A VISÃO DO TEMPLO E O MILÊNIO
TEXTO ÁUREO
“E clamavam uns para os outros, dizendo: Santo, Santo, Santo é o SENHOR dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória.” (Is 6.3)
VERDADE PRÁTICA
O ultraje à santidade divina traz destruição espiritual. A santidade de Deus é a expressão máxima de sua glória.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Ezequiel 43.1-9
Este capítulo e o seguinte contêm muitos ensinamentos que mostram o significado das medidas dadas nos capítulos anteriores.
43.3 O aspecto da visão. Ezequiel teve três visões da glória de Deus. A primeira lhe foi concedida para vocacioná-lo (1.1) e para fazê-lo obediente à visão celestial mesmo quando alguém não quis ouvi-lo (3:4-11; cf. At 26:13-19). A segunda lhe foi concedida para revelar que a glória de Deus não habita com os idólatras (2 Co 6:14-18), e que o templo teria destruído (8:1-9.22). A terceira visão revela a restauração desta nação à comunhão com Deus, mediante a revelação de Si mesmo onde Seu povo adora.
N. Hom. 43.5 A glória do Senhor enchia o templo. Assim aconteceu quando o templo de Salomão foi consagrado (1 Rs 8:10-11); a mesma glória tinha acompanhado o tabernáculo que Moisés levantou no deserto (Êx 40:34-38). Antes de existir santuário algum, esta glória já apareceu numa sarça do deserto, na hora em que Deus chamou seu profeta Moisés para libertar o povo de Israel e fazer dele um povo particularmente Seu (Êx 3:1-4.17). Esta glória se revela a cada crente em Cristo (Cl 1:26-27) através do Espírito de glória.
43.7 O cadáver dos seus reis. O jardim onde se sepultavam os reis ficava bem ao lado do templo de Salomão, só havendo uma parede (8) entre os túmulos e o local do culto. A visão que Ezequiel recebera já lhes mostrara também que havia apenas uma parede separando o culto a Deus do culto aos demônios (8:7-9).
43.9 Considerando o que foi exposto acima (7-8), vê-se um templo que não dá mais lugar para as coisas profanas sequer ficarem perto do recinto sagrado; isto visa especialmente a remoção para longe da idolatria descrita em 8:7-18 a qual foi a causa imediata da destruição do templo anterior, e que para o profeta é a mais indecente prostituição (cap. 23).
INTRODUÇÃO
Depois das visões e dos diversos discursos contra o Templo e contra a cidade de Jerusalém em Ezequiel, os oráculos divinos substituem ameaças e castigos por bênçãos futuras. Estudamos, na lição passada, a restauração espiritual de Israel, que o profeta anunciou para um futuro distante. Veremos, a partir de agora, o epílogo da revelação de Ezequiel. É longo e ocupa os capítulos 40-48, mas o registro da volta da glória de Deus aparece depois da descrição do Templo, sendo parte das promessas divinas de restauração.
COMENTÁRIO
O templo e a cidade de Jerusalém foram destruídos pelos caldeus por causa das iniquidades e abominações que são um atentado à santidade de Javé. Cumprido, assim, o juízo de Deus contra Israel, há uma recriação da terra e do povo (Ez 36–37) e a restauração espiritual de Israel (Ez 40–48). Os capítulos 40 a 48 tratam da terceira e última visão de Ezequiel. Essa parte do livro enfatiza:
a) o novo templo (40.1–43.12);
b) a nova forma de adoração a Deus (43.13–46.24) e
c) a partilha da terra santa entre as tribos de Israel (47.1–48.35).
Sobre o retorno da glória de Deus no novo templo (43.1-12), a parte da revelação segue o mesmo padrão da primeira visão junto ao rio Quebar (Ez 1–3), que marca a experiência no início de sua vocação, e o da segunda visão quando o profeta foi levado em espírito para Jerusalém e para o templo (Ez 8–11). Há um contraste entre o que o profeta viu quando foi levado em visão ao templo de Jerusalém e o que ele vê nessa última visão. Ezequiel não foi o único profeta a mencionar a referida Casa (veja também em Is 2.2-5; Jl 3.18), mas é o único que descreve o complexo do templo com abundância de detalhes. Interessante ainda observar que não há menção direta do nome Jerusalém nessa visão.
A terceira visão aconteceu “no vigésimo quinto ano do nosso exílio, no princípio do ano, no décimo dia do mês, catorze anos após a queda da cidade de Jerusalém” (Ez 40.1), vinte anos após a primeira visão. A data coincide com Yom Kippur, o Dia da Expiação (Lv 16), uma das celebrações mais importantes para o povo. Nesse dia, o sumo sacerdote deveria fazer expiação por si, pela sua casa, pelo santuário, pela tenda do encontro, pelo altar e pelo povo. Como sacerdote, esse dia é uma referência significativa para Ezequiel, considerando que o templo está destruído. No entanto, Javé mostra ao Profeta um novo templo.
Com base em Ezequiel 29.17, a última data do livro antes dessa seção do templo, há um intervalo de treze anos entre a primeira e a segunda parte do livro. Deus leva Ezequiel em visão de volta a Jerusalém catorze anos depois da destruição da cidade santa para acompanhar um cicerone celestial que guia o profeta no complexo do novo templo.
Ezequiel é levado ao ponto no qual a glória de Deus parou no capítulo 11. Deus o leva à terra de Israel e lhe dá visões (Ez 40.2), evento parecido ao relatado nos capítulos 1 e 8. Um homem com a aparência como a do bronze mostra o novo templo ao Profeta e lhe ordena que anunciasse ao povo de Israel tudo o que visse (Ez 40.3).
