17 de março de 2025

A Igreja tem uma natureza organizacional

 

A Igreja tem uma natureza organizacional

TEXTO ÁUREO

“Por esta causa te deixei em Creta, para que pusesses em boa ordem as coisas que ainda restam e, de cidade em cidade, estabelecesses presbíteros, como já te mandei.” (Tt 1.5).

Entenda o Texto Áureo

Pôr em ordem… trabalho iniciado por mim, o que eu não consegui completar em razão da falta de minha estadia em Creta. O cristianismo, sem dúvida, existia há muito tempo em Creta: havia alguns cretenses entre aqueles que ouviram Pedro pregando sobre o Pentecostes (Atos 2:11).

O número de judeus em Creta era grande (Tito 1:10), e é provável que aqueles dispersos na perseguição a Estêvão (Atos 11:19) pregassem para eles, como fizeram com os judeus de Chipre, etc.

Paulo também estava lá em sua viagem a Roma (Atos 27:7-12).

Por todos esses instrumentos, o Evangelho certamente chegaria a Creta. Mas até a visita posterior de Paulo, depois de sua primeira prisão em Roma, os cristãos cretenses estavam sem organização da Igreja. Este Paulo começou e comissionou (antes de deixar Creta) para Tito continuar, e agora lembra-o dessa comissão.

Conforme eu te mandei…isto é, como eu te dirigi; prescrevendo também o ato de constituir os presbíteros, como também a maneira de fazê-lo, que inclui as qualificações exigidas em um presbítero atualmente declarado. Aqueles chamados “presbíteros” aqui são chamados de “bispos” em Tito 1:7.

Do estado infundado dos cristãos cretenses aqui descritos, vemos o perigo da falta de governo da Igreja. A nomeação de presbíteros foi estabelecida para que haja a pregação fiel da palavra.

VERDADE PRÁTICA

A Igreja é um organismo vivo de natureza espiritual e, ao mesmo tempo, uma organização.

Entenda a Verdade Prática

A igreja é, ao mesmo tempo, organização e organismo. É estrutura material ao mesmo tempo em que é organismo vivo.

Trata de questões materiais, mas também de questões “espirituais”.

A igreja tem, portanto, duas dimensões. A dimensão organismo diz respeito à sua razão de ser, enquanto a organizacional diz respeito à estrutura que permita que ela seja o que deve ser.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE = Tito 1:1-9

Tito 1.1-9.

1. Paulo, servo de Deus e apóstolo de Jesus Cristo, segundo a fé dos eleitos de Deus e o conhecimento da verdade, que é segundo a piedade,

Servo de Deus… não encontrado em outro lugar na mesma conexão.

Em Romanos 1:1 é “servo de Jesus Cristo” (Gálatas 1:10; Filemom 1:1; compare com Atos 16:17; Apocalipse 1:1; Apocalipse 15:3).

Segundo a fé… este é o objetivo do meu apostolado (compare Tito 1:4, Tito 1:9; Romanos 1:5).

Dos escolhidos… por quem devemos suportar todas as coisas (2Timóteo 2:10).

Esta eleição tem seu fundamento, não em qualquer coisa pertencente àqueles assim distinguidos, mas no propósito e vontade de Deus desde a eternidade (2Timóteo 1:9; Romanos 8:30-33; compare com Lucas 18:7; Efésios 1:4; Colossenses 3:12).

Atos 13:48 = mostra que toda a fé da parte dos eleitos repousa na pré-ordenação divina: eles não se tornam eleitos por sua fé, mas recebem fé e assim tornam-se crentes, porque são eleitos.

Segundo a devoção divina… oposta ao conhecimento que não tem por objeto a verdade, mas erro, doutrinário e prático (Tito 1:11, Tito 1:16; 1Timóteo 6:3); ou mesmo que tenha por mero objetivo a verdade terrena, não o crescimento da vida divina.

Devoção, é um termo peculiar para as Epístolas Pastorais: um fato explicado pelo apóstolo tendo neles para combater a doutrina tendendo a “impiedade” (2Timóteo 2:16; compare Tito 2:11, Tito 1:12).

2. em esperança da vida eterna, a qual Deus, que não pode mentir, prometeu antes dos tempos dos séculos,

Em esperança da vida eterna… conectada com toda a sentença anterior.

