A
SUPREMA ASPIRAÇÃO DO CRENTE
TEXTO
ÁUREO = “Prossigo para o alvo, pelo premio da soberana vocação de
Deus em Cristo Jesus” Fp 3: 14
VERDADE
PRATAICA = A maior aspiração do crente deve ser a conquista do
prêmio da soberania vocação em Cristo Jesus.
LEITURA
BIBLICA = FILIPENSES 3: 12-17
INTRODUÇÃO
Ele os adverte contra os enganadores judaizantes (vv. 1-3) e
apresenta seu próprio exemplo. E aqui ele enumera os privilégios do seu estado
judaico que ele rejeitara (vv. 4-8), descreve a questão da sua própria escolha
(vv. 9-16) e conclui com uma exortação para que os filipenses se guardem dos
homens maus e sigam seu exemplo (vv. 17-21).
A
Descrição dos Verdadeiros Cristãos = vv. 1-3
Parece que a igreja dos filipenses, embora fosse uma igreja
fiel e próspera, era perturbada pelos mestres judaizantes, que se empenhavam em
guardar a lei de Moisés e misturar o cumprimento dela com a doutrina de Cristo
e suas instituições. Ele inicia o capítulo com advertências contra esses
sedutores.
Ele os exorta a “... que vos regozijeis no Senhor” (v. 1), a
descansarem satisfeitos no interesse que tinham nele e no beneficio que
esperavam dele. E do caráter e da motivação de cristãos sinceros regozijarem-se
em Cristo Jesus. Quanto mais aproveitarmos o conforto da nossa religião tanto mais
vamos nos agarrar a ela; quanto mais nos regozijarmos em Cristo tanto mais
dispostos estaremos a realizar e sofrer por Ele e tanto menos perigo correremos
em ser afastados dele. “A alegria do Senhor é a nossa força” (Ne 8.10).
Ele os exorta a tomarem cuidado com os falsos mestres: “Não
me aborreço de escrever-vos as mesmas coisas, e é segurança para vós”; isto é,
as mesmas coisas que eu já vos preguei; como se tivesse dito: “O que foi
apresentado aos ouvidos de vocês será apresentado aos seus olhos: o que falei
formalmente será agora escrito, para mostrar que continuo com o mesmo parecer”.
Não me aborreço. Observe: 1. Os ministros não devem se
aborrecer se precisarem escrever ou falar coisas que acreditam ser seguras e
edificantes para o povo. 2. E bom ouvirmos as mesmas verdades com freqüência,
para avivar a memória e fortalecer a impressão das coisas importantes. E uma
curiosidade atrevida ou maliciosa sempre desejar ouvir algo novo. O apóstolo
apresenta uma exortação necessária aqui: “Guardai-vos dos cães” (v. 2).
O profeta chama os falsos profetas de cães mudos (Is 56.10),
aos quais o apóstolo parece se referir aqui. Cães, por causa da sua maldade
contra os confessores fiéis do evangelho de Cristo, latindo e mordendo esses
cristãos. Eles exultavam as boas obras em vez da fé em Cristo; mas Paulo os
chama de maus obreiros: eles se orgulhavam do fato de serem da circuncisão,
dilacerando a igreja de Cristo; ou, então, contendiam por um rito cancelado, um
mero cortar insignificante da carne.
Ele descreve os cristãos verdadeiros, que são, na verdade,
da circuncisão, a circuncisão espiritual, o povo exclusivo de Deus, que está em
aliança com Ele, semelhantemente aos israelitas do Antigo Testamento:
“Porque a circuncisão somos nós, que servimos a Deus no Espírito,
e nos gloriamos em Jesus Cristo, e não confiamos na carne”. Encontramos três
aspectos aqui: 1. Eles adoravam no espírito, em oposição às ordenanças carnais
do Antigo Testamento, que consistiam em “...manjares, e bebidas, e várias
abluções” (Hb 9.10).
