O DIÁCONATO
TEXTO ÁUREO = “Porque os que servirem bem como diáconos
adquirirão para si uma boa posição e muita confiança na fé que há em Cristo
Jesus” (1 Tm 3.13).
VERDADE PRÁTICA = O diaconato é um ministério instituído pelos
apóstolos, na Igreja, para servir a Deus e ao seu povo.
LEITURA EM CLASSE = ATOS
6.1-7
INTRODUÇÃO
Deve-se observar, com base nessas
palavras dos apóstolos, que à congregação é que cabia o privilégio de fazer a
seleção, embora os escolhidos devessem ser aprovados e consagrados pelos
apóstolos. Trata-se de uma ação democrática bem definida e clara.
O códex B diz «escolhamos», neste
ponto, o que indicaria que os apóstolos também participariam da escolha; e
talvez assim o tivessem feito. Entretanto, o texto original diz «...escolhei..,»,
conforme aparece em quase todos os manuscritos.
I. Diáconos Originais
Por que sete diáconos? Por
que foi escolhido tal número de diáconos? As seguintes sugestões têm sido
apresentadas como explicação desse fato:
1. Por ser esse o número dos
dons do Espírito Santo (ver Is 11:2 e Ap 1:4).
2. Porque sete talvez fosse a
representação equitativa dos diversos grupos de que se compunha a comunidade
cristã, isto é, três representantes do grupo hebraico, três representantes do
grupo helenista e um representante dos prosélitos. Contudo, essa explicação não
justifica o número «sete», porque a representação poderia ser feita de outro
modo, em que se chegasse a um total bem diferente.
3. Alguns têm suposto que tal
número foi regulado pela circunstância de que a cidade de Jerusalém, naquela
época, estava dividida em sete distritos. Porém, acerca disso não há qualquer
evidência comprobatória.
4. Talvez esse número tenha sido
escolhido por ser considerado um número sagrado segundo o pensamento dos
hebreus.
5. Alguns pensam que se tratou de
uma cópia da corporação distinta ou «collegium», também conhecida como «Septemviri
Epulones» ou «Sete Despenseiros» (ver Lucan. 1602), cuja responsabilidade
era de cuidar dos arranjos dos banquetes efetuados em honra aos deuses, festas
essas mais ou menos análogas ao «ágape» cristão ou festas de «amor»,
isto é, a «Ceia do Senhor» do cristianismo primitivo, que era muito mais
elaborada do que modernamente.
A origem desse ofício pagão foi
similar ao que se verificou no caso dos diáconos cristãos, pois os líderes
pagãos não tinham tempo para dirigir tais funções. (Essa é a interpretação dada
por E.H. Plumptre, em Atos 6:3, embora não tenha sido acolhida com muito
entusiasmo pelos expositores, porquanto é bastante difícil que os apóstolos se
tenham deixado guiar por um exemplo pagão para a escolha dos diáconos).
Os diáconos, que aparecem no sexto capítulo do
livro de Atos, apesar de serem um grupo distinto de indivíduos, com distintas
responsabilidades, não equivalentes aos «anciãos», em suas tarefas, e nem
equivalentes às responsabilidades mais tarde distribuídas entre os «anciãos» e
os «diáconos», servem de exemplos antecipatórios da organização eclesiástica,
excetuando tão-somente o ofício apostólico, que jamais
esteve sujeito a alterações, em face mesmo das condições exigidas para
tal oficio, que era as de terem visto ao Senhor Jesus ressurreto e de terem
sido pessoalmente nomeados por ele. Uma prova disso é que as qualificações para
qualquer oficial eclesiástico subordinado eram praticamente idênticas, como
também muitas de suas funções eram parecidas, pois quase tudo quanto uns podiam
fazer, os outros também podiam.
