O
EXEMPLO DE HUMILDADE DE CRISTO
Filipenses
2.5-11
A humildade precede a
exaltação, e Cristo foi o modelo ideal para todas as pessoas.
De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também
em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual
a Deus. Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se
semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo,
sendo obediente até à morte e morte de cruz. Pelo que também Deus o exaltou
soberanamente e lhe deu um nome que é sobre todo o nome, para que ao nome de
Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da
terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus
Pai. (Fp 2.5-11)
O tema deste capítulo é a humildade. Paulo apela aos
sentimentos dos cristãos de Filipos para que tenham essa qualidade como um modo
de vida exemplificada em Cristo. Neste texto temos o destaque de duas atitudes
de Cristo — humildade e obediência — como manifestações de sua humanidade. No
texto de 1.27, Paulo coloca a pessoa de Jesus Cristo como o grande modelo de
homem como exemplo para sua vida pessoal no modo de agir e pensar. O texto de
Filipenses 2.5-11 vislumbra a perfeita divindade de Jesus Cristo reivindicada
ainda como homem na sua oração feita uma semana antes de realizar seu
sacrifício no Calvário.
O texto nos faz entender que Ele existiu como o Filho eterno
de Deus, participando de sua glória junto do Pai antes de sua humanidade. Sem
intenção didática da parte do apóstolo, ele destacou na sua carta as duas
naturezas de Cristo e apresentou-as nessa escritura reafirmando essa doutrina
como genuína na Bíblia. Como Filho de Deus, Jesus não discutiu sua filiação ao
Pai, mas espontaneamente abriu mão de sua glória de divindade para assumir a
natureza humana e por ela salvar o mundo dos seus pecados.
Ao assumir a natureza humana, nascendo de mulher, Ele fez-se
homem verdadeiro. Ele nunca deixou de ser Deus, mas, ao assumir sua humanidade,
nascendo de mulher e gerado pelo Espírito Santo, Ele assumiu, de fato, o papel
de servo, humilhando-se e tornando-se obediente até a morte na cruz. Ele fez
tudo isso para salvar o homem dos seus pecados. Por sua obediência e humildade,
o Pai Eterno o exaltou à glória celestial depois de sua vitória sobre a morte e
o túmulo, ressuscitando gloriosamente. Esse texto apresenta não só a sua
humilhação, mas também a sua exaltação perante o Pai depois de sua vitória no
Calvário.
Sua
Divindade: O Estado Eterno Pré-Encarnação (2.5,6)
1.
Ele deu o exemplo maior de humildade (2.5)
O versículo 5 expõe de modo especial e apropriado a
encarnação de Cristo, que é a manifestação do amor divino pela humanidade. As
admoestações de caráter pastoral destacam o amor misericordioso de Cristo
manifestado em sua encarnação. No versículo 2, por exemplo, lê-se a exortação
paulina : “tendo o mesmo amor”, referindo-se ao amor manifestado em e por
Cristo.
Entretanto, no versículo 5, o texto grego destaca a palavra
phroneo, referindo-se a “sentimento, pensamento”. A exortação paulina é para
que a igreja tenha “o mesmo sentimento” ou que tenha a mesma “atitude” de
Cristo Jesus. Na verdade, essa exortação é para que a igreja desenvolva uma
relação de comunhão entre os irmãos. Esse sentimento equivale a mais que uma
atitude individual que possamos ter. E mais que uma imposição. E um estado de
vida, ou seja, uma maneira nova de viver em Cristo participando do seu corpo, a
Igreja. Assim como a vida do sangue que percorre todo o corpo deve ser a vida
de comunhão dos membros do corpo de Jesus.
