PASTORES DIÁCONOS
TEXTO ÁUREO = “Convém,
pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio,
honesto, hospitaleiro, apto para ensinar.”
VERDADE PRÁTICA = Os
pastores e diáconos são lideres escolhidos por Deus, através do ministério,
para cuidarem do serviço cristão na igreja local.
LEITURA
BIBLICA = I TIMÓTEO 3.1-4,8-13
INTRODUÇÃO
Na instrução para combater erro doutrinário em Éfeso, Paulo inclui
ensinamento sobre os presbíteros. É o plano de Deus que cada igreja local eleja
presbíteros qualificados (veja Atos 14:23; Filipenses 1:1; Tito 1:5). Paulo não
oferece a Timóteo sugestões para esta escolha, mas dá qualificações,
dizendo que "é necessário..." (3:2). Portanto, quem não tiver
todas estas qualidades reveladas por Deus não deve ocupar o cargo de
presbítero.
QUEM DESEJA
O EPISCOPADO
Esta
é uma palavra fiel: Se alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja (1). A
primeira vista, a observação com a qual apóstolo inicia esta seção da carta —
esta é uma palavra fiel — é igual à declaração dita anteriormente em 1.15:
“Esta é uma palavra fiel”. Mas a igualdade é meramente aparente. A primeira
observação deu início a um ensino muito importante sobre a obra redentora de
Cristo. Mas aqui não há tal declaração solene de fé. Ainda que os estudiosos
não tenham chegado a um acordo quanto a este ponto, é provável que esta
tradução seja a correta: “Há um dito popular que diz: ‘Aspirar à liderança é
ambição honrosa” (NEB; cf. AEC, BJ, BV).
Qualificações
dos líderes em 1 Timóteo 3.1-13
Este material
foi usado em nossa igreja para estudar o que a Escritura fala sobre a
qualificação dos líderes. Não se trata de um material exaustivo sobre o
assunto, entretanto, entendemos que este pode ser de grande ajuda para
ministrarmos na igreja do Senhor a importância de se escolher um líder de
acordo com o padrão de Deus, deixando as preferências pessoais de lado.
As duas cartas enviadas à Timóteo e a
carta à Tito são conhecidas como “cartas (epístolas) pastorais”, ou seja,
cartas enviadas à pastores para orientá-los na condução das igrejas que estavam
liderando.
Timóteo era natural de Listra (At 16.1)
e estava pastoreando a igreja de Éfeso (1.3). Paulo foi a pessoa usada por Deus
para que Timóteo fosse resgatado por Cristo (1.2), sendo que Timóteo passou a
acompanhá-lo em sua segunda viagem (At 16.1). Timóteo foi companheiro de Paulo
em várias viagens e foi mencionado como cooperador no envio de seis cartas: 2
Coríntios, Filipenses, Colossenses, 1 e 2 Tessalonicenses e Filemon.
Éfeso:
Era a capital da Ásia. Uma cidade pagã, onde se adorava a
deusa Artemis (Diana) no templo pagão que era considerado uma das sete
maravilhas do mundo. O templo tinha 127 colunas de 20 metros de altura numa
área de 140 metros de comprimento por 70 metros de largura, entretanto, estava
sucumbindo diante do evangelho. Em contraste com isso, a igreja de Cristo
crescia a cada dia (At 19.17-18) e continuou se reunindo nas casas pelo menos
duzentos anos.
Muitas pessoas creram no
evangelho naquela cidade (At 19.13-20). Por este motivo, houve grande
perseguição, visto que, quando as pessoas criam no evangelho, elas abandonavam
aquelas práticas pagãs (At 19.23-29).
Timóteo era um jovem ministro designado
por Paulo para firmar esta igreja na Palavra de Deus. Paulo cita por três vezes
nesta carta a frase “Fiel é a Palavra” (1.15; 3.1; 4.9) e enfatiza a fidelidade
à Bíblia em diversos momentos (1.3; 1.10; 4.6; 4.16; 5.17; 6.3-5).
Por que estudar sobre a qualificação
dos líderes?
1. Porque a Palavra de Deus fala sobre
este assunto;
2. Porque dará discernimento à
igreja para avaliar e confrontar seu(s) líder(es) (1Tm 5.19-21);
3. Porque serve para o líder ou futuro
líder fazer uma auto-avaliação;
4. Porque conseguiremos
diferenciar presbíteros de diáconos e conhecer outras expressões;
5. Porque a maior parte dessas
qualificações todo crente deve buscar, independentemente do desejo ou
possibilidade de ser líder;
6. Porque é a maneira de Deus orientar
a igreja para que ela reconheça ou não a pessoa como líder.
“Fiel é a palavra” – Paulo refere-se à declaração que irá
fazer acerca dos líderes, ou seja, essa palavra sobre os bispos é fiel.
“Se alguém aspira – aspirar é desejar. Mas não é suficiente
apenas desejar, pois não trata-se de um teste vocacional. Deus capacita cada
líder para servi-lo na igreja e para preencherem as qualificações de um bispo
(At 20.28).
Três passos são necessários para que o
desejo se torne realidade, são eles: chamado de Deus, desejo pessoal e
aprovação da igreja usando os requisitos que serão comentados posteriormente.
“o episcopado,” - Segundo Phil Newton “os gregos usavam esse termo
para definir um ofício que tinha funções de superintendência, quer no âmbito
político, quer no religioso[1]”. A palavra tem o sentido de “olhar sobre, ter
consideração para com algo ou alguém”. Ou seja, o bispo cuidava dos outros,
especialmente dos necessitados. O episcopado é a função desempenhada pelo
bispo. As palavras “bispo” e “presbítero” são usadas intercambiavelmente,
ou seja, possuem o mesmo significado (Tt 1.5-7).
Igualmente podemos pensar
sobre essas duas palavras, pois elas se unem no mesmo significado com a
palavra “pastor” (At 20.28; 1Pe 2.25; 5.1-2). A Bíblia se refere de formas
distintas em relação ao líder para que algumas características sejam
evidenciadas:
Bispo – “olhar sobre, ter consideração por algo ou alguém”. Implica em
liderança e direção dada a igreja.
Presbítero – enfatiza a maturidade espiritual
necessária para o ministério (At 11.29-30). Anteriormente era usada para se
referir a homens de idade avançada (Jo 8.9). Paulo demonstra essa mudança
designando o jovem Timóteo para esse ministério (4.12).
Pastor – significa “pastor de ovelhas”.
Aquele que cuida, lidera, restaura, guia e supre as necessidades da ovelha.
“excelente obra almeja” – o trabalho ministerial é excelente, ou
seja, profissões seculares não diminuem a importância do trabalho do ministro.
“É necessário...que o bispo...” – a palavra para bispo está no masculino,
não permitindo dizer que a mulher pode exercer o episcopado. Além disso, a expressão
“é necessário” demonstra que as instruções de Paulo não são meras dicas. Na
verdade, são condições impostas àqueles que desejam ser ministros do evangelho.
