9 de abril de 2013

O CASAMENTO BÍBLICO



 O CASAMENTO BÍBLICO

  Ev. JOSÉ COSTA JUNIOR

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O casamento foi instituído por Deus, na criação. "Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. E Deus os abençoou, e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra esujeitai-a" (Gn 1.27,28). "Por isso deixa o homem pai e mãe, e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne" (Gn 2.24).

O casamento foi instituído por Deus para a felicidade do ser humano. Por intermédio dele ocorre a "propagação da raça humana por uma sucessão legítima". Mas o seu principal objetivo é o companheirismo entre os cônjuges. A procriação é uma bênção adicional. Aliás, isso deve ficar bem claro. Nicolas Berdyaev, em seu livro The Destiny of Man (O Destino do Homem), afirma "que a união conjugal com o único propósito de procriação deve ser considerada imoral".

O casamento é uma instituição divina, mas a forma como é feita a escolha dos cônjuges e a celebração da cerimónia nupcial não foi determinada na instituição. E, por isso, varia de um povo para outro, de uma época para outra. O primeiro processo de escolha de cônjuge registrado no Antigo Testamento resultou no casamento de Isaque e Rebeca. A história pode ser sintetizada assim: Abraão, já idoso, encarregou seu mais antigo servo da escolha de uma esposa para Isaque. "Tomou o servo dez camelos do seu senhor e, levando consigo de todos os bens dele, levantou-se e partiu, rumo da Mesopotâmia, para a cidade de Naor." (Gn 24.10).

E foi parar na casa de Betuel, onde expôs o motivo da viagem, e conseguiu atrair Rebeca, com o consentimento do pai e do irmão, para dirigir-se a Canaã e ser a esposa de Isaque. "Saíra Isaque a meditar no campo, ao cair da tarde; erguendo os olhos, viu, e eis que vinham camelos. Também Rebeca levantou os olhos e, vendo a Isaque, apeou do camelo, e perguntou ao servo: Quem é aquele homem que vem pelo campo ao nosso encontro? É o meu senhor, respondeu. Então tomou ela o véu e se cobriu. O servo contou a Isaque todos as cousas que havia feito. Isaque conduziu-a até à tenda de Sara, mãe dele, e tomou a Rebeca, e esta lhe foi por mulher." (Gn 24.63-67). Os dois nunca se tinham encontrado antes; talvez Isaque nem soubesse da existência de Rebeca. Não foi feita nenhuma cerimónia nupcial. Simplesmente foram viver juntos... Mas estavam casados, segundo os costumes da época.

Esse tipo de casamento tinha tudo para ser um grande fracasso... mas funcionava. E funcionava bem porque era protegido por um compromisso. O amor que unia os cônjuges era fruto desse compromisso.

O casamento de nossos dias é bem diferente. Os pretendentes têm amplas oportunidades de se conhecer antes da decisão final. Teoricamente suas possibilidades de fazer um bom casamento, de estabelecer uma união harmónica e duradoura são bem maiores. Mas isso não tem acontecido porque eles têm feito deste sentimento emocional subjetivo, denominado paixão, a base do seu casamento. E um sentimento, sujeito a muitas vicissitudes, não pode garantir o êxito de uma instituição tão importante.

Para transformar o casamento que você tem no casamento que você quer, o ponto de partida é a conscientização de que o verdadeiro fundamento do matrimónio é o compromisso (amor). O amor é baseado no compromisso. Pois, como disse Erich Fromm: "Amar alguém é uma decisão, um julgamento, uma promessa".

O objetivo deste estudo é trazer algumas informações, colhidas dentro da literatura evangélica, com a finalidade de ampliar a visão sobre o casamento bíblico. Não há nenhuma pretensão de esgotar o assunto ou de dogmatizá-lo, mas apenas trazer ao professor da EBD alguns elementos e ferramentas que poderão enriquecer sua aula.

