LIÇÃO X
ADORANDO A DEUS EM MEIO A CALAMIDADE
Pr. JOSÉ COSTA JUNIOR
CONSIDERAÇÕES
INICIAIS
O que é a vida cristã normal? É uma
vida que inclui lutas, problemas, e acontecimentos que parecem combater a
alegria que nos dizem encontrarmos em Cristo? É normal ter problemas vindos de
desejos tão naturais como comida ou sexo, ou lutar com pensamentos
descontrolados ou falta de disciplina? É comum ser assoberbado por conturbações
emocionais, feridas do passado, lembranças de fracassos, sentimentos de
inferioridade e insegurança, e mesmo o medo de ser rejeitado por Deus? Não é
incomum lutar com finanças, saúde, um companheiro de quarto incômodo, colega ou
parente? Todas essas são questões vexatórias por duas razões essenciais.
Primeiro, lutávamos normalmente com tais coisas antes de virmos a Cristo, e
como poderíamos ter imaginado tal luta uma vez que estamos nEle? Segundo,
muitos autores, palestrantes e líderes cristãos insinuaram que esse tipo de experiência
não é parte da vida cristã normal, porém revela, antes, as deficiências de uma
fé abaixo do padrão.
Quando tentamos entender as
inadequações de nossas vidas, podemos ouvir os testemunhos de cristãos
vitoriosos que raramente mencionam qualquer experiência perturbadora depois de
sua conversão. A vida desses cristãos parece geralmente ter sido de vitória,
louvor, e poder avassalador! Geralmente muitos de nós, com o passar do tempo,
acabamos aceitando o fato de que somos cristãos muito anormais: fracos, não
conseguindo permanecer onde deveríamos, e sem a habilidade, inteligência, e
disciplina para vivermos a vida de vitória completa como definida pelas
experiências de certos irmãos.
Aqueles que têm problemas, entretanto
têm de tomar coragem, porque o que descobri em minha caminhada com o Senhor e
interação com seu povo é que, notavelmente, problemas são um elemento natural
da vida do cristão. A vida cristã normal não deixa de ter lutas, nem é livre de
fracassos, nem é uma vida de picos emocionais constantes. Pelo contrário, essa
vida é cheia de adversidade, mas adversidade com propósito.
Veja o que o apóstolo Paulo disse em
I Co 4.9-13: "Porque tenho para mim que Deus a nós, apóstolos, nos pôs
por últimos, condenados à morte; pois somos feitos espetáculo ao mundo, tanto a
anjos como a homens. Nós somos loucos por amor de Cristo, (...) fracos, (...)
desprezíveis. Até a presente hora padecemos fome e sede; estamos nus, e
recebemos bofetadas, e não temos pousada certa, e nos afadigamos, trabalhando
com nossas próprias mãos; somos injuriados, e bendizemos; somos perseguidos, e
o suportamos; somos difamados, e exortamos; até apresente somos considerados
como o refugo do mundo, e como a escória de tudo." Essa não é uma
passagem popular entre o povo da prosperidade, mas Paulo reitera seu ponto de
vista, escrevendo aos Coríntios novamente: "Em tudo somos atribulados,
mas não angustiados; perplexas, mas não desesperados; perseguidos, mas não
desamparados; abatidos, mas não destruídos; trazendo sempre no corpo o morrer
de Jesus, para que também a vida de Jesus se manifeste em nossos
corpos..." (II Cor. 4.8-10).
O que é, então, a vida cristã normal?
Será freqüentemente uma vida cheia de problemas. Uma vez que entendamos que
fatos, pessoas, saúde e circunstâncias adversas têm um propósito em nossas
vidas, poderemos nos submeter à mão de Deus nelas. Problemas são normais!
Muitas vezes os desconfortos na vida
dos cristãos vêm nem tanto dos problemas, quanto de seu contínuo auto-exame.
Eles imaginam o que estará errado com eles para que Deus permita tais coisas
acontecerem. A Escritura está repleta de inferências de que vamos sofrer; hoje,
entretanto, esse aspecto da vida cristã comum é freqüentemente ignorado,
impedindo muitos de substituírem seu desânimo por coragem.
O objetivo deste
estudo é trazer algumas informações, colhidas dentro da literatura evangélica,
com a finalidade de ampliar a visão
sobre o exemplo do rei Josafá diante de uma calamidade iminente. Não há nenhuma
pretensão de esgotar o assunto ou de dogmatizá-lo, mas apenas trazer ao
professor da EBD alguns elementos e ferramentas que poderão enriquecer sua
aula.
