LIÇÃO 04 - ÍDOLOS NA FAMÍLIA –
2º TRIMESTRE 2023
(Gn 31.17-19; 33-35; Jz 17.1,3-5)
INTRODUÇÃO
Na lição desta semana, estaremos estudando o quanto prejudicial pode ser a família que permite que a idolatria se forme em seu seio. A partir dos exemplos de Labão e Raquel, e Mica, aprenderemos que mesmos personagens que conhecem a Deus, podem em algum momento, ceder à tentação da idolatria. Definiremos idolatria, no Antigo e Novo testamento, comentaremos sobre os ídolos familiares, além de mostrarmos os prejuízos que uma família pode colher por sucumbir ao pecado da idolatria. E concluiremos apresentando os ídolos familiares e como proteger a família da idolatria.
I – DEFINIÇÃO DE IDOLATRIA
O dicionário de Houaiss define idolatria como: “culto que se presta a ídolos” do grego “eidololatreia” (2011, p. 1567). Teologicamente “a idolatria pode ser considerada também o amor excessivo por alguma pessoa, ou objeto. Amor este que suplanta o amor que se deve devotar, voluntária, incondicional e amorosamente, ao único e verdadeiro Deus” (ANDRADE, 2006, p. 220). “Essa palavra vem do grego: “eidolon” que significa: “ídolo”, e “latreuein” que quer dizer “adorar”. Esse termo refere-se à adoração ou veneração a ídolos ou imagens, quando usado em seu sentido primário. Porém, em um sentido mais lato, pode indicar a veneração ou adoração a qualquer objeto, pessoa, instituição, ambição, etc., que tome o lugar de Deus, ou que lhe diminua a honra que lhe devemos” (CHAMPLIN, 2004, p. 206). Notemos esta prática citada nas Escrituras:
1.1 No Antigo Testamento. Quando os israelitas saíram do Egito, com destino a Canaã, Deus lhes deu a Lei (Êx 20; Dt 5), que lhes advertia para que não aprendessem as práticas idólatras dos povos de Canaã (Êx 20.2-4,23; 23.13,24,32; Lv 19.4; 26.1; Dt 7.5,25; 12.3). Após a conquista da Terra prometida, os hebreus não expulsaram completamente os pagãos como Deus havia ordenado (Jz 2.1- 3). Isto se tornou um laço para eles, pois aderiram facilmente ao culto idólatra (Jz 2.11; 3.7,12; 4.1; 6.1; 10.6; 13.1). Nos períodos de apostasia, os profetas foram levantados por Deus para advertirem aos israelitas que se abstivessem do paganismo (1Rs 14.9; Is 2.8,9; 57.5; Jr 1.16). Porém, o povo de Deus não os ouviu, e, por isso, experimentaram, o amargo cativeiro (2Rs 17.1-23; 2Cr 36.11-21).
1.2 No Novo Testamento. Se a idolatria era combatida com rigor no AT, não foi diferente no NT. O Senhor Jesus condenou o amor à riqueza, que é uma forma de idolatria (Mt 6.24). A recomendação apostólica feita no Concílio de Jerusalém condenou severamente a adoração a ídolos (At 15.28,29). Os apóstolos combateram veementemente o envolvimento dos cristãos com essa prática pagã. Paulo, por exemplo, exortou aos cristãos de Corinto a fugirem da idolatria (1Co 10.14); e condenou a avareza, que também é uma forma de idolatria (Cl 3.5). Pedro e João também condenaram as práticas idólatras (1Pd 4.3; 1Jo 5.21).
II – ÍDOLOS FAMILIARES OU ÍDOLOS DO LAR
2.1 Os ídolos familiares. Eram imagens de escultura, feitas em honra a diversas divindades, deuses da lareira, tal como hoje as pessoas põem ídolos em nichos, em suas casas. O comportamento de Labão revela uma ambiguidade espiritual, pois ao mesmo tempo em que tinha consciência da adoração a Deus: “Labão e Betuel responderam: Isso procede do Senhor. Nada temos a dizer, nem a favor e nem contra” (Gn 24.50 - NAA), flertava com a idolatria, tendo seus ídolos familiares furtados por sua filha Raquel (Gn 31.19), além de admitir a prática da adivinhação (Gn 30.27 - NAA). Parece mais provável que Raquel cresse na eficácia de orações e ritos realizados diante dessas imagens, e benefícios que esses terafins poderiam conferir. Tais ídolos eram postos nos lares a fim de protegê-los e trazer-lhes prosperidade.