Ele será o guia de Ezequiel durante a visão. O novo templo é descrito com riqueza de detalhes nos capítulos 40 a 42.
O capítulo 42 trata do sistema do sacrifício, ponto de diversas discussões entre os comentaristas. Alguns consideram isso normal diante do contexto sacerdotal, outros entendem ser um ponto estranho, tendo em vista as críticas dos profetas em relação ao sistema de sacrifício (Is 1.10-17; Os 6.6; Am 5.21-25; Mq 6.6-8). O trecho de 11.16 também entra no debate, pois Deus diz que seria um santuário temporário. Soares. Esequias,. Soares. Daniele. A Justiça Divina: A Preparação do povo de Deus Para os Últimos Dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pag. 127-128.
I. SOBRE O QUE VEM DEPOIS DA RESTAURAÇÃO
Essa parte da revelação de Ezequiel segue o mesmo padrão da sua experiência no início de sua vocação que ocupa todo o capítulo 1. A linguagem é a mesma da visão do capítulo 8, quando o profeta foi levado em espírito para Jerusalém e para o Templo.
1. A porta oriental do Templo (v.1). Os capítulos 40 a 42 descrevem o complexo do Templo com suas áreas, espaços e dimensões, mas só no capítulo 43.1-12 que a glória de Deus aparece. Na descrição do Templo, Ezequiel é levado “à porta que olhava para o caminho do oriente” (Ez 40.6). Quando se refere ao retorno da glória de Deus, o profeta volta a falar dessa mesma porta (v.1). A intenção do Espírito Santo é fazer o destinatário original desses oráculos lembrar que quando a glória de Deus se afastou da Casa de Deus foi em direção ao oriente (Ez 10.19; 11.23) e que o seu retorno será pelo mesmo caminho.
COMENTÁRIO
Então me levou à porta… que olha para o oriente. A glória de Yahweh (ver em Eze. 1.28) entrou pelo mesmo portão do qual tinha saído, o Portão Oriental, onde o sol se levanta e dá vida ao mundo inteiro. Este versículo ensina que reversos são possíveis, até mesmo os de situações consideradas impossíveis. Quando o Espírito de Deus toma parte em uma situação, todas as impossibilidades são anuladas. Oh, Senhor, concede-nos tal graça! “A glória Shekinah era a distinção especial do velho templo e, assim, também do novo, mas se realizará em grau muito mais elevado no segundo” (Fausset, in loc). CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3339.
A glória do Deus de Israel. Conforme 42:15, Ezequiel já estava perto da porta que olha para o oriente, e o v. 1, portanto, deve ser tomado como introdução estilizada a esta nova seção. A descrição da presença de Deus não somente recorre à visão anterior do carro-trono levantado nas asas dos querubins (o ruído de muitas águas, 2; cf. 1:24), como também ao simbolismo solar que frequentemente é associado a glória do Senhor (a terra resplandeceu por causa da sua glória, 2; cf. Dt 33:2; Is 60:1-3; Hc 3:3-4). Taylor. John B,. Ezequiel. Introdução e Comentário. Editora Mundo Cristão. pag. 237.
2. Três observações importantes (v.2). Observe que a glória de Deus “vinha do caminho do oriente”. Quando Ezequiel recebeu a incumbência de anunciar a destruição do Templo e a queda da cidade de Jerusalém, ele viu o afastamento da glória de Javé para o Oriente como sinal de sua retirada do meio do povo. O profeta já tinha visto isso na revelação inaugural (Ez1.24); “a terra resplandeceu por causa da sua glória”, isso faz lembrar da visão do profeta Isaías (Is 6.3).
A “voz como de muitas águas” (v.2) é uma expressão metafórica para indicar o grande poder de Deus (Ap 1.15; 14.2; 19.6). Esse Ser da visão do profeta, “como semelhança de um homem” (Ez 1.26), é o Messias pré encarnado; “vimos a sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade” (Jo 1.14) quando veio ao mundo na plenitude dos tempos (Gl 4.4).
COMENTÁRIO
Eis que do caminho do oriente vinha a glória do Deus de Israel. Como o sol se levanta no oriente e ilumina o céu, de horizonte a horizonte, assim a glória de Yahweh, o Sol da alma, iluminará todos os homens. A chegada da presença divina é anunciada universalmente, e o grito de triunfo é como o som de muitas águas, ouvido por todos os homens da terra. Todo o globo terrestre brilha com a Sua glória que vem depois de uma noite escura de sofrimentos, quando o povo desiste de praticar sua idolatria-adultério-apostasia. A luz de um novo dia brilha sobre o povo renovado. CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3339.
3. As reminiscências (v.3). A comunicação profética e a estrutura dos discursos continuam na mesma forma da atividade profética de antes, ou seja, o profeta é levado em espírito. Ezequiel compara essa visão com a de sua primeira experiência como profeta (Ez 1.1; 8.3). Estudamos, na lição 4, que a glória de Javé se retirou do Templo de Jerusalém como sinal da retirada de sua presença do meio do seu povo.
Depois de 14 anos da destruição da Cidade Santa, Ezequiel foi levado de volta, em visão, para Jerusalém, “No ano vigésimo quinto do nosso cativeiro, no princípio do ano, no décimo dia do mês” (Ez 40.1), estamos falando de 28 de abril de 573 ou 572 a.C. Essa revelação é escatológica, não é para o contexto histórico em que vivia o profeta.
COMENTÁRIO
A glória do Senhor entrou no templo pela porta que olha para o oriente. A glória de Yahweh, vinda do oriente, entrou no templo pelo Portão Oriental e foi diretamente para o Santo dos Santos. Dessa maneira, a glória Shekinah foi restaurada a Israel. O velho dia de iniquidades terminou.