Aquele em que repousa meu objetivo como um apóstolo para promover a fé dos eleitos e pleno conhecimento da verdade, é “a esperança da vida eterna(Tito 2:13; Tito 3:7; Atos 23:6; Atos 24:15; Atos 28:20).

Que não pode mentir… (Romanos 3:4; Romanos 11:29; Hebreus 6:18).

Prometeu antes dos princípios dos tempos… a promessa que brota do propósito eterno; como em 2Timóteo 1:9, o dom da graça foi o resultado do propósito eterno “antes do mundo começar”.

3. Mas, a seu tempo, manifestou a sua palavra pela pregação que me foi confiada segundo o mandamento de Deus, nosso Salvador,

E a seu devido tempo… grego, “em suas próprias estações”, as estações apropriadas para isso, e fixado por Deus para ele (Atos 1:7).

Manifestou…implicando que a “promessa”, Tito 1:2, tinha ficado oculta em Seu eterno propósito até então (compare Colossenses 1:26; 2Timóteo 1:9, 2Timóteo 1:10).

Sua palavra… equivalente a “vida eterna” (Tito 1:2; Jo 5:24; Jo 6:63; Jo 17:3, Jo 17:17).

Por meio da pregação… (ver em 2 Timóteo 4:17), “no anúncio (Evangelho) (a coisa pregada, o Evangelho) com o qual fui confiado.”

De Deus nosso Salvador… Deus é predicado de nosso Salvador (compare Juízes 1:25; Lucas 1:47).

Também o Salmo 24:5; Isaías 12:2; Isaías 45:15, Isaías 45:21, Septuaginta. Aplicado a Jesus, Tito 1:4; Tito 2:13; Tito 3:6; 2Timóteo 1:10.

4. Tito, meu verdadeiro filho… isto é, convertido pelo meu ministério (1Coríntios 4:17; Filemom 1:10). Segundo a fé comum: graça, misericórdia e paz, da parte de Deus Pai e da do Senhor Jesus Cristo, nosso Salvador.

Segundo a fé em comum… um filho genuíno em relação a (em virtude) da fé comum a todo o povo de Deus, compreendendo em uma fraternidade comum gentios bem como judeus, portanto abraçando Tito, um gentio (2Pedro 1:1; Juízes 1:3).

5. Por esta causa te deixei em Creta, para que pusesses em boa ordem as coisas que ainda restam e, de cidade em cidade, estabelecesses presbíteros, como já te mandei:

Pôr em ordem… o trabalho iniciado por mim, o que eu não consegui completar em razão da falta de minha estadia em Creta. O cristianismo, sem dúvida, existia há muito tempo em Creta: havia alguns cretenses entre aqueles que ouviram Pedro pregando sobre o Pentecostes (Atos 2:11).

O número de judeus em Creta era grande (Tito 1:10), e é provável que aqueles dispersos na perseguição a Estêvão (Atos 11:19) pregassem para eles, como fizeram com os judeus de Chipre, etc.

Paulo também estava lá em sua viagem a Roma (Atos 27:7-12).

Por todos esses instrumentos, o Evangelho certamente chegaria a Creta.

Mas até a visita posterior de Paulo, depois de sua primeira prisão em Roma, os cristãos cretenses estavam sem organização da Igreja. Este Paulo começou e comissionou (antes de deixar Creta) para Tito continuar, e agora lembra-o dessa comissão.

Conforme eu te mandei… isto é, como eu te dirigi; prescrevendo também o ato de constituir os presbíteros, como também a maneira de fazê-lo, que inclui as qualificações exigidas em um presbítero atualmente declarado. Aqueles chamados “presbíteros” aqui são chamados de “bispos” em Tito 1:7.

Do estado infundado dos cristãos cretenses aqui descritos, vemos o perigo da falta de governo da Igreja. A nomeação de presbíteros foi estabelecida para que haja a pregação fiel da palavra.

6. Aquele que for irrepreensível, marido de uma mulher, que tenha filhos fiéis, que não possam ser acusados de dissolução nem são desobedientes.

A coisa que habitamos aqui como requisito em um presbítero, é uma boa reputação entre aqueles sobre quem ele deve ser colocado. A imoralidade dos mestres cretenses tornava isso um requisito necessário em alguém que deveria ser um repreendedor: e sua fraqueza na doutrina também tornava necessária grande firmeza na fé (Tito 1:9, Tito 1:13).