O cristianismo nos livra dessas coisas e nos ensina a
sermos íntimos com Deus em todos os deveres da adoração religiosa. Devemos “.
adorar a Deus em espírito” (Jo 4.24). A obra cristã não tem propósito algum se
o coração não estiver envolvido nela. “Tudo quanto fizermos, devemos fazê-lo de
todo o coração, como ao Senhor” (veja Cl 3.23); e devemos adorar a Deus na
força e graça do Espírito divino, que é tão característico do estado do
evangelho; este é o ministério do Espírito (2 Co 3.8). 2. Eles se gloriam em
Jesus Cristo e não nos privilégios característicos do judaísmo, nem naquilo que
os satisfaz na igreja cristã — meros prazeres e desempenhos exteriores.
Eles se gloriam no seu relacionamento com Cristo e no seu
interesse nele. Deus fez com que os israelitas fossem obrigados a se alegrarem
diante dele nos átrios da sua casa; mas agora que a essência veio, as sombras
foram dissipadas e devemos gloriar-nos somente em Cristo Jesus. 3. Eles não
confiam na carne, nas ordenanças carnais e desempenhos exteriores. Devemos
deixar de confiar em nós mesmos, para podermos confiar apenas em Jesus Cristo,
o eterno fundamento. Nossa confiança, bem como nossa alegria, é apropriada para
Ele.
A
Rejeição à Falsa Confiança = vv. 4-8
A apóstolo aqui se coloca como exemplo de alguém que confia
apenas em Cristo, e não nos seus privilégios como israelita.
Ele mostra o quanto podia orgulhar-se pelo fato de ser judeu
e fariseu. Que ninguém pense que o apóstolo estava desprezando essas coisas
(como as pessoas normalmente fazem) pelo fato de não se gloriar nelas. Se
tivesse se gloriado e confiado na carne, ele teria mais motivos para fazê-lo do
que qualquer outra pessoa: “Ainda que também podia confiar na carne; se algum
outro cuida que pode confiar na carne, ainda mais eu” (v. 4). Ele tinha tantos
motivos para jactar-se tanto quanto qualquer outro judeu.
Seus privilégios hereditários. Ele não era um prosélito, mas
um israelita nato: “.. . da linhagem de Israel”. E ele era “...da tribo de
Benjamim”, que cuidava do Templo.
Essa tribo ficou do lado da tribo de Judá quando todas as
outras se revoltaram. Benjamim era o predileto do pai; era uma tribo favorita.
“...hebreu de hebreus”, um israelita de ambos os lados, por pai e mãe, e de
geração em geração; nenhum dos seus ancestrais tinha se casado com gentios. 2.
Ele podia orgulhar-se da sua relação com a Lei e com o concerto, porque tinha
sido “.. circuncidado ao oitavo dia”; ele tinha o sinal do concerto de Deus em
sua carne e foi circuncidado no dia designado por Deus.
No conhecimento era fariseu, criado aos pés de Gamaliel, um
eminente doutor da lei: e foi um estudioso instruído em todo o conhecimento dos
judeus, instruído conforme a verdade da lei dos pais (At 22.3). Ele era
“...fariseu, filho de fariseu” (At 23.6), e conforme a mais severa seita da
nossa religião, vivi fariseu” (At26.5). 4. Ele teve uma conversão
irrepreensível: “...segundo a justiça que há na lei, irrepreensível”: até onde
a exposição da lei pelos fariseus ia, e de acordo com a mera letra da lei e
observância exterior dela, ele podia desobrigar-se da violação dela e não podia
ser acusado por nenhuma quebra da lei. 5. Ele tinha sido um homem ativo a favor
da sua religião.
Como fez uma profissão de fé firme dela, sob o título e
caráter de um fariseu, ele perseguiu aqueles que via como inimigos dela. “..
segundo o zelo, perseguidor da igreja”. 6. Ele mostrou ser sincero, embora
tivesse um zelo sem conhecimento para dirigir e governar o exercício desse
zelo: “...zeloso para com Deus, como todos vós hoje sois. Persegui este Caminho
até morte” (At 22.3,4). Tudo isso seria suficiente para deixar um judeu
orgulhoso confiante, e seria suficiente para fundamentar a sua justificação.
