O QUE É EVANGELIZAÇÃO
TEXTO
ÁUREO = “Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda
criatura”
(Mc
16.15).
VERDADE
PRÁTICA = A Igreja de Cristo não pode enclausurar-se dentro
dos templos, mas deve cumprir sua missão por toda parte, onde os pecadores estão
Leitura
Bíblica = Marcos 16.9-20
INTRODUÇÃO
Tentaremos agora responder, a partir das Escrituras,
as quatro seguintes questões referentes à responsabilidade do cristão quanto à
evangelização. O que é evangelização? Qual é o conteúdo da mensagem evangelística?
Qual o motivo para evangelizar? Quais são os meios e os métodos que deveriam
ser praticados na evangelização?
I. O que é
evangelização?
Poderíamos esperar que os cristãos evangélicos não
precisassem mais perder o seu tempo discutindo esta questão. Levando em conta a
ênfase que os evangélicos, sempre e com toda a razão, costumam atribuir à
supremacia da evangelização, seria natural presumir que todos estamos
perfeitamente de acordo sobre o que é evangelização. Todavia, de fato, muito da
confusão nos debates dos dias de hoje sobre a evangelização surge em
decorrência da falta de concordância quanto a este ponto. A raiz de toda esta confusão pode ser expressa
em uma só sentença. Encontra-se ela em nosso mais comum e persistente hábito de
definirmos o evangelização em termos, não de uma mensagem anunciada, mas de um
efeito produzido em nossos ouvintes.
Note, a título de ilustração, a famosa definição de
evangelização que o Comitê de Arcebispos (da Igreja Anglicana) apresentou no
seu relatório sobre a obra evangelística realizada pela Igreja, em 1918. "Evangelizar",
declarou o Comitê, "é apresentar a Cristo Jesus no poder do
Espírito Santo, de tal forma que os homens venham depositar a sua confiança em
Deus, por meio dele, e venham a aceitá-lo como o seu Salvador e servi-lo como o
seu Rei na comunhão da sua Igreja."
Esta é uma excelente definição em vários sentidos.
Ela declara de forma admirável o objetivo e propósito do empreendimento
evangelístico, e elimina muitas ideias inadequadas e enganosas a este respeito.
Ela deixa claro, para começar, o fato de que evangelizar significa declarar
uma mensagem específica.
Segundo esta definição, evangelização não significa
meramente ensinar verdades gerais sobre a existência de Deus ou a lei moral;
evangelizar significa apresentar a Jesus Cristo, o Filho divino que se
tornou homem em um ponto particular da história do mundo, a fim de salvar uma
raça arruinada.
De acordo com esta definição, evangelizar tão pouco
significa meramente apresentar os ensinamentos e exemplo do Jesus histórico, ou
até mesmo a verdade sobre a sua obra salvadora; evangelização significa apresentar
a Jesus Cristo em pessoa, o Salvador que vive e o Senhor que reina. Nem tão
pouco, de acordo com esta definição, significa meramente apresentar o Jesus
vivo, como Auxiliador e Amigo, sem qualquer referência à obra salvadora de
Jesus na cruz; evangelização significa apresentar a Jesus como o
Cristo, o servo ungido de Deus, que cumpriu as tarefas de seu ofício, como
Sacerdote e Rei. "O homem Jesus Cristo", deve ser apresentado como o "único
mediador entre Deus e os homens", que "morreu, uma única vez, pelos
pecados...para conduzir-vos a Deus".
Aquele por meio de quem, e exclusivamente
através de quem, os homens podem vir a colocar a sua confiança em Deus, de
acordo com a sua declaração acerca de si mesmo: "Eu sou o caminho, e a
verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.” Ele deve ser proclamado
como o Salvador, o Único que "veio ao mundo para salvar os
pecadores", e que nos "resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele
próprio maldição em nosso lugar” - "Jesus, que nos livra da ira vindoura.”
E ele deve ser apresentado como Rei: "Foi precisamente para esse fim que
Cristo morreu e ressurgiu: para ser senhor tanto de mortos como de vivos. Não
há evangelização onde esta mensagem específica não é declarada.
Esta definição, mais uma vez, levanta a questão de
que evangelizar significa declarar esta mensagem específica, com uma
aplicação especifica. De acordo com esta definição, não estaremos
praticando evangelização algum, enquanto apresentarmos a Cristo Jesus como um
assunto para estudo crítico e comparativo isolado. Segundo esta definição,
evangelização significa apresentar a Cristo Jesus e sua obra em relação às
necessidades de homens e mulheres decaídos, que estão distantes de Deus como
Pai e sob a ira de Deus como Juiz. Evangelização significa apresentar-lhes
Cristo Jesus como sua única esperança neste mundo ou no vindouro.
Evangelização significa exortar os pecadores a aceitarem
a Cristo Jesus como o seu Salvador, fazendo-os reconhecer que, sem
ele, estarão, no sentido mais extremo e abrangente, literalmente perdidos. E
tem mais.
Evangelização também significa convocar as pessoas a
receberem a Cristo Jesus, com tudo o que ele é -Senhor, bem como Salvador - e
portanto, servir a ele como o seu Rei na comunhão de sua Igreja, que é a
comunidade daqueles que o servem, testemunham e trabalham para ele aqui na
terra. Em outras palavras, evangelizar significa emitir uma convocação para a
conversão, bem como para confiar; é a entrega, não só de um convite divino para
se receber um Salvador, mas também de uma ordem divina para arrepender-se do
pecado. E não haverá evangelização alguma onde não for feito este tipo de
aplicação específica.
A definição em pauta estabelece estes aspectos cruciais
de forma bastante adequada. Contudo ela apresenta um viés em um ponto
fundamental. Ela coloca uma cláusula consecutiva onde deveria haver uma
cláusula final. Se ela tivesse começado com: "Evangelizar é apresentar a
Cristo Jesus a pessoas pecaminosas a fim de que, por meio do poder do
Espírito Santo, elas possam depositar...", não teríamos achado nada
de errado nisso. Mas não é bem isso que se diz. O que se diz é bem diferente:
"Evangelizar é apresentar a Cristo Jesus no poder do seu Espírito Santo, de
tal forma que os homens venham a depositar..." Isto significa
definir a evangelização em termos de algum efeito alcançado na vida dos outros;
que seria o mesmo que dizer que a essência da evangelização está em produzir
convertidos.
Mas, como destacamos num momento anterior, isso não
está certo. A evangelização é obra humana, mas a fé é dom de Deus. É verdade
que, de fato, o alvo de cada evangelista é converter, e que nossa definição
expressa perfeitamente o ideal que todo evangelista sonha em ver realizado no
seu próprio ministério; acontece que a questão se alguém está evangelizando ou
não, não pode ser resolvida simplesmente perguntando se a pessoa obteve
conversões ou não. Tem havido missionários entre os muçulmanos, que trabalharam
por toda uma vida sem obter conversões. Será que isto nos obriga a concluir que
eles não estavam evangelizando? Existem pregadores não-evangélicos, através de
cujas palavras (nem sempre entendidas no sentido pretendido) algumas pessoas
foram saudavelmente convertidas.
Devemos concluir daí que estes pregadores estavam
mesmo evangelizando afinal? A resposta, certamente, será negativa em ambos os
casos. Os frutos da pregação não dependem dos desejos e intenções dos homens,
mas da vontade do Deus todo-poderoso. Esta consideração não significa que
podemos ficar indiferentes quanto a Cristo, se vemos os frutos de nosso
testemunho por Cristo ou não; se o fruto não está aparecendo, devemos buscar a
face de Deus sobre isso e descobrir o porquê. Mas esta consideração significa
que não devemos definir evangelização em termos dos resultados obtidos.
Como será, então, que poderíamos definir a
evangelização? A resposta do Novo Testamento é muito simples. De acordo com o
Novo Testamento, evangelizar significa simplesmente pregar o evangelho, as boas
novas. Trata-se de um ministério de comunicação, no qual os cristãos tornam-se
porta-vozes da mensagem de misericórdia de Deus aos pecadores. Qualquer um que
transmita fielmente esta mensagem, não importa sob que circunstâncias, em uma
grande reunião, em uma pequena conferência, de um púlpito, ou em uma conversa
particular, estará evangelizando.
Visto que a mensagem divina encontra o seu ponto
alto no momento do apelo, da parte do Criador para o mundo rebelde, a que se
converta e deposite' a sua fé em Cristo, sua transmissão significa a convocação
dos ouvintes à conversão. Se você não estiver procurando obter conversões,
neste sentido, você não estará evangelizando de fato, como já vimos
anteriormente. Mas o modo de saber se de fato você está evangelizando não é
perguntar se existem conversões conhecidas como resultado do seu testemunho. O
que se deve perguntar é se você está sendo fiel em divulgar a mensagem do
evangelho.
Para se obter um quadro completo do que o Novo
Testamento entende por evangelização, basta atentarmos para o que o apóstolo
Paulo declara sobre a natureza do seu próprio ministério evangelístico. Neste
sentido, há três aspectos a serem observados:
1.
Paulo evangelizava como um representante comissionado pelo Senhor Jesus Cristo.
A evangelização
era uma tarefa, que havia sido confiada especificamente a ele, "Porque não
me enviou Cristo para...mas para pregar o evangelho." Agora, observe bem a
maneira como ele considera a si mesmo em virtude dessa comissão. Em primeiro
lugar, ele se via como o despenseiro de Cristo: "Assim, pois, importa que
os homens nos considerem [a mim mesmo, e a meu companheiro pregador
Apolo]", escreveu ele para os coríntios, "como ministros de Cristo e
[nesta condição] despenseiros dos mistérios de Deus." "A responsabilidade
de despenseiro (isto é, uma comissão para administrar: 'uma mordomia') me é
confiada".
Paulo via-se como um escravo que foi promovido a um
cargo da mais alta confiança, como mordomo de uma casa nos tempos do Novo
Testamento, sempre ocupava esta posição; tendo sido "aprovado(s) por Deus,
a ponto de nos confiar ele o evangelho",
e pesava sobre ele agora a responsabilidade de ser
fiel, como um mordomo deve ser, cuidando bem da preciosa verdade que lhe foi
confiada (como ele mais tarde encarregaria Timóteo de fazer), e distribuí-la e
administrá-la de acordo com as instruções do seu Mestre. O fato de lhe ter sido
confiado este cargo de mordomia significava para ele, como disse aos coríntios,
que "sobre mim pesa essa obrigação; porque ai de mim se não pregar o
evangelho!" A figura do mordomo põe em relevo, assim, a responsabilidade
que Paulo tinha de evangelizar.
Além disso, Paulo se vê como um arauto de Cristo.
Quando ele se define como "designado pregador" do evangelho, o
substantivo que ele emprega é keryx, que significa um arauto, uma pessoa que
faz declarações em público, em favor de uma outra pessoa. Quando ele declara
que "nós pregamos a Cristo crucificado," o verbo por ele usado é
kerysso, que denota a atividade própria do arauto, de tornar amplamente
conhecido o que lhe foi dado para divulgar. Quando Paulo fala da "minha
pregação", e da "nossa pregação", e explica que, uma vez que a
sabedoria do mundo tornou-se o mundo ignorante de Deus, "aprouve a Deus
salvar os que crêem pela loucura da pregação", o substantivo por ele usado
é kerygma, referindo-se não à atividade da proclamação, mas à própria coisa
proclamada, à proclamação em si, à mensagem declarada. Paulo não era um
filósofo na sua própria concepção, nem se considerava um moralista, nem um dos
homens sábios do mundo, mas simplesmente o arauto de Cristo.
Seu Majestoso Mestre deu-lhe uma mensagem para
proclamar; tudo o que tinha a fazer, portanto, era entregar esta mensagem com
diligente e cuidadosa fidelidade, sem lhe acrescentar nada, nem alterar nada e
sem omitir absolutamente nada. E ele devia entregá-la, não como se fossem
brilhantes ideias de alguma personalidade, que precisassem melhorar a sua
aparência, usando maquiagem e os saltos altos da erudição da moda, com a
pretensão de fazer com que as pessoas olhassem para ela, e sim como sendo a
palavra de Deus, declarada no nome de Cristo, portadora da autoridade de
Cristo, com a pretensão de ser autenticada nos ouvintes por meio do poder
convincente do Espírito de Cristo.
"Eu, irmãos, quando fui ter convosco",
lembra Paulo os coríntios, "anunciando-vos o testemunho de Deus". Eu
fui, Paulo diz, não para dar-lhes minhas próprias ideias a respeito de algum
assunto, mas simplesmente para transmitir-lhes a mensagem de Deus. Por isso
"decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado"
- pois foi exatamente isto que Deus me enviou a dizer-lhes - e "A minha
palavra e a minha pregação (kerygma) não consistiram em linguagem persuasiva de
sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder, para que a vossa fé não
se apoiasse em sabedoria humana, e sim no poder de Deus."33 A figura do
arauto realça assim a autenticidade do evangelho de Paulo.
Em terceiro lugar, Paulo considerava-se embaixador
de Cristo. Mas o que é um embaixador? Ele é o representante autorizado de
um soberano. Alguém que não fala no seu próprio nome, mas em favor do governo
que representa, e tudo o que ele tem o dever e a responsabilidade de fazer é
interpretar, de modo fiel, a mente do governador àqueles para quem ele é
enviado. Paulo usou esta metáfora duas vezes, ambas associadas à sua obra
evangelística. Orem por mim, escreveu ele da prisão, "para que me seja
dada, no abrir da minha boca, a palavra, para, com intrepidez, fazer conhecido
o mistério do evangelho, pelo qual sou embaixador em cadeias, para que, em
Cristo, eu seja ousado para falar, como me cumpre fazê-lo."
"Deus", escreveu ele ainda, "estava em Cristo reconciliando
consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou
a palavra da reconciliação. De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo,
como se Deus exortasse por nosso intermédio. Em nome de Cristo, pois, rogamos que
vos reconcilieis com Deus. Paulo se auto denominava um embaixador porque sabia
que, sempre que ele proclamava os fatos, as promessas do evangelho e
recomendava aos pecadores receberem a reconciliação realizada no Calvário, era
a mensagem de Cristo ao mundo que ele estava declarando. A figura do
embaixador, assim, realça a autoridade que Paulo tinha, como
representante do seu Senhor.
Em sua evangelização, portanto, Paulo agia
conscientemente como o escravo e o mordomo, o porta-voz e o arauto, o orador e
o embaixador do Senhor Jesus Cristo. Consequentemente, por um lado, temos sua
constante ousadia e seu senso inabalável de autoridade diante do ridículo e da
indiferença; por outro lado, temos, contudo, a sua recusa intransigente de
adulterar a sua mensagem, a fim de adequá-la às circunstâncias.
É evidente que as duas coisas estavam associadas,
pois Paulo só podia considerar-se como falando com a autoridade de Cristo
enquanto permanecesse fiel aos termos de sua comissão, e não dissesse nada mais
nada menos do que lhe foi dado falar. Mas enquanto ele pregasse o evangelho que
Cristo lhe havia confiado, ele falava como um representante comissionado de
Cristo, e portanto poderia falar com autoridade e reivindicar o direito de ser
ouvido.
Mas a comissão de proclamar o evangelho e de fazer
discípulos, nunca foi algo restrito aos apóstolos. Nem tão pouco é algo que se
limita aos ministros da Igreja. Trata-se de uma comissão que envolve toda a
Igreja, de forma comunitária e portanto, sobre cada cristão individualmente.
Todo o povo de Deus foi enviado para agir da mesma forma que os filipenses
agiram, e brilhar "como luzeiros no mundo, preservando a palavra da
vida". Cada cristão tem, pois, o dever atribuído por Deus de tornar
conhecido o evangelho de Cristo. E cada cristão que declara a mensagem do
evangelho a qualquer colega, faz isso como embaixador e representante de
Cristo, de acordo com os termos da missão que lhe foi confiada por Deus. Esta é
a autoridade e a responsabilidade da Igreja e do cristão na evangelização.
2.
O segundo aspecto essencial da concepção que Paulo tinha do seu próprio
ministério evangelístico é consequência do primeiro.Sua
primeira tarefa na evangelização era a de ensinar a verdade sobre o Senhor
Jesus Cristo.
Como embaixador de Cristo, a primeira preocupação de
Paulo era de fazer entendida a mensagem que seu Soberano o encarregou de
entregar. Cristo me enviou, ele declarava para fazer o que? - "para pregar
o evangelho". A palavra grega empregada aqui é evangelizomai, que
significa tornar público o evangelion, que literalmente significa as "boas
novas".
Pois era isso mesmo que representava o evangelho
para Paulo. As boas novas, Paulo proclamava, chegaram ao mundo – boas novas
vindas de Deus. Isso não é comparável a nada ao que o mundo, judeu ou gentio,
jamais imaginara ou esperara, mas é algo de que todo o mundo precisa. Estas
boas novas são a "palavra de Deus", no sentido mais comum desta frase
no Novo Testamento. “A verdade", como Paulo muitas vezes a chama, é uma
revelação completa e final de tudo o que o Criador fez, e continuará a fazer,
para salvar os pecadores. Trata-se de uma completa revelação dos fatos
espirituais da vida no mundo apóstata de Deus.
E quais eram estas boas novas que Paulo pregava?
Eram as novas sobre Jesus de Nazaré. Eram as novas a respeito da encarnação, da
expiação e do reino - do berço, da cruz, da coroa - do Filho de Deus. Eram as
novas sobre como Deus "glorificou a seu servo Jesus", tornando-o
Cristo, o tão esperado "Príncipe e Salvador" do mundo. Eram as novas
sobre como Deus transformou o seu Filho em ser humano; e sobre como, enquanto
homem, Deus o tornou Sacerdote e Profeta e Rei; e sobre como, enquanto Sacerdote,
Deus também o fez sacrifício pelos pecados; e sobre como, enquanto profeta,
Deus também o tornou um Legislador para seu povo; e como, enquanto Rei, Deus
também o tornou Juiz de todo o mundo, e lhe atribuiu prerrogativas que no
Antigo Testamento são exclusivas do próprio Jeová - quais sejam, reinar até que
todo o joelho se dobre diante dele e para salvar todo aquele que invocar o seu
nome. Em suma, as boas novas eram as seguintes: que Deus realizou o seu intento
eterno de glorificar o seu Filho, exaltando-o como o grande Salvador de grandes
pecadores.
Este era o evangelho que Paulo foi enviado para
pregar. Tratava-se de uma mensagem de certa complexidade, que precisava ser
aprendida antes que pudesse ser vivida e compreendida antes que pudesse ser
aplicada. Ela precisava, portanto, ser ensinada. Assim sendo, Paulo, como o
pregador desta mensagem, teve que virar um professor.
E ele via isto como parte do seu chamado. Ele se
refere ao "evangelho, para o qual eu fui designado pregador...e
mestre". E nos conta que o ensino era fundamental para sua prática
evangelística; fala de "Cristo...o qual nós anunciamos, ... ensinando a
todo homem em toda a sabedoria". Em ambos os textos, a referência ao
ensino é explicativa da referência à pregação. Em outras palavras: é por meio
do ensino que o pregador do evangelho realiza o seu ministério. Ensinar o
evangelho é nossa primeira responsabilidade: reduzi-lo a seus pontos mais
simples, analisá-los um a um, determinar o seu sentido através de definições
positivas e negativas, mostrar como cada parte da mensagem se relaciona a todo
o resto - e continuar explicando-o até estar completamente seguro de que seus
ouvintes tenham entendido tudo muito bem.
Por isso, quando Paulo pregava o evangelho, formal
ou informalmente, na sinagoga ou nas ruas, para judeus ou para gentios, para
uma multidão ou para um só homem, o que ele fazia era ensinar - chamando a
atenção, cativando o interesse, expondo os fatos, explicando o seu significado,
resolvendo dificuldades, respondendo a objeções, e indicando como a mensagem se
aplica à vida. Lucas costuma descrever o ministério evangelístico de Paulo
mencionando que ele discutia ou debatia (dialegomai: "arrazoava" ou
"argumentava"), ou ensinava, ou persuadia (isto é,
procurava ganhar o bom senso de seus ouvintes).
Paulo mesmo se refere ao seu ministério entre os
gentios como um ministério que era, antes de mais nada, o de instrução: "A
mim ... me foi dada esta graça de pregar aos gentios o evangelho das
insondáveis riquezas de Cristo, e manifestar, qual seja a dispensação do
mistério...”É claro que na visão de Paulo, sua primeira e mais essencial tarefa
enquanto pregador do evangelho era transmitir conhecimento - fixar a verdade do
evangelho nas mentes dos homens. Para ele, ensinar a verdade era a atividade evangelística
básica, portanto, o único método correto de evangelização era o método de
ensino.
3.
O objetivo último de Paulo na evangelização era converter os seus ouvintes à fé em Cristo.A
palavra " converter", equivale, na tradução grega, a epistrepho, que
significa - e às vezes é traduzida como - "voltar-se". Consideramos a
conversão como uma obra de Deus, e ela é isso mesmo de certo ponto-de-vista;
mas é surpreendente observarmos que nas três passagens do Novo Testamento, onde
se usa epistrephono sentido transitivo de "converter" alguém
para Deus, o sujeito do verbo não é Deus, como seria de se esperar, mas um
pregador. O anjo disse acerca de João Batista: "E converterá muitos
dos filhos de Israel ao Senhor, seu Deus."
Tiago diz: "Meus irmãos, se algum entre vós se
desviar da verdade, e alguém o converter, sabei que aquele que converte
o pecador... salvará da morte a alma dele..." E o próprio Paulo diz a
Agripa como foi que Cristo lhe dissera: "eu te envio (para os gentios),
para lhes abrires os olhos e os converteres das trevas para a luz e da
potestade de Satanás para Deus", e como foi que ele obedeceu à visão
celestial, proclamando, tanto aos Judeus quanto aos gentios, que "se
arrependessem e se convertessem a Deus.” Estas passagens apresentam a conversão
de outras pessoas como a obra do povo de Deus, uma tarefa que eles devem
realizar, convocando os homens a se voltarem para Deus em atitude de
arrependimento e fé.
Quando as Escrituras falam assim da conversão e
igualmente da salvação, como uma tarefa a ser realizada pelo povo de Deus, é
claro que elas não estão colocando em questão a verdade de que, falando
corretamente, é Deus quem mais propriamente converte e salva.
O que elas estão dizendo é simplesmente que a conversão
e a salvação do próximo deve ser o objetivo almejado por todos os cristãos. O
pregador precisa empenhar-se em converter a sua congregação; a esposa deve
trabalhar para salvar o seu marido incrédulo. Os cristãos foram enviados para
converter e eles não devem se dar ao luxo, como representantes de Cristo no
mundo, de almejar nada menos do que isto. Evangelizar, portanto, não se limita
a uma simples questão de ensinar, instruir e alimentar a mente dos outros com
informações. Há mais coisas em jogo aqui.
Evangelizar inclui o esforço por induzir uma
resposta à verdade ensinada. Trata-se de uma comunicação que visa a conversão.
Não se trata de uma questão de mera informação, mas também de convite. Trata-se
de uma tentativa de ganhar, ou conquistar, ou cativar, nosso próximo para
Cristo. O nosso Senhor o compara ao trabalho do pescador.