Qual é o sentimento demonstrado por Jesus? Ele o demonstrou
mediante a sua encarnação (Jo 1.14). Ora, sua encarnação representou seu
esvaziamento de divindade para assumir 100% a humanidade. Foi por essa demonstração
que constatamos a sua humildade. Ele é o modelo perfeito de humildade. Ele
mesmo disse certa feita:
“Aprendei de mim, que sou manso humilde de coração” (Mt
11.29). Ele havia se humilhado, revestindo-se de nossa natureza humana e,
também, humilhando-se ao papel de servo nesta natureza. O apóstolo Paulo apela
a que os filipenses tenham o mesmo sentimento demonstrado por Jesus. Ora, que
sentimento era esse? O sentimento de tudo fazer por amor a Deus e ao mundo das
criaturas na terra. Ele subsistia cm forma de Deus (v. 6).
2.
“que, sendo em forma de Deus” (2.6)
O texto destaca a palavra “forma”, sugerindo ser aquilo que
tem uma configuração, uma semelhança. Porém, em relação a Deus, o seu
significado, de fato, refere-se à forma essencial da divindade. A forma de Deus
em Jesus é inalterável, porque a sua essência pertence à divindade e é
imutável. A forma verbal da palavra “sendo” aparece em outras versões como
subsistir, ou existii ser por natureza ou pela própria constituição: “subsistia
em forma de Deus”. Paulo estava se• referindo ao estado de Cristo antes de vir
a este mundo e assumir sua humanidade. Vários textos bíblicos comprovam a
pré-existência de Cristo (Jo 1.1-3; 3.13; 17.5; 2 Co 8.9; Cl 1.15-17; Hb
1.1-3).
Esta “forma de Deus” pressupõe sua deidade, existindo ou
subsistindo, original e eternamente como Deus. Ele subsiste eternamente em
forma de Deus e, temporariamente, assumiu a “forma de servo” (Fp 2.7).
3.
Ele era igual a Deus (2.6)
“Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser
igual a Deus.” Jesus não precisava provar que era Deus e, assumindo a forma de
homem, sabia que seu estado dc humilhação não ofendia a divindade. Isso revela
que sua divindade é pré-existente. Ele não renunciou de modo nenhum sua
divindade na encarnação. Em todo o transcurso de sua vida terrena, conservou
total e completamente a natureza divina e todos os atributos essenciais de sua
Pessoa na Trindade. Em sua encarnação, Jesus conservou todos os seus atributos.
O ato de “esvaziar-se” (do grego kenosis) não significa que Ele tenha
abandonado seu direito de divindade, mas que não usou seus atributos de
divindade enquanto “filho do homem”. O pastor e teólogo Esequias Soares
escreveu em seu livro Cristologia —A Doutrina de Jesus Crista: “Quando Jesus
estava na terra, não se apegou às prerrogativas da divindade para vencer o
Diabo, mas aniquilou-se a si mesmo, fazendo-se semelhante aos homens. Como
homem, tinha certa limitação em tempo e espaço e, portanto, submisso ao Pai.
Eis a razão de Ele ter dito em João 14.28: ‘O Pai é maior do que eu” (p. 49).
Cristo era, e ainda é, igual a Deus, o Pai, não no sentido
de ser a mesma pessoa, mas o de ter a mesma natureza e a mesma glória (Jo
17.5). O texto diz que “ele não julgou como usurpação ser igual a Deus”.
Significa que Ele não considerou a sua igualdade divina com o Pai como algo que
quisesse reter para si. Ele não agiu egoisticamente, pensando apenas em si
mesmo. Ele preferiu esvaziar-se de sua glória divina para assumir a natureza
humana a fim de salvar a todos. Os religiosos radicais de Jerusalém procuravam
matar Jesus porque Ele se identificou como “sendo igual a Deus”. Ao seu
discípulo Filipe, Jesus afirmou a sua igualdade ao Pai (Jo 14.9-11). Jesus é
chamado Deus em vários textos, como: João 1.1; 20.28; Hebreus 1.8; Tito 2.13;
Apocalipse 21.7.
4.