Tenha filhos fiéis… Aquele que não pôde levar seus filhos à fé, como ele trará outros? (Bengel) Alford explica: “estabelecido na fé”.

7. Porque convém que o bispo seja irrepreensível como despenseiro da casa de Deus, não soberbo, nem iracundo, nem dado ao vinho, nem espancador, nem cobiçoso de torpe ganância;

Administrador da casa de Deus… Quanto maior o mestre, maiores são as virtudes requeridas em Seu servo (Bengel), (1Timóteo 3:15);

A Igreja é a casa de Deus, sobre a qual o ministro é colocado como mordomo (Hebreus 3:2-6; 1Pedro 4:10, 1Pedro 4:17).

Nota: os ministros não são apenas oficiais da Igreja, mas os mordomos de Deus; O governo da igreja é de nomeação divina.

Não beberrão… (veja 1Timóteo 3:3; veja 1Timóteo 3:8).

Nem ganancioso… não fazendo do Evangelho um meio de ganho (1Timóteo 3:3, 1Timóteo 3:8).

Em oposição àqueles “ensinavam por causa do lucro(Tito 1:1; 1Timóteo 6:5; 1Pedro 5:2).

8. mas dado à hospitalidade, amigo do bem, moderado, justo, santo, temperante,

Ele seja hospitaleiro… necessário especialmente naqueles dias (Romanos 12:13; 1Timóteo 3:2; Hebreus 13:2; 1Pedro 4:9; 3João 1:5 ).

Cristãos viajando de um lugar para outro foram recebidos e encaminhados em sua jornada por seus irmãos.

Amante de homens bons – grego, “um amante de (tudo o que é) bom”, homens ou coisas (Filipenses 4:8, 9).

Santo…para Deus (ver em 1Tessalonicenses 2:10).

Domínio próprio… “Aquele que tem suas paixões, língua, mão e olhos ao comando” (Crisóstomo).

9. Retendo firme a fiel palavra, que é conforme a doutrina, para que seja poderoso, tanto para admoestar com a sã doutrina como para convencer os contradizentes.

Retendo firme a fiel palavra. Isto é, as verdadeiras doutrinas do evangelho. Isso significa que ele deve manter isso firme, em oposição a quem o arrancaria, e em oposição a todos os falsos mestres e a todos os sistemas de falsa filosofia. Ele deve ser um homem firme em sua crença nas doutrinas da fé cristã, e um homem em quem se possa confiar para manter e defender essas doutrinas em todas as circunstâncias; compare notas, 2Tessalonicenses 2:15.

que é conforme o que foi ensinado. Grego “segundo o ensino”. O sentido é, de acordo com essa doutrina ensinada pelos inspirados professores de religião.

Isso não significa que ele foi ensinado individualmente; mas ele deveria manter a fé como foi entregue por aqueles a quem o Salvador havia designado para torná-la conhecida à humanidade.

A frase “a doutrina”, ou “o ensino”, tinha uma espécie de significado técnico, denotando o evangelho como aquilo que havia sido comunicado à humanidade, não pela razão humana, mas pelo ensino.

Para que ele seja capaz… na sã doutrina. Por ensino sadio, ou instrução; Notas, 1Timóteo 1:10; 1Timóteo 4:16.

Ele não deveria ditar ou denunciar; mas procurar convencer pela declaração da verdade; veja as notas em 2Timóteo 2:25.

Tanto para exortar… como também para mostrar os erros. Para persuadi-los, ou para trazê-los aos seus pontos de vista por meio de uma exortação gentil e pela instrução que convencerá.

O primeiro método deve ser usado onde os homens conhecem a verdade, mas precisam de encorajamento para segui-la; o último, onde eles são ignorantes, ou se opõem a ela. Tanto a exortação quanto o argumento devem ser usados pelos ministros da religião.

Dos que falam contra ela. Opositores Literalmente, aqueles que falam contra; isto é, contra a verdade. 

INTRODUÇÃO

A Igreja é, ao mesmo tempo, organização e organismo. É estrutura material ao mesmo tempo em que é organismo vivo.

Trata de questões materiais, mas também de questões “espirituais”. A igreja tem, portanto, duas dimensões. A dimensão organismo diz respeito à sua razão de ser, enquanto a organizacional, diz respeito à estrutura que permite que ela seja o que deve ser.

