O DIVÓRCIO – Ev. José Costa Junior
CONSIDERAÇÕES
INICIAIS
O assunto desta lição diz respeito a um tema
muito difícil e doloroso; o divórcio. Nenhum homem precisa envergonhar-se das
dificuldades no casamento, mas será que não está tudo de cabeça para baixo
quando o divórcio se torna uma possibilidade desejada, quando a convivência
serve somente ainda para a busca apressada de bases legais para uma separação,
que são saudadas com prazer sádico e empilhadas com cuidado como munição? O
sentimento de vergonha de ter de levar o próprio casamento ao tribunal é
pervertido pela espera ansiosa do momento. Com um último sofrimento, poderíamos
nos perguntar: Temos de nos divorciar? As esperanças antigas têm de ser
sepultadas, o juramento de fidelidade tem de ser devolvido, a vida emocional
das crianças tem de ser abalada e a igreja de Deus tem de ser entristecida? Não
existe mais cura, só divórcio?
Para a maioria das coisas na vida, parece que
há propósitos primários e secundários. Por exemplo, o propósito mais importante
de um automóvel é levar às pessoas do ponto A ao ponto B; o propósito
secundário é levá-las confortavelmente. Seria uma pena se a prioridade desses
objetivos fosse invertida. Então viajantes ficariam sentados confortavelmente
em cabines luxuosas de carros quebrados, paralisados na beira da estrada.
Muitos,
infelizmente, inverteram o objetivo primário e secundário do casamento,
transformando o secundário — felicidade — em primário. Na verdade, o objetivo
mais alto do casamento é desenvolver a vida de Cristo em nós, esforçarmos para
revelar a Cristo dentro de nós, nos levar de uma existência autocentrada, para
o viver cristocêntrico, e revelar a alegria de entregar nossas vidas pelos
outros sem nos ofendermos, amando e nos dispondo a perder. Quando o propósito
primário é cumprido, o propósito secundário da felicidade inevitavelmente será
alcançado.
Quem
crer que a felicidade é mais que o efeito colateral do casamento pode rejeitar
seu cônjuge e procurar satisfação em outro lugar. Continuar a buscar felicidade
sem primeiro alcançar o propósito primário de Deus no casamento, não apenas é
extremamente egoísta, mas também é como comprar um carro sem um bom motor. Não
importa quão atraente seja; não vai a lugar nenhum!
Invariavelmente
escuta-se reclamações de uma esposa ou marido que satanás cegou; uma história
de destruição, derrota profunda e engano. A efusão dos sentimentos é
transcultural. É um bom exemplo do obstáculo da amargura, que se desenvolve
muito devagar das fases iniciais de um relacionamento e que, se não reconhecidas
e rejeitadas, impede a presença de Deus. Esse obstáculo em particular pode
resultar no seguinte: "Meu cônjuge não satisfaz minhas necessidades
[necessidades que um cônjuge nunca poderia satisfazer, porque apenas por Deus
podem ser satisfeitas.] Se continuar com ele (ou ela), sufocarei. Logo toda a
minha vida terá se escoado à minha frente. Preciso desistir agora, enquanto
ainda há tempo para a felicidade. Não há nada que eu possa fazer para agradar a
meu cônjuge. Nunca mudará, e porque eu deveria mudar?"
Uma
vez que esses pensamentos se enraizaram firmemente no coração do cristão, um
divórcio emocional, que sempre precede o divórcio intelectual e físico,
acontecerá. Uma pessoa atravessa conflito considerável antes de passar pelo
divórcio emocional, e raramente retorna a seu cônjuge, uma vez que isso
ocorreu. Para chegar ao ponto do divórcio, alguém precisa considerar e lutar
com todas as conseqüências que resultam dessa decisão — filhos, amigos,
família, respeito de outros, posição na igreja e sociedade, e mesmo o respeito
e a moral própria — até que, de algum modo, todas as variáveis são ajeitadas
para lhe favorecer. A "vítima vingada" retrata-se como um tipo de
santo martirizado aos seus próprios olhos por ter dado tanto por tanto tempo e
recebido tão pouco. Agora merece, em recompensa, uma vida livre do "feio
tirano" que causou tanta aflição. Não adianta demonstrar as falhas na
lógica da pessoa, porque para ela o assunto é claro e faz perfeito sentido.
