O PERIGO DE QUERER BARGANHAR COM DEUS – Ev. José
Costa Junior
CONSIDERAÇÕES
INICIAIS
O
assunto desta lição diz respeito a algumas distorções promovidas por falsos
mestres no que diz respeito ao buscar as bênçãos de DEUS e o SEU poder. Para
que haja um correto relacionamento entre DEUS e o Seu povo, se faz necessário
que este povo tenha a correta dimensão de quem ELE é; deve conhecê-LO "Assim
diz o Senhor: 'Não se glorie o
sábio em sua sabedoria nem o forte em sua força nem o rico em sua riqueza, mas
quem se gloriar, glorie-se nisto: em compreender-me e conhecer-me, pois eu sou
o Senhor" (Jr 9:23, 24a).
Conhecer a DEUS é uma questão pessoal, como
acontece com qualquer relacionamento humano. Conhecê-LO é mais que obter
conhecimento sobre ELE; é relacionar-se com ELE enquanto se revela a você; é
ser dirigido por ELE à medida que toma conhecimento de você. Conhecê-LO é uma
precondição para confiar NELE. É uma questão de envolvimento pessoal que abrange a mente, vontade e os
sentimentos. Caso contrário, não seria um relacionamento completo de fato. Conhecer a DEUS também é uma questão de
graça. Trata-se de um relacionamento cuja
iniciativa pertence completamente a DEUS — como deve ser mesmo, pelo fato dELE
estar tão acima de nós e de termos perdido totalmente qualquer direito a SEU
favor por causa de nossos pecados. Nós
não fazemos amizade com DEUS; ELE
se torna nosso amigo
levando-nos a conhecê-LO e tornando SEU amor conhecido por nós. Conhecê-LO
evita que você utilize formas espúrias ao buscá-LO, pois a razão de toda a
existência é reconhecer a SUA glória e glorificá-LO. “Todas as tuas obras te
louvarão, ó SENHOR, e os teus santos te bendirão. Falarão da glória do teu
reino, e relatarão o teu poder” (Sl 145:10-11)
No breve catecismo de
Westminster, a pergunta "O que DEUS é?" tem a seguinte resposta:
"DEUS é Espírito, infinito, eterno e imutável em seu SER, sabedoria,
poder, santidade, justiça, bondade e verdade". ELE é o SER SUPREMO, único, criador e
sustentador do universo. É espírito pessoal e subsiste em três pessoas ou
distinções: Pai, Filho e Espírito Santo. É santo, justo, amoroso e perdoador
dos que se arrependem. Daí vem à razão da existência
humana: A glória de Deus! Por que o homem está sobre a terra? Por que DEUS se
preocupou em redimi-lo? Qual o propósito da vida? Como é que toda a Criação —
hoje tão corrompida e deformada — vai terminar, afinal? Para a glória de Deus. Rm 11:36: "Porque
dele, por meio dele, e para ele são todas as cousas. A glória pois, a ele
eternamente. Amém" devemos glorificar a DEUS porque ELE fez todas as
coisas para render-LHE glória. Pv 16:4 diz: "O Senhor fez tudo para um
fim". Fez todas as coisas para que falem de SUA glória, para que
irradiem SUA glória — tudo. A Criação demonstra os SEUS atributos, SEU poder,
SEU amor, SUA misericórdia, SUA sabedoria, SUA graça. E toda a Criação rende
glória a ELE. As estrelas - "Os céus
declaram a glória
de Deus..." (Sl 19:1). Os animais - "Os animais do
campo me honrarão..." (Is 43:20). Os anjos - por ocasião do nascimento
de CRISTO os anjos cantaram "Glória a Deus nas alturas..." (Lc
2:14).
Se as coisas abaixo do homem na
ordem da Criação glorificam a DEUS, poderemos fazer menos do que dar a glória
devida ao SEU nome?
A
primeira forma de se glorificar a DEUS é receber JESUS como SALVADOR. Em
seguida é viver para glorificá-LO, colocando como alvo este propósito supremo.
Você jamais glorificará a DEUS na sua vida até que se proponha a isto. ICo
10:31 abrange um território bem lato: "Portanto, quer comais, quer
bebais, ou façais qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus".
Até coisas materiais corriqueiras, como comer e beber, devem ser feitas para a
glória de DEUS. Nosso SENHOR disse: "Eu não busco a minha própria
glória (mas a glória daquele que me enviou)"(Jo 8:50). Noutras
palavras: "Vivo para trazer-Lhe glória, para irradiar Seus atributos. Vivo
para adornar a doutrina de Deus. Vivo para exaltar a Deus aos olhos do mundo. É
o propósito de minha vida". O primeiro princípio para se ter como alvo a
glória de DEUS é o sacrificar o eu e
a própria glória.
