolo Paulo falou aos atenienses sobre o Deus de Israel, Jeová, o Criador de todas as coisas, identificado por eles como o “Deus Desconhecido” (At 17.23-30). Paulo não se preocupou em explicar aos atenienses o tetragrama que constitui o nome de Deus, impronunciável pelos judeus (Yhwh), e também não lhes ofereceu um curso de hebraico, mas simplesmente usou a linguagem e a cultura deles.
3. A Bíblia na língua do povo. Ninguém precisa aprender o hebraico, ou aramaico, ou grego, ou as três línguas juntas, para tornar-se cristão. O estudo dessas línguas é incentivado apenas para o enriquecimento do conhecimento teológico, e não como condição para se entender a mensagem da salvação. A Bíblia ensina que a salvação é pela fé em Jesus(Gl 2.16; Ef 2.8; Tt 3.5). Portanto, a pregação do evangelho deve ser levada a efeito na língua e cultura de cada povo (1 Co 9.20-22). É nosso dever colocar a Bíblia à disposição do povo em sua própria língua, e não obrigá-lo a aprender as línguas originais da Bíblia, ou uma língua litúrgica, ou ainda mudar sua cultura.
II. A VERSÃO PARAFRASEADA DO TARGUM
Após o cativeiro na Babilônia, os judeus tiveram algumas versões do Antigo Testamento à disposição.
1. Targumim. São traduções parafraseadas do Antigo Testamento, do hebraico para o aramaico. A geração que retornou do cativeiro babilônico falava aramaico, a língua oficial utilizada em todos os domínios do império. Sem entender bem a leitura da Lei e dos Profetas, que era feita em hebraico nas sinagogas, essa geração teve a necessidade de obter explicações orais em aramaico (Ne 8.8). Tais explicações foram posteriormente escritas, que são os targumim. “Targumim” é o plural de “Targum”, que em hebraico significa “tradução”. O Targum de Õnquelos, que contém o Pentateuco, e o de Jônatas, que contém os Profetas, são os principais dos dez que permaneceram.
2. Targum de Ônquelos. Ônquelos traduziu de forma parafraseada a expressão “Eu Sou” (Êx 3.14; Dt 32.39) por “aquele que é, e que era, e que há de vir”. Esta mesma expressão aparece cinco vezes no livro de Apocalipse (1.4,8; 4.8; 11.17; 16.5), o que nos mostra que Deus não está preocupado com formas, estilos e construções gramaticais, mas com o conteúdo da sua mensagem à humanidade. A linguagem pode ser atualizada, pois é humana; a mensagem, porém, não poderá jamais ser alterada, pois é divina. Quando a mensagem é modificada, como ocorre na Tradução do Novo Mundo, texto oficiai das Testemunhas de Jeová, o conteúdo da revelação é prejudicado e não expressa o que Deus realmente disse. Trata-se de uma versão corrompida e falsificada.
3. Versão parafraseada. A paráfrase procura traduzir o texto explicando-o; não traduz palavra por palavra, mas idéia por idéia. Ela faz o que uma tradução literal não poderia fazer. Às vezes, é necessário o uso de expressões idiomáticas para que o texto fique mais claro. Embora a paráfrase apresente certos perigos, como enfraquecer o original, é perfeitamente possível manter a fidelidade ao texto primitivo.
III. A SEPTUAGINTA
Vejamos, neste tópico, como o mundo grego teve acesso ao Antigo Testamento.
1. A Septuaginta. Do latim, a palavra significa “septuagésimo”; é também conhecida como “Versão dos Setenta”, porque, segundo Josefo, a tradução foi realizada por 70 ou 72 eruditos judeus e em 70 dias. O trabalho de tradução deveu-se a um pedido do rei Ptolomeu IV, Filadelfo, que reinou entre 285 e 247 a.C., em Alexandria, Egito. Por isso é também identificada como Versão de Alexandria. É a tradução do Antigo Testamento do hebraico para o grego, identificada pelos algarismos romanos «LXX”.
2. A Septuaginta e o Novo Testamento. Em 13 dos 27 livros que constituem o Novo Testamento, há muitas citações diretas da Septuaginta. Mateus 15.8,9, cita Isaías 29.13. A Septuaginta é, pois, reconhecida como obra de grande valor, além de ser um monumento literário do grego helenístico. Serviu de ponte lingüística e teológica entre o hebraico do Antigo Testamento e o grego do Novo. Além disso, foi usada pelas gerações de judeus por todas as partes do mundo antigo.
IV. OUTRAS VERSÕES GREGAS DO ANTIGO TESTAMENTO
1. Outras versões. Outras traduções gregas do Antigo Testamento foram produzidas posteriormente, como as de Símaco (170 d.C.) e Teodócio (190 d.C.). A tradução de Áquila (130 d.C.) é mais uma revisão da Septuaginta do que propriamente uma nova versão do Antigo Testamento hebraico para o grego. Nenhuma destas versões, porém, superou o texto da Septuaginta.
2. Peshita. Também conhecida como Versão Sinaca, é o Antigo Testamento completo traduzido para o aramaico, que era falado não somente em Israel, antes da Diáspora do ano 70 d.C., mas também no império da Pártia e em toda a região da Mesopotâmia. O aramaico é, ainda hoje, falado em partes da Síria e da Turquia. A Peshita, palavra aramaica que significa «simples”, é a versão oficial da Igreja Siríaca.
3. Vulgata Latina. É a tradução da Bíblia completa para o latim, feita por Jerônimo a pedido de Dâmaso, bispo de Roma, entre o final do século IV e início do século V. Jerônimo nasceu em Portugal, que, juntamente com a atual Espanha, formava naquela época uma província do Império Romano chamada Hispânia. Esse bispo estudara o hebraico por 20 anos com os rabinos de Belém da Judéia. Sua versão do Antigo Testamento foi feita diretamente do hebraico.
A Vulgata é a versão oficial da Igreja Romana. Naquele tempo, os bispos de Roma não eram chamados de papa. O primeiro a reivindicar o título foi o papa Inocêncio 1 (402-417).
CONCLUSÃO
Desde muito cedo, na história do povo de Deus, a revelação divina está à disposição de outros povos, na língua de cada um deles. A Palavra não pode ficar presa; do contrário, o propósito de Deus não é alcançado.
Nenhum livro foi traduzido para tantas línguas como as Escrituras Sagradas. Glorificamos a Deus que tem colocado sua Palavra à disposição de todos os povos.
Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus
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