A igreja, enquanto organização religiosa tem um Estatuto registrado em Cartório, Assembleia, Diretoria, Conselho Fiscal e outros cargos para cumprir determinadas funções. Nesta condição é regida pelo Código Civil e precisa seguir os parâmetros legais, inclusive fiscais.

Igreja, enquanto organismo vivo é dirigida pelo Espírito Santo, enviado por Jesus, pois a igreja, biblicamente constituída, pertence a Ele. Mas como ela é um instrumento do Reino de Deus para atuar no mundo decaído e formada por seres humanos, também decaídos, sofre a influência do pecado.

Jesus, entre a liderança de sua pequena igreja, tinha alguns problemas: uns queriam ser mais importantes do que os outros (Lc 9.46), um outro negou publicamente que seguia Jesus (Lc 22.34) e, ainda, outro, o traiu, sendo subornado por 30 moedas (Mt 26.15).

Como organização é visível, local, humana, imperfeita (tem defeitos, problemas e pode até cometer erros), é temporária (pode vir a desaparecer).

Como organismo é invisível, universal, divina, perfeita (sem ruga, sem mácula) e nunca poderá desaparecer nem ser vencida pelas portas do inferno. Só desaparecerá da face da Terra quando for arrebatada na volta de Cristo.

Toda instituição precisa ser organizada, e o mesmo ocorre com a igreja local. Uma igreja deve ser organizada para receber bem seus membros e visitantes, ter pessoas responsáveis atuando nos diversos ministérios e departamentos, checar se o santuário está aberto e em condições de receber pessoas para os momentos de culto e orações.

Entretanto, mais do que os aspectos citados, a igreja precisa ser organizada, porque isso agrada a Deus. O Senhor tem planos e Ele anuncia seus planos aos seus filhos fazendo com que sejam realizados, e isso é organização.

Se Deus preza por organização, não poderíamos imaginar que a sua Igreja deveria seguir um padrão diferente. Uma igreja desorganizada não reflete a perfeição do Evangelho.

I. TITO E AS IGREJAS NA ILHA DE CRETA

1. Tito (v.4).  No texto bíblico temos o foco dirigido ao cuidado do rebanho de Deus, à administração da igreja e ao comportamento nela. A Epístola a Tito foi escrita em aproximadamente 66 dC. Como deixa claro o texto de Tt 1.5, a organização das igrejas recém-formadas havia ficado por completar.

Não há registro em Atos sobre a campanha evangelística de Paulo em Creta. Consequentemente, ela deve ter ocorrido após a primeira prisão romana de Paulo. A palavra presbítero designa, aparentemente, o mesmo cargo de bispo, um grupo de pessoas encarregadas do cuidado geral de uma igreja local (At 14.23; 20.17; 1Tm 5.17).

O versículo 7 esclarece que Paulo usou, de forma alternada, o termo presbítero e bispo. Paulo discute as qualificações dos bispos em termos semelhantes em 1Tm 3.2-7, porém, com algumas diferenças. Paulo não tenciona apresentar nenhuma dessas listas como se fosse completa. Seu propósito é simplesmente indicar as qualidades pessoais daqueles que haveriam de servir como líderes eclesiásticos.

Além de instruir Tito sobre o que procurar em um líder da igreja, Paulo também incentivou-o a voltar a Nicópolis para uma visita.

Em outras palavras, Paulo continuou a discipular a Tito e a outros enquanto cresciam na graça do Senhor (Tt 3.13).

Mas qual a importância de estudarmos esse tema?

Primeiro, precisamos entender que o evangelho não gera somente indivíduos salvos, mas um povo redimido. Cristo morreu por sua noiva, o Pai possui uma família e o Espírito habita na igreja. Então, o evangelho gera a igreja.

Em segundo lugar, precisamos compreender que a igreja gerada pelo evangelho é responsável por ser “coluna e baluarte da verdade” (1 Tm 3.15), ou seja, a igreja gerada pelo evangelho deve ser a proclamadora e protetora desse evangelho. Uma das formas que isso se dá, e podemos ver isso no contexto de  1 Timóteo, é através do “governo de igreja” ou, nas palavras do texto bíblico, de “como se deve proceder na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo”

2. O pastor de Creta (v.5). Essa carta foi enviada a Tito e às igrejas dos cretenses. Tito foi um gentio convertido a Cristo. Tito era filho de pais gregos (Gl 2.3). Converteu-se a Cristo pelo ministério de Paulo (1.4).