Posto que Paulo considerava a
igreja cristã como o verdadeiro 'Israel de Deus', é perfeitamente natural que
ele tenha planejado a organização embriônica das igrejas cristãs segundo as
normas da congregação judaica, caso em que os anciãos da igreja cristã podem
ser comparados, em termos latos, com os 'líderes' das sinagogas judaicas. A
palavra ancião é comumente utilizada para descrever a terceira seção...
dos conciliadores, os quais, juntamente com os sumos sacerdotes e com os
escribas, compunham o sinédrio, e, de conformidade com o parecer de algumas
autoridades sobre o assunto, eram os membros não-legais desse concílio. Finalmente,
a mesma palavra parece ter sido usada, na Ásia Menor, como título dos chefes de
diversas corporações, ao passo que, no Egito, era usada para indicar tanto
oficiais religiosos como civis. (Ver Deissmann, Bible
Studies, págs. 154-157; 233-235)». (G.H.C. Macgregor, in loc).
II. Qualificações em Atos
1. Boa reputação. Isso tanto no aspecto positivo como no negativo.
Não deveriam ter-se envolvido em qualquer escândalo que lançasse qualquer
reflexo adverso sobre sua moralidade ou honestidade. Deveriam ser conhecidos
como homens de interesses humanitários, que promovessem o seu ofício e
apresentassem soluções equitativas aos muitíssimos problemas.
A palavra «...reputação...» dá-nos
a entender que teriam de ser indivíduos testados, ou, segundo o que o seu sentido
original entende, que lhes «tivesse sido dado testemunho».
Outras pessoas precisam
conhecê-los em seus negócios e em seu caráter passado, testificando
favoravelmente acerca deles.
2. Cheios do Espirito Santo. Alguns manuscritos unciais, A e E, além de algumas
versões e muitos manuscritos minúsculos posteriores, dizem apenas «santo»;
porém, os melhores manuscritos, como P(8), Aleph, BD e muitas versões, dizem
tão somente «Espírito», que é o texto correto neste caso. A palavra «santo»
representa pequena expansão feita por escribas posteriores, a exemplo de
muitíssimas passagens onde «Espírito Santo» é o título dado ao Espírito de
Deus. Aqueles «diáconos», pois, deveriam ter sido participantes da experiência
pentecostal não menos que os apóstolos. Devem ter experimentado pessoalmente a
promessa feita pelo Senhor Jesus de que aos seus seguidores seria dado o divino
«paracleto» ou Consolador.
É bem provável que os dons espirituais também estivessem em foco. — Os diáconos precisavam ser
homens dotados de habilidade, sendo homens destacados na comunidade cristã,
como homens de Deus, ativos e poderosos no ministério. Deve-se notar que um dos
indivíduos assim selecionado foi Estêvão, homem cheio de graça e poder (At
6:8), — que «fazia prodígios e grandes sinais entre o povo». Visto que tais
dons espirituais eram tão comuns na igreja primitiva, não somente entre os
apóstolos, mas também no caso de outros lideres da segunda linha, é bem
provável que a igreja primitiva tenha encarado esses sinais visíveis dos dons
espirituais como característica necessária para alguém ser nomeado a qualquer
ofício mais elevado, como deve ter sido inicialmente considerado o diaconato.
Além disso, o Espírito Santo, que neles estava, sem dúvida instilava-lhes
graças cristãs especiais de fé, de amor, de bondade, de paciência, de
longanimidade, de mansidão, as quais seriam úteis para o correto exercício de
suas funções, porquanto essas qualidades não são menos operações do Espírito
Santo, no íntimo do crente, do que os sinais dos dons miraculosos.
3. Cheios de sabedoria. Obviamente, essa qualidade era resultado direto do
poder habitador do Espírito Santo. Trata-se de uma qualidade ao mesmo tempo
negativa e positiva, terrena e celestial. Era mister que soubessem como
rejeitar as murmurações e como cuidar delas, sabendo também cuidar dos que eram
dados à fraude, à calúnia e à traição por palavras; pois, em seu trabalho de
administração do dinheiro, naturalmente se encontravam com muitas pessoas dessa
natureza, especialmente visto que tinham de tratar com pessoas mais idosas, nas
quais, com frequência, talvez por motivos físicos, se encontra um espírito de
partidarismo radical, além de ideais fechadas e preconcebidas. Á sabedoria dos
diáconos precisava ser terrena e prática, dando eles exemplos de discrição e
poupança, além da aptidão pelas coisas e soluções práticas.
Contudo, essa sabedoria também
teria de ter um aspecto espiritual, fazendo com que olhassem para seus
semelhantes com espírito de amor, de ternura e de bondade, sempre considerando
seu destino espiritual e eterno, visando o avanço e o desenvolvimento
espiritual de suas almas.