I. O PRINCÍPIO DA MONOGAMIA

A união monogâmica é considerada a forma ideal de vida matrimonial. O principal fundamento é encontrado na própria constituição do casal original: um homem e uma mulher. Deus não fez um Adão e várias Evas. Ele falou que o homem haveria de deixar os pais para se unir à sua mulher, para serem os dois uma só carne. Sendo esse episódio o ponto de partida da instituição matrimonial, encerra, implicitamente, o propósito divino e seu modelo.

A monogamia é encontrada em várias civilizações e em alguns períodos da história de Israel, sendo já prática prevalecente à época de Jesus, como se pode ver pelos relatos referentes ao tema, assim como os exemplos de famílias mencionadas. Paulo usa essa imagem para representar Cristo e a Igreja, como prova do mais perfeito amor. À semelhança do que faz João no Apocalipse: "Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus, ataviada como noiva adornada para o seu esposo". Husson aponta, entre outros, os seguintes valores da monogamia: associação permanente responsável, maior valorização da mulher, melhor ambiente para as crianças, maior respeito mútuo, amor mais altruísta. Forel, citando Westermark, "pensa que se o progresso da civilização continuar a tornar-se, como até aqui, cada vez mais altruísta e o amor cada vez mais afinado, os cônjuges tenderão a requintar-se de atenções um para com o outro, acentuando sempre a monogamia". O cristianismo foi, sem dúvida, o grande impulsionador da monogamia entre os povos e culturas onde se fez presente. 

A legislação secular desses povos, mesmo após a diminuição da influência cristã, consagra essa forma de união. Indiscutível que esse seja o alvo pastoral e pedagógico do cristianismo.
A monogamia tem sido defendida por estudiosos, cientistas e pensadores de diversas correntes, assim como recebido apoio dos dois sistemas econômicos contemporâneos: o capitalismo e o socialismo, por permitir uma melhor canalização criativa das energias sexuais do homem, para o crescimento da empresa ou para a edificação da nova sociedade, respectivamente.

II. O CASAMENTO POLIGÂMICO

Em geral, condicionados por costumes presentes, os descrentes costumam querer gozar os colegas crentes fazendo menção à poligamia na Bíblia. Condicionados pelos mesmos costumes, e nem sempre conhecendo suficientemente as Escrituras, os crentes ficam embaraçados, desconversam ou respondem que "aquilo foi um pecado daquele tempo". A necessidade de se estudar o assunto, fazendo justiça ao texto bíblico é inibida pelo temor de um questionamento a valores e práticas sacralizadas pelo Ocidente e por nós internalizadas. Como explicar o pensamento de Halley: "O fato é que muitos santos do Antigo Testamento foram polígamos"?

O primeiro polígamo, nos relatos bíblicos, foi Lameque, bisneto de Adão: "Lameque tomou para si duas esposas: o nome de uma era Ada, a outra se chamava Zilá". Essa prática tornou-se comum entre os judeus, tanto na era patriarcal como na dos juízes e dos reis, com variação de incidência. Pode-se dizer que era algo opcional, convivendo, na mesma sociedade, famílias monogâmicas e poligâmicas. Pelo exemplo de outras civilizações, acredita-se que a poligamia era mais comum entre as classes economicamente mais favorecidas, pelos encargos financeiros que isso acarretava. Em um manual de Ética Bíblica, usado em muitos seminários da América Latina, o autor aponta três passagens bíblicas de condenação à poligamia: uma é um texto isolado e duas são incidentes com grandes servos de Deus. Resolvemos estudar os dois incidentes e mais um terceiro, para melhor compreensão do assunto: Abraão, Davi e Salomão, que foram três dos principais dos santos polígamos de que fala Halley. A conclusão é que nos três casos não se encontra o propalado "pecado" da poligamia, mas sim outros problemas.

