MALAQUIAS
– A SACRALIDADE DA FAMÍLIA
Ev. JOSÉ COSTA JUNIOR
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Chegamos
agora ao último profeta do Antigo Testamento. É interessante que nada se sabe
acerca de Malaquias; sua origem, descendência, onde viveu, etc.. é tudo
desconhecido. Profetizou entre 433 e 425 a.C., após o templo haver sido
reconstruído. Os destinatários de sua mensagem também eram os que retornaram do
cativeiro babilônico e os sacerdotes. Estimulados pela atividade profética de
Ageu e Zacarias, os exilados que retornaram a Jerusalém e Judá sob a liderança
do governador Zorobabel, haviam terminado a construção do templo em 516 a.C. Em
458 a.C. a comunidade havia sido fortalecida pela vinda de Esdras, o sacerdote,
e vários milhares de outros judeus. O rei Artaxerxes da Pérsia, encorajou
Esdras a desenvolver o culto no Templo (Ed 7:17) e de assegurar a obediência à
lei mosaica (Ed 7:25-26).
Treze anos mais tarde (em 445 a.c.) o
mesmo rei persa permitiu ao seu copeiro Neemias retornar a Jerusalém e reconstruir
os muros da cidade (Ne 6:15). Como novo governador, Neemias também foi ponta de
lança nas reformas para ajudar os pobres (Ne 10:30-31) e para o povo trazer os
dízimos e ofertas com fidelidade (Ne 10:37-39).
Em
433 a.C. Neemias retornou ao serviço do rei persa, e durante sua ausência os
judeus caíram em pecado mais uma vez. Mais tarde, entretanto, Neemias voltou a
Jerusalém para descobrir que os dízimos haviam sido ignorados, o sábado havia
sido quebrado, o povo havia casado com estrangeiros, e os sacerdotes haviam se
corrompido (Nem 13:7-31). Vários destes pecados são condenados por Malaquias,
pois com o passar dos anos, os judeus foram ficando
desiludidos. A prosperidade prometida não retornava. A vida era difícil.
Estavam cercados por inimigos, como os samaritanos, os quais procuravam
impedi-los em cada oportunidade. Sofriam por causa da seca e das más colheitas
e da fome.
Começaram a duvidar do amor de Deus. Punham em dúvida a justiça de
Seu governo moral. Diziam que o praticante do mal era bom aos olhos do Senhor.
Argumentavam que não havia proveito na obediência aos Seus mandamentos e em
andar penitentemente perante Ele, pois eram os ímpios, que dependiam de si
mesmos, os que prosperavam. O profeta, então, começou a responder-lhes,
mostrando-lhes que tal ceticismo se baseava na hipocrisia. Se lhes cabia a
adversidade, esta havia caído sobre eles, não a despeito de sua piedade, mas
antes, por causa de sua pecaminosidade.
Por exemplo, havia a adoração corrompida em seus deveres no
templo. Mostravam-se maus líderes de um povo que trazia ofertas inaceitáveis,
mesmo depois de haverem prometido melhores ofertas. Os próprios gentios
ofereciam sacrifícios mais dignos. O povo também vivia transgredindo, pois os
homens se divorciavam das mulheres com quem se tinham casado na juventude e
contraíam casamento com mulheres estrangeiras. Prevaleciam pecados de todas as
espécies: feitiçaria, adultério, desonestidade, opressão aos fracos e impiedade
generalizada. Como poderiam esperar a prosperidade quando a nação estava
apodrecida com tais práticas?
Malaquias, em verdadeira nota profética, condenou os pecados e
convocou o povo para que se arrependesse. Caso purificassem sua adoração,
obedecessem à lei e pagassem seus dízimos na íntegra, então o resultado seria
as bênçãos de Deus. Ao fazer soar esse apelo, o profeta revelou que possuía uma
alta concepção sobre Deus. Deus era o majestoso Senhor dos Exércitos; Seus
decretos e juízos eram irresistíveis; Seu amor era santo e imutável. O profeta
percebia a salvação final para seu povo, não no arrependimento deles, mas na
ação do Senhor. Raiaria o grande dia do Senhor. Esse dia purificaria e
vindicaria os piedosos e destruiria os ímpios. Esse dia seria preparado com a
vinda do profeta Elias.
O objetivo deste estudo é trazer algumas informações, colhidas
dentro da literatura evangélica, com a finalidade de ampliar a visão sobre aspectos do livro de Malaquias. Não há
nenhuma pretensão de esgotar o assunto ou de dogmatizá-lo, mas apenas trazer ao
professor da EBD alguns elementos e ferramentas que poderão enriquecer sua
aula.