Com o Novo Dia, o Reino do Messias (nos seus passos iniciais) se iniciou. Para o significado do Portão Oriental, ver Eze. 40.6-16. Esta visão foi tão dramática quanto aquela da destruição de Jerusalém. Cf. Eze. 8.24; Gên. 49.7; Isa. 6.10; Jer. 1.10. Os capítulos 1, 9 e 10 de Ezequiel descrevem este acontecimento em detalhes. A primeira visão foi recebida perto do rio Quebar, onde o profeta se prostrou, com o rosto no chão, tão aterrorizado estava. Agora, no novo templo, o dia escuro esvanece na luz do novo dia.
“Assim Israel renovado e dedicado fica esperando por Deus. Ele volta da mesma maneira grandiosa que tinha saído. O autor aqui consegue captar uma partícula da essência do evangelho. O Deus que julgou é o mesmo que restaura, anulando deslealdades do passado. Seu amor nos ganha de volta, e o que Ele ganhou, Ele transforma” (E. L. Allen, in loc). CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3339.
SINOPSE I
A glória do Senhor entra pelo caminho da porta cuja face está para o oriente.
II. O TEMPLO DO MILÊNIO
Há um contraste entre o que o profeta viu quando foi levado em visão ao Templo de Jerusalém e o que ele vê nessa última visão. Ezequiel não foi o único profeta a mencionar a referida Casa (Is 2.2-5; Jl 3.18), mas é o único a descrever o complexo do Templo com abundância de detalhes.
1. Um templo diferente. Que templo é esse? Não aparecem nele peças e utensílios próprios do Tabernáculo e do Templo de Salomão. Podemos enumerar alguns como a Arca da Aliança (2Co 5.6-8), o altar de ouro do incenso, o candelabro ou castiçal, a mesa dos pães da proposição (2Cr 4.19,20). Comparado com o que se conhece da Casa de Deus em Jerusalém e do Tabernáculo, pode-se dizer que é um templo atípico, ou seja, diferente. Visto que o Tabernáculo e o Templo com toda a sua estrutura de funcionamento, rituais, peças e sacerdotes apontavam para Cristo e tudo isso se cumpriu nEle (Hb 9.11,12). Por essa razão, não haverá necessidade desses rituais no Milênio.
COMENTÁRIO
O santuário da antiga aliança era um santuário inferior. Inferior porque era um santuário terrestre (9.1); inferior porque era um tipo de alguma coisa maior (9.2-5); inferior porque era inacessível ao povo (9.6,7); inferior porque era temporário (9.8); inferior porque era externo, e não interno (9.9,10). Deus tomou a decisão de mandar Moisés construir um tabernáculo, a fim de vir habitar com o seu povo (Êx 25.8). Todos os detalhes desse tabernáculo foram dados por Deus a Moisés, que cumpriu rigorosa e meticulosamente toda a prescrição divina para a construção. Concordo com Wiley quando ele diz que o escritor aos Hebreus se refere apenas ao tabernáculo original, cujo modelo foi revelado a Moisés no monte e no qual foram baseados os templos construídos depois. De modo algum, o autor procura diminuir-lhe a glória; ao contrário, admite-lhe a grandeza, a fim de, com maior destaque, apresentar a grandeza suprema do santuário celestial no qual Jesus entrou para comparecer diante de Deus por nós. LOPES. Hernandes Dias. HEBREUS A Superioridade de Cristo. Editora Hagnos. 1 Ed. 2018.
Significado do Templo. Qual é o significado do Templo de Ezequiel? Isto está expresso na “lei do templo” (Ez 43.12) de que sobre o “cimo do monte, todo o seu limite ao redor será santíssimo; eis que esta é a lei do templo”. Era uma expressão da santidade de Yahweh através do complexo que é revelado no processo de medida, e deste complexo o povo deve medir “o modelo” (cp. o caminho da santidade) para que eles possam se envergonhar “das suas iniquidades” (43.10; BS, 106:58). Considerando que a visão ocorre no final da profecia de Ezequiel, deve-se observá-la como a culminação da obra do profeta. A santidade de Deus foi o ponto principal do seu ministério. A santidade de Deus foi ultrajada pela iniquidade persistente de Israel. O livro servia como o processo de revelação, acusação e julgamento de Israel (cap. 1-26), o julgamento das nações circundantes para que o nome de Yahweh fosse vindicado em toda a terra (cap. 25-32), seguido pelo renascimento e restauração do povo pródigo (cap. 33-39), que incluiria o último grande ataque ao povo de Deus, concluindo com a revelação de Deus habitando entre o povo (cap. 40-48; BS, 106:57). O Templo (cp. Ml 3.1) deve tomar-se o lugar de habitação da glória divina (cp. Ez 43.1-6): “Filho do homem, este é o lugar do meu trono, e o lugar das plantas dos meus pés, onde habitarei no meio dos filhos de Israel para sempre” (43.7). MERRILL C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia. Editora Cultura Cristã. Vol. 1. pag. 791.
2. Uma dispensação diferente. O último bloco do livro de Ezequiel, capítulos 40-48, foca o Novo Templo (40.1-43.12); a nova forma de adoração a Deus (43.13- 46.24); e a partilha da terra santa entre as tribos de Israel (47.1-48.35). Tudo isso aponta para o Milênio, o reinado de Cristo de mil anos (Ap 20.1-5), anunciado pelos profetas (Ez 37.22, 23; Is 2.2-4; 11.6-8).