É Paulo, novamente, o nosso modelo neste ponto. Como
vimos, Paulo via-se como alguém que foi enviado por Cristo, não apenas para
abrir as mentes dos homens, ensinando-lhes o evangelho (embora isso fosse um
pressuposto), mas também fazer com que eles se convertessem a Deus,
exortando-os e aplicando a verdade às suas vidas. Coerentemente com isso, o seu
objetivo declarado não era meramente de divulgar informações, mas de salvar os
pecadores: "com o fim de, por todos os modos, salvar alguns." Assim,
havia na sua pregação evangelística tanto instrução - que Deus estava em Cristo
reconciliando consigo o mundo", - quanto súplica - "Em nome de
Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus."
A sua responsabilidade estendia-se, não apenas ao
evangelho que ele foi encarregado de pregar e preservar, mas também em relação
às pessoas necessitadas às quais ele foi enviado para comunicá-lo, e que
estavam morrendo sem ele. Na qualidade de apóstolo de Cristo, ele era mais do
que um professor da verdade; ele era um pastor de almas, enviado ao mundo, não
para ministrar sermões aos pecadores, mas para amá-los.
Pois está certo que ele era um apóstolo, mas antes
de mais nada, ele era um cristão. Como um cristão, ele era um homem chamado
para amar o seu próximo. Isto significava simplesmente que, em toda e qualquer
situação, e por todos os meios ao seu alcance, sua tarefa era buscar o bem dos
outros.
A partir deste ponto de vista, sua comissão
apostólica de evangelizar e fundar igrejas, não representava mais do que a
maneira específica pela qual Cristo o havia chamado para cumprir a lei do amor
para com o seu próximo. Ele jamais poderia, portanto, pregar o evangelho de uma
forma áspera e insensível, colocando-o diante do seu próximo com um ar
desdenhoso de "aí está" – “é pegar ou largar", e desculpar-se
por sua indiferença para com as pessoas com base em sua fidelidade à verdade.
Tal conduta seria total falta de amor da sua parte. A sua tarefa era de
apresentar a verdade em um espírito de amor, como uma forma de expressar e
realizar o seu desejo de salvar os seus ouvintes. A atitude que caracterizava
toda a prática evangelística de Paulo era: "pois não vou atrás dos vossos
bens, mas procuro a vós outros... “Eu de boa vontade me gastarei e ainda me
deixarei gastar em prol da vossa alma."
Toda nossa própria prática evangelística deve ser
realizada neste mesmo espírito. Assim como amar o nosso próximo sugere e exige
que nós o evangelizemos, assim também a ordem para evangelizar representa uma
aplicação específica do mandamento para que amemos os outros por causa de
Cristo, e deve ser cumprido como tal.
O amor fez Paulo ser amável e afetuoso em sua
evangelização: "nos tornamos carinhosos entre vós", lembrava Paulo
aos tessalonicenses“... assim, querendo-vos muito, estávamos prontos a
oferecer-vos não somente o evangelho de Deus, mas, igualmente, a própria vida;
por isso que vos tornastes muito amados de nós." O amor também fez Paulo
ser atencioso e flexível em sua evangelização; embora ele se recusasse
categoricamente a adulterar sua mensagem só para agradar aos homens, ele fazia
tudo que era necessário em sua apresentação dela, para evitar ofender alguém ou
colocar qualquer tipo de impedimento desnecessário no caminho da aceitação e
resposta a ela por parte dos homens: "Porque, sendo livre de todos",
escreveu ele para os coríntios, "fiz-me escravo de todos, a fim de ganhar
o maior número possível.
Procedi, para com os judeus, como judeu, a fim de
ganhar os judeus; para os que vivem sob o regime da lei, como se eu mesmo assim
vivesse, para ganhar os que vivem debaixo da lei. Fiz-me fraco para com os
fracos, com o fim de ganhar os fracos. Fiz-me tudo para com todos, com o fim
de, por todos os modos, salvar alguns." Paulo procurava salvar as pessoas
e, precisamente porque ele tentava salvá-las, ele não se contentava em
meramente jogar a verdade diante da face deles; mas ele saía do seu caminho
para se colocar bem ao lado deles, passando a pensar como eles pensam, a partir
de onde eles se encontravam, dirigindo-se a eles usando termos que eles podiam
entender e, acima de tudo, evitando tudo o que pudesse fazê-los repudiar o
evangelho, e assim, por algum obstáculo no seu caminho.
Em seu zelo de manter a verdade, ele nunca perde de
vista as necessidades e reivindicações das pessoas. Seu maior alvo e objeto, em
todo seu tratamento do evangelho, mesmo no calor das polêmicas que os conceitos
contrários evocavam, nunca foi nada menos do que ganhar almas, convertendo à fé
no Senhor Jesus todos aqueles que ele considerava como os seus próximos.
Isto era evangelização segundo Paulo: sair em amor
como agente de Cristo no mundo, para ensinar aos pecadores a verdade do
evangelho, com vistas à sua conversão e salvação. Se, portanto, estamos
engajados nesta atividade, neste espírito e com este objetivo, estamos
evangelizando, independente dos meios particulares pelos quais o estamos
fazendo.
Notamos anteriormente, como a nossa concepção acaba
se tornando equivocada se definimos a evangelização em termos demasiadamente
genéricos, fazendo-nos admitir que gerar novos convertidos é nossa
responsabilidade pessoal. Gostaríamos de destacar agora que há um equívoco
oposto, que deve ser igualmente evitado; o equívoco de definir a evangelização
de forma limitada demais. Um modo de cometer este erro seria o de definir a
evangelização de forma institucional, em termos de defender algum tipo
particular de reunião evangelística, - uma reunião, digamos assim, organizada
em estilo informal, no decorrer da qual fossem dados testemunhos, cantados
hinos, e um apelo é feito no final para que se dê algum sinal externo, um
levantar da mão, ou levantar da cadeira, ou dirigir-se para a frente, indicando
que se aceitou a Cristo. Se comparássemos a responsabilidade evangelística da
Igreja, com a defesa de tais reuniões, ou a responsabilidade evangelística do
cristão com o trazer pessoas não convertidas a reuniões como esta, então
estaríamos gravemente equivocados, como veremos a partir das seguintes
considerações:
a)
Em primeiro lugar, existem muitas maneiras de levar o
evangelho perante os não convertidos com o intuito de conquistá-los, além de
convidá-los para reuniões deste tipo. Para começar, temos a evangelização
pessoal, com o qual André conquistou a Pedro, Filipe ganhou Natanael e com o
qual Paulo conquistou a Onésimo. Temos ainda o encontro nos lares e os grupos
de estudo Bíblico. Além disso, e o que é mais importante, há os cultos
dominicais regulares, que acontecem todos os domingos nas igrejas locais. Na
medida em que a pregação em nossos cultos dominicais for fiel às Escrituras,
tais cultos necessariamente serão evangelísticos. É um equívoco achar que as
pregações evangelísticas são um tipo especial de sermão, dotados de seu estilo
próprio e convenções peculiares; sermões evangelísticos não passam de sermões
bíblicos, o tipo de sermão que ninguém pode evitar de pregar, se estiver
pregando a Bíblia de forma bíblica. Sermões de verdade buscam sempre expor e
aplicar o que está escrito na Bíblia. Mas o que se encontra na Bíblia é apenas
todo o conselho de Deus para a salvação do homem. Toda a Escritura dá
testemunho de uma forma ou de outra, de Cristo, e todos temas tratados na
Bíblia estão relacionados com ele. Todo e qualquer sermão verdadeiro terá
necessariamente, portanto, que declarar de algum modo a Cristo, e assim, será
mais ou menos diretamente evangelístico.
É evidente que alguns sermões almejam a conversão
dos pecadores de forma muito mais estrita e exclusiva do que outros. Mas você não
pode apresentar o Senhor Jesus Cristo da forma cosmo a Bíblia o apresenta, como
resposta de Deus para todo o problema de relacionamento dos pecadores com ele,
sem estar sendo efetivamente evangelístico o tempo todo. "O Senhor Jesus
Cristo", disse Robert Bolton, "é oferecido mais livremente e sem
exceção a qualquer pessoa, a cada sábado, a cada sermão, quer em termos claros
e diretos quer de forma implícita ao menos." Portanto, a evangelização
torna-se algo inevitável, onde quer que a Bíblia seja pregada de forma bíblica.
E há algo terrivelmente errado em qualquer igreja, ou em qualquer ministério
humano, a que a regra de Bolton não se aplique. Se em nossas igrejas as
reuniões "evangelísticas" e sermões "evangelísticos" são
considerados como ocasiões especiais, que se destacam da ordem natural das
coisas, esta é uma flagrante denúncia contra os nossos cultos dominicais
normais. De modo que, se imaginamos que o trabalho essencial de evangelização
resume-se em organizar algum tipo especial de reunião, que se realizem, digamos
assim, fora dos horários normais de culto, isso simplesmente provaria que não
temos a mínima noção de para quê servem os nossos cultos dominicais regulares.
b)
Em segundo lugar, imagine uma igreja local, ou comunidade
de cristãos, que esteja se dedicando de todo o coração à evangelização,
aplicando todos os meios acima mencionados - abordagem pessoal, encontros nos
lares e pregação do evangelho nos cultos regulares - mas que nunca teve chance
de organizar ou participar de reuniões evangelísticas, nem de qualquer outro
tipo especial de encontro que estamos considerando. Se igualássemos o dever
cristão de evangelizar com a realização e sustento deste tipo de encontro,
teríamos que concluir que essa igreja ou comunidade, porque os evita, não está
praticando absolutamente nenhum tipo de evangelização. Mas isso seria como que
defender que não podemos considerar um verdadeiro cidadão brasileiro quem não
estiver morando em São Bernardo do Campo. E certamente seria um tanto estranho
acusar as pessoas de que não estão evangelizando, só porque elas não participam
de encontros deste tipo, dos quais, aliás, não há nenhum traço no Novo
Testamento. E será, portanto, que não havia qualquer prática de evangelização
nos tempos do Novo Testamento?
c)
Em terceiro lugar,é preciso que se diga que uma reunião ou
culto não é necessariamente evangelístico, só porque ele inclui testemunhos,
coros e um apelo, da mesma forma como ninguém será necessariamente brasileiro
só porque vive em Copacabana ou sabe tocar um samba. A pergunta que devemos
fazer para descobrir se um culto particular é evangelístico, não é se houve
algum tipo de apelo para decisão e sim, que tipo de verdade foi ensinada nele.
Se, ao que tudo indica, a pregação do evangelho foi insuficiente para um apelo
que exigisse uma resposta inteligível por parte da congregação, seria bastante
duvidoso chamarmos um encontro como esse de evangelístico.
Não estamos dizendo isso tudo para criar polêmica,
mas simplesmente com vistas à clareza de pensamento. Não é parte de nosso
propósito denegrir qualquer tipo de reunião ou campanha evangelística em si.
Não estamos sugerindo que não haja nenhum espaço para reuniões evangelísticas
especiais; coisa que, aliás, em face do excessivo paganismo do mundo moderno,
não seria muito razoável. O único ponto que estamos constatando aqui é que
temos igualmente espaço para outras formas de ação evangelística; de fato, sob
certas circunstâncias, um lugar até prioritário. Se considerarmos quantas
reuniões e séries de reuniões deste tipo Deus usou no passado, tudo indica,
numa primeira análise, que é razoável e faz sentido a ideia, de que elas
constituam uma forma normal, natural e necessária ou, na verdade, até o único
padrão de evangelização para o presente e para o futuro. Mas não podemos tirar
uma conclusão dessas. Pode haver evangelização sem estas reuniões. Elas não são
absolutamente essenciais para a prática da evangelização.
Sempre e por qualquer meio que o evangelho é
transmitido com vistas a conversão, ali você tem evangelização. A Evangelização
não deve ser definida de forma institucional, de acordo com o tipo de reunião
realizada, mas sim teologicamente, de acordo com o que está sendo ensinado e
com que propósito.
No próximo item discutiremos quais são os princípios
que devem nos guiar para estabelecermos o valor dos diferentes métodos de
evangelização, e em que medida o dever do cristão de evangelizar está de fato
envolvido nisto.
11. Qual é o conteúdo
da mensagem evangelística?
Este assunto será por nós tratados de forma bastante
sumária. Em uma palavra, o conteúdo da mensagem evangelística é o evangelho de
Cristo, e do Cristo crucificado; a mensagem do pecado do homem e da graça de
Deus, da culpa humana e do perdão divino, do novo nascimento e da nova vida por
meio do dom do Espírito Santo. Trata-se de uma mensagem composta de quatro
ingredientes essenciais:
1.
O evangelho é uma mensagem sobre Deus. Ele nos diz quem ele
é, qual o seu caráter, quais os seus padrões e o que ele requer de nós, que
somos suas criaturas. Ele nos diz que devemos, nada mais nada menos, do que a
nossa própria existência a ele, que, para bem ou para mal, estamos sempre nas
suas mãos e sob as suas vistas, e que ele nos criou para o glorificarmos e
servirmos, para anunciarmos seu louvor e vivermos para a sua glória. Estas
verdades representam o fundamento da religião teísta, e, enquanto elas não
forem compreendidas, o restante da mensagem do evangelho não parecerá nem
convincente nem relevante. Aqui, com a
declaração da completa e constante dependência do homem em relação ao seu
Criador, que começa a história cristã.
Neste ponto temos, mais uma vez, muito que aprender
com Paulo. Quando pregava para os judeus, como em Antioquia da Pisídia, ele não
sentia a necessidade de mencionar o fato de que os homens eram criaturas de
Deus; pois já podia contar com este pressuposto como ponto pacífico, pois os
seus ouvintes pautavam-se na fé do Antigo Testamento. Ele podia ir logo
falando-lhes de Cristo como o cumprimento das esperanças do Antigo Testamento.
Mas quando pregava aos Gentios, que não sabiam nada do Antigo Testamento, Paulo
tinha que começar um pouco antes, voltando ao começo. E o começo, do qual Paulo
partia nestes casos, era a doutrina da criação da parte de Deus e da
criaturalidade do homem.
Assim, quando os atenienses solicitaram que ele
explicasse o que queria dizer toda aquela sua conversa sobre Jesus e a
ressurreição, ele lhes falou, antes de mais nada, sobre Deus o Criador, e o
porquê ele criou o homem. "O Deus ...fez o mundo ... ele mesmo é quem dá
vida, respiração e tudo mais; e de um só fez toda a raça humana ... para
buscarem a Deus." Não se tratava aqui, como alguns supunham, de uma peça
de apologética filosófica, como aquela a que Paulo iria renunciar mais tarde,
mas da primeira e mais fundamental lição de fé teísta.
O evangelho começa ensinando-nos que, como
criaturas, somos absolutamente dependentes de Deus, e que ele, como Criador,
tem direito absoluto sobre nós. Somente depois de termos entendido isso,
estaremos em condições de reconhecer o que é o pecado, e somente quando
reconhecemos o que é o pecado, podemos entender as boas novas da salvação do
pecado. É necessário antes de mais nada, compreendermos o significado de chamar
a Deus de Criador, para estarmos em condições de entender o que significa falar
dele como Redentor. Falar sobre o pecado e a salvação não resultará em nada, se
não tivermos aprendido esta lição preliminar pelo menos em parte.
2.
O evangelho é uma mensagem sobre o pecado. Ele nos fala
de como foi que não alcançamos o padrão divino; como nos tornamos culpados,
corruptos e impotentes no pecado, e como estamos sob a ira de Deus agora. Ele
nos conta que a razão porque pecamos constantemente é que somos pecadores por
natureza, e que nada do que fazemos ou tentamos fazer por nós mesmos pode nos
endireitar ou nos fazer voltar a usufruir do favor de Deus. Ele nos mostra como
Deus nos vê, e nos ensina a pensar a nosso respeito da mesma forma como Deus
pensa a nosso respeito. Deste modo ele nos leva ao auto-desespero. Este
estágio, aliás, também é necessário. Enquanto não tivermos nos dado conta da
nossa necessidade de fazer as pazes com Deus, e da nossa incapacidade de
fazê-las pelas nossas próprias forças, não podemos vir a conhecer o Cristo que
nos salva do pecado.
Existe um grave perigo aqui. Todos nós já
experimentamos coisas que nos causaram insatisfação e vergonha na vida. Todos
têm uma consciência pesada devido alguma coisa em seu passado, questões nas
quais não alcançamos os padrões que estabelecemos para nós mesmos, ou que eram
esperadas pelos outros.
O perigo que corremos na nossa evangelização é de
que nos contentemos em evocar as lembranças destas coisas, fazendo as pessoas
sentirem-se incomodadas com elas, para depois descrever a Cristo como o único
que nos salva desses elementos em nós mesmos, chegando até a deixar de tocar na
questão do nosso relacionamento com Deus.
Mas esta é precisamente a questão que deve ser
levantada quando falamos sobre o pecado. Pois a própria ideia de pecado na
Bíblia é de uma ofensa contra Deus, que rompe o relacionamento do homem com
Deus. Se não reconhecermos as nossas deficiências à luz da lei e da santidade
de Deus, jamais seremos capazes de reconhecê-las como pecado. Pois o pecado não
é um conceito social; trata-se de um conceito teológico. Embora o pecado seja
cometido pelo homem e muitos pecados sejam cometidos pela sociedade, o pecado
não pode ser definido em termos, quer do homem quer da sociedade. Nunca
saberemos o que o pecado realmente é, enquanto não tivermos aprendido a pensar
nele como Deus pensa, medindo-o não segundo padrões humanos, mas de acordo com
o parâmetro da sua exigência absoluta sobre as nossas vidas.
O que é preciso que compreendamos, então, é que a
consciência pesada do homem natural não significa absolutamente o mesmo que a
convicção de pecado. Não se pode, portanto, concluir que uma pessoa está
convencida do pecado, só porque está angustiada com a sua fraqueza e as coisas
erradas que tenha praticado. A convicção de pecado não se reduz em sentir-se
miserável consigo mesmo, suas próprias falhas e a incapacidade de satisfazer as
exigências da vida. Nem seria salvadora a fé se um homem nesta condição
invocasse o Senhor Jesus Cristo somente para se acalmar, animar-se e sentir-se
confiante de novo.
Nem tão pouco estamos pregando o evangelho (embora
pudéssemos imaginar que estivéssemos), se não fizemos nada mais do que
apresentar a Cristo, como se fosse um meio de satisfação dos desejos que o
homem possa sentir. (Vocês estão certos de que são felizes? Estão se sentindo
satisfeitos? Desejam ter paz de espírito? Sentem-se fracassados? Sentem-se
cheios de si mesmos? Estão precisando de um amigo? Então venham a Cristo; ele
satisfará cada uma das suas necessidades..."- como se o Senhor Jesus
Cristo fosse uma espécie de fada madrinha ou um super-psiquiatra).
Não, precisamos ir mais longe do que isso. Pregar
sobre o pecado não significa tirar proveito das fragilidades sentidas pelas
pessoas (o truque da "lavagem cerebral"), mas de julgar suas vidas de
acordo com a santa lei de Deus. Estar convencido do pecado não significa
meramente sentir-se um completo fracasso, mas dar-se conta de que ofendeu a
Deus, a sua autoridade, e que o provocou, desafiou, e colocou-se de forma
totalmente errada com ele.
Pregar a Cristo significa anunciá-lo como o Único
que, por meio da sua cruz, é capaz de novamente corrigir a situação do homem
diante de Deus. Depositar a fé em Cristo significa confiar nele, e somente
nele, para restaurar-nos à comunhão e ao favor de Deus.
A verdade é que o Cristo real, o Cristo da Bíblia,
que se oferece a nós como Salvador do pecado e como o nosso Advogado diante de
Deus, de fato dá paz, alegria, força moral e o privilégio de sua própria
amizade a todos aqueles que confiam nele. Mas o Cristo que é apresentado e
desejado simplesmente para tornar mais fáceis a grande quantidade de
infortúnios da vida, suprindo-os com ajuda e conforto, não é o Cristo real, e
sim, um Cristo distorcido e mal interpretado -com efeito, nada mais do que um
Cristo imaginário. Se nós fazemos as pessoas olharem para um Cristo imaginário,
não temos motivo algum para esperar que elas encontrem a verdadeira salvação.
É preciso, portanto, que estejamos atentos para o
perigo de equipararmos uma consciência pesada e sentimento de infelicidade
naturais com a convicção espiritual do pecado, e assim esquivar-nos, em nossa
evangelização, da tarefa de deixar bem claro aos pecadores a verdade
fundamental acerca da condição em que se encontram - que é de alienados de Deus
pelo seu pecado e de pessoas à mercê da sua condenação, hostilidade e ira, de
modo que sua primeira necessidade é a de restauração do relacionamento com ele.
Poderíamos nos perguntar agora o seguinte: quais são
os sinais da verdadeira convicção do pecado, como distinta da mera consciência
natural pesada, ou do mero desgosto na vida, que qualquer pessoa desiludida
pode sentir?
Os
sinais parecem ser ao todo três:
a)
A convicção de pecado é essencialmente a consciência de um relacionamento
errado com Deus: não apenas com o nosso vizinho, ou com a
própria consciência e ideais que cultivamos para conosco mesmos, mas com o
nosso Criador, o Deus em cujas mãos está o ar que respiramos, do qual depende a
nossa existência a cada momento. Não seria absolutamente suficiente definirmos
a convicção do pecado como um senso de necessidade, sem qualificação; não se
trata de um senso de necessidade qualquer, mas de um senso de necessidade em
particular - a saber, uma necessidade de restauração da nossa comunhão com
Deus.
Trata-se da compreensão de como a pessoa está agora.
Ela está em um relacionamento com Deus que só pode expressar rejeição,
vingança, ira e sofrimento para o presente e para o futuro; e uma compreensão
de que este tipo de relacionamento é intolerável e que não podemos mantê-lo sob
hipótese alguma, e conseqüentemente, um desejo de que ele seja mudado a todo o
custo e em quaisquer condições. A convicção do pecado pode estar centrada na
nossa consciência de culpa diante de Deus, ou então, da nossa impureza aos seus
olhos, ou da nossa rebelião contra ele, ou da nossa alienação e estranhamento
dele, mas sempre teremos a consciência da necessidade de acertar as coisas, não
só conosco mesmos ou com as outras pessoas, mas com Deus.
b)
A convicção de pecado sempre inclui a convicção de pecados: um
senso de culpa por erros particulares cometidos aos olhos de Deus, dos quais
devemos retornar e sermos libertos, se quisermos sempre estar de bem com Deus.
Foi assim que Isaías conscientizou-se especificamente dos pecados da língua e
Zaqueu do pecado de extorsão.
c)
A convicção de pecado sempre inclui convicção da pecaminosidade: uma
consciência da nossa corrupção e perversidade total aos olhos de Deus e da
consequente necessidade do que Ezequiel chamou de um "novo coração",
e nosso Senhor de novo nascimento, isto é, uma recriação moral. Assim, o autor
do Salmo 51 - tradicionalmente tido como Davi, convencido do seu pecado com
Bate-Seba- não se limita a confessar transgressões particulares (versos 1-4),
mas também confessa a total depravação da sua natureza (versos 5,6), e busca
purificar-se tanto da culpa quanto da corrupção (versos 7-
10). Na verdade, talvez a forma mais breve de dizer
se uma se o seu coração está de fato falando algo parecido com a linguagem
empregada pelo salmista.
3.
O evangelho é uma mensagem acerca de Cristo -Cristo,
o Filho de Deus encarnado; Cristo, o Cordeiro de Deus, que morreu pelos
pecados; Cristo, o Senhor ressurreto; Cristo, o Salvador perfeito.