Os
ensinos hipócritas dos “mestres da prosperidade” tentam roubar a glória de
Deus. "Quero um pouquinho da glória para mim mesmo", pensam eles.
Ensinam a barganhar com DEUS para obter vantagens duvidosas e glórias humanas,
utilizando-se da fé “para ter” em detrimento da fé “para viver”. Utilizam-se da
Palavra de DEUS de forma descontextualizada para, como se pudessem, chantagear
a DEUS. A soberania de Deus é a Doutrina que afirma que DEUS é supremo, tanto
em governo quanto em autoridade sobre todas as coisas. Nos círculos dos
"ensinos da fé", ela não é levada muito a sério. Verbos como exigir,
decretar, determinar, reivindicar freqüentemente substituem os verbos pedir,
rogar, suplicar etc.
-Não ore mais por dinheiro... exija tudo o que precisar (Kenneth
Hagin citando Jesus, How God Taught Me about Prosperity, p. 17).
-Deus quer que seus filhos usem a
melhor roupa. Ele quer que eles dirijam os melhores carros e quer que eles
tenham o melhor de tudo... simplesmente exija
o que você precisa (Kenneth Hagin, New Thresholds of Faith, 1985, p. 55).
Esses falsos profetas têm levado
muitos crentes incautos a um relacionamento irreverente com DEUS. Cria, nas
igrejas, uma linha de pensamento que reduz a imagem e a glória de DEUS à imagem
de mero homem corruptível.
O
objetivo deste estudo é trazer algumas informações, colhidas dentro da
literatura evangélica, com a finalidade de ampliar
a visão sobre nosso relacionamento com DEUS e o perigo de se tentar
barganhar com ELE. Não há nenhuma pretensão de esgotar o assunto ou de
dogmatizá-lo, mas apenas trazer ao professor da EBD alguns elementos e
ferramentas que poderão enriquecer sua aula.
PRESSUPOSTOS DA “TEOLOGIA DA
BARGANHA”
Segundo a falsa
doutrina do direito legal, todas as
bênçãos, materiais e espirituais pertencem a nós por direito eterno de
filiação, alcançados por meio da salvação em CRISTO JESUS. Somos herdeiros de
Deus e co-herdeiros de Cristo. Pedir favor ao Pai estaria errado; deveríamos
reivindicar nossos direitos.
Tudo o que nas
Escrituras entendemos por graça e dom de Deus para com os homens, eles entendem
como registros de direitos. As leis espirituais devem ser compreendidas para
serem requeridas, dizem eles. A fé é o instrumento de controle das referidas
leis, que estão à disposição do homem para ser usada, obrigando DEUS a fazer a
sua vontade, baseado na idéia de que a fé é um poder que se pode utilizar a fim
de influenciar DEUS. O ser humano não recebe favor divino, mas as bênçãos vêm
por direito legal.
-“Precisamos
compreender que há leis que regem cada coisa que existe. Nada se dá por
acidente. Há leis do mundo espiritual e leis do mundo natural... Precisamos
compreender que o mundo espiritual com suas leis são mais poderosos do que o
mundo físico com suas leis. Leis espirituais geram leis físicas. O mundo e as
forças físicas que o regem foram criados pelo poder da fé; uma força
espiritual... é esta força da fé que ativa as leis do mundo espiritual... A
mesma regra aplica-se à prosperidade da Palavra de Deus. A fé faz com que elas
atuem” (Kenneth Copeland em "Laws of Prosperity, 1985, páginas 18/20)
Segundo Kenneth Copeland, as leis do mundo
físico não foram criadas por Deus nem são por ele gerenciadas, mas mediante
poder impessoal chamado "lei espiritual”. Interpretando Copeland, é esta
força da fé que ativa as leis do mundo espiritual, logo a criação não veio pelo
poder da Palavra de Deus, mas da fé! Criam-se as seguintes dúvidas: Fé do
Criador? Deus tem fé em quê e em quem? Que tipo de fé "ativa" as leis
espirituais? Nada mais confuso e mais absurdo que isso. A idéia de que, pelo
recurso da fé, todos tenham direito à saúde, prosperidade e à felicidade estão
resumidas nas frases triunfalistas e reivindicatórias proferidas nos cultos,
orações, pregações e ensinos: TOMA POSSE
DA BÊNÇÃO! EU EXIJO! EU NÃO ACEITO! EU QUERO!