“irrepreensível” – muitas vezes essa palavra é entendida
como se o ministro possuísse uma blindagem às críticas, sendo proibido
contestar qualquer desvio existente. Entretanto, o que Paulo está falando é que
o ministro deve ter um comportamento exemplar, sem que sejam necessárias
críticas à sua pessoa.
O bispo não será perfeito, mas não terá
pecados pendentes. Ele sempre buscará acertar seus problemas de forma rápida e
decisiva. Também não será dado a vícios, falta de domínio com dinheiro,
impureza moral, etc. Paulo irá desenvolver esses e outros casos à seguir.
MacArthur afirma corretamente que “Um
pastor profano é como uma janela com vitral: um símbolo religioso que impede a
entrada de luz. Por isso, a qualificação inicial do líder é ser
irrepreensível”.
“esposo de uma só mulher” – novamente acontece a reafirmação
de um ministério masculino, pois esta qualificação é específica do homem, visto
que a tradução literal do texto é “Homem de uma só mulher”. Alguns pastores e
teólogos defendem que este versículo é uma prova que, para ser pastor, é
necessário que o candidato seja casado. Entretanto, vemos aqui que a intenção
de Paulo era destacar o casamento monogâmico, visto que naquela cultura eram
comuns casos de poligamia e prostituição ritual.
O ministro não pode ser divorciado nem
“recasado”, pois não seria irrepreensível caso estivesse nesta situação (Rm
7.2-3). Além disso, é necessário que o bispo busque pureza de pensamentos, pois
o adultério começa na mente (Mt 5.27-28).
“temperante” – a palavra no grego transmite a idéia do
“estilo abstinente que os bispos devem levar”, tendo o significado de “evitar
intoxicação” (não somente de bebida alcoólica). A Palestina era uma região
muito seca e o vinho era uma bebida comum, mesmo que normalmente era misturado
com grandes quantidades de água. Coloca-se aqui o princípio de domínio próprio
para o ministro aprovado. Dessa forma, o pastor não deve ser dado ao vinho,
princípio que é reforçado no próximo versículo. Paulo não está falando que é
proibido tomar vinho, até porque ele aconselhou Timóteo a tomar um pouco de
vinho para fins medicinais (5.23).
Não sendo dessa forma, o melhor é
evitar bebida alcoólica, visando não escandalizar o próximo e ser um ministro
temperante. Além disso, a palavra temperante faz referência a intoxicação, não
somente de vinho, mas de qualquer outra coisa, sendo comida um outro exemplo.
“sóbrio” – essa palvra
significa “prudente”, “disciplinado”. Phil Newton comenta que o ministro sóbrio
é aquele que “é capaz de exercer juízo correto, mesmo em tempos difíceis. O
homem sóbrio evita excessos e pensa com clareza. O ministro tem uma vida
ordenada e autodisciplinada, determinando com clareza suas
prioridades.
Portanto, ser sóbrio é possuir
pensamentos e objetivos claros, expondo prioridades, não fazendo as
coisas precipitadamente, mas sendo cauteloso em todos os passos.
“modesto” – “digno”,
“bem comportado”, “sereno”. O significado básico dessa palavra é “ordeiro”. Sua
mente disciplinada (sóbria), leva a uma vida disciplinada.
MacArthur (pág. 129) comenta que “Um líder
espiritual não deve viver uma vida caótica, mas, sim, de forma ordenada, desde
que seu trabalho envolva boa administração, supervisão, organização e
prioridades bem estabelecidas.
“hospitaleiro” – o bispo deve ser hospitaleiro, ou seja,
receber bem as pessoas. O contexto da igreja primitiva era de igreja nas casas
(Rm 16.3-5; Cl 4.15). Hospedar missionários itinerantes e receber irmãos que
estavam sendo perseguidos por causa do evangelho (At 8.1; Tg 1.1) também estão
entre as razões para o ministro ser um bom hospedeiro.
A atitude de receber pessoas em casa
revelará o coração do líder. Ele poderá demonstrar todo seu amor pelas pessoas,
a harmonia que existe em seu lar, o desprendimento de bens materiais e um
coração obediente (Rm 12.13).
“apto para ensinar” – o ministro deve conhecer as doutrinas da Bíblia,
manejando-a de forma coerente e segura. Ele não precisa saber todas as coisas,
mas precisa transmitir convicção doutrinária. Segundo MacArthur (pág. 131) “O
presbítero deve ser um professor habilidoso. Esta é a única qualificação que
o diferencia dos diáconos e do resto da congregação”. Phil Newton também
contribui com esse assunto quando afirma que o presbítero, além de líder deve
ser mestre, pois não há como separar essas características do bispo. Portanto,
o bispo deve ser um líder que ensina.
Existem as lideranças administrativas
em diversas igrejas, mas não vejo como algo bíblico afirmar que a liderança
administrativa é a liderança espiritual da igreja, já que a Escritura sequer
faz alusão a este tipo de governo. Futuramente veremos a diferença entre
presbíteros e diáconos.
“não dado ao vinho” (“colocar-se
ao lado do vinho”) – cultos pagãos eram regados de bebedeira
para se alcançar um estado de euforia. Já foi falado que o ministro deve ter
uma vida abstinente de bebida quando Paulo declara a necessidade do bispo ser
“temperante”. Quando o apóstolo cita que o bispo não deve ser “dado ao vinho”,
ele quer instruir todo líder a não ter uma reputação de beberrão, ou seja, a ênfase
aqui não é “apenas” na ingestão de bebida, mas àquele que é associado aos
beberrões.
Não há nada de errado em conversarmos
com pessoas reconhecidamente viciadas em bebida alcoólica ou qualquer outro
tipo de droga, até porque Jesus nos deu esse exemplo, envolvendo-se com todo
tipo de pessoas (Mt 9.11-13). O próprio Jesus foi associado a beberrões (Mt
11.18-19), entretanto Cristo foi associado por calúnias e não por associar-se
de forma a criar vínculos na prática da bebedice.
O que Paulo quer nos dizer através
desta frase é que o líder (e todo cristão) não deve ser conhecido como aquele
que sente-se confortável em ambientes de bebedeira e farra, preferindo esse
tipo de ambiente na companhia dos ímpios a estar em comunhão com o povo de
Deus.
Portanto, o líder cristão deve avaliar
os ambientes onde se insere. Ele não precisa ir à boate para evangelizar
boêmios, ao motel para evangelizar adúlteros, a festa de música eletrônica para
falar de Jesus para os drogados, etc. Também é importante que cristãos se
abstenham de bebida alcoólica em eventos sociais por questão de testemunho (Rm
14.21-23; 1Co 10.31). Assim, os ministros evitarão tentações, suspeitas e
críticas.