I.
O LIVRO DE MALAQUIAS
O
nome Malaquias significa “meu mensageiro”, tendo sido o profeta após os dias de
Neemias, então já governador de Jerusalém, onde a condição dos judeus havia se
tornado deplorável. Ele é “um lado da ponte” entre o Antigo e o Novo Testamento
(3:1). Há 400 anos de silêncio entre a voz de Malaquias e a “voz do que clama
no deserto” – que é João batista (João 1:23) – que é o “outro lado da ponte”. O
tema central do livro de Malaquias é: “Deus ainda diz: prova-me agora”;
tendo o versículo chave em 3:9 que diz:
“Vós sois amaldiçoados com a maldição, porque
a mim me roubais, sim, vós, esta nação toda”.
O
conceito chave para se entender a profecia é: “ainda é tempo para voltar, para arrepender-se, e provar Deus, pois Ele
virá”. Este conceito vem acompanhado
da mensagem central em 3:1, que diz pela
última vez: “Eis que ele vem!”
A estrutura do livro de Malaquias é bem simples, sendo apenas três
divisões:
1.
amor de Deus afirmado – 1:1-5
2.
O amor de Deus escarnecido – 1:6 - 2:17 e 3:7-15;
3.
O amor de Deus demonstrado – 3:1-6; 3:16 a 4:6.
Tudo quanto sabemos sobre o profeta propriamente dito, temos de
inferir de suas declarações. Ele era um profeta autêntico. Falava com plena
autoridade. Podia realmente dizer: "Assim diz o Senhor dos
Exércitos". Tinha um amor intenso por Israel e pelos serviços efetuados no
templo e sua concepção sobre a tradição e os deveres dos sacerdotes era bem alta.
Tem sido dito freqüentemente que enquanto outros profetas frisaram a moralidade
e a religião no íntimo, Malaquias punha ênfase sobre a adoração e o ritual.
Mas, apesar de que isso seja verdade quanto aos aspectos gerais, temos de notar
que ele não se esquecia totalmente das obrigações morais de Israel (ver a
formidável lista de Ml 3.5), e que, para ele, o ritual não era
uma finalidade em si mesmo, mas apenas a expressão da fé do povo no Senhor.
Seu estilo é simples, direto e caracterizado pela freqüente
ocorrência das palavras "mas vós dizeis". Talvez isso signifique mais
que um método retórico do escritor; pode ter tido sua origem nos clamores de
protesto e dúvida dos perguntadores, quando ele pregou sua primeira mensagem
nas ruas.
Com o livro de Malaquias foi arriada a cortina sobre a cena
profética, até a vinda do Batista. As palavras vívidas e poderosas dos profetas
não mais foram ouvidas. Os escribas e os sacerdotes se tornaram os principais
personagens religiosos. A era criativa havia cedido lugar à era do aprendizado.
Os judeus contavam, agora, com grande tesouro literário e seus exegetas,
aqueles que expunham essa literatura, tornaram-se o novo canal para a voz de
Deus.
II.
O JUGO DESIGUAL
“Eu
te amei, diz o Senhor”, entretanto a cada momento os israelitas perguntavam
questões paradoxais a Jeová. Estas questões vinham de um povo irritado que
dizia que Deus havia falhado em provar o Seu amor. Observemos as sete questões
listadas por Malaquias:
·
Em que nos tens amado? – 1:2
·
Em que nós temos desprezado o teu nome? – 1:6
·
Em que te havemos profanado? – 1:7
·
Em que o havemos enfadado? – 2:17
·
Em que havemos de retornar? – 3:7
·
Em que te roubamos? – 3:8
·
Que temos falado contra ti? – 3:13.
O
que impressiona nessa parte é que Deus argumenta das tantas e inúmeras vezes em
que fielmente tem demonstrado o seu amor e Sua fidelidade, e ainda assim o povo
contra-argumenta. Parecem cegos aos fatos mais evidentes. Quantas vezes nós
também, de tão absorvidos conosco mesmos não vemos as coisas mais evidentes que
Deus faz para nós e ao nosso redor por nós. É a teimosia pecaminosa da velha
natureza egocêntrica em ação.
