CONFRONTANDO
OS INIMIGOS DA CRUZ DE CRISTO – Ev. José Costa Junior
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O
assunto desta lição diz respeito aos inimigos da cruz de Cristo e como
confrontá-los. O exemplo pessoal do apóstolo tornou-se a base para uma exortação
geral aos Filipenses. Todos os crentes, até mesmo os maduros, jamais devem
estar satisfeitos com seu nível presente de experiência e maturidade cristã.
Acima de tudo, jamais devem sentir que já alcançaram o estado de perfeição.
Alguns
crentes confundem-se com o fato de a Bíblia falar de dois níveis de maturidade.
Existe a maturidade suprema, o estado celestial final quando todos os crentes
receberão corpos novos criados ã imagem de Cristo. A isto Paulo se referiu em
Filipenses 3:12, 21.
Mas
também há um nível de maturidade reconhecível que pode ser alcançado enquanto
na terra, uma maturidade que reflete certas características e qualidades.
Provavelmente o perfil mais completo que reflete esta maturidade encontra-se em
1 Timóteo 3 e Tito 1, Paulo aqui apresenta qualidades dos anciãos. Um exame
minucioso destas qualidades no contexto, entretanto, revela que estas
características devem ser alvos para todos os crentes.
Paulo
também, uma vez mais, preveniu os crentes contra falsos mestres e pessoas com
mentalidades mundanas. Com lágrimas a correr-lhe pelas faces, ele chamou a
estes mundanos de "inimigos da cruz de Cristo" (Fp 3:18). Este é um
lindo quadro das atitudes e ações de Paulo, até mesmo para com os não crentes
que minavam sua obra se opondo a ela. Sua linguagem era forte, mas seu coração
estava despedaçado. Enquanto chorava, ele especificou que "o destino deles
é a perdição".
Três
coisas, disse Paulo, caracterizam os estilos de vida destes inimigos. Primeiro,
"o deus deles é o ventre — eram glutões e beberrões; segundo, "a
glória deles está na sua infâmia" —glorificavam a imoralidade e o
procedimento sensual; e, terceiro, "só se preocupam com as coisas
terrenas" —possuíam uma filosofia materialista de vida.
Este, dá a entender Paulo, é o
"padrão deste mundo". Os crentes maduros e que crescem não permitem
que sua vida se conforme com este padrão; antes, são "transformados"
e "renovados". Então, disse Paulo, vocês poderão experimentar
"qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus" (Romanos
12:2).
O objetivo deste estudo é trazer
algumas informações, colhidas dentro da literatura evangélica, com a
finalidade de ampliar a visão do
sobre a presente lição. Não há nenhuma pretensão de esgotar o assunto ou de
dogmatizá-lo, mas apenas trazer ao professor da EBD alguns elementos e
ferramentas que poderão enriquecer sua aula.
EXORTAÇÃO À FIRMEZA EM CRISTO
Alguns crentes de Filipos devem
ter estado bem certos de haverem atingido um nível supremo de maturidade.
Pensavam já serem perfeitos. Indubitavelmente é por isso que Paulo contava sua
própria experiência. Os Filipenses amavam e respeitavam este grande homem. Para
um gigante espiritual como Paulo contar a estas pessoas as suas próprias
fraquezas e seus alvos para o desenvolvimento espiritual, exerceria um impacto
significativo sobre a perspectiva que elas tinham de seu próprio estado
espiritual. Assim. Paulo exorta: "Irmãos, sede imitadores meus e observai
os que andam segundo o modelo que tendes em nós" (3:17). Isto é, não
pensem já estarem perfeitos. Esqueçam-se das coisas que para trás ficam e
prossigam para o alvo para ganhar o prêmio—a suprema santificação.
Paulo prossegue exortando-os a
imitar o exemplo de outros que seguiam este padrão de vida, assim como Timóteo
e Epafrodito. Paulo já havia apresentado estes dois homens como exemplos
admiráveis de maturidade cristã (2:19-30), mas ambos possuíam fraquezas
humanas. Ambos possuíam problemas físicos e psicológicos que interferiam em sua
eficiência—ainda que fossem líderes cristãos maduros.