Saiu das fileiras do paganismo para abraçar a fé cristã. Tito não é apenas filho na fé do apóstolo Paulo, mas também seu companheiro e cooperador. Está sempre obedecendo as ordens do apóstolo, no sentido de cooperar com ele no trabalho do ministério em várias igrejas.

Era um homem pronto e sempre disposto a fazer a obra de Deus, onde quer que o apóstolo o enviasse. Tito deveria corrigir doutrinas e práticas incorretas nas igrejas de Creta, uma tarefa que Paulo não conseguiu completar. Esse ministério não é mencionado em nenhuma outra passagem. Como deixa claro a segunda parte do versículo 5, a organização das igrejas recém-formadas havia ficado por completar.

3. Creta. Creta, a quarta maior ilha do mar Mediterrâneo, era uma província romana habitada principalmente por fazendeiros e cultivadores de frutas. Hoje essa ilha grega, que mede 252 quilômetros de comprimento e está situada diretamente ao sul do mar Egeu, tem uma população de 600 mil pessoas.

A primeira vez que vemos Paulo em Creta é durante sua turbulenta viagem a Roma (At 27.6-8). Possivelmente durante esse breve período que esteve na ilha ele não teve tempo suficiente para resolver os problemas existentes nas igrejas. Sendo assim, a melhor conclusão é que Paulo esteve nessa ilha na companhia de Tito no intervalo entre suas duas prisões em Roma.

Uma vez que os novos convertidos eram egressos do paganismo, a igreja nascente estava enfrentando muitas dificuldades, tanto externas quanto internas. Depois da partida de Paulo, Satanás se esforçou não só para derrotar o governo da igreja, mas também para corromper sua doutrina.

II. A INSTITUCIONALIDADE BÍBLICA DA IGREJA

1. A instrução paulina. A palavra “sincretismo” vem dos cretenses. Em Creta, cada uma das numerosas cidades queria ser a mais autônoma possível em relação às demais. Somente quando estava em jogo a defesa contra um inimigo comum, os cretenses, que preferiam a independência, se uniam, tornando-se assim Syn-cretenses (syn-cretismo).

Nessa ilha confluía toda sorte de cultos, religiões, filosofias e linhas de pensamento. Nessa época a igreja era uma ilha de cristianismo cercada por um mar de paganismo. As mais perigosas heresias a ameaçavam por todos os lados.

As pessoas que a formavam estavam a um passo de sua origem e antecedentes pagãos. Tito deveria dar instruções à igreja para a promoção do espírito de santificação nas relações eclesiásticas, individuais, familiares e sociais. Desses três propósitos enunciados, o último é o que cobre a maior parte da carta.

A moralidade dos cretenses estava longe do que deveria ser (1.12), e, temendo que esses novos convertidos retrocedessem aos seus antigos vícios, Paulo sentiu a necessidade imperativa de orientar Tito sobre como conduzir-se no meio desse povo, especialmente no estabelecimento da ordem na igreja, a fim de que os falsos mestres não a tomassem de assalto. Muitas coisas estavam fora de lugar nas igrejas de Creta. Tito foi deixado lá para colocá-las em ordem.

Essas coisas incluíam o ensino da sã doutrina, a aplicação da disciplina, o combate aos falsos mestres e a instrução da sã doutrina aos crentes. Paulo tinha uma solene preocupação com o governo da igreja.

Uma igreja bíblica precisa ter líderes sãos na fé e na conduta. Paulo deixa claro que o objetivo supremo do governo da igreja é a preservação da verdade revelada. O apóstolo também afirma que o conhecimento da verdade desemboca numa vida piedosa (1.1).

Os hereges, tanto do gnosticismo incipiente quanto do judaísmo, enfatizavam um conhecimento que não produzia piedade. A doutrina não pode estar separada da vida. A verdadeira doutrina produz vida santa, e vida santa é o resultado da verdadeira doutrina. Uma não existe sem a outra. Uma é causa, a outra é consequência.