Estes falsos
mestres acreditam que existam forças, leis e influências autônomas no universo
aos quais todos devem se submeter, inclusive DEUS. O que muitos no mundo
exotérico chamam de poder mental, os mestres da prosperidade chamam de fé. Na
Teologia da Prosperidade fé não é depender totalmente do caráter de DEUS, mas “chamar
realidade a existência”. A fé não é depositada em DEUS, mas em um poder
dirigido a DEUS que O força a fazer o que se deseja que ELE faça. Acreditam, os
defensores deste pensamento, que DEUS está preso às SUAS promessas e que ELE
não tem escolhas, senão fazer o que prometeu. Já soube de orações proferidas,
diante de toda a congregação, nos seguintes termos: - “...DEUS, ninguém mandou
prometer, se prometeu agora tem que cumprir!”
Diante desta
situação herética, o homem é deificado, DEUS humanizado e aprende-se que, ao
estalar dos dedos, ELE corre para nos atender. Estas práticas, comuns em
algumas igrejas evangélicas, estão fermentadas de feitiçaria, pois tudo que
tenta controlar DEUS ou manipulá-lo é de cunho idolátrico. Frases, sentenças ou
ordens não tem poder de realização sem a aprovação soberana de DEUS. Sem a SUA
aprovação o homem pode ordenar, decretar ou amarrar que o esforço será inútil,
nenhuma realidade será alterada.
A verdadeira fé
pode ser definida como uma confiança inabalável no caráter de DEUS, que vem de
um relacionamento dinâmico com ELE. Fé tem muito a ver com nossa confiança na
misericórdia de DEUS, que não nos dá o que merecemos (infelicidade, morte e
inferno) e dependência da graça que nos presenteia com o que não somos dignos.
“Ensina-nos, bom
SENHOR, a servir-te como tu mereces, a dar sem contar os custos, a lutar e não
ver as feridas, a trabalhar sem buscar descanso, a esforçar-nos e não querer
prêmio a não ser o de fazermos tua vontade” Inácio de Loyola.
O
PERIGO DE BARGANHAR COM DEUS
O estudo da natureza de DEUS e das
suas relações com o universo nos mostra que Ele é imanente e transcendente
ao mundo. Isto significa que DEUS está unido ao mundo que criou, mas dele
se distingue como realidade independente. Sendo a causa primeira de tudo o que
existe, DEUS é imanente pela sua presença contínua e atuante, pois os seres
existem e subsistem pela influência constante do SEU poder criador e
providencial. Essa imanência não deve ser entendida como identificação com
o mundo, o que seria incidir no erro panteísta.
A imanência ou presença divina não exclui a
transcendência, isto é, a absoluta independência de DEUS do universo e o seu
absoluto domínio sobre todas as coisas. O exame da natureza e atributos divinos
nos leva à conclusão de que DEUS, sendo um SER infinito, substancialmente
distinto do universo que criou, conserva e dirige, é um SER pessoal, isto é,
dotado de uma personalidade autônoma, inteligente e livre, e que, pela SUA
misericórdia, nos criou para um relacionamento pessoal com ELE.
A Bíblia registra no livro de I
Samuel a conseqüência de um relacionamento utilitário, irreverente e desonroso
para com DEUS; a perda de SUA presença. Os filhos de Israel, no tempo em
que Eli era sumo-sacerdote, não buscavam
ao Senhor para adorá-lo. Quase ninguém mais ia a Siló, onde estava o
tabernáculo. As pessoas não estavam interessadas em ir à casa do SENHOR e
buscar sua face, nem tampouco em louvá-lo, mas na hora do aperto quiseram fazer
da presença de DEUS um amuleto que resolveria seus problemas. Israel saiu à
batalha e foi derrotado pelos filisteus (I Sm. 4:1-3).
Com medo de serem novamente derrotados,
mandaram buscar a arca de DEUS e a trouxeram ao campo de batalha: Note que até
os filisteus ficaram com medo da arca, pois eles, na condição de gentios
pagãos, também acreditavam na força dos amuletos. E isto mostra que os filhos
de Israel já haviam adotado esta forma mundana de pensar. Para esta geração,
DEUS já não era o Criador e Sustentador de todas as coisas; já não era o
Salvador de seu povo; já não era aquele que é digno de honra e glória. Seu
tabernáculo estava abandonado em Siló; as pessoas já não iam à sua presença
para reverenciá-Lo e declararem seu amor, confiança e dependência. DEUS se
tornara para aquela geração algo a ser lembrado apenas na hora da necessidade.
Mesmo na hora da necessidade os
israelitas não buscaram a presença do Senhor; apenas "mandaram
buscar" a arca, pois os que fazem de DEUS um "resolve - tudo"
nem sequer se dão ao luxo de buscá-Lo. Querem que ELE venha resolver seus
problemas sem que façam o mínimo de esforço!