Nesta parte da mensagem, é preciso notarmos dois
pontos:
a)
Nunca devemos apresentar a Pessoa de Cristo separada da sua obra salvadora.
Diz-se, às vezes, que é a apresentação da pessoa de
Cristo muito mais do que as doutrinas a seu respeito, que faz com que os pecadores
se lancem aos seus pés. A verdade é que é o Cristo vivo que salva, e que uma
teoria da expiação, por mais ortodoxa que seja, não pode substituí-lo.
Entretanto, quando é feita esta observação, o que geralmente se sugere é que o
ensino da doutrina é dispensável na pregação evangelística, e que tudo o que um
evangelista precisa fazer é pintar um vívido retrato falado do Homem da
Galiléia, que procurou praticar o bem, e depois assegurar aos seus ouvintes que
este mesmo Jesus continua vivo para ajudá-los nas suas dificuldades. Acontece
que uma mensagem como esta dificilmente poderia ser chamada de evangelho. Na
realidade, não passaria de uma mera charada, que não serviria para nada mais do
que mistificar as coisas. Mas quem foi esse Jesus, afinal? - poderíamos
perguntar. Qual é sua posição agora? Uma pregação como esta daria margem a este
tipo de questionamento, ao mesmo tempo em que acabaria ocultando as respostas.
E isso certamente deixaria qualquer ouvinte atencioso absolutamente confuso.
Pois a verdade é que a figura histórica de Jesus
nunca fará sentido para você enquanto não souber nada sobre a encarnação-
o fato de que este Jesus era mesmo Deus, o Filho, que se fez homem para salvar
os pecadores, de acordo com o propósito eterno do seu Pai.
A vida dele também não lhe fará qualquer sentido
enquanto você não souber nada a respeito da expiação - que ele viveu como
homem, a fim de que pudesse morrer no lugar dos homens, e que a sua paixão, o
seu assassinato judicial, representou, na realidade, a sua ação salvadora de
tirar os pecados do mundo. Você também não pode falar sobre quais as condições
para ter acesso a ele agora, enquanto não souber nada acerca da ressurreição,
ascensão e das regiões celestiais- que Jesus foi ressuscitado,
entronizado e feito Rei, e que ele vive para salvar absolutamente todos os que
reconhecem o seu Senhorio. Estas doutrinas, para não falar de outras, são
essenciais ao evangelho. Sem elas não há evangelho, mas somente uma história
que é um verdadeiro quebra-cabeça sobre um homem chamado Jesus. Opor o ensino
das doutrinas sobre Cristo à apresentação da sua Pessoa é, portanto,
estabelecer divisão entre duas coisas que Deus juntou. E isso seria algo
deveras perverso, pois todo o propósito no ensino destas doutrinas através da
evangelização, é o de lançar luz sobre a Pessoa do Senhor
Jesus Cristo, e de deixar claro aos nossos ouvintes
tão somente quem é esta pessoa que desejamos que eles encontrem.
Quando, na vida social comum, desejamos que as
pessoas conheçam quem estamos lhes apresentando, nós lhes contamos alguma coisa
sobre ela, e o que ela fez; e precisamente o mesmo se aplica ao nosso caso. Os
próprios apóstolos pregavam estas doutrinas a fim de pregar a Cristo, como
indica o Novo Testamento. Pois o fato é que, se você deixar de fora estas
doutrinas, não lhe restará mais evangelho algum para pregar. De fato, sem estas
doutrinas você não teria absolutamente nenhum evangelho para pregar.
b)
Mas existe um segundo ponto, complementar a este.
Não se deve apresentar a obra salvadora
de Cristo de forma separada da sua Pessoa.
Muitos pregadores evangelísticos e praticantes da
evangelização pessoal ficaram famosos por terem cometido este equívoco. Na sua
preocupação em concentrar a sua atenção sobre a morte expiatória de Cristo,
como a única base suficiente pela qual os pecadores podem ser aceitos por Deus,
eles formulavam os seus apelos à fé salvadora nestes termos: "Creia que
Cristo morreu pelos seus pecados." O efeito de uma exposição como esta é
apresentar a obra salvadora de Cristo no passado, dissociada da sua Pessoa no
presente, como todo o objeto da nossa confiança.
Mas não é nada bíblico isolar o trabalho do
Trabalhador. O chamado para a fé jamais se expressa nestes termos em lugar
algum do Novo Testamento. O único tipo de apelo que o Novo Testamento faz é
para depositarmos a nossa fé em (en-eis) ou sobre (epi) o próprio Cristo - o
lugar certo para depositarmos a nossa confiança no Salvador vivo que morreu
pelos pecados. Estritamente falando, o objeto da fé que salva, portanto, não é
a expiação, mas o Senhor Jesus Cristo, que realizou a obra de expiação. Ao
apresentarmos o evangelho, não devemos isolar a cruz dos benefícios que ela
traz, do Cristo nela crucificado.
Pois as pessoas que usufruem os benefícios da morte
de Cristo são precisamente as mesmas que confiam na sua Pessoa, e não creem
apenas e simplesmente na sua morte salvadora, mas nele mesmo, o Salvador vivo.
"Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo", disse Paulo. "Vinde
a mim, ... e eu vos aliviarei",72 disse o nosso Senhor.
Sendo assim, uma coisa se torna imediata e
instantaneamente clara: a saber, que a questão sobre a extensão da expiação,
que está sendo bastante discutida em determinados meios, neste ponto particular
não tem ligação com o conteúdo da mensagem evangelística. Meu propósito não é o
de discutir esta questão agora; mesmo porque eu já o fiz em outra ocasião.
No presente não estou lhe pedindo para decidir, se
você pensa que é verdade ou não que Cristo morreu com o propósito de salvar
cada ser humano individualmente no passado, no presente e no futuro. Nem tão
pouco tenho a pretensão de convidá-lo para mudar de opinião sobre esta questão
agora, se é que você já não o fez. Só o que quero dizer aqui é que, mesmo que
você pense que a afirmação acima é verdadeira, sua apresentação de Cristo, na
evangelização, não deve diferir daquela de uma pessoa que pensa que ela é
falsa.
O que quero dizer é o seguinte. É óbvio que, se um
pregador acha que a afirmação: "Cristo morreu por cada um de vocês",
feita a uma congregação, não é verificável, e provavelmente nem verdadeira, ele
deveria tomar o cuidado para não declarar isso na sua pregação evangelística.
Você não encontrará afirmações como esta, por exemplo, nos sermões de um George
Whitefield ou Charles Spurgeon. Agora porém, o ponto que eu gostaria de frisar
aqui é que, mesmo que a pessoa pense que esta declaração seria verdadeira, não
é algo que ele sempre precise dizer, ou sempre tenha motivo para mencioná-la
quando pregar o evangelho. Pois pregar o evangelho, como acabamos de ver,
significa convidar os pecadores a virem até Jesus Cristo, o Salvador vivo, que,
em virtude de sua morte expiatória, está em condições de perdoar e salvar todos
aqueles que depositam a sua confiança nele.
O que é preciso que se diga a respeito da cruz,
sempre que pregarmos o evangelho, é simplesmente que a morte de Cristo é a
razão pela qual nos é dado o perdão de Cristo. E isso é tudo o que precisa ser
dito. A questão da extensão designada da expiação não tem absolutamente nada a
ver com a história.
O fato é que o Novo Testamento nunca chama ninguém
ao arrependimento, por ter Cristo morrido específica e particularmente por ele.
O fundamento sobre o qual o Novo Testamento convida os pecadores a depositarem
a sua fé em Cristo é simplesmente o fato de que eles necessitam dele, que ele
se oferece a si mesmo a eles, e que aqueles que o recebem têm a garantia de
usufruir de todos os benefícios que a sua morte assegura para o seu povo. O que
é universal e abrangente no Novo Testamento é o convite à fé e à promessa de
salvação a todo aquele que crê.
Nosso trabalho na evangelização é reproduzir, da
forma mais fiel possível, a ênfase do Novo Testamento. O que será sempre errado
é tentar ir além do Novo Testamento, distorcer o seu ponto de vista ou mudar
sua ênfase. Por isso - valendo-nos neste ponto das palavras de James Denney-
"nem sequer nos passa pela cabeça separar a obra (de Cristo) daquele que a
realizou. O Novo Testamento conhece apenas um Cristo vivo, e toda a pregação
apostólica do evangelho apresenta o Cristo vivo aos homens.
Mas este Cristo vivo é o Cristo que morreu e jamais
se deve pregar sobre ele de modo separado da sua morte e do seu poder
reconciliador. É o Cristo vivo, com o mérito da sua morte reconciliadora
nele, que é o tema principal da mensagem apostólica...A tarefa do
evangelista é pregar sobre "Cristo...em seu caráter como o
Crucificado." Crer no evangelho
não significa "crer que Cristo morreu pelos pecados de todos, e portanto
pelos seus", e muito menos "crer que Cristo morreu somente pelos
pecados de algumas pessoas e, portanto quem sabe até pelos seus." Crer no
evangelho significa "crer no Senhor Jesus Cristo, que morreu pelos
pecados, e agora se oferece a Si mesmo como o seu Salvador." Eis aí a
mensagem que nós devemos levar para todo o mundo. Não temos o direito de pedir
que as pessoas depositem a sua fé em uma visão qualquer sobre a extensão da
expiação; nosso negócio é atrair a atenção das pessoas para o Cristo vivo e
apelar para que elas confiem nele.
Foi pelo fato de os dois terem entendido isso, que
João Wesley e George Whitefield podiam dar-se as mãos, no que diz respeito à
evangelização, por mais divergentes que fossem quanto a extensão da expiação.
Pois o ponto-de-vista que cada um tinha quanto a este assunto não interferia na
sua pregação do evangelho. Ambos limitavam-se a pregar o evangelho exatamente
como ele se encontra nas Escrituras: isto é, proclamar
"o Cristo vivo, com o mérito da sua morte
reconciliadora nele", oferecê-lo aos pecadores e convidar o perdido a vir
até ele e, assim, encontrar vida.
4.
Isso nos leva ao ingrediente final da mensagem do evangelho.
O evangelho é um apelo à fé e ao arrependimento.Todos aqueles que ouvem
o evangelho são chamados por Deus para se arrependerem e crerem. "
... Deus ... notifica aos homens que todos, em toda parte, se
arrependam"; disse Paulo aos atenienses. Quando seus ouvintes lhe
perguntaram, o que é que eles deveriam fazer para "realizar as obras de
Deus", nosso Senhor lhes respondeu: "A obra de Deus é esta: que creiais
naquele que por ele foi enviado." Em 1" de João 3.23, lemos:
"Ora, o seu mandamento é este: que creiais em o nome de seu Filho,
Jesus Cristo ..."
O arrependimento e a fé são apresentadas como
questões de dever pelo mandamento direto de Deus, e, portanto, toda falta de
penitência e incredulidade são identificadas no Novo Testamento como pecados
dos mais grave. Conforme indicamos acima, juntamente com estes mandamentos
universais vão as promessas universais de salvação a todos quantos os obedecem.
"Por meio de seu nome, todo aquele que nele crê recebe remissão dos
pecados.
"Aquele que tem
sede venha, e quem quiser, receba de graça a água da vida.''Porque Deus amou ao
mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele
crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Estas palavras representam
promessas que Deus cumprirá enquanto o tempo durar.
É necessário dizer que a fé não é um mero sentimento
otimista, e muito menos o arrependimento pode ser considerado um mero
sentimento de lamentação ou de remorso. Tanto a fé quanto o arrependimento são
ações, as quais envolvem o homem como um todo. A fé é mais do que apenas
acreditar; ela é essencialmente o lançar-se e descansar e a confiança nas
promessas de misericórdia que Cristo deu aos pecadores, e no Cristo que fez
tais promessas. Semelhantemente, o arrependimento significa mais do que
simplesmente entristecer-se pelo passado. Arrependimento representa uma mudança
de opinião e de atitude, representa uma vida nova que nega a si mesmo e que
serve ao Salvador, entronizado como rei, no lugar do seu próprio eu. A mera crença
sem confiança e o mero remorso sem conversão, não salvam ninguém. "Até os
demônios creem e tremem. ... mas a tristeza do mundo produz morte.
Dois
aspectos a mais precisam ser destacados:
a)
A exigência diz respeito tanto a fé quanto ao arrependimento.
Não basta tomar a decisão de dar as costas ao
pecado, abrir mão de maus hábitos e tentar pôr em prática os ensinamentos de
Cristo, tornando-se uma pessoa extremamente religiosa e fazendo todo o bem
possível aos outros. Não há boa intenção, ou decisão, ou moralidade ou
religiosidade que possa ser substituto eficiente para a fé. Martinho Lutero e
João Wesley apresentavam todas estas características muito antes de terem tido
fé. Se, entretanto, deve haver fé, deve existir um fundamento de conhecimento:
uma pessoa necessariamente precisa conhecer a Cristo, ouvir falar a respeito da
sua cruz e das suas promessas, antes que a salvação pela fé se torne uma
possibilidade para ele. É necessário, portanto que destaquemos estas coisas na
nossa apresentação do evangelho, se é que queremos levar os pecadores a
abandonar toda a sua confiança em si mesmos, e confiar totalmente em Cristo e
no poder do seu sangue remissor, a fim de torná-los aceitáveis diante de Deus.
Pois a fé não é nada mais nada menos do que isso.
b)
A exigência diz respeito tanto ao arrependimento quanto à fé.
Não basta crer que o pecador só pode ser justificado
e tornar-se aceitável através de Cristo e sua morte, e que a própria reputação
de uma pessoa é suficiente para fazer cair mais de vinte vezes sobre ela a
sentença de condenação de Deus, e que, à parte Cristo ela não tem qualquer
esperança. O conhecimento do evangelho e a fé ortodoxa nele, absolutamente não
são substitutos para o arrependimento. Se, entretanto, quisermos que haja
arrependimento é preciso, repito, que necessariamente haja também uma base de
conhecimento.
Todo ser humano precisa ter conhecimento de que,
como se coloca na primeira das noventa e cinco teses de Lutero "quando o
nosso Senhor e Mestre, Jesus Cristo, disse 'Arrependei-vos', ele estava
apelando para que a vida toda dos crentes se tornasse uma vida de
arrependimento"; e deve conhecer ainda as implicações desse
arrependimento. Mais do uma vez, Cristo chamou atenção deliberada para a
necessidade de rompimento radical com o passado, como algo relacionado ao
arrependimento. "Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a
dia, tome a sua cruz e siga-me ...quem perder a vida por minha causa, esse (mas
somente ele) a salvará." "Se alguém vem a mim e não aborrece a seu
pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs e ainda a sua própria vida
(isto é, coloca tudo isso decididamente em segundo plano de prioridade na sua
vida), não pode ser meu discípulo .... todo aquele que dentre vós não renuncia
a tudo quanto tem não pode ser meu discípulo."
O arrependimento que Cristo exige do seu povo
consiste em uma firme recusa a levantar qualquer objeção contra as
reivindicações que ele possa fazer sobre as suas vidas. Nosso senhor sabia - e
quem poderia saber melhor do que ele? – do enorme custo que os seus seguidores
teriam que assumir a fim de permanecerem fiéis a esta recusa, e permitirem que
ele agisse com eles à sua maneira, o tempo todo, e por isso ele desejava tanto
que eles encarassem de frente todas as implicações de ser um discípulo e
refletissem sobre elas, antes de se comprometerem com elas. Ele não desejava
fazer discípulos que o seguissem sob falsos pretextos. Ele não tinha interesse
algum em arregimentar vastas multidões de adeptos professos, que se dissipassem
assim que ficassem sabendo o que segui-lo realmente exigiria deles.
Portanto, precisamos dar igual destaque, em nossa
própria apresentação do evangelho de Cristo, ao custo implícito de seguir a
Cristo, e fazer com que os pecadores o encare de frente, antes de apressá-los a
responderem à mensagem do perdão gratuito. Com toda honestidade, não devemos
ocultar o fato de que perdão gratuito, em certo sentido, custará tudo; ou do
contrário nossa evangelização torna-se um tipo de conto do vigário. E onde o
conhecimento se torna ambíguo e obscuro, e portanto um reconhecimento não
realista das reais exigências que Cristo impõe, não pode haver arrependimento,
e, portanto, também não pode haver salvação.
Eis
aí o conteúdo da mensagem evangelística que fomos enviados para dar a conhecer
ao mundo.
III. Qual o motivo para
a evangelização?
Existem, de fato, duas razões que deveriam nos
estimular permanentemente à evangelização. A primeira é o amor a Deus e a
preocupação com a sua glória; a segunda, o amor ao homem e a preocupação com o
seu bem-estar.
1.
O primeiro motivo é
primário e fundamental. A principal finalidade do homem é
glorificar a Deus. O grande princípio de vida da Bíblia é: "fazei tudo
para a glória de Deus." Os homens devem glorificar a Deus obedecendo a sua
palavra e cumprindo a sua vontade revelada. Semelhantemente o primeiro e maior
mandamento é: "Amarás o Senhor, teu Deus." Quando obedecemos aos seus
mandamentos, estamos simplesmente demonstrando o nosso amor pelo Pai e pelo seu
Filho, que nos amaram tão ricamente.
"Aquele que tem os meus mandamentos e os
guarda, esse é o que me ama;" disse o nosso Senhor". Porque este é o
amor de Deus:", escreveu João, "que guardemos os seus mandamentos”.
Agora, a evangelização é uma das atividades que tanto o Pai quanto o Filho nos
mandaram cumprir. "E será ('é necessário', de acordo com Marcos) pregado
este evangelho do reino," diz Cristo, "por todo o mundo, para
testemunho a todas as nações." E, antes da sua ascensão, Cristo encarregou
os seus discípulos usando os seguintes termos categóricos: "Ide, ..., fazei
discípulos de todas as nações ..."
A este mandamento ele imediatamente acrescentou uma
promessa abrangente: "E eis que estou convosco todos os dias até à
consumação do século." O alcance desta promessa nos mostra quão extenso é
o campo de aplicação do mandamento ao qual ela está ligada. A frase "até à
consumação do século" deixa claro que o "convosco", a quem a
promessa foi dada, não se referia só e exclusivamente aos onze discípulos; esta
promessa se estende a toda a Igreja Cristã, por toda a história, toda a
comunidade da qual os onze eram, por assim dizer, os membros fundadores.
Trata-se, portanto, de uma promessa que vale para nós não menos do que para
eles, e uma promessa que, além de tudo, é também um grande conforto.
Mas se a promessa se aplica a nós, então a comissão
com a qual está associada deve estender-se igualmente a nós. A promessa foi
dada para encorajar os onze, para que não fossem esmagados pelas dimensões e
dificuldades do trabalho de evangelização mundial de que Cristo os encarregara.
Se recebemos o privilégio de nos apropriar da promessa, então é igualmente
nossa responsabilidade aceitar a comissão. O trabalho confiado aos onze é a
tarefa permanente da Igreja. E, se é a tarefa da Igreja em geral, então é a sua
tarefa e a minha tarefa em particular. Se, portanto, nós amamos a Deus e
estamos preocupados em glorificá-lo, devemos obedecer ao seu mandamento de
evangelizar.
Há outro aspecto ainda que precisamos considerar
neste pensamento. Glorificamos a Deus pela evangelização não somente porque a
evangelização é um ato de obediência, mas também porque na evangelização
contamos a todo o mundo quão grandes coisas Deus fez para a salvação dos
pecadores.
Sempre que as suas obras poderosas da graça se
tornam conhecidas, Deus é glorificado. O salmista nos exorta: "proclamai a
sua salvação, dia após dia. Anunciai entre as nações a sua glória, entre todos
os povos, as suas maravilhas.
" Para um cristão, falar aos incrédulos sobre o
Senhor Jesus Cristo e do seu poder salvador significa por si só, honrar e
glorificar a Deus.
2.
O segundo motivo que deveria nos predispor a uma evangelização assídua é o amor
ao nosso próximo e o desejo de ver os outros seres humanos salvos.O
desejo de ganhar os perdidos para Cristo deveria ser, e de fato é, a natural e
espontânea decorrência do amor que está no coração de todos aqueles que já
nasceram de novo. Nosso Senhor confirma a exigência, presente no Antigo
Testamento, de amarmos ao nosso próximo, como a nós mesmos. "Por isso,
enquanto tivermos oportunidade," escreve Paulo, "façamos o bem a
todos, mas principalmente aos da família da fé." Que maior necessidade
pode ter o ser humano do que a necessidade de conhecer a Cristo?
Que bem maior podemos fazer a qualquer ser humano do
que de lhe expor o conhecimento de Cristo? A medida em que realmente amamos ao
nosso próximo como a nós mesmos, necessariamente desejaremos que ele desfrute
da salvação que é tão preciosa para nós. Na verdade, isso não deveria ser algo
em que deveríamos pensar, quanto mais discutir. O impulso para evangelizar deveria
brotar espontaneamente em nós na medida em que reconhecemos a necessidade que o
nosso próximo tem de Cristo.
Quem é o meu próximo? Quando o intérprete da lei,
que se viu confrontado com a exigência do amor ao seu próximo, fez esta mesma
indagação ao nosso Senhor, Jesus respondeu narrando a história do Bom
Samaritano." O que esta história ensina é simplesmente isto: todo ser
humano que você encontrar e que esteja necessitado, é o seu próximo; Deus o
colocou no seu caminho para que você possa ajudá-lo e o seu negócio é revelar-se
como sendo o próximo dele, fazendo tudo o que estiver ao seu alcance para
suprir a necessidade dele, não importa qual seja. "Vai e procede tu de
igual modo", disse o nosso Senhor ao intérprete da lei. E ele nos diz o
mesmo. E o princípio se aplica a todas as formas de necessidade, tanto
espirituais quanto materiais. De modo que, quando nos achamos em contato com
homens e mulheres que estão sem Cristo e, assim encaram a morte espiritual,
devemos considerá-los como nossos próximos, e perguntar-nos o que podemos fazer
Fara tornar Cristo conhecido deles.
Devo enfatizar mais uma vez: se nós mesmos
conhecemos algo do amor de Cristo por nós, e se sentimos um pouquinho de
gratidão nos nossos corações pela graça que nos salvou da morte e do inferno,
então esta atitude de compaixão e cuidado por nossos semelhantes
espiritualmente necessitado deveria fluir de modo natural e espontâneo de
dentro de nós. Foi em relação a uma evangelização agressiva que Paulo declarou
que "o amor de Cristo nos constrange." É uma coisa trágica e
repulsiva quando os cristãos perdem o desejo, e tornam-se verdadeiramente
relutantes, de compartilhar o conhecimento precioso que têm com os outros cuja
necessidade é tão grande quanto a sua própria.
Foi natural para André, depois de ter-se encontrado
com o Messias, partir e falar ao seu irmão Simão, e a Filipe que correu levar
as boas novas ao seu amigo Natanael. Ninguém precisou dizer-lhes para fazer
isso; eles o fizeram de forma natural e espontânea, da mesma forma como natural
e espontânea uma pessoa compartilharia com a sua família e amigos qualquer
outra novidade que a tivesse afetado fortemente. Existe algo de muito errado
conosco se não consideramos natural nós mesmos agirmos desta maneira. É bom que
tenhamos clareza sobre isso.