“não violento,” – o ministro não deve “dar golpes”, ou
ser “espancador”. Ele não cogitará resolver problemas usando força e violência
(2Tm 2.24). É provável que os falsos mestres usavam desse artifício contra
cristãos e incrédulos e que alguns ministros estavam aderindo a esta prática.
“porém cordato” – esta qualidade diz respeito ao líder que necessita
ter consideração, ser gentil, paciente, gracioso e tem facilidade para
perdoar falhas alheias. John MacArthur comenta que “um líder gentil tem a
habilidade de lembrar do bem e esquecer do mal. Não mantém um registro dos
males que as pessoas cometem contra ele (cf. 1 Co 13.5)”.
A verdadeira sabedoria possui esta qualidade, traduzida na epístola de
Tiago por “indulgente” (Tg 3.14-17).
O bispo e toda a igreja devem ser
disciplinados para não falar nem pensar em pessoas que geraram algum tipo
de prejuízo ou ofensa a sua pessoa. A mente do cristão precisa ser voltada para
aquilo que edifica (Fp 4.8; Cl 3.1-2).
“inimigo de contendas” – “pacífico”, “que reluta em lutar”. Aqui
o termo não se refere à violência física, mas a alguém encrenqueiro, que gosta
de polemizar. Paulo alerta a igreja de Éfeso com relação aos falsos mestres,
pois esses agiam dessa forma (1Tm 6.3-5). O ministro contencioso vive
procurando brechas para criar polêmica. Ele sente prazer em discutir, tentando
provar a superioridade dos seus argumentos.
A igreja é o povo de Deus que se reúne
para glorificar ao Senhor Jesus como família de Deus, bem como para edificação
mútua. Portanto, a igreja não se reúne para brigar, visto que essa atitude não
reflete o caráter do povo de Deus. Sendo assim, líderes que se comportam de
forma contenciosa ou estimulam brigas, estão desabilitados para o ministério.
“não avarento” – essa proibição significa“não amante do
dinheiro”. O dinheiro é um dos pontos mais sensíveis do ministro e do cristão
em geral. Falsos bispos olhavam o ministério como fonte de lucro (6.5).
Atualmente, muitos líderes usam a igreja como um investimento, membros como
clientes e ministério como oportunidade de estabilidade e bom salário.
Sendo assim, o bispo deve arranjar estratégia para cativar mais clientes que
possam contribuir com seu investimento, mantendo um padrão de crescimento nos
lucros. O bispo nesse caso acaba sendo um empresário eclesiástico.
Paulo não reprova a idéiado ministro
receber um salário por sua dedicação ao ministério. Muito pelo contrário, ele
até incentiva a generosidade da igreja no sustento do ministro fiel
(5.17-18; cf1Co 9.9-10). John MacArthur alerta o bispos da seguinte forma: “se
você corre atrás do dinheiro, nunca saberá se veio do Senhor ou de seus
esforços, e isso o privará da alegria de ver Deus suprindo suas necessidades”.
Portanto, o pastor não está no ministério para enriquecer, mas para dedicar-se
ao ministério (Lc 16.13-14; 1Tm 6.10-11).
Conclusão: Paulo enfatiza neste versículo que o
ministro deve ser exemplo de domínio sobre as paixões carnais como bebedeira,
intrigas e amor ao dinheiro. Todas elas são indevidas para qualquer
cristão e desqualificam o presbítero. Que o Nosso Deus sonde nossos corações e
conceda-nos capacitação pelo Espírito Santo para vivermos de forma piedosa,
tendo como objetivo sermos ministros e cristãos aprovados diante de Cristo (Rm
8.27; 2Co 5.10).
Paulo nos versículos 4 e 5 expõe
qualidades do líder com relação ao relacionamento familiar. Éfeso era uma
cidade portuária, onde a promiscuidade e a idolatria eram características
marcantes. Isso ressalta ainda mais a importância de Paulo orientar Timóteo
quanto a necessidade do bispo ter uma família estruturada.
“governe bem sua própria casa” –
“presidir” , “ter autoridade sobre”. esposa
e filhos, administração do dinheiro, etc.
Um bom governante administra todas as
áreas da sua casa, inclusive a financeira. Uma má administração financeira
desqualifica o bispo, mesmo que ele seja um bom pregador, dedicado pai de
família, com esposa submissa.
“criando os filhos sob disciplina” – Segundo MacArthur “sob disciplina” “é um termo
militar que significa alinhar em fila sob aqueles que tem autoridade”. Os filhos reconhecem essa autoridade e respondem com
obediência bíblica (imediata, inteira, interna). A palavra traduzida como
“disciplina” nesse versículo diz respeito a ser criado nos padrões
especificados pelo pai.
“com todo respeito” – “dignidade”, “reverência”. Devem ser
filhos que não envergonham, mas trazem honra ao pai. Isso tudo é conseguido com
paciência e mansidão, pois violência não deve ser parte dos recursos do
presbítero (3.3). Isso não impede que o líder seja firme, rígido e imponha
respeito através da disciplina bíblica desde a infância (Pv 13.24; 22.15;
23.13-14; 29.15). Além disso, o líder do lar conquistará o coração dos filhos,
servindo de exemplo para eles (Pv 23.26).
“(pois se alguém não sabe governar a
própria casa, como cuidará da igreja de Deus?);” – aquele que não sabe governar sua
família, certamente não saberá governar a igreja. O pastor é muito mais do que
um pregador, ele deve ser modelo de autoridade a partir do seu lar. O trato com
esposa e filhos é decisivo para a autoridade do ministro. Paulo endurece ainda
mais o discurso, afirmando que o ministro que não consegue criar os filhos sob
sua disciplina e colocá-los sob sujeição, como então ele conseguiria fazer isso
com a igreja que possui muitas pessoas, sendo que várias sequer têm vínculo
familiar.
O líder deve ter uma família (esposa e
filhos) estruturada, sendo honrado por ela. Aquilo que a esposa e filhos falam
do líder da casa conta muito. Mesmo que as palavras não sejam verdadeiras, elas
servirão para demonstrar a insubmissão da família ao sacerdote do lar.
É indispensável que o bispo tenha uma
família harmônica. Imagine um bispo em Éfeso, com esposa insubmissa ou
incrédula, sendo uma das prostitutas do templo de Diana, por exemplo. Paulo
afirma que o ministro deve ter uma família cristã exemplar.
Filhos que andam longe da comunhão com
Deus, esposa insubmissa e endividamento familiar são sinais de um governo familiar
deficiente. Portanto, a melhor maneira de conhecer a autoridade de um líder é
através de sua família. A preocupação com os filhos e esposa, o empenho em
suprir suas necessidades e o esforço para conduzí-los espiritualmente são
atitudes de um ministro aprovado.
Não é sem razão que Paulo faz
comparação entre família e igreja, pois a igreja deve ter igual tratamento ao
da família por parte do presbítero. A igreja deve ser liderada sob
disciplina, tendo como padrão a Palavra de Deus. O pastor será respeitado
não apenas por ser pastor, mas será reconhecido por sua vida coerente com
aquilo que está falando. Portanto, sua autoridade não está apenas num título
mas naquilo que vive.