Ele não teve por usurpação ser igual a Deus (2.6)
A escritura do versículo 6 da ARC diz literalmente: “que sendo
em forma de Deus”. Em outra versão, a escritura fica ainda mais clara, quando
diz: “o qual, embora sendo Deus, não considerou que o s.., igual a Deus era
algo a que devia apegar-se”. Uma melhor tradução do original sugere o texto do
seguinte modo: “o qual, existindo e subsistindo em forma de Deus”. Todas essas
traduções não modificam c., sentido original e a essência doutrinária do texto.
Antes, contribuem 1 para entendermos que Cristo, sendo Deus, fez-se homem.
Portanto possuidor de duas naturezas: a divina e a humana.
Ainda antes encarnação, em seu estado de glória divina, a
humildade de Jesus, como Filho do Deus Altíssimo, revelou a força do propósito
mai da Divindade, que era o de salvar a humanidade, necessitando seu
esvaziamento de glória divina para encher-se da glória humana. Ele não
precisava buscar ser igual a Deus porque Ele era Deus. O que se destaca nessa atitude
de Cristo é o seu desejo de resgatar o homem dos seus pecados e, para tanto,
Ele não exigiu nem se apegou a seus direitos de divindade, mas colocou de lado
seu poder e glória, ocultando-se sob a forma de homem. Ele voluntariamente se
humilhou e assumiu a forma humana para resgatar o homem.
Sua
Encarnação: O Estado Temporal de Cristo (2.7,8)
1.
Ele esvaziou-se a si mesmo (2.7)
Na sua encarnação aconteceu a maior demonstração de
humildade de Cristo. Ele “aniquilou-se” a si mesmo. No lugar da palavra “aniquilar”,
aparece na língua grega do Novo Testamento a palavra original kenoo, que
significa “esvaziar, ficar vazio”. A tradução esvaziar aclara melhor que
aniquilar, que significa “reduzir a nada” ou “anular”. Os significados vários
aclaram a expressão “esvaziou- se”. Ele a si mesmo esvaziou-se, despojou-se,
privou-se da glória de divindade para tomar a forma de homem. Ele não se
esvaziou da essência da sua divindade, mas esvaziou-se dos atributos de sua divindade
para poder manifestar-se como “homem”. Esse esvaziamento não significou
abdicação ou rejeição àquilo que sempre lhe pertenceu.
Ele tão somente fez sua kenosis sem perder o direito de
reassumir sua divindade depois de sua conquista maior: a salvação do homem
pecador. A cruz foi o marco maior de sua humilhação como homem, porque Ele
entendeu que o mistério do amor divino seria revelado plenamente quando Ele,
sendo Deus, se tornasse igual ao homem, entrasse na sua estrutura pessoal e
moral, para sentir o seu sofrimento e poder salvá-lo mediante sua obra
expiatória. Precisamos entender que, em seu estado de humilhação, jamais Ele se
despojou de sua divindade. Ao esvaziar-se, Ele despojou-se das glórias e das
prerrogativas da divindade.
Ele não trocou a sua natureza divina pela natureza humana,
mas renunciou às prerrogativas inerentes de sua divindade para assumir 100% as
prerrogativas humanas. Ele não fez de conta que era homem. Ele foi 100% homem,
como era 100% Deus. Ele, que era bendito eternamente, se fez maldição por nós
(Gl 3.13). Ele levou sobre o seu corpo, no Calvário, todos os nossos pecados (1
Pe 2.24).
2.
Ele se fez semelhante aos homens (2.7)
Quando lemos a frase do texto que Ele fez-se “semelhante aos
homens” precisamos, à luz do contexto da Cristologia, entender que a palavra
semelhança em relação a Cristo não significa “um faz de conta”, ou que tenha
sido apenas uma semelhança de humanidade, e não humanidade real.