Tudo o que precisa é um conselheiro que concorde com a decisão e a louve por
seus anos de sacrifício e pelo passo ousado que agora tomou para se salvar.
O
cônjuge ("feio tirano") do outro lado de um divórcio emocional será
rejeitado e confundido por esse comportamento. A vida para ele se tornará bem
intolerável, porque para o cônjuge em divórcio emocional prosseguir com o
divórcio físico precisa ser uma decisão racionalmente justificada. O cônjuge é
alvejado; cada ofensa que tiver cometido ser-lhe-á lembrada. Numa escala de um
a dez cada deficiência que demonstrou no passado se tornará dez. Tentar-se-á
fazê-lo irado, violento, recolhido ou irracional para que o agressor possa
proclamar ao mundo (depois de ter conduzido seu cônjuge para tal comportamento)
que isso evidencia a sábia decisão de abandonar o casamento.
Nesse
ponto a pessoa que busca o divórcio foi obscurecida em seu entendimento: dança
com o demônio, anda sem luz, e mesmo permite a satanás que use justificativas
da Escritura para sustentá-lo. "O amor de Deus é incondicional, e mesmo se
for um pecado divorciar-se, todo pecado tem perdão. O que faz isso pior que
qualquer outro pecado?" "Davi cometeu adultério, e veja como Deus o
usou." "Pode me custar algo, mas as crianças vão superar. Afinal,
eles têm de saber o que é viver num mundo em que as pessoas se divorciam."
Simultaneamente o inimigo mostra todos os cristãos hipócritas e preconceituosos
que mudarão de tratamento, que não o apoiarão no período de sofrimento, e que
devem ser todos cegos ao fato de que ele foi quem realmente sofreu todos esses
anos.
Nesse
ponto é como se Satanás tivesse ganho um devoto, que fará o que mandar, que
está cego às conseqüências, que comeu de novo do fruto da árvore do
conhecimento do bem e do mal, que agora parece saber mais que Deus. A raiz de
amargura está firmemente enraizada no coração endurecido. O que se pode dizer
ou fazer por alguém assim? Exaltou-se à posição de saber o que é melhor, embora
se oponha à palavra de Deus. Está tão persuadido de que seu cônjuge o oprimiu e
fez sua vida miserável que na realidade sentirá um falso alívio quando se
divorciar juridicamente.
O
divórcio emocional não revela a fraqueza do cônjuge abandonado; antes revela a
dureza do coração de quem abandona. Precisamos lembrar que há apenas dois tipos
de pessoas que lidam com ovelhas: açougueiros e pastores. A voz do açougueiro é
rude, crítica, controladora, auto-justificadora, condenadora de outros, busca
defeitos e é imoral. A voz de nosso Pastor não mantém um registro de erros,
encoraja, dá vida, traz luz a nosso caminho, e concede a graça de receber os
insultos dos outros (Cl 3.12-14). Procuraremos a voz desse meigo Pastor para
chegarmos ao coração dessa dificil questão; o divórcio.
O
objetivo deste estudo é trazer algumas informações, colhidas dentro da
literatura evangélica, com a finalidade de apresentar uma posição eminentemente
bíblica sobre o divórcio, essa posição não deixa de ser também uma posição
pessoal deste compilador, que difere um pouco da posição do autor da lição. Não
há nenhuma pretensão de esgotar o assunto ou de dogmatizá-lo, mas apenas trazer
ao professor da EBD alguns elementos e ferramentas que poderão enriquecer sua
aula.