Falando de maneira geral, teriam
de ser homens que cuidassem tanto das necessidades físicas como das
necessidades espirituais de muitíssimas pessoas, motivo pelo qual teriam de ser
indivíduos altamente qualificados.
É perfeitamente possível que o ofício
diaconal, especialmente criado neste ponto da narrativa histórica, não seja
idêntico ao ofício mencionado no trecho de I Tm 3:1-13, onde aparecem, dadas
pelo apóstolo Paulo, as qualificações necessárias dos pastores e diáconos,
porquanto diversas modificações podem ter sido efetuadas no decorrer dos anos.
Não obstante, o ofício diaconal no livro de Atos, foi o precursor dos
ofícios inferiores ao apostolado, na igreja cristã; e, originalmente, sem
dúvida muito se assemelhava aos ofícios pastoral e diaconal dos anos
posteriores.
III. Qualificações em I Timóteo
I Tm 3:8: Da mesma forma os
diáconos sejam sérios, não de língua dobre, não dados a muito vinho, não cobiçosos
de torpe ganância.
O termo «...Semelhante...» é
tradução do grego «osautos», que significa exatamente isso. Desde o começo
pois, o autor sagrado diz-nos que não dirá algo muito diferente acerca das
qualificações dos diáconos. Espera-se que tenham eles as mesmas virtudes dos
pastores, pois apesar de que o ofício diaconal talvez seja menos importante,
com um pouco menos de prestígio, é mister que os diáconos sejam homens
espirituais, para que seu ofício seja um sucesso, o que é importante para o
bem-estar da igreja local. Ver At 9:15; 9:19 e Ap 2:17.
Clemente de Roma na sua epístola
aos Coríntios, xlii, xliv, assevera que a nomeação dos diáconos era
originalmente apostólica. O ofício e a função dos diáconos teve começo no tempo
dos apóstolos, conforme a descrição do sexto capítulo do livro de Atos; mas a
passagem do tempo, tal como sucede a tudo o mais, ampliou o escopo e a natureza
desse ofício, até que o mesmo se tornou uma posição eclesiástica, tal como
ocorreu no caso do ofício dos «supervisores», ou pastores, que se desenvolveu
para além de sua função simples original. A própria palavra diácono é
usada de várias maneiras, nas páginas do N.T., subentendendo «serviço» de
qualquer espécie, espiritual ou material. Paulo a aplica a si mesmo, em I Co
3:5; a Jesus Cristo, em Gl 2:17 e Rm 15:8; aos governantes civis, em Rm 13:4; e
aos «ministros de Satanás», em II Co 11:15.
1. Respeitáveis. No grego é «semnos», que significa «digno de
respeito», «nobre», «digno», «sério». Tal vocábulo é usado acerca dos homens
idosos, em Tt 2:2. Indica igualmente a «reverência» que alguém deve ter pelos
seres sobrenaturais, em Sb. 4094. É termo usado em Fp 4:8; Tt 2:2 e
novamente em I Tm 3:11. «A palavra que ora consideramos combina o senso de
seriedade e dignidade com a ideia de reverência». (Trench, in loc). Sim,
os diáconos devem ser homens de aspecto digno, mostrando-se intensos
nessa qualidade.
2. De uma só palavra. Estas palavras representam o grego dilogos, que
pode significar «de língua dupla», isto é, insincero, no sentido de
alguém dizer uma coisa mas querer dar a entender outra, ou de dizer algo para
alguém e dizer algo diferente para outrem, sobre a mesma questão. Os líderes da
igreja com frequência agem como mediadores entre partes em conflito. E por muitas vezes são tentados a falar de diferentes
modos e tons para pessoas diversas, ocultando informes para alguns e
revelando-os para outros. Um diácono deve manter total honestidade e
franqueza ao tratar com todos, sem qualquer favoritismo.