Há muitas interpretações sobre o templo de Ezequiel, é extremamente difícil separar o literal do simbólico. Sabemos que esse é o Templo do Milênio, mas, como Jesus já foi sacrificado por nós, seria necessário sacrifício de animais (Jo 1.29; 1 Co 5.7; Hb 7.24-28)? O incenso representa as nossas orações (Sl 141.2; Ap 8.3). O castiçal tipifica Cristo como a luz do mundo (Jo 8.12). A era messiânica será marcada pela presença real e literal de Cristo (Ap 20.1-5).
COMENTÁRIO
Ezequiel, nos capítulos 40 a 48, descreve em grande detalhe esse templo “ideal”. Alguns supõe que esse templo deva tomar-se uma realidade no Milênio, portanto chamam-no de Templo do Milênio. Os dispensacionalistas favorecem essa idéia, mas a maioria dos intérpretes supõe que Ezequiel apresenta um templo ideal, do qual podemos extrair lições morais e espirituais sem tentar construir uma estrutura física de fato. Aqueles que retornaram do Cativeiro Babilônico e construíram o Segundo Templo, não utilizaram o plano de Ezequiel. Em primeiro lugar, eles não tinham dinheiro, materiais nem conhecimento para uma realização tão gigantesca. O templo ideal foi dado a Ezequiel em uma visão, e talvez seja melhor considerá-lo um auxílio visionário à fé e não um plano arquitetônico que deveria ser seguido “algum dia”. CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 6. 11 ed. 2013. pag. 341.
Identidade do Templo. Que Templo é este? E completamente separado do Templo anterior em Jerusalém? E um complexo de construções completamente novo? Um estudo da sequência de eventos ajuda a responder essa questão. Israel, em todas as suas tribos, participou do cativeiro; a destruição do seu Templo simbolizou o julgamento de Deus sobre ele devido ao seu pecado. Ele tinha a restauração prometida depois do arrependimento (Dt 3 0.1 ss.). A partida do Shekinah (“glória” Ez 11.22,23) significou a queda de Jerusalém. O retorno desta glória (43.1 ss.) significava a restauração de Israel ao favor e bênção de Deus.
Contudo, se um Templo fosse muito diferente do Templo que Nabucodonosor destruiu, como ele poderia trazer alguma segurança ao povo? Visto que o Lugar Santo e o Santo dos Santos são do mesmo tamanho que os do Templo de Salomão, e considerando outras semelhanças, a conclusão é que o Templo de Ezequiel é basicamente o Templo de Salomão, mas com modificações na estrutura do átrio e na organização. Ele não é meramente um templo “ideal”, pois ao descrever o uso do altar, Yahweh (43.18ss.) descreve sua santificação (w. 18-27) e as ofertas feitas pelos sacerdotes (44.1531) dizem respeito ao que deveria ser feito por um povo restaurado ao seu Deus.
Porém o que foi mencionado acima não responde à questão — o Templo de Ezequiel existiu realmente? A ênfase sobre o ritual e a eliminação do ritual no NT indica que este templo serve a outro propósito.
Deve-se lembrar que Israel passou por deportação devido à idolatria e rejeição da Aliança de Yahweh (Dt 4.27,28; 28.64-68), mas se em sua aflição eles procurassem o Senhor de todo o coração, ele os ouviria e os restaurariam a sua terra (Dt 4.29-31; Jr 29.10-14). O propósito era aperfeiçoar um povo recalcitrante e relapso, e criar uma nação santa (Ez 37.21-23,26-28) que, como povo santo, retomaria verdadeiramente à sua terra. Ezequiel 40-48 apresenta em palavras quadros da consequente união íntima de Yahweh com seu povo, e transmitiu ao remanescente de Israel a segurança do retomo a sua herança. A organização dos átrios impressionou o povo sobre a necessidade de santidade pessoal; mas também, a presença de Yahweh ali (43.1 -12) demonstrou sua acessibilidade por parte do povo. O ritual, sendo restaurado, transmitiu a Israel que ele foi verdadeiramente aceito, e por isso poderia esperar que se tomasse um povo purificado e restaurado.
Portanto, o Templo de Ezequiel era uma “ajuda visual” para a fé. Visto que os exilados que retomaram aderiram à forma do Templo anterior e não à do Templo de Ezequiel, parece que seu Templo deveria ser entendido simbolicamente. A verdadeira restauração de Israel ainda está por vir, quando Deus, pela segunda vez (Is 11.11), salvará Israel do cativeiro, quando será dado ao povo de Israel um novo coração (Ez 36.26) e a nação nascerá em um dia (Is 66.8-10). Isto se refere ao milênio e ao renascimento de Israel, pois todos os gentios devem esperar para que eles também possam ser renovados e participar das bênçãos da casa de Deus (Is 56.7). MERRILL C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia. Editora Cultura Cristã. Vol. 1. pag. 791-792.
3. Um ritual diferente. Sem a Arca da Aliança: ”naqueles dias, diz o SENHOR, nunca mais se dirá: A arca do concerto do Senhor Nem lhes virá ao coração, nem dela se lembrarão, nem a visitarão; isso não se fará mais” (Jr 3.16). Ela não aparece no templo de Ezequiel e nem mesmo no templo de Zorobabel. Ela aparece pela última vez na Bíblia no reinado de Josias (2 Cr 35.3).
Depois disso, a Arca desapareceu completamente da história da Arca da Aliança era o símbolo da presença de Deus (Êx 25.22; Lv 16.2) e foi confeccionada pelos israelitas por ordem de Deus durante a peregrinação deserto (Êx 25.10-16; 37.1-9).
COMENTÁRIO
Quando a nova aliança entrar em vigor, o povo de Deus será abençoado e prosperará. A presença de Deus em Sião fará desnecessária a arca e outros objetos de culto com sua majestade, porque estes são somente símbolos da realidade de Deus. Na Jerusalém celestial de Ap 22: 5 o sol também estará fora de moda. Até esta época ainda precisamos de alguns lembretes materiais da atuação de Deus, para auxiliar a fé. K. Harrison. Jeremias e Lamentações. Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 53.