Evangelizar é um grande privilégio; é uma coisa
maravilhosa estar em condições de falar aos outros sobre o amor de Cristo,
estando cientes de que não há nada de que eles necessitam saber mais
urgentemente, e não há nenhum conhecimento no mundo que possa lhes fazer um bem
tão grande. Não temos, portanto, porque ser relutantes e tímidos na
evangelização pessoal e individual. Pois deveríamos ficar felizes e contentes
em fazê-lo. Não deveríamos buscar desculpas para fugir da nossa obrigação, quando
se nos oferece uma oportunidade de conversar com os outros sobre o Senhor Jesus
Cristo. Se nós nos pegamos fugindo desta responsabilidade e tentando evitá-la,
temos que nos deparar com o fato de que, com isso, estamos cedendo ao pecado e
a Satanás. Se (como acontece usualmente) é o medo de ser considerado anormal e
ridículo, ou de perder a popularidade em certas rodas de amigos, que nos
impede.
É preciso que nos perguntemos, diante de Deus: Estas
coisas devem nos impedir de amar ao nosso próximo? Se for uma falsa vergonha,
que na verdade não é vergonha nenhuma, e sim orgulho mascarado, que impede a
nossa língua de dar o testemunho cristão quando estamos com outras pessoas,
precisamos fazer esta pergunta à nossa própria consciência: O que nos importa
mais, afinal - a nossa reputação ou a salvação deles?
Não podemos ser complacentes com essa gangrena de
vaidade e covardia quando sondamos assim as nossas vidas na presença de Deus. O
que precisamos fazer é solicitar a graça de verdadeiramente termos vergonha de
nós mesmos, e orar para que possamos transbordar de tal forma do amor de Deus,
que transbordemos de amor pelo nosso próximo e, dessa forma, achemos fácil,
natural e prazeroso compartilhar com ele as boas novas de Cristo.
Espero, a esta altura, que esteja ficando claro para
nós, como deveríamos considerar nossa responsabilidade evangelística. A
evangelização não é a única tarefa que o Senhor nos deu, nem tão pouco é uma
tarefa que todos são chamados a cumprir do mesmo modo. Não somos todos chamados
para ser pregadores; não são dadas a todos as mesmas oportunidades ou
habilidades comparáveis para lidar pessoalmente com homens e mulheres que
necessitam de Cristo. Mas todos nós temos o mesmo dever de evangelizar, do qual
não temos como fugir sem ao mesmo tempo com isso deixar de amar a Deus e a
nosso próximo. Para começar, todos nós podemos e devemos estar orando pela
salvação de pessoas não convertidas, particularmente da nossa família, e entre
os nossos amigos e colegas do dia a dia.
Além do mais, precisamos aprender a reconhecer as
oportunidades de evangelização que as nossas condições cotidianas oferecem, e
sermos ousados no aproveitamento delas.
O ser ousado faz parte da natureza do amor. Se você
ama alguém, fica constantemente pensando na melhor coisa que pode fazer pela
pessoa e como pode melhor agradá-la com tudo o que você planeja para ela. Se,
no caso, amamos a Deus - Pai, Filho e Espírito - por tudo o que eles fizeram
por nós, devemos reunir toda a nossa capacidade de iniciativa e empreendimento
para extrair o máximo de proveito que pudermos de cada situação para a sua
glória - e a principal maneira de fazer isso é de descobrir formas e meios de
disseminar o evangelho, obedecendo ao mandamento divino de fazer discípulos por
todos os lugares. Similarmente, se amamos nosso próximo, reuniremos toda a
nossa capacidade de iniciativa e empreendimento para encontrar formas e meios
de lhe fazer bem.
E a principal maneira de lhe fazer algo de bom é
compartilhar com ele o nosso conhecimento de Cristo. Assim, se amamos a Deus e
ao nosso próximo, evangelizaremos e seremos ousados em nossa evangelização. Não
nos perguntaremos com relutância quanto devemos fazer neste campo, como se
evangelizar fosse uma tarefa desagradável e pesada. Não perguntaremos ansiosamente
qual o mínimo de esforço que devemos fazer, em termos de evangelização, que
agradará a Deus. Mas perguntaremos avidamente e com toda sinceridade pediremos
para que ele nos mostre quanto podemos fazer para disseminar o conhecimento de
Cristo entre os homens; e uma vez que estivermos cientes das nossas
possibilidades, nos entregaremos de todo o coração a esta tarefa.
Há, contudo, mais um aspecto que necessita ser
acrescentado a isso, para evitar que o que dissemos até aqui seja mal aplicado.
Não podemos jamais esquecer que o espírito empreendedor que se exige da nossa
parte na evangelização, refere-se ao empreendimento do amor: um empreendimento
que emana de um interesse genuíno por todos aqueles que buscamos conquistar e
de um cuidado autêntico pelo seu bem-estar, que se expressa em um respeito
genuíno por eles e em uma amizade genuína. Algumas vezes encontramos um zelo
caça escalpos na evangelização, tanto no púlpito quanto em nível pessoal, que
acaba se tornando vergonhoso e até alarmante. É vergonhoso pelo fato de não
estar refletindo amor e cuidado, nem o desejo de ajudar, mas antes arrogância,
presunção e o prazer de exercer poder sobre a vida dos outros.
É alarmante, porque acaba se expressando em um
brutal esmurrar psicológico da pobre vítima, capaz de causar enormes danos às
almas sensíveis e impressionáveis. Mas, se o amor inspira e regula o nosso
trabalho evangelístico, nos aproximaremos das outras pessoas com um espírito
diferente. Se nos preocupamos verdadeiramente com elas, e se o nosso coração
verdadeiramente ama e teme a Deus, então procuraremos apresentar Cristo a elas
de uma forma que seja, ao mesmo tempo, honrosa a ele e respeitosa a elas.
Não devemos tentar violentar a personalidade de
ninguém, ou explorar os seus pontos fracos, ou tratar com dureza seus
sentimentos. O que, sim, tentaremos fazer é mostrar-lhes a realidade da nossa
amizade e preocupação, compartilhando com elas o bem mais precioso que temos.
Este espírito de amizade e preocupação acabará transparecendo em tudo o que nós
lhes dissermos, quer seja do púlpito quer em particular, não importa quão
drásticas e avassaladoras possam ser as verdades que nós lhes estivermos
dizendo.
Há um livro clássico sobre evangelização pessoal de
C. G. Trumbull, intitulado Taking Men Alive (Capturando os Homens Vivos). No
terceiro capítulo deste livro, o autor nos conta a respeito de uma regra que o
seu pai, H. C. Trumbull estabeleceu para si mesmo, nesta matéria.
Ele dizia o seguinte: "Toda vez que eu tenho
oportunidade de eleger o assunto da conversa com outra pessoa, o tema dos temas
(Cristo) terá um destaque especial no nosso meio, de modo que eu possa identificar
qual a sua necessidade e, se possível, satisfazê-la." As palavras chaves
aqui são: "Toda vez que eu tenho oportunidade de eleger o assunto da
conversa com outra pessoa". Elas nos lembram, primeiro, que tanto na
evangelização pessoal quanto em todas as nossas relações com nossos
semelhantes, devemos ser educados; e nos lembram, em segundo lugar, que a
evangelização pessoal normalmente deve ser baseada na amizade.
Normalmente você só terá o privilégio de escolher o
assunto de conversação com o outro, depois que já tiver dado a si mesmo em
amizade e estabelecido um relacionamento com ele, no qual ele sente que você o
respeita, está interessado nele e o trata como um ser humano e não só como
algum "caso".
Com algumas pessoas, é possível que você estabeleça
um relacionamento como este em cinco minutos, enquanto que com outras isso pode
levar meses. Mas o princípio permanece o mesmo. O privilégio de falar de forma
íntima com outra pessoa sobre o Senhor Jesus Cristo tem que ser conquistado, e
você o conquista convencendo-o de que você é seu amigo e de fato se preocupa
com ele.
Por isso a conversa longa indiscriminada, a
intromissão sem ser chamado na privacidade da alma de outras pessoas, a
insistência insensível ou exposição das coisas de Deus a estranhos relutantes
que estão mais desejosos de ir embora - este tipo de comportamento em que as
personalidades fortes e loquazes têm muitas vezes recaído em nome da
evangelização pessoal, deveria ser descartado como uma caricatura de
evangelização pessoal. Poderíamos chamar isso mais apropriadamente de
evangelização impessoal! Na verdade, a brutalidade deste tipo de
comportamento desonra a Deus; mais ainda, ele gera um ressentimento e predispõe
a pessoa contra o Cristo, cujos professos seguidores agem de forma tão
condenável.
A verdade é que a verdadeira evangelização pessoal é
muito custosa, porque ela exige de nós um relacionamento realmente pessoal com
as outras pessoas. Nós temos que nos oferecer a nós mesmos em amizade honesta
às pessoas, se quisermos que, algum dia, o nosso relacionamento com eles
alcance o ponto em que tenhamos o privilégio de escolher o assunto e falar-lhes
de Cristo, e podermos falar-lhes sobre as suas próprias necessidades
espirituais, sem sermos nem mal-educados nem ofensivos. Se você deseja praticar
evangelização pessoal, então - e eu espero que você o faça - você deve orar
pelo dom da amizade. Uma amizade genuína, em todos os casos, é a marca
registrada daquele tipo de pessoa que está aprendendo a amar ao próximo como a
si mesmo.
IV. Quais são os meios
e os métodos que deveriam ser praticados na evangelização?
Há uma controvérsia hoje em dia em certos círculos
evangélicos quanto aos métodos de evangelismo. Temos os que criticam e os que
defendem o tipo de reunião evangelística que foi uma marca registrada da vida
dos evangélicos ingleses e americanos ao longo de praticamente um século.
Encontros desse tipo são bem conhecidos, pois eles são bastante
característicos. Eles são intencionalmente organizados para serem vívidos e
animados, na esperança de que todas aquelas pessoas que tenham pouco interesse
pela mensagem cristã e que possam nunca ter entrado numa igreja cristã, possam
achá-las atrativas.
Tudo é bem planejado para criar uma atmosfera de
calor humano, bom humor e alegria. Usualmente a reunião inclui bastante música
- grupos de louvor, apresentações de solos, corais e hinos estimulantes
cantados entusiasticamente. Dá-se grande ênfase à realidade da experiência
cristã, tanto na seleção de hinos quanto nos testemunhos: O encontro culmina
com um apelo para a decisão, seguida de um encontro posterior ou um tempo para
aconselhamento pessoal, para se passar maiores instruções àqueles que tomaram
ou desejam tomar uma decisão em resposta ao apelo.
As principais críticas feitas a este tipo de
encontro - se é que ele se justifica totalmente, nós não nos aventuraríamos a dizer
- são as seguintes. O seu ar agradável (é dito) é produzido pela irreverência.
A tentativa de torná-las "válidas pelo entretenimento",tem a
tendência de denegrir o senso da majestade de Deus, destruindo o espírito de
adoração e banalizar as reflexões do ser humano acerca do seu Criador; e o que
é pior,esta é a pior preparação possível dos convertidos em potencial para os
cultos regulares de domingo nas igrejas das quais passarão a participar, se
tudo correr bem.
O supostamente inevitável glamour conferido à
experiência cristã, através dos testemunhos, é algo irresponsável do ponto de
vista pastoral, e dá uma falsa impressão romantizada do que é ser um cristão.
Isso,somado à tendência viciar-se em prolongadas bajulações para induzir a
decisão e ao uso deliberado de música se futora para comover os sentimentos,
tende a produzir "conversões" que não passam de simples comoções
psicológicas e emocionais e que absolutamente não são fruto de uma convicção
espiritual e renovação.
O caráter ocasional desses encontros faz com que se
torne inevitável que os apelos à decisão sejam muitas vezes feitos sem uma base
instrutiva adequada quanto ao que a decisão envolve e custa, o que faz com que
tais apelos não passem de um conto do vigário. O desejo de justificar os
encontros por se colher uma grande safra de convertidos, pode predispor o pregador
e os conselheiros a tentarem forçar as pessoas, por meio de impulsos por uma
decisão prematura, antes delas terem entendido bem o que realmente está em
jogo, e os convertidos gerados desta forma tendem a mostrar-se, no melhor das
hipóteses, bastante raquíticos e, no pior das hipóteses, espúriose, em todos os
casos, pessoas endurecidas contra o evangelho.
O segredo para se avançar na evangelização, dizem
eles, está em romper completamente com este padrão de ação evangelística,
desenvolver um novo paradigma (ou melhor ainda, resgatar o antigo modelo, que
era praticado, antes deste tipo de encontro, ter se tornado o padrão), pelo
qual a agência evangelística passe a ser a igreja local, em vez de um grupo ou
grupo representativo de igrejas, e os encontros evangelísticos encontrem o seu
lugar entre os cultos das igrejas locais – um paradigma, no qual os cultos das
igrejas locais, na verdade, funcionem continuamente como seus encontros
evangelísticos.
A resposta que usualmente se dá é que, embora as
atividades estigmatizadas certamente sejam verdadeiros abusos, os encontros
evangelísticos do tipo padrão podem ser, e frequentemente são, organizados com
o intuito de evitá-los. Tais reuniões, dizem, provaram a sua utilidade no
passado; a experiência prova que Deus ainda as usa e ao que tudo indica, não
existem razões suficientes para abandoná-las. Argumenta-se que, enquanto tantas
igrejas das maiores denominações estão deixando de cumprir as suas
responsabilidades evangelísticas, estes encontros podem ser a única
oportunidade de apresentar o evangelho para grandes multidões de homens e
mulheres. O caminho a seguir daqui para frente, portanto, defendem eles, não é
o da abolição, mas o da reforma, onde quer que se possam identificar abusos.
A polêmica continua. Não há dúvida de que ela
continuará viva entre nós por mais algum tempo no futuro. Não gostaria de
entrar no mérito desta controvérsia aqui, mas antes, de ver o que há por trás
dela. O que eu pretendo aqui é isolar o princípio-chave que deveria nos guiar
em nossa avaliação, tanto deste, quanto de outros métodos de evangelização, que
possam estar sendo aplicados ou propostos.
Qual é este princípio-chave? A linha de raciocínio,
que seguimos abaixo, deverá esclarecê-lo.
Como vimos anteriormente, a evangelização é um ato
de comunicação com vistas 3 conversão. Em última análise, portanto, há
somente um meio de evangelização: que é o evangelho de Cristo,
explicado e aplicado. A fé e o
arrependimento, os dois elementos complementares de que consiste a conversão,
acontecem em resposta ao evangelho. "... a fé vem pela pregação",
conta-nos Paulo, "e a pregação, pela palavra de Cristo", OU como
lemos em maiores detalhes na The New English Bible "a fé é despertada pela
mensagem, e a mensagem que a desperta vem pela palavra de Cristo."
Mais uma vez, em última análise, existe um só agente
da evangelização: é o Senhor Jesus Cristo. É Cristo mesmo que, por meio do seu
Espírito Santo, capacita os seus servos a explicar a verdade do evangelho e
aplicá-la de forma poderosa e eficaz; da mesma forma, como é o próprio Cristo
que, por meio do seu Espírito Santo, abre o entendimento e os corações dos
seres humanos, para que recebam o evangelho, atraindo-os assim salvadoramente
para si mesmo.
Paulo fala das suas realizações, como evangelista,
como "aquelas (coisas) que Cristo fez por meu intermédio, para conduzir as
gentios à obediência, por palavra e por obras, ...pelo poder do Espírito
Santo". Desde Agostinho tem sido frequentemente salientado que Cristo é o
verdadeiro ministro dos sacramentos do evangelho e o celebrante humano
simplesmente age como sua mão.
É preciso que nós nos lembraremos sempre da verdade
não menos fundamental de que é Cristo o verdadeiro ministro da palavra do
evangelho, e que o pregador ou a testemunha humana age apenas como sua boca.
Assim, em última análise, há um só método de
evangelização: o de explicação e aplicação fiel da mensagem do evangelho. Do
que se implica - é este precisamente o princípio chave que estávamos
perseguindo aqui - que a prova de fogo de qualquer estratégia ou técnica ou
estilo de ação evangelística proposta só pode ser esta: será que isso está
servindo, de fato, à palavra? Será que foi previsto para servir como meio para
explicar o evangelho, de forma verdadeira e completa, e aplicá-lo de forma
profunda e exata? Enquanto tiver sido assim previsto, será legítimo e estará certo;
a partir do momento em que a ação tende a sobrepor e obscurecer as realidades
da mensagem, e a embotar os limites de sua aplicação, passa a ser um ato ímpio
e errado.
Analisemos mais a fundo este ponto. Ele significa
que precisamos pôr em revista todos os nossos planos e práticas evangelísticas
- nossas missões, reuniões e campanhas; nossos sermões, discursos e
testemunhos; nossas reuniões, grandes ou pequenas e nossa apresentação do
evangelho no tratamento pessoal; os folhetos que distribuímos, os livros que
emprestamos, as cartas que escrevemos - e nos fazer as seguintes perguntas a
respeito de cada uma dessas coisas: será que esta maneira de apresentar a
Cristo foi prevista para deixar claro às pessoas que o evangelho é a palavra de
Deus?
Será que ela foi prevista para desviar a atenção do
homem e de todas as coisas meramente humanas e fazê-la voltar-se para Deus e a
sua verdade? Ou será que sua tendência é de desviar a atenção do Autor e
autoridade da mensagem, para a pessoa e desempenho do mensageiro? Ela faz o
evangelho soar como uma ideia humana, um brinquedo do pregador, ou uma
revelação divina, diante da qual o próprio mensageiro humano fica amedrontado?
Será que esta maneira de apresentar a Cristo cheira mais a esperteza e perícia
humana? Será que a tendência é mais para a exaltação do homem?
Ou ela antes incorpora a simplicidade honesta e
sincera do mensageiro, cuja única e exclusiva preocupação é a de entregar sua
mensagem, sem o mínimo interesse em chamar a atenção sobre si mesmo, e que deseja
até, onde ele puder apagar a si mesmo e ocultar-se, por assim dizer, atrás da
sua mensagem, pois seu maior temor é que os homens o admirem e aplaudam, quando
deveriam estar se curvando e humilhando a si mesmos diante do poderoso Senhor,
a quem ele representa?
Insisto em perguntar: será que esta maneira de
apresentar a Cristo é planejada para promover, ou para impedir a obra da
palavra nas mentes humanas? Será que ela contribui para esclarecer o
sentido da mensagem, ou será que ela a deixa mais enigmática e obscura, fechada
hermeticamente em jargão religioso e fórmulas proféticas? Será que ela fará as
pessoas pensar e refletir intensamente, refletindo intensamente sobre Deus e
sobre si mesmos em relação a Deus? Ou será que a tendência é mais a de reprimir
todo e qualquer pensamento, brincando exclusivamente com as emoções? Será que
ela é planejada para mexer com a mente ou, antes, para pô-la para dormir? Seria
esta forma de apresentar a Cristo uma tentativa de mover os homens pela força
das emoções ou da verdade? Certamente não há nada de errado com as emoções;
seria muito estranho uma pessoa deixar de se emocionar ao se converter. O que
está errado é o tipo de apelo que se faz às emoções e o brincar com as emoções,
que atormenta os sentimentos das pessoas ao invés de instruir as suas mentes.
Insisto: é preciso que nos perguntemos, esta forma
de apresentar a Cristo é planejada para convencer as pessoas da doutrina
do evangelho, e não só de partes dela mas toda ela - a verdade sobre o nosso
Criador e suas reivindicações, e sobre nós mesmos como pecadores totalmente
culpados, perdidos e sem esperança, carentes de um novo nascimento, e sobre o
Filho de Deus que se tornou homem, morreu pelos pecados e vive para perdoar os
pecadores e levá-los a Deus? Ou é apropriado que ela seja deficiente aqui,
trate de meias verdades, faça as pessoas terem uma noção incompleta destas
coisas, e passe depressa à exigência de fé e arrependimento, sem deixar claro
do que é que elas deveriam se arrepender e, no que devem crer?
Insisto: temos que nos perguntar, esta forma de
apresentar a Cristo é planejada para convencer as pessoas da aplicação
do evangelho, não só de alguma parte dele, mas de todo ele - a convocação para
que nos vejamos e conheçamos a nós mesmos; como Deus nos vê e conhece, isto é,
como criaturas pecaminosas, e para encararmos a largura e profundidade da
necessidade a que um relacionamento errado com Deus nos levou e, finalmente,
para encararmos também o custo e as consequências da conversão e aceitação de
Cristo como Salvador e Senhor?
Ou é apropriado que ela seja deficiente aqui,
fazendo vistas grossas para algumas dessas coisas, dando uma impressão
inadequada e distorcida do que o evangelho de fato exige de nós? Isso não
deixará, por exemplo, as pessoas inconscientes de que elas têm a obrigação de
dar uma resposta imediata a Cristo?
Ou as deixará supor que tudo o que têm a fazer é
confiar em Cristo como um carregador de pecados, sem se dar conta de que eles
também têm que negar a si mesmos e entronizá-lo como o seu Senhor (erro que
poderia ser chamado de "exclusivismo da fé")? Ou os deixará
imaginando que tudo o que elas têm a fazer é consagrar-se a Cristo como o seu
Mestre, deixando de se dar conta de que eles também têm que recebê-lo como o
seu Salvador (erro que poderíamos chamar de "bom determinismo")?
É preciso lembrar aqui que, do ponto de vista
espiritual, é até mais perigoso para uma pessoa cuja consciência foi
despertada, dar uma resposta erroneamente concebida ao evangelho, de partir
para uma prática religiosa deficiente, do que não dar resposta alguma. Se você
transformar um publicano em fariseu, você o estará colocando em condições
piores e não melhores.
Insisto ainda uma vez: temos que nos perguntar, esta
forma de apresentar a Cristo é concebida para transmitir a verdade do evangelho
de uma maneira adequadamente séria? É concebida para fazer as
pessoas sentirem que elas estão, de fato, diante de uma questão de vida ou de
morte? É planejada para fazê-los ver e sentir a grandiosidade de Deus, as
enormes dimensões do seu pecado e carência e a grandeza da graça de Cristo? É
concebida para torná-los conscientes da tremenda majestade e santidade de Deus?
Isto os ajudará a compreenderem que é uma coisa terrível cair nas suas mãos?
Ou esta maneira de apresentar a Cristo é tão leve,
circunstancial, confortável e divertida que torna difícil aos ouvintes
perceberem que o evangelho é uma questão de alguma importância, e não um
estimulante para os desajustes da vida? É um insulto grosseiro contra Deus c um
verdadeiro de serviço aos homens, banalizar e trivializar o evangelho no
momento da sua apresentação. Não é que tenhamos que assumir um ar de
formalidade artificial ao falarmos das coisas espirituais; não há nada mais
absolutamente fútil do que tentar simular seriedade e nada melhor para tornar
os nossos ouvintes em hipócritas.
O que é preciso é o seguinte: que nós, que devemos
falar por Cristo, devemos orar constantemente para que Deus ponha e mantenha
nos nossos corações uma consciência clara da sua grandeza e glória, da alegria
da comunhão com ele, e de como é terrível passar o tempo e a eternidade sem
ele; para que Deus nos capacite a falar de maneira honesta, direta, e precisa,
como nos sentimos acerca destes assuntos. Assim sendo, seremos realmente
espontâneos na apresentação do evangelho - ao mesmo tempo que verdadeiramente
sérios.
