INTRODUÇÃO
Vivia a Inglaterra um dos períodos mais críticos de sua história. A corrupção já havia tomado conta de todos os escalões do governo; a justiça estava enferma; a moral debruavase pelas enlameadas sarjetas de Londres. A prostituição e a jogatina armavam suas tendas em cada logradouro. Nesta época crivada de frustrações e desesperanças, o consumo de bebidas alcoólicas aumentara assustadoramente. Os ingleses embriagavamse tanto, que não conseguiam voltar para casa. Muitos caíam pelas ruas e lá ficavam até se enregelarem; morriam como se fossem cães sarnentos.
O século XVIII apressavase em sepultar a brava nação saxônica.
Os ministros anglicanos não diferiam muito dos representantes de Roma. Estavam mais preocupados com o seu bemestar do que com a saúde espiritual dos paroquianos. Os requisitos da Grande Comissão não eram observados, nem levados em consideração os reclamos de uma vida piedosa e santa. Para a igreja oficial britânica, religião era sinônimo de prestígio, poder e riqueza.
Foi por esta época que o filósofo Voltaíre visitou a Inglaterra. Ao retornar a Paris, optou por ficar com o seu ceticismo; parecialhe este melhor que a emproada religiosidade de Cantuária.
Deus, porém, não havia abandonado as ilhas britânicas. Estava prestes a enviar-lhes alguém com uma mensagem tão poderosa, que as abalaria do Canal da Mancha ao Mar do Norte. Centrada na plenitude do Evangelho de Cristo, esta mensagem haveria também de sacudir a América e as mais distantes possessões de Sua Majestade.
Este alguém seria John Wesley, um dos maiores evangelistas de todos os tempos. Deus o usaria de maneira singular para anunciar o Evangelho aos ingleses, e educar a Igreja de Cristo nas ilhas britânicas.
Após anos de intenso preparo espiritual, o intrépido evangelista dá inicio a um trabalho que, na opinião de abalizados historiadores, livraria o povo inglês de uma revolução semelhante àquela que tantos transtornos trouxe à França. A partir de Wesley, começa a Inglaterra a experimentar um grande progresso. Os ingleses compreendem finalmente a eficácia deste texto áureo:
“Feliz é a nação cujo Deus é o Senhor”. Em pouco tempo, ingressa o estado britânico numa nova e decisiva fase de sua história. Juntamente com a prosperidade espiritual, aportam naquelas terras a fartura e a segurança.
Confirmaria mais tarde a rainha Vitória ser a obediência à Palavra de Deus a razão da grandeza e singularidade da Inglaterra.
E de um despertamento assim que necessita o Brasil. Sem este sopro do Espírito, não conseguiremos sair do marasmo em que nos encontramos.
Nosso país há de ser sacudido pelo poder de Deus; doutra forma: não resistiremos as provações que se avizinham de nossas crônicas. Necessitamos deste mover do Espírito para que venhamos a ter, brevemente, a colheita da década.
Como os educadores cristãos fugiremos a esta responsabilidade? O avivamento começa justamente pelo ensino persistente, sistemático e amoroso das Sagradas Escrituras. A história se cala a respeito dos avivamentos deflagrados sem o imediato retorno à Palavra de Deus. Queremos, de fato, um avivamento? Voltemos urgentemente ao magistério da Bíblia? Ensinemos ao povo de Deus ser este o único caminho para a Igreja de Cristo reviver os dias de refrigérios.
1 - 0 MOMENTO MAIS DECISIVO DE NOSSA HISTÓRIA
Nesta altura tão dolorosa de nossa história, urgenos arvorar como a voz profética da Igreja de Cristo. Somente assim a pátria há de sobreviver moral e espiritualmente. As medidas tomadas, até agora, pelas autoridades, visando sanear nossas instituições, têmse revelado inócuas e ineficazes. Vivemos uma situação semelhante á de Roma. Lá, segundo o filósofo francês, Montesquieu, morriam os corruptos, mas ficava a corrupção. Exibiase esta como se fora urna hidra; morria nunca. Outras vezes, renascia como o phoenix; embora cinzas, cobria o capitólio.
Não é o que vem acontecendo ao nosso país? Com a abertura política da década de 1980, fomos induzidos a pensar que o Brasil se reergueria moralmente. Passada a primeira euforia, reparamos que a corrupção continuava a desafiar a Nova República e a afrontar nossas mais caras heranças. Davam à corrupção, agora, outros nomes; não deixava, porém, de ser corrupção. Apesar dos métodos novos, corrupção. Já se conclui, pois, que o problema de nosso país não é moral é espiritual.
Não é uma luta que se trava no campo da ética, ou no terreno do direito. E uma batalha que se rompe nas regiões celestiais, onde Satanás busca deturpar as nações para fortalecer o seu reino. Aliás, este é um conflito tão antigo, quanto a própria história do homem. E só ler o capítulo 10 de Daniel para se inteirar das astutas e inescrupulosas intervenções do adversário no governo dos Estados.
Se a luta é espiritual, as armas hão de ser espirituais. Se as leis que regem esta guerra são também espirituais, por que lançar mão de recursos tão humanos? De forças tão débeis? De aparências tão aparentes? Esta guerra mal combatida levou o nosso país a enfermarse gravemente. Para a desventura desta geração, não há mais centros de tratamento intensivo, O atendimento já é feito nos corredores do poder, nas macas do oportunismo e com os garrotes que nos deixaram os colonizadores.
Tendo em vista o gravíssimo estado clínico de nossa pátria, afirmou, certa feita, Miguel Pereira: “O Brasil é um vasto hospital”.