Mas:
O apóstolo nos diz aqui como é pequena a importância dessas
coisas, em comparação com o seu interesse em Cristo e com suas expectativas
dele: “Mas o que para mim era ganhe reputei-o perda por Cristo” (v. 7); isto é,
essas coisas que ele tinha considerado ganho enquanto era fariseu, reputou-as
perda por Cristo. “Eu deveria considerar-me um perdedor se, para devotar-me a
elas, tivesse perdido meu interesse em Jesus Cristo”. Ele as considerava perda;
não somente insuficiente para enriquecê-lo, mas que certamente o empobreceriam
e o destruiriam, se confiasse nelas, em oposição a Crista.
Observe: O apóstolo não persuadiu os filipenses a fazer
qualquer coisa que ele não fizesse, a deixar de fazer qualquer coisa que ele
também não deixasse, nem arriscar-se em alguma coisa em que ele próprio não
tivesse arriscado sua alma imortal. “E, na verdade, tenho também por perda
todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor”
(v. 8).
Aqui o apóstolo se explica.
Ele nos conta o que ambicionava e procurava alcançar: era o
conhecimento de Jesus Cristo, seu Senhor, uma familiaridade experimental e
confiante com Cristo como Senhor; não meramente imaginário e especulativo, mas
um conhecimento prático e eficaz dele. Assim o conhecimento é, às vezes,
colocado no lugar da fé: “... com o seu conhecimento, ou o conhecimento dele, o
meu servo, o justo, justificará a muitos” (Is 53.11).
E essa é a superioridade do conhecimento. Há uma
superioridade abundante e transcendente da doutrina de Cristo, ou da religião
cristã, acima de todo o conhecimento da natureza e progressos da sabedoria
humana; porque é adequada ao caso dos pecadores caídos e os supre com tudo de
que necessitam e tudo que podem desejar e esperar, com toda sabedoria salvadora
e graça salvadora. 2.
Ele mostra de que forma tinha desistido dos seus privilégios
como judeu e fariseu: E, na verdade; sua expressão surge com um triunfo e
elevação santos: alla men cmn ge kai. Há cinco partículas no original: tenho
também por perda todas as coisas. Ele tinha mencionado anteriormente as coisas,
seus privilégios judeus: aqui ele fala de todas as coisas, todos os prazeres
mundanos e meros privilégios exteriores, ou quaisquer coisas que pudessem estar
competindo com Cristo pelo trono em seu coração, ou se candidatassem a receber
mérito e recompensa. Ali ele tinha dito que reputava essas coisas como perda.
Mas podemos perguntar:
“Ele continuava com a mesma inclinação e não se arrependeu
por tê-las renunciado?” Não, agora ele fala no tempo presente: E, na verdade,
tenho também por perda todas as coisas. Mas pode ser dito: “E fácil dizer isso;
mas o que ele faria se chegasse diante da provação?” Pois ele nos relata que
tinha agido ele mesmo de acordo com essa estimativa do caso: “pelo qual sofri a
perda de todas estas coisas”. Ele havia renunciado a todas as suas honras e
vantagens, como judeu e fariseu, e se submetido a todas as desgraças e
sofrimentos que faziam parte do seu ministério de pregação do evangelho.
Quando
se envolveu completamente na religião cristã, arriscou tudo e sofreu a perda de
todas as coisas pelos privilégios de ser um cristão. Não, ele não só as reputava
perda, mas esterco, skybala — restos lançados aos cachorros; elas não são
apenas menos valiosas do que Cristo, mas completamente desprezíveis, quando
estão em concorrência com Ele. Observe: O Novo Testamento nunca fala da graça
salvadora em termos de diminuição, mas, pelo contrário, a representa como o
fruto do Espírito divino e a imagem de Deus na alma do ser humano; como uma
natureza divina, e a semente de Deus. E a fé é chamada fé preciosa; e a
mansidão é preciosa diante de Deus (1 Pe 3.4; 2 Pe 1.1ss.).
O
Interesse, Esperança e Alvo do Apóstolo - vv. 9-14
Temos visto ao que o apóstolo renunciou; vamos ver agora ao
que ele resolveu se apegar, a saber, a Cristo e ao céu. O seu coração estava
amoldado a essas duas grandes verdades do cristianismo.