Estes dois versículos (vv. 6-7)
encerram as exigências impostas sobre os ministros do evangelho. O apóstolo
Paulo enfatiza nesse momento a importância da igreja possuir pastores maduros
para a condução do rebanho. O argumento segue com a necessidade do ministro ser
coerente biblicamente, tanto na igreja quanto em sua vida na sociedade como um
todo.
“não seja neófito” – a tradução literal de “neófito” é
“recém-plantado”. Logicamente é necessário que o ministro seja convertido. Como
em nossos dias o padrão dos cristãos tem se rebaixado continuamente, corre-se o
risco da igreja possuir líderes que nem sequer crentes são, pois uma pessoa
assídua nas reuniões já é considerada uma pessoa de compromisso e apta para
assumir o pastorado na igreja.
A Palavra de Deus exige que o crente
seja um homem maduro espiritualmente, possuindo algum tempo de igreja. A Bíblia não estipula tempo para que o
membro possa ser uma pessoa madura, visto que o padrão de maturidade num local
pode não ser em outro devido ao desenvolvimento espiritual de cada igreja.
Sendo assim, aquela que almeja o ministério deve ter maturidade suficiente para
liderar a congregação em questão.
Como já foi ressaltado em outra ocasião,
Paulo não está desqualificando os jovens para o ministério, pois o próprio
Timóteo era um jovem ministro e não deveria ser desprezado por causa disto
(4.12). A questão envolvida aqui é a restrição quanto a cristãos imaturos para
o exercício do presbitério. Esta passagem não isenta “veteranos de igreja” do
exame, pois anos de igreja nem sempre são reflexo de maturidade. A avaliação
deve levar em conta o conjunto das características expostas nesta passagem e em
Tito 1.6-9. Existem outras passagens (At 6.3, por exemplo), todavia elas
refletem características expostas nestas duas passagens.
“para não suceder que ensoberbeça” – “ensoberbeça” significa “envolver em
fumaça”. Com essa figura de linguagem, Paulo quer dizer que o ministro não deve
ser novo convertido (recém plantado) para não acontecer que ele fique envolto
na fumaça por causa do orgulho. A soberba cega o ministro como uma cortina de
fumaça nos impede de olhar o caminho.
João Calvino sabiamente
comenta que “os noviços não somente têm fervor impetuoso e coragem ousada, mas
igualmente se orgulham com insensata confiança, como se pudessem voar para além
das nuvens. Consequentemente, não é sem razão que são excluídos da honra do
pastorado, até que, dentro do processo do tempo, seu orgulhoso temperamento
seja dominado”. Alford na mesma linha ressalta
que “temos aqui a nuvem de poeira que o orgulho de um homem levanta sobre ele,
de modo a não poder ver a si mesmo e aos outros conforme eles são”. Essa
soberba (nuvem de fumaça) era característica dos falsos mestres (1.7).
“e incorra na condenação do diabo” – nesta parte do versículo Paulo alerta
Timóteo a gravidade das consequências ao colocar pessoas imaturas para
liderarem a igreja. O que Paulo disse foi que novos convertidos na liderança da
igreja terão seu orgulho aflorado de tal forma que receberão juízo igual o
próprio diabo recebeu devido ao seu orgulho, ou seja, o líder será rebaixado da
condição elevada que estava. A melhor forma de se lidar com o orgulho é a
humildade, característica marcante do obreiro aprovado (Mt 23.11-12; Mc
10.43-44) exemplificada pelo próprio Cristo (Mc 10.45). Portanto, a igreja não
deve colocar na liderança pessoas que Deus rebaixará futuramente.
“Pelo contrário, é necessário que ele
tenha...”
“...bom testemunho dos de fora,” – o bom testemunho do pastor é
indispensável tanto em sua casa como na igreja. Entretanto, a Escritura afirma
que o presbítero deve ter também uma boa reputação na comunidade.
As pessoas em volta observam o
procedimento dos cristãos, principalmente de seus líderes. Portanto, aquele que
almeja ser líder deve ser bem visto pelas pessoas. Isso aplica-se a questões
morais (fidelidade conjugal, cuidar bem dos filhos, ser educado, etc.) e a
questões éticas (fiel em seus compromissos financeiros, bom vizinho, honesto,
honra sua palavra, etc). As pessoas podem até discordar daquilo que o pastor
ensina, mas não terão outros motivos para considerá-lo infiel.
Certamente as pessoas do mundo
discordarão ou até perseguirão o ministro (Jo 15.18-20), entretanto, todas as
oportunidades devem ser aproveitadas para testemunhar do evangelho (Cl 4.5-6).
“a fim de não cair no opróbrio e no
laço do diabo” – novamente satanás é citado nesta
passagem. Se no versículo anterior Paulo se referia ao juízo igual ao que
satanás recebeu, aqui o apóstolo mostra o diabo em atividade, armando ciladas
para insultar (opróbrio) o pastor. O inimigo produz armadilhas com o intuito de
destruir a integridade e credibilidade do bispo.
O líder pode possuir áreas vulneráveis
como qualquer pessoa (dinheiro, poder, cobiça, domínio próprio, etc) e, quando
está desprovido de discernimento e maturidade, cai nas armadilhas do diabo, que
está em plena atividade para tirar a autoridade do ministro. A palavra “laço”
refere-se a “armadilha”. Essa palavra era usada para indicar algo que apanha
animais. É importante ressaltar que as armadilhas do inimigo sempre existirão
(1Pe 5.8). Sendo assim, o que pode mudar é a atitude do ministro, sendo
vigilante e tendo conduta cristã exemplar (bom testemunho) diante de todos (Ef
6.11-12).
Diáconos (v.8) – esta palavra e os termos relacionados
aparecem aproximadamente 100 vezes no Novo Testamento e seu significado é
“servo”, “ministro”. Essa palavra ocorre na maioria das vezes num sentido
geral, ou seja, para expressar trabalho ou obra. Normalmente, quando a
Escritura usa essa palavra é para referir-se ao servo e não ao ofício. Alguns
exemplos são:
A Escritura relata que Cristo veio para
ser servo (diácono) e dar a vida por muitos (Mc 10.45);
Os serventes (diáconos) das bodas de
Caná (Jo 2.5);
Ser servo (diácono) de Jesus é segui-Lo
(Jo 12.26);
Existe o dom de ministério (diácono),
mesmo não possuindo o cargo de diácono (Rm 12.7);
Os governantes são ministros (diáconos)
de Deus (Rm 13.4);
Paulo e Apolo são servos (diáconos) de
Deus (1Co 3.5);
Cristo não é ministro (diácono)
do pecado (Gl 2.17).