O
amor de Deus havia sido escarnecido pelos sacerdotes (1:6 – 2:9). Eles haviam
enganado ao Senhor através de ofertas defeituosas e doentes. Eles davam menos
do que o melhor – observemos as afirmações em 1:12-13, em especial. O amor de
Deus havia sido também escarnecido pelo povo. Primeiro ao enganarem seus irmãos
(2:10); depois pelo casamento misto (2:11); ainda pela imoralidade (2:14);
continuando pela insinceridade (2:17); seguindo pelo roubar a Deus (3:8-10); e
finalmente por falarem contra Deus (3:13-15). O povo havia se voltado para os
prazeres e emoções imediatas sem perceber que estava realmente escarnecendo de
Deus. Estavam sem consciência, pois esta havia se corrompida, havia sido
cauterizada.
A
importância do significado teológico e ético da mensagem de Malaquias é de que
Deus havia revelado seu amor pelo seu povo através de toda a sua história. Este
amor revelado fez com que o povo de Deus se tornasse responsável. Eles deveriam
obedecer aos ensinamentos da lei moral de Deus (a Tora) e as pregações dos
profetas de Deus. Mas assim não fizeram, e não o fizeram repetidas e
insistentes vezes.
Não
temos nós todos um mesmo Pai?(2:10) O fato que
Israel tinha em Deus um Pai e Criador comum, deveria fazê-los unir-se
juntamente e desprezar qualquer traição que tendesse a interromper essa
unidade. Porém, Judá mostra-se desleal (11) e tinha profanado o santuário do Senhor com seus
casamentos com estrangeiras.
Isto
levanta algumas questões para nossa ponderação:
Como a situação dos exilados que retornaram a
Jerusalém era semelhante a dos cristãos crentes nos dias de hoje?
O que é que Malaquias ensina acerca do
compromisso de Deus para com seu povo?
O que Malaquias nos ensina acerca das
responsabilidades do povo de Deus?
As
respostas a estas questões são muito óbvias e demonstradas na história do povo
judeu, e assim também na vida da igreja de Cristo e em nossa vida como membros
do corpo vivo de Cristo. É necessário, no entanto, refletirmos cuidadosamente,
e com honestidade total, sobre estas questões e respostas quando se trata de
cada um de nós. A realidade é a mesma, infelizmente. É por isto que tanta coisa
que deveria estar acontecendo não acontece.
Seria um bom alvitre, aproveitarmos a próxima oportunidade da Ceia do
Senhor, para examinarmo-nos a nós mesmos, como Paulo instrui os Coríntios na
sua primeira carta capítulo onze, e ver se não estamos em falta de sintonia com
Deus, pecando contra o corpo de Cristo.
III. DEUS ODEIA O DIVÓRCIO
Uma
aliança é um pacto ou acordo entre duas pessoas e faz com que estas fiquem
amarradas em um relacionamento profundo e duradouro. Realmente significa que
não são mais duas vidas separadas, mas agora compartilham uma vida juntos. Na
Bíblia vemos que DEUS fez aliança com várias pessoas, sendo uma das mais notáveis
foi a que realizou com Abraão, estabelecendo a nação judaica (Gn 12:1-3).
Depois da morte e ressurreição do SENHOR JESUS, aqueles que recebem JESUS como
SENHOR e SALVADOR, são parceiros na Nova Aliança com DEUS (Hb 8; 6-13).
O
amor de aliança é forte. DEUS diz: “Dou a minha vida por você” (I Co 13:1-8).
Através das Escrituras vemos que DEUS permaneceu fiel às SUAS promessas de
aliança, mesmo quando o homem, SEU parceiro na aliança, falhou em guardar o seu
lado do trato. O amor da aliança é fiel a despeito do que o outro parceiro
esteja fazendo. A razão para isso é que cada aliança contem dentro de si
promessas e termos ou condições. Quando as pessoas entram em aliança, elas
prometem certas coisas umas as outras e declaram as condições sob as quais
manterão as suas promessas. Se um parceiro da aliança é infiel a sua promessa,
isso não força o outro a sê-lo também. Através de todo o Velho Testamento vemos
DEUS, fiel parceiro da aliança, chamando Israel, o parceiro infiel da aliança.
A infidelidade de Israel não mudou o coração de DEUS em relação a ela. ELE
continua sustentando-a, amando-a e chamando-a de volta para ELE até este dia.
A Bíblia trata o casamento como um relacionamento de
aliança: “...sendo ela a tua companheira, e a mulher da tua aliança” (Ml 2:14). O
pensamento correto sobre a natureza do casamento dá o alicerce para sabermos o
que Deus pensa do divórcio.
Se o nosso Deus é um Deus de aliança, e Ele não quebra nem permite
quebra de aliança, também não permite que o casamento seja quebrado. Como Deus
não se divorcia do seu povo, assim ele não permite que marido e mulher se
divorciem. Divorciar-se é quebrar o matrimônio da Aliança - Lemos em Ml 2:16
"Porque o Senhor Deus de Israel diz que odeia o divórcio ..."