2. Igreja como instituição.  Toda instituição precisa ser organizada, e o mesmo ocorre com a igreja local. Uma igreja deve ser organizada para receber bem seus membros e visitantes, ter pessoas responsáveis atuando nos diversos ministérios e departamentos, checar se o santuário está aberto e em condições de receber pessoas para os momentos de culto e orações.

Entretanto, mais do que os aspectos citados, a igreja precisa ser organizada, porque isso agrada a Deus. O Senhor tem planos e Ele anuncia seus planos aos seus filhos fazendo com que sejam realizados, e isso é organização. Se Deus preza por organização, não poderíamos imaginar que a sua Igreja deveria seguir um padrão diferente. Uma igreja desorganizada não reflete a perfeição do Evangelho.

Note que no Novo Testamento, uma igreja é simplesmente um grupo de cristãos que seguem a Cristo. A palavra pode ser usada para falar de todos aqueles que servem ao Senhor, não importa onde estejam (Hb 12.22-23).

É frequentemente usada para descrever grupos locais de discípulos que se encontram para adorar, para edificar uns aos outros e para proclamar o evangelho.

É neste sentido que lemos sobre a igreja em Antioquia da Síria (At 13.1),                  Sobre as igrejas em Listra, Icônio e Antioquia da Pisídia (At 14.21-23),                        Sobre a igreja em Efésios (At 20.17),                                                                                                 A igreja em Corinto (1Co 1.2; 2Co 1.1),                                                                                                  As igrejas na região da Galácia (Gl 1.2)                                                                                    E a igreja dos tessalonicenses (1Ts 1.1; 2Ts 1.1).

É neste ambiente de igrejas locais que encontramos homens escolhidos para supervisionar e guiar.

3. Organização. No livro de Atos, ainda que a igreja se reunisse nas casas, o ministério da Palavra e dos sacramentos, bem como a aplicação pública da disciplina, ocorriam sob a liderança dos apóstolos e sob as vistas da assembleia reunida (At 4.33; 5.5,10-11; 6.3-4).

O governo da igreja pela Palavra foi dado aos oficiais devidamente instituídos por Deus para o pastoreio dos crentes (Ef 4.11-16; At 20.17-35; 1Tm 3.1-7 e Tt 1.5-9). Esse ensino carrega três implicações:

• A doutrinação formal dos crentes é uma responsabilidade dos pastores e presbíteros.

• Os sacramentos são unidos ao ministério da Palavra e, por conseguinte, sua administração é restrita aos pastores ordenados.

• A administração da disciplina eclesiástica, pelo menos a partir de seu terceiro estágio (Mt 18.15-17), é atribuição exclusiva do Conselho da igreja.

III. A QUESTÃO ATUAL

1. Organismo e organização. No contexto do Novo Testamento, a Igreja existe localmente como comunidade organizada. Dessa forma, havia a igreja que estava em Roma, Corinto, Éfeso etc. Como um organismo vivo, a igreja do Novo Testamento era organizada.

Por exemplo, ela se reunia (At 2.42) e orava (At 2.42; 12.12).

Contudo, enxergava as demandas sociais que precisavam ser atendidas (At 4.35): instituiu o diaconato (At 6.2-6); elegeu lideranças (At 14.23); enviou seus primeiros missionários (At 13.1-4).

Todos esses fatos mostram um organismo vivo agindo de forma organizada.

Quando Cristo instituiu sua igreja, Ele tinha em mente um organismo vivo, um corpo que seria o Seu Corpo, formado por todos nós que somos os membros, sendo Ele próprio a Cabeça. Esse corpo foi criado à sua imagem e semelhança, com o objetivo de se desenvolver, atingir a maturidade e chegar à “estatura de varão perfeito, à medida da plenitude de Cristo…” (Ef 4.13).

Como organismo é que a igreja local nasce, cresce e se multiplica em outras igrejas, assim como uma célula fecundada se transforma em embrião, em feto e depois em recém-nascido pronto para encarar a vida.

A igreja visível, local, militante é uma organização, uma vez que, perante a lei dos homens tem que ser organizada em pessoa jurídica, com estatutos, sede, diretoria e outras exigências legais. Tem uma denominação, patrimônio, regimento interno e existência física. Como organização é visível, local, humana, imperfeita (tem defeitos, problemas e pode até cometer erros), é temporária (pode vir a desaparecer).