3. Não inclinados a muito vinho. As pressões do serviço, os
hábitos e costumes antigos, as tendências biológicas pessoais, podem fazer um
líder da igreja inclinar-se para o excesso de ingestão de bebidas alcoólicas, o
que pode suceder a qualquer outra pessoa. Se alguém não pode controlar essa
tendência, não pode estar qualificado para liderança na igreja, pois não
tardará a fazer seu ofício naufragar, trazendo desgraça à igreja. Outro tanto
pode ser dito acerca de qualquer droga ou estimulante artificial que destrua o
bom senso do indivíduo, e que o coloque na categoria daqueles que têm um
caráter débil. A abstinência total não é imposta no caso dos diáconos.
Porém, devido a associação do
álcool a outros vícios é bom que um líder cristão seja total abstêmio. O termo
grego usado é prosecho, que significa «voltar a mente para», «dar
atenção a», «dedicar-se a». Um líder cristão não pode demonstrar tendência para
com o vício do alcoolismo, ver I Tm 3:3 e Ef 5:18.
4. Não cobiçosos de sórdida ganância. Esse defeito é igualmente
repreendido, embora com palavras diferentes, no caso dos supervisores (ver o
terceiro versículo deste capítulo na ajuda 3). O termo grego aqui usado é
«aischrokerdes», a adição textual àquele versículo, usado novamente em Tt 1:7.
Pode significar «ganho desonesto» ou, simplesmente, cobiça pelo ganho. Um
líder da igreja não pode fazer de seu ofício um meio de enriquecer-se, conforme
muitos têm feito através da história. O seu propósito deve ser antes a
dedicação a seu trabalho; e ele deveria investir o máximo de volta no seu
trabalho, para enriquecer a este, e não a si mesmo. Isso será sinal de um servo
de Cristo verdadeiramente dedicado, que não é um mercenário.
Aristófanes, em sua obra Paz, 622,
alista dois vícios em que mais se destacavam os espartanos, isto é, a «sórdida
cobiça pelo lucro» (a mesma palavra aqui utilizada) e a traição, mascarada de
hospitalidade. Ora, essa «sórdida cobiça pelo lucro» é algo que jamais deve
caracterizar aquele que serve a Cristo na igreja; embora isso não seja fenómeno
desconhecido entre os líderes cristãos. Tal pecado é especialmente tentador
para um diácono, que tem a responsabilidade de manusear o dinheiro na igreja.
Pode ser tentado a furtar parte do mesmo, ou então devido a seu contato
constante com o mesmo, pode ser encorajado a pensar sobre modos e meios de
enriquecer-se através da administração de seu ofício.
I Tm 3:9: guardando o mistério
da fé numa consciência pura.
5. Fidelidade. No grego a ideia de «guardar» vem do verbo echo,
que significa «ter», «possuir», indicando o caráter da pessoa. O
diácono é o guardião do mistério.
Mistério, ver Rm 11:25. Normalmente,
no contexto neotestamentário, essa palavra indica alguma verdade divina, antes
oculta, mas agora revelada, de forma a tornar-se uma «verdade franqueada». Os
gnósticos davam grande importância aos seus próprios supostos «mistérios», ao
seu «conhecimento secreto», que eles revelavam exclusivamente a alguns poucos
iniciados; e a escolha dessa palavra, neste caso, provavelmente é reprimenda
indireta contra a doutrina gnóstica, a heresia tão frequentemente combatida nas
epistolas pastorais.
Ver o artigo sobre Gnosticismo.
O único outro lugar, nestas epístolas, onde esse vocábulo é empregado, é no
décimo sexto versículo deste mesmo capítulo, onde é apresentado um dos
principais mistérios do N.T.
Da fé. Neste caso devemos pensar na fé «objetiva», isto é,
a revelação ou doutrina cristã. (Ver I Tm 1:2 quanto a esse sentido «objetivo»
da palavra «fé»). Mas tal termo também pode ser empregado em sentido subjetivo,
indicando a confiança pessoal e a outorga da própria alma aos cuidados de
Cristo. Além disso, essa palavra pode indicar uma «virtude», paralelamente a
muitas outras virtudes cristãs, que são aspectos diversos do «fruto do
Espírito» (ver Gl 5:22,23). Porém, quando a «fé» é uma virtude, então deve ser
reputada como mera extensão da fé subjetiva, ou seja, a fé subjetiva em
operação.