Portanto, vemos nessas passagens,
especialmente em João 12.26 e Romanos 12.7 que é papel de todo crente servir. O
trabalho da igreja não deve ficar somente sob a responsabilidade dos
presbíteros e diáconos. Não existem crentes espectadores, visto que todos fomos
chamados para servir.
Qual o papel dos diáconos?
À princípio, os diáconos, no sentido
técnico, eram auxiliares dos presbíteros (At 6.2-4), com a atribuição de
servir as mesas. Esse significado expandiu-se com o tempo, vindo a
compor todo tipo de tarefa administrativa, pois muitas outras surgiram com o
tempo. Alguns exemplos são: Coleta de ofertas, distribuição de cestas básicas,
decisões de manutenção do prédio, compra de móveis, instrumentos, prioridades
orçamentárias, etc.
Obs: Algumas questões envolvidas no ministério do diácono são levadas para
decisão com toda a igreja. Esse tópico veremos quando tratarmos sobre governo
na igreja (congregacional, presbiteriano, pluralidade de presbíteros,
episcopal, etc).
Devemos ressaltar novamente que, assim
como a mulher não é inferior ao homem, da mesma forma o diácono não é inferior
ao presbítero. Ele é auxiliar do presbítero, sendo funcionalmente submisso ao
presbítero. Isso não faz do diaconato uma tarefa menos nobre, pois cada
ministério na igreja tem sua importância no corpo de Cristo.
Para fazermos distinção às duas funções
podemos dizer que o presbítero é responsável pelo ensino doutrinário e pelo
governo da igreja (1Tm 5.17) enquanto que os diáconos se preocupam com as
questões administrativas da igreja, dentro do padrão ensinado e atribuído pelos
presbíteros.
Qualificação dos diáconos
As qualificações dos diáconos são
iguais à dos bispos em muitas questões. Entretanto, existe uma questão que
precisa ser ressaltada.
O que difere presbíteros de diáconos é
que o primeiro precisa ter aptidão no ensino (3.2) enquanto essa qualificação
não é necessária ao segundo. Esta é a única qualificação que diferencia o
presbítero do diácono, pois todas as outras são necessárias tanto aos obreiros
quanto à todo membro da igreja.
O que talvez dê a impressão de
existirem outras diferenças são as expressões distintas para citar as
qualidades que o diácono deve ter. Entretanto, tratam-se de expressões
similares, que vão dar ênfase as mesmas áreas a serem avaliadas. Vejamos
algumas delas:
“Respeitáveis” – sérios, tanto no sentido mental quanto
no caráter. A pessoa que tem essa qualidade gera naturalmente o respeito dos
outros. Sendo assim, o diácono é aquele que trata os assuntos com a seriedade
necessária. Ele não é tolo ou irreverente, tratando assuntos sérios como se
fossem brincadeira.
“de uma só palavra” – “não de língua
dupla”, “insincero”. Nesta passagem Paulo não está se
referindo à fofoca, mas a pessoas que diz uma coisa para uma pessoa e outra
diferente para outra para tirar proveito de alguma situação. Esse tipo de
pessoa “afina” seu discurso de acordo com o público e seus interesses. Sendo
assim, a pessoa é conhecida como “diplomática”, entretanto buscam agradar a
homens e nesse sentido estão desqualificados para o ministério (Gl 1.10; 1Ts
2.3-6).
Exemplo: O diácono que recolhe as ofertas e,
por saber a quantia que cada pessoa contribui, tolera atitudes pecaminosas dos
mais generosos ou mais ricos, entretanto, as pessoas menos favorecidas ou menos
generosas são tratadas com intolerância.
Ser parcial nos julgamentos
desqualifica para o ministério.
“não inclinados a muito vinho” – essa qualificação vem com alguma
diferença em relação aos presbíteros. Quando Paulo refere-se ao epíscopo ele
declara que é necessário que o presbítero não seja “dado ao vinho” (3.3), ou
seja, o pastor deve ter uma vida abstinente de bebida. Nesse momento, quando
refere-se aos diáconos, a orientação é para que estes não sejam “inclinados a
muito vinho”, que pode também ser traduzido como “voltar a mente para”,
“ocupar-se com”.
Os diáconos foram instruídos a apreciar
o vinho sem exageros. Isso não quer dizer que o diácono contemporâneo possa
beber com moderação. A diferença existente é que no início do primeiro
milênio o vinho era consumido misturado a grandes quantidades de água.
Dependendo da concentração da bebida, poderia ser misturado a até vinte medidas
de água.
John Mac Arthur em seu artigo “O uso do
vinho na Escritura” comenta que “O vinho fermentado por meios naturais tem um
conteúdo alcoólico de nove a onze por cento (...) o vinho não misturado dos
antigos tinha um conteúdo alcoólico máximo de onze por cento. Mesmo que
mesclado pela metade (uma mistura que segundo Menesiteo gerava demência), o
vinho teria um conteúdo máximo de cinco por cento. Sendo que o vinho mais
forte que se bebia normalmente era mesclado pelo menos em três partes de
água por uma de vinho, o seu conteúdo alcoólico estaria numa categoria não
superior a 2.25-2.75 por cento, muito abaixo a 3.2 por cento, o que é
considerado atualmente como o parâmetro para classificar uma bebida como
alcoólica”.
O padrão que deve ser adotado em nossa
época não deve ser o de beber com moderação mas de abster-se da bebida
alcoólica. Visto que o vinho produzido atualmente possui grande teor
alcoólico e haverem milhões de pessoas com vidas destruídas devido à
dependência do álcool, o diácono é chamado a cumprir o princípio de não fazer o
irmão tropeçar (Rm 14.21) e não ser motivo de escândalo (1Co 10.32). Portanto,
o diácono não deve demonstrar tendência para com o vício do alcoolismo e zelar
pelo seu testemunho, a fim de não escandalizar ninguém com suas atitudes.
“não cobiçosos de sórdida
ganância” – Neste capítulo,esta orientação é dada
aos diáconos, mas o presbíteros também devem possuir essa característica (Tt
1.7). “Cobiçosos de sórdida ganância” significa “ganho desonesto” ou “cobiça
pelo dinheiro”.
Os diáconos já nos tempos de Paulo
eram encarregados da coleta de ofertas, da distribuição de dinheiro para as
viúvas e para os órfãos. As pessoas encarregadas dessa tarefa andavam com uma
sacola e poderiam sentir-se tentadas a retirar uma quantia para si. Mesmo antes
da existência do ofício de diácono, vemos que essa prática desonesta já existia
(Jo 12.4-6). Como esse tipo de tentação é real, é necessário que o diácono seja
uma pessoa digna de confiança e não ganancioso. O propósito do diácono em
nenhum momento deve ser o enriquecimento ou ganhar dinheiro desonestamente.