Quando vos multiplicardes e vos tornardes fecundos na terra. Sem dúvida, a arca da aliança estava entre as coisas que os babilônios levaram para a terra deles, na época do cativeiro de Judá. Mas não temos nenhum registro específico sobre isso e nenhuma indicação do que aconteceu a essas coisas na Babilônia. O povo de Israel sentia falta da arca unicamente por ser o lugar onde se manifestava a presença do Senhor Deus (uma espécie de trono de Deus na terra), o lugar de contato de Yahweh com Seu povo em aliança com Ele. O povo de Israel anelava por ver a arca da aliança de alguma maneira “recuperada”.
Mas esse anelo se reduziria a nada quando uma restauração todo-poderosa substituísse a antiga restauração por uma restauração nova e muito mais satisfatória. Outra arca não seria manufaturada; pelo contrário, a própria Jerusalém se tornaria o trono de Deus, o lugar onde se manifestaria Sua presença e Seu poder, e isso mais do que compensaria a perda (vs. 17). Cf. Eze. 43.7. Ver também Jer. 14.21; 17.12; Isa. 2.2-4 e Miq. 4.1-4.
Quanto a outros particulares, o novo também seria superior ao antigo: todas as nações se concentrariam em torno de Jerusalém e seu culto, e não apenas uma minúscula nação e sua arca da aliança. Torna-se evidente aqui a promessa do Reino. As nações chegar-se-ão dotadas de elevada espiritualidade, abandonando seus antigos caminhos de idolatria e rebelião. Cf. Zac. 14.16-19. Em tais circunstâncias de redenção universal, ninguém mais lembrará os “dias áureos antigos”, quando a arca estava no templo, antes do cativeiro babilónico. Cf. Isa. 2.2-3; 60.3-5. A arca era um dos principais sinais do antigo pacto. Substituí-la por algo melhor fala do Novo Pacto, que lhe é superior (ver Jer. 31.32). Cf. Heb. 8.13. CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2993.
4. Como explicar os sacrifícios no Milênio? O ponto mais crucial da visão de Ezequiel é a descrição dos sacrifícios (Ez 43.18-27) no sistema levítico, visto que o Senhor Jesus já cumpriu toda a lei, ‘tornando sem efeito a eficácia do modelo mosaico (Hb 9.10-15; 10.1-4,8). O apóstolo Paulo usa uma metafórica linguagem do sistema de sacrifícios do Antigo Testamento para oculto e o serviço cristãos (Rm 12.1,2; 1 Co 9.13,14; Fp 4.18).
Mas existem diversas explicações para os sacrifícios no Milênio em Ezequiel. Uma delas, e a principal, considera o sacrifício como literal, como memória do sacrifício de Cristo; assim como a ceia do Senhor será celebrada ”no Reino de meu Pai” (Mt 26.29); ou: ”no Reino de Deus” (Mc 14.25).
COMENTÁRIO
O príncipe… proverá um novilho para oferta pelo pecado. O príncipe assume a liderança nas atividades. Presumivelmente, onde o sumo sacerdote trabalhasse, ele participaria, embora não diretamente nos atos sacrificiais. Curiosamente, Ezequiel não menciona o sumo sacerdote. O primeiro sacrifício foi feito para o príncipe e para o povo, para expiar seus pecados. O novilho era o animal oferecido a Yahweh para aplacar Sua ira. Os sacrifícios não seguem a velha legislação, que era mais simples [..].
O príncipe, fazendo uma oferta para si mesmo, não é, naquele momento, o Messias. O príncipe, o líder do rito, não fazia parte do velho rito; assim, temos um tipo de Nova Páscoa, retendo velhos elementos e acrescentando novos. “Nada se fala sobre o próprio cordeiro pascal, mas talvez o autor achasse que entenderíamos aquilo como parte da cena; segundo a lei mosaica (Núm. 28.17,22), o bode era oferecido todos os dias da festa. Aqui o novilho é oferecido no primeiro dia e um bode nos outros seis” (vs. 23)” (Ellicott, in loc.). CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3355.
SINOPSE II
No novo Templo não haverá a Arca da Aliança, seus sacrifícios serão um memorial, pois é uma nova dispensação.
AUXÍLIO TEOLÓGICO
A DESCRIÇÃO DO TEMPLO
As medidas precisas do Templo com o projeto de seus pátios, colunas, galerias, cômodos, câmaras, portas, ornamentos e vasos, além das instruções pormenorizadas quanto ao serviço sacerdotal – demonstram que o texto trata de um Templo real. O trecho de Ezequiel 43.10,11 foi escrito para aqueles judeus que viveram ao tempo da restauração final (ao tempo do cumprimento da profecia), para que eles construam o Templo conforme as instruções ali contidas. O mesmo tipo de informação sobre as dimensões arquitetônicas do Templo também é dado a respeito do altar (43.13-27). Tais dimensões devem ser observadas no dia em que o farão o altar. A coerência e a lógica literária exigem que, se o altar do Templo deve ser construído, o mesmo vale para o próprio templo (Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995, p.1223).
III. SANTIDADE E GLÓRIA
1. A glória de Deus volta ao Templo (v.5). O Espírito Santo levou Ezequiel para o átrio interior do Templo, como havia feito anteriormente (Ez 8.1-3). Vimos isso na lição 4. Mas, nessa ocasião, a situação do Templo e dos seus adoradores era de completa apostasia com práticas abomináveis. Dessa vez, o profeta viu ”que a glória do Senhor encheu o templo” (v.5). Como aconteceu com Moisés na dedicação do Tabernáculo a Deus (Êx 40.34,35); e com o rei Salomão na inauguração do Templo, consagrando-o a Deus (2Cr 7.1,2). O retorno da glória de Javé significa a volta da presença de Deus no meio do seu povo.