2.2 Os ídolos familiares e as heranças. Os tabletes de Nuzi (tratados de leis familiares) do Séc. XV a.C. associam esses ídolos do lar aos direitos de herança, mas não é provável que Raquel pensasse que eles pudessem garantir herança para Jacó (CHAMPLIN, 2001, p. 206). Portanto, embora os ídolos do lar sejam mencionados por muitos estudiosos como um documento utilizado nas relações imobiliárias, tendo força de “escritura”, porém, não parece ser esse o objetivo e motivo da subtração dos ídolos por parte de Raquel, sua filha, mostrando que a idolatria ainda fazia parte de sua vida.
III – CENÁRIO POLÍTICO-SOCIAL DE ISRAEL NA ÉPOCA DE MICA
3.1 Período dos juízes. Este período vai da morte de Josué até o fim do governo de Samuel. A forma de governo era teocrática, isto é, Deus era o governante direto da nação. Nesse período houve um ciclo vicioso com a nação de Israel: Israel fazia o que era mau aos olhos do Senhor (Jz 2.11; 3.7); o Senhor lhes entregava nas mãos dos inimigos; o povo, então, se arrependia dos seus pecados e clamava a Deus; e Deus levantava um juiz que julgava o povo, e subjugava seus inimigos (Jz 2.16). Enquanto aquele juiz julgava, o povo temia ao Senhor. Porém, após a morte do juiz, o povo tornava a fazer o que parecia mal aos olhos do Senhor, tornando assim um período de altos e baixos para a nação. Samuel foi o maior líder espiritual desse período e, além de juiz, foi também Sacerdote e Profeta (1Sm 3.20; 7.15; 12.1-5; At 3.24).
3.2 Período sem uma liderança central. Com a morte de Josué, e os anciãos que viveram em sua época (Jz 2.6), levantou-se em Israel uma geração que não conhecia a Deus (Jz 2.10), sem uma liderança centralizada (Jz 17.6; 18.1; 19.1; 21.25), pois “[…] cada um fazia o que bem lhes parecia aos seus olhos” (Jz 17.6).
3.3 Período de idolatria. Fica claro, que esse período foi caracterizado por um crescimento devastador da idolatria em Israel (Jz 1-2; 17-21). Sem uma liderança centralizada, sem uma geração que não foi ensinada nos princípios da Palavra, o resultado não poderia ser diferente: degradação espiritual e moral de Israel.
IV – A FAMÍLIA IDÓLATRA DE MICA
4.1 A família de Mica. É apresentada nas Escrituras como espiritual e moralmente confusa. Temos uma mãe que amaldiçoa porque lhe roubaram dinheiro (Jz 17.2), mas retira a maldição e abençoa o filho por ter lhe devolvido. Com o dinheiro recuperado, destina parte para o Senhor (Jz 17.3), e a outra, destina para a fabricação de uma imagem de escultura e uma de fundição (Jz 17.4). Esta imagem fica na casa de Mica, que a transforma num santuário. Faz uma estola sacerdotal, alguns ídolos do lar, e consagra um de seus filhos para ser sacerdote (Jz 17.5).
4.2 Problemas familiares causados pelo afastamento de Deus. Com a família distante de Deus, é perceptível o desastre espiritual demonstrado em Juízes 17, que envolveu: a desonra aos pais (v. 2), a mentira (v. 2), a cobiça (v. 2); a desonra ao nome do Senhor (vv. 2,13); adorou a outros deuses (vv. 3-5); construiu imagem de esculturas (v. 3); furto (v. 2), ou seja, a família conseguiu quebrar quase todos os mandamentos, e isso sem sentir remoso, arrependimento ou temor ao Senhor (Ver as duas relações dos Dez mandamentos (Êx 20.1-17; Dt 5.7-21).
V – ÍDOLOS FAMILIARES MODERNOS
5.1 Avareza. A Bíblia ensina claramente que a avareza, ou seja, o amor ao dinheiro é idolatria (Cl 3.5). O Senhor Jesus ensinou que ninguém pode servir a Deus e a Mamom, que é o deus da riqueza (Mt 6.24). E, o apóstolo Paulo diz que o amor do dinheiro é a raiz de toda espécie de males, e que os que querem ser ricos caem em muitas tentações e concupiscências (1Tm 6.9,10). Por isso, o cristão pode até ser rico, e possuir muitos bens, mas, jamais deve amar o dinheiro e a riqueza!