Sabemos que atualmente existem melhores
instrumentos de controle, como por exemplo, o dinheiro que é depositado em
conta corrente depois de conferido por duas pessoas, talão de cheque que
precisa ser assinado por outra pessoa e autorizado por um grupo (líderes, ou em
alguns casos toda a igreja), extratos discriminando gastos, etc. Entretanto,
como o coração do homem é corrupto, novas maneiras de desviar o dinheiro da
obra de Deus surgiram. Ex: Desviar dinheiro de retiros, almoços, campanhas,
ficar isento de pagar passeios, lanches, etc.
“conservando o mistério da fé” – a Bíblia por diversas vezes refere-se a
doutrina cristã como “mistério”. Normalmente, o Novo Testamento refere-se a
alguma verdade divina, que antes estava oculta e agora tornou-se revelada
usando a palavra “mistério”. O Novo Testamento revela a ação redentora de
Cristo, algo que o Antigo Testamento não trazia de forma completa. Como
exemplos podemos citar a encarnação de Cristo (1Tm 3.16), o evangelho da
salvação (Ef 6.19; Cl 4.3) e o arrebatamento da igreja (1Co 15.51-52).
O diácono deve conservar o conteúdo da
doutrina cristã. Isso deverá ser feito através do conhecimento e propagação
desse mistério. Portanto, mesmo o ministério do diácono sendo as questões
administrativas da igreja, seu foco deve ser as questões espirituais da igreja
refletidas no seu trabalho, visto ele não ser um mero administrador, mas um
servo de Deus.
“com a consciência limpa” - a consciência do diácono deve estar
limpa, ou seja, livre de acusação, pura moralmente. O ministro não deve apenas
crer (Tg 2.19) mas também viver de acordo com os mistérios de Deus (Tg 1.22). A
verdade é que, quanto mais conhecimento bíblico é adquirido, mais forte deve
ser a consciência. Portanto, o diácono deve ser exemplo de santidade para todos
os crentes, pois se a sua consciência está sendo trabalhada pela Palavra de
Deus, o ministro está no processo de transformação à imagem de Cristo (2Co
3.18).
“experimentados” - essa palavra não quer dizer uma pessoa
de idade, visto que já falamos ser Timóteo um jovem ministro (4.12). A palavra
em questão refere-se a “aprovar”, “aceitar como comprovado”. Vemos marcas de
aprovação em muitos momentos. Brinquedos com selo de qualidade (inmetro),
remédios com aprovação do ministério da saúde, empresas com selo de qualidade,
profissionais identificados por conselhos (medicina, engenharia, contabilidade,
economia, etc). Enfim, a sociedade identifica aquilo que é considerado aprovado
de acordo com um padrão.
Assim como em todo lugar existe um
padrão de conduta aprovado, a igreja necessita de diáconos que sejam aprovados
em suas atitudes. O candidato a obreiro é aprovado quando demonstra sua
disposição em servir, além de sua reação madura diante do calor das
dificuldades.
Aquele que almeja exercer o diaconato
não precisa ser “veterano de igreja” no sentido de estar a várias décadas
congregando, mas também não deve ser novo convertido.
É necessário que o candidato já tenha
passado por algumas situações de dificuldade dentro da igreja para que haja
oportunidade de ser observada sua conduta nestas circunstâncias. Além das
reações na igreja, é necessária uma observação sobre sua vida familiar e suas
reações neste contexto. Um obreiro inexperiente e/ou hipócrita certamente trará
grandes problemas à igreja.
Portanto, o obreiro deve ser
experimentado, como a moeda que era testada a qualidade do seu metal (Pv 25.4;
Is 1.22) e como Israel será salvo (Zc 13.9).
“se se mostrarem irrepreensíveis” (anegklhtoi) – Paulo coloca
debaixo do mesmo padrão espiritual presbíteros e diáconos. O diácono deve ser livre
de toda acusação justa, ou seja, ele não pode ter qualquer pendência
relacionada àquilo que qualifica um obreiro, pois tal pendência seria um
empecilho para um ministério aprovado por Deus. Visto que o bom nome da igreja
não deve ser maculado, seus obreiros devem possuir caráter irrepreensível.
Certamente você já tem a imagem
formada sobre políticos, pedreiros, mecânicos, advogados, policiais, etc.
Muitas vezes, seu ponto de vista não se deve a profissão, mas as pessoas que
trabalham nessas áreas e agiram de alguma forma peculiar. Isso fez com que você
olhasse para aquela profissão de maneira particular, algumas delas ganhando sua
simpatia, outras sendo olhadas com reprovação.
A igreja do Senhor Jesus deve ter uma
vida reta, e para isso, seus ministros devem ter um caráter exemplar, pois o
corpo de Cristo deve demonstrar seu caráter santo.
Quando as pessoas olham para a igreja,
o que elas pensam? Quando olharem para a “nossa igreja”, o que pensarão? A
escolha dos obreiros terá grande influência no que a sociedade pensará da
igreja (1Pe 4.14-16).
“exerçam o diaconato” – Visto que existem sérias implicações
na escolha errada de um diácono, Paulo coloca condições para a escolha do
assistente. Dentro do ministério, o diácono deve ser constantemente provado
quanto ao seu caráter e sua espiritualidade. Sua disposição no serviço cristão,
sua seriedade, sua firmeza doutrinária, entre outras questões serão
periodicamente analisadas.
Semelhantemente aos pastores, os
diáconos não estão no cargo de forma vitalícia. Isso é muito claro quando
vemos Paulo colocando as qualificações desse obreiro como condições para
exercer o ministério. O ministro não poderá mais exercer o ministério
quando for exortado, colocado no processo de disciplina e continuar
descumprindo os requisitos bíblicos.
Quanto às mulheres, elas são diaconisas
ou apenas
Esposas dos diáconos? (v. 11)
Alguns argumentos a favor do ofício de
diaconisas:
As mulheres não são citadas quando
Paulo refere-se aos presbíteros. Neste caso, não faria sentido referir-se
apenas às esposas dos diáconos;
As qualificações colocadas neste
versículo eram muito elevadas para serem apenas para as esposas dos diáconos;
Paulo não refere-se à diaconisas porque
esse termo não existia na língua grega. Sendo assim, caso Paulo usasse o termo
diáconos, não haveria como fazer distinção entre homem e mulher. Portanto, o
uso da palavra “mulher” é justificada (Como não existe termo grego para
diaconisas, o mais correto seria dizermos mulher diácono);Febe servia
(Rm 16.1).
Alguns argumentos contrários ao ofício
de diaconisas:
Paulo está fazendo referência às
esposas dos diáconos, visto que as qualificações da mulher estão entre as
qualificações do diácono. Caso fosse referir-se à diaconisas, Paulo abriria um
parágrafo antes ou depois das qualificações dos diáconos e não no meio.
Os diáconos tinham um contato mais
pessoal com as pessoas naquela época. Eles levavam mantimentos aos órfãos e
viúvas, e na maioria das circunstâncias era necessária a presença de sua
esposa. Dessa forma, as qualificações da esposa deveriam ser evidentes e faziam
parte da qualificação do diácono.