No final do primeiro século da Era Cristã, surgiu uma
doutrina herética denominada docetismo, da palavra dokesis, que significa
“semelhança”. Essa doutrina herética visava destruir os alicerces da doutrina
de Paulo sobre Cristo, para negar que “Jesus veio em carne”. Paulo combateu com
todas as suas forças essa heresia ensinando que Jesus era verdadeiramente
homem, “nascido de mulher” (Gl 4.4), e que foi crucificado, experimentando uma
morte terrível. A expressão “fazendo-se” indica o fato de ter sido 100% homem,
como todos os demais homens. O apóstolo Paulo escreveu aos Gálatas 4.4 que
“Deus enviou seu Filho, nascido de mulher”, indicando que
Jesus, em sua humanidade, é consubstancial com o homem e pertence à ordem das
coisas assim como Adão foi criado. A diferença de Jesus como homem e os demais
homens está no fato de que Ele foi gerado pelo
Espírito Santo. Por isso, Ele é
“verdadeiramente homem e verdadeiramente Deus”.
3.
Ele humilhou-se a si mesmo (2.8)
A expressão de que Ele “humilhou-se a si mesmo” tem o testemunho da história de que a sua vida inteira, da manjedoura ao túmulo, foi marcada por genuína humanidade. Depois da humilhação da encarnação, Ele ainda sujeitou-se a ser perseguido e sofrer nas mãos dos incrédulos (Is 53.7; Mt 26.62-64; Mc 14.60,61). Foi, de fato, uma auto-humilhação! Uma decisão espontânea da sua parte. Ele submeteu-se a tudo isso porque não perdeu o foco de sua missão expiatória. O que importava para Ele era cumprir toda justiça de Deus em relação ao pecado.
4.
Ele foi obediente até a morte e morte de cruz (2.8)
O autor da Carta aos Hebreus escreveu que Cristo se sujeitou
à morte “para que, pela morte, aniquilasse o que tinha o império da morte, isto
é, o diabo, e livrasse todos os que, com medo da morte, estavam por toda a vida
sujeitos à servidão” (Hb 2.14,15). A morte de cruz foi o clímax da humilhação
que Jesus suportou, constituindo-se na vergonha maior que um condenado podia
passar. Entretanto, a Bíblia é clara quando diz que essa morte foi necessária
para que Ele pudesse vencê-la no túmulo ao ressuscitar ao terceiro dia,
abolindo sua força condenatória, e pela ressurreição trazer a luz e a incorrupção.
Paulo escreveu a Timóteo que Cristo “aboliu a morte e trouxe à luz a vida e a
incorrupção, pelo evangelho” (2 Tm 1.10).
Sua obediência era exclusiva à vontade de Deus, mesmo que
essa vontade apontasse para a morte de cruz. Na sua angústia, antes de enfrentar
o Calvário, no Getsêmane, Ele submeteu-se totalmente a Deus e acatou a vontade
soberana do Pai ao dizer:
“Não se faça a minha vontade, mas a tua” (Lc 22.42). Ele
desceu ao ponto mais baixo de sua humilhação ao enfrentar o Calvário e a morte
de cruz. Ele sofreu tudo que a palavra “morte” significa para nós.
Passando pela dor e participando do Hades, o estado dos
mortos (At 2.31) que não é a sepultura. A morte de cruz era símbolo da própria
maldição (Dt 2 1.22,23), mas Cristo nos resgatou da maldição “fazendo-se ele
próprio maldição em nosso lugar” (Gl 3.13, ARA).
Sua
Exaltação: Sua Conquista Final (2.9-11)
É interessante notar que nos versículos 6 a 8 temos a
descrição do caminho da humilhação do Filho de Deus, quando Ele mesmo desce ao
ponto mais baixo de humilhação que um homem poderia descer. Entretanto, nos
versículos 9 a 11, Paulo descreve o caminho para cima, quando Jesus é exaltado
gloriosamente e ascende ao Pai e é feito Senhor sobre todas as coisas. Nesses
versículos (9 a 11), temos a demonstração vitoriosa da humildade de Cristo. A
recompensa da sua humilhação foi a exaltação perante toda a criação.