I. O REINO
DO NORTE E DO SUL
O final do reino de Salomão foi marcado por descontentamento
das camadas mais pobres da população, que tinham de pagar pesados impostos para
financiar seus planos ambiciosos. Além disso, o tratamento preferencial
dispensado à sua própria tribo exasperava as outras, e conseqüentemente crescia
o antagonismo entre a monarquia e os separatistas tribais. Após a morte de Salomão
(930 a.E.C.) uma insurreição aberta provocou a cisão das tribos do norte e a
divisão do país em dois reinos: o reino setentrional de Israel, formado pelas
dez tribos do norte, e o reino meridional de Judá, no território das tribos de
Judá e Benjamim. O Reino de Israel, com sua capital Samaria, durou mais de 200
anos, e teve 19 reis; o Reino de Judá sobreviveu 350 anos, com sua capital,
Jerusalém, e teve o mesmo número de reis, todos da linhagem de David. Com a
expansão dos impérios assírio e babilônio, tanto Israel quanto Judá, mais
tarde, acabaram caindo sob domínio estrangeiro. O Reino de Israel foi destruído
pelos assírios (722 a.E.C.) e seu povo foi exilado e esquecido. Uns cem anos
depois, a Babilônia conquistou o Reino de Judá, exilando a maioria de seus
habitantes e destruindo Jerusalém e o Templo (586 a.E.C.).
II.
O REI JOSAFÁ
O reino de
25 anos de Josafá (872-848 a.C.) foi um dos mais alentadores, e marcou uma era
de esperança na história religiosa de Judá. Nos primeiros anos de seu reinado,
Josafá fez reviver a política da reforma religiosa que tinha sido tão efetiva
na primeira parte do reinado de Asa. Devido a que Josafá tinha trinta e cinco
anos de idade quando começou a governar, deve ter permanecido, muito
provavelmente, sob a influência dos grandes líderes religiosos de Judá durante
sua infância e juventude. Seu programa esteve bem organizado. Cinco príncipes,
que estavam acompanhados por nove levitas principais e dois sacerdotes, foram
enviados por todo Judá para ensinar a lei. Além disto, suprimiu os lugares
altos e os asserins pagãos, para que o povo não fosse influenciado por eles. Em
lugar de buscar a Baal, como o povo provavelmente tinha feito durante as
últimas duas décadas do reinado de Asa, este rei e seu povo se voltaram para
Deus.
Este novo interesse com Deus teve um amplo efeito
sobre as nações circundantes, ao igual que sobre Judá. Conforme Josafá
fortificava suas cidades, os filisteus e os árabes não declararam a guerra a
Judá, senão que reconheceram a superioridade do Reino do Sul, levando presentes
e tributos ao rei. Este providencial favor e apoio o animaram a construir
cidades para armazéns e fortalezas por todo o país, estabelecendo nelas
unidades militares. Além disso, contava com cinco comandantes do exército de
Jerusalém, ligados e responsáveis diretamente a sua pessoa (2 Cr 17.1-19). Como
natural conseqüência, sob o mandado de Josafá o Reino do Sul prosperou política
e religiosamente.
Existiam relações amistosas entre Israel e Judá. A
aliança matrimonial entre a dinastia de Davi e Onri deve ter-se realizado,
verossimilmente, na primeira década do reinado de Josafá (cerca de 865 a.C.),
já que Acazias, o filho desta união, tinha vinte e dois anos quando ascendeu ao
trono de Judá em 841 a.C. (2 Rs 8.26). Este nexo de união com a dinastia
governante do Reino do Norte, assegurou a Josafá do ataque e a invasão
procedente do Norte.
Aparentemente transcorreu mais de uma década do
reinado de Josafá sem notícias entre os primeiros dois versículos de 2 Cr 18; o
ano era 853 a.C. Depois da batalha de Qarqar, na qual Acabe tinha participado
na aliança síria, para opor-se à força expansiva dos assírios, Acabe homenageou
a Josafá muito suntuosamente em Samaria. Enquanto Acabe considerou a
recuperação de Ramote-Gileade, que Ben-Hadade, o rei sírio, não lhe havia
devolvido de acordo com o tratado de Afeque, convidou a Josafá a unir-se a ele
na batalha. O rei de Judá respondeu favoravelmente; porém insistiu em
assegurar-se os serviços e o conselho de um verdadeiro profeta. Micaías predisse
que Acabe seria morto na batalha. Ao ter conhecimento daquilo, Acabe se
disfarçou. Ao ser mortalmente ferido por uma flecha perdida, Josafá conseguiu
escapar, voltando em paz a Jerusalém.
Jeú confrontou a Josafá valentemente com as palavras
do Senhor. Sua fraternização com a família real de Israel estava desgostando o
Senhor. O juízo divino viria a seguir, sem dúvida. Para Jeú, isto foi um grande
ato de valor, já que seu pai, Hanani, tinha sido encarcerado por Asa por ter
admoestado o rei. Concluindo sua mensagem, Jeú felicitou a Josafá por tirar do
meio os asserins e submeter-se e buscar a Deus.
Em contraste com Asa, seu pai, Josafá respondeu
favoravelmente a esta admoestação. Pessoalmente foi por toda Judá, desde
Berseba até Efraim, para alentar o povo a voltar-se a Deus. Completou esta
reforma, nomeando juízes em todas as cidades fortificadas, admoestando-os a que
julgassem com o temor de Deus, antes que com base em juízos particulares ou
aceitando subornos. Os casos em disputa deviam apelar-se a Jerusalém, onde os
levitas, os sacerdotes e os cabeça de família importantes, tinham a seu cargo o
render justas decisões. Amarias, o chefe dos sacerdotes, era em última
instancia responsável de todos os casos religiosos. As questões civis e
criminosas estavam a cargo de Zebadias, o governador da casa de Judá.