a) Abraão:
Especialmente para aqueles que acham indigna a atividade sexual para anciãos, Abraão foi pai do filho da escrava aos oitenta e seis anos e um filho da esposa aos cem. Com mais de um século de vida, fica viúvo, casa-se outra vez, gera seis filhos (sem contar os das concubinas) e morre, finalmente, aos cento e setenta e cinco anos. Mas foi esse homem – escolhido pelo autor da carta aos Hebreus como exemplo de fé – que Deus chamou para ser fundador de seu povo escolhido, e de cuja descendência nasceria o Salvador. Com esse homem Deus se comunicou, diretamente ou por meio de seus enviados, os anjos, e com ele estabeleceu concerto perpétuo. Teve sua conduta reprovada por Deus, porque, por duas vezes, em momentos de fraqueza espiritual, negou ser Sara sua esposa, apresentando-a como mera irmã, colocando-a em risco de adultério.
A separação de Agar, por intervenção divina, deveu-se à necessidade de solucionar um problema de relacionamento, e não uma condenação à poligamia em si, que ele haveria de adotar até o fim. A essa Agar Deus protegeu, ouviu a voz de seu filho e prometeu fazer dele uma grande nação. Desse herói da fé disse um comentarista: "Abraão era amigo de Deus, glorioso protótipo de obediência, de justiça, de fé, pai dos fiéis, fundador da raça hebraica, o zeloso protagonista da religião de Jeová".

b) Davi:
Teve Davi como esposas a Mical, filha de Saul, a Ainoã, Maaca, Hagite, Abital, Eglá, Bate-Seba, além de outras mulheres e concubinas não mencionadas nominalmente. Com esse tipo de vida conjugal, Davi foi escolhido por Deus para ser rei de Israel, livre de seus adversários, vitorioso sobre as nações inimigas e sucesso administrativo. "E Davi ia cada vez mais aumentando e crescendo, porque o Senhor Deus dos exércitos era com ele". Usado por Deus para edificar espiritualmente seu povo na posteridade, ele o inspirou nas sublimes e profundas orações e cânticos dos salmos. "O espírito do Senhor falou por mim e a sua palavra esteve em minha boca". Homem de grandes qualidades pessoais teve Davi sua queda, pecando contra o sexto e o sétimo mandamentos, tomando a mulher de seu fiel Urias e ordenando a sua morte. Homicídio e adultério foram seus delitos. Em nenhum outro episódio bíblico fica tão clara a diferença entre poligamia e adultério. Repreendido por Deus, por meio do profeta Natã, é punido. Amargamente arrependido, é perdoado. Bate-Seba permanece como sua esposa, e um seu filho, Salomão, é escolhido para sucedê-lo no trono.

Quão diferente a nossa maneira condicionada de analisar os homens, e a maneira de Deus! Hoje, seria provável, Davi nunca chegaria a ocupar cargos eclesiásticos. Para Deus, contudo, ele era um seu servo e um seu ungido, um homem segundo seu coração.

c) Salomão:
Com Salomão o reino de Israel atingiu seu apogeu material e espiritual, incluindo a própria construção do templo. Sobre suas convicções espirituais sabemos que "amava o Senhor". Deus por várias vezes se comunicou com ele, e lhe deu o dom da sabedoria. Três dos livros canônicos do Antigo Testamento (Provérbios, Eclesiastes e Cantares) foram escritos por sua instrumentalidade, além de alguns salmos. E Salomão foi o maior polígamo da Bíblia (embora o número de suas mulheres não seja considerado por alguns comentadores como literal, mas sim hiperbólico), sem que isso lhe fosse imputado por mal. E o famoso pecado de Salomão, responsável por sua decadência, não foi esse? Certos pregadores moralistas tomam um texto isolado (I Reis 11:3) e constroem sermões que são verdadeiros libelos contra a poligamia. Eis o texto: "E tinha Salomão setecentas mulheres, princesas, e trezentas concubinas; e suas mulheres lhe perverteram o seu coração". E o contexto? O versículo 1 diz que muitas dessas mulheres eram de povos adoradores de outros deuses: moabitas, amonitas, edomitas etc., e o versículo 2 lembra a proibição de Deus a essas uniões. O primeiro pecado de Salomão foi o casamento misto.
E a tal perversão de seu coração, não foi a licenciosidade? Será? "Porque sucedeu que, no tempo da velhice de Salomão, suas mulheres lhe perverteram o coração para seguir outros deuses..." (v.4) Salomão construiu imagens e sacrificou a vários deuses estranhos: Astarote, Milcam, Quemós e Maloque. O segundo pecado de Salomão foi ter deuses estranhos (primeiro mandamento) e o terceiro, a idolatria (segundo mandamento).