1.
Deus o exaltou soberanamente (2.9)
Sua abnegação anterior o fez apto para conquistar o “status”
de vencedor e Senhor, porque cumpriu o eterno propósito do Pai de formar um
novo povo que serviria a Deus, que é a sua Igreja. A Bíblia diz que Ele foi
nomeado “príncipe e Salvador” (At 5.31) e o colocou acima de tudo (Ef 1.20-22).
Aquele que havia se esvaziado de todas as prerrogativas de divindade, depois de
sua vitória final sobre o pecado, a morte e o túmulo é finalmente glorificado,
isto é, exaltado pelo próprio Pai. O caminho para a exaltação passou pela
humilhação e Ele alcançou a meta final com a coroação de glória, tornando-se
herdeiro de tudo (Hb 1.3; 2.9; 12.2). No caminho da exaltação estavam a sua
ressurreição e ascensão.
Na semana que antecedia seu padecimento no Calvário, Jesus
reuniu seus discípulos para dar-lhes as últimas instruções relativas ao futuro
deles representando o seu nome perante o mundo, e fez uma das orações mais
belas e emocionantes. Ele orou pelos seus discípulos para ci.. fossem guardados
do mal. Orou pelo futuro deles como igreja orou por si mesmo ao Pai. Nessa
oração de caráter pessoal, Jesus reivindicou do Pai a glória que tinha antes de
vir a este mundo (Jo 17.5). Ele não tinha dúvida alguma quanto à sua vitória
sobre e1 Diabo, sobre a morte e o túmulo, bem como sabia que ao final seria,
exaltado gloriosamente.
Além de João, em seu Evangelho, outros escritores do Novo
Testamento escreveram da realidade da exaltação de Jesus afirmando que Ele foi
exaltado à destra do Pai (At 2.33; Hb 1.3). Paulo usou a mesma expressão
“assentado à destra do Pai” (Rm 8.34; Cl 3.1). Essa expressão é derivada de
Salmos 110.1 numa alusão ao rei Davi, que metaforicamente é convidado para
partilhar o trono de Deus. Jesus foi chamado “filho de Davi” para relacionar o
trono de Davi com o seu trono de glória.
2.
Deus, o Pai, lhe deu um nome que é sobre todo home (2.9)
Que nome era esse concedido a Jesus Cristo? No primeiro
século da Era Cristã, a ideia de se proclamar um senhor restringia-se ao
imperador, que se identificava como Senhor e Deus! Quando os apóstolos
começaram a pregar a Cristo, não o apresentaram apenas como Salvador, mas,
especialmente, como Senhor. Ora, esse título confrontava a presunção e vaidade
do imperador de Roma, porque os cristãos identificavam e reconheciam que a
única autoridade para salvar e comandar um novo reino era Jesus.
Tanto é verdade que o Novo Testamento se refere a Jesus como
Salvador 16 vezes apenas e como Senhor mais de 650 vezes. O kerigma da igreja
anunciava o senhorio de Cristo. Perante Ele o mundo precisava ajoelhar-se, mas
nos tempos atuais percebemos uma inversão na postura da igreja. Tristemente, as
pessoas querem um Salvador, mas não querem um Senhor. Querem a coroa, mas
rejeitam a cruz. Porém, a proclamação deve ser a de Senhor, porque Deus Pai o
fez Senhor.
O teólogo Ralph Herring escreveu sobre a exaltação de Cristo
e declarou que “os dois elementos desta exaltação são a outorga de um nome,
conquistado agora que o homem Cristo Jesus juntou o curso de vida da raça
humana ao de Deus (v. 9), e o reconhecimento desse nome por parte de todas as
inteligências criadas, tanto das que no céu, como das que estão na terra e
debaixo da terra (vv. 10,11)”.