É fazendo perguntas deste tipo que devemos testar e,
onde for necessário, reformar os nossos métodos teológicos. O princípio básico
é que o melhor método de evangelização é aquele que serve de forma mais
integral ao evangelho. É o que fornece o testemunho mais evidente da origem
divina da mensagem, e do caráter de vida ou morte dos temas que ele levanta. É
aquele que possibilita a mais completa e perfeita explanação das boas novas de
Cristo e da sua cruz, e a aplicação mais exata e crítica das mesmas.
É á que mais eficazmente engaja as mentes daqueles a
quem se dirige o testemunho, conscientizando-o de maneira mais viva de que o
evangelho é a palavra de Deus, endereçada pessoalmente a eles em seus contextos
particulares. Qual é o melhor método em cada caso particular, nós teremos que
descobrir por nós mesmos. É à luz deste princípio que todos os debates sobre
métodos evangelísticos necessitam ser decididos Mas vamos deixar esse assunto
como está, por hora.
Evangelista
Isaias Silva de Jesus
Igreja
Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Setor 1 - Em Dourados – MS
Livro:- A
Evangelização e a Soberania de Deus = Editora Cultura Cristã = 1º. Edição
O
QUE É EVANGELIZAÇÃO
TEXTO ÁUREO = “Ide por todo o
mundo, pregai o evangelho a toda criatura”
(Mc 16.15).
VERDADE PRÁTICA
= A
Igreja de Cristo não pode enclausurar-se dentro dos templos, mas deve cumprir
sua missão por toda parte, onde os pecadores estão.
Leitura Bíblica = Marcos 16.9-20
INTRODUÇÃO
O
desafio do evangelismo
A
proclamação da mensagem
A comissão
evangélica —
As últimas palavras de Cristo a Seus discípulos foram: “E eis que Eu estou
convosco todos os dias, até à consumação dos séculos.” “Portanto ide, ensinai
todas as nações.” Ide aos mais afastados limites do globo habitável, e sabei
que aonde quer que fordes Minha presença vos assistirá. ...
A nós, também, a
comissão se dirige.
Somos ordenados a ir como mensageiros de Cristo, para ensinar, instruir e
persuadir homens e mulheres, apelando para que atentem para a Palavra de vida.
Também nos é dada a certeza da constante presença de Jesus. Sejam quais forem
as dificuldades com que nos tenhamos de defrontar, sejam quais forem as
provações que tenhamos de suportar, sempre será para nós a misericordiosa
promessa: “E eis que Eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos
séculos.”
A mensagem —
força viva —
Na comissão dada aos discípulos, Cristo não somente lhes delineou a obra, mas
deu-lhes a mensagem. Ensinai o povo, disse, “a guardar todas as coisas que vos
tenho mandado”. Os discípulos deviam ensinar o que Cristo ensinara. O que Ele
falara, não só em pessoa, mas através de todos os profetas e mestres do Antigo
Testamento, aí se inclui. É excluído o ensino humano. Não há lugar para a
tradição, para as teorias e conclusões dos homens, nem para a legislação da
igreja. Nenhuma das leis ordenadas por autoridade eclesiástica se acha incluída
na comissão. Nenhuma dessas têm os servos de Cristo de ensinar. “A lei e os
profetas”, com a narração de Suas próprias palavras e atos, eis os tesouros confiados
aos discípulos, para serem dados ao mundo. ...
O
evangelho tem de ser apresentado, não como uma teoria sem vida, mas como força
viva para transformar a vida. Deus deseja que os que recebem Sua graça sejam
testemunhas do poder da mesma.
A igreja é depositária
da mensagem —
Estamos agora vivendo as cenas finais da história deste mundo. Tremam os homens
com a noção da responsabilidade de conhecer a verdade. São chegadas as cenas
finais do mundo.
Os
que considerarem devidamente estas coisas serão levados a fazer inteira
consagração a seu Deus, de tudo quanto possuem e são. ...
Repousa
sobre nós a pesada responsabilidade de advertir o mundo quanto ao juízo
iminente. De todas as direções, de longe e de perto, ouvem-se os pedidos de
auxílio. A igreja, inteiramente consagrada ao seu trabalho, deve levar a
mensagem ao mundo:
Vinde
ao banquete do evangelho; a ceia está preparada, vinde. ... Coroas, imortais
coroas há para serem ganhas. O reino dos Céus deve ser alcançado. Um mundo, que
está a perecer no pecado, deve ser iluminado. A pérola perdida deve ser achada.
A ovelha perdida deve ser conduzida de volta, em segurança, para o curral. Quem
se unirá aos que vão buscá-la? Quem erguerá a luz aos que tateiam nas trevas do
erro?
A crise atual — Devemos sentir
agora a nossa responsabilidade de trabalhar com intenso ardor, a fim de
comunicar a outros as verdades que Deus nos tem revelado para o tempo atual.
Não podemos ser demasiado diligentes. ...
Agora
é o tempo de proclamar a última advertência. Uma virtude especial acompanha
presentemente a proclamação desta mensagem; mas por quanto tempo? — Só por um
pouco de tempo ainda. Se jamais houve uma crise, essa crise é justamente agora.
Todos
estão decidindo agora o seu perpétuo destino. Os homens precisam ser
despertados a fim de reconhecer a solenidade do momento, e a proximidade do dia
em que terá terminado a graça. Esforços decisivos têm de ser envidados, a fim
de apresentar esta mensagem ao povo de modo notável. O terceiro anjo deverá
avançar com grande poder.
O evangelismo —
nosso verdadeiro trabalho — A obra evangelística, de abrir as Escrituras aos
outros, advertindo homens e mulheres daquilo que está para vir ao mundo, deve
ocupar, mais e mais, o tempo dos servos de Deus.
A mensagem com
rapidez —
Como povo, grandemente precisamos humilhar o coração perante Deus, rogando-Lhe
o perdão pela nossa negligência no cumprimento da comissão evangélica.
Estabelecemos grandes centros em alguns poucos lugares, deixando por trabalhar
muitas cidades importantes. Assumamos agora o trabalho que nos é designado, e
proclamemos a mensagem que há de despertar homens e mulheres, levando-os a
reconhecer seu perigo. Se cada adventista do sétimo dia houvesse feito o
trabalho que lhe foi confiado, o número de crentes seria hoje muito maior do
que é.
O chamado para
um trabalho fervoroso — Se nossos ministros considerassem quão brevemente
os habitantes do mundo serão congregados diante do trono do juízo de Deus, a
fim de responder pelos atos praticados no corpo, com que fervor não
trabalhariam eles juntamente com Deus, no sentido de apresentar a verdade! Quão
ardentemente não se esforçariam a guiar os homens a aceitarem a verdade! Quão
incansavelmente não trabalhariam para desenvolver a causa de Deus no mundo,
proclamando, por palavras e atos, que Em meio à confusão dos últimos dias —
As
palavras de Jesus Cristo se dirigem a nós que vivemos nos últimos momentos da
história da Terra. “Ora, quando estas coisas começarem a acontecer, olhai para
cima e levantai as vossas cabeças, porque a vossa redenção está próxima.”
As
nações estão em desassossego. Tempos de perplexidade estão iminentes. As ondas
do mar bramam; o coração dos homens desfalece de temor na expectação das coisas
que sobrevirão ao mundo; mas os que crerem no Filho de Deus ouvirão Sua voz no
meio da tempestade, dizendo-lhes: “Sou Eu, não temais.” ... Vemos o mundo
jazendo na maldade e apostasia. A rebelião contra os mandamentos de Deus parece
quase universal. Em meio ao tumulto de excitamento com confusão em todas as
partes, há uma obra a ser feita no mundo.
Erguer o
estandarte em lugares entenebrecidos — Os exércitos de Satanás são muitos, e o
povo de Deus deve espalhar-se por todo o mundo, erguendo o estandarte da
verdade nos lugares entenebrecidos da Terra e fazendo tudo quanto for possível
para destruir o reino do demônio.
A maior e mais
elevada obra —
O Senhor determinou que a proclamação desta mensagem fosse a maior e mais
importante obra no mundo, para o presente tempo.
Desenvolvimento
mais rápido —
Neste país e em terras estrangeiras a causa da presente verdade deve ter mais
rápido desenvolvimento do que tem tido até agora. Se nosso povo sair com fé,
fazendo tudo quanto puder para dar início, trabalhando à maneira de Cristo, o
caminho será aberto diante dele. Se ele demonstrar ter a energia que é
necessária, a fim de obter êxito, e a fé que avança sem hesitação, em
obediência à ordem de Deus, ricas messes serão obtidas. Deve avançar tanto e
tão rapidamente quanto possível, com a determinação de fazer justamente aquilo
que o Senhor disse deveria ser feito. Precisa ter energia e fé inflexível,
ardente. ... O mundo tem que ouvir a mensagem de advertência.
A
sempre crescente influência do evangelho
Ao redor da
terra —
Por todas as partes a luz da verdade deve brilhar, para que os corações que
agora dormem o sono da ignorância possam ser acordados e convertidos. Em todos
os países e cidades o evangelho deve ser proclamado. ...
Igrejas
devem ser organizadas e planos formulados para o trabalho que se realizará
pelos membros das recém-organizadas igrejas. Esta obra missionária do evangelho
precisa manter-se atingindo e anexando novos territórios, ampliando as porções
cultivadas da vinha. O círculo deve ser estendido até que rodeie o mundo.
Norte, sul, este
e oeste —
De vila em vila, de cidade em cidade, de país em país, a mensagem de
advertência deve ser proclamada, não com ostentação exterior mas no poder do
Espírito, por homens de fé.
E é necessário
que lhe dediquemos o melhor trabalho. Chegou o tempo, o importante tempo em
que, mediante os mensageiros de Deus, o pergaminho se desenrola perante o
mundo. A verdade contida nas mensagens do primeiro, segundo e terceiro anjos
precisa ser proclamada a toda nação, tribo, língua e povo; deve iluminar as
trevas de todo continente e estender-se até as ilhas do mar.
Deve
haver os mais sábios planos para o bom êxito do trabalho. Decididos esforços
devem ser feitos a fim de serem abertos novos territórios no norte, no sul, no
oriente e no ocidente. ... O fato de que a
apresentação da verdade tem sido, por tanto tempo, negligenciada, deve tocar o coração de nossos ministros e
obreiros, para que entrem nesses territórios e não abandonem o trabalho antes
de terem proclamado com clareza a mensagem.
Jamais impedida
por barreiras ou obstáculos — A verdade, passando de largo aqueles
que a desprezam e rejeitam, triunfará.
Conquanto
às vezes pareça haver retardado, seu progresso nunca foi impedido. Quando a
mensagem de Deus se defronta com oposição, Ele lhe concede força adicional,
para que ela exerça maior influência. Dotada de energia divina, abrirá caminho
através das mais fortes barreiras e triunfará sobre todos os obstáculos.
Obra de grande
valor —
A obra que o evangelho abrange,como trabalho missionário, é obra positiva, é de
grande valor e brilhará mais e mais até
ser dia perfeito. Influência que se aprofunda e se alarga — A influência destas mensagens se tem aprofundado e
alargado, pondo em movimento as forças impelentes de milhares de corações,
trazendo à existência instituições de ensino, casas publicadoras, bem como
casas de saúde e todas estas são instrumentos nas mãos de Deus, para a
cooperação na grande obra representada pelo primeiro, segundo e terceiro anjos
voando pelo meio do céu, a fim de advertirem os habitantes do mundo de que
Cristo está para vir de novo, com poder e grande glória.
Proclamação da
mensagem em novos territórios — Temos a mais solene e probante mensagem
para proclamar ao mundo. Mas demasiado tempo se tem dedicado aos que já
conhecem a verdade. Em lugar de gastar
tempo com aqueles que já têm tido muitas oportunidades de conhecer a verdade,
ide ao povo que nunca ouviu vossa mensagem.
Celebrai vossas reuniões campais* em cidades em que a verdade não foi
proclamada. Alguns assistirão às reuniões e aceitarão a mensagem.
Nota: As primitivas
reuniões campais dos adventistas do sétimo dia eram grandes oportunidades
evangelísticas, que atraíam numerosos e atentos auditórios de não adventistas.
Nas frequentes alusões a reuniões campais, neste volume, o contexto claramente
indica que se trata de reunião em tendas, de grandes potencialidades
evangelísticas.
Os lugares novos
são os melhores —
Os lugares em que a verdade nunca foi proclamada são os melhores para
trabalhar. A verdade deve tomar posse da vontade daqueles que nunca antes a
ouviram. Eles verão a maldade do pecado, e seu arrependimento será completo e
sincero. O Senhor operará nos corações que, no passado, poucas vezes receberam
apelos, corações que antigamente não haviam visto a enormidade do pecado.
Se
a verdade houvesse sido proclamada intensivamente
Cidades
e mais cidades me foram apresentadas em necessidade de trabalho evangelístico.
Se tivesse havido diligente esforço na obra de tornar a verdade para este tempo
conhecida, nas cidades que não estão advertidas, elas não estariam agora
impenitentes como se encontram. Da luz que me foi outorgada, sei que poderíamos
ter hoje milhares mais se regozijando na verdade, se o trabalho tivesse sido
realizado conforme exige a situação, de muitas maneiras intensivas.
A necessidade de
obreiros evangelísticos
A seara é grande
—
A solene e sagrada mensagem de advertência precisa ser proclamada nos campos
mais difíceis, e nas cidades mais pecaminosas, em todos os lugares onde a luz
da grande tríplice mensagem não tem ainda raiado. Cada pessoa deve ouvir o
último convite para as bodas do Cordeiro.
Países
até agora fechados ao evangelho estão abrindo as portas e suplicando que se
lhes explique a Palavra de Deus. Reis e príncipes estão abrindo portas
longamente cerradas, convidando os arautos da cruz para entrar. A seara é na
verdade grande. Somente a eternidade há de revelar os resultados dos bem
dirigidos esforços agora feitos.
Obreiros
Evangélicos.
Embaixadores de
Cristo —
Ministros de Deus, com o coração ardendo de amor para com Cristo e vossos
semelhantes, buscai despertar os que se acham mortos em ofensas e pecados. Que
vossos mais ferventes rogos e advertências lhes penetrem a consciência. Que
vossas fervorosas orações lhes enterneçam o coração, levando-os em
arrependimento ao Salvador. Vós sois embaixadores de Cristo, para proclamar Sua
mensagem de salvação.
O desafio do
evangelismo
Cem obreiros
onde há agora um
— O tempo é curto. Em toda parte há necessidade de obreiros para Cristo.
Deveria haver cem trabalhadores diligentes e fiéis nos campos missionários
nacionais e estrangeiros onde agora há só um. Os caminhos e atalhos ainda não
foram trabalhados. Urgentes incentivos devem ser apresentados aos que deviam
estar agora empenhados em trabalho missionário para o Mestre.
Sábia
distribuição de homens — Para a realização de tudo quanto Deus requer para
advertir as cidades, Seus servos devem planejar uma sábia distribuição das
forças em atividade. Frequentemente os obreiros que poderiam ser uma força para
o bem em conferências públicas ficam ocupados com outros trabalhos, não lhes
restando tempo para se dedicarem ao ministério ativo entre o povo. Para a
realização dos trabalhos nos vários centros da nossa obra, os que se acham com
a responsabilidade devem empenhar-se, tanto quanto possível, em encontrar
homens consagrados, que [23] tenham sido treinados em ramos comerciais.
Existe
a constante necessidade de lutar contra a tendência de prender, nestes centros
de influência, homens que podiam fazer melhor e mais importante trabalho do
púlpito, apresentando aos descrentes as verdades da Palavra de Deus.
A mais alta
vocação —
Não se deve fazer pouco caso do evangelismo. Nenhum empreendimento deve ser
levado a efeito de maneira que faça com que o ministério da Palavra seja
considerado como coisa inferior. Não é assim. Os que menosprezam o ministério,
estão menosprezando Cristo. A mais elevada de todas as obras é a do ministério,
em suas várias atividades, e deve ser mantido perante os jovens o fato de que
não existe trabalho mais abençoado por Deus do que o do ministro evangélico.
Não
permitamos que nossos jovens sejam dissuadidos de entrar no ministério. Há
perigo de que, mediante vívidas representações, alguns sejam afastados do
caminho que Deus ordenou que palmilhassem. Alguns têm sido animados a fazerem
um curso em ramos médicos, os quais deviam estar se preparando para entrar no
ministério.
Os jovens
substituem os porta-estandartes — Os porta-estandartes estão sucumbindo,
e os jovens devem preparar-se para tomar os lugares vagos, para que a mensagem
possa ser ainda proclamada. A luta ativa tem de ser estendida.
Aos
que possuem mocidade e forças cumpre ir aos lugares entenebrecidos da Terra, a
chamar ao arrependimento almas moribundas.
Rapidez no
preparo para o trabalho — Nossas escolas foram estabelecidas pelo Senhor, e
se forem conduzidas em harmonia com Seu propósito, a juventude a elas enviada
será rapidamente preparada para se ocupar em vários ramos da obra missionária.
Alguns se prepararão para ir para os campos missionários como enfermeiros,
outros como colportores, outros como evangelistas, alguns como professores, e
outros como ministros evangélicos.
Ensinar a fazer
trabalho evangelístico — O Senhor chama os que estão trabalhando em nossos
sanatórios, casas publicadoras e escolas, para ensinarem a juventude a fazer
trabalho evangelístico. Nosso tempo e nossas energias não devem ser tão
grandemente empregados em estabelecer sanatórios, mercearias e restaurantes, de
modo que as outras atividades da obra sejam negligenciadas. Rapazes e moças que
deviam estar empenhados no ministério, na obra bíblica e na colportagem, não
devem ficar presos aos trabalhos mecânicos.
O chamado a
jovens vigorosos —
Onde estão os homens que sairão ao trabalho, confiando inteiramente em Deus,
prontos a agir e a enfrentar as situações? Deus convida: “Filho, vai trabalhar
hoje na Minha vinha.” Deus fará dos jovens de hoje escolhidos depositários do
Céu, a fim de que apresentem ao povo a verdade, em contraste com o erro e a
superstição, se eles se entregarem a Ele. Que Deus ponha a responsabilidade
sobre jovens vigorosos, que tenham a Sua Palavra no coração e que apresentem a
verdade aos outros.
Homens que não
recuam —
Deus chama consagrados obreiros que Lhe sejam leais — homens humildes, que
vejam a necessidade da obra evangelística e que não recuem, mas diariamente
trabalhem com fidelidade, confiando em Deus quanto ao auxílio e a força em
qualquer emergência. A mensagem tem que ser apresentada pelos que amam e temem
a Deus. Não transfirais vossa responsabilidade para nenhuma Associação. Ide e,
como evangelistas, com humildade apresentai um “Assim dizem as Escrituras”
Livro
= Evangelismo – Autor:- Ellen G. White
EVANGELISMO: RESPOSTA DE DEUS A UM
MUNDO QUE SOFRE
Estamos
no século XXI. Forças sinistras estão em ação. Religiões falsas multiplicam-se
por todo parte. O nacionalismo nazista ressurge, e ameaça de novo varrer a
terra. O comunismo, que parecia a mais poderosa arma já forjada pela malícia
satânica, ameaçou eliminar o cristianismo. Todavia, morreu o nazismo e morreu o
comunismo. Sobrevivemos a pestes e epidemias, e a duas guerras mundiais, na
última das quais morreram mais de 50 milhões de pessoas.
O
mundo se incendiou em algumas centenas de guerras e guerrilhas, desde 1945,
quando terminou a Segunda Guerra Mundial. Hoje, cerca de 40 conflitos armados
ameaçam a paz mundial. A igreja de Cristo sobreviveu à Alta Crítica, que tentou
destruir a Bíblia.
Ameaçam-nos
hoje o avanço do maometismo fanático, as doutrinas deletérias da Nova Era, o
ocultismo satânico, o ecumenismo incoerente, o humanismo, o modernismo
teológico, o mundanismo no seio da igreja cristã. Isto na área das ideias e
doutrinas. No campo da sobrevivência física, ressurgem algumas velhas pestes,
mais fortes, e surge uma nova, a devastadora AIDS, para a qual ainda não existe
cura. Tudo isso sob a sombra sinistra de um possível holocausto nuclear total.
É
certo que não poderei viver até o ano 2000, a fim de poder escrever a respeito
dessa época. Ser-me-á impossível ver o final deste milênio. Contudo, se Cristo
demorar um pouco mais, vários bilhões de seres humanos chegarão lá. Acredito
que os próximos anos serão os mais decisivos da história da
humanidade. Acontecimentos capazes de abalar o mundo inteiro já estão sendo
moldados, e suas sombras projetam-se até nós.
Movimentos
colossais têm sido inaugurados; alguns conducentes ao bem, outros ao mal. A
raça humana enfrenta a possibilidade da autodestruição. A revolução social, com
todos os seus horrores, soergue a cabeça monstruosa. A cortina de bambu, atrás
da qual se oculta um bilhão de chineses pagãos, oferece-nos uma escravidão pior
do que a morte. A criação sofre. E geme. O mundo já sente as dores de parto que
prenunciam o Dia do Juízo Final. Uma vez mais se ouve “... um estrondo de
marcha pelas copas das amoeiras...” (2 Samuel 5:24). “... o dia do Senhor vem,
já está perto” (Joel 2: 1).
A Importância do Evangelismo
Não
sou um evangelista profissional, mas desenvolvi um ministério evangelístico em
minha vida. Sei que a única esperança em nossos dias é a renovada manifestação
do poder de Deus. Tenho visitado países em que vi esse poder em operação, e
confio que se pode desfrutar no Brasil das coisas que vi noutros países.
O
evangelismo é essencial hoje, como sempre foi. E sem reavivamento espiritual, a
vida, como a conhecemos, fatalmente perece. É necessário que evangelizemos, e
que nos reavivamos. Caso contrário nos fossilizaremos.
Todos
temos as nossas diferenças teológicas e doutrinárias, sobre questiúnculas de
menor importância, mas existe algo em torno de que nos podemos unir: o
evangelismo. Ainda que não possamos alcançar unanimidade a respeito disto ou
daquilo, coisinhas que na eternidade não pesarão, devemos ser capazes de
trabalhar em cooperação uns com os outros na conquista de
homens e mulheres perdidos, para o Senhor Jesus. Os ministros e os leigos de
todas as denominações evangélicas deveriam cooperar quando se trata do
evangelismo.
Existem
ministros que entendem que podem realizar a obra de evangelização em usa igreja
no bairro, sem necessidade de contratar-se um evangelista profissional.
Permita-me que lhe diga – e baseio minhas palavras em quarenta anos de
ministério, na maior parte dos quais como pastor – que devo o meu sucesso na
obra cristã, em grande medida, à ajuda de especialistas em evangelismo. O
pastor de uma igreja pode ser um bom pregador, muito amado pelo seu rebanho,
mas até mesmo a melhor das vozes pode vir a tornar-se cansativa. Sempre escolhi
com alegria outros pregadores, em meu púlpito, porquanto sempre entendi que uma
nova voz é imperativa.
Um
evangelista pode conquistar para Cristo pessoas que talvez eu nunca
conquistasse. Talvez eu sequer poderia nutrir a esperança de ganhá-las. Depois,
então, ao reassumir o púlpito, parece que a minha voz se fez diferente,
tornou-se uma nova voz! E assim o povo não se cansa. Tão logo sinto que minhas
ovelhas já me ouviram por bastante tempo, trago um novo pregador que lhes
proporcione certa mudança de cardápio. Um evangelista sempre nos arranja novos
amigos, a maioria dos quais permanece conosco, como irmãos amados, mesmo depois
de o evangelista ter ido embora.