A própria Bíblia confirma essa interpretação. Quando Neemias (13:25-26) repreendeu o povo contra os casamentos mistos, argumentou: "Porventura não pecou nisto Salomão, rei de Israel, não havendo entre muitas gentes rei semelhante a ele, e sendo amado de seu Deus, e pondo-o Deus rei sobre todo o Israel? E contudo as mulheres estranhas o fizeram pecar". Tivesse ele tido por esposas apenas mulheres de seu povo, servas do Deus verdadeiro, é quase certo que nada disso teria acontecido. Se o propósito inicial de Deus foi monogâmico, por que, posteriormente, permitiu a poligamia, inclusive a seu próprio povo, com quem se comunicava, ditava normas e escolhia governantes? Por que ele não condenou explicitamente a poligamia, impondo sanções aos praticantes? O plano de Deus para o homem no Éden era perfeito. Veio a queda, e com ela a corrupção da terra, do homem e das instituições. O homem se tornou de natureza pecaminosa, desencontrado com Deus e sua vontade, impossibilitado de gozar as bênçãos do Éden, ou de viver, em qualquer setor, à maneira original de Deus.

Nesse primeiro sentido, de instituição pós-queda, a poligamia tem a ver com o pecado, com a ruptura: vontade de Deus – vontade do homem. Não é o modelo original. Mas nada, no pós-queda, é fiel ao modelo original. Deus expulsou o homem do Paraíso, e seria irrealista exigir dele o cumprimento dos padrões edênicos. O homem é agora – como degenerado – uma "nova criatura", diferente do estado primitivo de Adão. Para restaurá-lo, parte Deus da situação concreta, de como o homem se encontra, e providencia normas e instituições que tornassem possível a vida em sociedade, que evitassem a destruição da criatura pela criatura. Aí aparecem o Estado, as Leis, as Autoridades; aí se manifesta a Lei Revelada, os profetas, o Salvador e a Igreja. Ele usa o próprio homem a seu serviço, e toma forma de homem na salvação.

No Antigo Testamento, alguns estudiosos entendem que a poligamia foi viável como amparo social para as mulheres economicamente menos favorecidas, para a garantia da sobrevivência social diante dos extermínios das populações masculinas, dizimadas pelas guerras, e outras razões peculiares a cada situação específica. No caso de Israel, o desequilíbrio demográfico (mais mulheres do que homens), por diversas razões, não somente punha em perigo a sobrevivência do povo eleito, a quem Deus tinha reservado um propósito histórico, mas terminaria por levar ao desrespeito da proibição aos casamentos mistos, com conseqüente enfraquecimento da vida religiosa. Além disso, possibilitou, não apenas a reprodução, mas a satisfação das necessidades afetivas e sexuais básicas, já que a mera repressão dessas necessidades, sem uma vocação ou um propósito, nunca foi considerada pelo povo de Deus e por seu Criador como virtude em si mesma. Vale recordar que a dimensão pactual do matrimônio é uma verdade bíblica, representada à semelhança do pacto de Deus com seu povo.
Não obstante, essa mesma imagem – lembram estudiosos – é empregada do profeta Jeremias (cap.3) e pelo profeta Ezequiel (cap.23), no período dos dois reinos (Judá e Israel), com estando ambos os reinos em pacto matrimonial com Deus. São esposas irmãs que se prostituem, adulteram indo atrás de outros maridos (outros deuses), e devem se arrepender e voltar à casa.

III. NO NOVO ISRAEL

À época de Cristo e da igreja primitiva, as condições haviam mudado, não somente em relação ao equilíbrio demográfico, mas em termos culturais. A influência da cultura grega e do direito romano tinha sido fator importante na fixação do modelo monogâmico das civilizações mediterrâneas. Um decréscimo da poligamia já vinha se verificando em Israel desde o período pós-exílico até adquirir um caráter bastante minoritário no início da era cristã.