O apóstolo tinha o seu coração voltado para Crista e para
sua justiça. Isso é ilustrado em diversos exemplos: Ele desejou ganhar a Cristo; ele se
consideraria um beneficiário indescritível se tivesse interesse apenas em
Cristo e em sua justiça e se Cristo se tornasse seu Senhor e Salvador. “...para
que possa ganhar a Cristo”; como o corredor ganha o prêmio ou o marinheiro
alcança o porto desejado. A expressão sugere que precisamos esforçar-nos por
Ele e buscá-lo, e tudo isso não é suficiente para ganhá-lo. Para que “... seja achado nele” (v. 9), como o
homicida involuntário era achado na cidade do seu refúgio, onde estava seguro
do vingador do sangue (veja Nm 35.25). Ou esse texto pode estar aludindo a um
comparecimento judicial; assim precisamos ser achados em paz pelo nosso Juiz (2
Pe 3.14). Estamos aniquilados sem a justiça pela qual aparecemos diante de
Deus, porque somos culpados.
Há uma justiça preparada para nós em Jesus Crista, e essa é
uma justiça completa e perfeita. Ninguém pode ser beneficiado por ela a não ser
aqueles que se desvencilham da confiança própria e são levados sinceramente a
crer nele. “Não tendo a minha justiça que vem da lei. Não devo pensar que
minhas práticas exteriores e boas obras sejam capazes de expiar as minhas más
obras, ou que ao colocar as boas obras ao lado das más posso vir a equilibrar
as contas com Deus. Não, a justiça da qual dependo é essa que vem pela fé em
Cristo, não uma justiça legal, mas uma justiça evangélica, a saber a justiça
que vem de Deus, pela fé, determinada e conferida por Deus”. O Senhor Jesus
Cristo é o Senhor da nossa justiça (Is 45.24; Jr 23.6).
Se Jesus não fosse Deus, não poderia ser a nossa justiça; a
excelência transcendente da natureza divina colocou esse tipo de valor e
virtude nos seus sofrimentos, para que se tornassem suficientes para pagar os
pecados do mundo e para produzir uma justiça que seja eficaz para todos que
crêem. Até é o meio estabelecido do interesse verdadeiro e do beneficio
salvífico pela compra do seu sangue. E “...pela fé no seu sangue” (Rm 3.25). 3.
Para que possa conhecer a Crista (v. 10): “...para conhecê-lo, e a virtude da
sua ressurreição, e a comunicação de suas aflições”. A fé é chamada de
conhecimento (Is 53.11). Conhecê-lo aqui significa crer nele: esse é um
conhecimento experimental da virtude da sua ressurreição e a comunicação de
suas aflições, ou sentir a eficácia e virtude delas.
Observe: O apóstolo era tão desejoso de ser santificado
quanto de ser justificado. Ele tinha tanto desejo de conhecer o poder da morte
de Crista e da ressurreição destruindo o pecado nele, e elevando-o à novidade
de vida, quanto tinha de receber o beneficio da morte e ressurreição de Crista
em sua justificação. 4. Para que possa ser feito conforme Ele, e isso também se
refere à sua santificação. Somos então feitos conforme a sua morte quando
morremos para o pecado, como Cristo morreu pelo pecado, quando somos
crucificados com Cristo, e a carne e suas tendências são mortificadas:
“...o mundo está crucificado para nós e nós, para o mundo,
por meio da cruz de Cristo” (veja Rm 6.14). Essa é nossa conformidade com a sua
morte.
O apóstolo tinha o seu coração voltado para o céu e a sua
felicidade: “.. para ver se, de alguma maneira, eu possa chegar à ressurreição
dos mortos” (v. 11).
1. A
felicidade do céu é aqui chamada de ressurreição dos mortos,
porque, embora a alma do fiel, quando parte, esteja imediatamente com Cristo,
no entanto, sua felicidade não será completa até a ressurreição geral dos
mortos no último dia, quando a alma e o corpo serão glorificados juntos.
Anastasis às vezes significa o estado futuro. O apóstolo tinha os seus olhos
voltados para isso; esse era o seu objetivo.