I. O
DIVÓRCIO NO ANTIGO TESTAMENTO
O divórcio no Antigo Testamento se apresenta
no contexto, basicamente, de Dt 24, que menciona a carta de divórcio só de
passagem, no meio de uma série de outras afirmações preliminares. A frase longa
descreve um caso de recasamento pretendido. A decisão judicial começa somente
no v 4, e não trata nem de divórcio nem de carta de divórcio. Para os
professores da lei, porém, esta passagem bastou para, em sua prática,
sentirem-se abrigados na religiosidade da Torá. Em termos positivos pode ser dito
sobre a instituição da carta de divórcio que ela punha um pouco de ordem nas
conseqüências da rejeição de uma esposa. Se um homem pudesse mandar sua esposa
embora sem ser obrigado a dar-lhe um documento como prova, ele poderia reverter
ou negar seu ato à vontade. Apesar da sua necessidade de ajuda, ela não poderia
colocar-se sob a proteção de outro homem, pois correria perigo de ser tachada
de adúltera ou até apedrejada. Por mais cruel que fosse o significado do
documento: “Você foi rejeitada!”, ele proporcionava certa humanização do
processo.
Mesmo assim o egoísmo masculino encontrou um
caminho. A justificativa mosaica para o divórcio: "Por ter ele achado
coisa indecente nela", foi espichada. Exegeses generosas começaram a
incluir idéias como a negligência das obrigações da mulher na cozinha, a fofoca
com os vizinhos, a impossibilidade de ter filhos e a atração do homem por outra
mulher. Seja como for, a carta de divórcio tornou-se um truque pelo qual o
homem podia livrar-se sem problemas da sua esposa. Para tanto ele comprava um
formulário ou tirava um do seu estoque, preenchia nome e data, levava-o à
sinagoga para autenticação e o fazia entregar à sua esposa. O texto terminava
com a frase: "Qualquer um pode ter você, e isto, da minha parte, serve de
escrito de rejeição e documento de divórcio e carta de expulsão, de acordo com
a lei de Moisés e de Israel" (Bill. I, 311). Era o homem, portanto, e não
o juiz que decidia sobre o divórcio. Hauck registra um exemplo grosseiro em que
um rabino, em cada cidade em que chegava, oferecia às mulheres um casamento por
um dia. Neste processo, tudo tinha sua "ordem".
A mulher judia, por sua vez, não podia mandar
seu marido embora, assim como não fora ela que o desposara, antes fora ele que
casara com ela. A comunidade da sinagoga, contudo, podia exercer uma pressão
forte sobre o homem para que desse a ela o documento de divórcio, caso ele, por
exemplo, sofresse de determinadas doenças, tivesse abraçado uma profissão
repugnante ou não desse conta de sustentá-la. Para isto ela usava
intermediários.
O divórcio era um assunto debatido, e havia
duas escolas de ensino. O pronunciamento mosaico rezava que o homem podia
lavrar uma carta de divórcio se achasse infidelidade nela (Dt 24.1-4). Tudo
girou em torno da interpretação de infidelidade. A escola de Sammai mantinha-se
firme na interpretação rigorosa da lei que o casamento é indissolúvel exceto no
caso da infidelidade da mulher. A escola de Hillel adotava uma posição
acomodatícia, permitindo o divórcio para diversas razões. Na sua réplica, Jesus
aponta para o fato que a legislação mosaica era uma concessão à fraqueza humana
cuja introdução na lei era necessária para regular o divórcio numa sociedade
imperfeita.