Nos ensinamentos de Cristo percebe-se a continuidade do pensamento bíblico (que não pode ser contraditório), na colocação da monogamia como modelo ideal, como vemos na citação de Gênesis 2:24 em Marcos 10:7, 8. Paulo se ocupa dos problemas de família, respondendo às situações das igrejas. Usa o modelo monogâmico como exemplo e o requer da liderança (presbíteros e diáconos). A exigência do comportamento dos líderes poderia servir de exemplo para as comunidades.

A expansão das comunidades cristãs, e a posterior transformação do ocidente em uma "cristandade", fizeram desaparecer – ao menos teoricamente – a necessidade da poligamia. O pensamento medieval, que achava o solteiro mais santificado do que o casado, haveria de encarar a distância da santificação pelo número de esposas...

Dentre os Pais, Crisóstomo, Jerônimo e Justino Mártir admitiram, em seus escritos, o fato da presença – excepcional – de polígamos nas igrejas primitivas; Atenágoras e Tertuliano já representavam um período de aberta condenação. Tomás de Aquino a condenou na Summa Teologiae. Entre os judeus na diáspora do Ocidente, a prática subsistiu até o século XI, quando uma reforma levada a cabo pelo rabino Metz passou a admiti-Ia apenas excepcionalmente. Entre os judeus do Oriente a prática continuou até o século atual, sendo ainda encontrada em comunidades que habitam países árabes.

Durante a época da Reforma Religiosa do século XVI, vemos uma manifestação isolada no cristianismo ocidental, entre os anabatistas de Munster, onde as condições sociológicas se assemelhavam às de Israel em certo tempo. Entre os teólogos da época Bullinger escreveu fortemente contra, e Teodoro Beza, em seu Tractation de Polygamia, foi o mais extremado opositor, identificando a poligamia como sendo sempre adultério, mesmo no Velho Testamento. Bernardino Ochino terminou sendo expulso do país pela publicação do Diálogo sobre a Poligamia, considerada uma das obras mais bem escritas sobre o assunto, porém igualmente a de posição mais avançada. Ele achava que havia aspectos positivos e negativos tanto na monogamia quanto na poligamia, e que a opção era uma questão de conveniência.

Peter Martyr – dentre outros – ficou em uma posição intermediária: a poligamia não era a mesma coisa que adultério; os convertidos previamente polígamos deveriam continuar nesse estado, pois haviam contraído núpcias de boa fé e tinham compromissos para com as esposas e os filhos; a poligamia foi permitida ao povo eleito para a sua propagação até a vinda de Cristo; sendo a poligamia uma forma inferior de matrimônio, não deveria ser permissível entre os cristãos.
De qualquer maneira, é patente que as condições históricas, nos aspectos sociais, econômicos e culturais, fizeram do casamento monogâmico a forma ideal de vida matrimonial, tanto na doutrina, como na liturgia e na disciplina do protestantismo contemporâneo.

IV. O PRINCÍPIO DA HETEROSEXUALIDADE

               O maior sonho das pessoas é claro e praticamente universal: ter alguém que possa amar e que devolva o amor que lhe foi dedicado na mesma medida. Logo após ser criado pelo Senhor Deus, Adão já sentia queimando dentro de si o desejo de ter uma companheira para dividir os dias e estar nos seus braços durante todas as noites. Ele estava só, e ansiava por uma mulher com quem pudesse compartilhar o que sentia no fundo da alma.

               O próprio Senhor viu essa carência no homem, e disse: “Então o Senhor declarou: ‘Não é bom que o homem esteja só; farei para ele alguém que o auxilie e lhe corresponda’” (Gn 2.18). Adão estava só, e ansiava por uma mulher com quem pudesse compartilhar o que sentia no fundo da alma. Percebemos aqui que DEUS criou homem e mulher para unir-se como uma só carne. A queda trouxe o pecado expressado de diversas formas. Uma delas é a homosexualidade.