Haverá uma ressurreição dos injustos, que ressuscitarão para
vergonha e desprezo eterno (veja Dn 12.2); devemos cuidar para escapar dela:
mas a ressurreição alegre e gloriosa dos santos é chamada de a ressurreição,
kat’ exochen — por eminência, porque isso ocorre por meio da ressurreição de
Cristo, como sendo a cabeça e os primeiros frutos; ao passo que os ímpios
ressuscitarão somente pelo poder de Cristo, como seu juiz. Para os santos será,
de fato, uma ressurreição, um retorno para a felicidade, para a vida e para a
glória; ao passo que a ressurreição dos ímpios é um levantar do túmulo, apenas
um retorno para a segunda morte. Ela é chamada de ressurreição dos justos e de
ressurreição da vida (Jo 5.29), e os verdadeiros cristãos são considerados “...
dignos de alcançar o mundo vindouro e a ressurreição dos mortos” (Lc 20.35).
2. O
apóstolo estimula aqui essa ressurreição alegre. Ele
estava disposto a fazer qualquer coisa, ou sofrer qualquer coisa, para obter
essa ressurreição. A esperança e perspectiva dela o enchiam de coragem e
constância através de todas as dificuldades que enfrentava no seu trabalho. Ele
fala como se eles estivessem correndo o risco de perder ou não alcançar essa
ressurreição. Um medo santo de não alcançar a ressurreição é um excelente
motivo para exercer a perseverança. Considere isso: Seu cuidado para ser
encontrado em Cristo tinha como objetivo obter a ressurreição dos mortos. Paulo
não esperava obtê-la por meio dos seus próprios méritos e justiça, mas por meio
do mérito e da justiça de Jesus Cristo. “Permite-me ser achado em Cristo, para
que eu possa obter a ressurreição dos mortos, ser achado um crente nele e
interessado nele pela fé”. Observe:
(1) Ele
reconhece seu estado de imperfeição e provação: “Não
que já a tenha alcançado ou que seja perfeito” (v. 12). Observe: As melhores
pessoas do mundo vão prontamente reconhecer sua imperfeição no estado presente.
Ainda não alcançamos a perfeição; ainda não somos perfeitos; ainda há muita
deficiência em todos os nossos deveres, graças e confortos. Se Paulo não tinha
alcançado a perfeição (ele que tinha atingido um grau tão elevado de santidade),
muito menos temos nós.
Novamente: “Irmãos, quanto a mim, não julgo que o haja
alcançado” (v. 13), ou logizomai. “Faço esse julgamento do caso; raciocino
dessa forma comigo mesmo”. Observe:
Aqueles que acham que têm graça suficiente provam que não
têm graça suficiente, ou melhor, que não têm graça nenhuma; porque, onde há a
verdadeira graça, aí há um desejo por mais graça e uma necessidade para
alcançar a perfeição da graça.
(2) As
ações do apóstolo diante dessa convicção. Considerando que ele ainda
não tinha alcançado, ele continuava avançando: “Mas prossigo (v. 12), dioko —
continuo com vigor, como alguém que deseja ganhar o prêmio. Esforço-me para
alcançar mais graça e fazer mais bem e nunca pensar que já fiz o suficiente:
para alcançar aquilo para o que fui também preso por Cristo Jesus”. Observe:
[1] De onde vem a nossa graça? De estarmos presos por Cristo Jesus.
A nossa felicidade e salvação não estão no fato de
alcançarmos a Cristo primeiro, mas de Ele nos alcançar. “Nós o amamos porque
ele nos amou primeiro” (1 Jo 4.19). A nossa segurança não está no fato de
conquistarmos a Cristo, mas de Ele nos conquistar. “. .. mediante a fé, estais
guardados na virtude de Deus, para a salvação” (1 Pe 1.5). Considere então: O
que é a felicidade do céu? E alcançar aquilo para o que fomos também presos por
Cristo. Quando Cristo nos alcançou, foi para nos levar ao céu; e alcançar
aquilo para o que Ele nos alcançou é obter a perfeição da nossa felicidade. Ele
acrescenta (v. 13). . uma coisa faço (esse era seu grande cuidado e
preocupação), e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam e avançando
para as que estão diante de mim”. Existe um esquecimento pecaminoso de pecados
passados ou misericórdias passadas, que precisam ser lembrados para o exercício
do arrependimento constante e da gratidão a Deus. Mas Paulo esqueceu as coisas
que estavam para trás porque não estava contente com a medida atual da graça:
ele queria mais e mais.