COMENTÁRIO
O Pastor Esequias Soares, comentarista desta revista, em seu livro de apoio à lição, escreve o seguinte: “A glória do Senhor entrou no templo (…) enchia o templo. Depois de ter visto o templo com os detalhes de sua dimensão, faltava o mais importante do lugar sagrada: a presença de Javé. A descrição do retorno da glória faz paralelo com as passagens de Êxodo 40.34, na situação da tenda no deserto, e de 1Reis 8.11, na edificação do templo de Salomão. Ezequiel 39.21 registra que essa glória será manifestada entre as nações, e essas saberão do exílio, da infidelidade da Casa de Israel, e o nome santo de Javé será revelado. Nessa nova realidade, a glória de Deus extrapola o templo e resplandece em toda a terra (v. 2). O profeta Isaías descreve a adoração dos serafins: “Santo, santo, santo é o Senhor dos Exércitos;/toda a terra está cheia da sua glória” (Is 6.6)” Soares. Esequias,. Soares. Daniele. A Justiça Divina: A Preparação do povo de Deus Para os Últimos Dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pag. 130.
CHAMPLIN ensina assim: “Eis que a glória do Senhor enchia o templo. A glória de Yahweh era tão grande que encheu o templo inteiro, não meramente o Santo dos Santos. Cf. Isa. 6.1-3; I Reis 8.11; II Crô. 5.14. A mesma glória encheu o tabernáculo (Êxo. 40.34-38; Lev. 9.23). No fim, a própria Terra será o templo que Yahweh encherá com Sua glória. Cf. Isa. 11.9 e Ageu 2.7,9.0 profeta foi sujeito a uma experiência mística, visionária, de grandes proporções. Ver na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia o artigo denominado Misticismo. A experiência do presente versículo é atribuída à presença e atuação do Espírito. O Espírito é o principal fator do misticismo bíblico. Ver no Dicionário o detalhado artigo denominado Espírito Santo” CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3339.
2. A identidade do guia celestial (vv.6,7). Na sua visão, Ezequiel viu no interior do Templo um personagem, diz o profeta: “um homem se pôs junto a mim” (v.6). Pelas características, tudo indica se tratar do “Anjo do Senhor” que é o próprio Javé, pois Ele fala em primeira pessoa: “este é o lugar do meu trono e o lugar das plantas dos meus pés, onde habitarei no meio dos filhos de Israel para sempre; e os da casa de Israel não contaminaram mais o meu nome santo” (v.7); corno na revelação a Moisés no Sinai, a manifestação do “anjo do SENHOR”.
COMENTÁRIO
Ouvi uma voz que me foi dirigida do interior do templo. A voz de Yahweh veio para revelar mais verdades ao profeta. Ezequiel ouviu aquela voz saindo da casa (templo). Entrementes, o homem (Anjo?, Guia, Arquiteto) continuava como guia do profeta. Deus é a fonte da verdade, da vida e da razão para continuar vivendo. Mas Seus servos, anjos e homens, são Seus ajudantes. Ver o ministério dos anjos, em Heb. 1.14. Os guias angelicais são também professores e intérpretes.
A vida humana é enriquecida pelo ministério do Espírito, através de Seus instrumentos.
Este é o lugar do meu trono. Às vezes, a própria Jerusalém é designada trono de Yahweh. Cf. Jer. 3.17; 14.21. Mas o templo, o centro do culto, continuará sendo o trono. Naquele lugar, metaforicamente, Yahweh coloca Seus pés. A nova habitação será para sempre, anulando as provisões temporárias e imperfeitas. O Novo Dia não será mais seguido por uma noite, porque o Sol dos céus brilhará permanentemente.
O templo nunca mais sofrerá poluição de tipo algum, especialmente de ritos pagãos licenciosos (Eze. 20.39; 39.7). O céu é o hábitat natural de Deus, mas Ele condescende ao estado humilde do homem, fazendo da terra estrado de Seus pés (Isa. 66.1; Mat. 5.35). A presença dos pés metafóricos de Deus é o máximo que o homem, no seu estado humilde, pode aguentar.
Não contaminarão mais o meu nome santo, nem eles nem os seus reis. Os reis, que deviam ter sido os mais fiéis à lei e ao culto de Yahweh, foram os principais ofensores, praticando sua idolatria-adultério-apostasia. Levantaram monumentos idólatras para aumentar suas iniquidades, que já eram monstruosas. Até poluíram o templo, estabelecendo cultos pagãos naquele lugar.
Cadáveres. Em lugar desta palavra, alguns têm monumentos de idolatria, que é um entendimento possível da palavra hebraica. Interpretações Possíveis. A palavra é contra a idolatria e os monumentos construídos como parte desta prática.
Os reis, por sua vida e morte, desonraram Yahweh. Alguns acham que os corpos deles foram enterrados na área (cortes) do templo, mas não há nenhuma evidência histórica que apóie esta idéia. Ou está em vista a prática de sacrifício humano feito sob as ordens dos reis, como parte de cultos pagãos. Os reis desonraram Deus por aqueles assassinatos brutais. A frase “os cadáveres dos seus reis, nos seus monumentos” é obscura. Alguns entendem sacrifício humano nos lugares altos, em vez de monumentos. O hebraico para estes lugares é bamotham, mas cerca de vinte manuscritos hebraicos têm bemotham, que significa “quando morreram”.