               A prática homossexual é muito antiga. Muito se tem, propositadamente, debatido sobre isto de forma condescendente, promovendo a repetição prolongada do assunto, que em pricípio chocava o público em geral, para que, gradualmente, consiga sua aceitação. A contínua repetição é a explicação porque as Marchas do Orgulho Gay estão sendo realizadas nas grandes cidades e, rotineiramente, mostram tanta devassidão em público. É muito previsível que os homossexuais e lésbicas queiram condicionar toda a sociedade a finalmente aceitar o relacionamento sexual entre adultos do mesmo sexo, adolescentes e crianças. Essa não é apenas a extensão lógica dos seus planos, mas o Senhor Jesus Cristo disse que a sociedade nos últimos dias seria "como nos dias de Sodoma". Lc 17:29-30.

               Seja quem for que se interponha entre a liberdade de expressão dos homossexuais, tem sido duramente combatido. Muitos "pastores e líderes" tem feito vista grossa e não combatido esta abominação. É triste ver o pecado ser tolerado abertamente, e muitas vezes defendido com unhas e dentes. Há sérios problemas com a pratica homossexual e sua variantes. Nestes últimos tempos a palavra tolerância tem sido a mais usada na imprensa a cerca do homossexualismo; não havendo o mesmo tratamento de tolerância com os cristãos.

               A Bíblia está cheia de passagens condenando tal prática. Os homens de Sodoma queriam conhecer os anjos que se hospedaram na casa de Ló. Daí vem a palavra "sodomita" que é o homem que procura outro homem para possuí-lo como a uma mulher. Tanto o que faz o papel de homem como o que faz o papel de mulher estão pecando e cometendo uma abominação: "Não haverá prostituta dentre as filhas de Israel; nem haverá sodomita dentre os filhos de Israel. Não trarás o salário da prostituta nem preço de um sodomita à casa do SENHOR teu Deus por qualquer voto; porque ambos são igualmente abominação ao SENHOR teu Deus.... Com homem não te deitarás, como se fosse mulher; abominação é... Quando também um homem se deitar com outro homem, como com mulher, ambos fizeram abominação" Dt 23.17; Lv 18:22; 20:13. Em Gênesis 19:1-3, lemos como os anjos de Deus foram a Sodoma, tendo a forma de homens. Eles entraram na casa de Ló, que imediatamente reconheceu quem de fato eles eram. Ele os instou a fazer uma refeição e passar a noite em sua casa. Logo em seguida, todos os homens de Sodoma cercaram a casa de Ló. Veja o que diz a Bíblia: "Mas antes que se deitassem, os homens daquela cidade cercaram a casa, os homens de Sodoma, assim os moços como os velhos, sim, todo o povo de todos os lados; e chamaram por Ló, e lhe disseram: Onde estão os homens que, à noitinha, entraram em tua casa? Traze-os fora a nós, para que abusemos deles."

               A população homossexual de Sodoma incluía homens velhos e jovens. Percebemos, horrorizados, que aqueles homens queriam copular com os estrangeiros em público! Eles não tinham receio de serem presos simplesmente porque as leis em Sodoma e Gomorra permitiam sexo em locais públicos! Para isso acontecer, os cidadãos tiveram que aprovar a homossexualidade.

               Você vê isto acontecendo no mundo ocidental hoje? Freqüentemente, lemos nos jornais que homens começam a manter relações homossexuais em locais públicos e a polícia precisa intervir e fechar os parques ou fazer batidas, removendo os travestis das ruas. No entanto, se um dia o sexo em locais públicos for legalizado, então os homossexuais poderão ter sexo em público, sem medo de serem detidos, exatamente como os homens de Sodoma e Gomorra faziam. Considerando-se a liberdade que os homossexuais têm de simular atos sexuais em público durante as Marchas do 'Orgulho Gay', podemos imaginar que acham que essa mudança nas leis, para legalizar a homossexualidade em público, será obtida em breve.

               A Bíblia chama a pratica homossexual de "PAIXÕES INFAMES", ela não diz que é amor, e deixa claro que não pode haver qualquer tipo de amor na pratica homossexual. Aqui vale uma advertência, a Bíblia condena TODO tipo de relacionamento homossexual, seja masculino ou feminino, ou seja entre dois HOMENS, ou entre duas MULHERES, interessante é que não existe identidade homossexual por mais que tentem provar isto. Só existem homens ou mulheres. Deus não criou outro ser de outro sexo a não ser estes dois: HOMEM ou MULHER.
               A bíblia diz que "mudaram o uso natural" portanto Deus diz que o homossexualismo não é natural. Segundo diz que é "contrário a natureza"; ou seja não é correto falando em termos de biologia e sociologia.