Assim ele epekteinomenos — estendeu-se para a frente,
dirigindo-se para o seu alvo. Este é um indicativo de uma preocupação intensa.
(3) O
alvo do apóstolo: “prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de
Deus em Cristo Jesus” (v. 14). Ele seguia firme em direção ao
alvo. Assim como aquele que corre uma corrida e nunca desiste antes do final,
mas continua seguindo em frente o mais rapidamente possível, assim aqueles que
têm o céu em mente devem continuar seguindo em frente com desejos santos e
esforços e preparativos constantes. Quanto mais preparados estivermos para o céu
mais rapidamente deveremos seguir em frente. O céu é chamado aqui de alvo,
porque é isso que cada cristão genuíno tem em vista, semelhante- mente ao
arqueiro que mantém os seus olhos fixos no alvo que deseja acertar. Feio prêmio
da soberana vocação.
Observe: O chamado cristão é uma soberana vocação. Sua
fonte é do céu e seu destino é o céu.
O céu é o prêmio da soberana vocação; to brabeion — o prêmio
pelo qual lutamos, e corremos, e combatemos, o que alvejamos em tudo que
fazemos, e o que recompensará todos os nossos esforços. Manter os nossos olhos
no céu é muito proveitoso na caminhada cristã. Isto serve de norte para tudo
que fazemos e para nos vivificar em cada passo que damos; ele é de Deus, de
quem devemos esperá-lo. A vida eterna é
o dom gratuito de Deus (Rm 6.23), por meio de Cristo Jesus; ela deve vir a nós
por meio da sua mão. O único caminho para o céu é por intermédio de Cristo.
Advertências
e Exortações = vv. 15,16
O apóstolo, tendo se colocado como exemplo, estimula os filipenses
a segui-lo. Que tenhamos o mesmo sentimento do bendito Paulo. Vemos aqui qual
era o seu sentimento; vamos ter a mesma opinião e firmar nosso coração em Cristo
e no céu, como ele fez.
Ele mostra que essa era a coisa com a qual todos os cristãos
genuínos estavam de acordo, ou seja, de fazer de Cristo tudo neles e firmar seu
coração em outro mundo. Embora os cristãos genuínos possam divergir em seus
sentimentos acerca de outras coisas, nisto eles concordam, ou seja, que Cristo
é tudo nos cristãos, que ganhar a Crista e ser achado nele envolve nossa
felicidade tanto aqui quanto na vida futura. E, portanto, vamos andar de acordo
coma mesma regra e ter o mesmo sentimento.
Tendo tornado Cristo tudo em nós,
para nós o viver é Cri sto. Vamos concordar em avançar para o alvo e tornar o
céu o nosso destino. 2. Essa é uma boa razão para que os cristãos que diferem
em questões menores suportem uns aos outros, uma vez que estão de acordo quanto
à questão principal: “... se sentis alguma coisa doutra maneira — se vós
diferis uns dos outros e não tendes a mesma opinião em relação a comidas e
dias, e outras questões da lei judaica —, no entanto não julgueis uns aos
outros, enquanto todos se encontram em Cristo como seu ponto essencial, e
esperam encontrar-se em breve no céu como seu lar.
Quanto a outras questões de
diferenças, não coloqueis grande ênfase nelas, pois também Deus vo-lo revelará.
Independentemente das questões em que difirais, esperai até que Deus vos dê uma
melhor compreensão, o que Ele fará no seu devido tempo. Entrementes, naquilo a
que Chegastes, vós deveis estar em harmonia em relação aos caminhos de Deus,
estar unidos em todas as grandes coisas nas quais estais de acordo, e esperar
por mais luz nas coisas menores em que diferis”.
O
Apóstolo Recomenda seu Próprio Exemplo - vv. 17-21
Ele termina o capítulo com advertências e exortações.
Ele os adverte para que não sigam os exemplos de mestres
maus e enganadores (vv. 18,19): “Porque muitos há, dos quais muitas vezes vos
disse e agora também digo, chorando, que são inimigos da cruz de Cristo”.