Resultado: clamorosa derrota. Nossa geração precisa aprender a temer e amar ao
SENHOR, em vez de querer tratá-LO como empregado. A geração de Eli não
buscou ao SENHOR, antes fez D'ELE apenas um "resolvedor de
encrencas", e por isto perderam sua presença: Eles perderam a presença do
Senhor! Esta perda foi algo tão terrível, que a nora de Eli sofreu mais com ela
do que com a morte do sogro e do marido. Em nossos dias a Igreja vive este
perigo. Estamos deixando de adorar ao SENHOR pelo que ele é, e estamos
buscando-O, com o agravante da forma, somente pelo que ELE faz.
Isto nos faz
parecer com os seguidores de Satanás! O diabo não tem seguidores pelo que ele
é, pois ele nada é! As pessoas pactuam com ele e o servem em troca de algo;
querem fama, fortuna, etc. e pagam com sua alma por isso, mas não vêem na
pessoa do diabo nada atrativo, apenas em sua proposta. E qual é o modelo
bíblico daqueles que servem a DEUS? Jó declarou depois que sua mulher lhe pediu
que amaldiçoasse seu DEUS e morresse: -
"Ainda que Ele me mate, eu o louvarei"! Aleluia! É de gente assim
que o reino de DEUS necessita hoje - pessoas que aprendam a honrá-LO e busca-LO
pelo que Ele é, e não só pelo que Ele faz. Isto não quer dizer que não podemos
buscar o que DEUS faz, e sim que não devemos esquecer
o que ELE é e nem jamais perder esta ênfase!
CONCLUSÃO
O perigo de barganhar
com DEUS, consequencia inevitável na prática da Teologia da Prosperidade, é que
a soberania de DEUS é deixada de lado. A maior parte do ensino é direcionada a
"como desenvolver sua fé" a fim de que você possa receber sua herança
de DEUS. "Você tem direitos legais como um filho de Deus; reclame esses
direitos” dizem seus mestres. Se uma pessoa não tiver “fé” suficiente ela não
receberá. Precisamos de fé e confiança em DEUS. Mas o que mais agrada a Deus é
quando descansamos nos braços de um PAI amoroso, e não quando confessamos as
Escrituras com base no "você pode fazer isto acontecer". Creio que ao
se barganhar com DEUS, estamos exaltando mais o homem do que o SENHOR JESUS
CRISTO, construindo mais o reino de homens do que o reino de DEUS. Há um
espírito de orgulho do "que eu posso fazer em nome de JESUS".
Quando
descansamos em SEUS braços, usufruímos os resultados do maravilhoso amor de
Deus na qualidade de seus filhos. É uma alegria imensa sabermos que DEUS é
nosso PAI. Não é apenas o grande DEUS, lá nas distantes alturas, mas também o
DEUS que está perto e nos ama. Podemos nos achegar a ELE como podemos ir ao
nosso pai humano e saber que se nós lhe pedirmos (e não ordenarmos) pão, Ele
não nos dará uma pedra, porque ELE nos ama.
Somos
SEUS filhos. Ele prometeu que somos co-herdeiros com JESUS CRISTO, SEU FILHO.
Tudo que ELE tem preparado para CRISTO, será também compartilhado por nós, com
muita humildade e reverência!
Seria
muito oportuno citar aqui as palavras de Charles R. Swindoll, pastor da
Primeira Igreja Evangélica Livre de Fullerton, Califórnia, EUA: Falando de
forma geral, há dois tipos de testes na vida: a adversidade e a prosperidade.
Dos dois, o último é o mais difícil. Quando a adversidade chega, as coisas se
tornam simples; o alvo é a sobrevivência. E o teste de manter o básico, como
comida, roupa e moradia. Mas quando a prosperidade chega, cuidado! As coisas se
complicam. Todos os tipos de tentações sutis chegam também, exigindo
satisfação. E em tal circunstância que a integridade da pessoa é colocada à
prova.
Concluindo, espero em DEUS ter
contribuído para despertar o seu desejo de aprofundar-se em tão difícil tema e
ter lhe proporcionado oportunidade de agregar algum conhecimento sobre estes
assuntos. Conseguindo, que a honra e glória seja dada ao SENHOR JESUS.
EV. JOSÉ COSTA JUNIOR
Um comentário:
Como a algum tempo que não fazia uma visita, hoje resolvi ver o que está a escrever.É o anseio da minha alma que Jesus seja consigo, e encaminhe seus passos pela vereda da justiça. E que Ele cresça na sua vida de maneira que seja visto pelas pessoas que rodeiam sua vida, que o amor de Jesus fortaleça sua vida, e seja como um rio transbordante. Também resolvi dizer-lhe que embora não te conheça mas em Cristo te amo, e continue a ser luz. Um abraço.
Postar um comentário