2. A experiência pentecostal. Governo de Igreja é o ramo da eclesiologia (estudo da igreja) que trata da estrutura organizacional e da hierarquia da igreja. Infelizmente, este é um assunto pouco ensinado e discutido hoje em dia.

Vários motivos podem ser dados para essa situação, como:

(1) desinteresse pela igreja local ou uma visão consumista de igreja,

(2) o extremo dos desingrejados,

(3) o outro extremo do institucionalismo morto,

(4) autoritarismo e abusos de autoridade eclesiástica,

(5) modelos de crescimento de igreja desraigados da Escritura e por aí vai.

Charles Fox Parham (1873–1929) fundou o movimento Fé Apostólica no início do século XX, mas foi afastado em 1907. O movimento tinha como doutrina o batismo no Espírito Santo e o falar em línguas, aspectos abraçados por diferentes movimentos pentecostais. Ele é frequentemente chamado de "Pai do Pentecostalismo Moderno". Em 1895, Charles Parham rompeu com a Igreja Metodista (ao mesmo tempo rejeitando todas as denominações) e começou seu próprio ministério. Ele pregou a necessidade de conversão pessoal e também um retorno ao "cristianismo primitivo". Sua base de operações era em Topeka, Kansas. Parham expandiu seu ministério para incluir uma missão de resgate, um serviço de emprego, um orfanato e um periódico. Em 1900, ele começou uma escola bíblica gratuita e aberta a todos aqueles que estavam dispostos a abandonar tudo para seguir a Cristo. Um dos alunos posteriores de Charles Parham foi um afro-americano chamado William Joseph Seymour. Seymour levou o que havia aprendido com Parham para Los Angeles e abriu uma missão de resgate na Azusa Street. É daqui que surgem as diversas denominações pentecostais da chamada “primeira onda”, e, contrariamente ao pensamento de Parham, denominacionais.

3. É necessário organizar. O Concílio Geral das Assembleias de Deus nos Estados Unidos, uma das maiores denominações pentecostais dos Estados Unidos, é uma associação de igrejas evangélicas pentecostais. Foi fundada em 1914 por ministros pentecostais em Hot Springs, Arkansas.

À medida que o reavivamento se espalhava rapidamente, muitos pentecostais reconheceram a necessidade de maior organização e responsabilidade.

Os pais e mães fundadores das Assembleias de Deus se reuniram em Hot Springs, Arkansas, de 2 a 12 de abril de 1914 para promover a unidade e a estabilidade doutrinária, estabelecer posição legal, coordenar o empreendimento missionário e estabelecer uma escola de treinamento ministerial.

Esses fundadores constituíram o primeiro Conselho Geral e elegeram dois oficiais: Eudorus N. Bell como presidente (título posteriormente alterado para superintendente geral) e J. Roswell Flower como secretário, bem como o primeiro presbitério executivo.

Os aproximadamente 300 delegados do primeiro Concílio Geral representaram uma variedade de igrejas independentes e redes de igrejas, incluindo a “Associação de Assembleias Cristãs” em Indiana e a “Igreja de Deus em Cristo e em Unidade com o Movimento de Fé Apostólica” do Alabama, Arkansas, Mississippi e Texas.

No Brasil, após três décadas do surgimento no país das Assembleias de Deus, devido ao estupendo crescimento do movimento pentecostal iniciado pelos missionários Daniel Berg e Gunnar Vingren, os pastores das Assembleias de Deus resolveram que já era tempo de se criar uma organização que estabeleceria o espaço para discussão de temas de máxima relevância para o crescimento da denominação.

A CGADB foi idealizada pelos pastores nacionais, visto que a igreja estava na responsabilidade dos missionários suecos e deram os primeiros passos em reunião preliminar realizada na cidade de Natal-RN em 17 e 18 de fevereiro do ano de 1929.

A primeira Assembléia Geral da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil foi realizada entre os dias 5 e 10 de setembro, onde se reuniram a maioria dos pastores nacionais e os missionários que atuavam no país. Foi nessa Assembléia Convencional que os missionários suecos transferiram a liderança das Assembleias de Deus no Brasil para os pastores brasileiros.

Nesta mesma reunião que liderança nacional decidiu-se por se criar um veículo de divulgação do evangelho e também dos trabalhos então realizados pelas Assembleias de Deus em todo o território nacional. Estava lançada a semente do que viria a ser o atual jornal Mensageiro da Paz. Com a rápida repercussão nacional, o periódico, então dirigido pelo missionário Gunnar Vingren, tornou-se o órgão oficial das Assembleias de Deus no Brasil.