Observe:
1. Há
muitos que se dizem cristãos, mas que são inimigos da cruz de Cristo e do
desígnio e dos propósitos dela. O caminho deles mostra
claramente o que de fato são. “por seus frutos os conhecereis” (Mt 7.20). O
apóstolo adverte as pessoas contra esse tipo de pessoas: (1) Com muita
freqüência: .. muitas vezes vos disse”. Nós damos tão pouca importância às
advertências feitas a nós que temos necessidade de ouvi-las repetidas vezes.
“.. escrever-vos as mesmas coisas” (v. 1). (2) De maneira comovida e afetuosa:
“...agora também digo, chorando”.
Paulo, em ocasiões apropriadas era um pregador choroso, da
mesma forma que Jeremias foi um profeta choroso. Observe: Um velho sermão pode
ser pregado com uma paixão renovada; o que pregamos com freqüência pode-se
pregar novamente, se o fizermos de maneira amorosa e estivermos debaixo do
poder dessas palavras.
2. Ele
nos apresenta o caráter daqueles que eram inimigos da cruz de Cristo. (1)
Cujo deus é seu ventre. Eles só se importavam com os seus apetites sensuais. E
um ídolo abominável e um escândalo para qualquer pessoa, especialmente para os
cristãos, sacrificar o favor de Deus, a paz da nossa consciência e sua
felicidade eterna. Glutões e beberrões fazem do ventre o seu deus e buscam de
todas as formas agradar e cuidar dele. A mesma atenção que pessoas boas dão a
Deus os sensualistas dão aos seus apetites.
A respeito deles, o apóstolo diz: Eles “não servem a nosso
Senhor Jesus Cristo, mas ao seu ventre” (Rm 16.18). (2) Eles se gloriam em sua confusão.
Eles não somente pecavam, mas se vangloriavam das coisas de que deveriam se
envergonhar. O pecado é a vergonha do pecador, especialmente quando se gloria
nele. “Eles estimam aquilo que é o defeito e a vergonha deles”. (3) Eles se
ocupam com coisas terrenas. Cristo veio por meio da cruz para crucificar o
mundo para nós e nós para o mundo; e aqueles que se ocupam com coisas terrenas
agem diretamente contra a cruz de Cristo e o grande desígnio dela. Eles se
agradam de coisas terrenas e não têm nenhum prazer nas coisas que são
espirituais e celestiais. Eles colocam seu coração e paixão nas coisas
terrenas; eles as amam, e chegam a idolatrá-las e têm confiança e satisfação nelas.
Ele apresenta esse caráter para mostrar quão absurdo seria para os cristãos
seguir o exemplo de tais pessoas ou ser conduzidos por elas; e, para nos
dissuadir de fazê-lo, ele apresenta o destino delas. (4) Cujo fim é a perdição.
O caminho parece agradável, mas morte e inferno estão no fim
dele. “E que fruto tínheis, então, das coisas de que agora vos envergonhais?
Porque o fim delas é a morte” (Rm 6.21). E perigoso segui-los, embora estejam
indo junto com a correnteza; porque, se escolhermos o caminho deles, temos
motivos para temer o fim. Talvez ele esteja fazendo alusão à completa
destruição da nação judaica.
Ele se apresenta a si mesmo e a seus irmãos como exemplos,
em oposição a esses maus exemplos: “Sede também meus imitadores, irmãos, e
tende cuidado, segundo o exemplo que tendes em nós” (v. 17).
Observem e sigam o exemplo deles. Ele faz a descrição de si
mesmo pela consideração que tem por Cristo e o céu: “Mas a nossa cidade está
nos céus” (v. 20). Considere isso: Cristãos genuínos, mesmo enquanto estão aqui
na terra, têm sua cidade, ou pátria, nos céus. Sua cidadania está ali,
politeuma. Como se tivesse dito: Continuamos ligados àquele mundo e somos
cidadãos da Nova Jerusalém.
Este mundo não é o nosso lar, mas aquele é. Lá estão os
nossos maiores privilégios e interesses. E, uma vez que nossa cidadania está
lá, nossa pátria está lá. Pelo fato de estarmos unidos àquele mundo, mantemos
uma harmonia com ele. A vida de um cristão está no céu, onde está o seu
Salvador, e onde ele espera estar em breve; ele pensa nas coisas que são de
cima; e onde estiver o seu coração lá estará a sua cidade. O apóstolo tinha
insistido em que seguissem a ele e aos outros ministros de Cristo: “Por quê”,
eles podiam perguntar, “se vocês são um grupo de pessoas pobres, desprezadas e
perseguidas, e não têm nenhuma aspiração no mundo; quem seguirá vocês?”“Não”,
ele diz, “mas a nossa cidade está nos céus.