5.2 Autolatria. A palavra autolatria é formada por dois vocábulos gregos: “autos”, que significa “a si mesmo” e “latria”, que quer dizer “adoração”. Logo, autolatria significa: “adoração a si próprio”. Esse tipo de idolatria também é conhecido como egolatria. Encontramos alguns exemplos na Bíblia, tais como: Lúcifer (Ez 28.11-19; Is 14.12-14) e o rei Nabucodonosor (Dn 4.29,30; 5.5.18-21). Ao se manifestar no seio familiar, os pais ou filhos afetados por esse ídolo, promoverão a desintegração familiar, haja vista que o(s) mesmo(s) só pensarão em si, e nunca, na unidade da família.
5.3 Mídias sociais. As mídias sociais exercem um papel de grande relevância em nossa sociedade. A falta de cuidado com o uso, resultará na indisciplina com os horários para descansar, estudar, se relacionar com os amigos, com os familiares, ir à Igreja e etc. Essa falta de cuidado conduz a falta de objetivo na vida. Por isso que a vida afetiva na área familiar, espiritual e profissional têm sido severamente afetadas, causando nos mais jovens a “adultização” precoce e frustrações no processo de maturidade (Ec 3.1; 12.1; Gl 5.22), bem como a e “sexualização” precoce nas crianças.
Infelizmente, há pessoas que passam mais tempo nas mídias sociais, que curtindo sua família. Há famílias que não mais se comunicam fisicamente, senão, através da mídia, mesmo vivendo na mesma casa.
5.4 Prosperidade. Nunca este ídolo foi tão ovacionado. Há famílias que buscam prosperidade a qualquer custo: seja jogando na Mega- sena, loteria esportiva, ou qualquer outro meio que prometa “ganhos fáceis” e “rápidos”. Todo ganho fácil que não seja resultante do trabalho, é visto nas Escrituras como desonesto, e que acabará facilmente (Pv 13.11). A mordomia cristã nos aconselha a administrarmos com sabedoria os nossos bens e cuidarmos de nossa família (1Tm 5.18). Nossa mente dever ser ocupada com tudo que é verdadeiro, respeitável, justo, puro, amável, que tenha virtude e louvor (Fl 4.8).
5.5 Infantolatria. O termo é utilizado para designar quando mães ou pais que acatam todas as vontades dos filhos, tornando-os o centro da atenção, não só de sua casa, mas de suas vidas. Tudo gira em torno do que o pequeno gosta e deseja, fazendo com que os pais abram mão, constantemente, de suas preferências para atender o pedido dos filhos. Os pais precisam lembrar que Deus estabeleceu papéis sociais para cada membro da família (Ef 5.22-25; 6.1-4), e designou aos pais, a responsabilidade da educação e formação do caráter de seus filhos (Dt 6.7-9; Pv 4.1-14; 22.6).
VI - PROTEGENDO A FAMÍLIA CONTRA A IDOLATRIA
6.1 Defendendo a família contra a idolatria. Vejamos como podemos proteger nossa família contra a idolatria:
· Santificando o lar (Lv 20.26; 2 Co 7.1; 1Ts 4.7);
· Praticando o culto doméstico (Dt 6.7-9);
· Mantendo uma vida de oração e jejum (Rm 12.12; Cl 4.2; 1Ts 5.17);
· Ensinando a Palavra de Deus no lar (Pv 22.6; At 5.42);
· Frequentando os cultos no templo assiduamente (2Cr 7.15,16; Sl 122.1);
· Vigiando em todo tempo (At 20.31; 1Co 16.13; Cl 4.2; 1Ts 5.6.10; 1Pd 5.8).
CONCLUSÃO
Aprendemos com esta lição, a importância de cuidarmos de nossa família, buscando protegê-la dos ídolos da modernidade.
Adorar ao Senhor de todo o coração, sempre será o objetivo e a canção que estará nos lábios da família cristã.
Caber a nós, pais a responsabilidade da educação de nossos filhos, apresentando-os ao Senhor, ensinando-os em seus caminhos, levando-os em sua presença em oração, e, acima de tudo, sermos o exemplo vivo de um adorador(a) que conhece a Deus profundamente, pois só assim, conseguiremos tocar a alma de nossos filhos.
REFERÊNCIAS
· ANDRADE, Claudionor Correa de. Dicionário Teológico. CPAD.
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· CHAMPLIN, R. N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia.
· HAGNOS.
·
· RENOVATO, Elinaldo. A Família Cristã e os ataques do inimigo. CPAD
·
· KIDNER, Derek. Gênesis: introdução e comentário. CULTURA BÍBLICA.
· WIERSBE, W. W. Comentário Bíblico Expositivo NT. GEOGRÁFICA.
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