A principal designação dada por Deus ao seu Filho foi a de
“Senhor” em seu sentido mais nobre e sublime. No grego do Novo Testamento
aparece o termo kurios, que é usado de modo especial, porque Jesus representaria
o nome pessoal do Deus Todo-Poderoso. O nome “Jesus” ganhou o status de
“Senhor” e, por decreto divino, foi elevado acima de todo nome. O próprio Jesus
declarou certa feita aos seus discípulos que o Pai faz do Filho juiz universal
“para que todos honrem o Filho, como honram o Pai. Quem não honra o Filho não
honra o Pai, que o enviou” (Jo 5.23).
3.
Deus, o Pai, propiciou para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho... (v. 10)
É interessante notar, no contexto das atribuições divinas, que
em Isaías 45.23 o Deus de Israel havia declarado que não partilharia seu nome
nem sua glória com outrem, mas diz de modo explícito: “diante de mim se dobrará
todo joelho, e por mim jurará toda língua”. No texto de Filipenses, a mesma
declaração é repetida em relação a Jesus, quando diz: “para que ao nome de
Jesus se dobre todo joelho”. O nome de Jesus não é apenas honrado e glorificado
perante toda a criação, mas lhe é designado que todo joelho se dobre diante
dEle. No ato de dobrar os joelhos diante de alguém está o reconhecimento de
superioridade e senhorio.
Escatologicamente, essa mesma expressão aparece na
visão que o apóstolo João tem no céu.
Ele viu os seres celestiais ao redor do Trono de Deus
prostrando-se perante o Cordeiro divino e vitorioso, e cânticos de celebração
são entoados pela dignidade do Cordeiro (Ap 5.6-14). O nome de Jesus é a
autoridade máxima da vida da igreja. Por isso, quando oramos, cantamos,
louvamos e adoramos a Ele, estamos, de fato, reconhecendo sua soberania. Todas
as coisas, animadas e inanimadas, estão debaixo da sua autoridade e não podem
se esquivar do seu senhorio ou negá-lo.
O texto diz que o dobrar dos joelhos aconteceria “nos céus,
na terra, e debaixo da terra” (2.10). Mas o que se entende por “debaixo da
terra”? A expressão refere-se ao mundo dos mortos, o Sheol-Hades onde as almas
e espíritos dos mortos estão conscientes. Essa expressão tem um sentido
metafórico; por isso, não se refere às sepulturas fisicas, mas ao mundo
espiritual, onde as almas e espíritos dos mortos aguardam a ressurreição de
seus corpos. Alguns teólogos afirmam que esse lugar “debaixo da terra” é
figurado, mas pode se referir à habitação dos maus espíritos, ou seja, dos
anjos que se tornaram demônios e que por sua desobediência “não guardaram o seu
principado”, razão por que estão reservados na escuridão para o Juízo Final (Jd
6). A maioria dos teólogos concorda e prefere a ideia de que se trata das almas
e espíritos dos mortos que estão no Sheol-Hades (Ap 5.13).
4. “E
toda boca confesse que Jesus Cristo é o Senhor” (2.11)
O
cristianismo só tem valor por aquilo que crê. A confissão de que Jesus Cristo é
o Senhor se constitui no ponto convergente da igreja (Rm 10.9; At 10.36; 1 Co
8.6). O credo da Igreja implica na sua confissão publica sobre o Senhor da
Igreja. Essa escritura mostra que a
exaltação de Cristo é uma exaltação que deve ser proclamada universalmente.
“Toda língua confesse” (v. 11) implica que o evangelho seja pregado em todo o
mundo e cada crente proclame o nome de Jesus como o nome que é sobre todo nome.
Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus
Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério
Belém Em Dourados – MS
Filipenses – A humildade de Cristo como exemplo para a Igreja = Elienai
Cabral
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