Como diagnosticar a doença que definha o Brasil? Rui Barbosa, diagnosticou-a desta forma: “Todas as crises, portanto, que pelo Brasil estão passando, e que dia a dia sentimos crescer aceleradamente, a crise política, a crise econômica, a crise financeira, não vêm a ser mais do que sintomas, exteriorizações parciais, manifestações reveladoras de um estado mais profundo, uma suprema crise; crise moral”
O grande tribuno baiano estava certo. Acredito, todavia, não ter ele descoberto a verdadeira gravidade da doença que, desde o seu tempo, vem debilitando o organismo deste grande pais. Neste particular, Paulo Mendes Campos foi mais feliz:-
“Imaginemos um ser humano monstruoso que tivesse a metade da cabeça tomada por um tumor, mas o cérebro funcionando bem; um pulmão sadio, o outro comido pela tísica; um braço ressequido, o outro vigoroso; uma orelha lesada, e outra perfeita; o estômago em ótimas condições, o intestino carcomido de vermes... Esse monstro é o Brasil”
Ora, nenhum exercício de lógica é necessário para se descobrir que há um tumor carcomendo o vigor de nossa pátria. Por mais que intervenham os médicos, este tumor cresce alastrase e deita raízes nos tecidos ainda sãos. Como deter esta metástase? Por mais que se abra este organismo, já desfigurado por tantas cirurgias, o velho câncer não cede. Lá está ele atacando os anticorpos e aumentando seu raio de ação. Será que as fibras deste corpo corromperseão todas?
Como povo de Deus, não podemos nos conformar com esta intumescência maligna.
Se a Igreja no Brasil cumprir cabalmente a sua missão profética e sacerdotal, o castelo da corrupção, que se ergue em todos os rincões da pátria, há de ser abalado. Sim, há de ser abalado este maldito castelo e as suas portas não hão de resistir ao ímpeto do povo de Deus. No entanto, como agiremos como modelo, se deixarmos de ser paradigma? Como nos conduziremos como voz, se já nos calamos nos comodismos de uma denominação que deveria continuar movimento? Como haveremos de modificar a política de nosso país se as armas que agora contamos são apenas os liames partidários?
Que as nossas armas, doravante, sejam as mesmas de John Knox. Este campeão de Deus conseguiu alterar profundamente, não apenas a política, como também a mesma história de seu país. Que segredo detinha Knox? Oração e confiança irrestrita na intervenção divina no curso da história. Nas caladas de sua aflição, orava: “Senhor, dá-me a Escócia senão morrerei! Dá-me a Escócia, senão morrerei!” Que intercessão dolorida e sacrificial!
Espero que ainda haja homens como John Knox em nosso país.
Embora lhes acenem os favores seculares, mantenham reservas morais necessárias para se conduzirem como profetas e sacerdotes. Nunca o mundo careceu tanto de ambos os ministérios como hodiernamente. Que os ministros do Senhor se ergam para condenar o pecado; não se esqueçam, todavia, de interceder por aqueles que caminham para o inferno. Que tenham voz e lágrimas, exemplos e conselhos! Ao invés de se curvarem ante os poderosos, demonstrem suficiente fibra para interpretar a escritura na parede, e desvendar as alucinações dos que detém o mando. Ajamos assim e haveremos de alterar nossa história.
II -. É HORA DE ALTERAR NOSSA HISTÓRIA
O que a Igreja de Cristo, no Brasil, poderá fazer para alterar nossas feições histórias? Em primeiro lugar, há de se portar como a agência educadora do Reino de Deus. Que ela cumpra todos os ditames da Grande Comissão.
Não nos esqueçamos de que foi exatamente assim que João Calvino deu novos rumos à Suíça do século XVI. É mudando o caráter dos homens que se muda a sociedade; é mudando os indivíduos que se muda o Estado e o itinerário de uma história já caótica e já viciada. De nada nos adianta, agora, propugnar por uma mudança mais radical em nossa sociedade, se não lutarmos para mudar o ser humano.
Como Igreja de Cristo, não podemos esquecer-nos de nossa tríplice missão. Fomos chamados para ser uma nação real, sacerdotal e profética. Como nação real, fomos chamados para reinar na vida através de Cristo Jesus. Como nação sacerdotal, jamais haveremos de nos esquecer de rogar para que o Senhor abençoe nossos patrícios e conduzaos à vida eterna. E, como nação profética, cumprenos proclamar a Palavra de Deus.
Quando desempenharmos plenamente nossa missão, arrancaremos o Brasil deste atoleiro. A solução para os nossos problemas não está numa mera mudança de cenário político, e, sim, numa mudança de rumos em nossa história. E isto será feito, sim, porque haveremos de buscar o avivamento de que tanto necessitamos.
Socorramos, pois, o Brasil enquanto é tempo. À semelhança de John Wesley, podemos alterar os destinos de nossa pátria, através da anunciação da Palavra de Deus.
CONCLUSÃO
Esta é a nossa sublime e intransferível missão. Como educadores a serviço do Reino de Deus, haveremos de implementar o estudo persistente, regular, sistemático e intensivo das Sagradas Escrituras. Somente assim, o Senhor Jesus enviará o avivamento de que tanto necessitamos.
Você quer este avivamento? Ensine a Palavra. Deseja este mover do Espírito? Ministre a Palavra? Almeja por estes tempos de espiritual refrigério? Divulgue a Palavra. Sonha com esta poderosa visitação dos céus? Cumpre o seu ministério; exerça o seu mister como educador cristão.
As Disciplinas da Vida Cristã
Pr.Claudionor de Andrade
1º Edição 2008 pela CPAD
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