A
primeira campanha que realizei em Toronto durou seis meses, sem nenhuma
interrupção, nem sequer de uma noite. Havia cultos até aos sábados, e
geralmente dois ou três aos domingos. A administração da campanha coube a mim,
e presidi a todas as reuniões. Todavia, durante esses seis meses contei com a
presença e atuação de uma dúzia ou mais de diferentes evangelistas um após o
outro, os quais se ocuparam da pregação. Assim, eu sempre tinha algum pregador
novo a apresentar, e meu rebanho podia ficar continuamente na
expectativa de ouvir uma nova voz, e uma mensagem diferente. A multidão de
ouvintes foi aumentando de semana para semana. O interesse era intenso, e antes
de terminar a campanha centenas de almas haviam sido salvas.
O
resultado foi que a igreja e sua obra foram grandemente fortalecidas. Cada
campanha custeou suas próprias despesas, e mais ainda: sempre sobrava uma
quantia digna na tesouraria.
Ao
longo de todos esses anos, sempre tenho organizado duas, três, e às vezes meia
dúzia de campanhas evangelísticas por ano, sem contar as muitas preleções
especiais sobre assuntos de interesse geral, ou específico para um grupo. Esses
eventos têm servido para estimular a vida espiritual do povo, acrescentando novos
interesses, criando entusiasmo e consolidando a obra do Senhor. Entre uma e
outra campanha, tenho-me dedicado a pregar.
À
medida que a obra vai tornando-se mais vigorosa, com o aumento crescente das
multidões, venho-me ocupando pessoalmente da maior parte do trabalho de
púlpito. Mas jamais senti que poderia fazer tudo sozinho. Sempre convido
oradores de fora, a fim de me ajudarem nas campanhas de evangelização.
Dificuldades Próprias do Evangelismo
Já
houve época, na obra do evangelismo e do reavivamento espiritual, e esse tempo
não está muito longe, em que todas as congregações evangélicas de qualquer
cidade fechavam suas portas e cooperavam juntas. Não admira que homens como
Billy Sunday houvessem atraído multidões tão numerosas. Durante anos Billy
Sunday não aceitou dirigir campanha alguma a menos que as igrejas fechassem
suas portas e unissem suas forças para a realização da campanha.
Consequentemente, os coros de todas as congregações se achavam na plataforma.
E mais importante ainda, todos os ministros também. E estando
as igrejas de portas fechadas, o povo vinha ao imenso salão de festas da
cidade, onde a campanha de evangelização estava sendo efetuada, enchendo-o até
ao máximo. E quando os irmãos viam seus próprios ministros assentados na plataforma,
eram inspiradas a cooperar e a contribuir e a orar e a fazer qualquer outra
coisa para o sucesso da campanha. Essa é a maneira ideal de ganhar almas para
Cristo.
No
entanto, vivemos em uma época em que parece impossível obter a cooperação de
todos os ministros desta ou daquela cidade. Sentimo-nos muitos felizes em
nossos dias, se ao menos conseguimos que as igrejas evangélicas fechem suas
portas e trabalhem unidas. É que até mesmo entre os chamados crentes
fundamentalistas tantas são as divisões e as contendas que se torna
extremamente difícil obter a necessária cooperação. Mas continua de pé a
verdade de que qualquer aldeia ou cidade pode ser abalada para Deus, e que um
poderoso reavivamento espiritual pode acontecer, desde que as igrejas se unam
em um esforço conjunto para conquistar almas para Cristo. Que todos os
ministros de todas as denominações evangélicas se unam, visando a evangelização
das massas que perecem sem Cristo, em todas as partes do mundo.
Alegam
alguns que precisamos de instrução bíblica melhor, que o povo conheça mais
profundamente a Palavra de Deus. E afirma-se que o evangelismo não consolida a
igreja nem ensina a Palavra. Tenho o direito de discordar isso. Ao estudar a
história dos reavivamentos e do evangelismo, no decorrer dos séculos, descobri
que há maior aprendizado da Bíblia e maior colheita de almas nas ocasiões de
intenso evangelismo. E sempre há um maior número de pessoas estudando a Palavra
de Deus, nos dias de reavivamento e evangelismo, do que em qualquer outro período.
Quando
o Espírito Santo entra em ação, o povo, sobrenaturalmente, se volta para a
Bíblia para estudá-la. Formam-se novas classes bíblicas na Escola Dominical. Os
novos convertidos testemunham e oram em público e, em decorrência disso,
aumento o conhecimento bíblico. A instrução bíblica, sem o evangelismo, resulta
em estagnação; mas o evangelismo, que sempre induz ao estudo da Bíblia, inspira
e abençoa.
Permita-me informar a você que é o trabalho pessoal, após as
reuniões, que traz o maior proveito, e não o trabalho realizado pelo
evangelista. O pregador do Evangelho pode ser assemelhado ao obstetra. Esse
médico traz o bebê ao mundo, mas ninguém espera que ele cuide da criança. Esse
é um trabalho posterior, que deve ser realizado pelos seus pais. A responsabilidade
do médico obstetra cessa no momento em que ele entrega o bebê recém-nascido à
mãe. Seria uma injustiça acusar o médico se a criança não se desenvolveu
apropriadamente após a gestação, parto e atendimento saudáveis e normais.
De modo semelhante, seria uma injustiça acusar o
evangelista, caso os convertidos não prossigam no reto caminho da fé, ou não
progridam espiritualmente, depois de terem sido trazidos à luz. Afirmo que isso
é responsabilidade de outros, a saber, do pastor, dos professores da Escola
Dominical, dos líderes de classes de jovens, de todos aqueles que ficam na
retaguarda, a fim de cuidas dos novos convertidos. Quando se organizam classes
especiais para os novos convertidos, não demora muito e se firmam, instruídos
nas doutrinas fundamentais da fé, e assim se tornam fiéis e ardorosos obreiros
do Senhor Jesus Cristo.
Muitos há que exaltam o evangelismo, hoje em dia, em
detrimento do trabalho dos pastores. É lamentável que num ou noutro caso se
tenha de admitir que isso é verdade.
O tipo de evangelismo de que precisamos
é aquele que fortalece as mãos do pastor, que de todos os modos lhe dá apoio e
ânimo. Quando um evangelista critica ou aponta faltas em um pastor, seja de que
modo for, comete um erro trágico. Os pastores têm muitos problemas. Precisam
ser encorajados, e o evangelista deveria fazer tudo ao seu alcance para
facilitar a tarefa do pastor.
O pastor deve ser honrado perante seu rebanho. É por essa
razão que acredito que todo o evangelista, pelo menos durante alguns anos,
deveria tornar-se pastor, a fim de poder entender os problemas do pastorado e
saber como ajudar. O pastor não é perfeito, e tampouco o evangelista. É
possível que o evangelismo recebesse maior apóia da igreja se os evangelistas
dessem boa retaguarda aos pastores.
Tendo
sido pastor e evangelista, sei muito bem que o trabalho do pastor apresenta
problemas maiores do que os do evangelista. O evangelista enfrenta alguns dos
problemas de uma comunidade qualquer durante duas ou três semanas, e depois os
deixa para trás, quando vai embora. Mas o pastor se vê perenemente acossado por
esses problemas e outros mais.
Essa
é uma das razões por que, vez por outra, deixo de lado o pastorado e efetuo
outra campanha de evangelização. Isso me faz esquecer-me dos problemas do
pastorado, em geral trazidos por pessoas mesquinhas. Os evangelistas farão bem
em adotar uma atitude positiva para com os pastores com quem vão trabalhar.
Necessidade do Evangelismo
Smith, meu grande amigo. Já partiram todos para a glória. É
triste dizê-lo, mas poucos surgem no horizonte capazes de ocupar os lugares
vagos deixados por esses profetas cujos nomes se tornaram conhecidos por toda a
face do planeta. A causa disso é que os nossos seminários e institutos bíblicos
não estão treinando evangelistas. Estão treinando pastores e missionários, não
treinam evangelistas. Quantas dessas instituições de ensino oferecem um curso
de estudos sobre a História do Evangelismo e dos Avivamentos Espirituais?
Quantas faculdades teológicas estudam as vidas e os métodos dos grandes
evangelistas e reavivalistas do passado? Quantas delas ensinam aos seus
estudantes como se deve efetuar uma campanha evangelística?
Houve época em que as grandes denominações evangélicas do
Canadá, por exemplo, se utilizavam dos dons dos evangelistas. Lembro-me bem de
quando Crossley e Hunter, que trabalharam juntos por um quarto de século,
excursionaram pelo Canadá. Eu me lembro porque participava das reuniões que
eles dirigiam. Esses homens já partiram, mas até o momento não sei quais das
grandes denominações evangélicas canadenses empregam evangelistas. No entanto,
as nossas igrejas têm sido erigidas graças ao evangelismo. Agora se empregam
outros métodos. Resultados?
Bancos de igrejas vazios. Pouquíssimos jovens estão sendo levados a Cristo. O de que
precisamos hoje, mais do que qualquer outra coisa, é de um exercito de
evangelistas e reavivalistas que percorram a nação em toda a sua extensão e
largura, de igreja em igreja, de cidade em cidade, conclamando o povo para que se
volte para Deus.
Agradeço
ao Senhor toda a campanha evangelística. Sei que tremendo prejuízo a igreja tem
sofrido por causa da ênfase errônea nas finanças, de modo especial no que diz
respeito às ofertas voluntárias. Eu gostaria de ver chegar o dia em que o evangelista, a exemplo do pastor, recebesse um salário fixo,
enviado da sede, a fim de que todos pudessem saber exatamente quanto ele ganha.
Assim cessariam as acusações de abuso, de aproveitamento ilícito, de corrupção
e extorsão.
Em
todas as denominações haveria lugar e tempo para a obra do evangelista. Ele
receberia um salário determinado pela denominação, presbitério, concílio ou
ministério local da igreja. As ofertas que excedessem as despesas seriam
entregues à tesouraria central. Talvez seja essa a grande e única solução.
Devemos
quase tudo quanto possuímos ao evangelismo. A maioria dos crentes se converteu
em campanhas evangelísticas ou durante períodos de avivamento espiritual.
Calculo que pelo menos sessenta por cento dos crentes ganhos para Cristo
converteram-se em reuniões evangelísticas. Muitas e muitas vezes tenho feito
pesquisas, por meio de mãos levantadas, e vejo a confirmação desses números.
Pergunto
a mim mesmo o que acontecerá quando os crentes atuais desaparecerem, e não se
promoverem campanhas para que se conquistem outros para Cristo. Os jovens da
Inglaterra, em sua maior parte, estão desviados. É provável que jamais se
filiarão a uma igreja. O clamor dos crentes de mais idade é: “Quem assumirá o
nosso lugar quando morrermos?” O evangelismo é a única solução. Torna-se
imperativo o emprego das reuniões evangelísticas e de reavivamento.
Resultados do evangelismo
Conforme
eu disse, tenho estudado atentamente a História das Missões e do Evangelismo ao
longo dos anos. Nos primeiros dias contávamos com uma média aproximada de
quinhentas decisões anualmente. Esses bebês recém-nascidos enchiam os bancos de
nossos templos, com o resultado que os crentes mais antigos
encontravam seus lugares ocupados se chegassem um pouco mais tarde. Durante
anos e mais anos não fizemos qualquer propaganda pelos jornais, tão compactas
eram as multidões que nos procuravam. Tenho uma carta, a mim dirigida pelo
Comandante do Corpo de Bombeiros, exigindo que eu reduzisse as minhas pregações
por causa dos riscos de incêndio. Li essa carta ao povo, em certo domingo à
noite, quando o templo estava repleto com mais de duas mil pessoas, muitas
delas de pé ao longo das paredes, outras sentadas nos degraus dos corredores,
entre os assentos. Muitas pessoas não puderam entrar, por falta de espaço para
ficar em pé. A leitura dessa carta fez que um número maior ainda de pessoas
procurasse entrar no domingo seguinte.
Tínhamos
um órgão de tubos monstruoso, que ocupava todo o espaço da parte de trás da
galeria. Quando nossos irmãos viram tantas pessoas tendo que voltar para casa,
por falta de acomodação, semana após semana, puseram-se a orar. Pediam ao
Senhor que enviasse alguém que comprasse o órgão, a fim de que se pudesse
construir uma segunda galeria em seu lugar, para acomodarmos mais pessoas. Após
alguns meses Deus atendeu à oração. Agora o órgão está em outra grande igreja
de Toronto. Construímos uma segunda galeria. Na primeira noite em que ela foi
aberta ao público, ficou cheia de gente. Muitas pessoas ficaram sentadas nos
degraus das passagens laterais.
Desde
aquele dia até hoje, excluindo os quentes meses de verão e o período de férias,
essa galeria fica repleta, e muitas dezenas senão centenas de pessoas já
desceram dessa “elevação”, para dizer que estavam salvas por Cristo.
Às
vezes uns policiais se aproximam de mim, antes do início do culto, insistindo
em que eu reduza o número excessivo de pessoas que frequentam nossa igreja. Não
permitiam que tantas pessoas ficassem de pé ao longo das paredes internas, ou sentadas nos corredores.
A
única coisa que eu poderia fazer, conforme já declarei, seria suspender toda a
propaganda pelos jornais. Apesar disso, durante muitos anos, com raríssimas
exceções, tenho pregado para mais de duas mil pessoas, domingo após domingo à noite.
O
evangelismo enche de gente qualquer igreja. Tenho visto isso vezes sem conta,
semana após semana e ano após ano.
Jamais
me poderei esquecer da campanha que tive o privilégio de dirigir na famosa
Igreja da Rua Park, em Boston. Estava repleta ao máximo de sua capacidade, e
inúmeras pessoas tiveram de ficar de pé. No fim da campanha de duas semanas
mais de duzentas pessoas haviam tomado a grande decisão por Cristo. Aquela
grande igreja sofreu uma revolução. Nunca mais foi a mesma. Deus operou de maneira
admirável. O que o evangelismo fez pela igreja na Rua Park, pode fazer por
qualquer igreja evangélica.
As
maiores campanhas de evangelização de que já desfrutei na vida, até antes do
início da Segunda Guerra, foram efetuadas na Austrália e na Nova Zelândia.
Muitas vezes foi impossível encontrar auditórios suficientemente grandes para
conter as multidões. Tive de organizar as operações sozinho, mas Deus agia.
Pedaços de relatos apareceram em meu livro The StoryofMy Life (A História da
Minha Vida). A Austrália e a Nova Zelândia nunca mais se esquecerão das
campanhas de cinqüenta anos atrás. Eu havia contraído malária, mas a respeito
de minha debilidade física, Deus agiu poderosamente. Foi um milagre do
princípio ao fim. Pelo menos mil pessoas se renderam a Cristo, e muitos antes
de as campanhas se encerrarem, os novos convertidos já trabalhavam na
evangelização.
Depois
de haver falado a um numeroso grupo de pastores em Sidney, na Austrália, sobre
o evangelismo, notei um ministro cujo rosto estampava tristeza. Ele se
aproximou lentamente de mim. Esperei que ele se manifestasse. Ele ficou de pé
um momento, diante de mim, antes de abrir a boca, e depois me perguntou o
seguinte:
-
Dr.
Smith, será que entendi mesmo o que o senhor disse?
-
Por
quê? – retruquei – Qual é a sua dúvida?
-O senhor disse de fato, - frisou ele
– que é possível a gente fazer o que o senhor acabou de falar?
-
Sim,
mas não entendo qual é a sua dúvida, - insisti.
O senhor acha, continuou ele, que é
possível a um ministro presbiteriano fazer um apelo para que os perdidos
aceitem a Cristo? (Ele salientou a palavra “presbiteriano”).
-Bem – respondi – eu sou um ministro
presbiteriano, e durante todos os dias de meu ministério tenho feito apelos, e
tenho visto homens e mulheres, às centenas, virem à frente, defronte o púlpito,
a fim de aceitar a Jesus Cristo como seu Salvador – concluí.
-
Mas
o senhor sabe, - insistiu ele – que isso não se faz na igreja presbiteriana.
Não agimos assim em nossa denominação.
-
Sei
disso – prossegui. – Mas não veja razão por que um ministro presbiteriano não
possa fazer um apelo desses.
Com
expressão de tristeza no rosto ele se virou e foi-se embora. Em poucos minutos,
já me havia esquecido inteiramente do incidente. Na segunda-feira seguinte, à
noite, quando eu dirigia uma de minhas reuniões costumeiras no Auditório do
Supremo Concílio da Igreja Presbiteriana, estava prestes a
subir os degraus até o púlpito quando percebi um movimento estranho à porta.
Parei, curioso. Eu queria saber o que estava acontecendo. Para minha grande
admiração, vi o rosto de meu amigo, o ministro presbiteriano que me
interpelara, esforçando-se para entrar, varando o povo amontoado à entrada do
edifício. Fiquei esperando. Ele conseguiu passar e vinha rápido na minha direção.
Notei que trazia uma jovem pelo braço esquerdo e outra pelo direito,
arrastando-as.
Quando,
por fim, chegou a distância suficiente para que eu o visse melhor, notei que
seu rosto brilhava de alegria.
- Funciona, funciona! – berrou ele.
- No momento não atinei o sentido de
suas palavras.
-
Que
é que funciona? – perguntei, quando chegou à minha frente.
-
Ora,
o que o Senhor disse no sábado! – exclamou ele.
E
prosseguiu: - No domingo, pela primeira vez em minha vida, fiz um apelo, e veja
o que consegui. E assim dizendo impeliu as duas jovens para diante de mim.
Interroguei-as
e vi que ambas se haviam realmente convertido ao Senhor. E lembrei-me do
incidente do sábado, até que raiou em minha mente que algo diferente havia
acontecido.
Ele
fizera o apelo no dia anterior, mas com medo. Duas mãos se levantaram. Ele
ficou sem saber o que fazer, mas pediu às duas jovens que se levantassem.
Inseguro sobre o passo seguinte, ele se lembrou de que eu convidara as pessoas
que desejassem ser salvas que viessem falar comigo sobre a salvação. Foi o que
ele fez. As jovens atenderam sem hesitação. Não contando com obreiros que o
auxiliassem, ele mesmo conversou com as jovens e, ao fazê-lo, foram salvas.
Que
transformação! Aquele ministro presbiteriano voltou ao seu
trabalho para fazer justamente o trabalho que havia negligenciado durante todo
o seu ministério. Daí por diante passou a oferecer à sua congregação a
oportunidade de aceitar a Jesus Cristo como Salvador, depois de pregar, ao
invés de apenas pronunciar a bênção apostólica e ir embora para casa. Seu
ministério inteiro se revolucionou. Começou a experimentar um pouco do júbilo
que acompanhava o evangelismo, e assim aprendeu, por experiência própria, que
até mesmo um ministro presbiteriano pode fazer apelos para que os pecadores
aceitem a Cristo como Salvador. A minha sugestão a você, meu amigo, é esta:
“Vai, e faze da mesma maneira” (Lucas 10:37).
LIVRO
PAIXÃO PELAS ALMAS = Autor Oswald Smith
ÉVANGELISMO
É EVANGELIZAR GANHAR ALMAS PARA CRISTO
QUE É A OBRA DE GANHAR
ALMAS?
1. Não é profissão. Deus nunca quer que a obra mais
elevada e santa, a de ganhar almas, se torne uma profissão. Mas o amor à fama,
o amor ao salário e o amor de governar leva muitos a vestirem-se com trajes
eclesiásticos e aceitar títulos de oficio. Na história da Igreja, as grandes
colheitas de almas foram sempre fruto daqueles que trabalhavam sem idéia de
profissionalismo, anunciando a Palavra por toda parte, à sua própria custa.
2. Não é dar esmola. Muitos crentes estão deixando
mais e mais de anunciar a mensagem que dá vida à alma, para dar comida e roupa
aos pobres. Que a Igreja, deve compadecer-se dos pobres e dar, é certo, mas não
será o número total de Paes distribuídos que o Juiz quer ver no último dia, mas
o número de almas salvas. Pães e roupas não podem estancar a sede da alma:
“Todo o que bebe desta água, tornará a ter sede.”
3. Ganhar almas não é reformá-las. Não se deve pensar nem dar a
entender ao perdido, que a salvação é adquirida pelo fato de alguém levantar a
mão, deixar de fumar, recusar a bebida forte, e abandonar todos os vícios. Se o
homem pudesse salvar-se, só exercer o poder da vontade, Deus não teria dado Seu
Filho para sofrer a agonia do Getsêmani e do Calvário.
4. Ganhar almas não é magnetizá-las. A alma atraída pela
personalidade ou eloqüência do pregador permanece fiel só durante o tempo que o
pregador fica com ele. “Meu ensino e a minha pregação não foram em palavras
persuasivas de sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder, para que
a vossa fé não se baseie na sabedoria dos homens, mas no poder de Deus”. (1 Cor
2. 4-5).
O grande
número de almas que Paulo ganhou para Cristo, não foi atraída pela
personalidade de apóstolo. “Sua presença corporal é fraca” (2 Cor 10.10).
Diz-se
Jônatas Edwards, poderoso em ganhar almas, em tempos passados, escrevia seus
sermões por extenso; lia-os em voz monótona, página por página, segurando o
manuscrito perto dos olhos porque era míope; e, apesar disto, algumas vezes os
do auditório agarravam-se aos bancos com medo de cair no inferno dos pecadores,
tão vividamente representadas em palavras de fogo, e de tal forma, que
multidões foram conquistadas para Deus. Era a Palavra do Senhor que os atraía e
não a personalidade do homem.
5. Ganhar almas é pescar. “Segui-me, e eu vos farei
pescadores de homens” (Mat 4.19). “Eu vos farei!” Então, os pescadores de
homens são feitos por Cristo. Todos os dons necessários, Ele lhes concede.
“Serás pescador de homens” (Luc 5.10). A palavra nesta passagem no
original traduzida literalmente, quer dizer: “Apanhar homens vivos”, dando a
idéia de salvá-los completamente do perigo mais horrível. Encontra-se esta
palavra só uma vez nas Escrituras, em 2 Tim 2.26:
“E se
livrem do loco do Diabo tendo sido feitos cativos, (apanhados vivos) por ele”.
Satanás também apanha almas vivas! Que hoste grande de cativos ele está
conduzindo para o inferno! Alguns dos nossos queridos estão na procissão, e nós
permanecemos inativos?
6. Ganhar almas é ceifar. “Rogai pois, ao Senhor da seara,
que envie trabalhadores para a Sua seara” (Mat 9.38). Não é o dinheiro, nem os
crentes, que envia o ceifeiro para suportar o calor, e o labor do dia inteiro,
mas, sim, “o Senhor da seara”. “Aqueles que semeiam em lágrimas, com júbilo
ceifarão. Embora alguém saia chorando, levando a semente para semear, tornará a
vir com júbilo, trazendo os seus feixes” (Sl 126. 5-6)
7. Ganhar almas é procurar o que se havia perdido. Toda a circunvizinhança
comove-se ao saber que uma criancinha se perdeu no deserto. O pastor fiel não
pode descansar, nem provar comida, a noite inteira, se não achar a ovelha
perdida. Leia o capítulo 15 de Lucas e peça a Cristo que lhe dê a Sua compaixão
abrasadora para com um mundo pródigo, e lhe ensine a procurar almas perdidas.