II. O
ENSINO DE JESUS A RESPEITO DO DIVÓRCIO
E, aproximando-se alguns fariseus, o
experimentaram, perguntando- lhe: E lícito ao marido repudiar sua mulher? No texto
paralelo de Mateus (cap. 19), os fariseus nem perguntam sobre a permissão ao
divórcio. Os debates internos dos judeus em termos gerais já tinham deixado
essa questão para trás há tempo, e só se discutiam ainda os motivos para
o divórcio - se este era justificado só por motivos graves ou "por
qualquer motivo" (Mt 19.3). Mesmo assim, no judaísmo a pergunta básica, se
o casamento podia mesmo ser anulado, não se calara de todo. Isto prova, por
exemplo, a proibição total ao divórcio em Qumran (Os Essênios formaram
uma comunidade no deserto, com conceitos e crenças religiosas específicas, que
contrastavam com as dos outros grupos). Por isso é bem possível que, no debate
detalhado com Jesus, uma e a outra questão eram abordadas, e não uma sem a
outra. Além do conteúdo da pergunta, porém, é necessário pensar também em seu
ambiente. Precisa-se levantar o que sabemos sobre a miséria do divórcio na
época. O homem judaico em termos gerais nem estava tão preocupado com a
aprovação de Deus, como a formulação da pergunta pode dar a entender. Senão ele
teria cuidado melhor da dádiva de Deus. A "mulher" aqui não parece
mais ser um presente de Deus, companheira, complementação, enriquecimento,
ajuda e alegria, mas somente um ser sexual oposto, perante o qual os interesses
masculinos tinham de ser defendidos. Por isso eles perguntaram sobre que
possibilidades a lei abria, para conseguir o máximo para si, dentro do
permitido.
Os que fizeram a pergunta em nossa história
não tinham dúvidas sobre a posição de Jesus. É possível sentir o que combina
com ele. De forma alguma ele era o servente deles. Por isso eles podiam contar
com que ele negaria o divórcio e assim se colocaria em oposição a Moisés, como
eles o entendiam. Como em Mc 7.1; 12.13,15 eles estavam ocupados com as
investigações para um processo religioso contra ele, e juntavam material. A
perspectiva política também é possível. O lugar do interrogatório era a Peréia
que, como a Galiléia, pertencia aos domínios de Herodes Antipas. Este já dera
cabo de João Batista por causa da questão do divórcio (Mc 6.18).
A idéia era que agora também Jesus se
tornasse intolerável em termos políticos e religiosos. Por isso se diz"que
o experimentaram". De todo modo sua pergunta era um
subterfúgio. O que podiam fazer com suas mulheres, eles tinham combinado há
muito entre si.
Tornaram
eles: Moisés permitiu lavrar carta de divórcio e repudiar. Logo com a
primeira frase eles deixam escapar triunfantes: Nós podemos! A carta de
divórcio permite o divórcio. Isto é totalmente lógico. Como é típico este
método para surrupiar uma aprovação da Escritura. Segue uma investida em
direção ao centro da pessoa deles. Mas Jesus lhes disse: Por causa da
dureza do vosso coração, ele vos deixou escrito esse mandamento. A
expressão "dureza do coração", que não se encontra fora da Bíblia,
tem profundidade teológica, significa mais do que falta de sensibilidade e teimosia
diante do cônjuge. A lxx (Septuaginta)usa-a
para traduzir a expressão do at "coração
incircunciso" (Lv 26.41; Dt 10.16; Jr 9.25; Ez 44.7). Portanto, o
endurecimento se volta contra os atos salvadores de Deus. Em Mc 16.14 a
expressão é explicada como incredulidade. Essa rebeldia contra Deus faz também
com que o casamento não progrida.
No que tange à prescrição de Dt 24.1ss,
pode-se constatar claramente que Jesus não a abordou basicamente. Ele
simplesmente a classificou diferentemente dos judeus, e isto recorrendo ao
próprio Moisés. De acordo com isso, a carta de divórcio é tolerada por
necessidade, para enfrentar determinada situação, mas não faz parte do plano
básico de Deus. É verdade que o estatuto de uma associação sempre inclui um
artigo que predispõe sobre a sua dissolução, mas Deus não instituiu o casamento
e o divórcio como equivalentes.
Com isto Jesus passa ao ensino positivo sobre
o casamento. Por isso, deixará o homem a seu pai e mãe. O texto
da Bíblia hebráica diz que "um homem" deixará pai e mãe. O
termo da lxx, "um ser
humano", que é seguido por Marcos, permite a aplicação também à mulher.