Diz que isto é pura "sensualidade", quando falamos sobre não se natural, muitos defensores do comportamento homossexual diz: "mas nós nos satisfazemos muito mais que um casal , um homem e uma mulher"; primeiro, creio que não estejam sendo honestos, mas segundo a Bíblia diz que eles estão se inflamando  em sua sensualidade, assim, compreendemos que eles podem satisfazerem-se com seu pecado, mas não se tornam felizes. A Bíblia deixa claro que este tipo de relacionamento é torpe, distorcido. Ser sodomita é ser contrário a Sã doutrina, ou seja os que aprovam as praticas homossexuais serão julgados por isto. Nós pregamos que Jesus pode salvar e transformar qualquer pessoa, veja:

I Tm 1:15 “Esta é uma palavra fiel, e digna de toda a aceitação, que Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal”. Ele faz daquele que o recebe, uma nova Criatura:

2 Co 5:17 “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo”.

               Homossexualismo é uma prática aprendida e pode ser apagada e a pessoa pode deixar de ser um homossexual, há vários testemunhos de ex-homossexuais. O pecado gera escravidão, mas Jesus quer dar libertação:
Jo 8:36 “Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres”. Jo 8:32 “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. Deus tem um grande e infinito amor e tem o poder de libertar das drogas, dos vícios, do homossexualismo.

V. A INDISSOLUBILIDADE DO CASAMENTO

Uma aliança é um pacto ou acordo entre duas pessoas e faz com que estas fiquem amarradas em um relacionamento profundo e duradouro. Realmente significa que não são mais duas vidas separadas, mas agora compartilham uma vida juntos. Na Bíblia vemos que DEUS fez aliança com várias pessoas, sendo uma das mais notáveis foi a que realizou com Abraão, estabelecendo a nação judaica (Gn 12:1-3).

Depois da morte e ressurreição do SENHOR JESUS, aqueles que recebem JESUS como SENHOR e SALVADOR, são parceiros na Nova Aliança com DEUS (Hb 8; 6-13). O amor de aliança é forte. DEUS diz: “Dou a minha vida por você” (I Co 13:1-8). Através das Escrituras vemos que DEUS permaneceu fiel às SUAS promessas de aliança, mesmo quando o homem, SEU parceiro na aliança, falhou em guardar o seu lado do trato. O amor da aliança é fiel a despeito do que o outro parceiro esteja fazendo. A razão para isso é que cada aliança contem dentro de si promessas e termos ou condições. Quando as pessoas entram em aliança, elas prometem certas coisas umas as outras e declaram as condições sob as quais manterão as suas promessas. Se um parceiro da aliança é infiel a sua promessa, isso não força o outro a sê-lo também. Através de todo o Velho Testamento vemos DEUS, fiel parceiro da aliança, chamando Israel, o parceiro infiel da aliança. A infidelidade de Israel não mudou o coração de DEUS em relação a ela. ELE continua sustentando-a, amando-a e chamando-a de volta para ELE até este dia.