CONCLUSÃO

A igreja é, ao mesmo tempo, “família de Deus” e “corpo de Cristo” (Ef 2.19; Rm 12.4-5).

Isso aponta para dois fatos importantes.

Primeiro, apesar do cuidado legítimo com estruturas físicas e organizacionais, a igreja não pode ser identificada meramente com um prédio ou instituição jurídica. Como grupo social organizado, ela possui personalidade jurídica, um patrimônio e lugar no qual se reúne para articular os serviços orientados pela Escritura. No entanto, todas essas coisas não são propriamente “a igreja”.

A palavra grega mais usada no Novo Testamento e traduzida por “igreja” significa, literalmente, uma assembleia convocada, um grupo de pessoas agregadas para adorar, testemunhar e servir.

Em segundo lugar, os cristãos se integram à igreja para servir no poder do Espírito Santo. A igreja cresce ao se esforçar pela unidade, reconhecendo o oficialato como dom de Cristo para o exercício do governo pela Palavra, amadurecendo pelo desfrute da sã doutrina, seguindo a verdade em amor, com cada crente desempenhando seu serviço para o benefício dos demais (Ef 4.1-16).

Tudo já valeu a pena, mas a maior recompensa ainda está por vir.

Que o mundo saiba que Jesus Cristo é o seu Senhor!

Dele seja a glória!

 

SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO

A IGREJA TEM UMA NATUREZA ORGANIZACIONAL

A Igreja de Cristo é um organismo vivo com propósito espiritual neste mundo, mas que requer organização. Há grupos que argumentam que a igreja não deve se institucionalizar, pois isso retira dela sua identidade espiritual. Entretanto, essa é uma afirmação equivocada.

Jesus ensinou Seus discípulos acerca da necessidade de organização para pregação do Evangelho. Foi assim quando os enviou de dois em dois ou mesmo quando ordenou que a multidão se assentasse sobre a relva antes de operar a multiplicação de pães e peixes (Mt 10; 14.13-21).

Com o surgimento da igreja, não fazia sentido que os discípulos pregassem o Evangelho sem organização. Naquele contexto, os irmãos se reuniam nas casas e em cada lugar havia líderes responsáveis pela instrução da Palavra de Deus às congregações.

A formalidade institucional sempre existiu, mesmo que de forma menos robusta como é notório atualmente. Stanley M. Horton, na obra Teologia Sistemática: uma perspectiva pentecostal (CPAD), discorre sobre os três tipos de governo eclesiásticos: “A forma episcopal de governo eclesiástico é normalmente considerada a mais antiga. O próprio título é derivado da palavra grega episkopos, que significa ‘supervisor’. A tradução mais frequente desse termo é ‘bispo’ ou ‘superintendente’. Os que apoiam essa forma de constituição eclesiástica acreditam que Cristo, como Cabeça da Igreja, tenha confiado o controle de sua Igreja na terra a uma ordem de oficiais chamados bispos, que seriam sucessores dos apóstolos.

A forma presbiteriana de constituição eclesiástica deriva seu nome do cargo e funções bíblicos do presbuteros (‘presbítero’ ou ‘ancião’). Este sistema de governo tem um controle menos centralizado que o modelo episcopal: confia na liderança de representação. [...] A terceira forma de governo eclesiástico é o sistema congregacional. Conforme sugere o nome, seu enfoque de autoridade recai sobre o corpo local de crentes. Entre os três tipos principais de constituição eclesiástica, é o sistema congregacional que mais controle coloca nas mãos dos leigos e mais se aproxima da pura democracia” (1996, pp.558-560).

Deus é organizado e estabeleceu a disciplina, a prudência e a organização desde o princípio da Sua criação. Foi assim no Jardim do Éden (Gn 1 — 2), na saída dos hebreus do Egito (Êx 14), na peregrinação e entrada dos hebreus na Terra Santa (Dt 31), bem como na organização do Reino de Israel (1Sm 8).

Logo, era apropriado que na organização da Igreja Primitiva esses mesmos princípios fossem aplicados. Importa que a igreja atual preserve o mesmo compromisso com a organização para a realização de um trabalho com excelência.

 

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