Esta é uma lista de qualificações muito
pequena para ser considerada como necessária a um ofício;
Quando a Bíblia refere-se aFebe como
uma pessoa que servia (Rm 16.1), está referindo-se a servir no sentido não
técnico. Portanto, Febe era uma ajudante.
Conclusão
Existem fortes argumentos para ambas as
posições, entretanto, a que possui argumentos mais contundentes é a que
refere-se à mulher como esposa do diácono.
Mesmo as pessoas que entendem que o
texto está falando de diaconisas, nosso conselho é que haja discernimento no
desenvolvimento desse ministério, pois como já frisamos, muitas igrejas confundem
ou misturam o ofício de presbítero com o de diácono. Isso implicaria muitas
vezes em igrejas pastoreadas e dirigidas por mulheres, o que é claramente
contrário à Escritura (1Tm 2.11-12).
É necessário enfatizarmos que estamos
falando que a mulher não deve ser diaconisa no sentido oficial da igreja. Mesmo
assim, ela deve ser uma serva do Senhor, pois não depende de um oficio para
serví-lO.
Vejamos então a qualificação das
esposas dos diáconos:
“respeitáveis” – sérias, tanto no sentido mental quanto
no caráter. A pessoa que tem essa qualidade gera naturalmente o respeito dos
outros. Sendo assim, a esposa do diácono é aquela que trata os assuntos com a
seriedade necessária. Ela não é tola ou irreverente, tratando assuntos sérios
como se fossem brincadeira.
“não maldizentes” – a palavra grega para essa palavra é “diabolos”,
que também significa caluniador, “acusador”. Esta palavra também é usada para
referir-se à satanás (Mt 4.1, 11). Assim como o diácono deve ser de uma só
palavra (v. 8), sua esposa não deve ser caluniadora. Para que um diácono seja
qualificado em seu ministério, é necessário que sua esposa tenha domínio sobre
a língua, esforçando-se para não prejudicar pessoas com suas palavras. Um
exemplo é a sabedoria em manter a discrição quanto à situação financeira que as
pessoas se encontram, pois existe o perigo de exagerar na sua narrativa, bem como
constranger as pessoas que estão envolvidas.
“temperantes” – a palavra no grego transmite a idéia do
“estilo abstinente que as pessoas devem levar”, tendo o significado de “evitar
intoxicação” (não somente de bebida alcoólica). A palavra temperante faz
referência a intoxicação, não somente de vinho, mas de qualquer outra coisa,
sendo comida um outro exemplo. Assim como o diácono não deve ser dado “a muito
vinho”, sua esposa deve seguir o mesmo exemplo pois não há possibilidade de um
homem exercer o diaconato se sua companheira de ministério não esta sóbria
constantemente para emitir julgamentos sábios quanto às diversas situações da
igreja.
“fiéis em tudo” – a mulher do diácono deve ser fiel em
tudo, o que quer dizer que ela precisa ser digna de confiança. Isso é
necessário, pois dentre outras funções, seu esposo trabalhará com distribuição
de alimentos e coleta de ofertas na igreja. Visto serem atribuições que podem
gerar tentações para desviar recursos, distribuição desigual, privilegiando
parentes ou amigos mais próximos, é imprescindível que a esposa do diácono seja
digna de confiança, não gerando
nenhum tipo de suspeita devido ao seu
caráter.
Conclusão: A esposa do diácono não é uma peça de
decoração no ministério do seu marido. Ela participa ativamente desse
ministério, com sua seriedade, sabedoria, temperança e fidelidade. A falta
dessas características impossibilita que seu esposo exercite o ofício de diácono.
Portanto, vemos nessa passagem que as qualificações não são atribuídas apenas
aos líderes, mas também se estendem para sua família, bem como para toda a
igreja, pois esta deve refletir o caráter de Cristo (1Co 11.1).
Diácono
Paulo retorna a expor as qualificações
dos diáconos, expondo que o servo deve sser primeiramente exemplo em sua casa.
“marido de uma só mulher” – novamente acontece a reafirmação
de um ministério masculino, pois esta qualificação é específica do homem, visto
que a tradução literal do texto é “Homem de uma só mulher”. O texto não está
falando que para ser diácono é necessário que o candidato seja casado.
Entretanto, vemos aqui que a intenção de Paulo era destacar o casamento
monogâmico, visto que naquela cultura eram comuns casos de poligamia e
prostituição ritual. O diácono não pode ser divorciado nem “recasado”, pois não
seria irrepreensível (3.10) caso estivesse nesta situação (Rm 7.2-3; 1Co 7.29).
Além disso, é necessário que o diácono busque pureza de pensamentos, pois o adultério
começa na mente (Mt 5.27-28).
“governe bem seus filhos e sua própria
casa” – “presidir” , “ter autoridade sobre”. esposa e filhos, administração do
dinheiro, etc. Paulo coloca a necessidade de haver uma administração da
autoridade de pai que o diácono possui, bem como as demandas do lar, tais como,
alimentação, roupas, etc.
Os filhos reconhecem essa autoridade e
respondem com obediência bíblica (imediata, inteira, interna). A esposa é submissa
ao marido e auxilia para uma vida harmônica no lar, sem colocar os filhos
contra o pai ou tomando decisões precipitadas, desafiando a autoridade do
marido e colocando a família em dificuldades financeiras.
Um bom governante administra todas as
áreas da sua casa, inclusive a financeira. Uma má administração financeira no
lar desqualifica o diácono, mesmo que ele seja atuante nas programações da
igreja, dedicado pai de família e com esposa submissa. Fica claro neste
versículo que o diácono precisa trabalhar um conjunto de qualidades, visando
ser modelo de vida na igreja do Senhor Jesus, refletindo a imagem de Cristo na
sua vida.
Além disso, aquele não governa bem sua
própria família não terá condições para ser um bom administrador das questões
físicas da igreja, tais como: observar reformas prioritárias, distribuir de
forma justa alimentos, ser sábio para avaliar a necessidade de comprar.
Lembremos que o diácono é um observador e pode influenciar nas decisões a serem
tomadas nas áreas administrativas da igreja.
Nesse versículo Paulo ressalta os
resultados de ser um diácono qualificado. O resultado não está ligado a
prosperidade ou reconhecimento dos homens. A Escritura declara que os diáconos
aprovados “alcançam”, ganham, adquirem “para si mesmos justa preeminência”.
A palavra “preeminência” significa
“passo”, “degrau”, como se o diácono fosse colocado um passo à frente ou um
degrau acima. Paulo se refere dessa forma ao diácono fiel a Deus, pois trata-se
de um ofício honroso e importante. Dessa forma, o diácono será exaltado por
Deus bem como terá o respeito dos cristãos.
Portanto, a primeira promessa para o
diácono aprovado inclui de forma inseparável a aprovação de Deus e o
respeito dos cristãos por sua pessoa.