A Bíblia trata o casamento como um relacionamento de aliança: “…sendo ela a tua companheira, e a mulher da tua aliança” (Ml 2:14). O pensamento correto sobre a natureza do casamento dá o alicerce para sabermos o que Deus pensa do divórcio. Se o nosso Deus é um Deus de aliança, e Ele não quebra nem permite quebra de aliança, também não permite que o casamento seja quebrado. Como Deus não se divorcia do seu povo, assim ele não permite que marido e mulher se divorciem. Divorciar-se é quebrar o matrimônio da Aliança - Lemos em Ml 2:16 “Porque o Senhor Deus de Israel diz que odeia o divórcio …” Precisamos compreender o texto de Mt. 19:1-7 em que Jesus diz que o divórcio é proibido, mas que foi permitido por causa da dureza do coração. Deus nunca intencionou o divórcio, pois este contraria a essência do casamento como uma aliança que nunca deverá ser quebrada, anulada. Você então pergunta: Por que foi dada a permissão para o divórcio conforme Mt. 19:7? Não foi dada uma permissão. No verso seis JESUS termina sua explicação sobre o que lhe foi perguntado “É lícito ao homem repudiar sua mulher por qualquer motivo?” (Mt 19:3) de forma bem categórica: “Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem” Mt 19:6. Quando lhe é questionado sobre a Lei mosaica (Antiga Aliança) Jesus responde em 19:9 - “Quem repudiar sua mulher, não sendo por causa de relações sexuais ilícitas, e casar com outra comete adultério …“. Note bem que sua explicação é referente à Lei mosaica e diante do que lhe foi perguntado. Nós vivemos sob Nova Aliança, conforme Paulo exorta em sua carta aos Coríntios: “Se, porém, se apartar, que fique sem casar, ou que se reconcilie com o marido; e que o marido não deixe a mulher.” (1 Co 7:10-11).

Malaquias lembra-nos que a vontade de Deus, a respeito do casamento, sempre foi a mesma.  Enquanto alguns podem procurar justaficativas baseadas nos abusos que eram tolerados durante a era patriarcal, ou sob a lei de Moisés, Jesus nos diz que a vontade básica de Deus sempre foi a mesma:  “Não tendes lido que o Criador, desde o princípio os fez homem e mulher, e que disse:  Por esta causa deixará o homem pai e mãe e se unirá a sua mulher, tornando-se os dois uma só carne? . . .  Portanto  o que Deus ajuntou, não o separe o homem” (Mateus 19:4-6).

CONCLUSÃO

 As Escrituras dizem que DEUS projetou e criou o casamento para ser algo bom. Ele é um presente lindo e inestimável. DEUS usa o casamento para nos ajudar a acabar com a solidão, multiplicar nossa eficiência, construir famílias, criar filhos, curtir a vida e nos abençoar com o relacionamento íntimo. Além disso, o casamento também nos mostra a necessidade de crescer e de lidar com nossas próprias dificuldades e com o egocentrismo, através da ajuda de um companheiro para toda a vida. Se somos “ensináveis”, iremos aprender a fazer aquilo que é mais importante no casamento - amar. Esta poderosa união lhe mostra o caminho para amar incondicionalmente outra pessoa imperfeita. Isto é maravilhoso. É difícil. É uma mudança de vida. Gálatas 5:22 descreve a obra do Espírito de Deus na vida do crente. Na medida em que ele se submete ao Espírito Santo, começa a desenvolver, de maneira crescente, amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, fé e domínio próprio.
Jesus salienta o princípio universal de que a pessoa ceifa o que semeia; por conseguinte, o amor (ou qualquer outro atributo) que é dado será constantemente devolvido ao doador. Segue-se, então, que aquele que dá e recebe atributos espirituais terá, sem dúvida, um casamento agradável e satisfatório.

Eu particularmente não acredito que existam casamentos perfeitos, mas, sim, casamentos saudáveis. E para conseguirmos isto, não é fácil. E, nessa busca, o casamento enfrenta, a todo o momento, situações desafiadoras que precisam ser superadas para que ele alcance santificação e vitórias. A verdade é que em direção ao alvo (CRISTO), permeamos um percurso cheio de obstáculo. Mas, com o empenho pessoal, e na força que Deus supre, “Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores por meio daquele que nos amou”. Rm. 8:37.

Na confecção deste pequeno estudo, buscamos consultar literatura que mais se aproxima com o pensamento de nossa denominação, tentando não perder a coerência teológica. Evitamos expressar conceitos e opiniões pessoais sem o devido embasamento na Palavra, pois a finalidade é agregar conhecimentos, enriquecer a aula da escola dominical e proporcionar ao professor domínio sobre a matéria em tela. Caso alcance tais finalidades, agradeço ao meu DEUS por esta grandiosa oportunidade.



 Ev. JOSÉ COSTA JUNIOR



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