8. Ganhar almas é privilégio supremo do crente. Nem a Gabriel, nem a Miguel, nem
a qualquer dos anjos dos céus, é permitido participar desse gozo de ganhar
almas.
Um dos
mais conhecidos missionários na Turquia foi convidado a assumir o cargo de
cônsul, numa das maiores cidades daquele país, com salário de príncipe, mas não
aceitou. “Por que não aceitou? Perguntou-lhe um moço, admirado. “Porque recuso
rebaixar-me a ser embaixador ou cônsul”, foi a resposta calma.
“Os que
forem sábios, resplandecerão como o fulgor do firmamento; e os que converterem
a muitos para a justiça, como as estrelas para todo o sempre” (Dan 12.3).
9. Ganhar almas é levá-las a ter contato com Cristo. Diz-se Jônatas Goforth: “O alvo
da sua vida foi levar homens a Cristo até à hora da sua morte”.
Quantas
vezes estamos satisfeitos quando o perdido vem somente para orar. O nosso dever
é levá-lo a ter contato com o Cristo vivo.
Não
devemos abandoná-lo depois de salvo, mas levá-lo a continuar perante o Senhor.
Saulo, salvo no caminho de Damasco, estava pronto a começar a trabalhar para
Cristo. Mas foi enviado à cidade, esperando, nas trevas, durante três dias, que
Cristo fosse formado nele (compare Gal 4.19).
Não há
estória mais gloriosa, entre todos os missionários, do que a de Carlos de
Foucald. Nasceu-se e criou-se no seio de uma família nobre, com toda pompa e
luxo. Não zombava da religião, mas o seu único interesse era divertir-se.
Ocupava um lugar de honra no exército, quando, na casa de parentes, em Paris,
encontrou Ruvelin. Quis entrar em polêmica com o pregador, mas este, depois de
olhar para ele por alguns momentos, pediu-lhe que se ajoelhasse e orasse,
confessando seus pecados. O moço não o quis fazer, dizendo que não viera pra
confessar seus pecados. Contudo, o homem de Deus insistiu em que se ajoelhasse.
Admirado, de Foucauld obedeceu e foi compungido em sua alma, a confessar a
Deus, as faltas de uma vida desperdiçada, da qual antes não fora despertado.
Não houve
qualquer argumento entre os dois, nem troca de idéias, mas o contrito, Carlos
de Foucauld, desde aquele dia não olhou para trás. Nunca houve alguém que
abandonasse a velha vida mais sinceramente do que ele.
Renunciou
a todas as riquezas materiais e confortos da vida, para levar os silvícolas ao
Salvador. No lugar onde o Senhor o colocou, foi fiel até a morte, morte de
mártir.
O segredo
da vida vitoriosa deste missionário estava em ter contato com o Salvador vivo,
contato que nunca perdeu.
“Depois
disto ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por
nós? Disse eu: Eis-me aqui, envia-me a mim.”
LIVRO ESFORÇA-TEPARA GAANHAR ALMAS = Orlando Boyer = Editora Vida
O que
é Evangelização
Texto Áureo =
"Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do
Filho, e do Espirito Santo; ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos
tenho mandado [...]." (Mt 28.19,20)
Verdade Prática = Evangelizar é a missão mais importante e urgente da Igreja de Cristo;
não podemos adiá-la nem substituí-la.
Leitura
Bíblica = Marcos 16.9-20
INTRODUÇÃO
Um exame na obra do Evangelismo
Tendo em vista a obra de ganhar almas para Jesus, mediante a evangelização pessoal, vamos considerar este assunto sob os cinco pontos seguintes:
1.
Porque devemos evangelizar
2.
Quando devemos evangelizar
3.
Onde devemos evangelizar
4.
Como devemos evangelizar
5.
Resultados de evangelizar
1. PORQUE DEVEMOS
EVANGELIZAR
1.1. Porque o nosso Senhor ordenou (Mc
16.15)
Para muitos cristãos, Jesus é apenas o
Salvador de suas almas, mas não
Senhor e Rei de suas vidas. O evangelho integral
apresenta Jesus não só como Salvador, mas também como Senhor (At 16.31). A ordem
de evangelizar vem do Senhor para os seus súditos.
Não é um convite: é um mandamento do nosso
Senhor. Mas não devemos evangelizar só porque é um mandamento, mas porque amamos a Jesus e queremos
ser-lhe gratos. Vejamos as desculpas mais
comuns dos crentes quanto a esta ordem do Senhor:
a. "Estou muito ocupado";
"Não tenho tempo".Entretanto o Senhor Jesus não estava tão ocupado a ponto de não poder vir morrer em nosso
lugar. Aqui no mundo Ele sempre
cumpria na hora o programa do Pai, mesmo sabendo
que o final seria o Calvário (Mt 26.45; Lc 22.14;
Jo 2.4; 13.1; 17.1). Ele não andava tão ocupado
a ponto de não ouvir o clamor das almas aflitas (Mc
5.30; Lc 18.40).
b. "Estou muito cansado ".Jesus, no sol de meio-dia, junto à fonte de Jacó,
não estava tão cansado a ponto
de não poder atender a samaritana perdida (Jo 4.6,7).
c. "Não sei falar"; "Não
dou para nada na igreja".
d. "Não tenho capacidade". Outros também já deram as mesmas desculpas, mas ao
obedecerem à ordem do Senhor, foram
maravilhosamente usados por Ele. Estude os exemplos de:
-Moisés (Ex 3.11)
- Gideão (Jz 6.15)
- Isaías (Is 6.5)
- Jeremias (Jr 1.6)
-Amos (Am 7.14)
-Amos (Am 7.14)
Portanto, entregue ao Senhor o que você
tem, irmão. Ele transformará o
pouco no muito (Jo 6.9-13). Ele dará a capacidade necessária (Mt 4.19; 2 Co 3.5).
A missão de evangelizar o mundo,
entregue por Jesus à sua Igreja, implica em dever e responsabilidade (Ez 33.8,9; Rm 1.14; 1 Co 9.16).
Uma das razões da inatividade de muitas igrejas e
crentes na obra de evangelização vem do seu descuido quanto à vinda de Jesus. Os cristãos primitivos foram ativos na evangelização, não só porque eram cheios do
Espírito Santo, mas também porque
esperavam a volta de Jesus em seus
dias.
1.2. Porque temos recebido de Deus talentos,
e assim temos uma mordomia
para dar conta (Mt 25.14-30; Lc 16.2; 19.13). O dia da prestação de
contas com o nosso Senhor
está perto (Rm 14.10; 1 Co 3.13-15; 2 Co 5.10).
1.3. Porque Deus nos concedeu o privilégio de participar do seu trabalho
Servir ao Senhor não é apenas um dever
cristão, é também um grande
privilégio. Deus podia usar outros
meios para levar a mensagem de salvação ao pecador. Ele assim faz quando lhe apraz, mas isto não é regra geral; é exceção. Seu
método é usar homens para falar a homens. O trabalho de ganhar almas para Deus é um privilégio que Ele nos concede
para obtermos galardão no dia de
Cristo (Fp 2.16). Há, neste sentido, uma solene declaração da Bíblia em Pv 11. 30. A salvação é dádiva de Deus, mas galardão é recompensa que o crente obtém mediante sua atividade na obra do Senhor.
1.4. Porque o pecador sem Jesus está perdido (Rm 5.12)
A palavra perdido, significa
perdido mesmo, isto é, sem solução, desenganado, extraviado, desgarrado, arruinado. Jesus usou esta palavra em Lc
19.10. Precisamos compreender que esta é a situação atual dopecador
não-salvo. Jesus não usou termos menores,
nem arrodeios.
Aqui, entre nós, quando desaparece um
avião, um navio, uma expedição ou mesmo uma pessoa,
todos os recursos disponíveis são mobilizados para salvar o que está perdido. Vamos nós fazer menos, ou cruzar os
braços ante o perdido pecador, que se não aceitar Jesus como seu Salvador, irá
para o Inferno eterno?
Se, como parte de um curso de
evangelismo pessoal, tivéssemos de passar
24 horas no Inferno, para ver
o que se passa lá entre os perdidos, ao voltarmos, toda nossa vida giraria em
torno da obra de evangelizar e ganhar almas
perdidas, e também desviados, e jamais pôr tropeço na vida de
alguém.
Uma alma vale mais do que todo o mundo (Mc 8.36,37). O amor que Jesus demonstrou por nós no Calvário deve nos constranger (2 Co 5.14). A visão
deste sublime amor de Jesus torna-se
mais real quando meditamos a respeito do seu suor de sangue, da traição de Judas, das vergastadas, do esbofeteamento, dos pregos nas mãos e nos pés; na
sede, na zombaria; sim, quando
sentimos seu coração rasgado de dor;
quando vemos seu rosto desfigurado
pelos maus-tratos; quando ouvimos seu brado pungente nas trevas e contemplamos
a sua cabeça pendente na cruz!
Na mensagem ao profeta Isaías, Deus
dirige-se a todos nós: "A quem enviarei eu? E quem irá
por nós?" (Is 6.8). O irmão já teve a visão horrível das almas condenadas caminhando nas trevas para o abismo?
Lembre-se de que está agora salvo porque alguém
duma maneira ou de outra o levou a Cristo, meu caro irmão! Queremos
somente receber e não dar também?
2. QUANDO DEVEMOS EVANGELIZAR
A
única resposta é: AGORA!
Como os pecadores crerão agora, se eu não falar agora? (Ml 1.9;
At 17.30; Hb 3.7). As almas precisam ser ganhas para
Jesus agora, porque:
- AGORA é que estamos vivos. Em Lucas 16 temos a história de um homem que se interessou
pela salvação dos outros, mas só depois de morto, quando nada mais podia fazer.
-
AGORA temos pouco tempo. Jesus não tarda a vir. Se no tempo do apóstolo João, sua
vinda já estava próxima (Ap 22.20), que diremos nós hoje? Urge atentar para Jo 9.4. Nosso tempo também pode ser pouco nosentido de a liberdade religiosa ser cerceada ou mesmo cassada, como já aconteceu e está acontecendo em certos países.
Quanto à idade daqueles a quem devemos
evangelizar, a resposta sempre será - agora. Crianças,
jovens e velhos podem ser ganhos para Jesus
agora. Na igreja, um dos
grandes setores de evangelização das crianças é a Escola Dominical,
quando devidamente aparelhada.
Nela, o professor de crianças tanto pode levar as crianças a Cristo, como ensiná-las a viver para Cristo. Quem ganha uma criança para
Jesus salva uma vida inteira. Quem ganha um adulto,
salva apenas meia vida, pois a outra metade o mundo já levou. Cuidado, pois! Uma oportunidade perdida
pode nunca mais voltar. Um coração hoje
aberto pode amanhã estar fechado, e... para sempre.
3. ONDE DEVEMOS
EVANGELIZAR
Nem em todos os locais podemos fazer
cultos de pregação, mas ganhar almas individualmente, sim. Vejamos alguns locais onde isso pode suceder:
3.1. Nos cultos
Os crentes ganhadores de almas devem
ficar alerta nos cultos de pregação, especialmente
quando estes chegam ao término. Há pecadores
que, mesmo depois de convencidos pelo Espírito Santo, precisam de ajuda para fazer sua decisão. Muitos
têm dúvidas, temores e dificuldades internas. Nessas horas, uma palavra de encorajamento da parte de Deus é decisiva. Há pessoas que nunca entraram
num templo. Acham tudo estranho. Uma
voz amiga vence tais barreiras. Quantos milhares de pecadores fizeram sua decisão porque alguém os conduziu
à frente. Não convém insistir demais nem também
forçar. Deixe o Espírito Santo dirigir as coisas. Muitas almas se extraviam por falta de uma palavra
amiga, portanto, dê atenção pessoal a elas. Nos cultos ao ar livre, o trabalho
pessoal com os circunstantes é valiosíssimo.
Muitos frutos têm sido colhidos assim.
3.2. Nos lares
O lar pode ser o nosso.
Muitas vezes o campo de trabalho não é o interior do
país nem o exterior, mas a nossa própria casa,
isto é, pais, irmãos, filhos, parentes. Jesus disse que o campo é o mundo
(Mt 13.38); ora, o mundo começa à nossa
porta.
Os crentes primitivos evangelizavam de casa em casa (Mc. 5.19;
At 5.42; 20.20). Muitas grandes igrejas de
hoje, começaram em casas particulares. O lar foi a primeira instituição divina, e Deus tem em mira a
salvação de todos no lar (Gn 19.12;
Êx 12.3; Js 6.23-25;Al 11.14;
16.31).
3.3. Em público
Aqui, há muitos locais a considerar. O
apóstolo Paulo pregou em praças (At 17.17). À beira de
rios (At 16.13). Na parábola das bodas, o Senhor Jesus
fez menção disso (Lc 14.21). Há pessoas de
tal temperamento e formação; de tais
superstições e preconceitos, que
jamais entrarão num templo evangélico. Muitas vezes há também proibição.
Tais pessoas só poderão ser atingidas pelo
evangelismo pessoal em público. Evangelizar
é ir ao encontro do povo. Jesus não disse: "Venha todo o povo ouvir a pregação do Evangelho", mas, "Ide por todo
o mundo e pregai o Evangelho a toda a
criatura".
3.4. No trabalho (indústrias,
profissões particulares, etc.)
Jesus chamou vários discípulos quando
ocupados em seus trabalhos habituais (Mt 9.9; Mc 1.16-19). O grande evangelista D.L. Moody
foi salvo quando trabalhava no
interior duma sapataria. Há ocasiões
em que a melhor maneira de falar de Jesus em .tais lugares é através da própria vida, vivendo diante dos patrões, empregados e
colegas como um verdadeiro filho de Deus, deixando a luz brilhar nas trevas. Uma vida assim atrai os outros
para Cristo. "A única Bíblia que
muitas pessoas lêem é a vida de um crente"
(D.V. Hurst). É como se fosse o "Evangelho
Segundo Fulano de Tal".
É preciso prudência para falar nos locais acima mencionados, de modo que não haja violação de rotinas, quebra de instruções, etc. A hora de
almoço e. o tempo de descanso podem ser as ocasiões apropriadas.
Não é preciso um sermão. Muita gente pode ser alcançada em
público: barbeiros, ascensoristas, engraxates, comerciantes, comerciários, empregados
em geral, balconistas etc. O irmão R.A. Torrey
dava cinco características de uma boa oportunidade em público. Ei-las: -
Quando a pessoa está só
- Quando desocupada
- Quando de bom humor
- Quando comunicativa
- Quando em atitude séria.
3.5. Nos transportes em geral (trens, navios, aviões, ônibus, etc)
Em viagem, normalmente as pessoas
estão dispostas: gostam de conversar
e ler. Outras ficam apreensivas. O transporte em
que viajamos diariamente pode ser o meio de ganharmos muitas almas para o reino de Deus. Peça, irmão,
ardentemente ao Senhor que o dirija a falar aospecadores.
Às vezes, quando não é possível falar,
podemos entregar um folheto apropriado. (Quanto a isto, estudaremos mais adiante.)
3.6. Nas instituições públicas (hospitais, prisões, abrigos, penitenciárias, institutos, etc)
Aqui, a primeira providência é obter a
devida permissão para o serviço que se pretende fazer. É um ato nobre e cristão levar alegria e
prazer aos internos de tais instituições.
Muitos deles, dali não voltarão mais ao convívio
dos seus. A única oportunidade que terão de ouvir o Evangelho será pelo
testemunho pessoal, pelo rádio ou pela página impressa. "Estando enfermo e na prisão, não me visitaste" (Mt 25.43).
Paulo ganhou o carcereiro dentro da prisão (At 16.23,24). Há pessoas que em são estado de saúde e
em plena liberdade, jamais ouviriam o Evangelho, mas nas instituições de internamento podem ouvir de boa mente. O
campo é vasto nas organizações deste tipo.
Milhares têm aceitado Cristo nas prisões,
sanatórios, abrigos, etc. Outros estão a espera que alguém lhes leve a mensagem da salvação. (Lede Hb 13.3.).
3.7.Aproveitando as ocasiões
Pessoas atingidas por infortúnios,
desgraças, catástrofes, etc, ouvindo do
poder salvador de Cristo, poderão render-se a Ele. Quando uma pessoa acha-se no centro de tais acontecimentos, esvaem-se-lhe a vaidade,
o egoísmo, os pontos de vista, os preconceitos,
etc. Numa situação assim, o Evangelho deve
ser indicado como a felicidade eterna.
Há pessoas que em situações normais não
dão qualquer importância ao
assunto da salvação, mas atingidas pela adversidade, tornam-se receptivas. Muitos têm sido salvos em tais
circunstâncias. Por exemplo: ali está um homem morrendo sem salvação. Ele treme ao enfrentar a eternidade sem Deus. Em tais momentos o testemunho de Jesus pode ser vital e decisivo.
Quantos já estão na glória, tendo sido salvos nos últimos momentos de vida? O malfeitor ao lado de Cristo, foi salvo assim (Lc 23.42,43).
Momentos de decisões importantes também são
ocasiões próprias para se falar de Jesus.
4. COMO DEVEMOS EVANGELIZAR
Para começar, o ganhador de
almas tem de ter experiência própria da
salvação. É um paradoxo alguém conduzir um
pecador a Cristo, sem ele próprio conhecer o Salvador. Isto é apontar o
caminho do Céu semconhecê-lo. Quem fala de
Jesus deve ter experiência própria da
salvação. (Ver Sl 34.8 e 2 Tm 1.12.)
4.1. O uso da Palavra de Deus e seu
estudo constante
(2 Tm 2.15)
Este é um dos fatores do crescimento
espiritual e da prática de ganhar almas.
Estando nosso coração cheio da Palavra de
Deus, nossa boca falará dela (Mt 12.34). É evidente
que o ganhador de almas precisa de um
conhecimento prático da Bíblia; conhecimento esse, não só quanto à mensagem do Livro, mas também quanto ao volume em
si, suas divisões, estrutura em geral, etc. Sim, para
ganhar almas é preciso "começar pela
Escritura" (At 8.35).
Aquilo que a eloqüência, o argumento e a persuasão humana não podem fazer, a Palavra de Deus faz, quando apresentada sob a unção do Espírito Santo. Ela é qual espelho. Quando você fala a
Palavra, está pondo um espelho diante do homem. Deixe o pecador mirar-se
neste maravilhoso espelho! Assim fazendo, ele aborrecerá a si mesmo ao ver sua situação deplorável.
Está escrito que "Pela lei vem o
conhecimento do pecado" (Rm 3.20). Através da poderosa
Palavra de Deus, o homem vê seu retrato sem qualquer retoque, conforme Is 1.6.
No estudo da obra de ganhar almas, há muito
proveito no manuseio de livros bons
e inspirados sobre o assunto. Há livros deste tipo que focalizam métodos
de ganhar almas; outros focalizam
experiências adquiridas, o desafio, o
apelo e a paixão que deve haver no ministério em apreço. A igreja de Éfeso foi
profundamente espiritual pelo fato de
Paulo ter ensinado a Palavra ali durante
três anos, expondo todo o conselho de Deus (At 20.27-31). Em Corinto ele
ensinou dezoito meses (At 18.11).
Veja a diferença entre essas duas igrejas através do texto das duas epístolas
(Coríntios e Efésios).
4.2. Uma vida correta
Paulo evangelizando pessoalmente a
Félix, o governador da Judéia, disse:
"Procuro sempre ter uma consciência sem ofensa, tanto para com Deus como para com os homens" (At 24.16). A
consciência nos seus dois lados -
para com Deus e para com os homens -
deve estar limpa. Muitos crentes têm sido
desaprovados por Deus por falharem nesta parte. Trabalham à toda força e frutos não há. Perguntam:
"Por que não há frutos no meu trabalho?" As Escrituras respondem em Is 52.11. Davi compreendia que o pecado é um impedimento à conversão
dos pecadores (Sl 51.2-13). Consideremos aqui os seguintes textos:
- 1 Pe 1.15 - Aqui a santidade é
requerida em todas as maneiras de viver.
- Fp 1.27 - Mostra que a nossa conduta
deve ser conforme o Evangelho.
- Rm 12.1,2 - O ensino aqui é que não devemos ter uma vida conformada com o mundo.
O povo de Deus deve caminhar o mais possível
distante do mundo.
Certo patrão estava examinando um grupo
de motoristas, a fim de
selecionar um deles para ficar como
empregado de sua firma. A certa altura do teste,
surgiu a seguinte pergunta dele: "Se vocês fossem por uma estrada, beirando um precipício, qual seria a menor
distância a que chegariam da beira
do abismo, respeitando os limites de segurança?" Os motoristas
querendo demonstrar habilidade e
experiência, foram dizendo: "um metro", "menos de um metro", "meio metro".
Nenhuma resposta agradava o patrão
até que um deles disse: "Eu
caminharia tão longe quanto possível do precipício". Este
candidato foi aceito para o emprego. Assim
deve ser também na vida espiritual... O descrente não lê a Bíblia, mas
lê a vida do crente, que de fato deve ser uma
Bíblia aberta! (2 Co 3.2).
4.3. Aprendendo com o supremo ganhador
de almas - Jesus (Mt 4.19)
Em sacrifício, amor, serviço e métodos
na obra de ganhar almas, Jesus é o nosso perfeito exemplo. Entre os diversos casos de
evangelização pessoal do Senhor Jesus, abordaremos um
- o da mulher samaritana, em João cap.4. Se
seguirmos os passos de Jesus para ganhar a
samaritana, muito aprenderemos
quanto à evangelização pessoal. Em seu ministério, inúmeras vezes Jesus pregou a milhares de ouvintes; entretanto, um dos seus mais
belos sermões - o de João cap. 4 -,
foi proferido perante uma só
alma. Isto revela também a importância do testemunho pessoal. Noutra ocasião, Jesus dirigiu um extenso estudo bíblico para dois
discípulos (Lc 24.27).
Sigamos, pois, os passos do Senhor ao ganhar a samaritana:
4.3.1.Ter amor, espírito de sacrifício (vv.
4,6,8). O v.4 fala de sacrifício; o v.6, de
cansaço; e v.8, de necessidade (fome). Tudo
por causa duma alma perdida. É interessante notar que Jesus estava cansado da viagem (v.6), mas não do
trabalho. O ganhador de almas deve estar
possuído de ardente amor e compaixão pelos
perdidos. O apóstolo Paulo tinha
a mesma paixão (Rm 9.2,3).
4.3.2.Ir
ao encontro do pecador (v.5).Notai como o Senhor Jesus foi do geral ao particular: primeiro, à província de Samaria (v.4),
depois à cidade de Sicar (v.5), e por último à fonte de Jacó, para onde a mulher deveria vir
(v.6).
Jamais deveremos esperar que os pecadoresvenham
ao nossoencontro. Jesus mostrou, em
Mt 4.19, que a obra de ganhar almas é comparada a uma pescaria espiritual. O pescador tem de colocar-se no
local da pesca, sequiser apanhar
peixes. Noutras passagens da
Bíblia encontramos o mesmo ensino, como em Lc 15.4. O profeta Ezequiel, conduzido pelo Espírito Santo, foi até os cativos do seu povo e sentou-se entre eles (Ez 3.14,15).
4.3.3 .Paciência (v.6).Diz o texto: "Assentou-se". Assim
fez, esperando pelo pecador. (Ler At 17. 2.)