O mistério da fé significa
que a doutrina cristã contém muitas revelações admiráveis, «segredos abertos»
para beneficio da humanidade. Há o Cristo, o Salvador, e suas boas-novas de
redenção; há as boas-novas da glorificação e da vida eterna. E todos esses
elementos são «segredos franqueados», são verdades divinas que antes estavam
ocultas, mas que agora nos foram desvendadas. Conforme diz Vincent (in loc):
«O mistério da fé é o tema da fé; é a verdade que serve como sua base, que
fora mantida oculta desde a fundação do mundo, até ter sido revelada no tempo
determinado, que é um segredo para os olhos comuns, mas que a revelação divina
torna conhecida».
Pode-se notar, em Rm 16:25, que
há uma revelação do mistério, que fora mantido em segredo desde que o
mundo começou. Ora, tudo isso está envolvido no «evangelho» e na «pregação de
Jesus Cristo», conforme aquele mesmo versículo o declara. O líder cristão deve
conhecer essas verdades, deve honrá-las e deve propagá-las. Ele é o guardião
das mesmas, bem como seu representante. Outrossim, deve confiar pessoalmente
nesses mistérios, tornando-os conhecidos de outros mediante sua pregação e
ensino. Também deve «defendê-las» contra os falsos mestres, o que é uma das
ênfases constantes das epístolas pastorais. (Ver I Tm 1:18,19).
O décimo
nono versículo dessa passagem usa a expressão «...mantendo fé...», que é
expressão sinônima àquela usada no presente versículo.
Com a consciência limpa. (Comparar novamente com I Tm
1:19). O autêntico ministro de Cristo deve ser dotado de «boa consciência». O
trecho de II Tm 1:3 contém a expressão «consciência pura», embora no grego
apareça exatamente a mesma expressão, «kathara suneidesei». O adjetivo grego é
katharos, que quer dizer «puro», «limpo», e que tem inúmeras aplicações.
Pode significar fisicamente limpo, cerimonialmente puro, mas, tal como aqui,
pode exibir o sentido de «pureza moral». Um líder cristão deve ser isento de
vícios degradantes, como os pecados sexuais, a desonestidade e a cobiça. Tudo
isso, naturalmente, fala sobre a sua «santificação». (Ver I Ts 4:3). É
necessário, pois, que o líder cristão não apenas creia nos mistérios do
evangelho mas os aceite. É preciso que esses mistérios operem nele, transformando-o
conforme a imagem moral de Cristo, que deve ser o modelo de todo o homem de
Deus, pois, do contrário, dificilmente estará apto para ser um dos líderes da
igreja.
Além disso, é mister que seja um
exemplo de santidade para os outros crentes, porque, do contrário, ter-se-á
desqualificado automaticamente. Deve possuir ele a realidade daquilo que
prega, em sua própria vida; de outra maneira, sua pregação será inútil e sem
vida.
«É como se a consciência pura
fosse o vaso onde é preservado o mistério da fé». (Weiss, in loc). Notemos
que, em II Ts 2:13, a «santificação» é um dos elos imprescindíveis da salvação.
Ninguém tem realmente a Jesus, como seu Salvador, se igualmente não o tiver
como seu Senhor, se o senhorio de Cristo não estiver operando nele. E assim,
todo o líder cristão deve ter mais que mera atitude intelectual para com o
mistério; é necessário que esse mistério se tenha apossado de todo o seu ser e
o esteja transformando, porquanto, em caso contrário, na realidade não estará
«conservando o mistério da fé». Sem a santificação, ninguém jamais verá a Deus.
(Ver Hb 12:14). É preciso que um líder cristão, portanto, seja ortodoxo em suas
doutrinas, mas também é necessário que seja ortodoxo em sua conduta diária.
Caso essa conduta não seja ortodoxa, então será ele um «herege prático», ainda que suas opiniões doutrinárias sejam
perfeitas. Ora, um herege prático não pode ser
líder na igreja de Cristo, tal como não pode sê-lo um herege doutrinário.