Homem e mulher, por amor ao seu casamento, são liberados dos seus laços de
sangue mais íntimos. Nada e ninguém - nem o próprio filho - podem
sugá-los. Isto cria espaço e liberdade para esta novidade maravilhosa: e serão
os dois uma só carne. O processo zomba da
aritmética (um mais um igual a um). Os dois são mais uma vez barro na mão do
Criador e se tornam um utensílio da sua bênção. Isto não é operado pelo amor
deles - este nem é mencionado aqui - mas pelo amor de Deus. Eles experimentam
sua unidade como criação e presente dele. Por isso o casamento - como a igreja
- não pertence ao grupo das uniões meramente humanas. Jesus repete
expressamente a declaração do objetivo, para depois tirar conclusões dela: De
modo que já não são dois, mas uma só carne.
A criação de Deus engloba sempre também os
mandamentos de Deus. Assim, finalmente Jesus se volta para o tema do divórcio.
Portanto, o que Deus ajuntou não separe o homem. Se o
casamento, por natureza, é uma instituição divina, e não um contrato
particular, uma união de interesses, um costume ditado pela sociedade, se o
próprio Deus faz parte da definição do casamento, então homem, mulher e
sociedade perdem o direito de legislar sobre o casamento. Por este motivo,
quem os separa se defronta com Deus. "O Senhor, Deus de Israel, diz que
odeia o divórcio" (Ml 2.16), "Deus julgará os adúlteros"
(Hb 13.4).
Na sua réplica, Jesus aponta para o fato que
a legislação mosaica era uma concessão à fraqueza humana cuja introdução
na lei era necessária para regular o divórcio numa sociedade imperfeita.
Depois, Jesus os leva além de Moisés até o princípio onde o ideal divino para o
homem é que o casamento seja uma instituição permanente, "o indissolúvel
vínculo do matrimônio". Quando mais tarde os Seus discípulos
interrogaram-nO particularmente sobre o assunto, Ele desenvolveu mais o tema
para mostrar-lhes a igualdade dos sexos neste contexto. A lei judaica não permitiu
que a mulher divorciasse o marido.
A não ser por
causa de infidelidade. Há dificuldades de se comentar adequadamente
aqui este assunto dificílimo, quanto à sua aplicação à sociedade moderna. Muito
depende da interpretação dada à cláusula exceptiva de Mt 5.32 e Mt 19.9.
O que está patente é que o ensino de Jesus reconhece, para os descrentes,
provisões que de maneira nenhuma subtraem do ideal divino, e endossa a
concessão mosaica (aos que estão debaixo da Lei), enquanto para os
discípulos (sob a graça) entra em vigor o mais elevado padrão inalterável.
Portanto, fica clara a abrangência da exceção descrita por CRISTO. Guardados em
JESUS, não somos mais contados com os que estão sob a Lei, vivemos o Evangelho
da reconciliação, da graça, do perdão; do indissolúvel vínculo matrimonial.
III. O
ENSINO DE PAULO A RESPEITO DO DIVÓRCIO
Paulo estuda o assunto, à luz da nova
situação, dentro da igreja, do membro convertido depois de casado, cujo
companheiro não aceita a fé. Não há dúvidas quanto à posição do crente
individual. "Para sua própria proteção e prosperidade, a sociedade humana
faz bem em aceitar a orientação positiva de Cristo, quando se definem os
motivos justos para o divórcio que ameaça a vida pessoal e familiar"
(Vincent Taylor).
O apóstolo declara,
em termos categóricos, que o voto do matrimônio vigora por toda a vida. E tem o
cuidado de lembrar aos coríntios o ensino de Cristo sobre esta questão. A
mulher não se separe do marido (se, porém, ela vier a separar-se, que não se
case)... o marido não se aparte de sua mulher (pensando em casar com
outra). O apóstolo interpreta o ensino de nosso Senhor, portanto, como
permitindo a separação, porém não o divórcio.
CONCLUSÃO
Não obstante a cláusula exceptiva “a não ser por causa
da prostituição”, o assunto não pode ser
abandonado aqui, pois esta relutante permissão de Jesus continua precisando ser
considerada pelo que é, a saber, uma acomodação sustentada por causa
da dureza dos corações humanos. Além disso, deve-se sempre ler no contexto
imediato (o endosso enfático de Cristo à permanência do casamento no propósito
de Deus) e também no contexto mais amplo do Sermão do Monte e de toda a Bíblia,
que proclama um evangelho de reconciliação. Não significa muito o fato de que o
Amante Divino estivesse sempre pronto a atrair novamente Israel, sua esposa
adúltera? Portanto, que ninguém comece uma discussão sobre este assunto,
indagando sobre a legitimidade do divórcio.