No versículo 16 Paulo faz uma
afirmação que parece, à primeira vista, um tanto obscura: “Todavia, andemos
de acordo com o que já alcançamos." Talvez ele estivesse exortando os
Filipenses a não se desviarem, a não irem ao extremo oposto e praticar a
licença em vez do legalismo. Mas parece mais lógico, pelo contexto, concluirmos
que Paulo se referia ao que freqüentemente acompanha o perfeccionismo legalista
e a atitude de "mais santo do que os outros". Os que acreditam ter um
pedaço da santidade de Deus, muitas vezes são mais causadores de divisão e
altercadores.
Muitas vezes são inalcançáveis e
em conseqüência disso, violam a própria verdade que propagam. Em contraste,
Paulo disse em outra ocasião que os crentes maduros devem "repelir as
questões insensatas". Eles sabem que este tipo de diálogo só engendra
"contendas". Pelo contrário, disse Paulo, o crente maduro deve
"ser brando para com todos, apto para instruir, paciente, disciplinando
com mansidão os que se opõem, na expectativa de que Deus lhes conceda não só o
arrependimento para conhecerem plenamente a verdade" (2 Timóteo 2:23-25).
OS INIMIGOS DA CRUZ DE CRISTO
O legalismo não é o único inimigo
da justificação pela fé pregada por Paulo, mas muitas falsos crentes tinham
regeitado ou distorcido a doutrina de outra maneira, de forma que interpretavam
a justificação pela fé como uma licença para pecar com impunidade. Isso é
“ilegalidade” ou antinomianismo. Aqueles que promoviam essa heresia
raciocinavam falsamente: “Se a justificação depende da graça de DEUS e não das minhas
obras e se a graça de DEUS vai sempre exceder a minha perversidade, então isso
significa que eu posso pecar tanto quanto quiser, e ainda serei salvo”. Os sentimentos desses falsos
crentes pareciam ser de uma espiritualidade tão alta que menosprezavam a carne
como sendo mal, entretanto, tal espiritualidade era espúria.
Segundo sua filosofia, não
haveria necessidade de se obedecer à lei naquilo que diz respeito à carne,
porque o espírito é tudo. Na verdade, ao espírito competia dominar seu
contaminado sócio, o corpo. Tal atitude, no entanto, para com esse, ora
descamba para o ascetismo, ora resvala para o libertinismo. Lá em Filipos,
evidentemente, a inclinação foi para a última alternativa, ou seja, grosseira
sensualidade. Tais idéias usadas como um caminho de vida são absolutamente
alheias à verdade cristã. Paulo exorta os filipenses a seguirem seu exemplo
(17) e a evitarem o dos antinomistas, em seu meio, porque os tais fazem deuses
de seus apetites (19). O evangelho de Jesus Cristo, pregado pelo apóstolo aos
filipenses, põe ênfase no que é espiritual e não no que é carnal, sobre as
coisas celestiais e não sobre as terrenas.
Na carta aos Romanos, Paulo antecipa esse abuso e
responde: “Que diremos então? Continuaremos pecando para que a graça
aumente? De maneira nenhuma! (Rm 6:1,2). Mas porque não? Ele explica: “Nós,
os que morremos para o pecado, como podemos continuar vivendo nele?”(v.2).
Então isso é o que faz o antinomianismo incoscistente com a justificação pela
fé – algo acontece conosco em nossa conversão que torna impossível para nós
continuarmo em uma vida de pecado. As Escrituras dizem que fomos “regenerados”
(Tt 3:5), e que fomos “nascidos de novo” (Jo 3:3). João escreve: “Qualquer que é nascido de Deus não comete pecado
(habitualmente); porque a sua semente permanece nele; e não pode pecar, porque
é nascido de Deus.”(I Jo 3:9).
Paulo diz que o cristão deve morrer
“para o pecado”, e que “o pecado não os dominará” (Rm 6:14). Ele explica que
visto que a graça nos libertou de sermos escravos do pecado, devemos parar de
obedecer a ele. Mas a graça não nos deixa ser os nossos próprios senhores,
porque ela nos fez “escravos da justiça” (Rm 6:18). Portando, ele diz:”pois
que, assim como apresentastes os vossos membros para servirem à imundícia, e à
maldade para maldade, assim apresentai agora os vossos membros para servirem à
justiça para santificação” (Rm 6:19). Ao invés de levar ao antinomianismo,
a justificação pela fé leva a um estilo de vida correto e torna impossível o
antinomianismo.