«Ê óbvio que não entendo a fé
como mera credulidade cega e sem criticas... Não, a fé é antes a 'razão em
atitude corajosa', conforme L.P. Jacks a definiu em algum lugar. Consiste em
apostamos a própria vida que Deus existe', usando as palavras de Donald Hankey,
o 'amado capitão'. Ou então, conforme Josiah Royce declarou de certa feifa: A
fé é o discernimento da alma, ao descobrir alguma realidade, e que capacita o
homem a tolerar qualquer coisa que lhe aconteça no universo». (Albert W.
Palmer, Treasury of Christian Faith, pág. 273).
Consciência. Temos aqui alusão às faculdades
intelectuais e morais do «homem interior», da «alma» ou ser essencial, e que
dita para nós o que é certo e o que é errado.
I Tm 3:10: E
também estes sejam primeiro provados, depois exercitem o diaconato, se forem
irrepreensíveis.
6. Experimentados (provados) é tradução do termo grego dokimadzo, que
significa «provar por meio de teste»,
palavra usada para indicar o teste das moedas, quanto à qualidade de seu metal.
E também indica experimento. Mui provavelmente temos aqui uma alusão ao que já
fora dito acerca dos supervisores, no sentido de que não devem ser «novos
convertidos». Nenhuma regra é baixada acerca de como esse teste deve ter
lugar. Mas certamente isso indica que não podiam ser novos convertidos, e, sim,
homens dotados de profunda experiência cristã, de notável desenvolvimento
espiritual, levantados pelo Espírito Santo dentre os irmãos, distinguidos pelas
boas obras e pela fé firme.
No contexto do N.T., isso deve
significar também aqueles que tinham dotes espirituais, e que já haviam
demonstrado a capacidade de usar dos mesmos corretamente.
Mui provavelmente não há aqui
qualquer alusão a algum «período de prova», costume esse surgido em outra
época, como meio de aprovar líderes eclesiásticos. Também deve ter uma boa
reputação entre os de fora (conforme se vê no sétimo versículo). Segundo
comenta Vincent (in loc): «Não fica aqui implícito algum exame formal,
e, sim, referência ao julgamento geral da comunidade cristã, para averiguar se
cumprem as condições detalhadas no oitavo versículo deste capítulo. Comparar
com os trechos de I Tm 5:22 e II Tm 2:2».
Também sejam estes. Estas palavras podem significar:
1. Em adição àquilo que Paulo já dissera, como as qualidades que devem
caracterizar os diáconos; 2. ou então «tanto os diáconos», como os
supervisores, devem ser homens «provados», uma alusão de volta ao sétimo
versículo, acerca de não serem eles «recém-convertidos».
7. Irrepreensíveis. No grego é «anegkletos», palavra muito bem
traduzida aqui, usada por cinco vezes nas páginas do N.T., isto é, em I Co 1:8;
Cl 1:22 e Tt 1:6,7. Um diácono deve ser alguém de tão boa reputação que,
ninguém, pertencente aos «de fora» (ver o sétimo versículo), ou do seio da
igreja, possa fazer acusação contra ele. Deve ser homem liberto de todos os
vícios. Essa palavra é forma privativa de «egkaleo», que quer dizer
«acusar», «convocar para acusação». O diácono deve ser livre de toda a «acusação
justa», contra qualquer defeito em sua vida que poderia servir de obstáculo ao
seu serviço. Deve ser homem dotado de elevado grau de santificação.
IV. O Oficio dos Diáconos
1. Teve por origem a controvérsia
que surgiu em torno do cuidado pelas viúvas da igreja de Jerusalém, tendo
surgido para providenciar os problemas materiais mais essenciais da comunidade
cristã; porém, o fato de que era exigido daqueles homens que fossem dotados de
elevadas qualificações espirituais, mostra-nos que o trabalho material não era
única responsabilidade e labor de que estavam investidos.
2. O ofício diaconal
desenvolveu-se e expandiu-se e os indivíduos nomeados para o mesmo tornaram-se
líderes da igreja cristã de muitos outros modos, além de cuidarem do
recolhimento das esmolas, embora isso fizesse parte mais importante da vida
piedosa, na igreja primitiva, do que estamos acostumados a ver nas modernas
igrejas evangélicas. (Quanto a essa questão ver At 3:2). Por isso é que no N.T.
aparecem as histórias relativas a Estêvão e Filipe, os quais não ficaram
muito atrás dos próprios apóstolos no tocante ao poder espiritual e à eficácia
de seu ministério de evangelismo.