Temos uma relação próxima e uma grande ambição em relação ao
outro mundo, e não somos tão insignificantes e desprezíveis como somos
retratados. E bom ter comunhão com aqueles que têm comunhão com Cristo, e
relação com aqueles cuja cidade está nos céus.
1.
Porque esperamos o Salvador do céu (v. 20): donde também esperamos
o Salvado o Senhor Jesus Cri sto. Ele não está aqui, mas ressuscitou, Ele
entrou por trás do véu por nós; e esperamos sua segunda vinda desde então, para
reunir todos os cidadãos dessa Nova Jerusalém com Ele.
2.
Porque na segunda vinda de Cristo esperamos ser felizes e glorificados ali. Existe
um bom motivo para termos nossa cidadania no céu, não somente porque Cristo
está lá agora, mas porque esperamos estar lá em breve: que transformará o nosso
corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso (v. 21). Existe uma
glória reservada para o corpo dos santos, que será deles na ressurreição. O
corpo agora, no melhor das hipóteses, é um corpo abatido, to soma tes
tapeinoseos hemon — o corpo da nossa humilhação: esse corpo tem sua origem da
terra, é sustentado fora da terra e está sujeito a muitas doenças e à morte no
final. Além disso, ele com freqüência é motivo e instrumento de muito pecado, e
é chamado de o “... corpo desta morte” (Rm 7.24). Ou pode-se entender a sua
humilhação quando na sepultura. Na ressurreição, esse corpo será um corpo
abatido, decomposto à podridão e ao pó; “... o pó volte à terras como o era”
(Ec 12.7). Mas ele será transformado em um corpo glorioso; e não somente
ressuscitado para a vida, mas ressuscitado para obter grandes vantagens.
Observe:
(1) A prova dessa mudança, isto é, o corpo glorioso dessa
mudança; quando Ele foi transfigurado no monte, “... o seu rosto resplandeceu
como o so4 e as suas vestes se tornaram brancas como a luz” (Mt 17.2).
Ele foi para o céu cingido de um corpo, para tomar posse da
herança em nossa natureza, e não ser somente o primogênito dentre os mortos,
mas o primogênito dos filhos da ressurreição. Seremos “...conformes à imagem de
seu Filho, afim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos” (Rm 8.29).
(2) O poder que será usado para operar essa mudança: “... segundo o seu eficaz
poder de sujeitar também a si todas as coisas”. Existe uma eficácia do poder,
uma “...sobreexcelente grandeza do seu poder”, e a “... operação da forçado seu
poder” (Ef 1.19).
E uma questão de consolo saber que Ele pode sujeitar todas
as coisas a si, e mais cedo ou mais tarde converter todas as coisas para o seu
beneficio. E a ressurreição será efetuada com o seu poder. “... eu o
ressuscitarei no último Dia” (Jo 6.44). Que isso confirme a nossa fé na
ressurreição, pois não somente temos as Escrituras, que nos asseguram que isso
ocorrerá, mas também conhecemos o poder de Deus, que pode efetuá-lo (Mt 22.29).
Como a ressurreição de Cristo foi um exemplo glorioso do
poder divino, e, portanto, Ele foi declarado Filho de Deus em poder pela
ressurreição dos mortos (Rm 1.4), assim será a nossa ressurreição: e sua ressurreição
é uma evidência permanente, bem como um padrão, da nossa ressurreição. E então
todos os inimigos do reino do Redentor serão completamente conquistados. Não
somente aquele “...que tinha o império da morte”, isto é, o diabo (Hb 2.14),
mas o “último inimigo será aniquilado”, isto é, a morte (1 Co 15.26), ela
“...será tragada na vitória” (cap. 15.54).
Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus
Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério
Belém Em Dourados – MS
BIBLIOGRAFIA
Comentário Bíblico
Mathew Henry - Novo Testamento Edição
Completa
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