Quando DEUS salva uma pessoa, ELE a
regenera pela mudança de sua disposição, de amor à maldade para amor à retidão,
de amor ao egoísmo para amor por Cristo e de desafio contra DEUS para
obediência à DEUS. DEUS concede a essa pessoa fé no evangelho de Cristo e sobre
essa base DEUS a justifica em Cristo. Nossa regeneração e justificação não
somente muda nosssa posição diante de DEUS, mas nos muda até o mais profundo
nível do nosso consciente, produzindo uma mente e um estilo de vida piedoso. Não
há modo de chegar ao céu como a nossa casa, senão por meio de Cristo, nosso
Caminho. Os crentes verdadeiros, ao buscarem esta seguridade e ao glorificá-lo,
procurarão mais de perto tentar parecer-se com Ele em seus padecimentos e
morte, morrendo para o pecado e crucificando na carne suas paixões e
concupiscências.
O FUTURO GLORIOSO DOS QUE AMAM A CRUZ DE CRISTO
"Não", disse Paulo,
"não podemos jamais ser perfeitos enquanto vivermos nesta terra.
Mas podemos nos tomar mais e mais
como Cristo se tivermos seu estilo de vida como nosso alvo, lutando por este
ideal, segundo bons exemplos em vez de maus, e sempre mantendo uma atitude de
aprendizado."
Mas a história não acaba aí.
Algum dia todos os crentes estarão com Cristo e terão corpos "como o seu
corpo glorioso". Esta foi a palavra final de Paulo aos Filipenses acerca
de perfeição e santificação.
Paulo lembra aos Filipenses, uma
vez mais, que sua cidadania realmente encontrava-se no céu—não em
Filipos como membros de uma colônia romana (1:27). O seu salvador não era o
imperador romano, que, desde a época de Júlio César, era proclamado por alguns
seguidores como "o salvador da humanidade"; pelo contrário, o Senhor
Jesus Cristo era o seu Salvador. E verdade.
Cristo já os havia salvo de seus pecados; mas algum dia ele viria para
tirá-los totalmente do mundo. O mesmo poder que capacitava a Cristo a
"levar tudo sob seu controle" os transformaria em sua imagem. Este,
disse Paulo, será nosso prêmio final e de maior valor ao término da corrida.
Neste sentido, não haverá perdedores.
CONCLUSÃO
Os inimigos da cruz
de Cristo não se importam de nada, senão de seus apetites sensuais. O pecado é
a vergonha do pecador, especialmente quando se gloria nisso. O caminho dos que
se ocupam das coisas terrenas pode parecer agradável, porém a morte e o inferno
estão no final. Se escolhermos o caminho deles, partilharemos seu final.
A vida do cristão
está no céu, onde está sua Cabeça e seu lar, e aonde espera chegar daqui a
pouco; coloca seus afetos nas coisas de cima e onde estiver seu coração, lá
estará seu tesouro.
Há glória reservada para os corpos dos santos, glória que se fará
presente na ressurreição. Então o corpo será feito glorioso; não só
ressuscitado para a vida, senão ressuscitado com maior vantagem. Note-se o
poder pelo qual será efetuada esta mudança. Estejamos sempre preparados para a
vinda de nosso Juiz; esperando ter nossos corpos vis mudados por seu poder
todo-poderoso, e recorrendo diariamente a Ele para que faça uma nova criação de
nossas almas para a piedade; para que nos livre de nossos inimigos e que
utilize nossos corpos e nossas almas como instrumentos de justiça a seu
serviço.
Concluindo, espero em DEUS ter contribuído para despertar
o seu desejo de aprofundar-se em tão precioso ensino e ter lhe proporcionado
oportunidade de agregar algum conhecimento sobre estes assuntos. Conseguindo,
que a honra e glória seja dada ao SENHOR JESUS.
Ev. José Costa Junior
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