3. Com base no trecho de I Tm
3:8, além do Didache, e dos escritos de Clemente, vemos que o ofício
diaconal era reputado quase paralelo ao ofício dos «bispos» ou anciãos. Parece
mesmo que os diáconos eram os assistentes mais diretos dos anciãos ou pastores,
especialmente por ocasião da celebração da Ceia do Senhor e da consagração de
discípulos.
4. Porém, no livro de Atos, não
devemos procurar encontrar tais distinções, porquanto, neste livro histórico,
os diáconos se assemelhavam mais a «anciãos» espiritualmente poderosos, que
ocupavam a primeira posição de autoridade e poder, depois dos apóstolos. As
palavras «apóstolos e anciãos», que se referem aos doze apóstolos e aos sete
diáconos, além de outros elementos investidos de grande autoridade, não fazem
ainda a distinção a uma terceira classe, a dos «diáconos», que, mais tarde,
vieram a ocupar ainda um terceiro lugar, após os anciãos e os apóstolos.
Portanto, por esta altura dos acontecimentos, segundo a narrativa do livro
de Atos, o ministério ainda não havia atingido o desenvolvimento que atingiu
anos mais tarde, segundo se depreende especialmente pelas epístolas pastorais,
escritas por Paulo.
5. No livro de Atos, os sete se
conduziam muito mais como administradores e anciãos da igreja local; porém,
também mostraram ser missionários de elevada categoria. Por essa razão é que
Crisóstomo acreditava que os «sete» não eram «nem presbíteros e nem diáconos»,
mas antes, ocuparam um oficio sem igual, quase paralelo ao do apostolado. Essa
observação de Crisóstomo é parcialmente válida, apesar de que não há ainda
razão em supormos que, com base nessa ação tomada pela igreja primitiva, no
começo de sua história, — consagrando aos «sete», as sementes dos ofícios de
«ancião» e «diácono» tivessem sido semeadas, e que ambos esses ofícios tenham
resultado dessa consagração especial dos «sete».
No que diz respeito à
origem do ofício de diáconos. Adam Clarke (em At 6:6) apresenta-nos o
seguinte comentário: «O ofício de diácono (no grego, diakonos) chegou ao
meio cristão através da congregação judaica. Toda a sinagoga tinha ao menos
três diáconos, os quais eram chamados parnasim, palavra essa derivada do
vocábulo parnes, que significa alimentar, nutrir, sustentar, governar. O
parnas, ou diácono, era uma espécie de juiz na sinagoga; e de
cada um deles se requeria doutrina e sabedoria, a fim de que pudessem discernir
e passar julgamento justo, tanto nas questões sagradas como nas questões civis.
O chzan e o chamash, eram também ofícios parecidos com o do
diaconato. O primeiro era o delegado do sacerdote, e o outro, pelo menos em
alguns casos, era o deputado desse delegado, isto é, uma espécie de
'subdiácono'. No N.T. os apóstolos são intitulados igualmente como diáconos (ver
II Co 6:4; 9:19; Ef 3:7 e Cl 1:23). — O próprio Cristo, Pastor e Bispo das
almas, é chamado diácono da circuncisão (ver Rm 15:8).
Visto que essa palavra implica
ministrar ou servir, ela é variegadâmente aplicada para todos aqueles que eram
empregados na tarefa de ajudar os corpos ou as almas dos homens; sem importar
se fossem apóstolos, pastores, ou até mesmo aqueles a quem chamamos de
diáconos.
OBS:- ESTUDO PARA COMPLEMENTO = O DIACONATO A
LUZ DO NOVO TESTAMENTO – VISITE = http://biblia.com.br/perguntas-biblicas/lideranca/sei-que-o-diaconato-e-uma-ordenanca-divina-porem-nos-contexto-biblico-era-uma-ocupacao-voluntaria-que-abrangia-uma-serie-de-atividades-porque-hoje-quando-se-fala-nesse-cargo-a-maioria-das-pessoas/
Elaboração pelo:- Evangelista Isaias
Silva de Jesus
Igreja Evangélica Assembléia de Deus
Ministério Belém Em Dourados – MS
BIBLIOGRAFIA
Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia
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