Precisamos compreender o texto de Mt. 19:1-7 em que Jesus diz que o
divórcio é proibido, mas que foi permitido por causa da dureza do coração. Deus
nunca intencionou o divórcio, pois este contraria a essência do casamento como
uma aliança que nunca deverá ser quebrada, anulada. Você então pergunta: Por
que foi dada a permissão para o divórcio conforme Mt. 19:7? Não foi dada uma
permissão. No verso seis JESUS termina sua explicação sobre o que lhe foi
perguntado “É lícito ao homem repudiar
sua mulher por qualquer motivo?” (Mt 19:3) de forma bem categórica: “Assim não são mais dois, mas uma só carne.
Portanto, o que Deus ajuntou não o
separe o homem” Mt 19:6. Quando lhe é questionado sobre a Lei mosaica
(Antiga Aliança) Jesus responde em 19:9 - "Quem repudiar sua mulher,
não sendo por causa de relações sexuais ilícitas, e casar com outra comete
adultério ...". Note bem que sua explicação é referente à Lei mosaica
e diante do que lhe foi perguntado. Nós vivemos sob Nova Aliança, conforme
Paulo exorta em sua carta aos Coríntios: “Se,
porém, se apartar, que fique sem casar, ou que se reconcilie com o marido; e
que o marido não deixe a mulher.” (1 Co 7:10-11).
Malaquias lembra-nos aqui que a vontade de Deus, a respeito do casamento,
sempre foi a mesma. Enquanto alguns podem procurar justaficativas
baseadas nos abusos que eram tolerados durante a era patriarcal, ou sob a lei
de Moisés, Jesus nos diz que a vontade básica de Deus sempre foi a mesma:
"Não tendes lido que o Criador, desde o princípio os fez homem e
mulher, e que disse: Por esta causa deixará o homem pai e mãe e se unirá
a sua mulher, tornando-se os dois uma só carne? . . . Portanto o
que Deus ajuntou, não o separe o homem" (Mateus 19:4-6).
As Escrituras dizem que DEUS projetou e criou o
casamento para ser algo bom. Ele é um presente lindo e inestimável. DEUS usa o casamento
para nos ajudar a acabar com a solidão, multiplicar nossa eficiência, construir
famílias, criar filhos, curtir a vida e nos abençoar com o relacionamento íntimo. Além disso, o
casamento também nos mostra a necessidade de crescer e de lidar com nossas
próprias dificuldades e com o egocentrismo, através da ajuda de um companheiro
para toda a vida. Se somos "ensináveis", iremos aprender a fazer aquilo
que é mais importante no casamento - amar. Esta poderosa união lhe mostra o
caminho para amar incondicionalmente outra pessoa imperfeita. Isto é maravilhoso. É
difícil. É
uma mudança de vida. Gálatas 5:22 descreve a obra do Espírito de Deus na
vida do crente.
Na
medida em que ele se submete ao Espírito Santo, começa a desenvolver, de
maneira crescente, amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade,
fidelidade, mansidão, fé e domínio próprio. Jesus salienta o princípio
universal de que a pessoa ceifa o que semeia; por conseguinte, o amor (ou
qualquer outro atributo) que é dado será constantemente devolvido ao doador. Segue-se,
então, que aquele que dá e recebe atributos espirituais terá, sem dúvida, um
casamento agradável e satisfatório.
Eu particularmente
não acredito que
existam casamentos perfeitos, mas, sim, casamentos saudáveis. E para
conseguirmos isto, não é fácil. E, nessa busca,
o casamento enfrenta, a todo o momento, situações
desafiadoras que precisam ser superadas para que ele alcance santificação e vitórias. A verdade
é que em
direção ao alvo (CRISTO), permeamos um percurso cheio
de obstáculo. Mas,
com o empenho
pessoal, e na força que
Deus supre, “Em todas estas coisas,
porém, somos mais que
vencedores por meio
daquele que nos
amou”. Rm. 8:37.
CONCLUSÃO
Na confecção deste pequeno estudo, buscamos consultar literatura que
mais se aproxima com o pensamento de nossa denominação, tentando não perder a
coerência teológica. Evitamos expressar conceitos e opiniões pessoais sem o
devido embasamento na Palavra, pois a finalidade é agregar conhecimentos,
enriquecer a aula da escola dominical e proporcionar ao professor domínio sobre
a matéria em tela. Caso alcance tais finalidades, agradeço ao meu DEUS por esta
grandiosa oportunidade.
Ev.
JOSÉ COSTA JUNIOR
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