4.3.4. Entrar logo no
assunto da salvação (v. 7).
Há sempre uma porta
aberta para se falar da salvação. No caso da
samaritana, o assunto do momento era água e
sede, e logo Jesus falou da água da vida que sacia a sede da alma. Vemos um
caso idêntico em Atos capítulo 8. Aí
o assunto era leitura e logo
o servo de Deus iniciou a conversa com uma pergunta também sobre leitura (v.30). Em João, capítulo 2, quando Jesus conversava com Nicodemos, talvez soprasse uma brisa, e logo Ele usou o vento como figura (v.8).
4.3.5. Ficar a sós com quem está falando (v.
8).
4.3.6.Quando alguém estiver
falando com um pecador a respeito da salvação,
evite perturbá-lo, a menos que seja
convidado.
4.3.6.
Deixar os preconceitos
raciais ou sociais (vv.9,10).Jesus veio desfazer
4.3.7.
todas as barreiras que impedem a perfeita
relação entre Deus e o homem, e entre este e seu semelhante. Os preconceitos
têm causado grandes
males na sua ação destruidora de separar, ao passo que Jesus veio unir (Ef
2.11-22).
4.3.8.
Não se afastar do assunto da salvação (vv.9-13).No v.9, a mulher
alega o problema do preconceito. No v.12, Jesus volta ao assunto inicial: água, mas agora água da
vida. Nos w.11,12, a mulher apresenta dificuldades. Nos w.13,14, Jesus volta ao assunto inicial:
salvação. Resultado: no v.15 já
há na pecadora um certo grau de interesse.
há na pecadora um certo grau de interesse.
4.3.9.Fazer ver ao ouvinte que ele é pecador
(v.16). Jesus sabia que a
samaritana não tinha marido, mas para motivar uma declaração dela, disse-lhe: "Chama o teu marido e vem cá".
Muitos pecadoresnão se podem salvar porque
não querem reconhecer que são pecadores e muito
menos perdidos.
4.3.9. Não atacar defeitos, nem condenar (v. 18).
Isto não quer dizer que vamos bajular
alguém ou concordar com sua vida
ímpia e pecaminosa.
4.3.10. Evitar discussão
(vv.20-24). Não permitir que a conversa degenere em discussão. No
v.20, a mulher aponta o fato de os judeus desacreditarem na religião dos samaritanos. É costume também o pecador apontar falhas nas igrejas e nas vidas de certas pessoas crentes. Isto mostra que tais ouvintes, em lugar de olhar para Cristo, estão atrás de
igrejas e pessoas. O alvo perfeito é
Cristo (Hb 12.2).Crentes errados darão conta de si mesmos (Rm 14.12).
Diz uma autoridade em Relações Humanas: "Você nunca vencerá uma discussão. Se perder, perdeu mesmo, e se ganhar perdeu também, porque
um homem convencido contra a vontade, conserva sempre a opinião anterior. Quem
perde numa discussão fica ferido no seu amor
próprio".
4.3.11.O sexo influi, às vezes (v.27). O ideal é falar com pessoas do mesmo sexo, sem contudo fazer disso uma lei. É provável que se uma
mulher falasse à samaritana, talvez
não prendesse tanto a sua atenção.
Outros exemplos de Jesus evangelizando
pessoalmente:
a) Jesus e Nicodemos (Jo 3.1-21).
b) Zaqueu, o publicano (Lc 19.1-28).
c)
O cego Bartimeu (Mc
10.46-52).
d) O malfeitor na cruz (Lc 23.39-43).
e)
O doutor da lei (Lc
10.25-37).
f)
O jovem rico (Mt 19.16-30).
g)
A mulher adúltera (Jo
8.1-11).
h) A mulher enferma (Mc 5.25-34).
i) A mulher siro-fenícia (Mc 7.24-30).
j) O paralítico de Cafarnaum (Mc 2.1-12).
4.4. Ser cheio do Espírito Santo • Nos negócios puramente humanos, o homem pode ter êxito e promover o progresso.
Isto acontece nas construções, nas indústrias, no comércio, na
arte, nas ciências, etc, mas no tocante à
obra de Deus, só pode de fato haver
avanço quando ela é acionada pelo
Espírito de Deus. Ele é que comunica
vida. Quando o trabalho do Senhor passa a ser dirigido exclusivamente pelo homem, torna-se em organização mecânica, fria e estéril. A Igreja de Deus, quando dinamizada pelo Espírito Santo, é de
fato um organismo vivo, que cresce sempre para a glória de Deus.
A ordem de Jesus à Igreja
para pregar o Evangelho está
intimamente ligada àordem para
receber o poder do alto, como se vê em Lc 24.49; At
1.8. O poder de Deus faz a diferença. O apóstolo Pedro, fraco e tímido antes do
Pentecoste, tornou-se coluna, após o
revestimento de poder.
Todo o crente nascido de novo tem em si
o Espírito Santo (1 Co 3.16), mas
o poder glorioso para o testemunho e serviço de Cristo,
vem com toda plenitude aos servos batizados
com o Espírito Santo (At 1.4,5,8; 2.1-4). Após o
crente ter sido cheio do Espírito Santo é preciso
permanecer cheio sempre (Ef 5.18). Aí não se trata
de um convite divino, mas de
uma ordem.
4.5. É preciso orar sempre (Ef 6.18,19) A oração abre portas e remove
barreiras. Ela é o meio de comunicação com Deus. A Igreja nasceu quando em
oração, e é nesse ambiente que ela cresce e se
desenvolve (At 1.14). Pedro estava orando quando
Deus o usou para a salvação de Cornélio,seus parentes e amigos (At 10). (Ver Sl 126.6; At 20.31.) É
mais fácil falar ao pecador sobre Deus, depoisque falamos com Deus sobre o pecador...
4.6. Fé na operação da Palavra de Deus.
Quando falamos a Palavra de Deus, precisamosconfiar
no seu autor. À nós crentes compete anunciar
a Palavra; a Deus, operar. Aquele que disse "I-de por todo o mundo", também disse "Eis
que estou convosco". Devemos
falar a Palavra com plena convicção de que é o poder de Deus para
salvação de todo o que crê (Is 55.11; Rm
1.16).Há pecadores que aceitam a
mensagem da salvação com toda a
simplicidade, outros não. Se o irmão está procurando levar uma alma a Cristo,
nunca desanime. Certo irmão sueco orou 50 anos para Jesus salvar determinada pessoa, e viu-a aceitar o Salvador. O Dr. R. A. Torrey, célebre ganhador de
almas, orou 15 anos por uma pessoa, e esta veio a crer em Jesus.
Os homens que conduziam o
paralítico de Lucas cap.5 só conseguiram chegar à presença de Jesus, subindo ao eirado, o que não era muito fácil. Mas não desanimaram. Isto é perseverança. Às vezes é preciso um esforço assim. Qualquer
caso, mesmo os piores, acham solução no Senhor Jesus.
Para Deus nunca houve
impossíveis. Ele é especialista nisso!
Portanto, é preciso anunciar a Palavra com plena confiança na sua divina ação. Quando você estiver falando de Jesus, ore
em espírito para que Deus honre a Palavra dele e manifeste o seu poder salvador.
4.7.É preciso amor
Fé e amor andam juntos na
evangelização. Quaisquer outros recursos serão meros paliativos, como relações humanas, sociologia etc.
Jesus foi a personificação do amor. Ele
salvou os pecadores amando-os até o fim (Jo 13.1). Sua posição ao morrer de
braços abertos na cruz é a expressão máxima do amor. Ali, num gesto de infinito alcance, Ele uniu os dois povos com seus braços
acolhedores (judeus e gentios).
4.8. A apresentação pessoal
Cuide disso. Sua aparência é importante,
como é importante a mensagem que
você leva. Deus pode usar quem Ele quiser e o que
Ele quiser, até uma queixada de jumento, como no
caso de Sansão, mas quanto à sua aparência
pessoal, irmão, fica a seu critério.
Cuide de sua apresentação, mas sem exagero. Roupa passada, gravata no lugar, limpeza geral, inclusive das unhas; barba bem
feita, cuidado com o hálito.
O traje deve ser modesto, decente e de bom gosto. Um traje mundano, imoral e indecente não é próprio do cristão; pode atrair o povo, mas não para Cristo. Não permita que seu traje seja
motivo de atração para os ímpios, desviando, assim, a atenção a Cristo. Diz a Palavra de Deus no Sl
103.1: "Tudo o que há em mim
bendiga o seu santo nome".
4.9. O uso da fala (1 Co 14.9)
Ao ler a Bíblia ou falar ao pecador,
procure evitar solecismos prosódicos, observando a pronúncia correta das palavras, o que inclui todas
as suas letras. Evite o pedantismo a
todo o custo, porque logo será
descoberto. Pedantismo é falsa cultura.Na pronúncia da língua portuguesa atente para a acentuação, entonação e pontuação. Uma
dicção exata impõe-se e dá
destaque. Jesus certamente observava
bem estas regras. O correto emprego das palavras é também muito importante. Por exemplo, nunca dizer
"verso" em lugar de "versículo",quando referir-se às
divisões dos capítulos da Bíblia o certo é
"versículo".
Jesus ensinou seus discípulos a orar, mas não a pregar, porque aprender a falar e pregar é tarefa nossa. Jesus unge a mensagem e opera por meio dela. Por meio da oração buscamos o Senhor para que
Ele inspire e ilumine a pregação. O que é para o homem fazer. Deus não
executa. (Ver Jo 11.39.) Um auxiliar
valioso para a grafia e pronúncia correta dós nossos vocábulos é o "Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa", edição de 1981.
O meio ambiente de pessoas cultas também influi
poderosamente na boa formação lingüística e cultural.
O apóstolo Paulo nunca desprezou os livros
(2 Tm 4.13). É de grande valor o estudo de bons livros, como concordância, dicionários, gramáticas, manuais doutrinários, etc.
4.10. O manuseio prático da Bíblia
É muito importante o pleno desembaraço
no manuseio do volume sagrado. Isto significa saber onde estão as passagens necessárias e localizá-las no volume sagrado com rapidez. É imperioso conhecer
a abreviatura de cada livro. Como já foi dito,
este curso de evangelismo pessoal adota o sistema mais simples de abreviar os livros da Bíblia: apenas duas
letras para cada livro, sem ponto abreviativo.
Há outros sistemas, mas esse é o mais
simples.
Nunca cite um versículo incompleto ou de maneira duvidosa. Isso compromete. Também nunca acrescente ou subtraia palavras do texto bíblico,
mutilando-o. Quanto a isso. é bom atentar para a advertência de Dt 4.2; 12.32; Pv 30.5,6; Ap 22.18,19.Neste curso temos de memorizar
muitos textos da Palavra de Deus. Se isso
parecer difícil ou impossível,
lembremo-nos de Fp 4.13.
4.11. O uso de folhetos e literatura
em geral
Nunca distribua nada sem primeiro ler
para si. Há um provérbio que diz: "Nem tudo que
brilha é ouro". Ande sempre munido de porções impressas da Palavra de
Deus: folhetos, revistas, Novos Testamentos.
Bíblias completas ou porções dela.
Há ocasiões em que não se pode falar nem ingressar em determinados lugares, mas a Palavra de Deus pode fazer tudo isso. Milhares já foram salvos pela mensagem
impressa. Distribua a mensagem conforme a situação do momento.
O agricultor, quando semeia, escolhe a
semente antes de lançá-la ao solo; ele assim faz porque os terrenos são
diferentes. Também se pode evangelizar por meio
de cartas pessoais. Neste caso, as cartas devem sempre ser manuscritas, a fim
de conduzir o toque pessoal. Na Bíblia
temos muitas mensagens em forma
epistolar.
5. RESULTADO DE EVANGELIZAR - Aqui estão algumas das
bênçãos resultantes da evangelização pessoal:
5.1. Crescimento da obra do Senhor - Quem ganha almas está ajudando a edificar
a Igreja. Ela na Bíblia é
comparada a um edifício que se completa pela
edificação. A igreja no seu início, cresceu depressa porque os crentes evangelizavam sem cessar. Isto é visto nos
primeiros oito capítulos do livro de Atos, que
é o livro histórico da Igreja. Uma igreja local que possui um grupo de crentes cheios de zelo e paixão pelas almas
crescerásempre. E se toda uma igreja for despertada para evangelizar o crescimento será tal, que despertará uma região,um
estado, um país e mesmo o mundo.
5.2. Maior paixão pelas almas
Isso tem acontecido com os servos de Deus
através dos tempos. Por
exemplo, Paulo - o grande ganhador
de almas, após 25 anos de labor constante, sua paixão pelos perdidos era tal, que exclamou certa vez: "Tenho grande tristeza
e contínua dor no meu coração. Porque eu mesmo poderia desejar ser separado de
Cristo, por amor de meus irmãos" (Rm 9.2,3). Tal amor e paixão pelos perdidos não encontra palavras para descrever-se.
5.3.
Fortalecimento na fé
Nossa fé é fortalecida quando
testemunhamos Deus cumprir sua Palavra. É maravilhoso e edificante ver como Deus cumpre o que está escrito no que tange à salvação das almas, quando as condições exigidas por Ele são satisfeitas. Paulo dizia com confiança nesse sentido: "Não me
envergonho do evangelho" (Rm 1.16). Isto significa que por onde quer que
ele falasse a Palavra, Deus confirmava a pregação com salvação de pecadores e
demais bênçãos.
5.4. Estímulo a outros irmãos
A prática de ganhar almas e as bênçãos
daí decorrentes estimulam outros a se renderem ao Senhor para que Ele os use de igual modo.
Crentes inflamados pela salvação dos pecadores transmitem influência aos descuidados e indiferentes.
Tendo apreciado o porquê, quando,
onde, como e os resultados da
evangelização dos pecadores, pecamos a Deus
que nos revele e ajude a deixar tudo aquilo
que impede a nossa participação efetiva na evangelização das almas
perdidas, e que Ele derrame sobre nós o seu
Espírito, dotando-nos, assim, de poder para a tarefa de evangelizar e
ganhar os perdidos para Ele.
Que Ele nos faça homens e mulheres segundo o seu coração.Você, irmão, está sinceramente disposto
a orar assim? Oh! que Deus desperte seu povo enquanto é tempo de falar aos perdidos, do seu amor e da sua salvação, antes que entrem no Inferno!
LIVRO - A prática do Evangelismo Pessoal – CPAD = Autor Antônio Gilberto
“Ide, portanto, fazei discípulos
de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito
Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que
estou convosco todos os dias até à consumação do século." (Mateus 28:19-20)
“E disse-lhes: Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura.” (Marcos16:15)
DEUS NOS CHAMA A SER REPRESENTANTES DE JESUS
“E disse-lhes: Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura.” (Marcos16:15)
DEUS NOS CHAMA A SER REPRESENTANTES DE JESUS
A Bíblia diz:
"De sorte que somos
embaixadores por Cristo, como se Deus por nós vos exortasse. Rogamo-vos, pois,
por Cristo que vos reconcilieis com Deus.” (2 Coríntios 5:20)
“Livra os que estão destinados à
morte e salva os que são levados para a matança, se os puderes retirar.” (Provérbios 24:11)
- Este versículo está no Antigo
Testamento e serve para nós hoje.
Esses versículos não foram escritos para ficar na história e muito menos para enfeitar a Bíblia. Foram escritos para serem obedecidos e através dessa obediência o nome do nosso Senhor Jesus será propagado nas nossas vidas. Amém!
Esses versículos não foram escritos para ficar na história e muito menos para enfeitar a Bíblia. Foram escritos para serem obedecidos e através dessa obediência o nome do nosso Senhor Jesus será propagado nas nossas vidas. Amém!
Sabemos que só há um meio para a
salvação – JESUS CRISTO.
E somente nós, os cristãos, temos
este pleno conhecimento. Como poderíamos, então, deixar de falar de Cristo?
Tendo conhecimento das motivações anteriores, chegamos a conclusão que o ato
de não evangelizar é um ato de profundo egoísmo. Sendo, assim, um pecado.
Devemos evangelizar porque amamos o nosso próximo e não queremos vê-lo perdido
eternamente.
Paulo, dominado por este amor, estava
disposto a sacrificar a própria vida na pregação do evangelho:
"Servindo ao Senhor com toda
a humildade, e com muitas lágrimas e tentações, que pelas ciladas dos judeus me
sobrevieram; como nada, que útil seja, deixei de vos anunciar, e ensinar publicamente
e pelas casas, testificando, tanto aos judeus como aos gregos, a conversão a
Deus, e a fé em nosso Senhor Jesus Cristo.
E agora, eis que, ligado eu pelo
espírito, vou para Jerusalém, não sabendo o que lá me há de acontecer, senão o
que o Espírito Santo de cidade em cidade me revela, dizendo que me esperam
prisões e tribulações.
“Mas em nada tenho a minha vida
por preciosa, contanto que cumpra com alegria a minha carreira, e o
ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do evangelho da
graça de Deus" (Atos 20:19-24).
Nem toda mensagem é
evangelística. Muitos tentam evangelizar sem dar ao pecador a mínima orientação
sobre a salvação e como obtê-la. Muitos tentam tornar mais agradável aos outros
a mensagem do Evangelho.
Por isso não falam de pecado, de
arrependimento e renúncia. É o pseudo-evangelho das conveniências humanas, da
vida sem problemas e da inexistência de crises. Com isso a igreja cresce, mas
as almas continuam perdidas.
Proclamação – Seria a comunicação ao pecador
a respeito de sua condição de escravo do pecado, da natureza e conseqüência
dessa escravidão, do amor de Deus e Sua providência em Jesus Cristo para
salvação deste e da chamada divina para uma decisão por Cristo Jesus.
Integração – Depois da conversão do pecador,
este deve ser levado a um compromisso com o corpo visível de Cristo (a Igreja),
onde seria discipulado e levado ao desenvolvimento e amadurecimento da sua fé
em Cristo Jesus:
"Tendo em vista o
aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo
de Cristo; até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno
conhecimento do Filho de Deus, ao estado de homem feito, à medida da estatura
da plenitude de Cristo." (Efésios 4:12-13)
"Se anuncio o evangelho, não
tenho de que me gloriar, pois sobre mim pesa essa obrigação; porque ai de mim
se não pregar o Evangelho!" (1 Coríntios 9:16)
“E Jesus, respondendo,
disse-lhes: Tendes fé em Deus.” (Marcos 11:22)
MAS, POR QUE EU DEVO EVANGELIZAR?
a)
É um mandamento que o Senhor nos deu:
"Portanto ide, fazei
discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do
Espírito Santo; ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho
mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos
séculos." (Mateus
28:19-20)
"E disse-lhes: Ide por todo
o mundo, e pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será
salvo; mas quem não crer será condenado. E estes sinais acompanharão aos que
crerem: em meu nome expulsarão demônios; falarão novas línguas; pegarão em
serpentes; e se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e
porão as mãos sobre os enfermos, e estes serão curados." (Marcos 16:15-18)
O Senhor nos ordenou pregar o
Evangelho, pois Ele quer que a sua mensagem atinja:
- A toda a criatura: - "... Ide por todo
o mundo, e pregai o Evangelho a toda criatura" (Marcos 16:15);
- A todas as nações: - "Portanto ide,
fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do
Filho, e do Espírito Santo" (Mateus 28:19);
- A todo o mundo: - "... Ide por todo
o mundo, e pregai o evangelho ..." (Marcos 16:15);
- A todas as aldeias: - "E percorria Jesus
todas as cidades e aldeias, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho
do reino, e curando toda sorte de doenças e enfermidades." (Mateus 9:35);
- A todo o lugar: - "Mas Deus, não
levando em conta os tempos da ignorância, manda agora que todos os homens
em todo lugar se arrependam"
(Atos17:30).
b) É uma obrigação de todo salvo:
“... Me é imposta esta obrigação;
e ai de mim, se não anunciar o Evangelho.” (1 Coríntios 9:16)
Esse texto não significa que o
crente deva pregar a palavra, constrangido ou forçado; e sim que, por tratar de
uma testemunha do Senhor Jesus - "Mas recebereis poder, ao descer sobre
vós o Espírito Santo, e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém, como em
toda a Judéia e Samária, e até os confins da terra" (Atos 1:8), foi
convidado para testificar da sua salvação.
c) É um privilégio de cada salvo:
"Portanto, todo aquele que
me confessar diante dos homens, também eu o confessarei diante de meu Pai, que
está nos céus." (Mateus
10:32)
Um dos maiores privilégios do
crente é poder cooperar com Deus - "Eles, pois, saindo, pregaram por
toda parte, cooperando com eles o Senhor, e confirmando a palavra com os sinais
que os acompanhavam." (Marcos 16:20) - neste mister de ganhar almas
para o seu Reino.
Que privilégio glorioso é pregar
a Palavra, pois fomos escolhidos por Deus para este trabalho
"Se fôsseis do mundo, o
mundo amaria o que era seu; mas, porque não sois do mundo, antes eu vos escolhi
do mundo, por isso é que o mundo vos odeia." (João
15:19)
d) É uma responsabilidade de cada
crente:
"O qual deseja que todos os
homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade." (1 Timóteo 2:4)
“Se eu disser ao ímpio: O ímpio,
certamente morrerás; e tu não falares para dissuadir o ímpio do seu caminho,
morrerá esse ímpio na sua iniqüidade, mas o seu sangue eu o requererei da tua
mão.” ( Ezequiel 33:8 )
e) É uma prova de que temos a
natureza de Deus:
O crente é descrito na Bíblia
como tendo a natureza divina - "Pelas quais ele nos tem dado as suas
preciosas e grandíssimas promessas, para que por elas vos torneis participantes
da natureza divina, havendo escapado da corrupção, que pela concupiscência há
no mundo." (2 Pedro 1:4)
Ou seja:
“... o mesmo sentimento que houve
também em Cristo” (Filipenses
2:5),
A mente de Cristo - "Para
uns, na verdade, cheiro de morte para morte; mas para outros cheiro de vida
para vida. E para estas coisas quem é idôneo?" (2 Coríntios 2:16)
A vida de Cristo -
"Porque morrestes, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus."
(Colossenses 3:3).
E QUAL É A NATUREZA DIVINA? É
certamente o amor.
"Aquele que não ama não
conhece a Deus; PORQUE DEUS É AMOR." (1 João 4:8),
O amor pelas almas: - "Disse-lhes
Jesus: A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou, e completar a
sua obra." (João 4:34)
"Assim como o Pai me conhece
e eu conheço o Pai; e dou a minha vida pelas ovelhas. Tenho ainda outras
ovelhas que não são deste aprisco; a essas também me importa conduzir, e elas
ouvirão a minha voz; e haverá um rebanho e um pastor." (João 10:15-16)
Realmente, o que o Senhor fez na
nossa vida é motivo de muita gratidão.
Quando lembramos da nossa
situação pecaminosa, sem Deus, sem paz, dominados pelo pecado, e do fim triste
que nos estava reservado na eternidade, isto é razão sobeja para empregarmos
todos os nossos esforços, a fim de levarmos outras pessoas a Jesus. Portanto,
evangelizar é um ato de obediência e amor a Deus e a sua Palavra.
Esperamos que esta verdade se
torne viva e eficaz na vida diária de todos aqueles que confessam a Cristo como
Senhor e Salvador.
Vale lembrar João 9:4:
“Importa que façamos as obras daquele que me enviou, enquanto é dia; vem a
noite, quando ninguém pode trabalhar.”
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