Yahweh era desonrado pelas mortes dos reis, ou pelas mortes que eles praticaram.
Manassés e outros reis introduziram seus ídolos nas próprias cortes do templo (II Reis 21.4-7; ver também Eze. 16.11). Assim, suas vidas e suas mortes foram desgraças para Israel. CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3339.
3. Santidade para sempre (vv.8,9). Assim como a idolatria foi erradicada definitivamente do meio do povo de Israel durante o exílio na Babilônia, do mesmo modo todas as abominações e prostituição desaparecerão do meio do povo. Será o lugar do trono de Deus e da planta dos seus pés (v.7). A santidade de Javé, e um dos seus atributos mais solenizados nas Escrituras (1Sm 2.2), e no milênio nunca mais entrará coisa impura na cidade santa (Is 52.1). Isso porque “esta é a lei da casa. Sobre o cume do monte, todo o seu contorno em redor será, santíssimo; eis que esta é a lei da casa” (Ez 43.12).
COMENTÁRIO
Ainda do livro de apoio à lição, do Pastor Esequias Soares: “A terceira abominação se refere ao limiar e aos batentes construídos entre o palácio e o templo, e está relacionada ao problema dos cadáveres dos reis. O palácio foi construído nas redondezas do templo (1Rs 7.8; 2Rs 11.19). Essa proximidade não era aprovada.111 As abominações provocadas pela Casa de Israel fizeram que Javé os consumisse na sua ira, relembrando o juízo divino que tinha vindo sobre o povo.
Porém, a situação havia mudado, e surge a oportunidade de recomeço: Habitarei no meio deles para sempre, uma repetição do que foi dito no versículo 7. Essa era a vontade de Javé desde o período da peregrinação no deserto: “E farão para mim um santuário, para que eu possa habitar no meio deles” (Êx 25.8)” Soares. Esequias,. Soares. Daniele. A Justiça Divina: A Preparação do povo de Deus Para os Últimos Dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pag. 132.
CHAMPLIN também fala: “Contaminaram o meu santo nome com as suas abominações. Aquele homens reprovados poluíram o santo nome, colocando seu limiar e sua ombreira junto aos Dele. Esta referência obscura talvez possa significar que túmulos (que pareciam grandes casas) foram construídos perto do templo, tomando-o imundo.
Talvez a referência seja aos monumentos (construções idólatras) que os reis misturaram com os edifícios sagrados, e que corresponderia à palavra “abominações” aqui. Normalmente, os túmulos eram construídos fora da cidade para evitar impureza cerimonial (I Sam. 25.1; I Reis 2.34). Os profanos faziam peregrinações aos túmuios dos reis, em vez de visitar o templo de Jerusalém, não separando o profano do sagrado e até preferindo o profano. Apenas uma parede (não muro) separava o templo de Yahweh das construções imundas dos idólatras, e essa era uma separação inadequada. A ira de Deus acabaria com aqueles ímpios, o que aconteceu no ataque e cativeiros babilónicos.
Lancem eles para longe de mim a sua prostituição… A limpeza das poluições devia incluir dois princípios essenciais: 1. A idolatria seria eliminada. 2. Os monumentos de ídolos (ou mausoléus dos reis) seriam afastados da área sagrada. Se o povo fizesse estas coisas (que representavam uma purificação geral), então Yahweh habitaria entre o Seu povo.
“Davi foi sepultado na cidade de Davi, perto do monte Sião, próximo ao lugar onde o templo foi construído; a mesma situação se aplicou aos túmulos dos outros reis. Deus exigiu que a vizinhança do templo fosse libertada daquele ultraje” (Adam Clarke, in loc.).
… e os cadáveres de dos seus reis. Como no vs. 7, “cadáveres” podem ser
“monumentos”, ou casas de ídolos” CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3342.
SINOPSE III
A glória e a santidade estarão para sempre no novo Templo.
AUXÍLIO TEOLÓGICO
A VOLTA·DA GLÓRIA DE DEUS
“Nos capítulos 8-11, Ezequiel descreve à partida da “glória” de Deus, essa expressão visível de Sua presença no templo construído por Salomão. A saída, naquela época, simbolizava que Deus abandonara temporariamente sua proteção à cidade e ao povo judeu. Agora, entretanto, Ezequiel observa a volta da mesma “glória” a Jerusalém, e sua acomodação no Templo reconstruído. Finalmente, Deus restaura inteiramente seu relacionamento com o povo judeu e as suas promessas da aliança dadas a Abraão são cumpridas em sua integridade” (RICHARDS, Lawrence O. Guia do leitor da Bíblia. Rio de Janeiro: CPAD, p.508).
CONCLUSÃO
O chamado de Ezequiel para o ministério dos profetas aconteceu pela visão da glória de Deus. É assim que o livro começa, cuja visão ocupa todo o capítulo primeiro. Outra vez ele foi levado em visão para Jerusalém, quando testemunhou as abominações no interior do Templo, razão pela qual a Casa de Deus foi destruída. O retorno da glória de Deus acontece depois da restauração espiritual de Israel no novo Templo, que Deus mostrou a Ezequiel em visão.