III. JOSAFÁ E SEUS INIMIGOS
Pouco depois de tudo isto, Josafá se viu enfrentado a
uma terrífica invasão procedente do sudeste. Um mensageiro informou que uma
grande multidão de amonitas e moabitas se dirigia a Judá, procedentes da terra
do Edom, ao sul do Mar Morto. Se aquilo era o castigo implicado na predição de
Jeú sobre a pendente ira de Deus, então se viu que Josafá tinha sabiamente
preparado a seu povo. Quando proclamou o jejum, o povo de todas as cidades de
Judá respondeu imediatamente. Na nova corte do templo, o próprio rei conduziu a
oração, reconhecendo que Deus lhes havia entregado a terra prometida,
manifestando sua presença no templo dedicado nos dias de Salomão, e prometido a
liberação se se prostrassem humildemente diante dEle. Nas simples palavras "não
sabemos o que faremos; porém os nossos olhos estão postos em ti", Josafá
expressou sua fé em Deus, quando concluiu sua oração (2 Cr 20.12). Mediante
Jaaziel, um levita dos filhos de Asa, a assembléia recebeu a certeza divina de
que inclusive sem ter de lutar eles veriam uma grande vitória. Em resposta,
Josafá e seu povo se inclinaram e adoraram a Deus, enquanto os levitas,
audivelmente, louvavam o Senhor.
Na manhã seguinte, o rei conduziu seu povo pelo
deserto de Tecoa e os alentou a exercer sua fé em Deus e nos profetas. Cantando
louvores a Deus, o povo marchava contra o inimigo. As forças inimigas foram
lançadas numa terrível confusão e se massacraram uns aos outros. O povo de Judá
empregou três dias em recolher o botim e os despojos de guerra. No quarto dia,
Josafá reuniu seu povo no vale de Beraca, para uma reunião de ação de graças,
reconhecendo que só Deus lhes havia dado a vitória. Numa marcha triunfal, o rei
os conduziu a todos de volta a Jerusalém. O temor de Deus caiu sobre as nações
dos arredores quando souberam desta miraculosa vitória. Josafá de novo tornou
gozar de paz e quietude.
O inimigo que vinha contra os judeus era numeroso, mas
a partir do instante em que receberam a promessa de livramento, eles se puseram
a louvar. "Pela manhã cedo, se levantaram e saíram ao deserto de Tecoa;
ao saírem eles, pôs-se Josafá em pé e disse: Ouvi-me, ó Judá e vós, moradores
de Jerusalém! Crede no Senhor, vosso Deus, e estareis seguros; crede nos seus
profetas e prosperareis. Aconselhou-se com o povo e ordenou cantores para o
Senhor, que, vestidos de ornamentos sagrados e marchando à frente do exército,
louvassem a Deus, dizendo: Rendei graças ao Senhor, porque a sua misericórdia
dura para sempre." (Vv. 20,21.)
Que marcha diferente foi aquela, na qual os soldados,
no lugar de espadas e lanças, levaram instrumentos musicais! E perante tal
demonstração de fé, algo extraordinário aconteceu: Deus fez com que a coalizão
inimiga se desentendesse e começasse a lutar entre si. "Tendo Judá chegado
ao alto que olha para o deserto, procurou ver a multidão, e eis que eram
corpos mortos, que jaziam em terra, sem nenhum sobrevivente." (V. 24.)
Os israelitas venceram a batalha sem precisar disparar
uma única flecha, armados, apenas, com o poder do louvor. Quando louvamos,
coisas maravilhosas acontecem! As vezes pensamos que as pessoas mais
agradecidas são as que receberam mais bênçãos, mas a verdade é que elas são
mais abençoadas porque agradecem mais. Na guerra espiritual, o louvor é a arma
definitiva, contra a qual o inimigo não possui defesa.
CONCLUSÃO
Identifique a hora de parar de suplicar e começar a
agradecer. Não glorifique ao Senhor apenas pelo que ele fez: exalte-o também,
pelo que vai fazer. Descarte o pessimismo e a murmuração, e prevaleça pelo
louvor. Dizem que o gorjeio mais bonito é o do rouxinol, porque esse pássaro
só canta de noite. Da mesma forma, não há adoração tão bela quanto a que é
prestada nas sombras da provação.
Na confecção deste pequeno estudo, buscamos consultar literatura que
mais se aproxima com o pensamento de nossa denominação, tentando não perder a
coerência teológica. Evitamos expressar conceitos e opiniões pessoais sem o
devido embasamento na Palavra, pois a finalidade é agregar conhecimentos,
enriquecer a aula da escola dominical e proporcionar ao professor domínio sobre
a matéria em tela. Caso alcance tais finalidades, agradeço ao meu DEUS por esta
grandiosa oportunidade.
Pr.
JOSÉ COSTA JUNIOR
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