“e muita intrepidez na fé em Cristo
Jesus” – o apóstolo também discorre sobre uma
segunda promessa para o obreiro aprovado. A palavra “intrepidez” significa
“ousadia no falar”, “confiança” “na fé em Cristo Jesus”. Sendo assim, o diácono
fiel também é suprido de ousadia para testemunhar acerca da fé em Jesus Cristo.
Isso nos mostra a responsabilidade que a igreja possui quando vai escolher um
diácono para servir.
Conclusão acerca dos líderes na igreja:
As
qualificações do presbítero não se limitam a esta carta. A carta de Paulo enviada a Tito também possui
qualificações para o bispo. É verdade que muitas delas são repetidas,
entretanto, algumas qualificações são distintas, pois o autor procurou
enfatizar questões diferentes devido ao contexto de cada igreja. Para fins de
comparação, leia Tito 1.5-9 e observe o quadro comparativo na página seguinte.
Além disso, vemos passagens que trazem ordens referentes a essas qualidades (p.
ex. At 20.28; Hb 13.17; 1Pe 5.2).
Pode-se
perceber que as qualificações para presbítero e diácono são muito semelhantes. A maior diferença é que o bispo precisa ser apto
para ensinar a doutrina bíblica (3.2).
Mesmo assim, o diácono deve possuir firmeza
doutrinária (3.9), pois como servo de Deus deve ser seguro no que se refere às
doutrinas biblicas. Isso é necessário porque cada área da igreja deve ser
conduzida com zelo e temor ao Senhor, inclusive a área administrativa, que faz
parte da responsabilidade do diácono.
Deus não dá ênfase na forma de escolha, mas nas
qualificações do diácono. Sigamos este princípio como exemplo, não nos
prendendo a fórmulas para escolher o obreiro, mas tendo a preocupação de que
este preencha as qualificações bíblicas de um servo aprovado por Deus.
Quadro comparativo das qualificações
dos presbíteros em 1 Timóteo e Tito
1 Timóteo 3.2-7
|
Tito 1.6-9
|
“Irrepreensível” (3.2)
|
“Irrepreensível” (1.7)
|
“Esposo de uma só mulher” (3.2)
|
“Marido de uma só mulher” (1.6)
|
“Temperante” [abstinente] (3.2)
|
“Que tenha domínio de si” [abstinente]
(1.8)
|
“Sóbrio” [exerce juízo correto] (3.2)
|
“Sóbrio” [exerce juízo correto]
(1.8)
|
“Modesto” [ordeiro] (3.2)
|
------------------------------------------------------
|
“Hospitaleiro” (3.2)
|
“Hospitaleiro” (1.8)
|
“Apto para ensinar” (3.2)
|
“Apegado à palavra fiel” (1.9)
|
“Não dado ao vinho” (3.3)
|
“Não dado ao vinho” (1.7)
|
“Não violento” (3.3)
|
“Nem violento” (1.7)
|
“Inimigo de contendas” (3.3)
|
“Não irascível” (1.7)
|
“Não avarento” (3.3)
|
“Nem cobiçoso de torpe ganância”
(1.7)
|
“Governe bem a própria casa, criando
os filhos...” (3.4)
|
“Tenha filhos crentes” (1.6)
|
“Não seja neófito” (3.6)
|
-----------------------------------------------
|
“Bom testemunho dos de fora” (3.7)
|
-----------------------------------------------
|
----------------------------------------------
|
“Não arrogante” (1.7)
|
----------------------------------------------
|
“Amigo do bem” (1.8)
|
----------------------------------------------
|
“Justo” (1.8)
|
----------------------------------------------
|
“Piedoso” (1.8)
|
Quadro
comparativo entre as qualificações dos presbíteros e diáconos em 1 Timóteo
Presbíteros
|
Diáconos
|
1 Timóteo 3.2-7
|
1Timóteo 3.8-12
|
“Irrepreensível” (3.2)
|
“Irrepreensíveis” (3.10)
|
“Esposo de uma só mulher” (3.2)
|
“Marido de uma só mulher” (3.12)
|
“Temperante” [abstinente] (3.2)
|
------------------------------------
|
“Sóbrio” [exerce juízo correto] (3.2)
|
------------------------------------
|
“Modesto” [ordeiro] (3.2)
|
“De uma só palavra” (3.8)
|
“Hospitaleiro” (3.2)
|
-----------------------------------
|
“Apto para ensinar” (3.2)
|
“Conservando o mistério da fé” (3.9)
|
“Não dado ao vinho” (3.3)
|
“Não inclinados a muito vinho” (3.8)
|
“Não violento” (3.3)
|
-----------------------------------------
|
“Inimigo de contendas” (3.3)
|
-----------------------------------------
|
“Não avarento” (3.3)
|
“Não cobiçosos de sórdida ganância”
(3.8)
|
“Governe bem a própria casa, criando
os filhos...” (3.4)
|
“Governe bem seus filhos e sua
própria casa” (3.12)
|
“Não seja neófito” (3.6)
|
“Experimentados” (3.10)
|
“Bom testemunho dos de fora” (3.7)
|
“Respeitáveis”, com os crentes e
incrédulos (3.8)
|
----------------------------------------------
|
Esposas tementes a Deus (3.11)
|
Obs: Deve-se ficar atento a abrangência das palavras. Ex: A ausência na
passagem sobre diáconos da qualificação “não violento” não quer dizer que o
obreiro pode agir com truculência, pelo contrário, ele deve ser uma pessoa
respeitável e irrepreensível. A necessidade dessas qualificações impede que o
diácono possa agir de forma violenta.
LEITURA COMPLEMENTAR - MARK DEVER “NOVE
MARCAS DE UMA IGREJA SAUDÁVEL” páginas 242-268.
Bibliografia
A Bíblia Anotada. Texto
Bíblico: Versão Almeida, Revista e Atualizada. Notas de Charles Caldwell Ryrie:
Tradução de Carlos Osvaldo Cardoso Pinto, - São Paulo: Mundo Cristão, 1994.
BROWN, Colin; COENEN, Lothar.
Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, 2a.ed., 2 vols. São
Paulo: Vida Nova, 2000.
CHAMPLIN, Russel Norman. O Novo
Testamento Interpretado: Versículo por versículo: volume 5. São Paulo: Hagnos,
2002.
DEVER, Mark. Nove Marcas de Uma
Igreja Saudável.São José dos Campos-SP: Fiel, 2007.
GRUDEM, Wayne A.. Teologia Sistemática.
São Paulo: Vida Nova, 2006.
MACARTHUR Jr., John. Homens e Mulheres.
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MERKH, David. Apostila de Lar Cristão.
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NEWTON, Phil A.. Pastoreando a Igreja
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RYRIE, Charles Caldwell. Teologia
Básica – Ao alcance de todos. São Paulo: Mundo Cristão, 2004.
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