COMENTÁRIO
A glória havia estado no tabernáculo (Êx 40.34-3.5) e no templo (1Rs 8.10-11), embora não tenha estado no templo de Zorobabel. No texto em estudo, Ez 43.1-9, o Senhor volta para ser novamente o rei sobre Israel. A glória havia partido de Israel para o oriente (11.23), quando Deus os castigou; assim, a glória retornará do oriente quando eles forem novamente reunidos e restaurarem o seu culto e adoração, a glória do Deus de Israel. Nos capítulos anteriores a essa profecia, a ênfase recaiu sobre a glória de Deus que havia saído do templo (veja os caps. 8-11). Assim, Deus havia abandonado o seu povo para que fosse destruído e espalhado pelo mundo. No templo do milênio, a glória do Senhor retorna para nele habitar. A sua glória será manifestada em plenitude no futuro reino, depois da segunda vinda de Cristo, que também será gloriosa (Mt 16.27; 2.1.31). O texto descreve a gloriosa entrada de Deus no santuário. Essa visão do aparecimento de Deus a Ezequiel foi gloriosa, exatamente com a visão nos caps. 8 — 11, que retratam a sua Vinda, na companhia de anjos, para julgar Jerusalém (Ez 9.3-11; 10.4-7).
A aparência de Deus também é gloriosa como na visão de 1.3-28. E me prostrei, rosto em terra. Exatamente como nas outras visões da glória de Deus (1.28; 9.8). Confira também Ap 1.12-17.
No futuro reino, a glória do Senhor encherá o seu templo (Zc 2.5), como ela havia enchido o tabernáculo (Êx 40.34) e, mais tarde, o templo de Salomão (1 Rs 8.11; Sl 29.9). O Rei da glória (Sl 24.7-10) declara o templo do milênio como o lugar da sua habitação (1Cr 29.23; Zc 6.13). Haverá seres humanos não ressuscitados no reino, que nele entrarão quando Cristo voltar e destruir todos os ímpios. Eles adorarão ao Senhor nesse templo real. O futuro templo será muito mais santo e será protegido de:
1) prostituição como aquelas com as quais os judeus haviam se envolvido (2Rs 23.7); e
2) túmulos contaminadores de reis que Israel havia permitido que ficassem na área sagrada do templo.
A aparência da glória divina é um fenômeno impressionante no Antigo Testamento. Ela pode ser definida como a manifestação visível da santidade de Deus. O três vezes santo Senhor das hostes angelicais enche toda a terra com sua glória (Is 6.3). Às vezes, essa manifestação da sua santidade se revela por meio do seu poder manifestado na natureza e na história, como em Isaías 2.10. Em outros momentos, ela é quase uma aparência física da Presença Divina. Como tal, é percebida na visão profética em Ezequiel 1:26-28; 8:1-2; 9:1-3; 10.4 e 11.23; 44.4. Nessa ocasião, Ezequiel diz que a aparência era semelhante à visão que eu tinha visto (3) em duas ocasiões anteriores (Ez 8:1-2; 9. 1-3 e 1:26-27). A presença visível de Deus também era observada, de tempo em tempo, por pessoas que não eram profetas (e.g., Êx. 16.10; 24:16-18; 29.43; 40.34).
Em Ez 43:1-12, essa glória de Deus, essa manifestação exterior da santidade de Deus, vem morar no templo visto por Ezequiel. Aqui essa glória pode ser "vista" (v. 2, NVI). O profeta vê que a glória vinha do caminho do oriente. Essa manifestação da presença de Deus entrou no templo pelo caminho da porta (4) "que dava para o lado leste" (NVI).
A glória de Deus, tão perceptível, não será misturada com nenhum tipo de profanação, porque a glória está intimamente ligada à santidade de Deus. Prostituição e idolatria são pecados morais. As prostituições (7) contaminariam o seu nome santo. O mesmo ocorreria com os cadáveres dos seus reis, nos seus altos. Essa expressão pode significar os ídolos dos reis, visto que os reis, pelo que se sabe, não eram sepultados dentro do Templo.'
Existe uma indiferença tão grande no que se refere a Deus como o Santo que a sua glória não se misturará com pessoas comuns em suas vidas comuns, mesmo separadas do seu pecado. Deus diz que Israel contaminou o santo nome dele ao construir casas próximas demais do Templo. A acusação é: pondo o seu umbral ao pé do meu umbral e a sua ombreira junto à minha ombreira, e havendo uma parede entre mim e entre eles; e contaminaram o meu santo nome (8). Isso se torna mais claro quando acrescentamos a palavra "apenas", de acordo com a NVI: "[há] apenas uma parede fazendo separação entre mim e eles". Mesmo na nossa dispensação, deveríamos manter uma verdadeira reverência para com Deus, que é elevado e santo; também não deveríamos secularizar ou profanar "lugares santos", usando-os para atividades seculares.
Pr Francisco Barbosa, Pastor da Igreja de Cristo no Brasil em Campina Grande-PB
REVISANDO O CONTEÚDO
⁕ Qual a intenção do Espírito Santo em relação ao retorno da glória de Deus?
® É fazer o destinatário original desses oráculos lembrar que, quando a glória de Deus se afastou da Casa e Deus, foi em direção do oriente (10.19; 11.23) e que o seu retorno será pelo mesmo caminho.
⁕ Quais peças e utensílios ausentes do templo de Ezequiel que podemos enumerar?
® Não aparecem nele peças e utensílios próprios do tabernáculo e do templo de Salomão. Podemos enumerar alguns como a arca da aliança (2 Co 5.6-8) o altar de ouro do incenso, o candelabro ou castiçal, a mesa dos pães da proposição (2 Cr 4.19-20).
⁕ O que profetizou Jeremias sobre a Arca da Aliança (Jr 3.16)?
® Ela não será visitada, nem ela virá ao coração e ninguém se lembrará dela.
⁕ O que significa o retorno da glória de Deus?
® O retorno da glória de Javé significa a volta da presença de Deus no meio do seu povo.
⁕ Qual é a lei do novo Templo?
® “Esta é a lei da casa. Sobre o cume do monte, todo o seu contorno em redor será santíssimo; eis que esta é a lei da casa”(Ez 43.12).
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