Estar preocupado com os motivos para o
divórcio é ser culpado daquele mesmo farisaísmo que Jesus condenou. Toda a sua
ênfase na discussão com os rabinos foi positiva, isto é, foi colocada sobre a
instituição original divina do casamento como um relacionamento exclusivo e
permanente, no qual Deus junta duas pessoas numa união que nenhum homem pode
interromper; e (é preciso acrescentar) ele enfatizou a sua ordem dada a seus
seguidores para amarem-se e se perdoarem uns aos outros, e para serem
pacificadores em cada situação de luta e discórdia. Crisóstomo reuniu,
adequadamente, esta passagem às bem-aventuranças e comentou em sua homília:
"Pois aquele que é manso, pacificador, humilde de espírito e
misericordioso, como poderia repudiar sua esposa?
Aquele que está acostumado a
reconciliar os outros, como poderia discordar daquela que é a sua própria
carne?" Com este ideal, propósito e chamamento
divinos, o divórcio só pode ser considerado uma trágica deterioração, um
lamentável pecado.
Deus é tão contra a
dissolução do casamento exatamente porque quer salvar. E ele quer salvar o que
criou. Tudo aqui está permeado de evangelho. A mensagem do casamento
indissolúvel é parte integrante do evangelho. Aquele que ama, compreende,
sustenta e domina o nosso casamento como nenhum outro, entra em cena. Portanto, fora
com a confiança nas muletas da lei! Creiam com base no evangelho (Mc 1.15), e
prefiram crer até à morte a morrer na incredulidade!
É importante entender a unidade bíblica.
Unidade no casamento é freqüentemente retratada como um círculo com uma linha
no meio. Uma metade representa o homem e a outra a mulher; as duas partes
representam dois indivíduos tentando viver como um. Essa mesma ilustração
também é usada para descrever o Pai e o Filho, Cristo em nossos espíritos, e
nosso relacionamento mútuo no corpo de Cristo.
Unidade
bíblica, entretanto, é bem diferente. Imagine colocar numa vasilha tanto leite
quanto farinha. Não são um até que sejam misturados, e depois disso não podem
ser separados. Se for adicionado corante durante a mistura, a cor de toda a
mistura é alterada.
Quando
um homem e uma mulher se casam, não são dois indivíduos tentando viver como um.
Deus coloca o homem e a mulher na vasilha, liga Sua batedeira divina, e os dois
se tornam um. Porque a batedeira divina está sempre ligada, se um cônjuge suja
o outro, inevitavelmente suja seu próprio ser também. Muitos precisam perder
sua individualidade (não sua personalidade) e vir a entender que são um com
seus cônjuges, o Senhor Jesus, e o corpo de Cristo. Uma vez que se revele a
realidade da unidade, faremos o máximo que pudermos para edificar nossos
cônjuges, veremos claramente que o que é verdade sobre Cristo será verdade
sobre nós, e nos recusaremos a causar dano ao corpo de Cristo. O que Deus
juntou ninguém separe. João 10.30; 14.9; 17.11-12; João 15; I Coríntios 6.16;
12.12.
Pai,
liberta Teu povo desse monstro chamado divórcio; liberta-nos da incredulidade,
a mãe de todo pecado, e ensina-nos Teus caminhos! "Pois eu detesto o
divórcio, diz o Senhor Deus de Israel" (Ml 2.16).
Concluindo, espero em DEUS ter contribuído
para despertar o seu desejo de aprofundar-se em tão maravilhoso tema e ter lhe
proporcionado oportunidade de agregar algum conhecimento sobre estes assuntos.
Conseguindo, que a honra e glória seja dada ao SENHOR JESUS.
EV. JOSÉ COSTA JUNIOR
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